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O SENTIDO DA VIDA É LUTAR PELA JUSTIÇA 
BORTOLINE, José, Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades, Paulos, 2007 
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * 
ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: 33° DOMINGO COMUM – COR: VERDE 
I. INTRODUÇÃO GERAL 
1. A comunidade é o lugar privilegiado para celebrar a fé 
e encontrar o sentido para a vida. Quem descobre isso aca-ba 
afirmando: "Na comunidade eu sou feliz". Sim, porque 
Deus confiou às pessoas todos os seus bens, ou seja, o Rei-no. 
Este cresce nas mãos daqueles que assumem o com-promisso 
de ser filhos da luz e filhos do dia. Por isso é que 
o pão e o vinho da celebração eucarística, símbolos de tudo 
o que somos e temos, tornam-se importantes para Deus e 
também para nós. Neste dia, o Senhor quer dizer a cada um: 
"Empregado bom e fiel… eu lhe confiarei muito mais. 
Venha participar da minha alegria!" 
2. A vinda do Senhor não é pré-datada. Mesmo que o 
Senhor tarde em chegar, nosso compromisso com o Reino e 
sua justiça continua. Por isso a celebração é importante, 
pois nela anunciamos a morte e proclamamos a ressurreição 
do Senhor até que ele venha. 
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 
1ª leitura (Pr 31,10-13.19-20.30-31): Encontrar o sentido 
da vida 
3. Estamos diante do último trecho do livro dos Provér-bios. 
Trata-se de um poema alfabético: na língua original, 
cada frase inicia com uma letra do alfabeto hebraico. Esse 
recurso pretendia, provavelmente, facilitar a memorização 
daqueles que freqüentavam a escola dos sábios de Israel. 
4. Esse poema fala de uma mulher ideal. O texto comple-to 
a descreve como aquela que possui tino comercial: é 
excelente dona de casa e também comerciante; se encontra 
um tempinho para sentar, é para confeccionar tecidos com 
as próprias mãos (vv. 13.19); vende o que produziu e, com 
o dinheiro, faz a feira, compra terras e planta vinhas; encar-rega 
os empregados de fazer o que ela não consegue reali-zar 
pessoalmente; preocupa-se com o bem-estar de seus 
empregados e não se esquece de abrir suas mãos ao neces-sitado 
e de estender suas mãos ao pobre (v. 20). Em síntese, 
uma mulher capaz de fazer tudo e sempre disposta a traba-lhar. 
5. E o marido dela? E os filhos? O marido é conselheiro 
da cidade, e todos o respeitam por ter uma mulher tão tra-balhadora 
e eficiente. O povo da cidade até mudou de idéia 
em relação aos padrões femininos: o que importa não é a 
beleza e o charme da mulher (v. 30a); o que conta é sua 
capacidade de executar competentemente as mais variadas 
tarefas, inclusive as que eram confiadas ao homem. Em 
outras palavras, uma "Amélia" que só tem braços e muque. 
O autor, todavia, não deixa de sublinhar que, acima de 
tudo, está o temor do Senhor (v. 30b). 
6. Isso faz pensar na maioria das mulheres brasileiras 
trabalhadoras em casa e fora dela, na roça ou no emprego, 
desfiguradas pelo excesso de trabalho, numa situação muito 
pior da descrita pelo livro dos Provérbios, pois com o que 
ganham não conseguem sequer fazer a feira… Será que 
estamos diante de um texto bíblico que serve de apoio a 
essa situação injusta enfrentada pela maioria das mulheres 
do nosso país? 
7. Se a mulher descrita no texto de hoje fosse de fato 
uma pessoa, o autor do poema teria, pelo menos, o mérito 
de não atribuir à natureza da mulher o que era fruto do 
preconceito social daquele tempo. De fato, para a sociedade 
de então, a mulher não devia pôr o nariz para fora da porta 
da casa. E aqui nós a vemos se movimentando em todas as 
direções. Em vez de ser "a mulher do fulano", é o homem 
que é "marido daquela mulher competente". Pode ser que 
alguns "homens-zangões" se sintam felizes diante de um 
texto lido sob essa ótica. E pode ser que até algumas mu-lheres 
se sintam conformadas em ser, à luz dessa leitura, 
"abelhas-operárias". 
