SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 152
Baixar para ler offline
CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA
ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.
Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 1
Texto: Fernando Fernandes
Eras, ciclos e periodização da História
A civilização ocidental, os ciclos de planetas exteriores
e as fases da era de Peixes
Tanto a História quanto a Astrologia buscam reconhecer, no fluxo contínuo dos acontecimentos
mundanos, alguma forma de padrão, elementos referenciais que permitam estabelecer
periodizações válidas e minimamente homogêneas. Do ponto de vista histórico, valorizam-se
especialmente as mudanças de grande porte no modo de produção e na superestrutura política-
ideológica que lhe corresponde. Já do ponto de vista astrológico, os recursos mais apropriados para
estabelecer um padrão compreensivo de vastas extensões de tempo são os conceitos de era,
decorrente do movimento de precessão dos equinócios, e de ciclos de planetas exteriores – Urano,
Netuno e Plutão, entendendo-se por ciclo o intervalo de tempo entre duas conjunções sucessivas
formadas pelos mesmos planetas. Teríamos, assim, três ciclos a considerar, Urano-Netuno, Urano-
Plutão e Netuno-Plutão, sendo que a inter-relação dos três, confrontada com as subdivisões internas
de cada era, formaria uma grade complexa, com amplas possibilidades interpretativas.
Naturalmente, os ciclos mais longos correspondem a processos históricos de dimensões
macroscópicas e de maior alcance. Tais processos não precisam necessariamente ser anunciados
por acontecimentos bombásticos, nem correspondem a uma ruptura radical com o estado de coisas
anterior. Suas características só são percebidas a partir da visão de conjunto proporcionada pelo
distanciamento – como ocorre, aliás, com todas as grandes mudanças históricas. Da mesma forma
como os planetas exteriores são invisíveis a olho nu, alguns acontecimentos de enormes
conseqüências futuras passam despercebidos aos contemporâneos, e somente o transcurso do tempo
irá lançar luz sobre sua verdadeira dimensão.
Vejamos agora o critério de periodização que abarca períodos mais extensos e é indicador de
processos de maior amplitude: o conceito de eras astrológicas.
O que é uma era astrológica
Ao mesmo tempo que realiza o movimento de rotação em torno do próprio eixo, que gera a
sucessão dos dias e das noites, e o movimento de translação em torno do Sol, que cria a sucessão
das estações do ano, a Terra realiza também um terceiro movimento que pode ser comparado ao
bamboleio de um pião, cujo eixo pende ora para um lado, ora para outro, antes de parar
completamente. Assim, o pólo celeste (que é uma extensão imaginária do pólo terrestre) descreve
no céu um lento movimento circular no sentido leste-oeste, que se completa no período aproximado
de 25.794 anos. Ao longo deste vasto ciclo, o pólo volta-se sucessivamente para diferentes regiões
do céu. Por esta razão, a estrela polar (aquela para a qual o pólo norte aponta) também varia: já foi
Thuban, a Alpha Draconis, por volta de 3000 a.C.; hoje é Polaris, a Alfa da Ursa Menor; dentro de
12 mil anos, será a estrela Vega, da constelação de Lira.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 2
Eclíptica é o plano da órbita da Terra em torno do Sol (ou o caminho aparente do Sol em torno da
Terra). Zodíaco é o grupo de constelações que se situa na região da eclíptica. Sabemos que, por
causa da inclinação do eixo da Terra, o plano do equador também não coincide com o plano da
eclíptica, apresentando uma ângulo de inclinação de aproximadamente 23 graus e 27 minutos. Por
isso, em seu movimento aparente, o Sol está seis meses ao norte e seis meses ao sul do equador
celeste. Em apenas dois momentos do ano o Sol corta o equador celeste, e estes momentos marcam
uma igual distribuição de luz pelos dois hemisférios, assim como igual duração do dia e da noite.
São os equinócios de primavera e de outono.
Na medida em que o pólo vai descrevendo seu lento movimento de bamboleio no céu, vai-se
alterando também a constelação zodiacal que serve de pano de fundo à passagem do Sol nos
equinócios. A constelação que marcava o equinócio de primavera no hemisfério norte na época de
Sócrates e de Platão era a de Áries; era Peixes quando Colombo descobriu a América; e, dentro de
pouco tempo, será Aquário. O ponto de interseção da eclíptica com o equador celeste, no equinócio
de primavera do hemisfério norte, é chamado de ponto vernal e marca o início do signo de Áries,
no zodíaco tropical utilizado pela Astrologia do Ocidente. Quanto o início da primavera no
hemisfério no hemisfério norte – o signo de Áries – coincidia com a passagem do ponto vernal pela
constelação do mesmo nome, estávamos na era de Áries. A passagem do ponto vernal para a
constelação de Peixes marcou o início da era de Peixes. Este movimento se dá no sentido contrário
ao dos signos do zodíaco, sendo chamado, por esta razão, de movimento precessional, que gera a
correspondente precessão dos equinócios.
Quando começa a era de Aquário?
No caso das eras astrológicas, não há sequer um consenso sobre seus verdadeiros limites. A
transição da era de Peixes para a de Aquário é tema de controvérsias que se arrastam há décadas,
conforme podemos deduzir deste trecho de David Williams1
:
A dificuldade para determinar quando a chamada Era de Aquário começa deve-se aos
diferentes sistemas zodiacais utilizados em diversos períodos. Pesquisadores modernos
contribuíram para a confusão ao considerar vários pontos de partida para suas
constelações zodiacais. (...) Astrônomos tornam a confusão ainda pior ao chamarem o
ponto vernal, que é móvel, de zero de Áries, e por usarem um sistema de determinação do
tamanho das constelações inteiramente diferente. O quadro seguinte mostra a variedade
de datas determinadas por várias autoridades astrológicas:
PESQUISADOR 0° de Peixes 0° de Aquário
Cheiro 388 A.C. 1762
D. Davidson (1ª hipótese) 317 A.C. 1844
A. M. Harding 300 A.C. ?
Gerald Massey 255 A.C. 1905
C. A. Jayne, Jr. 254 A.C. 1906
Thierens 125 A.C. ?
Dane Rudhyar 97 A.C. ?
Paul Councel 0 A.D. 2160
Cyril Fagan 231 A.D. 2369
D. Davidson (2ª hipótese) 381 A.D. 2500
Observa-se, portanto, que não há unanimidade nem quanto à data de início da era de Aquário nem
quanto à própria duração do período precessional. De acordo com a fórmula do prof. Simon
1
WILLIAMS, David. Simplified Astronomy for Astrologers. Tempe – Arizona, AFA, 1980.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 3
Newcomb, baseada em valores tabulados para o período de 1600 a 2100, a Terra completa um
inteiro ciclo precessional (o chamado Grande Ano de Platão) em 25.794 anos. Já outros
pesquisadores trabalham com durações ligeiramente diferentes.
Se não temos limites precisos, podemos pelo menos tentar compreender o sentido geral das três
eras historicamente conhecidas, que são as de Touro, Áries e Peixes. Mas como fazê-lo? O
astrólogo francês André Barbault, em A Crise Mundial, indica o caminho da analogia entre o
simbolismo de cada era e das civilizações que nela se desenvolveram ao afirmar:
É um fato, que esse relógio das eras parece corresponder-se, em linhas gerais,
com as diversas civilizações e religiões antigas. Assim, quando o Sol de primavera
se elevava na era de Touro, dominava o mitraísmo na Ásia Menor, cujo animal sa-
grado era o boi Ápis (analogia com o símbolo de Touro: o touro); o culto do
Minotauro, que evoca a lenda do bezerro de ouro semita, estava associado às
religiões de Súmer, da Síria, do Egito... Depois, quando o mesmo Sol atravessava a
era de Áries (cujo símbolo é o carneiro), a mesma raça estava sob a supremacia
espiritual de Amon-Rá, o deus solar egípcio, com cabeça de cordeiro; havia o culto
do velocino de ouro, do cordeiro pascal... Enfim, após dois milênios, estamos no
que se chama a era de Peixes, que é a era do Cristianismo; pois os primeiros
cristãos tomaram os peixes como emblema e sinal para reuniões secretas,
gravando-os nos muros das catacumbas e sobre suas primeiras sepulturas, sendo
o peixe sempre o animal de sacrifício na religião cristã. Além disso, o espírito do
cristianismo está conforme a psicologia do último signo zodiacal: abnegação,
caridade, humanidade...
2
A era de Touro
A era de Touro é aquela que se estende (muito aproximadamente) entre 4000 a.C e 2000 a.C. Ao
longo desses dois milênios, comunidades nômades de caçadores e coletores começam a
sedentarizar-se primeiro em torno da atividade pastoril e, logo depois, da agricultura. A fixação à
terra e às riquezes dela decorrentes é a marca registrada da era de Touro.
Uma era não expressa apenas os valores de um signo, mas também os do signo oposto e
complementar e, em menor escala, dos signos com que forma quadraturas. É como se o signo
dominante da era representasse o Ascendente simbólico do mundo, ponto de partida de uma cruz
cósmica que pode envolver todos os signos cardinais, fixos ou mutáveis. Assim, a era de Touro é
também a de Escorpião no Descendente, de Aquário no Meio-Céu e de Leão no Fundo do Céu.
O eixo Touro–Escorpião explica adequadamente o processo de formação do antigo império egípcio
e das civilizações mesopotâmicas estabelecidas nos vales do Tigre e do Eufrates. O desafio
principal para a fixação do homem ao solo era o controle das águas dos rios, de forma a permitir a
formação de reservatórios que regulassem as cheias e vazantes anuais e abastecessem canais de
irrigação. A construção de diques e represas aperfeiçoa-se aos poucos, levando à extensão
progressiva das áreas cultiváveis e à geração de um excedente de produção capaz de alimentar
classes de trabalhadores especializados a serviço do Estado. O caso do Egito é típico deste
processo, e foi o controle do Nilo que permitiu a acumulação dos recursos capazes de sustentar um
enorme corpo de funcionários – sacerdotes, escribas e militares – não envolvidos diretamente com
a produção agropastoril.
Escorpião simboliza a força concentrada das águas, enquanto Touro rege as construções. O
represamento das águas através de enormes obras de engenharia e o aproveitamento prático dos
2
Citado em: CRISTOFF, Boris. La gran catastrofe de 1983. Buenos Aires, Ed. Martinez Roca, 1979.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 4
recursos hídricos são processos típicos do eixo Touro–Escorpião. É o controle das águas
(Escorpião) para manter a agropecuária (Touro) e gerar excedentes suficientes para a manutenção
do Estado. Aquário no Meio-Céu responde bem à idéia de uma estrutura de poder que, pela
primeira vez na história, sustenta-se não apenas pela força bruta, mas também pela capacidade de
criar e administrar um sistema de circulação de riquezas baseado no controle da produção e na
eficiente arrecadação de tributos.
Egito e Suméria são casos pioneiros de estados burocráticos, em que o escriba que registra o
montante dos tributos é tão importante na sustentação do poder do monarca quanto as tropas do
exército.
A era de Áries
A passagem da era de Touro para a era de Áries é marcada por uma onda de invasões de povos
bárbaros que, vindos das terras mais frias do norte, invadem as regiões férteis do Mediterrâneo, do
Oriente Médio, do Egito, da Índia e da China. A chegada desses invasores desestabiliza os grandes
impérios agrários, como o do Egito, e instaura momentaneamente o caos e a desordem. A
superioridade dos invasores é de ordem militar: utilizam carros de combate puxados a cavalo (uma
novidade) e armamentos de ferro e de bronze. O domínio do ferro, metal regido por Áries, é uma
das marcas que identificam os povos surgidos nesta era.
A reorganização da vida social, política e econômica dá-se, a seguir, em novas bases, em que a
agressividade bélica a serviço do expansionismo territorial desempenhará um papel preponderante.
O Egito da época de Amenófis III e de Ramsés II, já na era de Áries, é uma potência militar voltada
para a disputa com os hititas pelo domínio dos corredores comerciais do Oriente Médio, em
contraste com o Egito isolado e voltado para os valores da terra da era de Touro, na fase do Antigo
e do Médio impérios.
As invasões da era de Áries começam a trazer para o mundo civilizado os povos indo-europeus que
constituirão a base étnica dos futuros estados da Europa. Gregos, latinos, persas e os
conquistadores arianos que se estabeleceram na Índia são alguns dos povos que “entram na
História” neste período. Suas religiões cultuam valores masculinos, solares, em contraste com o
culto da terra e do princípio lunar e feminino, na era anterior.
Como Libra é o signo oposto e complementar a Áries, a marca libriana está presente em diversas
formulações religiosas, filosóficas e institucionais da última parte deste período, como o budismo
(uma religião abstrata, que valoriza o “caminho do meio”), o confucionismo (um código ético
voltado para a regulação das relações sociais) e o próprio direito romano, cujos pilares são
estabelecidos. Na Grécia, novas experimentações políticas e institucionais levam à democracia
ateniense, ainda restrita a uma pequena elite (os escravos e estrangeiros, que somavam juntos 90%
da população, não são considerados cidadãos), mas já incorporando mecanismos de debate e de
livre escolha entre posições conflitantes.
De qualquer forma, os dois milênios anteriores ao nascimento de Cristo caracterizam-se pelo
predomínio das monarquias despóticas e teocráticas. Com Áries no Ascendente simbólico da era, o
Meio-Céu estava ocupado por Capricórnio, indicando a vigência de um modelo de poder baseado
na hierarquia, na tradição e na rígida estratificação social. Com Touro na casa 2, a riqueza estava
associada à agricultura e às atividades pastoris. Nestes dois milênios, sucedem-se como grandes
potências no Oriente Médio os impérios teocráticos do Egito, da Caldéia, da Assíria e da Pérsia.
Na medida em que a era se aproxima de seu término, começa a verificar-se um lento deslocamento
do eixo de poder do Oriente para o Ocidente, especialmente após a formação do império helenístico
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 5
de Alexandre, o Grande. A Macedônia, cujo trono Alexandre herdou, era um reino vizinho à Grécia
e sob sua esfera de influência cultural. O próprio Alexandre foi educado por professores gregos. Ao
unificar toda a região entre o Egito e o vale do Indo, nela introduziu os valores da cultura grega
que, em contato com as culturas locais, geraram a base da civilização helenística. Alexandre, ao
derrubar fronteiras políticas, econômicas, étnicas e linguísticas, concorreu para a dissolução (um
sentido de Peixes) das estruturas da era de Áries e abriu caminho para um novo ciclo de civilização.
Pela primeira vez, porções consideráveis de território asiático encontravam-se sob a hegemonia de
uma potência européia. Este fato, por suas profundas implicações futuras, pode ser considerado o
início do processo de transição da era de Áries para a era de Peixes.
A era de Peixes
A era de Peixes é, antes de tudo, a era da Europa e da trajetória da civilização ocidental no rumo da
hegemonia planetária, processo que se afirma com maior força em sua quarta e última fase, que vai
da expansão marítima ibérica até os nossos dias.
O que vemos hoje é a adesão de praticamente todos os países do mundo a um modelo de
estruturação política e social de inspiração européia. As conseqüências da revolução industrial
atingem todos os continentes, e o modelo tecnológico e de organização de trabalho segue um
mesmo padrão em todos os quadrantes da Terra. O processo de globalização deu-se a partir de
parâmetros europeus – ou norte-americanos, sendo estes os herdeiros e continuadores diretos da
civilização européia. Para competir em pé de igualdade, povos de cultura tradicional tiveram de
ocidentalizar-se, sendo o Japão o caso mais evidente.
Eis, então, o traço mais definitivo da era de Peixes: o deslocamento do eixo de poder da Ásia para a
Europa, sendo Europa praticamente um sinônimo de cristandade, ou seja, de um conjunto de povos
unidos pelo traço comum da religião cristã e da herança cultural greco-romana.
Para entender o significado da transição da era de Áries para a de Peixes, é preciso investigar o
período entre o quarto século a.C e o quarto século A.D. em busca de indicações do que
desaparecia neste período para dar lugar a algo novo. Um bom começo é considerar o efeito das
conquistas de Alexandre, cujo governo estendeu-se de 336 a.C a 323 a.C., sobre o mundo
civilizado:
Alexandre desenvolveu intensa atividade no sentido de realizar a fusão de gregos e
persas, promovendo a união de vencidos e vencedores e desenvolvendo a
helenização do mundo antigo. Encorajou o casamento de ocidentais e orientais, ele
mesmo desposando princesas persas; incorporou jovens persas helenizados ao
seu exército (...); mostrou-se tolerante com os deuses e costumes dos vencidos,
inclusive copiando o cerimonial asiático, mantendo os quadros administrativos e
adotando práticas orientais, como a poligamia e o despotismo teocrático
(proclamou-se filho de Amon e de Zeus). Paralelamente, tornou o grego o idioma
oficial do Império e multiplicou a fundação de cidades. (...) Obrigando milhões de
indivíduos a revisarem seus preconceitos de raça, a manter uma certa coexistência
de interesses materiais, a tolerar as mesmas idéias religiosas, a compreender um
mesmo idioma, Alexandre, por sua obra, marcou o início de uma nova era que se
prolongaria até a conquista romana.
3
Não é difícil perceber Alexandre como um agente precursor da era de Peixes, na medida em que
cumpre papéis piscianos: integrar, dissolver fronteiras, fundir, diluir as diferenças. Para alguns
3
SILVA, José Luiz Werneck da. & AQUINO, Rubim Santos Leão de. História Antiga e Medieval. Rio de
Janeiro, Guymara Ed., 1970.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 6
pesquisadores, aliás, o período helenístico é considerado como já pertencente à era de Peixes.
Contudo, melhor seria defini-lo como a fase de apogeu e início da desintegração das estruturas da
era anterior, um período de transição em que o velho ainda coexiste com as sementes do novo.
Outro fator de transição é a emergência de Roma como potência imperialista, o que se dá
especialmente a partir das Guerras Púnicas, contra Cartago, entre 264 a.C. e 146 a.C. Em muitos
aspectos, a expansão romana foi facilitada pelo trabalho de integração cultural e econômica
realizado por Alexandre. Ao dirigir seus exércitos para o Oriente, Roma não mais encontrará as
velhas monarquias teocráticas, mas apenas os frágeis reinos helenísticos que resultaram da
desagregação do império macedônio. O que Roma traz de já indicativo da nova era é o
aperfeiçoamento da superestrutura jurídica – o Direito Romano – que fornece um parâmetro
abstrato e lógico para o ordenamento das relações sociais e econômicas. A era de Peixes tem os
signos mutáveis nos ângulos do mapa simbólico do planeta. Na casa 10, está Sagitário, o signo que
expressa os princípios da lei e da cultura superior.
O terceiro fator na transição de eras é o advento do Cristianismo, cuja ascensão deve-se antes de
tudo ao próprio conteúdo moral e religioso da nova crença, que apresenta os seguintes
fundamentos:
o monoteísmo que coloca a comunhão com Deus, o Pai, por intermédio de seu filho
Jesus; o amor a Deus e ao próximo, considerado como irmão; (...) o desapego aos
bens materiais, infinitamente inferiores aos bens no Reino Celestial; a igualdade, a
pureza e a humildade do coração; o perdão das injúrias e a caridade; enfim, a
salvação prometida aos que acreditassem e cumprissem seus ensinamentos,
enquanto os demais seriam condenados. (...) O próprio caráter universalista da
religião, imprimido por Paulo de Tarso (...) que pregou a conversão de todos os
homens, e seu ideal de igualdade de todos perante a divindade constituiu um
motivo de sucesso entre os pobres, os humildes e os escravos, tendo, por meio
destes, penetrado nos lares dos poderosos, influenciando inicialmente os filhos e
as esposas de seus senhores.
4
Vários desses traços remetem a conteúdos do signo de Peixes: o caráter universalista, o desapego, o
amor e a caridade sem fronteiras, a difusão entre os pobres e escravos. Outros, como a valorização
da humildade e da pureza, expressam o signo oposto e complementar, Virgem. A expansão do
Cristianismo foi grandemente beneficiada pela
vitalidade da civilização helenística, que criara vínculos comuns aos mundos grego,
oriental e romano. A língua grega serviu de veículo inicial de transmissão do
Cristianismo, tendo permanecido até metade do século III como a língua oficial da
religião cristã. (...) A unificação política do mundo mediterrâneo, sob a égide de
Roma, também contribuiu para a propagação da fé cristã. Com efeito, a
cristianização (...) foi facilitada pela existência de um denominador comum, o
Império, do qual as estradas eram um veículo de romanização e, posteriormente,
de divulgação do Cristianismo.
5
Portanto, em correspondência com a natureza dual do signo de Peixes, as grandes bases
civilizatórias da nova era são também duplas: de um lado, a herança cultural da Grécia e dos reinos
helenísticos, assimilada e preservada por Roma; de outro, o Cristianismo, religião pisciana por
excelência, nascida entre pescadores e consolidada no martírio de Jesus e dos primeiros seguidores.
Sem dúvida, a nova religião é o fator central das mudanças da passagem de era.
4
SILVA, José Luiz Werneck da. & AQUINO, Rubim Santos Leão de. Op. Cit.
5
Idem.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 7
Mas que data podemos definir como marco inicial da era de Peixes? Simbolicamente, o nascimento
do novo messias no rústico ambiente de uma estrebaria, filho de uma mulher considerada pura e
identificada com o signo de Virgem, e anunciado por configurações fortes o suficiente para atrair a
atenção dos astrólogos da época (os reis magos), atende todos os requisitos para representar este
momento inicial. Já se sabe que o nascimento de Cristo ocorreu algum tempo antes da data
utilizada como referência para o calendário cristão, provavelmente no ano 7 a.C. Mas somos de
opinião que o início de uma era não pode ser reduzido a um momento, sendo muito mais um
período transicional que pode estender-se por vários anos, ou décadas.
Entretanto, estabelecer um ponto de partida para o início da era de Peixes é importante como base
de referência para tentarmos investigar quando se dará o momento inicial da era seguinte – a de
Aquário.
Dividindo uma era em doze etapas
Uma ferramenta de investigação de grande utilidade foi proposta pelo astrólogo uruguaio Boris
Cristoff, que sugeriu a divisão das eras astrológicas em doze períodos menores, suberas ou fases,
cada uma em analogia com um signo e uma casa. Assim, o primeiro duodécimo da era teria sempre
um sentido ariano (ou de casa 1), o segundo, de Touro (ou de casa 2), e assim por diante. Tal
proposição encontra respaldo num dos princípios fundamentais em Astrologia, que é o da analogia
entre ciclos, que permite transpor conceitos e significados de ciclos mais amplos para os mais
curtos, e vice-versa. Tais analogias estão baseadas na correlação entre os três principais
movimentos da Terra: a rotação, a translação e a precessão dos equinócios. Assim, se o ano de
aproximadamente 365 dias gerado pelo movimento de translação pode ser dividido em doze
porções, cada uma correspondendo a um signo, o mesmo pode ser feito em relação ao Grande Ano
de Platão, de quase 26 mil anos, gerado pela precessão dos equinócios. E cada 1/12 avos deste
Grande Ano – cada era astrológica, portanto – pode, por sua vez, sofrer nova subdivisão por doze,
para gerar suberas.
Boris Cristoff, para sua infelicidade, desenvolveu esta interessante discussão num livro cuja
proposta maior revelou-se um enorme fracasso em termos de previsões coletivas: A grande
catástrofe de 1983, escrito no final dos anos setenta. Neste livro, Cristoff tenta provar, com base
em profecias e evidências astrológicas, que o ano de 1983 seria marcado por terríveis hecatombes
mundiais, incluindo gigantescos terremotos e o desaparecimento de países inteiros. Como nada
aconteceu, o livro caiu no esquecimento e, com ele, a discussão sobre as suberas.
Cristoff, aliás, parece ter incorrido em outros pecados: estabelece como ponto de partida da era de
Peixes o ano zero do calendário cristão, como se correspondesse verdadeiramente ao nascimento de
Cristo; estabelece para o Grande Ano de Platão uma duração de 25.200 anos, que não é aceita
unanimemente pelos especialistas; e dá para cada era uma duração de 175 anos, que também pode
ser contestada. A seguir, define o conteúdo astrológico de cada subera de forma um tanto
simplificada e esquemática, sem entrar em maiores considerações de ordem histórica ou cultural.
Tentaremos resgatar a proposta central de Cristoff de que uma era pode ser subdivida em doze
fases, cada uma carregando conteúdos do signo e casa correspondentes. Contudo, em vez de
estabelecer datas e, a partir daí, procurar processos históricos que correspondam ao simbolismo
astrológico, faremos o percurso oposto, que é buscar, no desenvolvimento da civilização ocidental,
momentos coletivos que carreguem um sentido deste ou daquele signo, para apenas depois tentar
uma periodização mais detalhada.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 8
As doze fases da era de Peixes
No caso das eras e suberas, estaremos lidando sempre com processos coletivos, macroscópicos, tão
vastos no tempo e no espaço que sua verdadeira natureza só pode ser percebida com clareza a partir
de uma perspectiva extremamente distanciada e abrangente. Trata-se de uma escala de tempo e de
espaço muito superior ao de uma vida humana.
Áries e casa 1: o irromper da cristandade
O período inicial da era de Peixes tem uma conotação ariana e de casa 1. Precisa estar
caracterizado, pois, pela implantação de um princípio novo, fundamentalmente diverso dos
conteúdos das eras anteriores. Tal princípio, como já vimos, é o Cristianismo, religião que se
desenvolve a partir das camadas mais pobres e socialmente excluídas do Império Romano. É um
caso raro de religião que se afirma (sentido da fase Áries ou de casa 1) pelo sacrifício voluntário
(Peixes) de seus membros. É a fase também da afirmação do poder imperial romano e da
construção de uma unidade política e social cujos parâmetros institucionais já são totalmente
europeus. Este é o processo que será desdobrado e aprofundado nas fases posteriores.
Touro e casa 2: a consolidação da Igreja
Touro e casa 2 têm a ver com valores, com a estabilização da forma e com o preenchimento do
molde definido pelo Ascendente através da aquisição e agregação dos recursos necessários.
Considerando que a forma gerada na fase ariana foi a da nova civilização de base greco-romana e
cristã, este momento de estabilização e consolidação se dá com o restabelecimento da paz religiosa
através do Edito de Milão, no ano de 313, que põe fim às perseguições e permite a liberdade
religiosa. Ainda no mesmo século, novo passo será dado pelo imperador Teodósio, com a elevação
do Cristianismo à condição de religião oficial do Estado. Livre dos problemas externos, a igreja
cristã consegue concentrar esforços na própria organização: uma série de concílios fixa os dogmas
da religião e inicia o processo de estruturação do clero.
Gêmeos e casa 3: o bárbaro que experimenta
Gêmeos e casa 3 expressam conteúdos de troca, aprendizagem, dualidade, intercâmbio, mudanças
rápidas e instabilidade. Politicamente, correspondem à derrocada final do Império Romano do
Ocidente e sua substituição por uma miríade de pequenos reinos bárbaros, fruto da aceleração das
invasões de povos germânicos e asiáticos (hunos) no antigo território imperial. Paralelamente,
sobrevive na parte oriental do Mediterrâneo o Império Romano do Oriente, que também passa por
intensas transformações culturais cujo resultado será o progressivo abandono das raízes latinas e a
retomada do patrimônio cultural grego, sob a capa do Cristianismo. Consoante com a natureza dual
de Gêmeos, consolida-se na Europa a dualidade entre o Ocidente latino-germânico e o Oriente
greco-cristão. A igreja cristã tem sua unidade ameaçada pelas heresias (em grego, “opiniões
separadas”) que, se já existiam desde o século II, nesta fase alcançam seu maior impacto com a
conversão de povos bárbaros, como os visigodos, às seitas heréticas. É também a fase em que
começam a nascer as línguas européias modernas, resultantes da desagregação do latim clássico em
uma série de dialetos locais.
O sentido geminiano está em que esta fase pode ser considerada um grande laboratório de
experimentação de novas formas de organização política e social. Os bárbaros recém-chegados da
vida nômade das estepes apoderam-se dos sofisticados recursos do Império Romano e
experimentam um poderoso choque cultural, comportando-se como “macacos na cristaleira”. É a
adolescência da Europa Moderna.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 9
Câncer e casa 4: em busca das raízes
A metade do século VI marca um brilhante momento do império bizantino. Sua grande contribuição
é a consolidação, no governo de Justiniano, de todo o saber jurídico até então existente através do
Corpus Juris Civilis, uma obra monumental de compilação. Justiniano desenvolve uma política
expansionista com o objetivo de recuperar a grandeza do império romano. É bem sucedido, mas os
resultados não são duráveis:
Sua política imperialista foi um erro de proporções grandiosas porquanto, ao tentar
ressuscitar o passado, comprometeu consideráveis recursos militares e financeiros
em conquistas precárias.
6
Porém, o que impressiona no Império Bizantino desta fase é a preocupação canceriana e de casa 4
no sentido de resgatar o passado, reconstituir o fio da meada da trajetória da civilização romana,
restaurar as raízes do império. Tal tentativa revela-se artificial, pois a base populacional de
Bizâncio já não é latina, e sim grega. Este fato é reconhecido pelos imperadores subseqüentes,
especialmente Heráclio (610-641), que finalmente abandona o latim como língua oficial e adota o
grego na legislação, na administração e até mesmo na denominação dos cargos. Com Heráclio,
Bizâncio, cancerianamente, encontra sua raiz.
O século VII marca o surgimento de uma nova religião – o Islamismo – e a emergência política e
militar do povo árabe, até então destinado a um papel secundário em relação às principais correntes
civilizatórias. O sentido canceriano do Islamismo está presente até mesmo em seu símbolo máximo
– a Lua crescente. Esta fase corresponde ao atingimento do primeiro quarto da era de Peixes, sua
casa 4 simbólica, cujo sentido é o da fixação das bases emocionais e das raízes ancestrais da
civilização. O Islamismo cumpre bem este papel, indo resgatar elementos do judaísmo, do
cristianismo e dos cultos tribais para sintetizá-los numa religião simples e de grande impacto
popular. O Islamismo expandiu-se rapidamente movido, entre outros fatores, por um intenso
emocionalismo, que é um traço canceriano. Ao mesmo tempo, a Europa Ocidental assiste a
tentativa de consolidação dos reinos bárbaros que, passada a turbulência dos séculos anteriores,
iniciam um processo de fixação à terra e de delimitação de territórios.
Leão e casa 5: os grandes monarcas
O século VIII marca um momento de retomada da centralização política em torno da figura de
monarcas fortes que, desenvolvendo políticas imperialistas, consolidam o controle sobre vastos
territórios. No Ocidente, o Papa, como líder da cristandade, estabelece uma aliança com o reino dos
Francos, como forma de enfraquecer outros reinos bárbaros em que predominam tendências
heréticas. Desta aliança surgirá o império de Carlos Magno, tentativa de reconstituição do Império
Romano. No auge do poder, Carlos Magno faz-se coroar imperador pelo papa cujo nome já é uma
revelação: Leão III.
No Oriente, duas outras potências também estendem-se por enormes porções territoriais: o Império
Bizantino e o Califado de Bagdá, em plena fase de apogeu sob o governo de Harum-Al-Raschid.
Esta fase leonina, de centralização e estabilização, expressa também conteúdos de casa 5
(criatividade, auto-expressão) na retomada da produção cultural, que atinge níveis altamente
