Aula 36. O Sermão do Monte
Programa da Escola de Aprendizes do Evangelho. Aula ministrada na fraternidade espírita Paulo de Tarso, na cidade de São José dos Campos/SP, no dia 29/11/2017.
O compartilhamento desses slides visa de alguma forma acrescentar ao estudo crítico e a divulgação da doutrina espírita, sem nenhuma pretensão de ter a verdade absoluta ou exaugir o tema.
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
Aula 36. O Sermão do Monte. Escola de Aprendizes do Evangelho
1. AULA 36. O SERMÃO DO MONTE
ESCOLA DE APRENDIZES DO
EVANGELHO
29 de Novembro de 2017
Expositora: Lilian Dias
Lilian.C.Dias@gmail.com
2. OBJETIVOS DESSA AULA
Refletir sobre a simbologia da Montanha e recordar alguns marcos da história hebraico-judaico-cristão
envolvendo Montes e Montanhas.
Mostrar a divisão bíblica dos Sermão do Monte, destacando alguns pontos ainda muito atuais.
I. As bem-aventuranças.
II. A missão do Cristão na Terra.
III. A interpretação correta da Lei.
IV. A caridade e a oração em segredo. Jesus nos ensina como rezar.
V. A busca dos valores do Céu.
VI. As orientações finais.
Reflexão de conclusão.
3. AVISO IMPORTANTE:
Grande parte dos expositores espíritas possuem treinamento e estudam para trazer o
melhor que podem para as aulas da EAE, todavia, é importante lembrar que, assim como
os alunos, os expositores ainda são aprendizes; portanto, crianças espirituais buscando se
instruir e se iluminar através dos ensinamentos do Mestre Jesus, o único modelo seguro a
ser seguido para quem busca a evolução moral.
Dessa forma, durante essa aula, abra o seu coração para absorver apenas o que for
melhor dos estudos dessa noite, pratique a caridade de ouvir de forma ativa e pratique
também a compaixão para com os possíveis enganos ou exageros dos expositores.
Tenha uma ótima aula.
4. A SIMBOLOGIA DA MONTANHA
Monte Everest, localizado na Cordilheira do Himalaia (Nepal)
8.848 metros de altitude
Considerada a montanha mais alta do mundo,
pelo critério do nível do mar.
Acima de 3 mil metros, uma pessoa
não aclimatada pode passar mal.
5. A SIMBOLOGIA DA MONTANHA
A montanha encerra o simbolismo da transcendência. É o encontro entre o céu e a terra, considerada a morada
dos deuses e objetivo da ascensão do homem.
Em quase todas as histórias de deuses, as montanhas assumem-se como lugares de máxima concentração do
divino, de lugar mais próximo da perfeição divina, de comunhão com o sagrado.
O Olimpo sempre foi a montanha sagrada dos Gregos Antigos, como também o monte Fuji para os Japoneses.
Porém, especialmente na Bíblia os montes sempre exerceram uma importância muito grande devido aos feitos
históricos acontecidos nas elevações comuns da Terra Santa, não apenas em Israel, mas também na Jordânia e
no Egito. A seguir, vejamos apenas alguns desses montes e desses fatos:
6. ALGUNS MONTES DA BÍBLIA E A SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA HEBREICO-JUDAICO-CRISTÃ
Monte Moriá
Um dos primeiros montes da Terra Santa citado nas Escrituras, o Moriá ficou conhecido como o Monte da
Provação. Foi nesta elevação que Abraão levou seu filho Isaque ao sacrifício pelo amor a Deus. Foi
também no Moriá que o Rei Salomão construiu o Templo de Deus (Jerusalém). Hoje o Moriá é conhecido
como “Montanha das Lágrimas”. Após a destruição do templo restou apenas uma muralha na qual judeus de
todo o mundo choram seu exílio, o Muro das Lamentações.