8. Mas o poema não quer falar de uma mulher em parti-cular, 
nem de todas as mulheres em geral. A mulher do 
poema é a personificação da sabedoria, ou seja, é o próprio 
sentido da vida e das coisas que realizamos. Por isso é que 
todos estamos à procura da companheira-esposa ideal. O 
sentido da vida é nossa esposa-companheira capaz de dar 
cor e sabor àquilo que faz parte do nosso dia-a-dia. Se des-cobrimos 
o sentido da vida, teremos muitas alegrias e ne-nhum 
desgosto em todos os dias da nossa vida (cf. v. 12). 
Evangelho (Mt 25,14-30): O sentido da vida é lutar pela 
justiça 
9. A "parábola dos talentos" faz parte do "discurso esca-tológico" 
de Mateus, a preocupação com o fim do mundo 
(caps. 24-25). Ela pretende desenvolver o tema da vigilân-cia 
abordado na "parábola das dez virgens" (25,1-13). Ma-teus 
quis aprofundar o sentido da vigilância dinâmica. Em 
outras palavras, quer esclarecer o significado do óleo que 
alimenta a chama das lâmpadas. O evangelista não entende 
a vigilância do jeito que muita gente a imagina. Vigiar não 
é atitude policiesca de controle sobre as pessoas e as cons-ciências, 
mas o compromisso fiel com a prática da justiça, 
tema que atravessa todo o evangelho de Mateus. Os ouvin-tes 
da parábola dos talentos precisam ter presente a reco-mendação 
de Jesus: "Se a justiça de vocês não superar a 
dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no 
Reino do Céu" (5,20). Os ouvintes da parábola são os dis-cípulos, 
ou seja, cada um de nós que se comprometeu com 
a prática da justiça que transforma as relações sociais. 
10. A parábola se refere ao tempo que se chama hoje em 
vista do amanhã. O que fazer enquanto o noivo (da parábo-la 
anterior) ou o patrão (parábola de hoje) não chegar? (cf. 
v. 19)? Lembremos que os nossos dias são tempo de espera 
ativa que provoca a vinda do Senhor. Quando virá? Quando 
acontecerá o Reino? Quando a justiça tiver permeado a vida 
das pessoas e da sociedade como um todo. 
11. O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confi-ou 
seus bens (v. 14), a cada um segundo sua capacidade: 
"A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro" 
(v. 15a). Quais são os bens que Deus nos confiou? Nada 
mais nada menos que o Reino: "Felizes os pobres em espí-rito… 
felizes os que são perseguidos por causa da justiça, 
porque deles é o Reino do Céu" (5,3.10). A parábola, por-tanto, 
quer mostrar como devem agir os que se sentem 
responsáveis pelo Reino de justiça trazido por Jesus e o que
vai acontecer com eles na hora do acerto de contas, na volta 
do patrão (v. 19). 
12. O acerto de contas esclarece a questão dos méritos: 
aquele que recebeu cinco talentos e com eles lucrou mais 
cinco (v. 20) não é mais importante daquele que recebeu 
dois e lucrou com eles mais dois (v. 22), pois ambos rece-bem 
a mesma resposta do patrão: "Muito bem, empregado 
bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão 
pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da 
minha alegria!" (vv. 21.23). O patrão não discrimina nem 
estabelece graus de premiação. Nós estamos habituados a 
avaliar as pessoas a partir da posição que ocupam na socie-dade 
e na Igreja, e até criamos títulos para as pessoas im-portantes. 
Deus, ao contrário, chama de "empregado bom e 
fiel" a todos os que lutam pela justiça do Reino… 
13. A parábola nos fala também do medo do risco e da 
busca de seguranças. É o caso do empregado que recebeu 
só um talento (v. 24a). O medo do risco nos paralisa faz a 
gente projetar uma imagem falsa de Deus: "Senhor, sei que 
és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e 
ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e es-condi 
o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence" 
(vv. 24b-25). Naquele tempo, esconder dinheiro no chão 
era a maneira mais segura de guardá-lo. Esse empregado 
buscava seguranças na luta pela justiça que provoca a vinda 
do Reino. Era mais fácil e cômodo enterrar o talento do que 
investir (cf. v. 17). A parábola não fala do risco enfrentado 
pelos empregados que receberam cinco e dois talentos, mas 
o risco existia, e ainda existe. Basta que pensemos nos de-safios 
que a justiça do Reino proporciona aos que lutam por 
ela em nossos dias… A busca de segurança faz pensar nos 
conservadores do tempo de Jesus e de hoje. No tempo de 
Jesus, a onda conservadora era provocada pelos doutores da 
Lei e fariseus, e a "justiça" deles impedia o acesso ao Reino 
do Céu (cf. 5,20). E hoje, quando os desafios da justiça são 
mais graves, o que ganhamos? O empregado "conservador" 
criou uma teologia própria, fazendo de Deus um patrão 
cruel, um ídolo. E hoje, projetamos imagens distorcidas de 
Deus? Não nos esqueçamos de que o patrão chama de 
"mau, preguiçoso e inútil" (vv. 26.30) àquele que, com 
medo do risco e buscando seguranças, enterrou parte dos 
bens de Deus! 