florescentes entre os árabes e manifesta-se na forma do “renascimento carolíngio” do Ocidente.
6
Idem.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 10
Virgem e casa 6: o isolamento feudal
Após a morte de Carlos Magno, o império fragmenta-se em unidades menores. Para os novos reinos
da Europa é um momento difícil e caótico: piratas vikings, originários da Escandinávia, assolam
toda a costa do Atlântico em pequenos barcos, sobem pelos rios navegáveis e arrasam povoados e
plantações, espalhando o terror; os magiares, bárbaros oriundos das estepes asiáticas, atravessam as
estepes russas e ucranianas para desabar sobre a Europa Oriental; ao sul, são os muçulmanos que,
já instalados na Espanha desde 711, ocupam agora os pontos estratégicos do Mediterrâneo e
reduzem drasticamente as possibilidades de comércio marítimo entre povos cristãos. A ação
conjugada de vikings, muçulmanos e magiares paralisa a Europa e obriga à adoção de uma estrutura
social militarizada, onde a preocupação defensiva organiza as populações em comunidades
estanques e auto-suficientes.
Surgem o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha, e o reino da França. Os
séculos X e XI representam o apogeu do feudalismo. A virada do milênio encontra uma Europa
agrária, compartimentada em unidades políticas e econômicas descentralizadas, que funcionavam
na prática como pequenos Estados independentes. Em 1066, os normandos (descendentes dos
vikings que se estabeleceram na costa francesa e assimilaram a cultura dos francos) invadem as
Ilhas Britânicas e instauram uma nova dinastia. É a origem da Inglaterra moderna.
Outro fato importante que marca essa época é a definitiva cisão, em 1054, entre as igrejas de Roma,
chefiada pelo papa, e de Bizâncio, chefiada pelo patriarca de Constantinopla. É o Grande Cisma
(cisão), que dividirá, daí em diante, a cristandade em dois blocos: católicos na Europa Ocidental e
ortodoxos na Europa Oriental.
Por outro lado, desencadeia-se nos séculos X e XI um processo de aperfeiçoamento das técnicas
agrícolas que resulta no aumento gradativo da produtividade e na geração de excedentes para o
comércio. É desse movimento que virá, já na fase Libra, o renascimento comercial e urbano da
Europa, a partir da segunda metade do século XI.
A fragmentação de impérios em reinos menores, a acentuação das diferenças étnicas, políticas e
religiosas, os lentos mas seguros avanços no campo material, tudo isso remete a Virgem, signo da
discriminação e da fragmentação do todo em partes. Outro sentido virginiano está presente no
apogeu cultural da civilização muçulmana, que assume as tarefas de revisão, filtragem e repasse do
patrimônio cultural clássico (rever, filtrar e aperfeiçoar são funções de Virgem).
Libra e casa 7: a cristandade em armas
Com os aperfeiçoamentos tecnológicos iniciados na fase anterior, a Europa entra numa fase de
maior prosperidade, caracterizando um renascimento comercial e urbano a partir das últimas
décadas do século XI. A chegada de uma nova ameaça à cristandande é representada pelos turcos
vindos da Ásia Central que, após converterem-se ao Islamismo, apoderam-se aos poucos das
principais fontes de produção e vias de comércio do Oriente Médio. A tomada de Jerusalém pelos
turcos soa como o sinal de alerta para a cristandade e como pretexto para que o papado e as
lideranças feudais desviem a população excedente da Europa para um grande esforço bélico
multinacional: as cruzadas. É o conflito de duas grandes correntes civilizatórias, a cristã e a
islâmica, caracterizando todo o período com um claro toque libriano e de casa 7. É o confronto com
a alteridade, com todas o seu leque de possibilidades: acordo, compromisso ou guerra.
O auge do movimento cruzadista estendeu-se de 1099, quando a primeira cruzada conquista
Jerusalém, a 1204, quando a quarta cruzada, desviada para Constantinopla por interesses
comerciais, forma um efêmero império latino em território de Bizâncio.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 11
É uma época contraditória: ao mesmo tempo em que existe fanatismo religioso e guerra permanente
contra os infiéis, existe também um intenso movimento de troca entre as duas civilizações em
conflito. Desta troca resultará a reintrodução da cultura clássica no Ocidente, que fora preservada
pelos árabes, assim como o progressivo incremento do consumo de artigos de luxo, especialmente
de tecidos. A vida urbana ganha terreno e refina-se aos poucos, em contraste com o dura
austeridade dos séculos anteriores. Tudo isso reflete conteúdos de Libra: a era chega a seu ponto
intermediário – a oposição – e a civilização cristã caminha para a sofisticação e para a crescente
complexidade dos séculos seguintes.
Escorpião e casa 8: a hora da peste
Em meados do século XIV, a Europa sofre a maior de suas crises, desde o advento da era cristã. O
inimigo maior, desta vez, não é o guerreiro bárbaro, mas um bacilo invisível e insidioso, que chega
ao continente no aparelho digestivo dos ratos de navio. Não é difícil perceber na Peste Negra um
forte conteúdo de Escorpião e de casa 8. É o sombrio véu da morte que desaba sobre a Europa,
dizimando um terço de sua população. Paralelamente, uma ameaça mais palpável muda os rumos da
história na Ásia, com reflexos sobre a Europa: é o auge da expansão das hordas mongólicas e turco-
tártaras para o Ocidente. As ricas civilizações bizantina e árabe-persa sofrem com a chegada dos
guerreiros bárbaros de Tamerlão que, vindos das profundezas das estepes asiáticas, espalham o
terror, arrasam Bagdá e põem em cheque a sobrevivência bizantina. A civilização ocidental passa,
neste período, por um aparente retrocesso, para voltar a expandir-se mais adiante, em busca de
novos horizontes.
Sagitário e casa 9: expansão e fé
O período da expansão marítima européia tem um evidente sentido sagitariano. É uma ampliação
de fronteiras culturais e econômicas que se dá pela via oceânica, caracterizando claramente o
sentido da fase sagitariana da era de Peixes.
As décadas que marcaram mais fortemente este período são as que vão de 1488 – chegada de
Bartolomeu Dias ao cabo das Tormentas, no extremo sul da África – à primeira viagem a dar a
volta à Terra por mar, por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. Entre uma e outra, a chegada
de Colombo à América, em 1492, e de Vasco da Gama às Índias por mar, em 1498.
Nesta mesma fase, ocorre também a Reforma Protestante, iniciada por Lutero e aprofundada por
Calvino. Enquanto navegantes e piratas exploram os mais longínquos oceanos, a Europa mergulha
em sangrentas guerras de religião. Não é preciso lembrar que tanto as longas viagens quanto a
religião organizada são assuntos de Sagitário e de casa 9.
Capricórnio e casa 10: a hora do poder
A fase Capricórnio teria de estar ligada a valores deste signo: hierarquia, materialismo,
fortalecimento das estruturas de poder, conservadorismo. É a fase do máximo fortalecimento das
monarquias européias na forma dos regimes absolutistas. E é também a fase em que a Europa
começa a libertar-se do jugo restritivo da Igreja e a desenvolver visões filosóficas e teorias
científicas que vão de encontro à visão teológica até então vigente. O século XVII é o século do
empirismo, da lei da gravidade, do desenvolvimento da mecânica e dos modelos matemáticos do
universo.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 12
O longo reinado de Luís XIV, na França, é o fenômeno político mais acabado do regime
absolutista. A famosa frase atribuída a Luís XIV – “Après moi, le déluge” (Depois de mim, o
dilúvio) – parece esconder uma profecia de base astrológica: efetivamente, depois de Capricórnio
vem Aquário, o signo do Aguadeiro.
Aquário e casa 11: as luzes da ciência
Não é difícil perceber uma forte conotação aquariana e de seu regente moderno, Urano, nos
processos políticos e econômicos que transformaram a face da Europa no final do século XVIII: a
Revolução Francesa, com seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (todos conceitos
aquarianos) e a Revolução Industrial. O século XIX e o início do século XX carregam também o
toque aquariano no movimento expansionista do capitalismo industrial, no enorme impulso
tecnológico e na elevação da ciência quase à categoria de uma nova religião. É a época da máquina
a vapor, da descoberta da eletricidade, do trem de ferro, da microbiologia, da invenção do
automóvel. Surgem os meios de comunicação à distância, como o telégrafo, o rádio e o telefone.
Uma verdadeira revolução urbanística começa a substituir cidades ainda de aspecto medieval por
metrópoles modernas, de avenidas largas e arejadas. Paris dá o exemplo, no reinado de Napoleão
III, e assume o aspecto que preserva até hoje. Nos novos países do Ocidente, como os Estados
Unidos, desenvolve-se uma sociedade cujos valores favorecem a livre iniciativa e a liberdade de
expressão. As cidades americanas assumem um aspecto futurista, com seus arranha-céus. Na
Europa Oriental, a Rússia inaugura a experiência de um regime que se propõe a socializar em bases
equitativas os frutos da produção.
A expectativa quase ingênua de que a ciência e o desenvolvimento tecnológico criariam condições
para a paz e a prosperidade é subitamente posta em cheque com o barbarismo da primeira guerra
mundial e com os acontecimentos da década de trinta. O capitalismo entra em crise. O desemprego
e a desesperança abrem as portas para regimes totalitários na Alemanha e em outros países. Surge
outra vez a figura do líder forte e providencial – um arquétipo de Leão, signo complementar a
Aquário. E surge, com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a possibilidade concreta da extinção da
raça humana.
O conceito aquariano de fraternidade preside a criação de organismos internacionais de ajuda
mútua e de preservação da paz mundial: a Liga das Nações, a ONU, a Organização Mundial da
Saúde, a Unesco etc. Por outro lado, jamais tão poucas potências acumulam tanto poder de fogo
quanto neste período. Contudo, o que prevalece é o enfrentamento estratégico através da chamada
Guerra Fria (Aquário). A impessoalidade começa a ser um problema definido nas relações
humanas e nas relações entre governos e populações.
Peixes e casa 12: as lições não aprendidas
A última fase de uma era guarda correlação com a casa 12, aquela que simboliza a necessidade do
confronto com os conteúdos das casas anteriores, com vistas a uma nova síntese e a um novo
recomeço. Sendo a fase pisciana de uma era pisciana, o paradigma civilizatório instituído na fase de
casa 1 está aqui enfatizado, pela dupla ênfase em Peixes. Os esqueletos guardados no armário
tendem a reaparecer e a provocar mal estar. É a hora de resolver pendências milenares.
Toda a era de Peixes foi uma longa trajetória de ascensão da civilização ocidental em busca da
hegemonia mundial. Houve momentos de crise e de aparente retrocesso, especialmente na
passagem pelas casas que limitam o Fundo do Céu – a 3 e a 4 – e naquelas tradicionalmente
associadas a processos críticos, a 6 e a 8 (que simbolicamente estão em quincúncio com o
Ascendente da era). E houve um claro momento de expansão e de apogeu, na passagem pelas casas
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 13
9, 10 e 11. De qualquer forma, é natural que o final da era – sua fase de casa 12 – traga de volta
problemas relacionados ao mau uso das energias corporificadas nos signos e casas anteriores.
A civilização ocidental tem seu fundamento na generosidade dos preceitos cristãos e na
universalidade de suas propostas. Contudo, o “Amai-vos uns aos outros” do primeiro momento
traduziu-se na deturpação de uma religião que acobertou todas as formas de beligerância,
intolerância e discriminação. A possibilidade de uma síntese entre os valores do Ocidente e do
Oriente colocou-se na fase de Libra e casa 7, durante as cruzadas. A cristandade optou pela
tentativa de aniquilação do “diferente”, visto como infiel e inimigo. A possibilidade de utilizar a
concentração de recursos e poderes em prol de um grande projeto de disseminação de um novo
paradigma de civilização colocou-se duas vezes, nas duas passagens pelos signos do eixo casa 5 -
casa 11. Em ambas, as luzes do progresso foram postas a serviço de formidáveis máquinas de
destruição e drenagem de riquezas para alimentar as elites hegemônicas. Nas duas ocasiões, a
oportunidade foi desperdiçada pelos francos, a primeira com Carlos Magno, a segunda, com
Napoleão Bonaparte.
Na fase Sagitário/casa 9, a civilização ocidental teve a oportunidade única de expandir seus
horizontes de fé e de conhecimentos para continentes inteiros até então desconhecidos. Com raras
exceções, o que prevaleceu foi a submissão forçada e o massacre metódico dos nativos, sob o
pretexto da salvação de suas almas.
A fase de casa 12 da era de Peixes pode ser identificada nos movimentos que começam a minar e a
ameaçar a hegemonia da civilização ocidental. Um marco notável foi a guerra do Vietnam, quando
os Estados Unidos experimentaram seu primeiro grande revés no papel de “polícia mundial”. Outro
delimitador foi a eclosão do terrorismo islâmico durante as Olimpíadas de Munique, em 1972. As
figuras encapuzadas dos membros do movimento Setembro Negro são pura casa 12: os inimigos
abertos da fase de casa 7 (cruzadas) tornam-se, modernamente, os inimigos ocultos que podem agir
a qualquer momento em pleno território ocidental. Ainda nos anos sessenta, o movimento hippie, as
manifestações pacifistas e de integração racial nos Estados Unidos e as revoltas estudantis por toda
parte começam a dar voz a uma inquietação latente sobre os rumos do “sistema”. Não é ainda a era
de Aquário: é o ocaso da era de Peixes, com toda sua carga de desencanto, dúvidas e perplexidade.
1973 marca a união dos produtores de petróleo – povos islâmicos, na maioria – para colocar contra
a parede os países industrializados do Ocidente, maiores consumidores do produto. 1979 é o ano do
renascimento do fundamentalismo islâmico, consubstanciado na tomada do poder pelos xiítas
iranianos.
Até a década de cinqüenta, o mundo ainda parecia em ordem. Apesar de toda a barbárie das duas
guerras mundiais, o Ocidente ainda era o dono do planeta. É nas décadas de sessenta e setenta que a
falência da civilização ocidental começa a prenunciar-se, de forma lenta, insidiosa e inexorável.
Conflitos históricos que se acreditavam absolutamente superados voltam à cena. Velhos ódios
étnicos e religiosos explodem outra vez, como se todos os ressentimentos acumulados ao longo da
era tivessem subitamente vindo à tona. As guerras civis de fundo étnico na Bósnia, no Kossovo, na
Chechênia e em outras regiões da Europa Oriental parecem o eco de velhas batalhas medievais,
mas não são apenas um anacronismo: são também uma recapitulação.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 14
Teste de Verificação
1 – Além de epidemias como a Peste Negra, a oitava fase da era de Peixes caracteriza-se pelo início
de um processo de nítida conotação Escorpião/casa 8. Estamos falando:
a) das Cruzadas contra povos islâmicos.
b) do início do movimento artístico e cultural conhecido como Renascimento.
c) das Grandes Navegações, que ampliam os horizontes comerciais e culturais da civilização
européia.
d) do Feudalismo, com sua característica ênfase na atividade agrícola e na dependência do
homem à terra.
2 – Assinale a alternativa onde não há correspondência entre o processo histórico e a fase da era de
Peixes:
a) Absolutismo monárquico – fase casa 10/Capricórnio.
b) Invasões, grandes migrações e fragmentação cultural, política e linguística do antigo
Império Romano – fase casa 3/Gêmeos.
c) Surgimento dos processos históricos que definem a “cara” da era de Peixes: o Império
Romano e o Cristianismo – fase casa 1/Áries.
d) Grande desenvolvimento industrial e tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de
uma atitude científica diante do conhecimento – fase casa 6/Virgem.
3 – Alguns personagens históricos parecem simbolizar especialmente o sentido de cada fase da era
de Peixes. Aponte a única alternativa em que os personagens não parecem ser uma boa escolha
para representar o espírito da fase relacionada:
a) Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio – fase Capricórnio/casa 10.
b) Einstein, Pasteur e Oswaldo Cruz – fase Aquário/casa 11.
c) Osama bin Laden, “Chacal”, guerrilheiros da FARC e do IRA – fase Peixes/casa 12.
d) Luís XIV, Marquês de Pombal, Maurício de Nassau – fase Capricórnio/casa 10.
4 – Da leitura desta lição, depreende-se que:
a) Existe absoluta concordância em torno das datas de transição da era de Peixes para a era de
Aquário.
b) As eras astrológicas são decorrentes do movimento de precessão dos equinócios, que altera
gradativamente o ponto vernal.
c) Ponto vernal é o ponto inicial da constelação de Áries.
d) O movimento precessional explica porque, ao longo dos milênios, a passagem do Sol por
determinadas constelações acontece sempre nas mesmas estações do ano.
5 – Aponte a única opção abaixo que se relaciona com a era de Touro:
a) Introdução em larga escala de armas de ferro e supremacia dos povos que dominam a
tecnologia de sua produção.
b) Surgimento de grandes impérios agrários, dependentes do controle das águas dos rios e da
irrigação.
c) Deslocamento do eixo do poder da Mesopotâmia para a região do Mediterrâneo.
d) Desenvolvimento de grandes religiões monoteístas.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 15
6 – A partir da leitura desta lição, fica claro que um dos momentos de maior retraimento da
civilização ocidental durante a era de Peixes aconteceu na fase:
a) Touro ou casa 2.
b) Virgem ou casa 6.
c) Sagitário ou casa 9.
d) Peixes ou casa 12.
7 – Aponte a associação errada:
a) Império de Carlos Magno – fase Leão da era de Peixes.
b) Iluminismo (Rousseau, Voltaire, Diderot etc.) – fase Aquário da era de Peixes.
c) Formação do Islamismo – fase Escorpião da era de Peixes.
d) Materialismo e progressivo afastamento entre o Estado e a religião – fase Capricórnio da
era de Peixes.
8 – Para utilizar um conceito muito comum em Astrologia Psicológica, cada fase da era de Peixes,
além de afirmar as características de um signo e de sua casa correspondente, ainda traz a “sombra”,
ou a manifestação negativa, do signo e da casa opostos. A propósito, aponte a única opção que não
relaciona corretamente um exemplo dessa manifestação negativa da polaridade:
a) Líderes autocráticos, agressivos e expansionistas, como Napoleão Bonaparte, Stálin ou
Hitler, manifestam a “sombra” leonina da fase Aquário da era de Peixes.
b) A violência dos combates nas Cruzadas e a brutalidade das invasões, em contraste com o
código de honra de cavalaria, expressam a “sombra” ariana da fase Libra da era de Peixes.
c) A economia de subsistência típica do período feudal, associada aos pequenos avanços
tecnológicos que permitiram progressivos ganhos de produtividade, expressa a “sombra”
pisciana da fase Virgem da era de Peixes.
d) O extremado nacionalismo que opôs com freqüência franceses, espanhóis, portugueses,
ingleses e holandeses durante o século XVII expressa uma das facetas da “sombra”
canceriana da fase Capricórnio da era de Peixes.
CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA
ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.
Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 2
Texto: Fernando Fernandes
Uma periodização possível da era de Peixes
Com base nas correlações apresentadas nos capítulos anteriores, pode-se tentar agora uma fixação
aproximada dos limites da era de Peixes e de cada uma de suas fases. Tomando como base um ciclo
precessional de 25.974 anos, teríamos cada era com uma duração de 2.149,5 anos, e cada fase com
uma duração de 179,125 anos. Se contarmos o ano de 7 a.C. (provável nascimento de Cristo) como
ponto de partida da era de Peixes, o quadro de sucessão das fases seria o seguinte, incluindo as
últimas fases da era de Áries:
ACONTECIMENTO-CHAVE (OCIDENTE) ERA FASE INÍCIO
Apogeu da cultura grega Áries Capricórnio 544 a.C.
Formação do império de Alexandre, o Grande Aquário 365 a.C
Reinos Helenísticos/Expansão Romana Peixes 186 a.C
Cristianismo/Império Romano Peixes Áries 7 a.C.
Estruturação da igreja cristã Touro 173
Invasões bárbaras/Divisão do Império Romano Gêmeos 352
Surgimento do Islamismo Câncer 531
Império de Carlos Magno Leão 711
Apogeu do Feudalismo Virgem 890
Cruzadas Libra 1069
Peste Negra: redução da população européia Escorpião 1248
Grandes Navegações e Reforma Protestante Sagitário 1427
Absolutismo Capricórnio 1606
Revoluções Francesa e Industrial Aquário 1785
A civilização ocidental sob pressão Peixes 1964
? Aquário Áries 2144
Verifica-se que a maioria dos limites de datas corresponde ao simbolismo que identificamos nos
capítulos anteriores. Contudo, não temos a pretensão de considerar o quadro como definitivo, já
que esta é apenas uma das delimitações possíveis. Algumas observações fazem-se ainda
necessárias:
a) Nem todas as civilizações reagem da mesma forma e com a mesma rapidez ao
simbolismo da era e de suas diversas fases. A ressonância parece ser maior naquelas
culturas mais afinadas com as novas tendências e que, por isso mesmo, tendem a exercer
um papel hegemônico nos campos político ou cultural.
b) Este é um modelo que considera apenas o ponto de vista da Europa e do Oriente Médio.
Sua adoção deve-se à caracterização da era de Peixes como a era européia e ocidental por
excelência. Este fato, aliás, só se torna evidente a partir do último quarto da era, já que,
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 2
durante o primeiro milênio, alguns dos maiores focos de civilização estiveram no Oriente,
especialmente na Índia e na China.
c) O simbolismo de cada fase parece não esgotar-se em seus limites de tempo. Conteúdos
de cada fase são antecipados nas fases anteriores e sobrevivem nas fases seguintes. Estamos
falando aqui de traços dominantes, e não de uma caracterização fechada e excludente.
Mesmo com todos estes cuidados, não há como não observar que este modelo descreve com
adequada precisão a trajetória da civilização ocidental, do seu nascimento à crise que vivemos hoje.
É uma abordagem especulativa, mas perfeitamente factível.
A era de Peixes e o mapa simbólico da Terra
Outra forma de operacionalizar o conceito de era astrológica é considerar que o signo que
corresponde ao ponto vernal no zodíaco sideral determina o Ascendente simbólico da Terra, a partir
do qual é possível traçar um mapa igualmente simbólico: uma estrutura vazia em que a seqüência
dos signos zodiacais é correlacionada com as doze casas, explicitando uma forma particular de
condução dos assuntos mundanos. De acordo com este raciocínio, se Peixes está na casa 1 da era
atual, Áries estará na cúspide da casa 2, e assim por diante.1
Este esquema lança luz sobre algumas
tendências gerais válidas para um período de mais de dois milênios, além de apresentar outros usos
quando conjugado aos ciclos de planetas exteriores, como veremos mais adiante.
Áries na casa 2 da era de Peixes mostra um padrão marciano de aquisição e conservação de
recursos, assim como de formação dos valores coletivos e do trato com os bens materiais. Nesta
área, sempre predominou a competição – e não raro a guerra de conquista e de pilhagem – como
forma de ampliação da riqueza.
Touro na casa 3 fala da dependência dos processos de comunicação aos suportes materiais: a
qualidade da comunicação e do ensino dependerá, em grande parte, da qualidade dos recursos
físicos disponíveis. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a introdução do papel, mais barato que
o pergaminho, e da imprensa de Gutenberg, avanços materiais que tiveram profundas
conseqüências na vida cultural da Europa.
Apenas agora, na fase final da era atual e já no limiar da era de Aquário, o suporte da comunicação
começa a desmaterializar-se, como indicado pelo uso intensivo da eletricidade, de ondas de variada
espécie (o raio laser, por exemplo) e pela popularização da informática (Áries na casa 3 da era de
Aquário). Contudo, tal transformação é ainda limitada pelo fator econômico: o uso de recursos
como a Internet ainda depende da disponibilidade financeira para a aquisição de equipamentos,
sendo um reflexo natural disso o fato de que as populações carentes do terceiro mundo ainda
encontram-se à margem da aldeia global.
Gêmeos na casa 4 fala da pluralidade das origens étnicas e culturais das grandes civilizações da
era de Peixes. O próprio Cristianismo, seu marco fundador, já incorporou desde os primeiros
tempos elementos das culturas grega, judaica e romana, constituindo-se como religião de síntese.
Minorias étnicas e linguísticas foram e continuam sendo um problema da maior importância na
política interna da maioria dos Estados, da mesma forma como o sentido de pertencimento a uma
comunidade é determinado, em grande parte, pela língua. Como exemplos atuais, veja-se o caso da
Espanha, onde as minorias da Catalunha e das províncias bascas lutam ainda pela preservação do
1
Um astrólogo brasileiro que usa com freqüência tal esquema de raciocínio, sempre com resultados muito
pertinentes, é Antonio Carlos Siqueira Harres, o Bola.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 3
dialeto e da cultura regional, e de Timor Leste, onde o governo indonésio tentou extirpar de todas
as formas a preservação da língua portuguesa, vista como um elemento de rebeldia.
Câncer na casa 5 corresponde ao princípio da fecundidade aplicado a dois assuntos desta casa: a
taxa de natalidade (a população da Terra nunca foi tão grande quanto nesta era, nem teve um
incremento tão rápido) e a exuberância da produção artística, um dos poucos saldos realmente
positivos da era de Peixes.
Leão na casa 6 indica, entre outras possibilidades, que os maiores avanços técnicos na área da
produção teriam relação com o elemento Fogo: as armas de combate, a máquina a vapor, o motor a
explosão. Mostra também a valorização das atividades produtivas de sentido análogo ao do signo,
especialmente a da produção dos artigos de luxo voltados para o consumo das classes dominantes.
Significa ainda as condições leoninas impostas ao trabalhador ao longo da era, obrigando-o ao
trabalho escravo ou servil em benefício de poucos.
Virgem na casa 7 expressa uma atitude seletiva e discriminatória frente à alteridade. Esta foi a
postura que predominou na Europa ao longo de toda a era, mudando apenas o rótulo atribuído ao
diferente: herege, pagão, infiel, bárbaro, gentio (aplicado aos nativos da América) e assim por
diante. O resultado foi a ausência de disposição integrativa, que levou a um relacionamento entre
desiguais sempre marcado pelo confronto.
Libra na casa 8 pode simbolizar a complexidade e a subordinação a princípios teóricos e jurídicos
que a administração financeira e tributária assumiu ao longo da era, assim como a sofisticação
crescente das práticas bancárias, especialmente a partir do final da Idade Média. A casa 8 é aquela
das relações econômicas compartilhadas, um tema que já vinha sendo objeto de regulação desde o
Direito Romano, e que ganharia especial importância com os teóricos do mercantilismo e,
posteriormente, do liberalismo. No último quarto da era, torna-se cada vez mais evidente a
tendência para o planejamento (Libra) da economia (casa 2-casa 8).
Escorpião na casa 9 mostra a religião como fonte de controle social e manipulação de
consciências. Exprime também o profundo emocionalismo e radicalismo que caracterizou as
questões ideológicas ao longo de toda a era, como nas cruzadas ou nas jihads (guerras santas)
muçulmanas: é a era do “crê ou morre”.
Sagitário na casa 10 mostra a permanente vinculação entre a religião organizada e o poder
temporal, consubstanciada, por exemplo, na teoria do direito divino dos reis e na instituição do
papado como uma potência não apenas espiritual, mas também de ordem político-econômica.
Capricórnio na casa 11 expressa valores de hierarquia no mundo social: a predominância durante
quase toda a era de uma sociedade rigidamente estruturada em classes e de uma ideologia que
reforça tal estratificação. Capricórnio na 11 relaciona-se também com os clubes e sociedades
fechadas, voltados prioritariamente para objetivos políticos: os templários, a Ordem de Cristo, a
Maçonaria dos séculos XVIII e XIX etc.
Aquário na casa 12 associa valores de independência intelectual e de exclusão social. Na era de
Peixes, pensar com a própria cabeça sempre foi um exercício perigoso, punido com a prisão, o
exílio, a tortura e a morte. Concepções heterodoxas sempre foram consideradas subversivas, e seus
autores, perseguidos até o aniquilamento. A maioria dos grandes pensadores dos últimos dois
milênios teve de sofrer por suas idéias, enfrentando desde a simples censura até as fogueiras da
intolerância. Um poeta carioca, Rubem Obelar, escreveu nos anos 70 uma letra de música que, ao
referir-se à censura que então amordaçava a intelectualidade brasileira, poderia servir para
descrever toda a complicada relação entre Aquário e casa 12 na era de Peixes:
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 4
Boca pra reclamar
sempre teve mordaça a calar.
Mãos soltas,
algemas pra algemar.
Gargantas,
cordas pra enforcar.
Gente consciente,
lugar fechado a esperar.
2
Apenas por curiosidade, podemos perceber alguns sintomas da chegada da era de Aquário em
algumas mudanças que já se fazem sentir no tratamento de questões regidas por determinadas
casas. Por exemplo: Peixes na 2 da era de Aquário deverá indicar uma preocupação maior com o
sentido social da riqueza, assim como com a interdependência da economia mundial. Câncer na
casa 6 já se delineia na tendência cada vez maior ao trabalho doméstico (o escritório confundindo-
se com a própria residência) e, mais adiante, deverá traduzir-se por uma valorização do trabalho no
setor agrícola e de transformação de alimentos. Libra na 9 pode sinalizar o advento de uma era de
maior tolerância religiosa, enquanto Gêmeos na 5 trará, certamente, uma revolução nos métodos de
ensino básico. Mas tais considerações estão no terreno da especulação. Cumpre agora analisar o
outro uso que podemos fazer deste mapa simbólico da era: a de servir como uma estrutura de casas
para a análise dos ciclos dos planetas exteriores.
As casas da era contextualizando ciclos de planetas exteriores
Os ciclos de planetas exteriores têm seu ponto de partida nas conjunções Urano-Netuno, Urano-
Plutão e Netuno-Plutão. Tais conjunções, na medida em que são fenômenos relativamente raros,
dão a tônica de todo o período que se estende até a conjunção seguinte, o que evidencia a
importância do signo em que a conjunção ocorre e de seu planeta regente. Tomando o mapa
simbólico da era de Peixes, em que este signo ocuparia o Ascendente, podemos contextualizar
todos os ciclos de planetas exteriores não apenas em função do signo em que ocorrem, mas também
da casa que ativam no mapa simbólico da Terra. Não estamos levando em conta, naturalmente, que
o Ascendente se desloca ao longo da era, percorrendo os trinta graus do signo em movimento
retrógrado. Para todos os efeitos, tomamos como hipótese de raciocício o conceito de casa = signo,
ou seja, casas iguais cujas cúspides correspondem ao grau inicial do signo.
Com isso, é possível montar um quadro em que se sucedem os ciclos e as fases da era, como um
relógio cósmico que acompanha e delimita períodos da história humana. Sobre este quadro, cabem
algumas observações preliminares:
A periodização da era de Peixes em fases, apesar de analogicamente correta (todo ciclo pode ser
dividido em doze etapas, em correspondência com os doze signos e as doze casas), não apresenta
absoluta precisão nas datas que marcam o início de cada fase. É um esquema especulativo, que
pode sofrer algumas correções para mais ou para menos. Contudo, como a mudança de tônica de
uma fase a outra não se dá de chofre, mas sim de forma gradativa, a periodização é válida, servindo
os anos indicados no quadro apenas como um referencial aproximado.
Na contextualização de cada ciclo (exemplo: Netuno-Urano em Peixes na 1), a referência ao signo
é um dado objetivo (efetivamente, a conjunção deu-se em Peixes, pelo zodíaco tropical), mas a
referência à casa é simbólica, conforme explicado no início deste capítulo.
2
