1. Currículo e Didática na Educação de Surdos
Tutor externo: Professor Interprete de Libras - Marcos
Samuel Cardoso de Novais
2.
3. Currículo e Didática na Educação de Surdos
» EMENTA DA DISCIPLINA:
» A didática nas diferentes correntes pedagógicas. Teorias e concepções de
ensino na Educação de surdos. Educação Bilíngue. A didática surda e o
espaço de sala de aula. O ensino de língua de sinais e a diversidade textual
sinalizada. A experiência visual: educação infantil e ensino fundamental. O
currículo na educação de surdos. Propostas de ensino para educação de
surdos.
4. OBJETIVOS DA DISCIPLINA:
Esta disciplina tem por objetivos:
• Identificar os diferentes conceitos de currículo e as possibilidades de organização dos saberes
na educação de surdos;
• Analisar os conceitos de didática sob a perspectiva de diferentes teorias;
• Conhecer as implicações didáticas inerentes à educação de surdos.
5. Para iniciar os estudos,
vamos refletir sobre as
primeiras impressões de
currículo. O que significa
a palavra currículo para
você?
» Acadêmicos, organizem-se em grupos de 5 a 6 componentes,
recortem de revistas e/ou jornais, palavras que tenham relação com
CURRÍCULO. Depois utilizem as palavras recortadas e montem uma
frase que responda à pergunta. Colem-na na folha disponibilizada pelo
tutor e socializem-na com seus colegas.
» Organizem um texto coletivo com todos os trabalhos e adicionem um
título. Vocês terão a primeira noção do grupo do que venha a ser
CURRÍCULO!
Fonte: https://goo.gl/F8NBVs
6. » Currículo é uma palavra proveniente do latim currere, que indica caminho,
trajetória, um percurso a ser realizado nas relações existentes entre escola e
sociedade.
» Há diferentes modos de entendimento do conceito de currículo, dependendo
do autor e de seu contexto histórico.
Fonte: https://goo.gl/cmvg3y
7. O início dos estudos
sobre currículo contou
com a influência dos
educadores americanos
John Dewey, Franklin
John Bobbit e Ralph
Tyler.
No Brasil, essas ideias
chegaram no ano de
1932 por meio do
movimento dos
pioneiros da Escola
Nova.
Desde então, muitos
estudiosos discorrem
sobre currículo.
O currículo é um instrumento que pensa a educação e as aprendizagens
necessárias ao desenvolvimento do aluno. Permeia aspectos
importantes como o que ensinar, como ensinar, por que ensinar e
quando avaliar.
Fonte: https://goo.gl/TbLBvx
8. Então, qual é o significado de currículo?
O currículo é uma construção social e histórica, na qual circulam e se produzem saberes, relações de poder
e subjetividades determinadas.
Entende-se então, que as políticas que envolvem o currículo fazem parte de diferentes tradições e
concepções sociais de alguém ou de um grupo.
Fonte: https://goo.gl/BSJesn
9. Quais são os sentidos que podemos atribuir para a palavra
CURRÍCULO?
Vamos organizar um acróstico com a palavra CURRÍCULO? Para cada letra atribua uma palavra que tenha
sentido. Conversem e discutam sobre o assunto. Organizem um acróstico coletivo numa folha de papel
pardo. Lembre-se, tutor, de registrar a dinâmica em portfólio e nos enviar por e-mail.
Fonte: https://goo.gl/kN6qpn
10. Constituição do currículo ao longo do processo histórico e educacional
CURRÍCULO
Grade
curricular
Conteúdos
Objetivos de
aprendizagem
Funções da
escola
Reprodução
valores e
ideologias da
sociedade
Prática
pedagógica
Formação
professores
alunos
Orientação
didática
11. As alterações
econômicas e sociais
influenciaram
diretamente a elaboração
de “Teorias sobre
currículos”, o
conhecimento e o
progresso foram os
objetivos centrais das
reformas educativas.
As teorias curriculares expressam as tradições e crenças de um
determinado período histórico e suas mudanças sociais, sobretudo as
ideologias, observando os comportamentos didáticos, políticos, culturais,
administrativos, econômicos e outros que influenciam sua constituição.
Fonte: https://goo.gl/rq5fwf
12. • Combatiam o currículo humanista.