14. A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. 
Sua grandeza está em "entregar seus bens" às pessoas. Na-da 
retém para si. Tudo o que tem (os oito talentos da pará-bola) 
é entregue. Sua fragilidade apresenta-se em forma de 
risco. De fato, falando com o empregado mau e preguiçoso, 
dá a entender que conhecia o modo certo de multiplicar 
seus bens sem a colaboração das pessoas: "Você devia ter 
depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu 
recebesse com juros o que me pertence" (v. 27). Bem que o 
empregado mau poderia ter-lhe respondido: "E por que 
você próprio não fez isso?" A resposta parece evidente na 
parábola: Confiando nas pessoas, Deus arrisca perder. (Será 
que não sabe que irá perder?) Contudo, confia e entrega. 
Sua fragilidade ressalta sua grandeza. 
15. Em Mt 21,43 Jesus dizia às autoridades: "O Reino de 
Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que 
produzirá seus frutos". Na parábola de hoje o patrão ordena 
que tirem do empregado mau e preguiçoso o talento e o 
dêem àquele que tem dez (v. 28), e explica: "Porque a todo 
aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas 
daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado" (v. 29). 
E manda expulsá-lo (v. 40). Na parábola dos vinhateiros 
assassinos Jesus se dirigia aos líderes. Hoje ele fala aos 
discípulos, sinal de que nós também podemos estar entre os 
que mantêm e defendem a sociedade injusta. 
2ª leitura (1Ts 5,1-6): Filhos da luz e filhos do dia 
16. Uma das preocupações da primeira carta aos Tessalo-nicenses 
diz respeito à vinda do Senhor. Esse tema fez parte 
da pregação inicial de Paulo àquela comunidade. No início 
da carta ele afirma que os cristãos da Acaia falam de como 
os tessalonicenses "se converteram, deixando os ídolos e 
voltando para Deus, a fim de servir ao Deus vivo e verda-deiro. 
Falam também de como vocês esperam que Jesus 
venha do céu, o Filho de Deus, a quem Deus ressuscitou 
dentre os mortos. É ele que nos liberta da ira futura" (1,9b- 
10). 
17. A partir disso começou a especulação sobre a data em 
que o Senhor viria. E a comunidade de Tessalônica arrisca-va 
viver de discussões intermináveis e de teorias. Paulo 
começa reafirmando o que a comunidade já sabe: o Dia do 
Senhor virá de modo imprevisto, da mesma forma que o 
ladrão (v. 2). Naquele tempo, a noite era o momento propí-cio 
para a ação de ladrões. Esse fato aponta para o modo de 
ser da comunidade, em atitude de constante vigilância, de 
modo a não ser surpreendida por esse Dia (v. 4). 
18. A comunidade precisa ter um modo próprio de ser, 
diferente dos "outros", a sociedade que crê viver em paz e 
segurança (v. 3a). "Paz e segurança" era um dos lemas do 
império romano que mantinha as pessoas sob a aparência 
da "ordem social" mas que, na verdade, era sinônimo de 
noite escura. Esse tipo de "segurança" não interessa à co-munidade, 
cuja função é ser filhos da luz e filhos do dia (v. 
5). Como não se comprometer com esse tipo de sociedade? 
A alternativa que Paulo apresenta é esta: "Não vamos dor-mir, 
como os outros, mas vigiar e ficar sóbrios" (v. 6). O 
significado disso nos é dado pela própria carta: vigiar é 
abandonar os ídolos que envolvem a sociedade na noite da 
injustiça, comprometendo-se no serviço ao Deus vivo e 
verdadeiro. É assim que se espera o Dia do Senhor. 
III. PISTAS PARA REFLEXÃO 
19. Encontrar o sentido da vida. A 1ª leitura (Pr 31,10-13.19-20.30-31) propicia um momento de 
reflexão aos que, obrigados ou não, se jogaram inteiramente no ativismo: que sentido tem isso? Que 
sentido têm a vida e as coisas que fazemos? 
