SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
1
UMA PEDAGOGIA DA COMPAIXÃO
José Matias Alves
Tal como relataHabermas,poucoantesdo
octogésimoaniversáriode Marcuse,osdois
interrogavam-sesobre comoexplicarabase
normativada teoriacrítica.
Marcuse só deua respostadoisdiasantesda sua
morte:
“Vês?– disse a Habermas – agora sei emque é
que se fundamentamosnossosjuízosmais
elementares:nacompaixão,nonossosentimento
pelador dosoutros”.
Para os teóricosdaescolade Frankfurt,a piedade
e a compaixãoconstituíramaarma da crítica. As
profundasmarcasque nelestinhamdeixadoos
mártiresdoscampos de concentraçãotornavam-
nos especialmente sensíveisàinjustiçae àdor.
(Miguel SantosGuerra.Entre Bastidores)
Eu proponho, portanto, que o homem seja definido
como uma nova espécie: o homo compassivus.
Àqueles a quem falta a compaixão falta também a
qualidade de humanidade. Não são meus irmãos.
(Rubem Alves. Gaiolas ou Asas)
Tive o privilégiode conhecerpessoalmente aautoradestashistóriasque se organizamem
torno dosprocessosde escolarização.De serseuamigo.E de ser agora um autorcomovido
que escreve tendocomopretextoosfiosque nostrazema vidana suamúltiplasrealidades.
Organizoa minhaleituraapartir de sete categoriasanalíticasque pensopoderemlera
generalidadedestestextos:omundodavidaaprisionadopelalógicasurdae absurdados
sistemas;oslaçosque é precisotecerparaque as aprendizagenssejampossíveis;ooutrolado
da escola, ora sombrioorasolar;as pessoasdosalunose dosprofessorescomassuas
irredutíveissingularidades; ahipocrisiade umsistemaenclausuradonaestupidezdofazde
conta; e,por fim,algumaspalavrassobre o olhardo sujeitoque escreve:sobre ostemasque
escolhe,aspersonagensque convocae expõe,asnarrativasque narra,o estiloque adota,
tendosendoodenominadorcomumde umaradical compaixãopelosque sofrem, uma
insaciável sedede justiça,fraternidadee dignidade.
2
A. O mundoda vidae o mundodossistemas
O binómiodomundodavidaaprisionadopelomundodossistemasé umaconstante deste
livro(Habermas) .A históriadoLuís que queriaconstruirumacaixaverdadeiraparapoder
guardar a sua intimidade devassadae destruída,paraguardar as résteasde sonhos
(im)possíveisabre-nosparaummundomarcado poruma brutal desumanidade e gerauma
imensavontade de chorar.Mas tambémuma radical vontade de revolta,poiseste mundo não
podeser assim impiedosoe desumano.Nãopodemossercúmplicesdesta lógicamaquinal.
Não podemosficarindiferentesàsdorese misériasdossereshumanos.
Este é, talvez,acategoriamaispresente e maisinsidiosa:ahistóriadoportãoa separaruma
EB1 (sobrelotada) de umaEB2/3 (infralotada)domesmoagrupamento.Eaassociação de pais
que se dirige ao diretorparaque o portão se abrisse nosintervalosparaque as crianças
pudessembrincar.Ea decisãoabsurda:é impossível abriroportãoporque a 1ª pertence à
Câmara e a 2ª ao ME. E sendoemboradiretordoagrupamento tinhade pedirautorizaçãoàs
ditastutelase era uma mar de burocracia que nãovaliaa pena tentar.Triste de quemvive
presona escravidãoque constrói.
Ou a históriadoarboreto. Comorefere a autora, as escolasondese aprendefazendo são
excecionais,masexistem. E erao caso de um arboretoexcecionalque foi sendoconstruído
por alunos,professorese paisaolongode 15 anos. Que continhaexemplaresúnicos.Que
tinhasidopalcode aprendizagensque durariamtodaumavida.E entãosurge a notícia
absurdade que as máquinasiamarrancar tudo. E istoporque a Parque Escolar iarequalificar
os espaçose equipamentos.Tudoemnome dosalunose dasaprendizagens.Iasermuito
melhor. Houve protestose indignações.Masque nãohavianada a fazer.Que estavatudo já
decididoporgabinetesde arquitetose pororientaçõessuperiores. A ordempara destruir
legitimadapelos superioresinteressesdosalunos erairrevogável.A este propósito, aautora
cita YvesMagat (jornalistasuíço):“háum problemanavidapolíticaportuguesa e aponto-o
com toda a amizade que tenhoporeste país: a impiedade.Emcada mudança,sejaa nível
macro ou a nível micro,a nova equipaque chegaao poderacha-se naobrigaçãode anular
tudoo que foi feitopelaanterior.” Oraisto é uma crime públicoporque se constitui como
um atentadocontramilharesde pessoasque se dedicaramde corpoe alma a construir
espaçosvitaisnaescola.Aliás,ahistóriadasintervençõesdaParque Escolaraindahaveráde
sercontada como um processode betonizaçãoaceleradadoaamplosespaçosescolaresaoar
livre,onde aconvivialidadeabertaerapossível,oar respirável.Hoje,de ummodogeral,as
escolasintervencionadaspelaParque Escolarsãoumaenorme concentraçãode betãoonde as
pessoas,paradoxalmente,nãotêmonde estar,onde adispersãode espaçosaumentouo
isolamentoe asolidão.
Ou aindaa históriadoscastanheiros.Comoconfessaaautora: para mim a escola é um lugar
estranho.Haviaumprofessorque tinhaumprojetode plantaçãode castanheiros.Houve o
entusiasmo,adádivaoenvolvimentode alunose pais. Mas no ano seguinte, oprofessorque
tinhalideradoaaventuradoscastanheirosnãoestavajá na escola. A lotariados concursos
nacionaistinha-ocolocadonoutraescola.Emnome da igualdade de oportunidadese dajustiça
da graduação profissional. Equemo veiosubstituirnempercebeuque aquelestocoseram
castanheiros.Emilhares foramdeitadosfora. Sabe,a escola é como um campo debatalha.
3
Aliás,ashistóriasde professoresque têmde pôrfima projetosextraordináriose aassumirem
o estatutode pastoreserrantesquenão podem amarassuasovelhas acontecemváriasvezes.
É o caso de Marta, professoradosmesmosalunosdurante os3primeirosanosde
escolaridade.Martaque tinhadesenvolvidopráticaspedagógicasextraordináriase inovadoras
e que interpelavaomarasmodosseuspares.Comojá diziaMaquiavel, o inovadorcria inimigos
em todososqueprosperamna velha ordem. Na velhaordemdasebentae da repetição.Do
tédioe do abandono.E porisso,quandoo sistemaa mandapara outro lugar,os colegasousam
dizer: o quea Martanosdeixou não foiuma herança foi umpesadelo.A Marta foi um
acidentenuma escolacolonizadae habitadaporquemnãotem o direitode serchamadode
professor.
Para finalizarestavisitaàinsensatez,vejamosahistóriados dispensáveis. OprofessorLtinha
sidocolocadonumavaga de Históriadaescolax. Foi umacolocação desgraçada.Quase cego,
grau zerode ensinoe de autoridade.Grauzerode aprendizagem.A escolaconseguiuuma
JuntaMédica e a meiodoano,lá se conseguiuamudançade atividade,passandoaexercer