• Bobbit como precursor do modelo de currículo baseado na
teoria fabril de Taylor.
Teorias
Tradicionais
• Bases filosóficas iniciais baseadas em Kant, Hegel e Marx.
• A preocupação não estava mais em como fazer o currículo,
mas em compreender o que o currículo representa.
Teorias
Críticas
• Termo pós não no sentido de superação, mas na dissociação
entre as análises marxistas da primeira e as análises
discursivas da segunda.
• Contestam ideias que aprisionam o sujeito, problematizando
as relações saber-poder e a cultura.
Teorias
Pós-Críticas
13. • A cultura surda engloba a forma do
surdo compreender e interagir com o
mundo, incluindo costumes, hábitos,
ideias e crenças.
• Existe uma relação intercultural, de
trocas e compartilhamento de
ambas as culturas (ouvintes e
surdos).
• Os artefatos culturais presentes na
cultura surda consistem na
experiência visual, linguística,
familiar, literatura surda, vida social e
esportiva, artes visuais, política e
diversos materiais.
CULTURA SURDA
14. O currículo seria um instrumento que
serve para orientar o trabalho do
professor, pensado e construído no dia a
dia de acordo com os interesses e
curiosidades dos alunos.
Ele se molda de acordo com as
circunstâncias da sala de aula, assim o
planejamento, conteúdos e atividades, os
procedimentos metodológicos serão
desenvolvidas e adaptados conforme as
aptidões e características das turmas.
Deverá ser uma trajetória que leva ao
desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem, considerando os saberes da
cultura e da identidade surda.
O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
15. • Para a didática cultural o
planejamento da educação de
surdos está relacionado à seleção de
temas que valorizem a cultura surda,
que coloquem o sujeito surdo como
protagonista, ou seja, o surdo é
encarado como um sujeito cultural.
• Há necessidade de constante
reflexão sobre a prática pedagógica
e, acima de tudo, sobre a postura
profissional. O planejamento deverá
ser um eixo norteador, flexível,
atendendo as reais necessidades de
todos os alunos.
DIDÁTICA CULTURAL
16. • A Pedagogia Surda valoriza o saber
do povo surdo, o que abrange a arte,
a história de vida, a comunidade
surda, a cultura, a identidade e,
consequentemente, a língua inserida
neste contexto como primeira língua.
• A pedagogia surda objetiva novos
horizontes na educação dos surdos,
visto que o sujeito surdo apresenta
especificidades diferentes das dos
ouvintes, considerando todos os
aspectos, inclusive os de formas
culturais.
PEDAGOGIA SURDA
18. TÓPICO 1
» Sabe-se que currículo e didática são conceitos que caminham
juntos no contexto educacional. A fim de que você os assimile e
os diferencie com mais facilidade, apresentamos unidades
dedicadas especialmente para cada um deles. Na Unidade 2,
analisaremos com mais profundidade o conceito de didática,
abordando os seus diferentes conceitos ao longo da história,
as diferentes concepções acerca da didática e a sua relação
direta com a avaliação escolar.
1 INTRODUÇÃO:
A DIDÁTICA NO
DECORRER DA
HISTÓRIA.
19. HISTÓRIA, CONCEITO E
IMPLICAÇÕES
» Quando nos dedicamos a estudar um assunto, é de fundamental
importância conhecer, principalmente, o contexto histórico. Desta forma,
estudar os recortes históricos acerca da didática nos possibilita conhecer
o ponto de partida e o panorama atual, compreendendo com maior
clareza o percurso percorrido.
» Assim, identificamos em que aspectos ainda precisamos evoluir. Por isso,
inicialmente, realizaremos uma viagem ao longo da história, percebendo
de que forma a didática evoluiu. Posteriormente, conceituaremos o termo
didática e analisaremos de que forma ela implica e influencia a educação.
2 DIDÁTICA:
20. Sócratess
2.1 A HISTÓRIA EVOLUTIVA DA DIDÁTICA
O estudo da didática nos remete, obrigatoriamente, a algumas
personalidades que foram as peças-chave na evolução deste conceito tão
relevante. Destacaremos, a partir de agora, algumas delas.
» Sócrates é uma figura célebre no contexto educacional, ele construiu um
método chamado de ironia. Este método perpassava dois momentos: a
refutação e a maiêutica.