Lugar Fechado, letra de Rubem Obelar publicada no boletim mimeografado Garra Suburbana, Rio de
Janeiro, 1976.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 5
Como os diversos ciclos têm durações diferentes e iniciam-se em datas diferentes, qualquer
momento histórico pode ser referenciado a um conjunto de ciclos, como no caso da convocação da
Primeira Cruzada, em 1095: basicamente, trata-se de um acontecimento vinculado ao ciclo Urano-
Plutão em Áries iniciado apenas cinco anos antes, mas é também um processo que ocorre na
vigência de um ciclo Urano-Netuno em Virgem e de um ciclo Netuno-Plutão em Touro, além de
estar contido na fase Libra da era de Peixes. O sentido deste quatro ciclos, tomados em conjunto,
cria um quadro complexo de significadores astrológicos, que dão a tonalidade única daquele
momento.
É importante observar também que cada ciclo tem uma área de aplicação específica, que depende
de sua duração e dos planetas envolvidos. Resumidamente, poderíamos dizer que os ciclos Netuno-
Plutão delimitam grandes mudanças na esfera cultural aproximadamente a cada dois milênios; os
ciclos Urano-Plutão aceleram a introdução de inovações tecnológicas e político-sociais,
caracterizando períodos de turbulência e mudanças bruscas; os ciclos Urano-Netuno, finalmente,
reforçam o sentido geral das fases da era de Peixes, quando caem no mesmo signo, ou servem-lhes
de contraponto, quando caem em signos diferentes. Na medida em que dissolvem ou abalam
estruturas do ciclo anterior, têm o papel de abrir caminhos para mudanças, se bem que nem sempre
de forma tão ostensiva quanto nos encontros Urano-Plutão.
Um resumo das fases da era de Peixes e dos ciclos:
da Idade Média aos nossos dias
No quadro que apresentamos a seguir, estão resumidos os principais eventos astrológicos que
demarcam a história européia a partir da Idade Média. Muitos destes ciclos serão explorados em
detalhes nos próximos capítulos. A coluna à esquerda indica o ano de ocorrência da primeira
conjunção do ciclo ou de início de cada fase da era. A coluna central mostra acontecimentos da
história européia ou com ela conectados ocorridos nas proximidades do início de cada ciclo (os
acontecimentos muito próximos estão indicados em negrito). A coluna da direita identifica o ciclo
de planetas exteriores ou fase da era de Peixes.
ANO OCORRÊNCIAS PRÓXIMAS CICLO
711 Mouros invadem a Península Ibérica (711) Início da fase Leão
794 Coroação de Carlos Magno (800) Ura-Net em Virgem na 7
837 Divisão do Império Carolíngio (843)
Auge das invasões vikings na Europa (meados do século)
Ura-Plu em Peixes na 1
890 Fim definitivo do Império Carolíngio (887) Início da fase Virgem
905 Fundação da Abadia de Cluny (910) Net-Plu em Touro na 3
947 Fixação dos traços mais típicos do feudalismo (meados do
século)
Ura-Plu em Câncer na 5
965 Otão I restaura o “Império Sagrado” (962)
Fundação do reino da França (987)
Ura-Net em Virgem na 7
1069 Separação entre igrejas católica e ortodoxa (Cisma – 1054)
Normandos invadem a Inglaterra (1066)
Início da fase Libra
1090 Urbano II convoca a primeira Cruzada (1095)
Cruzados criam um reino latino em Jerusalém (1099)
Ura-Plu em Áries na 2
1136 Fundação da Ordem dos Templários (1128)
Independência de Portugal (1139)
Desenvolvimento do estilo gótico na Europa (segunda metade
do século) e literatura trovadoresca.
Ura-Net em Libra na 8
1201 João Sem-Terra (1199-1215) em conflito com a nobreza feudal.
IV Cruzada: conquista de Bizâncio pelos latinos (1204)
Estruturação da Santa Inquisição e combate às heresias (todo o
século, especialmente as primeiras décadas)
Ura-Plu em Câncer na 5
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 6
1248 Apogeu do estilo gótico Início da fase Escorpião
1307 Cativeiro de Avignon – submissão do papado à França
(1305)
Prisão, julgamento e execução dos Templários (1307-14)
Criação da Ordem de Cristo em Portugal (1319)
Ura-Net em Escorpião na 9
1344 Início da Guerra dos Cem Anos (1337-1453)
Auge da Peste Negra na Europa (1348-50)
Ura-Plu em Áries na 2
1398 Dinastia de Avis no poder em Portugal (1383-85)
Hordas de Tamerlão invadem a Índia (1398)
Tamerlão derrota os turcos na Ásia Menor (14
Conquista de Ceuta pelos portugueses (1415)
Net-Plu em Gêmeos na 4
1427 Infante D. Henrique instala-se em Sagres (1419)
Portugueses descobrem os Açores (1427)
Portugueses exploram a costa da África Negra (1436 em
diante)
Início da fase Sagitário
1455 Imprensa de Gutenberg (1450)
Fim da Guerra dos Cem Anos (1453)
Tomada de Constantinopla pelos turcos (1453)
Bula do Papa Nicolau V sobre o domínio dos mares (1455)
Ura-Plu em Leão na 6
1478 Primeiro auto de fé da Inquisição espanhola (1481)
Guerra das Duas Rosas na Inglaterra
Unificação espanhola e expulsão de mouros e judeus (1492)
Descobrimento da América (1492)
Vasco da Gama chega às Índias por mar (1498)
Descobrimento do Brasil (1500)
Início da Reforma Luterana (1517)
Ura-Net em Sagitário na 10
1597 Derrota da Invencível Armada e início da decadência espanhola
(1588)
Pacificação religiosa na França (Edito de Nantes, 1598) e início
da dinastia dos Bourbon
Consolidação de regimes absolutistas
Ura-Plu em Áries na 2
1606 Don Quijote de La Mancha, de Cervantes (1605)
Apogeu do estilo barroco
Bases da ciência moderna (racionalismo)
Início da fase Capricórnio
1650 Restauração portuguesa: dinastia de Bragança (1640)
Frondas: últimas revoltas feudais contra o absolutismo
francês (1650)
Ditadura de Cromwell na Inglaterra (1649-1660)
Inglaterra derrota e supera a Holanda
Ocupação holandesa no nordeste brasileiro (1630-1654)
Ura-Net em Sagitário na 10
1710 Descoberta do ouro em Minas Gerais (1693-95)
Guerra dos Emboabas em Minas Gerais (1708-1709)
Guerra dos Mascates em Pernambuco (1710)
Invasões francesas no Rio de Janeiro (1710-11)
Guerra da Sucessão da Espanha (1701-1713)
Ura-Plu em Leão na 6
1785 Independência dos Estados Unidos (1776)
Início Revolução Francesa (1789)
Conjuração Mineira (1789)
Início da fase Aquário
1821 Reação conservadora na Europa após o Congresso de Viena
(1815)
Independência da América espanhola
Independência do Brasil (1822)
Ura-Net
em Capricórnio na 11
1850 Proibição do tráfico negreiro no Brasil (1850)
Imperialismo europeu na África, China e Japão
Ura-Plu em Áries na 2
1892 Surgimento do cinema e das histórias em quadrinhos (1894-
95)
Primeira Guerra Mundial (1914-18)
Net-Plu em Gêmeos na 4
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 7
1964 Fim dos impérios coloniais europeus na África (fim anos 50-
início anos 60)
Assassinato de Kennedy (1963)
Explosão da Beatlemania (1963)
Golpe militar no Brasil (1964)
Início da fase Peixes
1966 Conflitos estudantis e étnicos na Europa, EUA, México e
Brasil (1968)
Chegada do homem à Lua (1969)
Ditaduras em vários países latino-americanos (início anos 70)
Ura-Plu em Virgem na 7
1993 Glasnost e Perestroika na União Soviética (fim dos anos 80)
Fim da União Soviética e do bloco socialista
Globalização de mercados
Popularização da Internet
Ura-Net
em Capricórnio na 11
2144 Início da fase Áries
2165 Ura-Net em Aquário na 12
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 8
As conjunções Netuno-Plutão
De todos os ciclos planetários, aquele de maior duração no tempo é o ciclo Netuno-Plutão, cujas
conjunções ocorrem num intervalo aproximado de 493 ou 494 anos, quase meio milênio, portanto.
Ao longo de uma era astrológica – a era de Peixes, por exemplo – não é possível haver mais do que
cinco dessas conjunções. E mais: cada nova conjunção Netuno-Plutão acontece apenas alguns
poucos graus à frente da anterior, o que faz com que tais planetas encontrem-se sempre no mesmo
signo por quatro ou cinco conjunções consecutivas. Não é pouco tempo: entre a primeira e a última
conjunção Netuno-Plutão em Touro passaram-se simplesmente 1978 anos! É evidente que um
período tão longo terá de deixar uma impressão profunda, sendo que as conjunções mais marcantes
deverão ser aquelas que iniciam uma fase de dois milênios num novo signo.
Alan Meece, autor de Horoscope for the New Millennium3
, defende o argumento de que as
conjunções Netuno-Plutão correspondem a fases de tremendas mudanças civilizatórias, turbulentas
e confusas enquanto ocorrem, mas sempre seguidas, um século depois, por um período de grande
renovação e florescimento cultural. O argumento procede, sendo amplamente confirmado pelos
fatos. Todavia, por que este intervalo de cem anos? Pode-se pensar que a conjunção Netuno-Plutão
funcione mais ou menos como um foco de dissolução e eliminação de modelos obsoletos, abrindo
caminho para a instauração de novas condições. As sementes destas seriam lançadas durante a
conjunção, mas necessitariam de algum tempo para florescer. Um século é mais ou menos um
quinto do tempo de um ciclo completo Netuno-Plutão. Se pensarmos em termos analógicos,
podemos associar este intervalo com o sentido do quintil, aspecto de 72º (um quinto da
circunferência) que costuma ser relacionado a talentos e à criatividade. Tais qualidades manifestar-
se-iam após a “limpeza de terreno” promovida durante a conjunção e nas décadas imediatamente
seguintes.
As conjunções Netuno-Plutão em Touro
As cinco conjunções ocorridas antes de 1500 a.C. tiveram lugar em Áries. Em 1073 a.C. acontece a
primeira conjunção Netuno-Plutão em Touro, e exatamente no primeiro grau do signo. O Egito dos
faraós já era na época uma potência decadente, e a Babilônia cassita estava prestes a seguir o
mesmo caminho. O império assírio é a nova força que se afirma no Oriente Médio e prepara-se para
alguns séculos de apogeu. Se bem que os registros históricos sejam imprecisos, é mais ou menos na
época dessa conjunção que a Assíria de Tiglath-Pileser I impõe-se ao declinante império babilônico
e inicia sua impressionante expansão.
A conjunção de 578 a.C. acontece em 10° de Touro e prenuncia a ascensão e o apogeu de uma nova
civilização, a grega. A conjunção corresponde aproximadamente à época de profundas
transformações em todo o Mediterrâneo e Oriente Próximo, com o surgimento também da Pérsia
Aquemênida e da Roma republicana. Na fase do quintil, um século depois, Atenas estará no
apogeu.
Outra conjunção só viria a acontecer em 16°10’ de Touro, em 83 a.C. Esta fase coincide com
intensas lutas entre patrícios e plebeus na República Romana, já então a maior potência do
Mediterrâneo. Pouco depois, inicia-se uma sucessão de ditaduras, fase de transição para a
constituição do Império. Em 60 a.C., César assume o poder com Pompeu e Crasso, no primeiro
triunvirato; nos anos subseqüentes, expande o território romano mediante a conquista das Gálias e
inicia a campanha do Egito, que será completada por Otávio. Este, em 27 a.C., assume o título de
imperador. Todo o ciclo iniciado por esta conjunção coincide com os séculos do apogeu de Roma,
3
Llewellyn Publications, 1997.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 9
com o advento do Cristianismo e com a definitiva transferência do eixo de poder do Oriente Médio
para a Europa.
Em 411, dá-se uma nova conjunção, desta vez em 23° de Touro. É o início de um período de cinco
séculos profundamente diferente do anterior: no lugar da Pax Romana, é hora da partilha da Europa
entre as tribos bárbaras chegadas no norte e do leste. Já com os dois planetas a apenas um grau da
conjunção exata, Alarico, rei dos visigodos, invade e saqueia Roma, prenunciando a queda
definitiva da cidade. Nas décadas seguintes, o império em decadência ainda sofrerá com a ameaça
dos hunos, em 452, e com a invasão da capital pelos vândalos, em 1455, até que em 476 o chefe
germânico Odoacro depõe o último imperador do Ocidente, no que é considerado o marco final da
Antiguidade. No século seguinte, o poderio do império ressurge, mas não mais em Roma, e sim em
Bizâncio, que terá dias de apogeu durante o reinado de Justiniano.
A conjunção Netuno-Plutão seguinte tem lugar no penúltimo grau de Touro, no ano de 905. Com a
derrocada final do que ainda sobrevivera do império de Carlos Magno, a Europa mergulha na fase
mais característica do regime feudal. Nas décadas subseqüentes, são gestados os dois reinos que
darão a tônica da geopolítica européia no milênio seguinte: formam-se o reino da França, sob a
dinastia dos Capetos, e o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha. Um
acontecimento que exemplifica bem o enfoque cultural desta conjunção foi a fundação da abadia de
Cluny, na França, no ano de 910. Os monges cluniacenses terão papel fundamental na consolidação
do saber eclesiástico dos séculos seguintes, que estabelecerá o paradigma de conhecimento da
Europa medieval. Coincidentemente, este século também presencia o apogeu da cultura islâmica,
sob o Califado de Bagdá.
Netuno-Plutão em Gêmeos: da terra ao controle da informação
Em 1398, após vários ciclos em que a conjunção acontecera sempre em Touro, Netuno e Plutão
encontram-se no quinto grau de Gêmeos, sinalizando o advento de uma era em que as tecnologias
da informação e os meios de reprodução da cultura teriam cada vez maior importância. Durante
quase dois mil anos, as sucessivas conjunções dos dois planetas exteriores em Touro haviam
definido um longo ciclo de lentas mudanças e em que a posse objetiva da terra se constituíra na
mais importante dos valores. Ampliar e preservar o próprio território foi uma preocupação
permanente de assírios, persas, romanos e dos impérios medievais dos francos (Carlos Magno),
bizantinos e árabes. Isso porque o baixo nível de desenvolvimento tecnológico não permitia ainda
um aproveitamento intensivo dos recursos naturais, com prejuízos especialmente para a agricultura.
Para produzir o suficiente para a alimentação dos centros urbanos da antiguidade, era necessário o
controle de vastas extensões de terra, e, de preferência, terras naturalmente férteis.
As coisas começam a mudar no final da Idade Média, já nas proximidades da primeira conjunção
Netuno-Plutão em Gêmeos. A adoção de técnicas agrícolas mais avançadas permite maior produção
em menores áreas, diminuindo a importância estratégica da extensão territorial. Gêmeos é um signo
de Ar, ligado aos processos mentais e à rapidez na aquisição de conhecimentos. O novo valor
dominante não seria a posse dos meios de produção, pura e simplesmente, mas o controle da
tecnologia de seu processamento. As potências emergentes a partir daí serão aquelas que farão um
uso inteligente da informação e desenvolverem canais adequados de troca – de conhecimento ou de
bens materiais. Não por acaso, o primeiro século do novo ciclo já presencia a primeira fase de uma
revolução comercial, com a expansão marítima européia, e uma outra revolução de caráter mais
sutil, mas não menos importante, na área da cultura. A avidez para testar, experimentar e inovar é
uma marca registrada desta fase iniciada em 1398. São os princípios geminianos que se afirmam,
em contraste com o relativo imobilismo dos séculos anteriores.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 10
No próprio ano de 1398, o grande acontecimento talvez tenha sido a invasão da Índia pelas tropas
tártaro-mongólicas de Tamerlão (ocidentalização do nome do líder militar turco-tártaro Timur Leng
– Timur, o Coxo). Tamerlão repetia, quase dois séculos depois, o fenômeno Gengis Khan, outro
líder mongol que conseguira aglutinar centenas de tribos dispersas das estepes e constituir um
efêmero império, invadindo e devastando o território de velhas civilizações. Mas Tamerlão acabaria
por prestar um favor à civilização cristã, ao atrasar em meio século a derrocada final do Império
Bizantino. Após destruir a cidade de Delhi, dirige suas tropas para o ocidente, ao encontro das
forças militares de Bajazet, o sultão otomano. Este é obrigado a abandonar o assédio a Bizâncio –
prestes a cair – para enfrentar as tropas tártaro-mongólicas nas proximidades de Ancara (atual
Turquia), num embate que envolveu, segundo estimativas, mais de um milhão de guerreiros. A
derrota de Bajazet representou um duro golpe para os turcos otomanos, que, temporariamente
enfraquecidos, deram aos bizantinos condições de reorganizar a defesa, o que lhes garantiu uma
sobrevida até 1453.
Por outro lado, a turbulência provocada por Tamerlão na Índia também contribuiu para criar um
clima de fragmentação política que viria a facilitar a criação das feitorias portuguesas, quase cem
anos mais tarde.
As décadas que se seguiram à conjunção testemunham um conjunto de mudanças que iria
transformar para sempre a face do mundo civilizado. O aperfeiçoamento da imprensa, a utilização
das armas de fogo em larga escala na Europa, a explosão criativa do Renascimento italiano, a queda
de Bizâncio, o lento desvelamento do litoral africano pelos portugueses, a progressiva formação do
reino da Espanha e o surgimento do sentimento nacional na França, em torno da figura de Joana
d’Arc, são sintomas de mudanças profundas, a partir das quais a Europa Ocidental assumiria por
quatro séculos um papel de vanguarda, só quebrada com a emergência de outros centros de poder
no século XX, como os Estados Unidos e o Japão.
Netuno-Plutão e o Descobrimento do Brasil
Como a assinalar a vinculação entre o Descobrimento do Brasil e os processos desencadeados a
partir desta conjunção Netuno-Plutão, o mapa do avistamento da nova terra por Cabral apresenta
Vênus, regente do Ascendente do Brasil-Colônia, em 7°´55’ de Gêmeos, em conjunção, portanto,
com o encontro de Netuno e Plutão de 1398, em 3°51’ de Gêmeos. A Lua, regente do Meio-Céu
desta carta, encontra-se por sua vez em 5°30’ de Peixes, em quadratura, portanto, com a referida
conjunção dos planetas exteriores. Mais ainda: Júpiter e Lua em Gêmeos, no mapa da
Independência, ativam simultaneamente a conjunção de 1398 e a Vênus do Descobrimento, num
efeito de ressonância mais do que significativo.
A conjunção Netuno-Plutão de 1892
A mais recente conjunção Netuno-Plutão acontece na última década do século XIX, tendo lugar
desta vez no ano de 1892, no nono grau de Gêmeos. Coincide com uma série de mudanças
significativas na áreas das comunicações, como a invenção do rádio, o advento dos grandes
impérios jornalísticos norte-americanos e o lançamento, enfim, das bases da cultura de massa, das
quais o cinema e a história em quadrinhos, ambos produtos daquela década, são exemplos
marcantes. Inicia-se um período em que os Estados Unidos ganham importância crescente,
ascendendo, após duas guerras mundiais, à condição de maior potência econômica e militar do
planeta. O principal foco de poder do mundo sai da Europa Ocidental e migra para a América.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 11
Resumindo os ciclos Netuno-Plutão
Podemos resumir a sucessão de conjunções Netuno-Plutão com o seguinte quadro, em que são
assinaladas as datas-limite de cada ciclo e os acontecimentos-chave que neles tiveram lugar.
Netuno-Plutão em Touro
DURAÇÃO PROCESSOS HISTÓRICOS CORRESPONDENTES
1073 a.C – 578 a.C. Apogeu da Assíria.
578 a.C. – 83 a.C. Apogeu da cultura grega e helenística.
83 a.C. – 411 d.C. Império Romano.
411 – 905 Europa dividida em reinos bárbaros. Impérios carolíngio e bizantino e
surgimento do Islamismo.
905 – 1398 Formação da Europa Moderna: surgimento e consolidação da França, da
Alemanha (Sacro Império Romano Germânico) e da Inglaterra.
Netuno-Plutão em Gêmeos
DURAÇÃO PROCESSOS HISTÓRICOS CORRESPONDENTES
1398 – 1892 Era da afirmação burguesa. Grandes navegações. Transferência do eixo de
poder do Mediterrâneo para a Europa Atlântica. “Civilização de Gutenberg”.
1892 - ... Era da cultura de massa e da definitiva globalização econômica e cultural.
Capitalismo industrial. Predomínio americano.
Exercício de compreensão
Leia com atenção estes trechos retirados da obra Astrologia Mundial, de André Barbault:
Os caldeus admitiam que o mundo era alternativamente e de modo periódico inundado e queimado.
O período de reprodução desses fenômenos era aquele em que todos os astros errantes4
voltavam a
ocupar uma mesma posição em relação ao céu das estrelas fixas.
Através de Berósio (século III a.C.) sabemos o que ensinavam os babilônios a respeito do Grande
Ano cósmico. Infelizmente, não resta grande coisa da obra do grande sacerdote de Bel. O
fragmento de sua obra que trata desta doutrina foi conservado por Sêneca em suas Questões
Naturais, sem nenhuma dúvida citado na Meteorologia, hoje perdida, de Possidônio:
O dilúvio de água e fogo acontece quando é da vontade de Deus criar um mundo
melhor e acabar com o antigo... Berósio, tradutor de Bélio, atribui estas revoluções
aos astros, e de uma forma tão afirmativa que fixa a época da conflagração e do
dilúvio. O globo, diz, arderá em fogo quando todos os astros, que têm agora cursos
tão diversos, reunirem-se em Câncer e posicionarem-se de tal forma uns sobre os
outros que uma linha reta poderia atravessar o centro de todos. O dilúvio terá lugar
quando todos esses corpos celestes se encontrarem igualmente unidos, mas em
Capricórnio. A primeira dessas constelações rege o solstício de verão, a outra, o
solstício de inverno...
Uma conjunção perfeita das luminárias e dos planetas, quer dizer, de todos os astros do sistema
solar nos pontos solsticiais: esta é a configuração que determina o giro último em que morre um
mundo e nasce outro, sob um dilúvio de água ou de fogo, ponto de renovação do Grande Ano.
4
Planetas.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 12
Esta doutrina introduziu-se muito cedo cedo no Oriente e no mundo helênico, mas nada autoriza a
pensar que Berósio formulava uma novidade: não era esta uma idéia já universalmente
disseminada? Esta concepção da periodicidade do universo parece, em particular, ter-se
desenvolvido na Índia desde uma época longínqua.
Platão, ao falar, no Timeu, da Gênese e da Criação, evoca o mais completo dos retornos periódicos,
aquele que, tomando os sete astros errantes em uma certa configuração e numa certa posição em
relação às estrelas fixas, devolve-os a uma posição idêntica:
O número perfeito do tempo se realiza e o ano perfeito chega a sua revolução
quando as oito revoluções, cujas velocidades são diferentes, chegam a seu fim ao
mesmo tempo, voltando todos os astros a encontrar-se com o ponto de partida,
depois de um tempo medido com ajuda do que permanece sempre o mesmo e
possui uma marcha uniforme (...) e de novo todas as coisas serão restabelecidas
segundo suas antigas condições.
Contudo, ao assinalar esta duração astronômica, Platão não dizia nada de novo, e sabemos que o
Grande Ano, ao qual se chamará platônico, já era muito bem conhecido antes dele.
(BARBAULT, André. Astrologia Mundial. Barcelona, Visión Libros, 1981.)
1. Da leitura do texto, fica claro que:
a) O conceito de era astrológica, conforme apresentado neste curso, é idêntico ao do Grande
Ano, que chegou à Grécia através da tradição dos caldeus.
b) Deve-se ao grande sacerdote Berósio, do século III a.C., o conceito de eras astrológicas.
c) O chamado Grande Ano de Platão é uma versão grega de uma tradição mais antiga, que via
na conjunção de todos os planetas conhecidos um momento maior de recomeço.
d) O Grande Ano é uma invenção dos caldeus difundida pelos gregos.
2. Na visão platônica:
a) Cada novo Grande Ano traz novas condições de desenvolvimento para a humanidade.
b) O tempo é uma concepção cíclica, pois o novo Grande Ano restabelece as condições do
Grande Ano anterior.
c) A destruição e renovação do mundo se caracterizam, alternadamente, por dilúvios de água
e fogo.
d) Para caracterizar um Grande Ano, a conjunção de todos os planetas conhecidos deve
ocorrer nos pontos equinociais.
Teste de Verificação da Lição 1
RESPOSTAS
1 – Além de epidemias como a Peste Negra, a oitava fase da era de Peixes caracteriza-se pelo início
de um processo de nítida conotação Escorpião/casa 8. Estamos falando:
a) das Cruzadas contra povos islâmicos.
b) do início do movimento artístico e cultural conhecido como Renascimento. [X]
c) das Grandes Navegações, que ampliam os horizontes comerciais e culturais da civilização
européia.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 13
d) do Feudalismo, com sua característica ênfase na atividade agrícola e na dependência do
homem à terra.
Comentário – Renascimento é um termo que exprime uma idéia de reciclagem, renovação, um
ressurgir das cinzas após uma morte aparente (no caso, trata-se do renascimento da cultura clássica
em pleno final da era medieval). É o típico significado de casa 8 aplicado ao âmbito cultural e
coletivo. Já as Cruzadas, como vimos, são um confronto com uma cultura estranha, uma outra
cultura. Trata-se de um típico enfrentamento de casa 7. A ampliação de horizontes das Grandes
Navegações é um momento de casa 9 na história européia, enquanto o feudalismo, ao menos em
seu momento de implementação, associa-se a processos de casa 6.
2 – Assinale a alternativa onde não há correspondência entre o processo histórico e a fase da era de
Peixes:
a) Absolutismo monárquico – fase casa 10/Capricórnio.
b) Invasões, grandes migrações e fragmentação cultural, política e linguística do antigo
Império Romano – fase casa 3/Gêmeos.
c) Surgimento dos processos históricos que definem a “cara” da era de Peixes: o Império
Romano e o Cristianismo – fase casa 1/Áries.
d) Grande desenvolvimento industrial e tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de
uma atitude científica diante do conhecimento – fase casa 6/Virgem. [X]
Comentário – O desenvolvimento industrial rápido, capaz de mudar completamente a face da
sociedade, é a faceta mais visível da fase Aquário/casa 11 da era de Peixes. Corresponde também a
um momento de afirmação do pensamento científico, fruto do racionalismo dominante nesta fase
regida por Saturno e Urano. Já a fase Virgem/casa 6 retrata um período bem anterior, em que a
sociedade é obrigada a voltar-se para a terra e para um modelo de organização extremamente
fragmentado. Virgem simboliza a decomposição do todo – o grande império de Carlos Magno, por
exemplo – em unidades mínimas e auto-suficientes – os feudos.
3 – Alguns personagens históricos parecem simbolizar especialmente o sentido de cada fase da era
de Peixes. Aponte a única alternativa em que os personagens não parecem ser uma boa escolha
para representar o espírito da fase relacionada:
a) Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio – fase Capricórnio/casa 10. [X]
b) Einstein, Pasteur e Oswaldo Cruz – fase Aquário/casa 11.
c) Osama bin Laden, “Chacal”, guerrilheiros da FARC e do IRA – fase Peixes/casa 12.
d) Luís XIV, Marquês de Pombal, Maurício de Nassau – fase Capricórnio/casa 10.
Comentário – Lutero foi o reformador (Escorpião) de uma religião (Sagitário). Ao dar início à
Reforma Protestante, dispara um processo de ampla discussão dos dogmas e dos evangelhos que
mergulhará a Europa em convulsões ideológicas por mais de um século. Lutero, ele próprio um
escorpiano, é uma das figuras mais intensas da fase Sagitário/casa 9 da era de Peixes. O mesmo
pode-se dizer de Colombo e Vespúcio, ambos viajantes, ambos aventureiros, ambos deixando um
legado de expansão dos horizontes civilizatórios (pura casa 9!) com a integração de grandes
regiões desconhecidas à esfera de influência européia.
4 – Da leitura desta lição, depreende-se que:
a) Existe absoluta concordância em torno das datas de transição da era de Peixes para a era de
Aquário.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 14
b) As eras astrológicas são decorrentes do movimento de precessão dos equinócios, que altera
gradativamente o ponto vernal. [X]
c) Ponto vernal é o ponto inicial da constelação de Áries.
d) O movimento precessional explica porque, ao longo dos milênios, a passagem do Sol por
determinadas constelações acontece sempre nas mesmas estações do ano.
Comentário – Apenas a opção B está correta. Nas demais, eis os erros: não existe nenhuma
concordância sobre as datas de transição de eras, ao contrário do que afirma a opção A; o ponto
vernal é o ponto inicial do signo de Áries no zodíaco tropical, e não da constelação com o mesmo
nome (hoje o ponto vernal está transitando de Peixes para Aquário); e, finalmente, a passagem do
Sol por determinadas estações não coincide sempre com as mesmas estações. A passagem do Sol
pela constelação de Áries, que hoje acontece no outono do hemisfério Sul, já aconteceu no verão,
ao tempo da era de Touro, e dentro de alguns milênios delimitará o início do inverno.
5 – Aponte a única opção abaixo que se relaciona com a era de Touro:
a) Introdução em larga escala de armas de ferro e supremacia dos povos que dominam a
tecnologia de sua produção.
b) Surgimento de grandes impérios agrários, dependentes do controle das águas dos rios e da
irrigação. [X]
c) Deslocamento do eixo do poder da Mesopotâmia para a região do Mediterrâneo.
d) Desenvolvimento de grandes religiões monoteístas.
Comentário – Armas de ferro são típicas da era de Áries; o deslocamento do poder para o
Mediterrâneo ocorre no final da era de Áries e se consolida na era de Peixes. Já os impérios
agrários (agricultura – elemento Terra), que dependiam de grandes obras de irrigação (barragens
são um assunto do eixo Touro-Escorpião) se desenvolvem na era de Touro: Egito, Caldéia, China
antiga etc.
6 – A partir da leitura desta lição, fica claro que um dos momentos de maior retraimento da
civilização ocidental durante a era de Peixes aconteceu na fase:
a) Touro ou casa 2.
b) Virgem ou casa 6. [X]
c) Sagitário ou casa 9.
d) Peixes ou casa 12.
Comentário – Como a fase Virgem/casa 6 corresponde ao apogeu da organização feudal, com
quase desaparecimento da vida urbana, aí se define o momento de maior retraimento de toda a
história da civilização européia.
7 – Aponte a associação errada:
a) Império de Carlos Magno – fase Leão da era de Peixes.
b) Iluminismo (Rousseau, Voltaire, Diderot etc.) – fase Aquário da era de Peixes.
c) Formação do Islamismo – fase Escorpião da era de Peixes. [X]
d) Materialismo e progressivo afastamento entre o Estado e a religião – fase Capricórnio da
era de Peixes.
Comentário – O Islamismo, ou seja, a religião monoteísta cujos pilares foram deixados por
Maomé, é fruto da fase canceriana da era de Peixes. Até hoje a lua em fase crescente é o símbolo
do Islã, estando presente na bandeira de vários países do Oriente Médio.
Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 15
8 – Para utilizar um conceito muito comum em Astrologia Psicológica, cada fase da era de Peixes,
além de afirmar as características de um signo e de sua casa correspondente, ainda traz a “sombra”,
ou a manifestação negativa, do signo e da casa opostos. A propósito, aponte a única opção que não
relaciona corretamente um exemplo dessa manifestação negativa da polaridade:
a) Líderes autocráticos, agressivos e expansionistas, como Napoleão Bonaparte, Stálin ou
Hitler, manifestam a “sombra” leonina da fase Aquário da era de Peixes.
b) A violência dos combates nas Cruzadas e a brutalidade das invasões, em contraste com o
código de honra de cavalaria, expressam a “sombra” ariana da fase Libra da era de Peixes.
c) A economia de subsistência típica do período feudal, associada aos pequenos avanços
tecnológicos que permitiram progressivos ganhos de produtividade, expressa a “sombra”
pisciana da fase Virgem da era de Peixes. [X]
d) O extremado nacionalismo que opôs com freqüência franceses, espanhóis, portugueses,
ingleses e holandeses durante o século XVII expressa uma das facetas da “sombra”
canceriana da fase Capricórnio da era de Peixes.
Comentário – Os pequenos avanços tecnológicos e a economia de subsistência baseada no
trabalho duro com a terra expressam traços virginianos, e não piscianos. A sombra pisciana aparece
com maior clareza em outras características da época, tais como o surgimento de importantes
ordens monásticas (o isolamento dos monges, em sua vida conventual, é típica de Peixes/casa 12).
Algumas dessas ordens acabam por exercer uma influência tal que as transforma em poderes
políticos paralelos, que mais tarde alimentarão o fanatismo das Cruzadas. O misticismo
desinformado somado à ignorância e à superstição também produz o fenômeno do milenarismo, ou
seja, o terror que se espalhou em toda a Europa medieval, às vésperas do ano 1000, quanto à
possível iminência do fim do mundo e do juízo final.
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas
Era de Touro e origem das civilizações antigas