Monte Sião
Muito conhecido pelo nome mundialmente, o Monte Sião é o guardador da Arca da Aliança até a construção
do Santo Templo. O nome do monte é usado muitas vezes na Bíblia para designar a própria Terra Santa. O
monte Sião é o mais alto da Terra Santa, também localizado em Jerusalém. É o local onde supostamente está
a sepultura do Rei David.
7. ALGUNS MONTES DA BÍBLIA E A SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA HEBREICO-JUDAICO-CRISTÃ
Monte Sinai
O Monte Sinai é um dos mais famosos relatados na Bíblia e hoje faz parte do território egípcio. Conhecido
como o Monte de Deus, foi no Sinai que o Senhor apareceu a Moisés em forma de uma Sarça Ardente. No
Sinai, Deus entregou a Moisés a Tábua da Lei que continha os 10 mandamentos do Senhor.
Monte Nebo
O Monte Nebo, também conhecido como Pisga, hoje faz parte do território da Jordânia. Foi no cume deste
monte que Moisés avistou a Terra Prometida sem poder entrar. Ali Moisés morreu e foi enterrado por Deus.
Monte Carmelo
Um dos mais conhecidos relatos da bíblia de guerra entre a fé e idolatria aconteceu no Monte Carmelo,
localizado a noroeste de Israel. Foi no cume do Monte que o profeta Elias batalhou com os 400 profetas de
Ball. O Monte Carmelo também foi palco de milagres de Deus realizados através do profeta Eliseu.
8. ALGUNS MONTES DA BÍBLIA E A SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA HEBREICO-JUDAICO-CRISTÃ
Monte das Tentações
Localizado na cidade de Jericó (atualmente território da Cisjordânia), este é o Monte onde Jesus foi tentado
pelo Diabo, logo após seu batismo. Do alto deste monte, Satanás mostrou a Jesus todos os reinos e ofereceu-
lhe poder sobre todos.
Monte das Bem Aventuranças
O monte é muito conhecido e ganhou esse nome
devido ao famoso Sermão da Montanha, proferido
neste local por Jesus. O monte apresenta uma visão
maravilhosa da cidade de Tiberíades, que fica à
nordeste de Israel/ atualmente faz fronteira com a
Síria, e de muitos locais em que Jesus pisou durante
seu ministério (mar da Galiléia ou lago de
Genesaré, cidade de Carfarnaum, etc.)
9. ALGUNS MONTES DA BÍBLIA E A SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA HEBREICO-JUDAICO-CRISTÃ
Monte Gólgota
Calvário ou Gólgota é o nome dado à colina na qual Jesus foi crucificado e que, na época de Cristo,
ficava fora da cidade de Jerusalém. O termo “Gólgota” significa "caveira", referindo-se a uma colina ou
platô que contém uma pilha de crânios ou a um acidente geográfico que se assemelha a um crânio.
Monte Tabor
Localizado na Galileia, o Tabor foi o monte onde aconteceu a
transfiguração de Cristo enquanto conversava com os profetas
Moisés e Elias.
Monte das Oliveiras
O Monte das Oliveiras abriga o famoso Jardim do Getsemani,
onde Jesus orava e passou um de seus momentos mais
angustiantes na noite anterior à crucificação.
10. Divisão e Brevíssimo Resumo do Sermão do Monte
Parte I – As bem-
aventuranças:
Bem-aventurados os
pobres...
Bem-aventurados os
que choram...
Bem-aventurados os
que têm fome e
sede...
Bem-aventurados os
mansos...
Bem-aventurados os
misericordiosos...
Bem-aventuradors os
limpos de coração...
Bem-aventurados os
pacificadores...
Bem-aventurados os
perseguidos...