» Haydt (2006) explica que primeiramente, na refutação, o aluno recebia
objeções e tentava responder aos questionamentos de Sócrates até
haver a contradição. Em um segundo momento, Sócrates passa do
conhecido para o desconhecido, do fácil para o difícil, com a utilização de
perguntas conduzindo o outro à reflexão, à descoberta e formulação
pessoal de respostas.
Sócrates foi um
filósofoateniense do
período clássico da
Grécia Antiga.
21. Uma das mais famosas frases de Sócrates é “Só sei
que nada sei”, a qual indica que a sabedoria está ligada
de forma direta à busca constante de conhecimento.
Sócrates criou um método de investigação do conhecimento através da
maiêutica, “técnica de trazer a luz”, no qual, por meio de sucessivas questões,
se chegava à verdade. Esse caminho usado por Sócrates era um verdadeiro
“parto”, no qual ele induzia os seus discípulos a praticarem, mentalmente, a
busca da verdade última. O princípio da filosofia de Sócrates estava na frase
“conhece-te a ti mesmo”. Antes de lançar-se em busca de qualquer verdade, o
homem deve antes analisar-se e reconhecer sua própria ignorância.
Disponível em: <http://pgl.gal/socrates-metodo-da-maieutica-ironia/>. Acesso
em: 11 maio 2018.
22. FONTE:
Disponível em:
<https://goo.gl/xj
vQbo>. Acesso
em:
23 abr. 2018.
» O conceito de didática nasce junto com a Pedagogia Moderna, no século XVII, com
a publicação da Didática Magna, em 1632, de João Amós Comenius (1592-1670),
comumente conhecido somente por Comenius. Esta publicação é um divisor de
águas na educação e sua influência nas instituições escolares ocorre até hoje.
» Comenius demonstrou um espírito bastante inovador para a época em que viveu,
pois segundo Luzuriaga (1985), ele já defendia uma educação para todos –
meninos e meninas, qualquer que fosse sua classe social. “Ensinar tudo a todos”
(COMENIUS, 2001, p. 11) – este era o seu lema.
» Na Didática Magna, Comenius aborda o objetivo da didática em si, que é “[...]
investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os
alunos aprendam mais [...]” (COMENIUS, 2001, p. 12).
» Percebemos que a publicação de Comenius, Didática Magna, sistematiza ou, pelo
menos, inicia a sistematização da Pedagogia e da Didática. Segundo Perlin e
Rezende (2011), Comenius sistematizou o ensino e suas práticas educativas
criticando o processo de aprendizagem das crianças naquela época. Sim, nesta
época, as crianças eram tidas como adultos em miniatura, tinham que aprender
como os adultos. A ideia principal da obra de Comenius é ensinar tudo a todos,
incluindo mulheres e deficientes – que era bastante inovadora para o contexto
histórico-filosófico da época em questão.
23. JOHANN
HEINRICH
PESTALOZZI
1 A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
» Dando continuidade ao processo evolutivo da terminologia Didática, podemos citar
um notável filósofo chamado Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Entre suas
principais obras, podemos destacar Emílio, ou Da Educação e Do Contrato Social.
Santana (2016) explica que Rousseau defendia o ser humano como sendo
naturalmente bom. Suas ideias estavam focadas, principalmente, na liberdade e na
sociedade.
» Martins (2009) explana que as ideias de Rousseau serviram de base para a
renovação ideológica que resultou na Revolução Francesa, com influências
consideráveis no mundo ocidental.
» Johann Heinrich Pestalozzi preocupa-se, principalmente, com a formação do
homem integral. Para ele, o mais importante era “ [...] o desenvolvimento humano
das habilidades e dos valores [...]” (CARVALHO, 2011, p. 1). Ele acreditava que este
processo ocorria de forma natural.
JEAN-
JACQUES
ROUSSEAU
24. 1 A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
» John Frederick Herbart (1776-1841), inspirado por Pestalozzi, objetivava uma
formação moral, por isso buscou assimilar de forma mais científica os aspectos
basilares no que tange à unidade do desenvolvimento e da vida mental.
» Herbart formulou a teoria do interesse. Haydt (2006) explica que para Herbart, o
interesse é uma forma de prender a atenção do aluno durante a aula, favorecendo
assim a assimilação de novos conceitos e ideias.