funçõesa tempocompletonabibliotecaescolar.Eentãodá-se omilagre:L revelou-se um
hábil investigador,umextraordinárioadjuntodoscolegasnodesenvolvimentodocurrículo,
um sempre disponível orientadordasaprendizagensdosalunosque oprocuravam.Mas
chegouo final doano e umdia o vento dosnovosconcursoslevou-o.Não sabemoscomo
estará na nova escola (masnão noscusta nada imaginar).
B. Os laçosque geram a aprendizagem
Os laçossão outra categoriacentral destestextos.PorqueaAngelinanemprecisariade terlido
o diálogoentre araposa e o principezinho: o queé cativar?Porque elasabia(tambémpor
saberde experiênciafeito) que asede de aprendernasce daatenção,do cuidado,da
consideração,daconvocaçãopara a aprendizagem.Porqueelasabiaque amissãocentral do
professor(vamosusar deliberadamente estapalavramissão),que amissãocentral do
professoré procurar continuamenterespostasparaosproblemasdoexílioe doabandono.Ela
sabiaque nenhumalunoestavacondenadoadesaparecer,nenhumalunoestavacondenadoa
ficar na margemda aprendizagem,nofundodasala.Mesmoo Nunocoma Trissomia21.
Mesmoele podiaserchamadoa entrarno círculo da aprendizagem.Mesmoele podiaser
forçado a sair do exilio para onde se tinharemetido.Epor isso,aprofessorainventauma
conspiraçãocom todosos alunos,e atravésde uma brincadeira do lenço gera uma aliançaque
o faz incluir.
Ou o episódiodocantononoque eraproibidoe entãoera por aí que se iriacomeçar.Ou a
históriadoSandroe do mapa perfeito.UmalunoCEFpor quemninguémdavanadamas a
quemforamabertasas portas da aprendizagemporque se teveafelicidade de colocaro
desafiocerto – desenharo mapa dePortugal.
C. O outro ladoda escola
4
Já referimosque estashistóriasse relacionamcomosprocessosde escolarização.Comos
outrosladosda escola.Ladosmuitasvezessolares,algumasvezessombriosonde germina
calada a podridão.
É a históriade Joanaque não encontraa escola comque sempretinha sonhado. Joana,a
abandonada, a tentarperceberose passavano reinodograu zeroda pedagogia,daatençãoe
do afetoe a aprenderodesânimo,adesilusãoe oprogressivoabandono.
A escoladosolharesdilacerantes. Nada há deatrativo na escola:nemno espaço físico nemna
relação com a maioria dosprofessoreseo motivo para estarali está tão longee distanteque
são poucososquefazemdo presentea gestação do seu futuro;asrelaçõesentre as matérias
ensinadaseas aprendizagenssão relaçõesdifíceisou ténues:o esforço mal percebido,a
utilidade pouco clara. Uma catedral de tédio. Alina sala , diantede nós,procuramo-losmas
não osencontramos,mesmo sedizem sim, setor.Quantosvezesosprocuramose nãoos
encontramos.Mas ao professornãose lhe pede que encontre.Nãose lhe pede aresposta
para os problemas.Nãose lhe pede asoluçãochavena mão. Pede-se-lheque procure.Pede-
se-lhe que nãodesista.Pede-se-lheque nãofique indiferente.Pede-se-lheatençãoe cuidado.
A falsaautoridade que se julgaconstruiratravésdadistância,comono caso do Obrigado,ó
palerma. Do professor,atrabalharnum TEIP,que pensaque a relaçãopedagógicase constrói
atravésda indiferença,daafirmaçãogratuitada superioridade e daimpassibilidade.
A escolaque não deixade serumespaçoprodutorde solidões. Mesmo falando do ato
pedagógico não sefazdo outro o companheiro da mesma viagem.Ena solidão se combatem
os moinhosdevento semsalvaras Dulcineias.E a solidão é sofrimento quando o esforço,a
implicação e o empenhamento são muitasvezesdesproporcionaisrelativamenteaos
resultadosalcançados. Precisamente.Estaé a escolado excessode presença,doexcessodo
trabalho,doexcessode exigênciasimpossíveis,dointensosofrimentoque reduz
progressivamente aalegriade ensinar.
Mas é tambéma escolacomo lugarde humanidade que ajudaaIsabel adolescenteadar à luz
o filhode Pedroque tinhaentretantomorridonumacidentede mota.
A escolacomorespostaface ao descalabrofamiliare que nãopode ficarinsensível aoapelo
gostava quea professora falassecomo meu homem porque ele nãosabe serpai,porque ele
estáa destruiromeuCarlos,porque estamossósneste mundocruel.
A escolada solidariedade,comonocaso doAlmerindoque queria sercarteiro.Oexame da4ª
classe erauma barreiraintransponível.Nãoque nãosoubesseosuficiente.Porummisterioso
processode bloqueamento,ochumboerao destinorecorrente. Entãoa professorae os
únicoscincosalunosque iama exame decidiramque oAlmerindotinhade cumpriroseu
sonho,decidiramque tinhade passar!Estadecisãofoi o grande objetivodaturma. Oscinco
queíamosa exame,íamospara queo Almerindo passasse.Ecolocaram-noentre eles. E
ajudarama resolveroexame doAlmerindo.
5
D. As pessoasdosalunos
Antesde tudo,os alunossãopessoasconcretas.Nãotêmnúmero.Têmnome.Como o Rafael.
O caso de Rafael era difícil,disseram-nos. Porque viviasónomundo.Opai tinha
desaparecido.A mãe naprisão.E na procura de laços,uma telefonemaparaa prisãoe ouvira
mãe:que eu atéparece quese me estoira o coração desaudadesdehá maisde um ano não
ver o meu menino. Rafael. Não quero queele penseque é uma criança abandonada. Diz-lhe
isso,professora,que não é umacriança abandonada?
Ou comoo Rui: a professoraque telefonaparao nº de telefone que adiretorade turmado
Rui lhe tinhadado. De casa responde aavó:o Rui tinhaidocom a mãe para o IPO. Ele é bom,
muito bom, disse aavó, só tem muita revolta. E entãoa dor da professora vemao de cima: e
não tive coragemde voltara telefonar.Esmagadapelopesoe pelogritoclaroda revolta,digo.
Dizemosque aescoladeve seruma casa de humanidade.Refúgioúltimodosdeserdadosda
fortuna,dasvítimas da injustiça.Masteráde reinventarnosseusmodosde organização.Terá
de abdicar de ser umacadeia de montagem reguladaporumaordemfabril.E de ser regulada
pelaparafernáliadosexames.A escoladofuturoteránecessariamente de passarporesta
reinvenção.
Ou aindacomo nocaso da Marisa e da diretorade turma do 8º ano.Uma turma complexa.
Instabilidade que dificultavaacomunicaçãoe o entendimento.EntãoaDT decide inserir-se na
rede do facebook.Eatravésdeste suporte fica-se asaberque alunose professoresviviamem
mundosdiferentes. Elesliamuma escola. Nós,professores,tínhamoslido outra coisa. Ocaso
de Marisa: da incomunicaçãopara a comunicação. Percebia-se,então,como a intransigência
podeimpedir a possibilidadedeperscrutarumpouco maisadiante – lá onde,debaixo da
indisciplina,vive o sofrimento.Efoi assimque comecei a ver, quaseouvindo o grito,o pedido
de ajuda da Marisa quando escrevia,para mimecomeçava:STOOOOOOORA!