Parte II – A missão do
Cristão na Terra:
Sal da Terra
Luz do Mundo
Parte III – A
reinterpretação da Lei:
Não vim destruir
a Lei e os Profetas
Reconciliar com os
adversários
Se teu olho é causa
de queda,
arranque-o
Não jurarás falso
testemunho
Se alguém te ferir a
face esquerda,
ofereça também a
direita
Amai os vossos
inimigos
Parte IV – Caridade e
oração em segredo
Que tua mão
esquerda ignore o
que faz a direita
Quando orardes
entre no teu quarto
Ao fazer sacrifícios
a Deus, faça-o com
alegria
Como rezar a Deus:
oração do Pai Nosso
Parte V – Buscai os
valores do céu
Não ajuntei tesouros
na terra
Os olhos são a
lâmpada do corpo
Não se pode servir
a Deus e a riqueza –
nada falta aos que
tem fé
Da mesma forma que
julgueis serás
julgados
Não lanceis pérolas
aos porcos
Faça ao próximo o
que gostaria que vos
fosse feito
Entrai pela porta
estreita
Cuidado com os
falsos profetas –
conhece-se a arvore
pelos frutos
Parte VI – Orientações
Finais:
Seja como o homem
sábio que constrói
sua casa sobre
a rocha
Coloque esses
ensinamentos em
prática
11. SERMÃO DO MONTE – PARTE I
AS BEM AVENTURANÇAS (MATEUS 5:2-12)
12. AS BEM-AVENTURANÇAS – INTRODUÇÃO
As pessoas da época, tal como hoje, estavam em busca, diligentemente, da felicidade e, assim como hoje,
ninguém tinha noção de como obtê-la. Não houve surpresa, portanto, no anúncio de que havia verdadeira
bem-aventurança (felicidade eterna) no reino de Deus. O choque veio com o tipo de povo que estava
destinado a obtê-la.
As bem-aventuranças falam exclusivamente de qualidades espirituais.
As preocupações históricas do homem, como a riqueza material, a condição social e a sabedoria, não
recebem atenção de Jesus. O Mestre claramente esboça um reino que não é deste mundo, um reino cujas
fronteiras não passam através de terras e cidades, mas através dos corações humanos.
13. BEM-AVENTURADOS OS POBRES, SOFREDORES E MANSOS
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Jesus começa tocando a fonte do caráter das pessoas: sua atitude para consigo mesmo na presença de Deus. Estes
"pobres" são aqueles que, possuindo pouco ou muito, tem consciência de seu próprio vazio espiritual.
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Os homens têm sido educados para acreditar que lágrimas têm que ser evitadas para ganhar a felicidade. A aflição, que
é inevitável aos homens mortais, seja qual for sua condição, pode ter efeitos saudáveis sobre nossas vidas, se nos
permitirmos senti-la e aprender com ela. Sobre as verdades da vida, as lágrimas têm sempre nos ensinado mais do
que os risos.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Mansidão é uma atitude para consigo, os outros e Deus. Ela é produto de uma escolha pessoal, ou seja, é a disposição
mantida por uma resolução moral, ao mesmo tempo em que se pode ter o poder e a inclinação para se comportar
diferente. Portanto, mansidão não é fraqueza e sim uma grande fortaleza.
14. BEM-AVENTURADOS OS QUEM TEM FOME E SEDE DE JUSTIÇA, SÃO
MISERICORDIOSOS E LIMPOS DE CORAÇÃO
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Jesus falava da fome do coração. Até mesmo as pessoas mais insensíveis são movidas pela fome do corpo, entretanto,
parece haver poucos que reconhecem a fome do espírito. Espiritualmente falando, os homens teimosamente se recusam a
reconhecer a enorme falta de significado da vida sem um propósito superior.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
A misericórdia vem da percepção penetrante da necessidade que a própria pessoa tem de obter a misericórdia, não
simplesmente a dos homens, mas especialmente a de Deus. Esta é uma misericórdia que mostra compaixão para com os
desamparados e estende o perdão até mesmo àquele que não se arrepende ou repete a ofensa.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Essa é a pureza de uma devoção sincera, uma atitude que é possível até para os ‘pecadores’. A verdadeira visão de
Deus não será concedida aos astutos e calculistas, que barganham com Deus; ou aos divididos, mas àqueles que são
absolutamente honestos e sinceros de coração para com Deus.
