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As potencialidades pedagógicas da
cidade
Vanessa Barboza de Araujo
Educar pela cidade: memória e patrimônio
Dezembro de 2014
Cidade: palimpsesto urbano
Nessa animação de palavras, uma cidade se forma a partir da sobreposição de conceitos e camadas.
PORO, [2002?].
Pensar que a cidade é constituída de camadas, como uma sobreposição de tempos, materialidades,
experiências, memórias e significados, nos leva a representá-la como um palimpsesto urbano.
.
Debruçar-se sobre a cidade exige uma espécie de arqueologia do olhar, que investiga cada camada
temporal em busca de vestígios que podem se apresentar de maneira superposta ou simultânea,
dando-se a ver na materialidade, na sociabilidade ou na sensibilidade – dimensões que compõem a
cidade.
Sandra Jatahy Pesavento (2004)
Cidade: dimensões constitutivas
• Materialidade (a cidade como artefato: concreta, fabricada, a mais complexa
obra humana);
• Sociabilidade (a cidade como campo de forças: ideia de que esse artefato gera e é
gerado no interior de relações sociais estabelecidas entre os homens);
• Sensibilidade (a cidade como representação social: as práticas que conformam o
espaço também dão sentido e significações a ele).
PESAVENTO ( 2004, 2007); MENESES (1990,2003)
Consciência da cidade
Capacidade que têm os homens de objetivar a cidade, de compreendê-la como
produto da ação humana, de apreendê-la como lugar de múltiplas temporalidades
e experiências sociais, de interpretá-la, de atribuir-lhe os mais diversos sentidos e
de nela intervir.
MENESES (1990,2003)
Pesquisa:
ENSINAR A LER A CIDADE: práticas de estudo da urbe na educação básica
UEMG / FAE / PPGE – Maio de 2014
Orientadora: Profª. Drª. Lana Mara de Castro Siman
Questão central da pesquisa:
Como, com quais conteúdos e sentidos a cidade é ensinada nas escolas?
A cidade ensinada
Por meio da metodologia de projetos, numa perspectiva transdisciplinar, visando à promoção do
direito à cidade.
- Com quais conteúdos?
o traçado da cidade: conhecer e interpretar;
a leitura da paisagem e o andar a pé na cidade;
o funcionamento da cidade: o acesso aos serviços;
visitas a espaços culturais: a cultura como dimensão da cidadania.
Multi, inter e transdisciplinaridade
• Multidisciplinaridade seria a “abordagem de um tema ou problema por vários discursos
disciplinares sem que estes se toquem, interajam ou se contaminem reciprocamente”.
• Interdisciplinaridade seria a “interação de duas ou mais disciplinas” que “promove a integração
de alguns conceitos e métodos oriundos dos diferentes campos disciplinares” sem que haja
mudança estrutural interna a cada campo nem contágio ou deformação deles; “há diálogo, mas
este restringe-se ao que é voz comum na intersecção entre essas disciplinas ou à mera
transferência de leis de uma disciplina a outra”.
• Transdiciplinaridade seria uma interação e uma abertura das disciplinas tanto às outras
disciplinas quanto ao “indisciplinado” e se faz como esforço por estabelecer diálogos entre as
humanidades, as artes, as ciências e os saberes não científicos.
BRANDÃO, 2008.
Educação e cidade:
o encontro do inteligível com o sensível
• É preciso que nos reorientemos, que aceitemos e reconheçamos como saberes e
conhecimentos muito mais do que aquilo fornecido pela ciência.
DUARTE JÚNIOR, 2001
• Segundo o autor, conhecemos o mundo e construímos sentidos para a vida, por meio
de uma instância sensível, dada pelo corpo e por uma instância inteligível,
representada pelos signos em nossa mente. Ao produto de nossa inteligência
simbólica, Duarte Júnior denomina conhecimento inteligível e à nossa capacidade de
sentir, de perceber o mundo – seus sons, cores, odores, texturas e sabores – por meio
dos sentidos, de saber sensível.
.
O traçado da cidade: conhecer e interpretar
Saber deslocar-se na cidade não é elemento suficiente para o pleno usufruto da
urbe, mas uma habilidade necessária quando o objetivo é usufruir dela com
excelência e igualdade.
