Este documento descreve os tipos de entrevista (estruturada, semi-estruturada e não estruturada), o processo de recolha de dados através de entrevistas (planejamento, execução e tratamento da informação) e suas vantagens e desvantagens. A entrevista é definida como uma conversa entre duas ou mais pessoas com o objetivo de obter informações.
2. A entrevista “consiste numa conversa intencional, geralmente entre duas pessoas, embora por vezes possa envolver mais pessoas, dirigida por uma delas com o objectivo de obter informações sobre a outra” (Morgan, 1988, citado por Bogdan & Biklen 1994: 134).
3. Tipos de Entrevista Estruturada Segue um guião rígido que estabelece antecipadamente as questões a serem formuladas; A ordem das perguntas respeita uma lógica pré-estabelecida.
4. Tipos de Entrevista Semi-estruturada Assenta na combinação de perguntas abertas e fechadas; O guião, previamente preparado, apenas serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista; Não exige uma ordem rígida nas questões;
5. Tipos de Entrevista Não estruturada Convida-se o entrevistado a organizar o seu discurso a partir de um tema proposto e o entrevistador só intervém para encorajar; O guião detém-se apenas no objectivo da entrevista e nas suas linhas orientadoras.
6. Entrevista Estruturada Vantagens Facilita a análise dos dados; Permite a replicação do estudo.
7. Entrevista Estruturada Desvantagens Não permite flexibilidade e espontaneidade das respostas; Reduz ou anula a possibilidade de aprofundar questões que não foram antecipadamente pensadas; Circunstâncias e elementos pessoais não são tomados em consideração.
8. Entrevista Semi-estruturada Vantagens Possibilita a optimização do tempo disponível; Permite o tratamento mais sistemático dos dados; É especialmente aconselhada para entrevistas a grupos; Permite seleccionar temáticas para aprofundamento; Permite introduzir novas questões.
9. Entrevista Semi-estruturada Desvantagens Requer uma boa preparação por parte do entrevistador; Não facilita o trabalho de comparação das respostas.
10. Entrevista não estruturada Vantagens Permite ao entrevistador ter uma boa percepção das diferenças individuais e mudanças; As questões podem ser individualizadas para melhor comunicação; Possibilita uma diversidade de questões e respostas; Favorece a eficácia das respostas, pois o entrevistador pode retomar as questões que eventualmente tenham sido mal percebidas; Permite que o entrevistador tenha um papel mais activo e interventivo.
11. Entrevista não estruturada Desvantagens Requer muito tempo para a transcrição, análise e sistematização da informação; Depende bastante das capacidades e treino do entrevistador; Implica um custo elevado e grande disponibilidade de tempo.
12. A utilização deste instrumento de recolha de informação pressupõe um trabalho faseado em três momentos: Planificação; Execução; Tratamento da informação.
13. Planificação Seleccionar o(s) entrevistado(s): População de referência e construção da amostra; Conhecer previamente o(s) entrevistado(s); Especificar as variáveis que se pretende estudar; Definir uma lista de questões ou tópicos a serem abordados na entrevista; Considerar diferentes formatos de questões; Evitar questões que permitam respostas muito abertas e plurissignificativas; Adquirir material de apoio de qualidade (gravador, etc.); Preparar o local onde se realizará a entrevista; Verificar/assegurar a disponibilidade dos entrevistados para a realização da entrevista;
14. Planificação Informar os entrevistados sobre a duração prevista, o motivo da sua selecção, o objectivo da entrevista e a importância do seu contributo; Garantir a confidencialidade da identidade e respostas do entrevistado; Fazer uma cuidadosa revisão bibliográfica; Interiorizar o roteiro da entrevista (fazer uma entrevista piloto com o roteiro é fundamental para evitar falhas no momento da realização das entrevistas).
15. Execução Relembrar os objectivos e a natureza da entrevista; Explicar como se vai proceder ao registo das respostas; Assegurar a formulação de questões que permitam o registo de informações de âmbito geral sobre o entrevistado (nome, idade, profissão, cargos que desempenha,); Utilizar linguagem acessível ao entrevistado; Conduzir a entrevista de maneira que o entrevistado se sinta à vontade; Obter e manter a confiança; Evitar influenciar as respostas do entrevistado;
16. Execução Não se deixar influenciar pelas suas próprias predisposições, as suas opiniões ou curiosidades; Evitar afastar-se do formato e do guião da entrevista; Motivar o entrevistado a responder; Impedir, gentilmente, as divagações do entrevistado; Gerir o tempo da entrevista de maneira a que o tempo previamente acordado não se prolongue; Enquadrar as perguntas delicadas.
17. Tratamento da Informação Proceder à transcrição integral das respostas, acompanhada do registo de pormenores, tais como, o modo como decorreu a entrevista, qual o comportamento não verbal do entrevistado; Efectuar várias leituras para conferir o rigor da transcrição; Fornecer as transcrições aos entrevistados, para que as mesmas sejam validadas; Seleccionar para análise apenas a informação que está directamente relacionada com os objectivos do estudo;
18. Tratamento da Informação Interpretar os dados obtidos; Analisar as reflexões, conexões e interacções entre os dados obtidos; Discutir os dados com base na teoria; Ser objectivo na interpretação e construção de categorias; Evitar a tendência natural de tentar extrair do material empírico elementos que confirmem as suas hipóteses de trabalho e/ou os pressupostos das suas teorias de referência; Usar software para análise de dados quantitativos (muito útil)
19. Bibliografia BOGDAN, R. & BIKLEN, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora. CARMO, H & FERREIRA, M.M. (2008). Metodologia da Investigação Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
20. Consultas na Web http://www.emtese.ufsc.br/3_art5.pdf http://www.ufpa.br/cdesouza/teaching/topes/3-interviews.pdf Sites acedidos em 02 de Maio de 2010