E a históriadas Vidas das famíliasemdesagregação. DaMarília que começoua chegar à escola
semos trabalhosde casa. Do Ricardoque começoua faltaràs primeirashorasdodia.Da
Andreiaque começouachegar à escolatriste,comolheiras,cansadae semas suas respostas
rápidase ágeisde sempre. DoBrunoque deixoude serumalunoregular.Da Julianaque
começoua faltar intermitentemente…Vidasemtransiçãodevidoaumprograma global de
ajustamentoestrutural impostopelossenhoresdocapital.Que é,agora,quemmaisordena.
E. As pessoasdosprofessores
E as pessoasdos professorestambém.Jáqui falamosde alguns. Maspodemosfalaraindada
professoramesmo fixeque nãose importaque a gente a ensine.Que trabalhacomosalunos
na horta escolare que bom grado aceitaserensinadapelosseusalunos.Eassimestabelece
uma rede de cumplicidade e de afetoque faznascera arte da ensinagem.
A professoraque decide oferecerum bolode aniversárioàVanessaque nuncanasua vidao
tinhatido.
6
F. A hipocrisiaorganizada
Há, nestestextos,váriasevidênciasde umahipocrisiaorganizadaque nãopode deixarde ser
desmascarada.Neste prefácio,seja-me permitidodestacarduassituações,uma
particularmente dilacerante.
A primeiratem a vercom a destruiçãodosonhoda Teresa.Alunaexcecional que tinhaanota
máximaa todasas disciplinase que queriairparamedicina,Até que teve umacidente numa
aulade educaçãofísica.A 1ª e a 2ª operaçõescorrerammal.Ficoupara sempre incapacitada
do braço direito e jánão conseguiafazerlançamentossurpreendentes.Eagora o professor
classificava-acom13 porque educação física era uma disciplina como asoutrase quemnão
executano máximo não podeter o máximo. Este é umcaso de fronteira.Dilemático. Masesta
é sobretudo umahistóriade umapráticaescolarque esqueceuosentidodasuafinalidade e
que se enclausuranumaformalidade insustentável.
A outra históriatema vercom a escola a tempo inteiro. Todos os meninosnaescolaafazer
AtividadesdeEntreter Crianças(AEC). A passar tempo.A responderincessantemente ao what
is yourname,Carlos, quandoela(a professora) sabiaexatamenteque me chamavaCarlos.
Mãe,podesir lá falarcom ela? Podesirládizerque deve haverlimitesparao fazde conta?
Podesirlá dizerque maisvaleriamandar-nosparaorecreio?
G. O olhardo sujeitoque escreve
O olhar do sujeito que escreve está inundado de compaixão. Diria que é a compaixão que o
guia. E vem-me à memória uma passagem de um romance de Rosa Montero (História do rei
transparente) emque umapersonagemquerofereceraumasua amigaa melhordas palavras:
- Compaixão.Que, como sabes,é a capacidadedenos colocarmos na pela do próximo e de
com ele sentir o que ele sente.
- Sim, agrada-me. Mas por que me dizes que é a melhor?
- Porque é a única das grandes palavras em nome da qual não ferimos, na torturamos, não
prendemos e não matamos…. Pelo contrário, evita tudo isso. Há outras palavras muito
belas: amor, liberdade, honra, justiça… Mas todas elas, todas, podem ser manipuladas,
podem ser utilizadascomo armas dearremesso e causar vítimas.Por amor ao seu Deus, os
cruzados acendem piras, e por um amor aberrante, os amantes ciumentos matam as suas
amadas. Os nobres maltratam e abusam barbaramente dos seus servos em nome de uma
hipotética honra;a liberdadede uns pode significarprisão e morte para outros e, quanto à
justiça, todos julgam tê-la do seu lado, mesmo os tiranos mais cruéis. Só a compaixão
impede estes excessos; é uma ideia que não pode impor-se aos outros a ferro e fogo,
porque nos obriga a fazer justamente o contrário. Obriga-nos a aproximamo-nos dos
outros, a sentir o que sentem e a compreendê-los… Lembra-te desta palavra, minha Leola.
E, quando te lembrares, pensa também um pouco em mim.
É assimque vejoo olhar(e a escrita) daAngelina.Porque oque omove é a sede de justiça.A
defesadosmaisfracos,dosdeficientes,dosexcluídos,dosmaispobres.Oque amove é uma
ordemeducativamaisfraterna,maissensível,maispróxima.Oque move é a vontade de
denúnciadaindignidademesmoquandoelase desenhadentrodaclasse profissional aque
7
pertence – comono triste caso dasTransgressões ouda Participação.Oque a move é uma
ordemmaiscolegial e colaborativaque alivie osofrimento e asolidãodosprofessorese lhes
confiraum sentidomaishumanoparaa ação. O que a move é liberdade de lutarcontraa
indiferençae a mesmice.
ComoMeirieupoderíamosafirmar: Amo a razão.Considero quea razão é um meio de
aumentara distância em relação à realidade,um instrumento crítico absolutamentenecessário
e essencial. No entanto,a razão não garantea fuga à barbárie.A garantia contra a barbárieé
a compaixão.
É a esta luz que euvejoa mão e o coração que escrevemestesmagníficostextos.Porque,
numtempoem que se celebraotriunfoda razão,é precisovisitaraemoçãoe valorizaruma
pedagogiadacompaixão.
Compaixão.Sofrercomosque sofrem.Alegrar-secomosque se alegram.Esperar(e
desesperar) comosque esperam.Sentir.Aspalavrasditas.Aspalavrasentreditas.Osilêncio.
Os olhares.Osgestos.
Há uma pedagogiadaemoçãoque é precisoredescobrirnotempodaarideztecnocrática.Há
uma pedagogiadacompaixão que é precisoacendernaescuridãodosformalismosestéreis.Na
selvadacompetição.Naangústiadosexames,dasprovasglobais,doacessoao ensino
superior. Noacessoa coisanenhuma.
Há uma comunidade de afetosaconstruirno impériosombriodasregras burocráticosque
decretama igualdade formal e aexcelênciadassoluçõesuniversais.
São estasas liçõesde umavidae de um livro.Que pelaminhaparte procurarei seguir. Termino
com a referênciaantológicade Pierre Bourdieu:
Ensinarnão é umaactividade comoas outras.Poucasprofissõesserão
causas de riscostão gravescomo os que os maus professoresfazem
correr aos alunosque lhessãoconfiados.Poucasprofissõessupõem
tantas virtudes,generosidade,dedicaçãoe,acimade tudo,talvez
entusiasmoe desinteresse.Sóumapolíticainspiradapelapreocupação
de atrair e de promoverosmelhores,esseshomense mulheresde
qualidade que todosossistemasde educaçãosempre celebraram,
poderáfazerdo ofíciode educadorda juventude oque ele deveriaser,o
primeirode todososofícios.
Angelinasabiaistomuitobem. Porissodedicoutodaasua vidae grande parte da sua
produçãoescritaa lutarpara que o ensino,aeducaçãoe a escolafosse o lugardo
cumprimentodaspromessasde humanidade.Porissolhe estamosgratosporcontinuaraser
uma referênciasingular.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