JOHN FREDERICK HERBART
25. Herbart também elaborou um método instrucional, composto por cinco
passos, apresentados no quadro a seguir.
PREPARAÇÃO Ao professor cabe instigar seu aluno pelo que ele sabe e assim
conseguir abrir novas possibilidades na obtenção de novos
conteúdos.
APRESENTAÇÃO Com a estimulação do aluno junto ao que ele sabe, o professor
apresenta novo conteúdo que tenha ligação com o que já foi
obtido pelo estudante.
ASSOCIAÇÃO O aluno realiza, neste momento, uma junção do que já sabia com
o novo conteúdo.
SISTEMATIZAÇÃO O aluno, ao assimilar o conteúdo, realiza uma ligação do que já
sabe com o novo e assim constrói novos conhecimentos.
APLICAÇÃO Com o aluno são realizadas avaliações através de provas que
determinam se ele adquiriu novos conhecimentos.
26. » Friederich Froebel (1782-1852) dava atenção especial à criança e sua infância, os jogos e
brincadeiras. Segundo Luzuriaga (1985, p. 201), Froebel acreditava que “os primeiros anos
de vida são os decisivos no desenvolvimento mental do homem”. Por isso, ele é
considerado o pai do jardim de infância.
» Martins (2009) ainda destaca John Dewey (1859-1952), que se posiciona de forma firme e
contrária ao ensino tradicional e sua passividade. Para ele, a concepção de vida e de
educação é guiada pelas necessidades sociais. “É dele a fórmula: vida humana = vida social
= cooperação” (MARTINS, 2009, p. 9).
» Mais tarde, John Dewey influencia o movimento Escola Nova, que se opunha de forma
ferrenha ao ensino tradicional. Muitos nomes ainda poderiam ser aqui destacados, mas
esperamos que o breve estudo de tais personalidades no contexto educacional aguçe sua
curiosidade a ponto de motivá-lo a pesquisar mais e aprofundar seus conhecimentos.
Desafie-se!
FRIEDERICH
FROEBEL
JOHN
DEWEY
27. 2.2 A DIDÁTICA NO BRASIL
» A chegada dos jesuítas, em 1549, dá início àeducação formal no Brasil. A influência deste
grupo perdurou até 1759. O objetivo educacional até então era catequizar e aculturar os
negros e índios.
» Logo após este período, a Pedagogia Tradicional Leiga entra em vigor. Herbart, mencionado
anteriormente, é adepto desta pedagogia. Para Veiga (1989,p. 11), o conceito de didática na
Pedagogia Tradicional “[...] é entendido como um conjunto de regras que visa assegurar aos
futuros professores as orientações necessárias ao trabalho docente”. Nesta concepção,
teoria e prática encontram-se em campos opostos.
» Em 1932, o movimento escolanovista, com o lançamento do Manifesto dos Pioneiros da
Escola Nova, se contrapõe à Pedagogia Tradicional. Martins (2009, p. 11) explica que este
movimento favorece os “[...] aspectos técnicopráticos do processo ensino-aprendizagem”.
Devido à Pedagogia Tecnicista, a Escola Nova começa a perder forças a partir de 1960. A
educação em si estava descontextualizada, dissociada da realidade. O conceito de didática
a partir daí passa a se relacionar diretamente como a “[...] eficiência e a eficácia do processo
de ensino-aprendizagem (sic)” (MARTINS, 2009, p. 12).
28. Neste tópico, recorremos ao quadro montado pela professora Marluce Jacques de Albuquerque (2002). Nele,
conseguimos visualizar, com riqueza de detalhes, o processo histórico da didática em nosso país.
29. O quadro nos possibilita a visualização de forma mais sucinta dos fatos históricos que
influenciaram a didática no Brasil. Percebemos avanços significativos, bem como
lacunas que ainda não foram preenchidas.
30. CONCEITO
2 DIDÁTICA: O termo Didática é uma terminologia muito utilizada no
contexto educacional, assumindo múltiplos significados
e, por isso, muitas vezes, conceituada de forma
errônea. O jeito de ensinar, a metodologia, a forma
como cada docente explica. Estes e tantos outros
significados são atribuídos ao termo Didática.