20. O sentido da vida é lutar pela justiça. Trabalhar positiva e negativamente a parábola dos ta-lentos 
(cf. Mt 25,14-30) na vida da comunidade: os riscos enfrentados e as vitórias conseguidas em 
favor da justiça, e o medo e a busca de segurança que geram uma imagem distorcida de Deus. 
21. Filhos da luz e filhos do dia. Em Tessalônica (1Ts 5,1-6) se dizia "paz e segurança". E Paulo 
chama a isso de "noite e trevas". No Brasil se diz "ordem e progresso". O que isso significa? Como 
ser filhos da luz nessa situação?

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  • 1. O SENTIDO DA VIDA É LUTAR PELA JUSTIÇA BORTOLINE, José, Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades, Paulos, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: 33° DOMINGO COMUM – COR: VERDE I. INTRODUÇÃO GERAL 1. A comunidade é o lugar privilegiado para celebrar a fé e encontrar o sentido para a vida. Quem descobre isso aca-ba afirmando: "Na comunidade eu sou feliz". Sim, porque Deus confiou às pessoas todos os seus bens, ou seja, o Rei-no. Este cresce nas mãos daqueles que assumem o com-promisso de ser filhos da luz e filhos do dia. Por isso é que o pão e o vinho da celebração eucarística, símbolos de tudo o que somos e temos, tornam-se importantes para Deus e também para nós. Neste dia, o Senhor quer dizer a cada um: "Empregado bom e fiel… eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria!" 2. A vinda do Senhor não é pré-datada. Mesmo que o Senhor tarde em chegar, nosso compromisso com o Reino e sua justiça continua. Por isso a celebração é importante, pois nela anunciamos a morte e proclamamos a ressurreição do Senhor até que ele venha. II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (Pr 31,10-13.19-20.30-31): Encontrar o sentido da vida 3. Estamos diante do último trecho do livro dos Provér-bios. Trata-se de um poema alfabético: na língua original, cada frase inicia com uma letra do alfabeto hebraico. Esse recurso pretendia, provavelmente, facilitar a memorização daqueles que freqüentavam a escola dos sábios de Israel. 4. Esse poema fala de uma mulher ideal. O texto comple-to a descreve como aquela que possui tino comercial: é excelente dona de casa e também comerciante; se encontra um tempinho para sentar, é para confeccionar tecidos com as próprias mãos (vv. 13.19); vende o que produziu e, com o dinheiro, faz a feira, compra terras e planta vinhas; encar-rega os empregados de fazer o que ela não consegue reali-zar pessoalmente; preocupa-se com o bem-estar de seus empregados e não se esquece de abrir suas mãos ao neces-sitado e de estender suas mãos ao pobre (v. 20). Em síntese, uma mulher capaz de fazer tudo e sempre disposta a traba-lhar. 5. E o marido dela? E os filhos? O marido é conselheiro da cidade, e todos o respeitam por ter uma mulher tão tra-balhadora e eficiente. O povo da cidade até mudou de idéia em relação aos padrões femininos: o que importa não é a beleza e o charme da mulher (v. 30a); o que conta é sua capacidade de executar competentemente as mais variadas tarefas, inclusive as que eram confiadas ao homem. Em outras palavras, uma "Amélia" que só tem braços e muque. O autor, todavia, não deixa de sublinhar que, acima de tudo, está o temor do Senhor (v. 30b). 6. Isso faz pensar na maioria das mulheres brasileiras trabalhadoras em casa e fora dela, na roça ou no emprego, desfiguradas pelo excesso de trabalho, numa situação muito pior da descrita pelo livro dos Provérbios, pois com o que ganham não conseguem sequer fazer a feira… Será que estamos diante de um texto bíblico que serve de apoio a essa situação injusta enfrentada pela maioria das mulheres do nosso país? 7. Se a mulher descrita no texto de hoje fosse de fato uma pessoa, o autor do poema teria, pelo menos, o mérito de não atribuir à natureza da mulher o que era fruto do preconceito social daquele tempo. De fato, para a sociedade de então, a mulher não devia pôr o nariz para fora da porta da casa. E aqui nós a vemos se movimentando em todas as direções. Em vez de ser "a mulher do fulano", é o homem que é "marido daquela mulher competente". Pode ser que alguns "homens-zangões" se sintam felizes diante de um texto lido sob essa ótica. E pode ser que até algumas mu-lheres se sintam conformadas em ser, à luz dessa leitura, "abelhas-operárias". 