O rádio como ator
O rádio como atorO rádio como ator
O rádio como atorBarBlanco
 
01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...
01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...
01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...estevaofernandes
 
Carl sagan o mundo assombrado pelos demonios
Carl sagan   o mundo assombrado pelos demoniosCarl sagan   o mundo assombrado pelos demonios
Carl sagan o mundo assombrado pelos demoniosAristoteles Rocha
 
Latour, bruno reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches
Latour, bruno   reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tichesLatour, bruno   reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches
Latour, bruno reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tichesAna Estrela
 
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandraC. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandraAlex Martins
 
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado prontoMódulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado prontoPriscila Santana
 
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado prontoMódulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado prontostuff5678
 

Mais procurados (14)

O rádio como ator
O rádio como atorO rádio como ator
O rádio como ator
 
01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...
01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...
01. Antes que seja tarde tiremos a universidade do gerúndio. Ano I, Nº 01 - V...
 
2863474
28634742863474
2863474
 
Carl sagan o mundo assombrado pelos demonios
Carl sagan   o mundo assombrado pelos demoniosCarl sagan   o mundo assombrado pelos demonios
Carl sagan o mundo assombrado pelos demonios
 
Teoria do medalhão
Teoria do medalhãoTeoria do medalhão
Teoria do medalhão
 
Latour, bruno reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches
Latour, bruno   reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tichesLatour, bruno   reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches
Latour, bruno reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches
 
Volume xiii 2005
Volume xiii 2005Volume xiii 2005
Volume xiii 2005
 
00882 Complexo de Édipo
00882   Complexo de Édipo00882   Complexo de Édipo
00882 Complexo de Édipo
 
Teoria do medalhão trabalho de português
Teoria do medalhão trabalho de portuguêsTeoria do medalhão trabalho de português
Teoria do medalhão trabalho de português
 
Lourença ...
Lourença ...Lourença ...
Lourença ...
 
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandraC. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
 
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado prontoMódulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
 
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado prontoMódulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
Módulo 2 pibid 2012 corrigido e finalizado pronto
 
Volume I
Volume IVolume I
Volume I
 

Destaque (19)

Fortalecimiento del mecanismo de denuncias y acceso a la información de la CGR
Fortalecimiento del mecanismo de denuncias y acceso a la información de la CGRFortalecimiento del mecanismo de denuncias y acceso a la información de la CGR
Fortalecimiento del mecanismo de denuncias y acceso a la información de la CGR
 
BBA Orginal
BBA OrginalBBA Orginal
BBA Orginal
 
20140304085711232
2014030408571123220140304085711232
20140304085711232
 
umt
umtumt
umt
 
Introduçao as derivadas
Introduçao as derivadasIntroduçao as derivadas
Introduçao as derivadas
 
certificate 1
certificate 1certificate 1
certificate 1
 
Intern Achievement Letter
Intern Achievement LetterIntern Achievement Letter
Intern Achievement Letter
 
FOXCROFT DATA CHARLOTTE NC 28211
FOXCROFT DATA CHARLOTTE NC 28211FOXCROFT DATA CHARLOTTE NC 28211
FOXCROFT DATA CHARLOTTE NC 28211
 
Samsung certificate
Samsung certificateSamsung certificate
Samsung certificate
 
Presentación isi segundo trimestre 2010 (25-08-2010)
Presentación isi   segundo trimestre 2010 (25-08-2010)Presentación isi   segundo trimestre 2010 (25-08-2010)
Presentación isi segundo trimestre 2010 (25-08-2010)
 
À conversa com...Márcia Pinto,6ºE
À conversa com...Márcia Pinto,6ºEÀ conversa com...Márcia Pinto,6ºE
À conversa com...Márcia Pinto,6ºE
 
Taa lesson 21 ppt
Taa lesson 21 pptTaa lesson 21 ppt
Taa lesson 21 ppt
 
Ordesa
OrdesaOrdesa
Ordesa
 
Homenaje a tintín
Homenaje a tintínHomenaje a tintín
Homenaje a tintín
 
Ciencias naturales
Ciencias naturalesCiencias naturales
Ciencias naturales
 
Mercado medieval
Mercado medievalMercado medieval
Mercado medieval
 
Jardin de Escultura
Jardin de EsculturaJardin de Escultura
Jardin de Escultura
 
Normas de calidad
Normas de calidadNormas de calidad
Normas de calidad
 
katie_4x6 (1)
katie_4x6 (1)katie_4x6 (1)
katie_4x6 (1)
 

Semelhante a Uma pedagogia da compaixão

Heleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdf
Heleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdfHeleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdf
Heleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdfclaudia293647
 
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdfsafiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdfWaldilsonDuarte1
 
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdfsafiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdfAmeTista4
 
Mia couto-o-escritor-e-a-ciencia
Mia couto-o-escritor-e-a-cienciaMia couto-o-escritor-e-a-ciencia
Mia couto-o-escritor-e-a-cienciaHelena Maria
 
Algumas mulheres da história da matemática
Algumas mulheres da história da matemáticaAlgumas mulheres da história da matemática
Algumas mulheres da história da matemáticaRenata Matni
 
A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdf
A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdfA EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdf
A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdfJOSEFLAVIODAPAZ
 
1996 Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)
1996  Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)1996  Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)
1996 Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)Cleide Magáli dos Santos
 
Jornal online - 4
Jornal   online - 4Jornal   online - 4
Jornal online - 4Fabio Rossi
 
olhos-dagua-evaristo-conceicao.pdf
olhos-dagua-evaristo-conceicao.pdfolhos-dagua-evaristo-conceicao.pdf
olhos-dagua-evaristo-conceicao.pdfcanalaleatrio6
 
Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012
Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012
Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012citacoesdosprojetosdeotavioluizmachado
 
Mulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&T
Mulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&TMulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&T
Mulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&TLucio Borges
 
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T..."A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...Jurjo Torres Santomé
 
Somos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educaçãoSomos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educaçãoEmerson Mathias
 

Semelhante a Uma pedagogia da compaixão (20)

Heleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdf
Heleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdfHeleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdf
Heleieth Saffioti - O Poder do Mascho (2001, Editora Moderna) - libgen.lc.pdf
 
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdfsafiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
 
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdfsafiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
safiotti_heleieth_-_o_poder_do_macho.pdf
 
Mia couto-o-escritor-e-a-ciencia
Mia couto-o-escritor-e-a-cienciaMia couto-o-escritor-e-a-ciencia
Mia couto-o-escritor-e-a-ciencia
 
Autobiografia
AutobiografiaAutobiografia
Autobiografia
 
Revista Menotti Del Picchia (ZN) - Maio/2016
Revista Menotti Del Picchia (ZN) - Maio/2016Revista Menotti Del Picchia (ZN) - Maio/2016
Revista Menotti Del Picchia (ZN) - Maio/2016
 