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Planejamento e ação docente 2
Planejamento e ação docente 2Planejamento e ação docente 2
Planejamento e ação docente 2Joao Balbi
 
Concepções de linguagem (2)
Concepções de linguagem (2)Concepções de linguagem (2)
Concepções de linguagem (2)bbibiano
 
A prática educativa zabala
A prática educativa    zabalaA prática educativa    zabala
A prática educativa zabalaCláudia Helena
 
IMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENT
IMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENTIMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENT
IMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENTLílian Rocha
 
Perguntas aos educadores de apoio
Perguntas aos educadores de apoioPerguntas aos educadores de apoio
Perguntas aos educadores de apoioelannialins
 
Ed tipos de frase e formas de frase
Ed tipos de frase e formas de fraseEd tipos de frase e formas de frase
Ed tipos de frase e formas de fraseAna Paula Pereira
 
Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas.
Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas. Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas.
Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas. Ailton Moreira
 

Mais procurados (9)

Planejamento e ação docente 2
Planejamento e ação docente 2Planejamento e ação docente 2
Planejamento e ação docente 2
 
Concepções de linguagem (2)
Concepções de linguagem (2)Concepções de linguagem (2)
Concepções de linguagem (2)
 
A prática educativa zabala
A prática educativa    zabalaA prática educativa    zabala
A prática educativa zabala
 
IMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENT
IMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENTIMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENT
IMPERATIVE - PRESENT CONTINUOUS - SIMPLE PRESENT
 
Perguntas aos educadores de apoio
Perguntas aos educadores de apoioPerguntas aos educadores de apoio
Perguntas aos educadores de apoio
 
Figuras de linguagem carla
Figuras de linguagem  carlaFiguras de linguagem  carla
Figuras de linguagem carla
 
Tipos de sujeito
Tipos de sujeitoTipos de sujeito
Tipos de sujeito
 
Ed tipos de frase e formas de frase
Ed tipos de frase e formas de fraseEd tipos de frase e formas de frase
Ed tipos de frase e formas de frase
 
Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas.
Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas. Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas.
Concepções de linguagem e sua implicação para o ensino de línguas.
 