15. BEM-AVENTURADOS: OS PACIFICADORES E OS PERSEGUIDOS
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Não se trata dos pacificadores, no sentido comum, o da mediação de disputas, mas no mais alto sentido de trazer os
homens à paz com Cristo. Os verdadeiros pacificadores são aqueles que estão em paz com Deus e com os homens e que
pregam no mundo um evangelho de paz e reconciliação.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da Justiça, porque deles é o reino dos céus;
Aqui há uma conclusão que pode espantar a muitos: os pacificadores se tornarão os perseguidos. Jesus já adiantou que o
mundo não receberia bem quem os que O seguissem. Ao contrário. E por que? Por que o amor e a simplicidade ressaltam o
contraste do egoísmo de quem ainda não suporta a verdade e a luz e sente agudamente o julgamento silencioso da
inocência contrastante dos cristãos.
16. SERMÃO DO MONTE – PARTE II
A MISSÃO DO CRISTÃO NA TERRA (MATEUS 5:13-16)
17. “Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e
calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem se acende uma luz
para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim,
brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus."
A MISSÃO DO CRISTÃO: SER O SAL QUE TEMPERA E A LUZ QUE GUIA
O reino do céu não pretendia-se fechar sobre si mesmo, como um mosteiro gigante. Não fora pretendido que os seus
cidadãos vivessem em grande isolamento. É preciso estar no mundo sem ser mundano. Jesus sempre foi um homem do
povo. Sua vida foi vivida no meio de multidões. Ele sempre foi acessível, sempre vulnerável, sempre interessado.
É possível que sejamos perseguidos como Jesus foi, mas jamais devemos permitir que a nossa dor cesse a nossa
compaixão. A nossa missão, portanto, é junto da sociedade, levando os princípios éticos da doutrina de Jesus como um sal
que tempera equilibradamente todos os ambientes e relações, e como a luz que guia, ilumina e esclarece o maior número
de pessoas possível.
18. SERMÃO DO MONTE – PARTE III
A REINTERPRETAÇÃO DA LEI (MATEUS 5:17-48)
19. “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo:
passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.”
CUMPRIR A LEI E UMA DEVOÇÃO SEM HIPOCRISIA
Jesus ensinava o povo simples como agir com base na correta interpretação das escrituras. Indiretamente e
inevitavelmente, também desmarava a hipocrisia dos fariseus, escribas e doutores da lei, que mantinham o povo na
ignorância como meio de controle das massas, o que dava poder e prestígio a uma casta privilegiada.
“Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua
oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta.”
Jesus não veio modificar o conteúdo da Lei Mosaica, mas apenas ensiná-la aos mais humildes, que eram a maioria, que
não tinham acesso ao estudo da tradição judaíca, exceto através dos fariseus, que há muito já não praticavam a
verdadeira virtude. Jesus veio também corrigir equívocos interpretativos repassados de geração em geração,
demonstrando na prática como os ‘escolhidos’ deveriam vivenciar a Lei. Jesus também não veio desdizer os ensinamentos,
especialmente as predições dos grandes Profetas, ao contrário, Jesus era si mesmo o cumprimento de muitas profecias
feitas por esses enviados que O precederam.
20. “Vocês ouviram o que foi dito: 'Não adulterarás'. Mas eu digo: Qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério
com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que
ser todo ele lançado no inferno.”
O VERDADEIRO ADULTÉRIO E A TENTAÇÃO DA FOFOCA
Através dessa passagem, Jesus ensina como dar um primeiro passo bem básico em direção ao amor ao próximo: abster-se
de mentir, aumentando ou diminuindo fatos sobre os outros; abster-se de julgar; abster-se de denegir a imagem; abster-se
de incitar ou compactuar com fofocas. Pode parecer pouca coisa, mas o hábito de fofocar é um mal secular e persistente
na humanidade, denota baixo autoconhecimento, baixa autoestima, manipulação e inveja.