Não se trata apenas de dominar o espaço, mas buscar compreendê-lo como
resultado da produção humana. O próprio traçado da cidade está impregnado de
signos e sua interpretação revelará aspectos da sociedade que o produziu,
manteve ou alterou seus elementos.
Planta da Cidade de Minas - 1895
A leitura da paisagem e o andar a pé pela cidade
• Ao tomar a cidade como texto a ser lido, somos convidados a nos posicionar
como caminhantes, investigadores do espaço urbano. Em seu itinerário o
caminhante perceberá as diversas camadas de tempo que compõem a
paisagem; os caminhos espontaneamente criados pela população; as
intervenções impostas pelo planejamento das cidades; os usos diversos
conferidos aos espaços públicos; as apropriações realizadas pelos sujeitos, ou
seja, a diversidade do vivido que se esconde em cada rua, em cada esquina, em
cada atributo que compõe o espaço urbano.
Praça da Liberdade - 1934
Cidadania Cultural
O museu é lugar do sonho, devaneio, informação de todo tipo, deleite estético,
expansão da afetividade, da memória, da identidade – mas é também lugar de
conhecimento, consciência, inteligibilidade. A inteligibilidade não é processo de
pura racionalidade, mas se potencializa quando o afetivo e o estético podem
impregnar o cognitivo.
MENESES, 2002, p.9.
Cidade Educadora
• Aprender a cidade: a própria cidade é tomada como conteúdo de
educação – sua história, geografia, arquitetura, projeto urbanístico etc.
Aprender a cidade é aprender a lê-la criticamente.
• Aprender na cidade: trata-se de usufruir de instituições, equipamentos,
meios e recursos presentes na cidade, convertendo-os em experiências
educativas.
• Aprender da cidade: a cidade é entendida como fonte direta de processos
de formação e socialização, um agente informal de educação. Ela possui
um “currículo oculto” que transmite valores, normas, atitudes, costumes e
formas de vida, por meio de modelos de comportamento e de relações
sociais.
Trilla Bernet (1997)
Espero que as reflexões apresentadas aqui possam trazer
subsídios para os estudos da relação entre educação e cidade, e
principalmente contribuir para que as cidades tornem-se cada
vez mais educadoras.
Obrigada!

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Vanessa Barboza de Araujo

  • 1. As potencialidades pedagógicas da cidade Vanessa Barboza de Araujo Educar pela cidade: memória e patrimônio Dezembro de 2014
  • 2. Cidade: palimpsesto urbano Nessa animação de palavras, uma cidade se forma a partir da sobreposição de conceitos e camadas. PORO, [2002?]. Pensar que a cidade é constituída de camadas, como uma sobreposição de tempos, materialidades, experiências, memórias e significados, nos leva a representá-la como um palimpsesto urbano. . Debruçar-se sobre a cidade exige uma espécie de arqueologia do olhar, que investiga cada camada temporal em busca de vestígios que podem se apresentar de maneira superposta ou simultânea, dando-se a ver na materialidade, na sociabilidade ou na sensibilidade – dimensões que compõem a cidade. Sandra Jatahy Pesavento (2004)
  • 3. Cidade: dimensões constitutivas • Materialidade (a cidade como artefato: concreta, fabricada, a mais complexa obra humana); • Sociabilidade (a cidade como campo de forças: ideia de que esse artefato gera e é gerado no interior de relações sociais estabelecidas entre os homens); • Sensibilidade (a cidade como representação social: as práticas que conformam o espaço também dão sentido e significações a ele). PESAVENTO ( 2004, 2007); MENESES (1990,2003)
  • 4. Consciência da cidade Capacidade que têm os homens de objetivar a cidade, de compreendê-la como produto da ação humana, de apreendê-la como lugar de múltiplas temporalidades e experiências sociais, de interpretá-la, de atribuir-lhe os mais diversos sentidos e de nela intervir. MENESES (1990,2003)
  • 5. Pesquisa: ENSINAR A LER A CIDADE: práticas de estudo da urbe na educação básica UEMG / FAE / PPGE – Maio de 2014 Orientadora: Profª. Drª. Lana Mara de Castro Siman Questão central da pesquisa: Como, com quais conteúdos e sentidos a cidade é ensinada nas escolas?