Semelhante a Era de Touro e origem das civilizações antigas

Astronomia 2 - A esfera celeste
Astronomia 2 - A esfera celesteAstronomia 2 - A esfera celeste
Astronomia 2 - A esfera celesteNuricel Aguilera
 
História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7
História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7
História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7Instituto Iprodesc
 
Material OBA Pt.1
Material OBA Pt.1Material OBA Pt.1
Material OBA Pt.1eing2010
 
Aula 6º ano - O Universo e o Sistema Solar
Aula 6º ano - O Universo e o Sistema SolarAula 6º ano - O Universo e o Sistema Solar
Aula 6º ano - O Universo e o Sistema SolarLeonardo Kaplan
 
Astronomia e astrof´+¢sica parte 001
Astronomia e astrof´+¢sica parte 001Astronomia e astrof´+¢sica parte 001
Astronomia e astrof´+¢sica parte 001Thommas Kevin
 
Astronomia 1 - A astronomia na Antigüidade
Astronomia 1 - A astronomia na AntigüidadeAstronomia 1 - A astronomia na Antigüidade
Astronomia 1 - A astronomia na AntigüidadeNuricel Aguilera
 
Geografia os movimentos da terra
Geografia   os movimentos da terraGeografia   os movimentos da terra
Geografia os movimentos da terraGustavo Soares
 
Oficinas de astronomia smec 2013
Oficinas de astronomia   smec 2013Oficinas de astronomia   smec 2013
Oficinas de astronomia smec 2013ensinodecienciassme
 
A Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.pptA Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.pptIgor da Silva
 
A Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.pptA Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.pptIgor da Silva
 
Modelo geocentrico e heliocentrico
Modelo geocentrico e heliocentricoModelo geocentrico e heliocentrico
Modelo geocentrico e heliocentricoreneesb
 

Semelhante a Era de Touro e origem das civilizações antigas (20)

2012 Maia
2012 Maia2012 Maia
2012 Maia
 
Astronomia 2 - A esfera celeste
Astronomia 2 - A esfera celesteAstronomia 2 - A esfera celeste
Astronomia 2 - A esfera celeste
 
Primeira aula de Astrofísica
Primeira aula de AstrofísicaPrimeira aula de Astrofísica
Primeira aula de Astrofísica
 
História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7
História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7
História da Astronomia - Egito e Grécia - Parte 2 de 7
 
Material OBA Pt.1
Material OBA Pt.1Material OBA Pt.1
Material OBA Pt.1
 
Astrologia - Palestra
Astrologia - PalestraAstrologia - Palestra
Astrologia - Palestra
 
Aula 6º ano - O Universo e o Sistema Solar
Aula 6º ano - O Universo e o Sistema SolarAula 6º ano - O Universo e o Sistema Solar
Aula 6º ano - O Universo e o Sistema Solar
 
Movimentos da terra
Movimentos da terraMovimentos da terra
Movimentos da terra
 
Astronomia e astrof´+¢sica parte 001
Astronomia e astrof´+¢sica parte 001Astronomia e astrof´+¢sica parte 001
Astronomia e astrof´+¢sica parte 001
 
A astrologia palestra
A astrologia   palestraA astrologia   palestra
A astrologia palestra
 
Astronomia 1 - A astronomia na Antigüidade
Astronomia 1 - A astronomia na AntigüidadeAstronomia 1 - A astronomia na Antigüidade
Astronomia 1 - A astronomia na Antigüidade
 
Madison.pptx
Madison.pptxMadison.pptx
Madison.pptx
 
Geografia os movimentos da terra
Geografia   os movimentos da terraGeografia   os movimentos da terra
Geografia os movimentos da terra
 
Os movimentos da terra
Os movimentos da terraOs movimentos da terra
Os movimentos da terra
 
Oficinas de astronomia smec 2013
Oficinas de astronomia   smec 2013Oficinas de astronomia   smec 2013
Oficinas de astronomia smec 2013
 
A Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.pptA Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.ppt
 
A Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.pptA Terra e o Universo.ppt
A Terra e o Universo.ppt
 
RelóGio
RelóGioRelóGio
RelóGio
 
Astronomia aula2 janete pdf
Astronomia aula2 janete pdfAstronomia aula2 janete pdf
Astronomia aula2 janete pdf
 
Modelo geocentrico e heliocentrico
Modelo geocentrico e heliocentricoModelo geocentrico e heliocentrico
Modelo geocentrico e heliocentrico
 

Último

Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfJacquelineGomes57
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAInsituto Propósitos de Ensino
 
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuaisG6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuaisFilipeDuartedeBem
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaRicardo Azevedo
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxRoseLucia2
 
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................CarlosJnior997101
 
Oração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosOração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosNilson Almeida
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaDenisRocha28
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusVini Master
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .natzarimdonorte
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).natzarimdonorte
 
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxFormação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxVivianeGomes635254
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfnatzarimdonorte
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaSessuana Polanski
 

Último (17)

Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
 
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuaisG6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
 
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
 
Oração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosOração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos Refugiados
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
 
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxFormação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
 
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmoAprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
 

