1. NACIONAL
Pingo Doce/Campanha
Supermercado nega venda de produtos abaixo do custo
» Celso Paiva e Ricardo Conceição
nalista da Renascença Sandra Afonso.
O grupo Jerónimo Martins desmente a prática de dum- Questionado se a coima pode ser multiplicada por su-
ping - venda de produtos abaixo do preço de custo - na permercado, o responsável deixa a hipótese em aberto:
promoção que levou a efeito nas suas 369 lojas no fe- “Vamos ver como é que o assunto se pode configurar”.
riado de 1 de Maio. Manuel Sebastião explicou que Autoridade da Concor-
O Pingo Doce esclarece, em comunicado enviado à Re- rência só actua depois de receber um auto de notícia
nascença, que apenas ofereceu aos consumidores uma da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
oportunidade para gerirem melhor os orçamentos fa- (ASAE), que deve concluir as investigações em menos
miliares “cada vez mais pressionados” e que esta foi de uma semana.
apenas a primeira de outras acções comerciais que vão Em declarações à Renascença, o presidente da Autori-
ser lançadas este ano. dade da Concorrência diz que está em causa a violação
A cadeia de supermercados diz ainda que a promoção da lei através de vendas abaixo de custo e esclarece
superou as expectativas, tendo decorrido sem inciden- que o regulador só entra em campo se a ASAE concluir
tes na maioria das lojas e que o balanço final é posi- que houve ilícitos: “A Autoridade da Concorrência não
PÁG. tivo.
O mesmo comunicado desmente, também, que tenha
está no terreno, não se desloca aos diversos locais onde
essa possível infracção terá sido cometida”.
03 havido falta de planeamento, referindo que se fizeram
sentir os efeitos expectáveis de uma concentração
massiva de clientes a comprarem, em média, muito
mais do que compram habitualmente.
Em causa está a promoção dos supermercados Pingo
Doce, que ofereceu descontos de 50% em compras aci-
ma de 100 euros, o que provocou uma corrida às com-
pras.
Pingo Doce arrisca coima
Apesar deste esclarecimento, a cadeia Pingo Doce ar-
Paulo Novais/LUSA
risca o pagamento de uma coima de 15 mil euros por
esta campanha, que pode ser multiplicada por super-
mercado, explica o presidente da Autoridade da Con-
corrência. “São sanções que podem ir até cerca de 15
mil euros por infracção”, disse Manuel Sebastião à jor-
cação, sem dúvida. Mas a empresa em causa é pri-
A luta continua vada. Os clientes são livres. E o Governo não é para
A mega promoção lançada pelo Pingo Doce no Dia do aqui chamado: há leis. Se houve abusos, accionem-
Trabalhador rebentou como uma bomba nos meios se as multas e, já agora, convém lembrar que este
sindicais e na esquerda parlamentar. No 1º de Maio tipo de promoções são comuns pela Europa fora.
pode-se ir a um restaurante. Pode-se ir a um centro Se comprar sapatos e roupa no atropelo dos saldos
comercial, comprar livros e sapatos, ir ao cinema ou à 2ª, 3ª ou 4ª é pacífico, comprar pão ou bacalhau
ao teatro. Mas acorrer a saldos de comida é fazer no atropelo de uma promoção de preços ao domingo
do povo estúpido, disseram o Bloco e o PCP. O pior é ou feriado não pode ser barbárie. A pior maneira de
que o povo precisa, gostou e vai querer mais. comemorar datas históricas é com preconceito.
As imagens de pessoas aos magotes, a atropelarem-
se para comprar comida, não é agradável. Mas não
vale a pena dramatizar.
Para quem ganha o salário mínimo, poupar 50 euros
em 100 é um totoloto. E mesmo para quem soma sa-
lários mínimos, mas sofre para gerir o mês, o bónus
do supermercado é imperdível. Não perceber isto
é viver do preconceito. E não querer ver que, mes-
mo entre os trabalhadores que tiveram que gerir
o caos, recebendo a dobrar e tendo direito à mega
promoção de preços, muitos vão querer trabalhar
em mais feriados.
Isto é dar cabo do Dia do Trabalhador? É uma provo- Ângela Silva
r/com renascença comunicação multimédia, 2012