Carta aberta1
Carta aberta1Carta aberta1
Carta aberta1
 
Algumas mulheres da história da matemática
Algumas mulheres da história da matemáticaAlgumas mulheres da história da matemática
Algumas mulheres da história da matemática
 
A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdf
A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdfA EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdf
A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DE LIBERDADE É PARA TODAS AS PESSOAS.pdf
 
1996 Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)
1996  Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)1996  Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)
1996 Dissertação de Mestrado Rasgando o Véu... Rasgando a Manta(1)
 
Jornal online - 4
Jornal   online - 4Jornal   online - 4
Jornal online - 4
 
Pt 37
Pt 37Pt 37
Pt 37
 
olhos-dagua-evaristo-conceicao.pdf
olhos-dagua-evaristo-conceicao.pdfolhos-dagua-evaristo-conceicao.pdf
olhos-dagua-evaristo-conceicao.pdf
 
Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012
Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012
Dissertação de patrícia cabral de arruda na sociologia da un b em 2012
 
1.apresentação seu riba 15.
1.apresentação seu riba 15.1.apresentação seu riba 15.
1.apresentação seu riba 15.
 
1.apresentação seu riba 17
1.apresentação seu riba 171.apresentação seu riba 17
1.apresentação seu riba 17
 
1.apresentação seu riba 17
1.apresentação seu riba 171.apresentação seu riba 17
1.apresentação seu riba 17
 
Mulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&T
Mulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&TMulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&T
Mulheres da História da Matemática - A questão de gênero em C&T
 
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T..."A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
 
Somos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educaçãoSomos monstros, niilismo na educação
Somos monstros, niilismo na educação
 

Mais de josematiasalves

Licenciatura educacao 18
Licenciatura educacao 18Licenciatura educacao 18
Licenciatura educacao 18josematiasalves
 
Design thinkers newsletter 1 vf
Design thinkers newsletter 1 vfDesign thinkers newsletter 1 vf
Design thinkers newsletter 1 vfjosematiasalves
 
Tempo de procura, encontro e celebração
Tempo de procura, encontro e celebraçãoTempo de procura, encontro e celebração
Tempo de procura, encontro e celebraçãojosematiasalves
 
Miguel fernández pérez pedagogia com projecto
Miguel fernández pérez pedagogia com projectoMiguel fernández pérez pedagogia com projecto
Miguel fernández pérez pedagogia com projectojosematiasalves
 
Autonomia e flexibilidade curricular
Autonomia e flexibilidade curricularAutonomia e flexibilidade curricular
Autonomia e flexibilidade curricularjosematiasalves
 
Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...
Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...
Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...josematiasalves
 
Investigar para Transformar
Investigar para TransformarInvestigar para Transformar
Investigar para Transformarjosematiasalves
 
Greene public education public space_eps
Greene public education public space_epsGreene public education public space_eps
Greene public education public space_epsjosematiasalves
 
Programa iii forum viseu educa
Programa iii forum viseu educaPrograma iii forum viseu educa
Programa iii forum viseu educajosematiasalves
 
Territorializar para Incluir e Aprender
Territorializar para Incluir e AprenderTerritorializar para Incluir e Aprender
Territorializar para Incluir e Aprenderjosematiasalves
 
Uma outra escola é possível mudas as regras da gramática escolar e os modos...
Uma outra escola é possível   mudas as regras da gramática escolar e os modos...Uma outra escola é possível   mudas as regras da gramática escolar e os modos...
Uma outra escola é possível mudas as regras da gramática escolar e os modos...josematiasalves
 
Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2
Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2
Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2josematiasalves
 
Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)
Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)
Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)josematiasalves
 
Cartaz conferencia internacional-março 17
Cartaz conferencia internacional-março 17Cartaz conferencia internacional-março 17
Cartaz conferencia internacional-março 17josematiasalves
 
Seminário de Investigação_Fevereiro 2017
Seminário de Investigação_Fevereiro 2017Seminário de Investigação_Fevereiro 2017
Seminário de Investigação_Fevereiro 2017josematiasalves
 
Perfil competências final escolaridade obrigatória
Perfil competências final escolaridade obrigatóriaPerfil competências final escolaridade obrigatória
Perfil competências final escolaridade obrigatóriajosematiasalves
 
Lista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitalicias
Lista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitaliciasLista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitalicias
Lista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitaliciasjosematiasalves
 

Mais de josematiasalves (20)

Licenciatura educacao 18
Licenciatura educacao 18Licenciatura educacao 18
Licenciatura educacao 18
 
Design thinkers newsletter 1 vf
Design thinkers newsletter 1 vfDesign thinkers newsletter 1 vf
Design thinkers newsletter 1 vf
 
Programa sem2 2018_v2
Programa sem2 2018_v2Programa sem2 2018_v2
Programa sem2 2018_v2
 
Tempo de procura, encontro e celebração
Tempo de procura, encontro e celebraçãoTempo de procura, encontro e celebração
Tempo de procura, encontro e celebração
 
Miguel fernández pérez pedagogia com projecto
Miguel fernández pérez pedagogia com projectoMiguel fernández pérez pedagogia com projecto
Miguel fernández pérez pedagogia com projecto
 
Autonomia e flexibilidade curricular
Autonomia e flexibilidade curricularAutonomia e flexibilidade curricular
Autonomia e flexibilidade curricular
 
Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...
Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...
Programa_Investigar para Transformar_ As perceções sobre as lideranças nas es...
 
Investigar para Transformar
Investigar para TransformarInvestigar para Transformar
Investigar para Transformar
 
Greene public education public space_eps
Greene public education public space_epsGreene public education public space_eps
Greene public education public space_eps
 
Programa iii forum viseu educa
Programa iii forum viseu educaPrograma iii forum viseu educa
Programa iii forum viseu educa
 
Territorializar para Incluir e Aprender
Territorializar para Incluir e AprenderTerritorializar para Incluir e Aprender
Territorializar para Incluir e Aprender
 
Visible learning
Visible learningVisible learning
Visible learning
 
Uma outra escola é possível mudas as regras da gramática escolar e os modos...
Uma outra escola é possível   mudas as regras da gramática escolar e os modos...Uma outra escola é possível   mudas as regras da gramática escolar e os modos...
Uma outra escola é possível mudas as regras da gramática escolar e os modos...
 
Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2
Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2
Avaliação horizonte 2020 jesuítas cat_q9-cast-web-2
 
Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)
Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)
Jesuítas o desafio do 3º e 4º eso (ensino secundário obrigatório)
 
Frenprof inquerito ata
Frenprof inquerito ataFrenprof inquerito ata
Frenprof inquerito ata
 
Cartaz conferencia internacional-março 17
Cartaz conferencia internacional-março 17Cartaz conferencia internacional-março 17
Cartaz conferencia internacional-março 17
 
Seminário de Investigação_Fevereiro 2017
Seminário de Investigação_Fevereiro 2017Seminário de Investigação_Fevereiro 2017
Seminário de Investigação_Fevereiro 2017
 
Perfil competências final escolaridade obrigatória
Perfil competências final escolaridade obrigatóriaPerfil competências final escolaridade obrigatória
Perfil competências final escolaridade obrigatória
 
Lista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitalicias
Lista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitaliciasLista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitalicias
Lista de-beneficiarios-das-subvencoes-mensais-vitalicias
 

Último

Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 

Último (20)

Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 

Uma pedagogia da compaixão

  • 1. 1 UMA PEDAGOGIA DA COMPAIXÃO José Matias Alves Tal como relataHabermas,poucoantesdo octogésimoaniversáriode Marcuse,osdois interrogavam-sesobre comoexplicarabase normativada teoriacrítica. Marcuse só deua respostadoisdiasantesda sua morte: “Vês?– disse a Habermas – agora sei emque é que se fundamentamosnossosjuízosmais elementares:nacompaixão,nonossosentimento pelador dosoutros”. Para os teóricosdaescolade Frankfurt,a piedade e a compaixãoconstituíramaarma da crítica. As profundasmarcasque nelestinhamdeixadoos mártiresdoscampos de concentraçãotornavam- nos especialmente sensíveisàinjustiçae àdor. (Miguel SantosGuerra.Entre Bastidores) Eu proponho, portanto, que o homem seja definido como uma nova espécie: o homo compassivus. Àqueles a quem falta a compaixão falta também a qualidade de humanidade. Não são meus irmãos. (Rubem Alves. Gaiolas ou Asas) Tive o privilégiode conhecerpessoalmente aautoradestashistóriasque se organizamem torno dosprocessosde escolarização.De serseuamigo.E de ser agora um autorcomovido que escreve tendocomopretextoosfiosque nostrazema vidana suamúltiplasrealidades. Organizoa minhaleituraapartir de sete categoriasanalíticasque pensopoderemlera generalidadedestestextos:omundodavidaaprisionadopelalógicasurdae absurdados sistemas;oslaçosque é precisotecerparaque as aprendizagenssejampossíveis;ooutrolado da escola, ora sombrioorasolar;as pessoasdosalunose dosprofessorescomassuas irredutíveissingularidades; ahipocrisiade umsistemaenclausuradonaestupidezdofazde conta; e,por fim,algumaspalavrassobre o olhardo sujeitoque escreve:sobre ostemasque escolhe,aspersonagensque convocae expõe,asnarrativasque narra,o estiloque adota, tendosendoodenominadorcomumde umaradical compaixãopelosque sofrem, uma insaciável sedede justiça,fraternidadee dignidade.
  • 2. 2 A. O mundoda vidae o mundodossistemas O binómiodomundodavidaaprisionadopelomundodossistemasé umaconstante deste livro(Habermas) .A históriadoLuís que queriaconstruirumacaixaverdadeiraparapoder guardar a sua intimidade devassadae destruída,paraguardar as résteasde sonhos (im)possíveisabre-nosparaummundomarcado poruma brutal desumanidade e gerauma imensavontade de chorar.Mas tambémuma radical vontade de revolta,poiseste mundo não podeser assim impiedosoe desumano.Nãopodemossercúmplicesdesta lógicamaquinal. Não podemosficarindiferentesàsdorese misériasdossereshumanos. Este é, talvez,acategoriamaispresente e maisinsidiosa:ahistóriadoportãoa separaruma EB1 (sobrelotada) de umaEB2/3 (infralotada)domesmoagrupamento.Eaassociação de pais que se dirige ao diretorparaque o portão se abrisse nosintervalosparaque as crianças pudessembrincar.Ea decisãoabsurda:é impossível abriroportãoporque a 1ª pertence à Câmara e a 2ª ao ME. E sendoemboradiretordoagrupamento tinhade pedirautorizaçãoàs ditastutelase era uma mar de burocracia que nãovaliaa pena tentar.Triste de quemvive presona escravidãoque constrói. Ou a históriadoarboreto. Comorefere a autora, as escolasondese aprendefazendo são excecionais,masexistem. E erao caso de um arboretoexcecionalque foi sendoconstruído por alunos,professorese paisaolongode 15 anos. Que continhaexemplaresúnicos.Que tinhasidopalcode aprendizagensque durariamtodaumavida.E entãosurge a notícia absurdade que as máquinasiamarrancar tudo. E istoporque a Parque Escolar iarequalificar os espaçose equipamentos.Tudoemnome dosalunose dasaprendizagens.Iasermuito melhor. Houve protestose indignações.Masque nãohavianada a fazer.Que estavatudo já decididoporgabinetesde arquitetose pororientaçõessuperiores. A ordempara destruir legitimadapelos superioresinteressesdosalunos erairrevogável.A este propósito, aautora cita YvesMagat (jornalistasuíço):“háum problemanavidapolíticaportuguesa e aponto-o com toda a amizade que tenhoporeste país: a impiedade.Emcada mudança,sejaa nível macro ou a nível micro,a nova equipaque chegaao poderacha-se naobrigaçãode anular tudoo que foi feitopelaanterior.” Oraisto é uma crime públicoporque se constitui como um atentadocontramilharesde pessoasque se dedicaramde corpoe alma a construir espaçosvitaisnaescola.Aliás,ahistóriadasintervençõesdaParque Escolaraindahaveráde sercontada como um processode betonizaçãoaceleradadoaamplosespaçosescolaresaoar livre,onde aconvivialidadeabertaerapossível,oar respirável.Hoje,de ummodogeral,as escolasintervencionadaspelaParque Escolarsãoumaenorme concentraçãode betãoonde as pessoas,paradoxalmente,nãotêmonde estar,onde adispersãode espaçosaumentouo isolamentoe asolidão. Ou aindaa históriadoscastanheiros.Comoconfessaaautora: para mim a escola é um lugar estranho.Haviaumprofessorque tinhaumprojetode plantaçãode castanheiros.Houve o entusiasmo,adádivaoenvolvimentode alunose pais. Mas no ano seguinte, oprofessorque tinhalideradoaaventuradoscastanheirosnãoestavajá na escola. A lotariados concursos nacionaistinha-ocolocadonoutraescola.Emnome da igualdade de oportunidadese dajustiça da graduação profissional. Equemo veiosubstituirnempercebeuque aquelestocoseram castanheiros.Emilhares foramdeitadosfora. Sabe,a escola é como um campo debatalha.