Era de Touro e origem das civilizações antigas

  • 1. CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda. Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 1 Texto: Fernando Fernandes Eras, ciclos e periodização da História A civilização ocidental, os ciclos de planetas exteriores e as fases da era de Peixes Tanto a História quanto a Astrologia buscam reconhecer, no fluxo contínuo dos acontecimentos mundanos, alguma forma de padrão, elementos referenciais que permitam estabelecer periodizações válidas e minimamente homogêneas. Do ponto de vista histórico, valorizam-se especialmente as mudanças de grande porte no modo de produção e na superestrutura política- ideológica que lhe corresponde. Já do ponto de vista astrológico, os recursos mais apropriados para estabelecer um padrão compreensivo de vastas extensões de tempo são os conceitos de era, decorrente do movimento de precessão dos equinócios, e de ciclos de planetas exteriores – Urano, Netuno e Plutão, entendendo-se por ciclo o intervalo de tempo entre duas conjunções sucessivas formadas pelos mesmos planetas. Teríamos, assim, três ciclos a considerar, Urano-Netuno, Urano- Plutão e Netuno-Plutão, sendo que a inter-relação dos três, confrontada com as subdivisões internas de cada era, formaria uma grade complexa, com amplas possibilidades interpretativas. Naturalmente, os ciclos mais longos correspondem a processos históricos de dimensões macroscópicas e de maior alcance. Tais processos não precisam necessariamente ser anunciados por acontecimentos bombásticos, nem correspondem a uma ruptura radical com o estado de coisas anterior. Suas características só são percebidas a partir da visão de conjunto proporcionada pelo distanciamento – como ocorre, aliás, com todas as grandes mudanças históricas. Da mesma forma como os planetas exteriores são invisíveis a olho nu, alguns acontecimentos de enormes conseqüências futuras passam despercebidos aos contemporâneos, e somente o transcurso do tempo irá lançar luz sobre sua verdadeira dimensão. Vejamos agora o critério de periodização que abarca períodos mais extensos e é indicador de processos de maior amplitude: o conceito de eras astrológicas. O que é uma era astrológica Ao mesmo tempo que realiza o movimento de rotação em torno do próprio eixo, que gera a sucessão dos dias e das noites, e o movimento de translação em torno do Sol, que cria a sucessão das estações do ano, a Terra realiza também um terceiro movimento que pode ser comparado ao bamboleio de um pião, cujo eixo pende ora para um lado, ora para outro, antes de parar completamente. Assim, o pólo celeste (que é uma extensão imaginária do pólo terrestre) descreve no céu um lento movimento circular no sentido leste-oeste, que se completa no período aproximado de 25.794 anos. Ao longo deste vasto ciclo, o pólo volta-se sucessivamente para diferentes regiões do céu. Por esta razão, a estrela polar (aquela para a qual o pólo norte aponta) também varia: já foi Thuban, a Alpha Draconis, por volta de 3000 a.C.; hoje é Polaris, a Alfa da Ursa Menor; dentro de 12 mil anos, será a estrela Vega, da constelação de Lira.
  • 2. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 2 Eclíptica é o plano da órbita da Terra em torno do Sol (ou o caminho aparente do Sol em torno da Terra). Zodíaco é o grupo de constelações que se situa na região da eclíptica. Sabemos que, por causa da inclinação do eixo da Terra, o plano do equador também não coincide com o plano da eclíptica, apresentando uma ângulo de inclinação de aproximadamente 23 graus e 27 minutos. Por isso, em seu movimento aparente, o Sol está seis meses ao norte e seis meses ao sul do equador celeste. Em apenas dois momentos do ano o Sol corta o equador celeste, e estes momentos marcam uma igual distribuição de luz pelos dois hemisférios, assim como igual duração do dia e da noite. São os equinócios de primavera e de outono. Na medida em que o pólo vai descrevendo seu lento movimento de bamboleio no céu, vai-se alterando também a constelação zodiacal que serve de pano de fundo à passagem do Sol nos equinócios. A constelação que marcava o equinócio de primavera no hemisfério norte na época de Sócrates e de Platão era a de Áries; era Peixes quando Colombo descobriu a América; e, dentro de pouco tempo, será Aquário. O ponto de interseção da eclíptica com o equador celeste, no equinócio de primavera do hemisfério norte, é chamado de ponto vernal e marca o início do signo de Áries, no zodíaco tropical utilizado pela Astrologia do Ocidente. Quanto o início da primavera no hemisfério no hemisfério norte – o signo de Áries – coincidia com a passagem do ponto vernal pela constelação do mesmo nome, estávamos na era de Áries. A passagem do ponto vernal para a constelação de Peixes marcou o início da era de Peixes. Este movimento se dá no sentido contrário ao dos signos do zodíaco, sendo chamado, por esta razão, de movimento precessional, que gera a correspondente precessão dos equinócios. Quando começa a era de Aquário? No caso das eras astrológicas, não há sequer um consenso sobre seus verdadeiros limites. A transição da era de Peixes para a de Aquário é tema de controvérsias que se arrastam há décadas, conforme podemos deduzir deste trecho de David Williams1 : A dificuldade para determinar quando a chamada Era de Aquário começa deve-se aos diferentes sistemas zodiacais utilizados em diversos períodos. Pesquisadores modernos contribuíram para a confusão ao considerar vários pontos de partida para suas constelações zodiacais. (...) Astrônomos tornam a confusão ainda pior ao chamarem o ponto vernal, que é móvel, de zero de Áries, e por usarem um sistema de determinação do tamanho das constelações inteiramente diferente. O quadro seguinte mostra a variedade de datas determinadas por várias autoridades astrológicas: PESQUISADOR 0° de Peixes 0° de Aquário Cheiro 388 A.C. 1762 D. Davidson (1ª hipótese) 317 A.C. 1844 A. M. Harding 300 A.C. ? Gerald Massey 255 A.C. 1905 C. A. Jayne, Jr. 254 A.C. 1906 Thierens 125 A.C. ? Dane Rudhyar 97 A.C. ? Paul Councel 0 A.D. 2160 Cyril Fagan 231 A.D. 2369 D. Davidson (2ª hipótese) 381 A.D. 2500 Observa-se, portanto, que não há unanimidade nem quanto à data de início da era de Aquário nem quanto à própria duração do período precessional. De acordo com a fórmula do prof. Simon 1 WILLIAMS, David. Simplified Astronomy for Astrologers. Tempe – Arizona, AFA, 1980.
  • 3. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 3 Newcomb, baseada em valores tabulados para o período de 1600 a 2100, a Terra completa um inteiro ciclo precessional (o chamado Grande Ano de Platão) em 25.794 anos. Já outros pesquisadores trabalham com durações ligeiramente diferentes. Se não temos limites precisos, podemos pelo menos tentar compreender o sentido geral das três eras historicamente conhecidas, que são as de Touro, Áries e Peixes. Mas como fazê-lo? O astrólogo francês André Barbault, em A Crise Mundial, indica o caminho da analogia entre o simbolismo de cada era e das civilizações que nela se desenvolveram ao afirmar: É um fato, que esse relógio das eras parece corresponder-se, em linhas gerais, com as diversas civilizações e religiões antigas. Assim, quando o Sol de primavera se elevava na era de Touro, dominava o mitraísmo na Ásia Menor, cujo animal sa- grado era o boi Ápis (analogia com o símbolo de Touro: o touro); o culto do Minotauro, que evoca a lenda do bezerro de ouro semita, estava associado às religiões de Súmer, da Síria, do Egito... Depois, quando o mesmo Sol atravessava a era de Áries (cujo símbolo é o carneiro), a mesma raça estava sob a supremacia espiritual de Amon-Rá, o deus solar egípcio, com cabeça de cordeiro; havia o culto do velocino de ouro, do cordeiro pascal... Enfim, após dois milênios, estamos no que se chama a era de Peixes, que é a era do Cristianismo; pois os primeiros cristãos tomaram os peixes como emblema e sinal para reuniões secretas, gravando-os nos muros das catacumbas e sobre suas primeiras sepulturas, sendo o peixe sempre o animal de sacrifício na religião cristã. Além disso, o espírito do cristianismo está conforme a psicologia do último signo zodiacal: abnegação, caridade, humanidade... 2 A era de Touro A era de Touro é aquela que se estende (muito aproximadamente) entre 4000 a.C e 2000 a.C. Ao longo desses dois milênios, comunidades nômades de caçadores e coletores começam a sedentarizar-se primeiro em torno da atividade pastoril e, logo depois, da agricultura. A fixação à terra e às riquezes dela decorrentes é a marca registrada da era de Touro. Uma era não expressa apenas os valores de um signo, mas também os do signo oposto e complementar e, em menor escala, dos signos com que forma quadraturas. É como se o signo dominante da era representasse o Ascendente simbólico do mundo, ponto de partida de uma cruz cósmica que pode envolver todos os signos cardinais, fixos ou mutáveis. Assim, a era de Touro é também a de Escorpião no Descendente, de Aquário no Meio-Céu e de Leão no Fundo do Céu. O eixo Touro–Escorpião explica adequadamente o processo de formação do antigo império egípcio e das civilizações mesopotâmicas estabelecidas nos vales do Tigre e do Eufrates. O desafio principal para a fixação do homem ao solo era o controle das águas dos rios, de forma a permitir a formação de reservatórios que regulassem as cheias e vazantes anuais e abastecessem canais de irrigação. A construção de diques e represas aperfeiçoa-se aos poucos, levando à extensão progressiva das áreas cultiváveis e à geração de um excedente de produção capaz de alimentar classes de trabalhadores especializados a serviço do Estado. O caso do Egito é típico deste processo, e foi o controle do Nilo que permitiu a acumulação dos recursos capazes de sustentar um enorme corpo de funcionários – sacerdotes, escribas e militares – não envolvidos diretamente com a produção agropastoril. Escorpião simboliza a força concentrada das águas, enquanto Touro rege as construções. O represamento das águas através de enormes obras de engenharia e o aproveitamento prático dos 2 Citado em: CRISTOFF, Boris. La gran catastrofe de 1983. Buenos Aires, Ed. Martinez Roca, 1979.
  • 4. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 4 recursos hídricos são processos típicos do eixo Touro–Escorpião. É o controle das águas (Escorpião) para manter a agropecuária (Touro) e gerar excedentes suficientes para a manutenção do Estado. Aquário no Meio-Céu responde bem à idéia de uma estrutura de poder que, pela primeira vez na história, sustenta-se não apenas pela força bruta, mas também pela capacidade de criar e administrar um sistema de circulação de riquezas baseado no controle da produção e na eficiente arrecadação de tributos. Egito e Suméria são casos pioneiros de estados burocráticos, em que o escriba que registra o montante dos tributos é tão importante na sustentação do poder do monarca quanto as tropas do exército. A era de Áries A passagem da era de Touro para a era de Áries é marcada por uma onda de invasões de povos bárbaros que, vindos das terras mais frias do norte, invadem as regiões férteis do Mediterrâneo, do Oriente Médio, do Egito, da Índia e da China. A chegada desses invasores desestabiliza os grandes impérios agrários, como o do Egito, e instaura momentaneamente o caos e a desordem. A superioridade dos invasores é de ordem militar: utilizam carros de combate puxados a cavalo (uma novidade) e armamentos de ferro e de bronze. O domínio do ferro, metal regido por Áries, é uma das marcas que identificam os povos surgidos nesta era. A reorganização da vida social, política e econômica dá-se, a seguir, em novas bases, em que a agressividade bélica a serviço do expansionismo territorial desempenhará um papel preponderante. O Egito da época de Amenófis III e de Ramsés II, já na era de Áries, é uma potência militar voltada para a disputa com os hititas pelo domínio dos corredores comerciais do Oriente Médio, em contraste com o Egito isolado e voltado para os valores da terra da era de Touro, na fase do Antigo e do Médio impérios. As invasões da era de Áries começam a trazer para o mundo civilizado os povos indo-europeus que constituirão a base étnica dos futuros estados da Europa. Gregos, latinos, persas e os conquistadores arianos que se estabeleceram na Índia são alguns dos povos que “entram na História” neste período. Suas religiões cultuam valores masculinos, solares, em contraste com o culto da terra e do princípio lunar e feminino, na era anterior. Como Libra é o signo oposto e complementar a Áries, a marca libriana está presente em diversas formulações religiosas, filosóficas e institucionais da última parte deste período, como o budismo (uma religião abstrata, que valoriza o “caminho do meio”), o confucionismo (um código ético voltado para a regulação das relações sociais) e o próprio direito romano, cujos pilares são estabelecidos. Na Grécia, novas experimentações políticas e institucionais levam à democracia ateniense, ainda restrita a uma pequena elite (os escravos e estrangeiros, que somavam juntos 90% da população, não são considerados cidadãos), mas já incorporando mecanismos de debate e de livre escolha entre posições conflitantes. De qualquer forma, os dois milênios anteriores ao nascimento de Cristo caracterizam-se pelo predomínio das monarquias despóticas e teocráticas. Com Áries no Ascendente simbólico da era, o Meio-Céu estava ocupado por Capricórnio, indicando a vigência de um modelo de poder baseado na hierarquia, na tradição e na rígida estratificação social. Com Touro na casa 2, a riqueza estava associada à agricultura e às atividades pastoris. Nestes dois milênios, sucedem-se como grandes potências no Oriente Médio os impérios teocráticos do Egito, da Caldéia, da Assíria e da Pérsia. Na medida em que a era se aproxima de seu término, começa a verificar-se um lento deslocamento do eixo de poder do Oriente para o Ocidente, especialmente após a formação do império helenístico
  • 5. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 5 de Alexandre, o Grande. A Macedônia, cujo trono Alexandre herdou, era um reino vizinho à Grécia e sob sua esfera de influência cultural. O próprio Alexandre foi educado por professores gregos. Ao unificar toda a região entre o Egito e o vale do Indo, nela introduziu os valores da cultura grega que, em contato com as culturas locais, geraram a base da civilização helenística. Alexandre, ao derrubar fronteiras políticas, econômicas, étnicas e linguísticas, concorreu para a dissolução (um sentido de Peixes) das estruturas da era de Áries e abriu caminho para um novo ciclo de civilização. Pela primeira vez, porções consideráveis de território asiático encontravam-se sob a hegemonia de uma potência européia. Este fato, por suas profundas implicações futuras, pode ser considerado o início do processo de transição da era de Áries para a era de Peixes. A era de Peixes A era de Peixes é, antes de tudo, a era da Europa e da trajetória da civilização ocidental no rumo da hegemonia planetária, processo que se afirma com maior força em sua quarta e última fase, que vai da expansão marítima ibérica até os nossos dias. O que vemos hoje é a adesão de praticamente todos os países do mundo a um modelo de estruturação política e social de inspiração européia. As conseqüências da revolução industrial atingem todos os continentes, e o modelo tecnológico e de organização de trabalho segue um mesmo padrão em todos os quadrantes da Terra. O processo de globalização deu-se a partir de parâmetros europeus – ou norte-americanos, sendo estes os herdeiros e continuadores diretos da civilização européia. Para competir em pé de igualdade, povos de cultura tradicional tiveram de ocidentalizar-se, sendo o Japão o caso mais evidente. Eis, então, o traço mais definitivo da era de Peixes: o deslocamento do eixo de poder da Ásia para a Europa, sendo Europa praticamente um sinônimo de cristandade, ou seja, de um conjunto de povos unidos pelo traço comum da religião cristã e da herança cultural greco-romana. Para entender o significado da transição da era de Áries para a de Peixes, é preciso investigar o período entre o quarto século a.C e o quarto século A.D. em busca de indicações do que desaparecia neste período para dar lugar a algo novo. Um bom começo é considerar o efeito das conquistas de Alexandre, cujo governo estendeu-se de 336 a.C a 323 a.C., sobre o mundo civilizado: Alexandre desenvolveu intensa atividade no sentido de realizar a fusão de gregos e persas, promovendo a união de vencidos e vencedores e desenvolvendo a helenização do mundo antigo. Encorajou o casamento de ocidentais e orientais, ele mesmo desposando princesas persas; incorporou jovens persas helenizados ao seu exército (...); mostrou-se tolerante com os deuses e costumes dos vencidos, inclusive copiando o cerimonial asiático, mantendo os quadros administrativos e adotando práticas orientais, como a poligamia e o despotismo teocrático (proclamou-se filho de Amon e de Zeus). Paralelamente, tornou o grego o idioma oficial do Império e multiplicou a fundação de cidades. (...) Obrigando milhões de indivíduos a revisarem seus preconceitos de raça, a manter uma certa coexistência de interesses materiais, a tolerar as mesmas idéias religiosas, a compreender um mesmo idioma, Alexandre, por sua obra, marcou o início de uma nova era que se prolongaria até a conquista romana. 3 Não é difícil perceber Alexandre como um agente precursor da era de Peixes, na medida em que cumpre papéis piscianos: integrar, dissolver fronteiras, fundir, diluir as diferenças. Para alguns 3 SILVA, José Luiz Werneck da. & AQUINO, Rubim Santos Leão de. História Antiga e Medieval. Rio de Janeiro, Guymara Ed., 1970.
  • 6. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 6 pesquisadores, aliás, o período helenístico é considerado como já pertencente à era de Peixes. Contudo, melhor seria defini-lo como a fase de apogeu e início da desintegração das estruturas da era anterior, um período de transição em que o velho ainda coexiste com as sementes do novo. Outro fator de transição é a emergência de Roma como potência imperialista, o que se dá especialmente a partir das Guerras Púnicas, contra Cartago, entre 264 a.C. e 146 a.C. Em muitos aspectos, a expansão romana foi facilitada pelo trabalho de integração cultural e econômica realizado por Alexandre. Ao dirigir seus exércitos para o Oriente, Roma não mais encontrará as velhas monarquias teocráticas, mas apenas os frágeis reinos helenísticos que resultaram da desagregação do império macedônio. O que Roma traz de já indicativo da nova era é o aperfeiçoamento da superestrutura jurídica – o Direito Romano – que fornece um parâmetro abstrato e lógico para o ordenamento das relações sociais e econômicas. A era de Peixes tem os signos mutáveis nos ângulos do mapa simbólico do planeta. Na casa 10, está Sagitário, o signo que expressa os princípios da lei e da cultura superior. O terceiro fator na transição de eras é o advento do Cristianismo, cuja ascensão deve-se antes de tudo ao próprio conteúdo moral e religioso da nova crença, que apresenta os seguintes fundamentos: o monoteísmo que coloca a comunhão com Deus, o Pai, por intermédio de seu filho Jesus; o amor a Deus e ao próximo, considerado como irmão; (...) o desapego aos bens materiais, infinitamente inferiores aos bens no Reino Celestial; a igualdade, a pureza e a humildade do coração; o perdão das injúrias e a caridade; enfim, a salvação prometida aos que acreditassem e cumprissem seus ensinamentos, enquanto os demais seriam condenados. (...) O próprio caráter universalista da religião, imprimido por Paulo de Tarso (...) que pregou a conversão de todos os homens, e seu ideal de igualdade de todos perante a divindade constituiu um motivo de sucesso entre os pobres, os humildes e os escravos, tendo, por meio destes, penetrado nos lares dos poderosos, influenciando inicialmente os filhos e as esposas de seus senhores. 4 Vários desses traços remetem a conteúdos do signo de Peixes: o caráter universalista, o desapego, o amor e a caridade sem fronteiras, a difusão entre os pobres e escravos. Outros, como a valorização da humildade e da pureza, expressam o signo oposto e complementar, Virgem. A expansão do Cristianismo foi grandemente beneficiada pela vitalidade da civilização helenística, que criara vínculos comuns aos mundos grego, oriental e romano. A língua grega serviu de veículo inicial de transmissão do Cristianismo, tendo permanecido até metade do século III como a língua oficial da religião cristã. (...) A unificação política do mundo mediterrâneo, sob a égide de Roma, também contribuiu para a propagação da fé cristã. Com efeito, a cristianização (...) foi facilitada pela existência de um denominador comum, o Império, do qual as estradas eram um veículo de romanização e, posteriormente, de divulgação do Cristianismo. 5 Portanto, em correspondência com a natureza dual do signo de Peixes, as grandes bases civilizatórias da nova era são também duplas: de um lado, a herança cultural da Grécia e dos reinos helenísticos, assimilada e preservada por Roma; de outro, o Cristianismo, religião pisciana por excelência, nascida entre pescadores e consolidada no martírio de Jesus e dos primeiros seguidores. Sem dúvida, a nova religião é o fator central das mudanças da passagem de era. 4 SILVA, José Luiz Werneck da. & AQUINO, Rubim Santos Leão de. Op. Cit. 5 Idem.
  • 7. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 7 Mas que data podemos definir como marco inicial da era de Peixes? Simbolicamente, o nascimento do novo messias no rústico ambiente de uma estrebaria, filho de uma mulher considerada pura e identificada com o signo de Virgem, e anunciado por configurações fortes o suficiente para atrair a atenção dos astrólogos da época (os reis magos), atende todos os requisitos para representar este momento inicial. Já se sabe que o nascimento de Cristo ocorreu algum tempo antes da data utilizada como referência para o calendário cristão, provavelmente no ano 7 a.C. Mas somos de opinião que o início de uma era não pode ser reduzido a um momento, sendo muito mais um período transicional que pode estender-se por vários anos, ou décadas. Entretanto, estabelecer um ponto de partida para o início da era de Peixes é importante como base de referência para tentarmos investigar quando se dará o momento inicial da era seguinte – a de Aquário. Dividindo uma era em doze etapas Uma ferramenta de investigação de grande utilidade foi proposta pelo astrólogo uruguaio Boris Cristoff, que sugeriu a divisão das eras astrológicas em doze períodos menores, suberas ou fases, cada uma em analogia com um signo e uma casa. Assim, o primeiro duodécimo da era teria sempre um sentido ariano (ou de casa 1), o segundo, de Touro (ou de casa 2), e assim por diante. Tal proposição encontra respaldo num dos princípios fundamentais em Astrologia, que é o da analogia entre ciclos, que permite transpor conceitos e significados de ciclos mais amplos para os mais curtos, e vice-versa. Tais analogias estão baseadas na correlação entre os três principais movimentos da Terra: a rotação, a translação e a precessão dos equinócios. Assim, se o ano de aproximadamente 365 dias gerado pelo movimento de translação pode ser dividido em doze porções, cada uma correspondendo a um signo, o mesmo pode ser feito em relação ao Grande Ano de Platão, de quase 26 mil anos, gerado pela precessão dos equinócios. E cada 1/12 avos deste Grande Ano – cada era astrológica, portanto – pode, por sua vez, sofrer nova subdivisão por doze, para gerar suberas. Boris Cristoff, para sua infelicidade, desenvolveu esta interessante discussão num livro cuja proposta maior revelou-se um enorme fracasso em termos de previsões coletivas: A grande catástrofe de 1983, escrito no final dos anos setenta. Neste livro, Cristoff tenta provar, com base em profecias e evidências astrológicas, que o ano de 1983 seria marcado por terríveis hecatombes mundiais, incluindo gigantescos terremotos e o desaparecimento de países inteiros. Como nada aconteceu, o livro caiu no esquecimento e, com ele, a discussão sobre as suberas. Cristoff, aliás, parece ter incorrido em outros pecados: estabelece como ponto de partida da era de Peixes o ano zero do calendário cristão, como se correspondesse verdadeiramente ao nascimento de Cristo; estabelece para o Grande Ano de Platão uma duração de 25.200 anos, que não é aceita unanimemente pelos especialistas; e dá para cada era uma duração de 175 anos, que também pode ser contestada. A seguir, define o conteúdo astrológico de cada subera de forma um tanto simplificada e esquemática, sem entrar em maiores considerações de ordem histórica ou cultural. Tentaremos resgatar a proposta central de Cristoff de que uma era pode ser subdivida em doze fases, cada uma carregando conteúdos do signo e casa correspondentes. Contudo, em vez de estabelecer datas e, a partir daí, procurar processos históricos que correspondam ao simbolismo astrológico, faremos o percurso oposto, que é buscar, no desenvolvimento da civilização ocidental, momentos coletivos que carreguem um sentido deste ou daquele signo, para apenas depois tentar uma periodização mais detalhada.
  • 8. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 8 As doze fases da era de Peixes No caso das eras e suberas, estaremos lidando sempre com processos coletivos, macroscópicos, tão vastos no tempo e no espaço que sua verdadeira natureza só pode ser percebida com clareza a partir de uma perspectiva extremamente distanciada e abrangente. Trata-se de uma escala de tempo e de espaço muito superior ao de uma vida humana. Áries e casa 1: o irromper da cristandade O período inicial da era de Peixes tem uma conotação ariana e de casa 1. Precisa estar caracterizado, pois, pela implantação de um princípio novo, fundamentalmente diverso dos conteúdos das eras anteriores. Tal princípio, como já vimos, é o Cristianismo, religião que se desenvolve a partir das camadas mais pobres e socialmente excluídas do Império Romano. É um caso raro de religião que se afirma (sentido da fase Áries ou de casa 1) pelo sacrifício voluntário (Peixes) de seus membros. É a fase também da afirmação do poder imperial romano e da construção de uma unidade política e social cujos parâmetros institucionais já são totalmente europeus. Este é o processo que será desdobrado e aprofundado nas fases posteriores. Touro e casa 2: a consolidação da Igreja Touro e casa 2 têm a ver com valores, com a estabilização da forma e com o preenchimento do molde definido pelo Ascendente através da aquisição e agregação dos recursos necessários. Considerando que a forma gerada na fase ariana foi a da nova civilização de base greco-romana e cristã, este momento de estabilização e consolidação se dá com o restabelecimento da paz religiosa através do Edito de Milão, no ano de 313, que põe fim às perseguições e permite a liberdade religiosa. Ainda no mesmo século, novo passo será dado pelo imperador Teodósio, com a elevação do Cristianismo à condição de religião oficial do Estado. Livre dos problemas externos, a igreja cristã consegue concentrar esforços na própria organização: uma série de concílios fixa os dogmas da religião e inicia o processo de estruturação do clero. Gêmeos e casa 3: o bárbaro que experimenta Gêmeos e casa 3 expressam conteúdos de troca, aprendizagem, dualidade, intercâmbio, mudanças rápidas e instabilidade. Politicamente, correspondem à derrocada final do Império Romano do Ocidente e sua substituição por uma miríade de pequenos reinos bárbaros, fruto da aceleração das invasões de povos germânicos e asiáticos (hunos) no antigo território imperial. Paralelamente, sobrevive na parte oriental do Mediterrâneo o Império Romano do Oriente, que também passa por intensas transformações culturais cujo resultado será o progressivo abandono das raízes latinas e a retomada do patrimônio cultural grego, sob a capa do Cristianismo. Consoante com a natureza dual de Gêmeos, consolida-se na Europa a dualidade entre o Ocidente latino-germânico e o Oriente greco-cristão. A igreja cristã tem sua unidade ameaçada pelas heresias (em grego, “opiniões separadas”) que, se já existiam desde o século II, nesta fase alcançam seu maior impacto com a conversão de povos bárbaros, como os visigodos, às seitas heréticas. É também a fase em que começam a nascer as línguas européias modernas, resultantes da desagregação do latim clássico em uma série de dialetos locais. O sentido geminiano está em que esta fase pode ser considerada um grande laboratório de experimentação de novas formas de organização política e social. Os bárbaros recém-chegados da vida nômade das estepes apoderam-se dos sofisticados recursos do Império Romano e experimentam um poderoso choque cultural, comportando-se como “macacos na cristaleira”. É a adolescência da Europa Moderna.
  • 9. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 9 Câncer e casa 4: em busca das raízes A metade do século VI marca um brilhante momento do império bizantino. Sua grande contribuição é a consolidação, no governo de Justiniano, de todo o saber jurídico até então existente através do Corpus Juris Civilis, uma obra monumental de compilação. Justiniano desenvolve uma política expansionista com o objetivo de recuperar a grandeza do império romano. É bem sucedido, mas os resultados não são duráveis: Sua política imperialista foi um erro de proporções grandiosas porquanto, ao tentar ressuscitar o passado, comprometeu consideráveis recursos militares e financeiros em conquistas precárias. 6 Porém, o que impressiona no Império Bizantino desta fase é a preocupação canceriana e de casa 4 no sentido de resgatar o passado, reconstituir o fio da meada da trajetória da civilização romana, restaurar as raízes do império. Tal tentativa revela-se artificial, pois a base populacional de Bizâncio já não é latina, e sim grega. Este fato é reconhecido pelos imperadores subseqüentes, especialmente Heráclio (610-641), que finalmente abandona o latim como língua oficial e adota o grego na legislação, na administração e até mesmo na denominação dos cargos. Com Heráclio, Bizâncio, cancerianamente, encontra sua raiz. O século VII marca o surgimento de uma nova religião – o Islamismo – e a emergência política e militar do povo árabe, até então destinado a um papel secundário em relação às principais correntes civilizatórias. O sentido canceriano do Islamismo está presente até mesmo em seu símbolo máximo – a Lua crescente. Esta fase corresponde ao atingimento do primeiro quarto da era de Peixes, sua casa 4 simbólica, cujo sentido é o da fixação das bases emocionais e das raízes ancestrais da civilização. O Islamismo cumpre bem este papel, indo resgatar elementos do judaísmo, do cristianismo e dos cultos tribais para sintetizá-los numa religião simples e de grande impacto popular. O Islamismo expandiu-se rapidamente movido, entre outros fatores, por um intenso emocionalismo, que é um traço canceriano. Ao mesmo tempo, a Europa Ocidental assiste a tentativa de consolidação dos reinos bárbaros que, passada a turbulência dos séculos anteriores, iniciam um processo de fixação à terra e de delimitação de territórios. Leão e casa 5: os grandes monarcas O século VIII marca um momento de retomada da centralização política em torno da figura de monarcas fortes que, desenvolvendo políticas imperialistas, consolidam o controle sobre vastos territórios. No Ocidente, o Papa, como líder da cristandade, estabelece uma aliança com o reino dos Francos, como forma de enfraquecer outros reinos bárbaros em que predominam tendências heréticas. Desta aliança surgirá o império de Carlos Magno, tentativa de reconstituição do Império Romano. No auge do poder, Carlos Magno faz-se coroar imperador pelo papa cujo nome já é uma revelação: Leão III. No Oriente, duas outras potências também estendem-se por enormes porções territoriais: o Império Bizantino e o Califado de Bagdá, em plena fase de apogeu sob o governo de Harum-Al-Raschid. Esta fase leonina, de centralização e estabilização, expressa também conteúdos de casa 5 (criatividade, auto-expressão) na retomada da produção cultural, que atinge níveis altamente florescentes entre os árabes e manifesta-se na forma do “renascimento carolíngio” do Ocidente. 6 Idem.