  • 6. A cidade ensinada Por meio da metodologia de projetos, numa perspectiva transdisciplinar, visando à promoção do direito à cidade. - Com quais conteúdos? o traçado da cidade: conhecer e interpretar; a leitura da paisagem e o andar a pé na cidade; o funcionamento da cidade: o acesso aos serviços; visitas a espaços culturais: a cultura como dimensão da cidadania.
  • 7. Multi, inter e transdisciplinaridade • Multidisciplinaridade seria a “abordagem de um tema ou problema por vários discursos disciplinares sem que estes se toquem, interajam ou se contaminem reciprocamente”. • Interdisciplinaridade seria a “interação de duas ou mais disciplinas” que “promove a integração de alguns conceitos e métodos oriundos dos diferentes campos disciplinares” sem que haja mudança estrutural interna a cada campo nem contágio ou deformação deles; “há diálogo, mas este restringe-se ao que é voz comum na intersecção entre essas disciplinas ou à mera transferência de leis de uma disciplina a outra”. • Transdiciplinaridade seria uma interação e uma abertura das disciplinas tanto às outras disciplinas quanto ao “indisciplinado” e se faz como esforço por estabelecer diálogos entre as humanidades, as artes, as ciências e os saberes não científicos. BRANDÃO, 2008.
  • 8. Educação e cidade: o encontro do inteligível com o sensível • É preciso que nos reorientemos, que aceitemos e reconheçamos como saberes e conhecimentos muito mais do que aquilo fornecido pela ciência. DUARTE JÚNIOR, 2001 • Segundo o autor, conhecemos o mundo e construímos sentidos para a vida, por meio de uma instância sensível, dada pelo corpo e por uma instância inteligível, representada pelos signos em nossa mente. Ao produto de nossa inteligência simbólica, Duarte Júnior denomina conhecimento inteligível e à nossa capacidade de sentir, de perceber o mundo – seus sons, cores, odores, texturas e sabores – por meio dos sentidos, de saber sensível. .
  • 9. O traçado da cidade: conhecer e interpretar Saber deslocar-se na cidade não é elemento suficiente para o pleno usufruto da urbe, mas uma habilidade necessária quando o objetivo é usufruir dela com excelência e igualdade. Não se trata apenas de dominar o espaço, mas buscar compreendê-lo como resultado da produção humana. O próprio traçado da cidade está impregnado de signos e sua interpretação revelará aspectos da sociedade que o produziu, manteve ou alterou seus elementos.
  • 10. Planta da Cidade de Minas - 1895
  • 11.
  • 12.
  • 13. A leitura da paisagem e o andar a pé pela cidade • Ao tomar a cidade como texto a ser lido, somos convidados a nos posicionar como caminhantes, investigadores do espaço urbano. Em seu itinerário o caminhante perceberá as diversas camadas de tempo que compõem a paisagem; os caminhos espontaneamente criados pela população; as intervenções impostas pelo planejamento das cidades; os usos diversos conferidos aos espaços públicos; as apropriações realizadas pelos sujeitos, ou seja, a diversidade do vivido que se esconde em cada rua, em cada esquina, em cada atributo que compõe o espaço urbano.
  • 15.
  • 16.
  • 17. Cidadania Cultural O museu é lugar do sonho, devaneio, informação de todo tipo, deleite estético, expansão da afetividade, da memória, da identidade – mas é também lugar de conhecimento, consciência, inteligibilidade. A inteligibilidade não é processo de pura racionalidade, mas se potencializa quando o afetivo e o estético podem impregnar o cognitivo. MENESES, 2002, p.9.
  • 18. Cidade Educadora • Aprender a cidade: a própria cidade é tomada como conteúdo de educação – sua história, geografia, arquitetura, projeto urbanístico etc. Aprender a cidade é aprender a lê-la criticamente. • Aprender na cidade: trata-se de usufruir de instituições, equipamentos, meios e recursos presentes na cidade, convertendo-os em experiências educativas. • Aprender da cidade: a cidade é entendida como fonte direta de processos de formação e socialização, um agente informal de educação. Ela possui um “currículo oculto” que transmite valores, normas, atitudes, costumes e formas de vida, por meio de modelos de comportamento e de relações sociais. Trilla Bernet (1997)
  • 19. Espero que as reflexões apresentadas aqui possam trazer subsídios para os estudos da relação entre educação e cidade, e principalmente contribuir para que as cidades tornem-se cada vez mais educadoras. Obrigada!