8. Mas o poema não quer falar de uma mulher em parti-cular, nem de todas as mulheres em geral. A mulher do poema é a personificação da sabedoria, ou seja, é o próprio sentido da vida e das coisas que realizamos. Por isso é que todos estamos à procura da companheira-esposa ideal. O sentido da vida é nossa esposa-companheira capaz de dar cor e sabor àquilo que faz parte do nosso dia-a-dia. Se des-cobrimos o sentido da vida, teremos muitas alegrias e ne-nhum desgosto em todos os dias da nossa vida (cf. v. 12). Evangelho (Mt 25,14-30): O sentido da vida é lutar pela justiça 9. A "parábola dos talentos" faz parte do "discurso esca-tológico" de Mateus, a preocupação com o fim do mundo (caps. 24-25). Ela pretende desenvolver o tema da vigilân-cia abordado na "parábola das dez virgens" (25,1-13). Ma-teus quis aprofundar o sentido da vigilância dinâmica. Em outras palavras, quer esclarecer o significado do óleo que alimenta a chama das lâmpadas. O evangelista não entende a vigilância do jeito que muita gente a imagina. Vigiar não é atitude policiesca de controle sobre as pessoas e as cons-ciências, mas o compromisso fiel com a prática da justiça, tema que atravessa todo o evangelho de Mateus. Os ouvin-tes da parábola dos talentos precisam ter presente a reco-mendação de Jesus: "Se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu" (5,20). Os ouvintes da parábola são os dis-cípulos, ou seja, cada um de nós que se comprometeu com a prática da justiça que transforma as relações sociais. 10. A parábola se refere ao tempo que se chama hoje em vista do amanhã. O que fazer enquanto o noivo (da parábo-la anterior) ou o patrão (parábola de hoje) não chegar? (cf. v. 19)? Lembremos que os nossos dias são tempo de espera ativa que provoca a vinda do Senhor. Quando virá? Quando acontecerá o Reino? Quando a justiça tiver permeado a vida das pessoas e da sociedade como um todo. 11. O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confi-ou seus bens (v. 14), a cada um segundo sua capacidade: "A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro" (v. 15a). Quais são os bens que Deus nos confiou? Nada mais nada menos que o Reino: "Felizes os pobres em espí-rito… felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu" (5,3.10). A parábola, por-tanto, quer mostrar como devem agir os que se sentem responsáveis pelo Reino de justiça trazido por Jesus e o que
  • 2. vai acontecer com eles na hora do acerto de contas, na volta do patrão (v. 19). 12. O acerto de contas esclarece a questão dos méritos: aquele que recebeu cinco talentos e com eles lucrou mais cinco (v. 20) não é mais importante daquele que recebeu dois e lucrou com eles mais dois (v. 22), pois ambos rece-bem a mesma resposta do patrão: "Muito bem, empregado bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria!" (vv. 21.23). O patrão não discrimina nem estabelece graus de premiação. Nós estamos habituados a avaliar as pessoas a partir da posição que ocupam na socie-dade e na Igreja, e até criamos títulos para as pessoas im-portantes. Deus, ao contrário, chama de "empregado bom e fiel" a todos os que lutam pela justiça do Reino… 13. A parábola nos fala também do medo do risco e da busca de seguranças. É o caso do empregado que recebeu só um talento (v. 24a). O medo do risco nos paralisa faz a gente projetar uma imagem falsa de Deus: "Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e es-condi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence" (vv. 24b-25). Naquele tempo, esconder dinheiro no chão era a maneira mais segura de guardá-lo. Esse empregado buscava seguranças na luta pela justiça que provoca a vinda do Reino. Era mais fácil e cômodo enterrar o talento do que investir (cf. v. 17). A parábola não fala do risco enfrentado pelos empregados que receberam cinco e dois talentos, mas o risco existia, e ainda existe. Basta que pensemos nos de-safios que a justiça do Reino proporciona aos que lutam por ela em nossos dias… A busca de segurança faz pensar nos conservadores do tempo de Jesus e de hoje. No tempo de Jesus, a onda conservadora era provocada pelos doutores da Lei e fariseus, e a "justiça" deles impedia o acesso ao Reino do Céu (cf. 5,20). E hoje, quando os desafios da justiça são mais