Didática é teoria e prática, planejamento, estratégia de
ensino, perguntas motivadoras e raciocínio. O estudo
da didática no processo de formação de docentes é
muito importante. A didática enquanto disciplina estuda
possíveis estratégias, metodologias, planejamento –
enfim, como melhorar o processo de ensino e
aprendizagem do aluno.
31. TÓPICO 2:
CONCEPÇÕES
TEÓRICAS DE
DIDÁTICA
DIDÁTICA:
INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as tendências pedagógicas e
as concepções teóricas acerca da didática além de suas
influências no processo histórico e filosófico da educação.
O estudo das concepções teóricas sobre a didática nos
propiciam momentos de reflexão no que tange analisar a
evolução com relação a este conceito tão importante no
contexto educacional.
32. 2 AS TENDÊNCIAS
PEDAGÓGICAS DA
EDUCAÇÃO
DIDÁTICA: Ao longo da história da educação brasileira, percebemos a gama variada de
tendências pedagógicas que influenciaram e continuam influenciando o
contexto educacional do nosso país. Cada tendência apresenta sua concepção
acerca da educação.
Para Libâneo (1990), autor referência quando falamos de didática, para
melhor entendimento, houve necessidade de classificar as tendências
pedagógicas
33. 2.1 PEDAGOGIA LIBERAL
DIDÁTICA: Em linhas gerais, podemos afirmar que o objetivo
da educação nesta pedagogia é fazer com que o
indivíduo se adéque às normas da sociedade.
Libâneo (1990) defende que a pedagogia liberal
manifesta a sociedade de classes, ou seja, o
aspecto basilar desta pedagogia é o capitalismo,
visando a capacitação das pessoas para
desempenharem seus respectivos papéis sociais.
34. 2.1.1 Tendência
Tradicional
DIDÁTICA: Nesta tendência, o papel da escola fica exclusivamente no repasse dos
conteúdos. O compromisso da escola nada tem a ver com os problemas
sociais. Quanto ao relacionamento professor/aluno, cabe destacar que
o professor é símbolo máximo de autoridade e ao aluno cabem o
silêncio, a atenção e a responsabilidade de fixar os conteúdos expostos
a fim de se desenvolver. O ensino profissionalizante é visto como uma
alternativa ou saída aos alunos que não conseguem acompanhar o
desenvolvimento da maioria da classe.
A metodologia aplicada está intrinsecamente relacionada à
demonstração e exposição verbal. Os métodos de ensino utilizam
exaustivamente a repetição e a memorização.
Libâneo (1990) explica que a famosa ‘decoreba’ é uma das
características principais desta tendência. A avaliação não é um meio,
torna-se um fim em si mesma. O objetivo da avaliação é medir,
quantificar o conhecimento do aluno.
35. 2.1.2 Tendência
Liberal Renovada
Progressista
DIDÁTICA: Na Pedagogia Liberal Renovada Progressista, percebemos
um avanço significativo no que tange ao papel da escola,
pois as necessidades sociais são adequadas ao meio social.
No quesito conteúdos de ensino, percebe-se uma mudança
significava de perspectiva, pois segundo Libâneo (1990, p.
25), “Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos
mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos
organizados racionalmente [...] é mais importante o processo
de aquisição do saber do que o saber propriamente dito”. Ou
seja, os processos mentais são valorizados em detrimento
aos conteúdos.
O método era a experiência, o aprender fazendo. O
relacionamento professor/aluno sofre uma transformação
drástica nesta tendência, pois professor não tem mais lugar
privilegiado. Seu papel é auxiliar no desenvolvimento dos
alunos.
36. 2.1.3 Tendência
Liberal Renovada Não
Diretiva (Escola
Nova)
DIDÁTICA: Nesta tendência, os conteúdos de ensino não são
essenciais, haja vista que o mais importante é o processo. O
método não é importante. O professor pode desenvolver
sua própria forma de ajudar os alunos a se organizarem. O
mais relevante nesta tendência é o relacionamento entre
professor e aluno. O professor assume o papel de um
especialista em relações humanas e o foco da educação
está no aluno. Os pressupostos da aprendizagem nesta
tendência estão relacionados também à motivação, mas
neste caso estão relacionados ao desejo de adequação
pessoal e autorrealização. A avaliação não tem papel de
destaque na tendência liberal renovada não diretiva. O
aluno avalia o que aprendeu neste processo. A
autoavaliação é destacada.