  • 10. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 10 Virgem e casa 6: o isolamento feudal Após a morte de Carlos Magno, o império fragmenta-se em unidades menores. Para os novos reinos da Europa é um momento difícil e caótico: piratas vikings, originários da Escandinávia, assolam toda a costa do Atlântico em pequenos barcos, sobem pelos rios navegáveis e arrasam povoados e plantações, espalhando o terror; os magiares, bárbaros oriundos das estepes asiáticas, atravessam as estepes russas e ucranianas para desabar sobre a Europa Oriental; ao sul, são os muçulmanos que, já instalados na Espanha desde 711, ocupam agora os pontos estratégicos do Mediterrâneo e reduzem drasticamente as possibilidades de comércio marítimo entre povos cristãos. A ação conjugada de vikings, muçulmanos e magiares paralisa a Europa e obriga à adoção de uma estrutura social militarizada, onde a preocupação defensiva organiza as populações em comunidades estanques e auto-suficientes. Surgem o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha, e o reino da França. Os séculos X e XI representam o apogeu do feudalismo. A virada do milênio encontra uma Europa agrária, compartimentada em unidades políticas e econômicas descentralizadas, que funcionavam na prática como pequenos Estados independentes. Em 1066, os normandos (descendentes dos vikings que se estabeleceram na costa francesa e assimilaram a cultura dos francos) invadem as Ilhas Britânicas e instauram uma nova dinastia. É a origem da Inglaterra moderna. Outro fato importante que marca essa época é a definitiva cisão, em 1054, entre as igrejas de Roma, chefiada pelo papa, e de Bizâncio, chefiada pelo patriarca de Constantinopla. É o Grande Cisma (cisão), que dividirá, daí em diante, a cristandade em dois blocos: católicos na Europa Ocidental e ortodoxos na Europa Oriental. Por outro lado, desencadeia-se nos séculos X e XI um processo de aperfeiçoamento das técnicas agrícolas que resulta no aumento gradativo da produtividade e na geração de excedentes para o comércio. É desse movimento que virá, já na fase Libra, o renascimento comercial e urbano da Europa, a partir da segunda metade do século XI. A fragmentação de impérios em reinos menores, a acentuação das diferenças étnicas, políticas e religiosas, os lentos mas seguros avanços no campo material, tudo isso remete a Virgem, signo da discriminação e da fragmentação do todo em partes. Outro sentido virginiano está presente no apogeu cultural da civilização muçulmana, que assume as tarefas de revisão, filtragem e repasse do patrimônio cultural clássico (rever, filtrar e aperfeiçoar são funções de Virgem). Libra e casa 7: a cristandade em armas Com os aperfeiçoamentos tecnológicos iniciados na fase anterior, a Europa entra numa fase de maior prosperidade, caracterizando um renascimento comercial e urbano a partir das últimas décadas do século XI. A chegada de uma nova ameaça à cristandande é representada pelos turcos vindos da Ásia Central que, após converterem-se ao Islamismo, apoderam-se aos poucos das principais fontes de produção e vias de comércio do Oriente Médio. A tomada de Jerusalém pelos turcos soa como o sinal de alerta para a cristandade e como pretexto para que o papado e as lideranças feudais desviem a população excedente da Europa para um grande esforço bélico multinacional: as cruzadas. É o conflito de duas grandes correntes civilizatórias, a cristã e a islâmica, caracterizando todo o período com um claro toque libriano e de casa 7. É o confronto com a alteridade, com todas o seu leque de possibilidades: acordo, compromisso ou guerra. O auge do movimento cruzadista estendeu-se de 1099, quando a primeira cruzada conquista Jerusalém, a 1204, quando a quarta cruzada, desviada para Constantinopla por interesses comerciais, forma um efêmero império latino em território de Bizâncio.
  • 11. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 11 É uma época contraditória: ao mesmo tempo em que existe fanatismo religioso e guerra permanente contra os infiéis, existe também um intenso movimento de troca entre as duas civilizações em conflito. Desta troca resultará a reintrodução da cultura clássica no Ocidente, que fora preservada pelos árabes, assim como o progressivo incremento do consumo de artigos de luxo, especialmente de tecidos. A vida urbana ganha terreno e refina-se aos poucos, em contraste com o dura austeridade dos séculos anteriores. Tudo isso reflete conteúdos de Libra: a era chega a seu ponto intermediário – a oposição – e a civilização cristã caminha para a sofisticação e para a crescente complexidade dos séculos seguintes. Escorpião e casa 8: a hora da peste Em meados do século XIV, a Europa sofre a maior de suas crises, desde o advento da era cristã. O inimigo maior, desta vez, não é o guerreiro bárbaro, mas um bacilo invisível e insidioso, que chega ao continente no aparelho digestivo dos ratos de navio. Não é difícil perceber na Peste Negra um forte conteúdo de Escorpião e de casa 8. É o sombrio véu da morte que desaba sobre a Europa, dizimando um terço de sua população. Paralelamente, uma ameaça mais palpável muda os rumos da história na Ásia, com reflexos sobre a Europa: é o auge da expansão das hordas mongólicas e turco- tártaras para o Ocidente. As ricas civilizações bizantina e árabe-persa sofrem com a chegada dos guerreiros bárbaros de Tamerlão que, vindos das profundezas das estepes asiáticas, espalham o terror, arrasam Bagdá e põem em cheque a sobrevivência bizantina. A civilização ocidental passa, neste período, por um aparente retrocesso, para voltar a expandir-se mais adiante, em busca de novos horizontes. Sagitário e casa 9: expansão e fé O período da expansão marítima européia tem um evidente sentido sagitariano. É uma ampliação de fronteiras culturais e econômicas que se dá pela via oceânica, caracterizando claramente o sentido da fase sagitariana da era de Peixes. As décadas que marcaram mais fortemente este período são as que vão de 1488 – chegada de Bartolomeu Dias ao cabo das Tormentas, no extremo sul da África – à primeira viagem a dar a volta à Terra por mar, por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. Entre uma e outra, a chegada de Colombo à América, em 1492, e de Vasco da Gama às Índias por mar, em 1498. Nesta mesma fase, ocorre também a Reforma Protestante, iniciada por Lutero e aprofundada por Calvino. Enquanto navegantes e piratas exploram os mais longínquos oceanos, a Europa mergulha em sangrentas guerras de religião. Não é preciso lembrar que tanto as longas viagens quanto a religião organizada são assuntos de Sagitário e de casa 9. Capricórnio e casa 10: a hora do poder A fase Capricórnio teria de estar ligada a valores deste signo: hierarquia, materialismo, fortalecimento das estruturas de poder, conservadorismo. É a fase do máximo fortalecimento das monarquias européias na forma dos regimes absolutistas. E é também a fase em que a Europa começa a libertar-se do jugo restritivo da Igreja e a desenvolver visões filosóficas e teorias científicas que vão de encontro à visão teológica até então vigente. O século XVII é o século do empirismo, da lei da gravidade, do desenvolvimento da mecânica e dos modelos matemáticos do universo.
  • 12. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 12 O longo reinado de Luís XIV, na França, é o fenômeno político mais acabado do regime absolutista. A famosa frase atribuída a Luís XIV – “Après moi, le déluge” (Depois de mim, o dilúvio) – parece esconder uma profecia de base astrológica: efetivamente, depois de Capricórnio vem Aquário, o signo do Aguadeiro. Aquário e casa 11: as luzes da ciência Não é difícil perceber uma forte conotação aquariana e de seu regente moderno, Urano, nos processos políticos e econômicos que transformaram a face da Europa no final do século XVIII: a Revolução Francesa, com seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (todos conceitos aquarianos) e a Revolução Industrial. O século XIX e o início do século XX carregam também o toque aquariano no movimento expansionista do capitalismo industrial, no enorme impulso tecnológico e na elevação da ciência quase à categoria de uma nova religião. É a época da máquina a vapor, da descoberta da eletricidade, do trem de ferro, da microbiologia, da invenção do automóvel. Surgem os meios de comunicação à distância, como o telégrafo, o rádio e o telefone. Uma verdadeira revolução urbanística começa a substituir cidades ainda de aspecto medieval por metrópoles modernas, de avenidas largas e arejadas. Paris dá o exemplo, no reinado de Napoleão III, e assume o aspecto que preserva até hoje. Nos novos países do Ocidente, como os Estados Unidos, desenvolve-se uma sociedade cujos valores favorecem a livre iniciativa e a liberdade de expressão. As cidades americanas assumem um aspecto futurista, com seus arranha-céus. Na Europa Oriental, a Rússia inaugura a experiência de um regime que se propõe a socializar em bases equitativas os frutos da produção. A expectativa quase ingênua de que a ciência e o desenvolvimento tecnológico criariam condições para a paz e a prosperidade é subitamente posta em cheque com o barbarismo da primeira guerra mundial e com os acontecimentos da década de trinta. O capitalismo entra em crise. O desemprego e a desesperança abrem as portas para regimes totalitários na Alemanha e em outros países. Surge outra vez a figura do líder forte e providencial – um arquétipo de Leão, signo complementar a Aquário. E surge, com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a possibilidade concreta da extinção da raça humana. O conceito aquariano de fraternidade preside a criação de organismos internacionais de ajuda mútua e de preservação da paz mundial: a Liga das Nações, a ONU, a Organização Mundial da Saúde, a Unesco etc. Por outro lado, jamais tão poucas potências acumulam tanto poder de fogo quanto neste período. Contudo, o que prevalece é o enfrentamento estratégico através da chamada Guerra Fria (Aquário). A impessoalidade começa a ser um problema definido nas relações humanas e nas relações entre governos e populações. Peixes e casa 12: as lições não aprendidas A última fase de uma era guarda correlação com a casa 12, aquela que simboliza a necessidade do confronto com os conteúdos das casas anteriores, com vistas a uma nova síntese e a um novo recomeço. Sendo a fase pisciana de uma era pisciana, o paradigma civilizatório instituído na fase de casa 1 está aqui enfatizado, pela dupla ênfase em Peixes. Os esqueletos guardados no armário tendem a reaparecer e a provocar mal estar. É a hora de resolver pendências milenares. Toda a era de Peixes foi uma longa trajetória de ascensão da civilização ocidental em busca da hegemonia mundial. Houve momentos de crise e de aparente retrocesso, especialmente na passagem pelas casas que limitam o Fundo do Céu – a 3 e a 4 – e naquelas tradicionalmente associadas a processos críticos, a 6 e a 8 (que simbolicamente estão em quincúncio com o Ascendente da era). E houve um claro momento de expansão e de apogeu, na passagem pelas casas
  • 13. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 13 9, 10 e 11. De qualquer forma, é natural que o final da era – sua fase de casa 12 – traga de volta problemas relacionados ao mau uso das energias corporificadas nos signos e casas anteriores. A civilização ocidental tem seu fundamento na generosidade dos preceitos cristãos e na universalidade de suas propostas. Contudo, o “Amai-vos uns aos outros” do primeiro momento traduziu-se na deturpação de uma religião que acobertou todas as formas de beligerância, intolerância e discriminação. A possibilidade de uma síntese entre os valores do Ocidente e do Oriente colocou-se na fase de Libra e casa 7, durante as cruzadas. A cristandade optou pela tentativa de aniquilação do “diferente”, visto como infiel e inimigo. A possibilidade de utilizar a concentração de recursos e poderes em prol de um grande projeto de disseminação de um novo paradigma de civilização colocou-se duas vezes, nas duas passagens pelos signos do eixo casa 5 - casa 11. Em ambas, as luzes do progresso foram postas a serviço de formidáveis máquinas de destruição e drenagem de riquezas para alimentar as elites hegemônicas. Nas duas ocasiões, a oportunidade foi desperdiçada pelos francos, a primeira com Carlos Magno, a segunda, com Napoleão Bonaparte. Na fase Sagitário/casa 9, a civilização ocidental teve a oportunidade única de expandir seus horizontes de fé e de conhecimentos para continentes inteiros até então desconhecidos. Com raras exceções, o que prevaleceu foi a submissão forçada e o massacre metódico dos nativos, sob o pretexto da salvação de suas almas. A fase de casa 12 da era de Peixes pode ser identificada nos movimentos que começam a minar e a ameaçar a hegemonia da civilização ocidental. Um marco notável foi a guerra do Vietnam, quando os Estados Unidos experimentaram seu primeiro grande revés no papel de “polícia mundial”. Outro delimitador foi a eclosão do terrorismo islâmico durante as Olimpíadas de Munique, em 1972. As figuras encapuzadas dos membros do movimento Setembro Negro são pura casa 12: os inimigos abertos da fase de casa 7 (cruzadas) tornam-se, modernamente, os inimigos ocultos que podem agir a qualquer momento em pleno território ocidental. Ainda nos anos sessenta, o movimento hippie, as manifestações pacifistas e de integração racial nos Estados Unidos e as revoltas estudantis por toda parte começam a dar voz a uma inquietação latente sobre os rumos do “sistema”. Não é ainda a era de Aquário: é o ocaso da era de Peixes, com toda sua carga de desencanto, dúvidas e perplexidade. 1973 marca a união dos produtores de petróleo – povos islâmicos, na maioria – para colocar contra a parede os países industrializados do Ocidente, maiores consumidores do produto. 1979 é o ano do renascimento do fundamentalismo islâmico, consubstanciado na tomada do poder pelos xiítas iranianos. Até a década de cinqüenta, o mundo ainda parecia em ordem. Apesar de toda a barbárie das duas guerras mundiais, o Ocidente ainda era o dono do planeta. É nas décadas de sessenta e setenta que a falência da civilização ocidental começa a prenunciar-se, de forma lenta, insidiosa e inexorável. Conflitos históricos que se acreditavam absolutamente superados voltam à cena. Velhos ódios étnicos e religiosos explodem outra vez, como se todos os ressentimentos acumulados ao longo da era tivessem subitamente vindo à tona. As guerras civis de fundo étnico na Bósnia, no Kossovo, na Chechênia e em outras regiões da Europa Oriental parecem o eco de velhas batalhas medievais, mas não são apenas um anacronismo: são também uma recapitulação.
  • 14. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 14 Teste de Verificação 1 – Além de epidemias como a Peste Negra, a oitava fase da era de Peixes caracteriza-se pelo início de um processo de nítida conotação Escorpião/casa 8. Estamos falando: a) das Cruzadas contra povos islâmicos. b) do início do movimento artístico e cultural conhecido como Renascimento. c) das Grandes Navegações, que ampliam os horizontes comerciais e culturais da civilização européia. d) do Feudalismo, com sua característica ênfase na atividade agrícola e na dependência do homem à terra. 2 – Assinale a alternativa onde não há correspondência entre o processo histórico e a fase da era de Peixes: a) Absolutismo monárquico – fase casa 10/Capricórnio. b) Invasões, grandes migrações e fragmentação cultural, política e linguística do antigo Império Romano – fase casa 3/Gêmeos. c) Surgimento dos processos históricos que definem a “cara” da era de Peixes: o Império Romano e o Cristianismo – fase casa 1/Áries. d) Grande desenvolvimento industrial e tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de uma atitude científica diante do conhecimento – fase casa 6/Virgem. 3 – Alguns personagens históricos parecem simbolizar especialmente o sentido de cada fase da era de Peixes. Aponte a única alternativa em que os personagens não parecem ser uma boa escolha para representar o espírito da fase relacionada: a) Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio – fase Capricórnio/casa 10. b) Einstein, Pasteur e Oswaldo Cruz – fase Aquário/casa 11. c) Osama bin Laden, “Chacal”, guerrilheiros da FARC e do IRA – fase Peixes/casa 12. d) Luís XIV, Marquês de Pombal, Maurício de Nassau – fase Capricórnio/casa 10. 4 – Da leitura desta lição, depreende-se que: a) Existe absoluta concordância em torno das datas de transição da era de Peixes para a era de Aquário. b) As eras astrológicas são decorrentes do movimento de precessão dos equinócios, que altera gradativamente o ponto vernal. c) Ponto vernal é o ponto inicial da constelação de Áries. d) O movimento precessional explica porque, ao longo dos milênios, a passagem do Sol por determinadas constelações acontece sempre nas mesmas estações do ano. 5 – Aponte a única opção abaixo que se relaciona com a era de Touro: a) Introdução em larga escala de armas de ferro e supremacia dos povos que dominam a tecnologia de sua produção. b) Surgimento de grandes impérios agrários, dependentes do controle das águas dos rios e da irrigação. c) Deslocamento do eixo do poder da Mesopotâmia para a região do Mediterrâneo. d) Desenvolvimento de grandes religiões monoteístas.
  • 15. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 15 6 – A partir da leitura desta lição, fica claro que um dos momentos de maior retraimento da civilização ocidental durante a era de Peixes aconteceu na fase: a) Touro ou casa 2. b) Virgem ou casa 6. c) Sagitário ou casa 9. d) Peixes ou casa 12. 7 – Aponte a associação errada: a) Império de Carlos Magno – fase Leão da era de Peixes. b) Iluminismo (Rousseau, Voltaire, Diderot etc.) – fase Aquário da era de Peixes. c) Formação do Islamismo – fase Escorpião da era de Peixes. d) Materialismo e progressivo afastamento entre o Estado e a religião – fase Capricórnio da era de Peixes. 8 – Para utilizar um conceito muito comum em Astrologia Psicológica, cada fase da era de Peixes, além de afirmar as características de um signo e de sua casa correspondente, ainda traz a “sombra”, ou a manifestação negativa, do signo e da casa opostos. A propósito, aponte a única opção que não relaciona corretamente um exemplo dessa manifestação negativa da polaridade: a) Líderes autocráticos, agressivos e expansionistas, como Napoleão Bonaparte, Stálin ou Hitler, manifestam a “sombra” leonina da fase Aquário da era de Peixes. b) A violência dos combates nas Cruzadas e a brutalidade das invasões, em contraste com o código de honra de cavalaria, expressam a “sombra” ariana da fase Libra da era de Peixes. c) A economia de subsistência típica do período feudal, associada aos pequenos avanços tecnológicos que permitiram progressivos ganhos de produtividade, expressa a “sombra” pisciana da fase Virgem da era de Peixes. d) O extremado nacionalismo que opôs com freqüência franceses, espanhóis, portugueses, ingleses e holandeses durante o século XVII expressa uma das facetas da “sombra” canceriana da fase Capricórnio da era de Peixes.
  • 16. CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda. Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 2 Texto: Fernando Fernandes Uma periodização possível da era de Peixes Com base nas correlações apresentadas nos capítulos anteriores, pode-se tentar agora uma fixação aproximada dos limites da era de Peixes e de cada uma de suas fases. Tomando como base um ciclo precessional de 25.974 anos, teríamos cada era com uma duração de 2.149,5 anos, e cada fase com uma duração de 179,125 anos. Se contarmos o ano de 7 a.C. (provável nascimento de Cristo) como ponto de partida da era de Peixes, o quadro de sucessão das fases seria o seguinte, incluindo as últimas fases da era de Áries: ACONTECIMENTO-CHAVE (OCIDENTE) ERA FASE INÍCIO Apogeu da cultura grega Áries Capricórnio 544 a.C. Formação do império de Alexandre, o Grande Aquário 365 a.C Reinos Helenísticos/Expansão Romana Peixes 186 a.C Cristianismo/Império Romano Peixes Áries 7 a.C. Estruturação da igreja cristã Touro 173 Invasões bárbaras/Divisão do Império Romano Gêmeos 352 Surgimento do Islamismo Câncer 531 Império de Carlos Magno Leão 711 Apogeu do Feudalismo Virgem 890 Cruzadas Libra 1069 Peste Negra: redução da população européia Escorpião 1248 Grandes Navegações e Reforma Protestante Sagitário 1427 Absolutismo Capricórnio 1606 Revoluções Francesa e Industrial Aquário 1785 A civilização ocidental sob pressão Peixes 1964 ? Aquário Áries 2144 Verifica-se que a maioria dos limites de datas corresponde ao simbolismo que identificamos nos capítulos anteriores. Contudo, não temos a pretensão de considerar o quadro como definitivo, já que esta é apenas uma das delimitações possíveis. Algumas observações fazem-se ainda necessárias: a) Nem todas as civilizações reagem da mesma forma e com a mesma rapidez ao simbolismo da era e de suas diversas fases. A ressonância parece ser maior naquelas culturas mais afinadas com as novas tendências e que, por isso mesmo, tendem a exercer um papel hegemônico nos campos político ou cultural. b) Este é um modelo que considera apenas o ponto de vista da Europa e do Oriente Médio. Sua adoção deve-se à caracterização da era de Peixes como a era européia e ocidental por excelência. Este fato, aliás, só se torna evidente a partir do último quarto da era, já que,
  • 17. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 2 durante o primeiro milênio, alguns dos maiores focos de civilização estiveram no Oriente, especialmente na Índia e na China. c) O simbolismo de cada fase parece não esgotar-se em seus limites de tempo. Conteúdos de cada fase são antecipados nas fases anteriores e sobrevivem nas fases seguintes. Estamos falando aqui de traços dominantes, e não de uma caracterização fechada e excludente. Mesmo com todos estes cuidados, não há como não observar que este modelo descreve com adequada precisão a trajetória da civilização ocidental, do seu nascimento à crise que vivemos hoje. É uma abordagem especulativa, mas perfeitamente factível. A era de Peixes e o mapa simbólico da Terra Outra forma de operacionalizar o conceito de era astrológica é considerar que o signo que corresponde ao ponto vernal no zodíaco sideral determina o Ascendente simbólico da Terra, a partir do qual é possível traçar um mapa igualmente simbólico: uma estrutura vazia em que a seqüência dos signos zodiacais é correlacionada com as doze casas, explicitando uma forma particular de condução dos assuntos mundanos. De acordo com este raciocínio, se Peixes está na casa 1 da era atual, Áries estará na cúspide da casa 2, e assim por diante.1 Este esquema lança luz sobre algumas tendências gerais válidas para um período de mais de dois milênios, além de apresentar outros usos quando conjugado aos ciclos de planetas exteriores, como veremos mais adiante. Áries na casa 2 da era de Peixes mostra um padrão marciano de aquisição e conservação de recursos, assim como de formação dos valores coletivos e do trato com os bens materiais. Nesta área, sempre predominou a competição – e não raro a guerra de conquista e de pilhagem – como forma de ampliação da riqueza. Touro na casa 3 fala da dependência dos processos de comunicação aos suportes materiais: a qualidade da comunicação e do ensino dependerá, em grande parte, da qualidade dos recursos físicos disponíveis. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a introdução do papel, mais barato que o pergaminho, e da imprensa de Gutenberg, avanços materiais que tiveram profundas conseqüências na vida cultural da Europa. Apenas agora, na fase final da era atual e já no limiar da era de Aquário, o suporte da comunicação começa a desmaterializar-se, como indicado pelo uso intensivo da eletricidade, de ondas de variada espécie (o raio laser, por exemplo) e pela popularização da informática (Áries na casa 3 da era de Aquário). Contudo, tal transformação é ainda limitada pelo fator econômico: o uso de recursos como a Internet ainda depende da disponibilidade financeira para a aquisição de equipamentos, sendo um reflexo natural disso o fato de que as populações carentes do terceiro mundo ainda encontram-se à margem da aldeia global. Gêmeos na casa 4 fala da pluralidade das origens étnicas e culturais das grandes civilizações da era de Peixes. O próprio Cristianismo, seu marco fundador, já incorporou desde os primeiros tempos elementos das culturas grega, judaica e romana, constituindo-se como religião de síntese. Minorias étnicas e linguísticas foram e continuam sendo um problema da maior importância na política interna da maioria dos Estados, da mesma forma como o sentido de pertencimento a uma comunidade é determinado, em grande parte, pela língua. Como exemplos atuais, veja-se o caso da Espanha, onde as minorias da Catalunha e das províncias bascas lutam ainda pela preservação do 1 Um astrólogo brasileiro que usa com freqüência tal esquema de raciocínio, sempre com resultados muito pertinentes, é Antonio Carlos Siqueira Harres, o Bola.
  • 18. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 3 dialeto e da cultura regional, e de Timor Leste, onde o governo indonésio tentou extirpar de todas as formas a preservação da língua portuguesa, vista como um elemento de rebeldia. Câncer na casa 5 corresponde ao princípio da fecundidade aplicado a dois assuntos desta casa: a taxa de natalidade (a população da Terra nunca foi tão grande quanto nesta era, nem teve um incremento tão rápido) e a exuberância da produção artística, um dos poucos saldos realmente positivos da era de Peixes. Leão na casa 6 indica, entre outras possibilidades, que os maiores avanços técnicos na área da produção teriam relação com o elemento Fogo: as armas de combate, a máquina a vapor, o motor a explosão. Mostra também a valorização das atividades produtivas de sentido análogo ao do signo, especialmente a da produção dos artigos de luxo voltados para o consumo das classes dominantes. Significa ainda as condições leoninas impostas ao trabalhador ao longo da era, obrigando-o ao trabalho escravo ou servil em benefício de poucos. Virgem na casa 7 expressa uma atitude seletiva e discriminatória frente à alteridade. Esta foi a postura que predominou na Europa ao longo de toda a era, mudando apenas o rótulo atribuído ao diferente: herege, pagão, infiel, bárbaro, gentio (aplicado aos nativos da América) e assim por diante. O resultado foi a ausência de disposição integrativa, que levou a um relacionamento entre desiguais sempre marcado pelo confronto. Libra na casa 8 pode simbolizar a complexidade e a subordinação a princípios teóricos e jurídicos que a administração financeira e tributária assumiu ao longo da era, assim como a sofisticação crescente das práticas bancárias, especialmente a partir do final da Idade Média. A casa 8 é aquela das relações econômicas compartilhadas, um tema que já vinha sendo objeto de regulação desde o Direito Romano, e que ganharia especial importância com os teóricos do mercantilismo e, posteriormente, do liberalismo. No último quarto da era, torna-se cada vez mais evidente a tendência para o planejamento (Libra) da economia (casa 2-casa 8). Escorpião na casa 9 mostra a religião como fonte de controle social e manipulação de consciências. Exprime também o profundo emocionalismo e radicalismo que caracterizou as questões ideológicas ao longo de toda a era, como nas cruzadas ou nas jihads (guerras santas) muçulmanas: é a era do “crê ou morre”. Sagitário na casa 10 mostra a permanente vinculação entre a religião organizada e o poder temporal, consubstanciada, por exemplo, na teoria do direito divino dos reis e na instituição do papado como uma potência não apenas espiritual, mas também de ordem político-econômica. Capricórnio na casa 11 expressa valores de hierarquia no mundo social: a predominância durante quase toda a era de uma sociedade rigidamente estruturada em classes e de uma ideologia que reforça tal estratificação. Capricórnio na 11 relaciona-se também com os clubes e sociedades fechadas, voltados prioritariamente para objetivos políticos: os templários, a Ordem de Cristo, a Maçonaria dos séculos XVIII e XIX etc. Aquário na casa 12 associa valores de independência intelectual e de exclusão social. Na era de Peixes, pensar com a própria cabeça sempre foi um exercício perigoso, punido com a prisão, o exílio, a tortura e a morte. Concepções heterodoxas sempre foram consideradas subversivas, e seus autores, perseguidos até o aniquilamento. A maioria dos grandes pensadores dos últimos dois milênios teve de sofrer por suas idéias, enfrentando desde a simples censura até as fogueiras da intolerância. Um poeta carioca, Rubem Obelar, escreveu nos anos 70 uma letra de música que, ao referir-se à censura que então amordaçava a intelectualidade brasileira, poderia servir para descrever toda a complicada relação entre Aquário e casa 12 na era de Peixes:
  • 19. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 4 Boca pra reclamar sempre teve mordaça a calar. Mãos soltas, algemas pra algemar. Gargantas, cordas pra enforcar. Gente consciente, lugar fechado a esperar. 2 Apenas por curiosidade, podemos perceber alguns sintomas da chegada da era de Aquário em algumas mudanças que já se fazem sentir no tratamento de questões regidas por determinadas casas. Por exemplo: Peixes na 2 da era de Aquário deverá indicar uma preocupação maior com o sentido social da riqueza, assim como com a interdependência da economia mundial. Câncer na casa 6 já se delineia na tendência cada vez maior ao trabalho doméstico (o escritório confundindo- se com a própria residência) e, mais adiante, deverá traduzir-se por uma valorização do trabalho no setor agrícola e de transformação de alimentos. Libra na 9 pode sinalizar o advento de uma era de maior tolerância religiosa, enquanto Gêmeos na 5 trará, certamente, uma revolução nos métodos de ensino básico. Mas tais considerações estão no terreno da especulação. Cumpre agora analisar o outro uso que podemos fazer deste mapa simbólico da era: a de servir como uma estrutura de casas para a análise dos ciclos dos planetas exteriores. As casas da era contextualizando ciclos de planetas exteriores Os ciclos de planetas exteriores têm seu ponto de partida nas conjunções Urano-Netuno, Urano- Plutão e Netuno-Plutão. Tais conjunções, na medida em que são fenômenos relativamente raros, dão a tônica de todo o período que se estende até a conjunção seguinte, o que evidencia a importância do signo em que a conjunção ocorre e de seu planeta regente. Tomando o mapa simbólico da era de Peixes, em que este signo ocuparia o Ascendente, podemos contextualizar todos os ciclos de planetas exteriores não apenas em função do signo em que ocorrem, mas também da casa que ativam no mapa simbólico da Terra. Não estamos levando em conta, naturalmente, que o Ascendente se desloca ao longo da era, percorrendo os trinta graus do signo em movimento retrógrado. Para todos os efeitos, tomamos como hipótese de raciocício o conceito de casa = signo, ou seja, casas iguais cujas cúspides correspondem ao grau inicial do signo. Com isso, é possível montar um quadro em que se sucedem os ciclos e as fases da era, como um relógio cósmico que acompanha e delimita períodos da história humana. Sobre este quadro, cabem algumas observações preliminares: A periodização da era de Peixes em fases, apesar de analogicamente correta (todo ciclo pode ser dividido em doze etapas, em correspondência com os doze signos e as doze casas), não apresenta absoluta precisão nas datas que marcam o início de cada fase. É um esquema especulativo, que pode sofrer algumas correções para mais ou para menos. Contudo, como a mudança de tônica de uma fase a outra não se dá de chofre, mas sim de forma gradativa, a periodização é válida, servindo os anos indicados no quadro apenas como um referencial aproximado. Na contextualização de cada ciclo (exemplo: Netuno-Urano em Peixes na 1), a referência ao signo é um dado objetivo (efetivamente, a conjunção deu-se em Peixes, pelo zodíaco tropical), mas a referência à casa é simbólica, conforme explicado no início deste capítulo. 2 Lugar Fechado, letra de Rubem Obelar publicada no boletim mimeografado Garra Suburbana, Rio de Janeiro, 1976.