  • 3. 3 Aliás,ashistóriasde professoresque têmde pôrfima projetosextraordináriose aassumirem o estatutode pastoreserrantesquenão podem amarassuasovelhas acontecemváriasvezes. É o caso de Marta, professoradosmesmosalunosdurante os3primeirosanosde escolaridade.Martaque tinhadesenvolvidopráticaspedagógicasextraordináriase inovadoras e que interpelavaomarasmodosseuspares.Comojá diziaMaquiavel, o inovadorcria inimigos em todososqueprosperamna velha ordem. Na velhaordemdasebentae da repetição.Do tédioe do abandono.E porisso,quandoo sistemaa mandapara outro lugar,os colegasousam dizer: o quea Martanosdeixou não foiuma herança foi umpesadelo.A Marta foi um acidentenuma escolacolonizadae habitadaporquemnãotem o direitode serchamadode professor. Para finalizarestavisitaàinsensatez,vejamosahistóriados dispensáveis. OprofessorLtinha sidocolocadonumavaga de Históriadaescolax. Foi umacolocação desgraçada.Quase cego, grau zerode ensinoe de autoridade.Grauzerode aprendizagem.A escolaconseguiuuma JuntaMédica e a meiodoano,lá se conseguiuamudançade atividade,passandoaexercer funçõesa tempocompletonabibliotecaescolar.Eentãodá-se omilagre:L revelou-se um hábil investigador,umextraordinárioadjuntodoscolegasnodesenvolvimentodocurrículo, um sempre disponível orientadordasaprendizagensdosalunosque oprocuravam.Mas chegouo final doano e umdia o vento dosnovosconcursoslevou-o.Não sabemoscomo estará na nova escola (masnão noscusta nada imaginar). B. Os laçosque geram a aprendizagem Os laçossão outra categoriacentral destestextos.PorqueaAngelinanemprecisariade terlido o diálogoentre araposa e o principezinho: o queé cativar?Porque elasabia(tambémpor saberde experiênciafeito) que asede de aprendernasce daatenção,do cuidado,da consideração,daconvocaçãopara a aprendizagem.Porqueelasabiaque amissãocentral do professor(vamosusar deliberadamente estapalavramissão),que amissãocentral do professoré procurar continuamenterespostasparaosproblemasdoexílioe doabandono.Ela sabiaque nenhumalunoestavacondenadoadesaparecer,nenhumalunoestavacondenadoa ficar na margemda aprendizagem,nofundodasala.Mesmoo Nunocoma Trissomia21. Mesmoele podiaserchamadoa entrarno círculo da aprendizagem.Mesmoele podiaser forçado a sair do exilio para onde se tinharemetido.Epor isso,aprofessorainventauma conspiraçãocom todosos alunos,e atravésde uma brincadeira do lenço gera uma aliançaque o faz incluir. Ou o episódiodocantononoque eraproibidoe entãoera por aí que se iriacomeçar.Ou a históriadoSandroe do mapa perfeito.UmalunoCEFpor quemninguémdavanadamas a quemforamabertasas portas da aprendizagemporque se teveafelicidade de colocaro desafiocerto – desenharo mapa dePortugal. C. O outro ladoda escola
  • 4. 4 Já referimosque estashistóriasse relacionamcomosprocessosde escolarização.Comos outrosladosda escola.Ladosmuitasvezessolares,algumasvezessombriosonde germina calada a podridão. É a históriade Joanaque não encontraa escola comque sempretinha sonhado. Joana,a abandonada, a tentarperceberose passavano reinodograu zeroda pedagogia,daatençãoe do afetoe a aprenderodesânimo,adesilusãoe oprogressivoabandono. A escoladosolharesdilacerantes. Nada há deatrativo na escola:nemno espaço físico nemna relação com a maioria dosprofessoreseo motivo para estarali está tão longee distanteque são poucososquefazemdo presentea gestação do seu futuro;asrelaçõesentre as matérias ensinadaseas aprendizagenssão relaçõesdifíceisou ténues:o esforço mal percebido,a utilidade pouco clara. Uma catedral de tédio. Alina sala , diantede nós,procuramo-losmas não osencontramos,mesmo sedizem sim, setor.Quantosvezesosprocuramose nãoos encontramos.Mas ao professornãose lhe pede que encontre.Nãose lhe pede aresposta para os problemas.Nãose lhe pede asoluçãochavena mão. Pede-se-lheque procure.Pede- se-lhe que nãodesista.Pede-se-lheque nãofique indiferente.Pede-se-lheatençãoe cuidado. A falsaautoridade que se julgaconstruiratravésdadistância,comono caso do Obrigado,ó palerma. Do professor,atrabalharnum TEIP,que pensaque a relaçãopedagógicase constrói atravésda indiferença,daafirmaçãogratuitada superioridade e daimpassibilidade. A escolaque não deixade serumespaçoprodutorde solidões. Mesmo falando do ato pedagógico não sefazdo outro o companheiro da mesma viagem.Ena solidão se combatem os moinhosdevento semsalvaras Dulcineias.E a solidão é sofrimento quando o esforço,a implicação e o empenhamento são muitasvezesdesproporcionaisrelativamenteaos resultadosalcançados. Precisamente.Estaé a escolado excessode presença,doexcessodo trabalho,doexcessode exigênciasimpossíveis,dointensosofrimentoque reduz progressivamente aalegriade ensinar. Mas é tambéma escolacomo lugarde humanidade que ajudaaIsabel adolescenteadar à luz o filhode Pedroque tinhaentretantomorridonumacidentede mota. A escolacomorespostaface ao descalabrofamiliare que nãopode ficarinsensível aoapelo gostava quea professora falassecomo meu homem porque ele nãosabe serpai,porque ele estáa destruiromeuCarlos,porque estamossósneste mundocruel. A escolada solidariedade,comonocaso doAlmerindoque queria sercarteiro.Oexame da4ª classe erauma barreiraintransponível.Nãoque nãosoubesseosuficiente.Porummisterioso processode bloqueamento,ochumboerao destinorecorrente. Entãoa professorae os únicoscincosalunosque iama exame decidiramque oAlmerindotinhade cumpriroseu sonho,decidiramque tinhade passar!Estadecisãofoi o grande objetivodaturma. Oscinco queíamosa exame,íamospara queo Almerindo passasse.Ecolocaram-noentre eles. E ajudarama resolveroexame doAlmerindo.
  • 5. 5 D. As pessoasdosalunos Antesde tudo,os alunossãopessoasconcretas.Nãotêmnúmero.Têmnome.Como o Rafael. O caso de Rafael era difícil,disseram-nos. Porque viviasónomundo.Opai tinha desaparecido.A mãe naprisão.E na procura de laços,uma telefonemaparaa prisãoe ouvira mãe:que eu atéparece quese me estoira o coração desaudadesdehá maisde um ano não ver o meu menino. Rafael. Não quero queele penseque é uma criança abandonada. Diz-lhe isso,professora,que não é umacriança abandonada? Ou comoo Rui: a professoraque telefonaparao nº de telefone que adiretorade turmado Rui lhe tinhadado. De casa responde aavó:o Rui tinhaidocom a mãe para o IPO. Ele é bom, muito bom, disse aavó, só tem muita revolta. E entãoa dor da professora vemao de cima: e não tive coragemde voltara telefonar.Esmagadapelopesoe pelogritoclaroda revolta,digo. Dizemosque aescoladeve seruma casa de humanidade.Refúgioúltimodosdeserdadosda fortuna,dasvítimas da injustiça.Masteráde reinventarnosseusmodosde organização.Terá de abdicar de ser umacadeia de montagem reguladaporumaordemfabril.E de ser regulada pelaparafernáliadosexames.A escoladofuturoteránecessariamente de passarporesta reinvenção. Ou aindacomo nocaso da Marisa e da diretorade turma do 8º ano.Uma turma complexa. Instabilidade que dificultavaacomunicaçãoe o entendimento.EntãoaDT decide inserir-se na rede