37. 2.1.4 Tendência
Liberal Tecnicista
DIDÁTICA: O objetivo principal da Tendência Liberal Tecnicista
“[...] é o de produzir indivíduos ‘competentes’ para o
mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente,
informações precisas, objetivas e rápidas”
(LIBÂNEO, 1990, p.29).
O papel da escola nesta tendência está
intrinsecamente ligado à modelagem do
comportamento humano, visando o aprimoramento
de conhecimentos, habilidades e atitudes.
Libâneo (1990) explica que os conteúdos de
ensino são organizados de forma sistemática em
livros didáticos e vídeos. A subjetividade deixa de
existir.
38. 2.2 PEDAGOGIA
PROGRESSISTA
DIDÁTICA: A Pedagogia Progressista é conceituada por
Libâneo (1990) como uma forma crítica das
realidades sociais, sustentando de forma implícita
as finalidades da educação. Segundo ele, a
Pedagogia Progressista é “um instrumento de luta
dos professores ao lado de outras práticas sociais”
(LIBÂNEO, 1990, p. 32).
A Pedagogia Progressista é composta pelas
seguintes tendências: libertadora, libertária e a
crítico-social dos conteúdos.
39. 2.2.1 Tendência Progressista
Libertadora
DIDÁTICA: A Tendência Progressista Libertadora “[...] questiona
concretamente a realidade das relações do homem
com a natureza e com os outros homens, visando uma
transformação – daí a ser uma educação crítica”
(LIBÂNEO, 1990, p. 33). Ainda afirma que tanto a
educação tradicional bancária que deposita
informações no aluno, bem como a educação renovada
que domestica, em nada contribuem para uma
transformação social realmente efetiva.
O pioneiro nesta tendência é o famoso educador
brasileiro Paulo Freire, reconhecido internacionalmente.
Podemos afirmar que o lema educacional de Paulo
Freire é o processo de construção de conhecimento do
aluno partindo da contextualização da realidade dele.
40. 2.2.2 Tendência Progressista
Libertária
DIDÁTICA: Na Tendência Progressista Libertária, percebe-se
uma definição muita clara do papel da escola,
sendo este o de influenciar no processo de “[...]
transformação na personalidade dos alunos num
sentido libertário e autogestionário (sic)”
(LIBÂNEO, 1990, p. 36).
O papel do professor é redefinido enquanto
orientador e catalisador. O aluno passa a ser
visto enquanto um ser livre. O autoritarismo não
é aceito nesta tendência.
41. 2.2.3 Tendência
Progressista Crítico-
Social dos
Conteúdos
DIDÁTICA: Na Tendência Crítico-Social dos Conteúdos, o
aprender é “[...] desenvolver a capacidade de
processar informações e lidar com os estímulos do
ambiente, organizando os dados disponíveis da
experiência” (LIBÂNEO, 1990, p. 37). O aluno
participa muito mais e o professor atua enquanto
observador e mediador.
Ainda assim, em alguns casos o docente desperta
outras necessidades e mobiliza o aluno a participar
de forma mais ativa (LIBÂNEO, 1990).
42. DIDÁTICA: A didática na teoria tradicional propõe a organização
técnica dos conteúdos a partir de um modelo. Na didática
tradicional, o professor segue de forma bastante rigorosa
o que foi planejado, com rigidez, sem flexibilidade.
Na didática na teoria crítica, o foco da didática passa a
ser o estudo da ideologia, reprodução cultural e social.
Na didática na pós-modernidade, há um incentivo à
produção cultural. Também nomeada de didática cultural,
esta abarca outras temáticas, entre elas, alteridade,
identidade, diferença, subjetividade, entre outros.
CONCEPÇÕES
TEÓRICAS DE
DIDÁTICA
43. TÓPICO 3
DIDÁTICA E
AVALIAÇÃO
DIDÁTICA:
• A avaliação escolar é um processo de transformação em
busca de uma nova modalidade de escola.
• A avaliação é classificada em três modalidades:
diagnóstica, formativa e somativa.
Avaliação Diagnóstica: reconhece os caminhos
percorridos e identifica os caminhos a serem seguidos.