“Vocês também ouviram o que foi dito aos seus antepassados: 'Não jure falsamente, mas cumpra os juramentos que você fez diante do
Senhor’. Mas eu digo: Não jurem de forma alguma: nem pelos céus (...) Seja o seu 'sim', 'sim', e o seu 'não', 'não'; o que passar disso vem
do Maligno.”
Como todo pacifista verdadeiro, Jesus era muito corajoso e tocava nas feridas da sociedade. Em várias passagens o Mestre
se utiliza de questões graves da época como adultério, prostituição, corrupção, para exemplificar como os judeus vinham
aplicando a Lei conforme os seus interesses egoístas, sem reconhecer os seus próprios vícios ou assumir a sua parcela
de responsabilidade pelos ‘pecados’ da humanidade.
21. "Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir
emprestado."
NÃO RESISTA AO MAL, FORTALEÇA-SE NO BEM
O Mestre Jesus delicadamente mostrava que, apesar de crecrem no Deus único, na prática, àquele povo pouco se
diferenciava dos corruptos, idólatras e ateus da época. Jesus pedia uma mudança de comportamento que servisse de
exemplo e quem os diferenciassem em caráter e moral. Amar os que não pensam como a gente, nos agridem ou não nos
aceitam como somos, é sinal de uma fé inabalável sobre as características que Deus espera dos que viverão em ‘seu reino’.
"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. "Se amais somente os que vos amam, que recompensa
tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também
os pagãos?"
Jesus nos convida a parar de gastar energia resistindo à pressão das coisas ruins, típicas desse plano ainda infeliz. Mas,
ao contrário, pede que coloquemos mais força na prática do bem. É como dizia Madre Teresa: “nunca irei a uma
manifestação contra a guerra, mas se fizerem uma pela paz chamem-me”. Há uma grande sabedoria nesse ensinamento,
especialmente porque já compreendemos que somos energia e sintonizamos com o que vibramos, portanto, nem sempre
poderemos evitar o mal que nos atinge, mas certamente podemos controlar a maneira como reagimos, de forma a
fazer algo bom com o ruim.
22. SERMÃO DO MONTE – PARTE IV
CARIDADE E ORAÇÃO EM SEGREDO (MATEUS 6:1-18)
23. “Mas, quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em
segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará.”
“Mas, quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o
recompensará.”
“Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em
secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.”
QUEM DESEJA HONRAS NA TERRA, NÃO AS TERÁ NO “CÉU”
Jesus ensina como fazer a caridade, como se dirigir a Deus e como fazer privações voluntárias por motivos morais. O Mestre
ressalta a importância de criarmos uma intimidade verdadeira com Deus, nas sinceras confidências dos nossos
pensamentos, na máxima discrição de nossos atos e na disciplina silenciosa de nossa entrega. Praticar a virtude cristã
em segredo, como pede Jesus, requer muita vigilância, pois estamos o tempo todo buscando aceitação e confirmação de
outras pessoas.
Para se manter firme no propósito cristão, é preciso não ter dúvidas sobre o destino do espírito, que não é nesse mundo.
24. SERMÃO DO MONTE – PARTE V
BUSCAI OS VALORES DO CÉU (MATEUS 6:19-23)
25. “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas
acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois
onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.”
LIMPE SEU CORAÇÃO QUE SEUS OLHOS SERÃO BONS
O mesmo (ou mais) esforço que empenhamos para melhorar a nossa condição material, deve ser também colocado
para melhorar a nossa condição moral. O risco nunca está na aquisição de bens e valores materiais, mas no desequilíbrio
que possa vir do mau uso deles que nos levam a perder o verdadeiro foco e negligenciar na aquisição dos bens e valores
espirituais, únicos que realmente nos ajudam a evoluir como ser humano e espírito.
“Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas, se os seus olhos forem maus, todo
o seu corpo será cheio de trevas.”
A capacidade de ver é, sem dúvida, uma graça de Deus. Contudo, em termos espirituais, a visão é um caminho fácil para a
desgraça moral, quando apenas se vê, com o sentido físico, mas não se enxerga, ou seja, não se compreende o que se
vê, por ainda faltar virtudes ao coração. Daí porque tantos ainda hoje invejam, fofocam, matam, roubam, zombam,
ofendem e, principalmente, julgam. Na medida em que o coração vai sendo limpo, os olhos enxergam a verdade.
26. “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem
servir a Deus e ao Dinheiro.”
A FÉ EM DEUS É UMA VIA DE MÃO ÚNICA
Na muito estreita estrada por onde trafega a fé não pode trafegar a dúvida, uma vez que elas colidirião frontalmente. A
fé é condição de entrega e a dúvida é condição de controle, portanto, são incompatíveis entre si. Mesmo raciocínio se dá
para os valores espirituais e os valores materiais. Eles não conseguem coexistir dentro do coração humano, onde cabe
apenas um. O dinheiro é uma condição necessária para o progresso coletivo da terra, todavia, quem o persegue como meio
para satisfazer seus sentidos egoístas, colocando os prazeres materiais acima dos espirituais, faz a escolha de caminhar em
direção oposta à Lei do Amor.
“Portanto eu digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que
vestir. (...) Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não
têm vocês muito mais valor do que elas? (...) Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem.
Jesus pede àquele povo que passa fome, tem sede, é explorado e injustiçado, que tenham mais fé na providência divina,
que trabalhem e ocupem suas mentes com pensamentos saudáveis, que reforcem a conexão com o alto, permitindo a
ação de Pai que não abandona seus filhos e nenhuma de suas criaturas. Deus está o tempo todo nos dando provas reais da
sua misercórdia conosco, mas poucos as notam por estarem com a mente ocupada com a dúvida e o desespero.
27. “Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem,
também será usada para medir vocês.” “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está
em seu próprio olho?”
JULGAR-SE SUPERIOR É CONDENAR-SE PELA VAIDADE
Já foi dito anteriormente que bem-aventurados são os misericordiosos, que tem consciência da necessidade que eles
mesmos tem de receber a misericórdia de Deus. É um grande contrassendo que, mesmo estando encarnado nesse plano
imperfeito, tantos ainda se vejam como ‘perfeitos, superiores e infalíveis’ ao ponto de se sentirem ‘confortáveis’ em julgar
qualquer um, sobre qualquer assunto, e mais ainda, de não concederem nenhuma clemência, como se nunca fossem precisar
dela. Isso demonstra uma grave distorção de autoimagem, que muitas vezes só é percedida após o desencarne.
“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles façam a vocês; pois esta é a Lei e os Profetas.”
Jesus nos explica que é preciso aprender a ter empatia, ou seja, a conectar-se com o sentimento do outro através de uma
dor própria, permitindo-se ficar vulnerável para poder verdadeiramente compreender o outro, e somente após esse
exercício sincero tomarmos decisões e agirmos de forma mais amorosa e compassiva em nosso dia-a-dia.
28. “Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra
vocês, os despedaçarão.”
NEM PORTAS CERRADAS, NEM ESCANCARADAS.
Jesus bateu em algumas portas fechadas (corações), mas não forçou-as a se abrir. Jesus ofereceu seu evangelho apenas à
quem O convidou a entrar, voluntariamente, em seus corações. A metáfora das pérolas aos porcos tem essa delicadeza,
essa elegância de Jesus de não avançar ou forçar limites. A misericórdia de Deus é infinita e cada um evolui no seu passo e
respeitar o livre-arbítrio e o tempo de aprendizado do outro é um gesto muito generoso e nobre de amor.
“Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela.”
Jesus também alertava sobre as portas largas. Buscar evitar o sofrimento a qualquer custo, optando sempre pelo caminho
“mais curto, mais fácil e menos doloroso” seria como pagar uma dívida com outra dívida, alivia momentaneamente,
mas agrava o problema, pois uma hora será necessário fazer o que precisa ser feito: encarar o problema, cortar custos,
economizar privando-se de coisas que gosta e disciplinar-se para pagar o que deve.
29. “ASSIM COMO O CORPO SEM A ALMA É MORTO, TAMBÉM A FÉ SEM OBRAS É MORTA”
TIAGO 2:26
“Cuidado com os falsos profetas. Vocês os reconhecerão por seus frutos. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode
dar frutos bons.”
Jesus adverte sobre a necessidade de ter bom senso, especialmente nos assuntos que envolvem a espiritualidade e
religiosidade.
Deus é amor, respeito, liberdade, paz e tolerância. Jesus pregava uma religião inclusiva, sem segregação e
discriminação, sem muros físicos, sem rituais. Qualquer coisa que se desvie desses valores merecem cautela para evitar
fanatismo e irracionalidade.
Desde de antes da época de Jesus até hoje a religião tem sido usada por alguns como meio para enriquecimento ilícito,
aquisição de poder e controle de massas para fins políticos, cabendo a nós alterar essa rota ousando praticar o cristianismo
primitivo, que acontece dentro de casa, no trabalho, no trânsito, na academia, no supermercado.
Ou seja, precisamos ser cristãos mais fora da igreja do que dentro dela e para isso é preciso fé e coragem, pois bons e
maus profetas, assim como bons e maus cristãos, serão ambos e igualmente reconhecidos pela qualidade de suas obras ou
pela ausência delas.
30. SERMÃO DO MONTE – PARTE VI
ORIENTAÇÕES FINAIS (MATEUS 7:24-27)
31. "Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome;
Venha a nós o vosso Reino;
Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam;
E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”
EIS COMO DEVES REZAR.
Ao proferir a prece ensinada por Jesus, síntese perfeita de como podemos nos ligar a Deus, nós precisamos atentar bem no
significado de cada frase e nas ideias nela contidas e na intenção de vivenciá-las, visto que essa prece reflete, acima de
tudo, um compromisso de sentimentos, de atitudes e de comportamento com o Pai.
Nota: Kardec faz uma explicação de cada passagem da oração do Pai Nosso logo no início do Capítilo 28 do Evangelho
Segundo do Espiritismo.
32. QUEM TEM OUVIDOS DE OUVIR, OUÇA E PRATIQUE.
“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha.”
“Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva,
transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda.”
Jesus termina o sermão da montanha dando um alerta para que, além de ouvir, pratiquemos os seus ensinamentos.
De nada adianta conhecer a verdade se não soubermos como utilizada na prática, assim como, de nada adianta saber
como utilizar os recursos da escola de aprendizes, por exemplo, se na prática não quisermos agir para trazer resultados que
agreguem valor para nossa vida e, consequentemente, para a sociedade.
Portanto, com esse belíssimo discurso feito ao pé do rio Tiberíades, Jesus sintetizou toda a sua doutrina que mais tarde veio
a se chamada de Cristianismo.
Agora já conhecemos os principais pontos da mensagem salvadora do Cristo, nosso próximo passo é aprender como e
querer colocá-los em prática.
33. QUE CONCLUSÕES PODEMOS TIRAR DESSA AULA?
De todos os cuidados e recomendações dadas por Jesus, qual você acha mais difícil de realizar? Qual você já realiza até
com certa facilidade? Este estudo mudou alguma coisa em sua vida? Foi bom para você estudar o Sermão do Monte?
FIM
Agradeço a oportunidade e fico à disposição.
Lilian Dias