Este estudo analisa as relações de gênero na escola a partir das observações de uma bolsista do PIBID durante suas inserções em uma escola pública no Rio Grande do Sul. A pesquisa observou situações que reproduzem valores discriminatórios sobre homens e mulheres, como destinação de tarefas por gênero e discurso que expõe práticas discriminatórias. O objetivo foi analisar como as relações de gênero se estabelecem na escola e como a dança pode contribuir para o debate sobre o tema.
Formação superior nas universidades públicas do rio grande do sul, scheffer, ...
Gênero na Escola: Um Estudo sobre Discriminação
1. PROBLEMATIZANDO QUESTÕES DE GÊNERO NA ESCOLA: UM ESTUDO A
PARTIR DAS INSERÇÕES DE UMA ESTUDANTE DE LICENCIATURA EM
DANÇA DA UERGS, BOLSISTA DO PIBID/CAPES/UERGS
Alexandra de Castilhos Moojen (PIBID/CAPES/UERGS)
Orientadora Profª Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (PIBID/CAPES/UERGS)
Resumo: Esta pesquisa encontra-se vinculada ao Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e integra as
investigações do Grupo de Pesquisa “Arte: criação, interdisciplinaridade e educação”
(CNPq/ UERGS), da Unidade de Montenegro. Partiu de questionamentos sobre
gênero, resultantes de minhas inserções em uma escola pública estadual na cidade
de Montenegro, RS. Durante observações nas aulas de Artes, Educação Física,
recreios e demais tempos e espaços da escola foram observadas situações que
reproduziam valores socialmente instituídos ao longo dos anos sobre homens e
mulheres, resultando alguns questionamentos: Como se estabelecem as relações de
gênero na escola? Como direção e professores se posicionam a este respeito?
Quais políticas públicas educacionais tratam do tema? Quais conteúdos específicos
da dança contribuem para o debate sobre gênero na escola? Assim, esta
investigação teve como objetivo analisar o espaço escolar, reconhecendo como as
relações de gênero se estabelecem na escola. A metodologia da pesquisa utilizou a
abordagem qualitativa, o método da observação participante e as observações
registradas em um caderno de campo como técnica para a coleta dos dados. Dentre
os dados coletados destacaram-se os posicionamentos discriminatórios, por parte
dos professores, quanto às roupas utilizadas pelas meninas, na escola, a destinação
de tarefas ditas “femininas” para as meninas, e as tarefas “masculinas” para os
meninos, a divisão das brincadeiras e jogos na Educação Física, e como o discurso
falado expõe práticas discriminatórias veladas nas ações cotidianas. As situações
observadas na escola podem ser analisadas como típicas de criminalização das
mulheres perante situações de abuso moral, psicológico e sexual. Comumente
atribui-se culpa às mulheres pelo próprio abuso sofrido. No Brasil, de acordo com os
dados da Central de Atendimento à Mulher, o número de denuncias de casos de
violência sofridos pelas mulheres aumentou significativamente em 2012. Dez
mulheres foram vítimas de violência a cada hora, contabilizando 88.685 relatos de
violência, dos 732.468 registros ocorridos. Nos últimos dez anos foram diversas as
formulações realizadas sobre a temática de gênero. Em relação às políticas
públicas, uma delas foi a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM),
através da Lei 10.683 de 2003. Considerando-se o exposto anteriormente e a
relevância da temática, entende-se que esta pesquisa possa contribuir com as
reflexões sobre o assunto, desnudando práticas discriminatórias às mulheres no
ambiente escolar, juntamente com a oportunidade de discutir conceitos de gênero
em uma disciplina – a dança - que já deveria estar de fato no currículo escolar, pois
de direito já existe há muito tempo. Esta é protagonizada pelo corpo, parte excluída
do pensamento cartesiano e moderno que ainda rege as escolas brasileiras. A partir
das relações dos corpos se materializam posturas e práticas que, quando
reconhecidas, como proposto por esta pesquisa, podem ser trabalhadas e
superadas. Ressalta-se a importância do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID) para a realização desta pesquisa que, além de
desnudar relações de gênero na escola, ainda aproxima os estudantes da
graduação de uma vivência e observação da prática escolar existente hoje.