graves, o que ganhamos? O empregado "conservador" criou uma teologia própria, fazendo de Deus um patrão cruel, um ídolo. E hoje, projetamos imagens distorcidas de Deus? Não nos esqueçamos de que o patrão chama de "mau, preguiçoso e inútil" (vv. 26.30) àquele que, com medo do risco e buscando seguranças, enterrou parte dos bens de Deus! 14. A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em "entregar seus bens" às pessoas. Na-da retém para si. Tudo o que tem (os oito talentos da pará-bola) é entregue. Sua fragilidade apresenta-se em forma de risco. De fato, falando com o empregado mau e preguiçoso, dá a entender que conhecia o modo certo de multiplicar seus bens sem a colaboração das pessoas: "Você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence" (v. 27). Bem que o empregado mau poderia ter-lhe respondido: "E por que você próprio não fez isso?" A resposta parece evidente na parábola: Confiando nas pessoas, Deus arrisca perder. (Será que não sabe que irá perder?) Contudo, confia e entrega. Sua fragilidade ressalta sua grandeza. 15. Em Mt 21,43 Jesus dizia às autoridades: "O Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos". Na parábola de hoje o patrão ordena que tirem do empregado mau e preguiçoso o talento e o dêem àquele que tem dez (v. 28), e explica: "Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado" (v. 29). E manda expulsá-lo (v. 40). Na parábola dos vinhateiros assassinos Jesus se dirigia aos líderes. Hoje ele fala aos discípulos, sinal de que nós também podemos estar entre os que mantêm e defendem a sociedade injusta. 2ª leitura (1Ts 5,1-6): Filhos da luz e filhos do dia 16. Uma das preocupações da primeira carta aos Tessalo-nicenses diz respeito à vinda do Senhor. Esse tema fez parte da pregação inicial de Paulo àquela comunidade. No início da carta ele afirma que os cristãos da Acaia falam de como os tessalonicenses "se converteram, deixando os ídolos e voltando para Deus, a fim de servir ao Deus vivo e verda-deiro. Falam também de como vocês esperam que Jesus venha do céu, o Filho de Deus, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. É ele que nos liberta da ira futura" (1,9b- 10). 17. A partir disso começou a especulação sobre a data em que o Senhor viria. E a comunidade de Tessalônica arrisca-va viver de discussões intermináveis e de teorias. Paulo começa reafirmando o que a comunidade já sabe: o Dia do Senhor virá de modo imprevisto, da mesma forma que o ladrão (v. 2). Naquele tempo, a noite era o momento propí-cio para a ação de ladrões. Esse fato aponta para o modo de ser da comunidade, em atitude de constante vigilância, de modo a não ser surpreendida por esse Dia (v. 4). 18. A comunidade precisa ter um modo próprio de ser, diferente dos "outros", a sociedade que crê viver em paz e segurança (v. 3a). "Paz e segurança" era um dos lemas do império romano que mantinha as pessoas sob a aparência da "ordem social" mas que, na verdade, era sinônimo de noite escura. Esse tipo de "segurança" não interessa à co-munidade, cuja função é ser filhos da luz e filhos do dia (v. 5). Como não se comprometer com esse tipo de sociedade? A alternativa que Paulo apresenta é esta: "Não vamos dor-mir, como os outros, mas vigiar e ficar sóbrios" (v. 6). O significado disso nos é dado pela própria carta: vigiar é abandonar os ídolos que envolvem a sociedade na noite da injustiça, comprometendo-se no serviço ao Deus vivo e verdadeiro. É assim que se espera o Dia do Senhor. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 19. Encontrar o sentido da vida. A 1ª leitura (Pr 31,10-13.19-20.30-31) propicia um momento de reflexão aos que, obrigados ou não, se jogaram inteiramente no ativismo: que sentido tem isso? Que sentido têm a vida e as coisas que fazemos? 20. O sentido da vida é lutar pela justiça. Trabalhar positiva e negativamente a parábola dos ta-lentos (cf. Mt 25,14-30) na vida da comunidade: os riscos enfrentados e as vitórias conseguidas em favor da justiça, e o medo e a busca de segurança que geram uma imagem distorcida de Deus. 21. Filhos da luz e filhos do dia. Em Tessalônica (1Ts 5,1-6) se dizia "paz e segurança". E Paulo chama a isso de "noite e trevas". No Brasil se diz "ordem e progresso". O que isso significa? Como ser filhos da luz nessa situação?