do facebook.Eatravésdeste suporte fica-se asaberque alunose professoresviviamem mundosdiferentes. Elesliamuma escola. Nós,professores,tínhamoslido outra coisa. Ocaso de Marisa: da incomunicaçãopara a comunicação. Percebia-se,então,como a intransigência podeimpedir a possibilidadedeperscrutarumpouco maisadiante – lá onde,debaixo da indisciplina,vive o sofrimento.Efoi assimque comecei a ver, quaseouvindo o grito,o pedido de ajuda da Marisa quando escrevia,para mimecomeçava:STOOOOOOORA! E a históriadas Vidas das famíliasemdesagregação. DaMarília que começoua chegar à escola semos trabalhosde casa. Do Ricardoque começoua faltaràs primeirashorasdodia.Da Andreiaque começouachegar à escolatriste,comolheiras,cansadae semas suas respostas rápidase ágeisde sempre. DoBrunoque deixoude serumalunoregular.Da Julianaque começoua faltar intermitentemente…Vidasemtransiçãodevidoaumprograma global de ajustamentoestrutural impostopelossenhoresdocapital.Que é,agora,quemmaisordena. E. As pessoasdosprofessores E as pessoasdos professorestambém.Jáqui falamosde alguns. Maspodemosfalaraindada professoramesmo fixeque nãose importaque a gente a ensine.Que trabalhacomosalunos na horta escolare que bom grado aceitaserensinadapelosseusalunos.Eassimestabelece uma rede de cumplicidade e de afetoque faznascera arte da ensinagem. A professoraque decide oferecerum bolode aniversárioàVanessaque nuncanasua vidao tinhatido.
  • 6. 6 F. A hipocrisiaorganizada Há, nestestextos,váriasevidênciasde umahipocrisiaorganizadaque nãopode deixarde ser desmascarada.Neste prefácio,seja-me permitidodestacarduassituações,uma particularmente dilacerante. A primeiratem a vercom a destruiçãodosonhoda Teresa.Alunaexcecional que tinhaanota máximaa todasas disciplinase que queriairparamedicina,Até que teve umacidente numa aulade educaçãofísica.A 1ª e a 2ª operaçõescorrerammal.Ficoupara sempre incapacitada do braço direito e jánão conseguiafazerlançamentossurpreendentes.Eagora o professor classificava-acom13 porque educação física era uma disciplina como asoutrase quemnão executano máximo não podeter o máximo. Este é umcaso de fronteira.Dilemático. Masesta é sobretudo umahistóriade umapráticaescolarque esqueceuosentidodasuafinalidade e que se enclausuranumaformalidade insustentável. A outra históriatema vercom a escola a tempo inteiro. Todos os meninosnaescolaafazer AtividadesdeEntreter Crianças(AEC). A passar tempo.A responderincessantemente ao what is yourname,Carlos, quandoela(a professora) sabiaexatamenteque me chamavaCarlos. Mãe,podesir lá falarcom ela? Podesirládizerque deve haverlimitesparao fazde conta? Podesirlá dizerque maisvaleriamandar-nosparaorecreio? G. O olhardo sujeitoque escreve O olhar do sujeito que escreve está inundado de compaixão. Diria que é a compaixão que o guia. E vem-me à memória uma passagem de um romance de Rosa Montero (História do rei transparente) emque umapersonagemquerofereceraumasua amigaa melhordas palavras: - Compaixão.Que, como sabes,é a capacidadedenos colocarmos na pela do próximo e de com ele sentir o que ele sente. - Sim, agrada-me. Mas por que me dizes que é a melhor? - Porque é a única das grandes palavras em nome da qual não ferimos, na torturamos, não prendemos e não matamos…. Pelo contrário, evita tudo isso. Há outras palavras muito belas: amor, liberdade, honra, justiça… Mas todas elas, todas, podem ser manipuladas, podem ser utilizadascomo armas dearremesso e causar vítimas.Por amor ao seu Deus, os cruzados acendem piras, e por um amor aberrante, os amantes ciumentos matam as suas amadas. Os nobres maltratam e abusam barbaramente dos seus servos em nome de uma hipotética honra;a liberdadede uns pode significarprisão e morte para outros e, quanto à justiça, todos julgam tê-la do seu lado, mesmo os tiranos mais cruéis. Só a compaixão impede estes excessos; é uma ideia que não pode impor-se aos outros a ferro e fogo, porque nos obriga a fazer justamente o contrário. Obriga-nos a aproximamo-nos dos outros, a sentir o que sentem e a compreendê-los… Lembra-te desta palavra, minha Leola. E, quando te lembrares, pensa também um pouco em mim. É assimque vejoo olhar(e a escrita) daAngelina.Porque oque omove é a sede de justiça.A defesadosmaisfracos,dosdeficientes,dosexcluídos,dosmaispobres.Oque amove é uma ordemeducativamaisfraterna,maissensível,maispróxima.Oque move é a vontade de denúnciadaindignidademesmoquandoelase desenhadentrodaclasse profissional aque
  • 7. 7 pertence – comono triste caso dasTransgressões ouda Participação.Oque a move é uma ordemmaiscolegial e colaborativaque alivie osofrimento e asolidãodosprofessorese lhes confiraum sentidomaishumanoparaa ação. O que a move é liberdade de lutarcontraa indiferençae a mesmice. ComoMeirieupoderíamosafirmar: Amo a razão.Considero quea razão é um meio de aumentara distância em relação à realidade,um instrumento crítico absolutamentenecessário e essencial. No entanto,a razão não garantea fuga à barbárie.A garantia contra a barbárieé a compaixão. É a esta luz que euvejoa mão e o coração que escrevemestesmagníficostextos.Porque, numtempoem que se celebraotriunfoda razão,é precisovisitaraemoçãoe valorizaruma pedagogiadacompaixão. Compaixão.Sofrercomosque sofrem.Alegrar-secomosque se alegram.Esperar(e desesperar) comosque esperam.Sentir.Aspalavrasditas.Aspalavrasentreditas.Osilêncio. Os olhares.Osgestos. Há uma pedagogiadaemoçãoque é precisoredescobrirnotempodaarideztecnocrática.Há uma pedagogiadacompaixão que é precisoacendernaescuridãodosformalismosestéreis.Na selvadacompetição.Naangústiadosexames,dasprovasglobais,doacessoao ensino superior. Noacessoa coisanenhuma. Há uma comunidade de afetosaconstruirno impériosombriodasregras burocráticosque decretama igualdade formal e aexcelênciadassoluçõesuniversais. São estasas liçõesde umavidae de um livro.Que pelaminhaparte procurarei seguir. Termino com a referênciaantológicade Pierre Bourdieu: Ensinarnão é umaactividade comoas outras.Poucasprofissõesserão causas de riscostão gravescomo os que os maus professoresfazem correr aos alunosque lhessãoconfiados.Poucasprofissõessupõem tantas virtudes,generosidade,dedicaçãoe,acimade tudo,talvez entusiasmoe desinteresse.Sóumapolíticainspiradapelapreocupação de atrair e de promoverosmelhores,esseshomense mulheresde qualidade que todosossistemasde educaçãosempre celebraram, poderáfazerdo ofíciode educadorda juventude oque ele deveriaser,o primeirode todososofícios. Angelinasabiaistomuitobem. Porissodedicoutodaasua vidae grande parte da sua produçãoescritaa lutarpara que o ensino,aeducaçãoe a escolafosse o lugardo cumprimentodaspromessasde humanidade.Porissolhe estamosgratosporcontinuaraser uma referênciasingular.