  • 20. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 5 Como os diversos ciclos têm durações diferentes e iniciam-se em datas diferentes, qualquer momento histórico pode ser referenciado a um conjunto de ciclos, como no caso da convocação da Primeira Cruzada, em 1095: basicamente, trata-se de um acontecimento vinculado ao ciclo Urano- Plutão em Áries iniciado apenas cinco anos antes, mas é também um processo que ocorre na vigência de um ciclo Urano-Netuno em Virgem e de um ciclo Netuno-Plutão em Touro, além de estar contido na fase Libra da era de Peixes. O sentido deste quatro ciclos, tomados em conjunto, cria um quadro complexo de significadores astrológicos, que dão a tonalidade única daquele momento. É importante observar também que cada ciclo tem uma área de aplicação específica, que depende de sua duração e dos planetas envolvidos. Resumidamente, poderíamos dizer que os ciclos Netuno- Plutão delimitam grandes mudanças na esfera cultural aproximadamente a cada dois milênios; os ciclos Urano-Plutão aceleram a introdução de inovações tecnológicas e político-sociais, caracterizando períodos de turbulência e mudanças bruscas; os ciclos Urano-Netuno, finalmente, reforçam o sentido geral das fases da era de Peixes, quando caem no mesmo signo, ou servem-lhes de contraponto, quando caem em signos diferentes. Na medida em que dissolvem ou abalam estruturas do ciclo anterior, têm o papel de abrir caminhos para mudanças, se bem que nem sempre de forma tão ostensiva quanto nos encontros Urano-Plutão. Um resumo das fases da era de Peixes e dos ciclos: da Idade Média aos nossos dias No quadro que apresentamos a seguir, estão resumidos os principais eventos astrológicos que demarcam a história européia a partir da Idade Média. Muitos destes ciclos serão explorados em detalhes nos próximos capítulos. A coluna à esquerda indica o ano de ocorrência da primeira conjunção do ciclo ou de início de cada fase da era. A coluna central mostra acontecimentos da história européia ou com ela conectados ocorridos nas proximidades do início de cada ciclo (os acontecimentos muito próximos estão indicados em negrito). A coluna da direita identifica o ciclo de planetas exteriores ou fase da era de Peixes. ANO OCORRÊNCIAS PRÓXIMAS CICLO 711 Mouros invadem a Península Ibérica (711) Início da fase Leão 794 Coroação de Carlos Magno (800) Ura-Net em Virgem na 7 837 Divisão do Império Carolíngio (843) Auge das invasões vikings na Europa (meados do século) Ura-Plu em Peixes na 1 890 Fim definitivo do Império Carolíngio (887) Início da fase Virgem 905 Fundação da Abadia de Cluny (910) Net-Plu em Touro na 3 947 Fixação dos traços mais típicos do feudalismo (meados do século) Ura-Plu em Câncer na 5 965 Otão I restaura o “Império Sagrado” (962) Fundação do reino da França (987) Ura-Net em Virgem na 7 1069 Separação entre igrejas católica e ortodoxa (Cisma – 1054) Normandos invadem a Inglaterra (1066) Início da fase Libra 1090 Urbano II convoca a primeira Cruzada (1095) Cruzados criam um reino latino em Jerusalém (1099) Ura-Plu em Áries na 2 1136 Fundação da Ordem dos Templários (1128) Independência de Portugal (1139) Desenvolvimento do estilo gótico na Europa (segunda metade do século) e literatura trovadoresca. Ura-Net em Libra na 8 1201 João Sem-Terra (1199-1215) em conflito com a nobreza feudal. IV Cruzada: conquista de Bizâncio pelos latinos (1204) Estruturação da Santa Inquisição e combate às heresias (todo o século, especialmente as primeiras décadas) Ura-Plu em Câncer na 5
  • 21. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 6 1248 Apogeu do estilo gótico Início da fase Escorpião 1307 Cativeiro de Avignon – submissão do papado à França (1305) Prisão, julgamento e execução dos Templários (1307-14) Criação da Ordem de Cristo em Portugal (1319) Ura-Net em Escorpião na 9 1344 Início da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) Auge da Peste Negra na Europa (1348-50) Ura-Plu em Áries na 2 1398 Dinastia de Avis no poder em Portugal (1383-85) Hordas de Tamerlão invadem a Índia (1398) Tamerlão derrota os turcos na Ásia Menor (14 Conquista de Ceuta pelos portugueses (1415) Net-Plu em Gêmeos na 4 1427 Infante D. Henrique instala-se em Sagres (1419) Portugueses descobrem os Açores (1427) Portugueses exploram a costa da África Negra (1436 em diante) Início da fase Sagitário 1455 Imprensa de Gutenberg (1450) Fim da Guerra dos Cem Anos (1453) Tomada de Constantinopla pelos turcos (1453) Bula do Papa Nicolau V sobre o domínio dos mares (1455) Ura-Plu em Leão na 6 1478 Primeiro auto de fé da Inquisição espanhola (1481) Guerra das Duas Rosas na Inglaterra Unificação espanhola e expulsão de mouros e judeus (1492) Descobrimento da América (1492) Vasco da Gama chega às Índias por mar (1498) Descobrimento do Brasil (1500) Início da Reforma Luterana (1517) Ura-Net em Sagitário na 10 1597 Derrota da Invencível Armada e início da decadência espanhola (1588) Pacificação religiosa na França (Edito de Nantes, 1598) e início da dinastia dos Bourbon Consolidação de regimes absolutistas Ura-Plu em Áries na 2 1606 Don Quijote de La Mancha, de Cervantes (1605) Apogeu do estilo barroco Bases da ciência moderna (racionalismo) Início da fase Capricórnio 1650 Restauração portuguesa: dinastia de Bragança (1640) Frondas: últimas revoltas feudais contra o absolutismo francês (1650) Ditadura de Cromwell na Inglaterra (1649-1660) Inglaterra derrota e supera a Holanda Ocupação holandesa no nordeste brasileiro (1630-1654) Ura-Net em Sagitário na 10 1710 Descoberta do ouro em Minas Gerais (1693-95) Guerra dos Emboabas em Minas Gerais (1708-1709) Guerra dos Mascates em Pernambuco (1710) Invasões francesas no Rio de Janeiro (1710-11) Guerra da Sucessão da Espanha (1701-1713) Ura-Plu em Leão na 6 1785 Independência dos Estados Unidos (1776) Início Revolução Francesa (1789) Conjuração Mineira (1789) Início da fase Aquário 1821 Reação conservadora na Europa após o Congresso de Viena (1815) Independência da América espanhola Independência do Brasil (1822) Ura-Net em Capricórnio na 11 1850 Proibição do tráfico negreiro no Brasil (1850) Imperialismo europeu na África, China e Japão Ura-Plu em Áries na 2 1892 Surgimento do cinema e das histórias em quadrinhos (1894- 95) Primeira Guerra Mundial (1914-18) Net-Plu em Gêmeos na 4
  • 22. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 7 1964 Fim dos impérios coloniais europeus na África (fim anos 50- início anos 60) Assassinato de Kennedy (1963) Explosão da Beatlemania (1963) Golpe militar no Brasil (1964) Início da fase Peixes 1966 Conflitos estudantis e étnicos na Europa, EUA, México e Brasil (1968) Chegada do homem à Lua (1969) Ditaduras em vários países latino-americanos (início anos 70) Ura-Plu em Virgem na 7 1993 Glasnost e Perestroika na União Soviética (fim dos anos 80) Fim da União Soviética e do bloco socialista Globalização de mercados Popularização da Internet Ura-Net em Capricórnio na 11 2144 Início da fase Áries 2165 Ura-Net em Aquário na 12
  • 23. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 8 As conjunções Netuno-Plutão De todos os ciclos planetários, aquele de maior duração no tempo é o ciclo Netuno-Plutão, cujas conjunções ocorrem num intervalo aproximado de 493 ou 494 anos, quase meio milênio, portanto. Ao longo de uma era astrológica – a era de Peixes, por exemplo – não é possível haver mais do que cinco dessas conjunções. E mais: cada nova conjunção Netuno-Plutão acontece apenas alguns poucos graus à frente da anterior, o que faz com que tais planetas encontrem-se sempre no mesmo signo por quatro ou cinco conjunções consecutivas. Não é pouco tempo: entre a primeira e a última conjunção Netuno-Plutão em Touro passaram-se simplesmente 1978 anos! É evidente que um período tão longo terá de deixar uma impressão profunda, sendo que as conjunções mais marcantes deverão ser aquelas que iniciam uma fase de dois milênios num novo signo. Alan Meece, autor de Horoscope for the New Millennium3 , defende o argumento de que as conjunções Netuno-Plutão correspondem a fases de tremendas mudanças civilizatórias, turbulentas e confusas enquanto ocorrem, mas sempre seguidas, um século depois, por um período de grande renovação e florescimento cultural. O argumento procede, sendo amplamente confirmado pelos fatos. Todavia, por que este intervalo de cem anos? Pode-se pensar que a conjunção Netuno-Plutão funcione mais ou menos como um foco de dissolução e eliminação de modelos obsoletos, abrindo caminho para a instauração de novas condições. As sementes destas seriam lançadas durante a conjunção, mas necessitariam de algum tempo para florescer. Um século é mais ou menos um quinto do tempo de um ciclo completo Netuno-Plutão. Se pensarmos em termos analógicos, podemos associar este intervalo com o sentido do quintil, aspecto de 72º (um quinto da circunferência) que costuma ser relacionado a talentos e à criatividade. Tais qualidades manifestar- se-iam após a “limpeza de terreno” promovida durante a conjunção e nas décadas imediatamente seguintes. As conjunções Netuno-Plutão em Touro As cinco conjunções ocorridas antes de 1500 a.C. tiveram lugar em Áries. Em 1073 a.C. acontece a primeira conjunção Netuno-Plutão em Touro, e exatamente no primeiro grau do signo. O Egito dos faraós já era na época uma potência decadente, e a Babilônia cassita estava prestes a seguir o mesmo caminho. O império assírio é a nova força que se afirma no Oriente Médio e prepara-se para alguns séculos de apogeu. Se bem que os registros históricos sejam imprecisos, é mais ou menos na época dessa conjunção que a Assíria de Tiglath-Pileser I impõe-se ao declinante império babilônico e inicia sua impressionante expansão. A conjunção de 578 a.C. acontece em 10° de Touro e prenuncia a ascensão e o apogeu de uma nova civilização, a grega. A conjunção corresponde aproximadamente à época de profundas transformações em todo o Mediterrâneo e Oriente Próximo, com o surgimento também da Pérsia Aquemênida e da Roma republicana. Na fase do quintil, um século depois, Atenas estará no apogeu. Outra conjunção só viria a acontecer em 16°10’ de Touro, em 83 a.C. Esta fase coincide com intensas lutas entre patrícios e plebeus na República Romana, já então a maior potência do Mediterrâneo. Pouco depois, inicia-se uma sucessão de ditaduras, fase de transição para a constituição do Império. Em 60 a.C., César assume o poder com Pompeu e Crasso, no primeiro triunvirato; nos anos subseqüentes, expande o território romano mediante a conquista das Gálias e inicia a campanha do Egito, que será completada por Otávio. Este, em 27 a.C., assume o título de imperador. Todo o ciclo iniciado por esta conjunção coincide com os séculos do apogeu de Roma, 3 Llewellyn Publications, 1997.
  • 24. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 9 com o advento do Cristianismo e com a definitiva transferência do eixo de poder do Oriente Médio para a Europa. Em 411, dá-se uma nova conjunção, desta vez em 23° de Touro. É o início de um período de cinco séculos profundamente diferente do anterior: no lugar da Pax Romana, é hora da partilha da Europa entre as tribos bárbaras chegadas no norte e do leste. Já com os dois planetas a apenas um grau da conjunção exata, Alarico, rei dos visigodos, invade e saqueia Roma, prenunciando a queda definitiva da cidade. Nas décadas seguintes, o império em decadência ainda sofrerá com a ameaça dos hunos, em 452, e com a invasão da capital pelos vândalos, em 1455, até que em 476 o chefe germânico Odoacro depõe o último imperador do Ocidente, no que é considerado o marco final da Antiguidade. No século seguinte, o poderio do império ressurge, mas não mais em Roma, e sim em Bizâncio, que terá dias de apogeu durante o reinado de Justiniano. A conjunção Netuno-Plutão seguinte tem lugar no penúltimo grau de Touro, no ano de 905. Com a derrocada final do que ainda sobrevivera do império de Carlos Magno, a Europa mergulha na fase mais característica do regime feudal. Nas décadas subseqüentes, são gestados os dois reinos que darão a tônica da geopolítica européia no milênio seguinte: formam-se o reino da França, sob a dinastia dos Capetos, e o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha. Um acontecimento que exemplifica bem o enfoque cultural desta conjunção foi a fundação da abadia de Cluny, na França, no ano de 910. Os monges cluniacenses terão papel fundamental na consolidação do saber eclesiástico dos séculos seguintes, que estabelecerá o paradigma de conhecimento da Europa medieval. Coincidentemente, este século também presencia o apogeu da cultura islâmica, sob o Califado de Bagdá. Netuno-Plutão em Gêmeos: da terra ao controle da informação Em 1398, após vários ciclos em que a conjunção acontecera sempre em Touro, Netuno e Plutão encontram-se no quinto grau de Gêmeos, sinalizando o advento de uma era em que as tecnologias da informação e os meios de reprodução da cultura teriam cada vez maior importância. Durante quase dois mil anos, as sucessivas conjunções dos dois planetas exteriores em Touro haviam definido um longo ciclo de lentas mudanças e em que a posse objetiva da terra se constituíra na mais importante dos valores. Ampliar e preservar o próprio território foi uma preocupação permanente de assírios, persas, romanos e dos impérios medievais dos francos (Carlos Magno), bizantinos e árabes. Isso porque o baixo nível de desenvolvimento tecnológico não permitia ainda um aproveitamento intensivo dos recursos naturais, com prejuízos especialmente para a agricultura. Para produzir o suficiente para a alimentação dos centros urbanos da antiguidade, era necessário o controle de vastas extensões de terra, e, de preferência, terras naturalmente férteis. As coisas começam a mudar no final da Idade Média, já nas proximidades da primeira conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos. A adoção de técnicas agrícolas mais avançadas permite maior produção em menores áreas, diminuindo a importância estratégica da extensão territorial. Gêmeos é um signo de Ar, ligado aos processos mentais e à rapidez na aquisição de conhecimentos. O novo valor dominante não seria a posse dos meios de produção, pura e simplesmente, mas o controle da tecnologia de seu processamento. As potências emergentes a partir daí serão aquelas que farão um uso inteligente da informação e desenvolverem canais adequados de troca – de conhecimento ou de bens materiais. Não por acaso, o primeiro século do novo ciclo já presencia a primeira fase de uma revolução comercial, com a expansão marítima européia, e uma outra revolução de caráter mais sutil, mas não menos importante, na área da cultura. A avidez para testar, experimentar e inovar é uma marca registrada desta fase iniciada em 1398. São os princípios geminianos que se afirmam, em contraste com o relativo imobilismo dos séculos anteriores.
  • 25. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 10 No próprio ano de 1398, o grande acontecimento talvez tenha sido a invasão da Índia pelas tropas tártaro-mongólicas de Tamerlão (ocidentalização do nome do líder militar turco-tártaro Timur Leng – Timur, o Coxo). Tamerlão repetia, quase dois séculos depois, o fenômeno Gengis Khan, outro líder mongol que conseguira aglutinar centenas de tribos dispersas das estepes e constituir um efêmero império, invadindo e devastando o território de velhas civilizações. Mas Tamerlão acabaria por prestar um favor à civilização cristã, ao atrasar em meio século a derrocada final do Império Bizantino. Após destruir a cidade de Delhi, dirige suas tropas para o ocidente, ao encontro das forças militares de Bajazet, o sultão otomano. Este é obrigado a abandonar o assédio a Bizâncio – prestes a cair – para enfrentar as tropas tártaro-mongólicas nas proximidades de Ancara (atual Turquia), num embate que envolveu, segundo estimativas, mais de um milhão de guerreiros. A derrota de Bajazet representou um duro golpe para os turcos otomanos, que, temporariamente enfraquecidos, deram aos bizantinos condições de reorganizar a defesa, o que lhes garantiu uma sobrevida até 1453. Por outro lado, a turbulência provocada por Tamerlão na Índia também contribuiu para criar um clima de fragmentação política que viria a facilitar a criação das feitorias portuguesas, quase cem anos mais tarde. As décadas que se seguiram à conjunção testemunham um conjunto de mudanças que iria transformar para sempre a face do mundo civilizado. O aperfeiçoamento da imprensa, a utilização das armas de fogo em larga escala na Europa, a explosão criativa do Renascimento italiano, a queda de Bizâncio, o lento desvelamento do litoral africano pelos portugueses, a progressiva formação do reino da Espanha e o surgimento do sentimento nacional na França, em torno da figura de Joana d’Arc, são sintomas de mudanças profundas, a partir das quais a Europa Ocidental assumiria por quatro séculos um papel de vanguarda, só quebrada com a emergência de outros centros de poder no século XX, como os Estados Unidos e o Japão. Netuno-Plutão e o Descobrimento do Brasil Como a assinalar a vinculação entre o Descobrimento do Brasil e os processos desencadeados a partir desta conjunção Netuno-Plutão, o mapa do avistamento da nova terra por Cabral apresenta Vênus, regente do Ascendente do Brasil-Colônia, em 7°´55’ de Gêmeos, em conjunção, portanto, com o encontro de Netuno e Plutão de 1398, em 3°51’ de Gêmeos. A Lua, regente do Meio-Céu desta carta, encontra-se por sua vez em 5°30’ de Peixes, em quadratura, portanto, com a referida conjunção dos planetas exteriores. Mais ainda: Júpiter e Lua em Gêmeos, no mapa da Independência, ativam simultaneamente a conjunção de 1398 e a Vênus do Descobrimento, num efeito de ressonância mais do que significativo. A conjunção Netuno-Plutão de 1892 A mais recente conjunção Netuno-Plutão acontece na última década do século XIX, tendo lugar desta vez no ano de 1892, no nono grau de Gêmeos. Coincide com uma série de mudanças significativas na áreas das comunicações, como a invenção do rádio, o advento dos grandes impérios jornalísticos norte-americanos e o lançamento, enfim, das bases da cultura de massa, das quais o cinema e a história em quadrinhos, ambos produtos daquela década, são exemplos marcantes. Inicia-se um período em que os Estados Unidos ganham importância crescente, ascendendo, após duas guerras mundiais, à condição de maior potência econômica e militar do planeta. O principal foco de poder do mundo sai da Europa Ocidental e migra para a América.
  • 26. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 11 Resumindo os ciclos Netuno-Plutão Podemos resumir a sucessão de conjunções Netuno-Plutão com o seguinte quadro, em que são assinaladas as datas-limite de cada ciclo e os acontecimentos-chave que neles tiveram lugar. Netuno-Plutão em Touro DURAÇÃO PROCESSOS HISTÓRICOS CORRESPONDENTES 1073 a.C – 578 a.C. Apogeu da Assíria. 578 a.C. – 83 a.C. Apogeu da cultura grega e helenística. 83 a.C. – 411 d.C. Império Romano. 411 – 905 Europa dividida em reinos bárbaros. Impérios carolíngio e bizantino e surgimento do Islamismo. 905 – 1398 Formação da Europa Moderna: surgimento e consolidação da França, da Alemanha (Sacro Império Romano Germânico) e da Inglaterra. Netuno-Plutão em Gêmeos DURAÇÃO PROCESSOS HISTÓRICOS CORRESPONDENTES 1398 – 1892 Era da afirmação burguesa. Grandes navegações. Transferência do eixo de poder do Mediterrâneo para a Europa Atlântica. “Civilização de Gutenberg”. 1892 - ... Era da cultura de massa e da definitiva globalização econômica e cultural. Capitalismo industrial. Predomínio americano. Exercício de compreensão Leia com atenção estes trechos retirados da obra Astrologia Mundial, de André Barbault: Os caldeus admitiam que o mundo era alternativamente e de modo periódico inundado e queimado. O período de reprodução desses fenômenos era aquele em que todos os astros errantes4 voltavam a ocupar uma mesma posição em relação ao céu das estrelas fixas. Através de Berósio (século III a.C.) sabemos o que ensinavam os babilônios a respeito do Grande Ano cósmico. Infelizmente, não resta grande coisa da obra do grande sacerdote de Bel. O fragmento de sua obra que trata desta doutrina foi conservado por Sêneca em suas Questões Naturais, sem nenhuma dúvida citado na Meteorologia, hoje perdida, de Possidônio: O dilúvio de água e fogo acontece quando é da vontade de Deus criar um mundo melhor e acabar com o antigo... Berósio, tradutor de Bélio, atribui estas revoluções aos astros, e de uma forma tão afirmativa que fixa a época da conflagração e do dilúvio. O globo, diz, arderá em fogo quando todos os astros, que têm agora cursos tão diversos, reunirem-se em Câncer e posicionarem-se de tal forma uns sobre os outros que uma linha reta poderia atravessar o centro de todos. O dilúvio terá lugar quando todos esses corpos celestes se encontrarem igualmente unidos, mas em Capricórnio. A primeira dessas constelações rege o solstício de verão, a outra, o solstício de inverno... Uma conjunção perfeita das luminárias e dos planetas, quer dizer, de todos os astros do sistema solar nos pontos solsticiais: esta é a configuração que determina o giro último em que morre um mundo e nasce outro, sob um dilúvio de água ou de fogo, ponto de renovação do Grande Ano. 4 Planetas.
  • 27. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 12 Esta doutrina introduziu-se muito cedo cedo no Oriente e no mundo helênico, mas nada autoriza a pensar que Berósio formulava uma novidade: não era esta uma idéia já universalmente disseminada? Esta concepção da periodicidade do universo parece, em particular, ter-se desenvolvido na Índia desde uma época longínqua. Platão, ao falar, no Timeu, da Gênese e da Criação, evoca o mais completo dos retornos periódicos, aquele que, tomando os sete astros errantes em uma certa configuração e numa certa posição em relação às estrelas fixas, devolve-os a uma posição idêntica: O número perfeito do tempo se realiza e o ano perfeito chega a sua revolução quando as oito revoluções, cujas velocidades são diferentes, chegam a seu fim ao mesmo tempo, voltando todos os astros a encontrar-se com o ponto de partida, depois de um tempo medido com ajuda do que permanece sempre o mesmo e possui uma marcha uniforme (...) e de novo todas as coisas serão restabelecidas segundo suas antigas condições. Contudo, ao assinalar esta duração astronômica, Platão não dizia nada de novo, e sabemos que o Grande Ano, ao qual se chamará platônico, já era muito bem conhecido antes dele. (BARBAULT, André. Astrologia Mundial. Barcelona, Visión Libros, 1981.) 1. Da leitura do texto, fica claro que: a) O conceito de era astrológica, conforme apresentado neste curso, é idêntico ao do Grande Ano, que chegou à Grécia através da tradição dos caldeus. b) Deve-se ao grande sacerdote Berósio, do século III a.C., o conceito de eras astrológicas. c) O chamado Grande Ano de Platão é uma versão grega de uma tradição mais antiga, que via na conjunção de todos os planetas conhecidos um momento maior de recomeço. d) O Grande Ano é uma invenção dos caldeus difundida pelos gregos. 2. Na visão platônica: a) Cada novo Grande Ano traz novas condições de desenvolvimento para a humanidade. b) O tempo é uma concepção cíclica, pois o novo Grande Ano restabelece as condições do Grande Ano anterior. c) A destruição e renovação do mundo se caracterizam, alternadamente, por dilúvios de água e fogo. d) Para caracterizar um Grande Ano, a conjunção de todos os planetas conhecidos deve ocorrer nos pontos equinociais. Teste de Verificação da Lição 1 RESPOSTAS 1 – Além de epidemias como a Peste Negra, a oitava fase da era de Peixes caracteriza-se pelo início de um processo de nítida conotação Escorpião/casa 8. Estamos falando: a) das Cruzadas contra povos islâmicos. b) do início do movimento artístico e cultural conhecido como Renascimento. [X] c) das Grandes Navegações, que ampliam os horizontes comerciais e culturais da civilização européia.
  • 28. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 13 d) do Feudalismo, com sua característica ênfase na atividade agrícola e na dependência do homem à terra. Comentário – Renascimento é um termo que exprime uma idéia de reciclagem, renovação, um ressurgir das cinzas após uma morte aparente (no caso, trata-se do renascimento da cultura clássica em pleno final da era medieval). É o típico significado de casa 8 aplicado ao âmbito cultural e coletivo. Já as Cruzadas, como vimos, são um confronto com uma cultura estranha, uma outra cultura. Trata-se de um típico enfrentamento de casa 7. A ampliação de horizontes das Grandes Navegações é um momento de casa 9 na história européia, enquanto o feudalismo, ao menos em seu momento de implementação, associa-se a processos de casa 6. 2 – Assinale a alternativa onde não há correspondência entre o processo histórico e a fase da era de Peixes: a) Absolutismo monárquico – fase casa 10/Capricórnio. b) Invasões, grandes migrações e fragmentação cultural, política e linguística do antigo Império Romano – fase casa 3/Gêmeos. c) Surgimento dos processos históricos que definem a “cara” da era de Peixes: o Império Romano e o Cristianismo – fase casa 1/Áries. d) Grande desenvolvimento industrial e tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de uma atitude científica diante do conhecimento – fase casa 6/Virgem. [X] Comentário – O desenvolvimento industrial rápido, capaz de mudar completamente a face da sociedade, é a faceta mais visível da fase Aquário/casa 11 da era de Peixes. Corresponde também a um momento de afirmação do pensamento científico, fruto do racionalismo dominante nesta fase regida por Saturno e Urano. Já a fase Virgem/casa 6 retrata um período bem anterior, em que a sociedade é obrigada a voltar-se para a terra e para um modelo de organização extremamente fragmentado. Virgem simboliza a decomposição do todo – o grande império de Carlos Magno, por exemplo – em unidades mínimas e auto-suficientes – os feudos. 3 – Alguns personagens históricos parecem simbolizar especialmente o sentido de cada fase da era de Peixes. Aponte a única alternativa em que os personagens não parecem ser uma boa escolha para representar o espírito da fase relacionada: a) Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio – fase Capricórnio/casa 10. [X] b) Einstein, Pasteur e Oswaldo Cruz – fase Aquário/casa 11. c) Osama bin Laden, “Chacal”, guerrilheiros da FARC e do IRA – fase Peixes/casa 12. d) Luís XIV, Marquês de Pombal, Maurício de Nassau – fase Capricórnio/casa 10. Comentário – Lutero foi o reformador (Escorpião) de uma religião (Sagitário). Ao dar início à Reforma Protestante, dispara um processo de ampla discussão dos dogmas e dos evangelhos que mergulhará a Europa em convulsões ideológicas por mais de um século. Lutero, ele próprio um escorpiano, é uma das figuras mais intensas da fase Sagitário/casa 9 da era de Peixes. O mesmo pode-se dizer de Colombo e Vespúcio, ambos viajantes, ambos aventureiros, ambos deixando um legado de expansão dos horizontes civilizatórios (pura casa 9!) com a integração de grandes regiões desconhecidas à esfera de influência européia. 4 – Da leitura desta lição, depreende-se que: a) Existe absoluta concordância em torno das datas de transição da era de Peixes para a era de Aquário.
  • 29. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 14 b) As eras astrológicas são decorrentes do movimento de precessão dos equinócios, que altera gradativamente o ponto vernal. [X] c) Ponto vernal é o ponto inicial da constelação de Áries. d) O movimento precessional explica porque, ao longo dos milênios, a passagem do Sol por determinadas constelações acontece sempre nas mesmas estações do ano. Comentário – Apenas a opção B está correta. Nas demais, eis os erros: não existe nenhuma concordância sobre as datas de transição de eras, ao contrário do que afirma a opção A; o ponto vernal é o ponto inicial do signo de Áries no zodíaco tropical, e não da constelação com o mesmo nome (hoje o ponto vernal está transitando de Peixes para Aquário); e, finalmente, a passagem do Sol por determinadas estações não coincide sempre com as mesmas estações. A passagem do Sol pela constelação de Áries, que hoje acontece no outono do hemisfério Sul, já aconteceu no verão, ao tempo da era de Touro, e dentro de alguns milênios delimitará o início do inverno. 5 – Aponte a única opção abaixo que se relaciona com a era de Touro: a) Introdução em larga escala de armas de ferro e supremacia dos povos que dominam a tecnologia de sua produção. b) Surgimento de grandes impérios agrários, dependentes do controle das águas dos rios e da irrigação. [X] c) Deslocamento do eixo do poder da Mesopotâmia para a região do Mediterrâneo. d) Desenvolvimento de grandes religiões monoteístas. Comentário – Armas de ferro são típicas da era de Áries; o deslocamento do poder para o Mediterrâneo ocorre no final da era de Áries e se consolida na era de Peixes. Já os impérios agrários (agricultura – elemento Terra), que dependiam de grandes obras de irrigação (barragens são um assunto do eixo Touro-Escorpião) se desenvolvem na era de Touro: Egito, Caldéia, China antiga etc. 6 – A partir da leitura desta lição, fica claro que um dos momentos de maior retraimento da civilização ocidental durante a era de Peixes aconteceu na fase: a) Touro ou casa 2. b) Virgem ou casa 6. [X] c) Sagitário ou casa 9. d) Peixes ou casa 12. Comentário – Como a fase Virgem/casa 6 corresponde ao apogeu da organização feudal, com quase desaparecimento da vida urbana, aí se define o momento de maior retraimento de toda a história da civilização européia. 7 – Aponte a associação errada: a) Império de Carlos Magno – fase Leão da era de Peixes. b) Iluminismo (Rousseau, Voltaire, Diderot etc.) – fase Aquário da era de Peixes. c) Formação do Islamismo – fase Escorpião da era de Peixes. [X] d) Materialismo e progressivo afastamento entre o Estado e a religião – fase Capricórnio da era de Peixes. Comentário – O Islamismo, ou seja, a religião monoteísta cujos pilares foram deixados por Maomé, é fruto da fase canceriana da era de Peixes. Até hoje a lua em fase crescente é o símbolo do Islã, estando presente na bandeira de vários países do Oriente Médio.
  • 30. Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 15 8 – Para utilizar um conceito muito comum em Astrologia Psicológica, cada fase da era de Peixes, além de afirmar as características de um signo e de sua casa correspondente, ainda traz a “sombra”, ou a manifestação negativa, do signo e da casa opostos. A propósito, aponte a única opção que não relaciona corretamente um exemplo dessa manifestação negativa da polaridade: a) Líderes autocráticos, agressivos e expansionistas, como Napoleão Bonaparte, Stálin ou Hitler, manifestam a “sombra” leonina da fase Aquário da era de Peixes. b) A violência dos combates nas Cruzadas e a brutalidade das invasões, em contraste com o código de honra de cavalaria, expressam a “sombra” ariana da fase Libra da era de Peixes. c) A economia de subsistência típica do período feudal, associada aos pequenos avanços tecnológicos que permitiram progressivos ganhos de produtividade, expressa a “sombra” pisciana da fase Virgem da era de Peixes. [X] d) O extremado nacionalismo que opôs com freqüência franceses, espanhóis, portugueses, ingleses e holandeses durante o século XVII expressa uma das facetas da “sombra” canceriana da fase Capricórnio da era de Peixes. Comentário – Os pequenos avanços tecnológicos e a economia de subsistência baseada no trabalho duro com a terra expressam traços virginianos, e não piscianos. A sombra pisciana aparece com maior clareza em outras características da época, tais como o surgimento de importantes ordens monásticas (o isolamento dos monges, em sua vida conventual, é típica de Peixes/casa 12). Algumas dessas ordens acabam por exercer uma influência tal que as transforma em poderes políticos paralelos, que mais tarde alimentarão o fanatismo das Cruzadas. O misticismo desinformado somado à ignorância e à superstição também produz o fenômeno do milenarismo, ou seja, o terror que se espalhou em toda a Europa medieval, às vésperas do ano 1000, quanto à possível iminência do fim do mundo e do juízo final.