Avaliação Formativa: participa da regulação das
aprendizagens. Está centrada direta e imediatamente na
aprendizagem do aluno.
Avaliação Somativa: é aquela realizada ao final de uma
unidade curricular ou de um período (bimestre, trimestre,
semestre ou ano letivo), tendo como objetivo principal
expor os resultados alcançados pelo aluno.
• O exame é pontual, classificatório e excludente.
• A avaliação leva em conta o processo como um todo, é
dinâmica e sua principal função é diagnosticar.
44. UNIDADE 3 – CURRÍCULO E DIDÁTICA VERSUS
CULTURA SURDA
45. CURRÍCULO E DIDÁTICA
VERSUS CULTURA
SURDA
TÓPICO 1 2 CULTURA SURDA: CONCEITO
Você sabe o que é cultura surda?
O que vem a sua mente quando ouve essa expressão?
Você tem alunos, colegas, algum amigo, parente
surdos?
Ou nunca teve contato mais próximo com uma pessoa
surda?
No Fique por Dentro dessa semana, vamos trazer
algumas informações sobre a cultura surda, abordando
elementos com os quais você talvez até já tenha tido
contato e outros que você não imaginava.
46. A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios
da vida dos sujeitos que se reconhecem como surdos,
abrangendo não apenas aspectos mais corriqueiros da vida de
cada um, mas também o grupo social que constituem.
A privação do sentido da audição não inviabiliza a interação
linguística, a participação social ou a produção cultural das
pessoas surdas. Na verdade, abre possibilidades alternativas
para a sua atuação nessas áreas. Ao nos aproximarmos mais
da realidade surda, pela vivência e pelo estudo, descobrimos
que ela comporta um rico, complexo e instigante conjunto de
elementos culturais caracterizados pelas formas alternativas
de produção e interação dessas pessoas, alimentados e
enriquecidos nas comunidades surdas e, infelizmente, ainda
pouco conhecidos entre os ouvintes.
47. A seguir, procuramos referir e descrever sucintamente
alguns elementos que fazem parte da cultura surda.
Visualidade: a vivência surda é muito visual. A visão é
possivelmente o principal sentido de contato com o mundo,
de apreensão e significação das informações. Na
visualidade se centram, certamente, a maior parte das
alternativas planejadas para a pessoa surda, como se
observará mais adiante.
Linguístico: as línguas de sinais, de características
visuoespaciais, são as línguas naturais para as pessoas
surdas. A língua de sinais é tão complexa quanto qualquer
outra. Não se trata de uma versão em sinais de uma língua
oral como o português, nem de simples gestos ou mímica,
embora estes possam ser usados quando ainda não se
sabe a língua de sinais, mas de um sistema complexo, com
regras próprias. Em salas de aula, eventos públicos ou
mesmo na televisão, deve ser feita a tradução entre a língua
48. Família: ligada ao nascimento de filhos surdos em lares
ouvintes e de filhos ouvintes em lares surdos, ou mesmo
de filhos surdos em lares surdos. Nesse âmbito, muitas
questões ligadas à aceitação, à superproteção, à
concepção sobre a surdez são discutidas.
Comunidade surda: composta por surdos e por ouvintes
militantes da causa, como professores, familiares,
intérpretes, amigos, entre outros.
Associações e organizações: centros cuja importância se
manifesta, por exemplo, na possibilidade de o surdo
interagir com outras pessoas surdas, o que favorece a
construção da sua identidade, a possibilidade de aprender
a língua de sinais, as lutas sociais do segmento, por vezes,
abraçadas nessas organizações, etc
49. Literatura surda: arte que abarca produções
literárias em língua de sinais e produzidas por
pessoas surdas.
Artes visuais: que englobam o teatro surdo e as
artes plásticas.
Criações e transformações materiais:
exemplificadas pelas soluções alternativas para as
pessoas surdas, como campainhas luminosas,
telefones adaptados (Telecommunications device
for the deaf - TDDs), dispositivos de vibração
(relógios, celulares) em substituição ao
despertador, etc
50. A EDUCAÇÃO (...) TEM QUE DESAPRENDER UM GRANDE
NÚMERO DE PRECONCEITOS, ENTRE ELES O DE
“QUERE FAZER DO SURDO UM OUVINTE”
Gládis Perlin
Primeira Professora doutorada surda no Brasil