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rasil
                                   do B
                              Arco
                           Real
                         s do
Remédios, nós os temos de todo jeito.
                      açon

Como a fábula, que à alma se destina.
                   de M


Se para o tolo e o arrogante não faz efeito,
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                ítulo
             Cap
           nde
         Gra




i
      remo
     Sup




             www.realarco.org.br
Era    a décima segunda hora em Jerusalém e os
Obreiros se retiravam de seu trabalho sob o calor
meridiano. Desciam a montanha sagrada em bandos,
apressados para chegarem ao descanso. O sábio Caldeu,
cuja vida dedicara à busca da sabedoria através dos
mistérios da Natureza ou dos segredos da Ciência,
caminhava calmamente. Sua testa, marcada pelas rugas,




                                           rasil
dava-lhe o testemunho das muitas horas de estudo à luz
insuficiente da lamparina. Mais adiante, Mestres da Arte




                                       do B
Real, elevados pela amizade de seu chefe ou por seus
próprios méritos daquela distinta posição, retribuíam, com




                                   Arco
cortesia solene, a saudação respeitosa dos Obreiros mais
humildes. Esses, em grupos diversos e em diferentes


                                Real
pontos da montanha, discutiam assuntos de interesse
profissional, ou absorviam-se na contemplação do
                             s do
majestoso edifício que pouco a pouco tomava forma diante
deles.
                          açon

     O Templo, o tributo mais orgulhoso do engenho
                       de M


humano, para cuja construção foram tirados da Terra os
seus tesouros e da Ciência os seus segredos, aproximava-se
                   ítulo




da tão desejada conclusão. O Arco, que guardaria em seu
recesso o mais Sagrado dos Sagrados, precisava apenas da
                 Cap




Pedra Chave para completá-lo. E já fora marcado o dia em
que o real Salomão, como Grão-Mestre dos Filhos da Luz,
              nde




deveria encaixar a pedra perfeita na presença das tribos de
           Gra




Israel, reunidas em orgulho e contentamento.
        remo




     O que vamos contar se passou no próprio dia em que
o Monarca marcara a data. Os obreiros achavam-se
     Sup




insatisfeitos com uma injustiça cometida contra Honestas,
um dos mais hábeis Supervisores. Ele havia preparado, com
muito trabalho, uma Chave perfeita para o fechamento do
Arco, de excelência, originalidade e beleza singulares. Mas
tivera seu trabalho rejeitado por Salomão, por razões tão
tolas que tornavam aparente os motivos verdadeiros –
inveja de sua perfeição e ciúme do entusiasmo com que foi
recebida.
                www.realarco.org.br
Naquele dia, toda a Loja reuniu-se e o trabalho de
Honestas foi mostrado aos seus irmãos. Foi recebido com
aclamação pelos Obreiros, pelos Mestres experientes e por
alguns Chefes independentes da Ordem, pois tinha as
proporções perfeitas de um cubo, esquadrada pelo Cinzel
das intenções e de acordo com a escala da mais estrita
integridade.




                                           rasil
     Salomão olhou a Pedra friamente, pois a inveja entrara




                                       do B
em seu coração e o amargor apossou-se de sua língua.
Depois de tentar em vão encontrar defeitos no trabalho




                                   Arco
sem falhas, questionou se seria adequada, duvidando que
se harmonizasse com os demais ornamentos do Arco.

                                Real
Afortunadamente, os modelos em que se basearam os
ornamentos estavam à mão. Constituíam em relevos de
                             s do
mármore, representando figuras de um homem e de uma
mulher, vulneráveis frente ao destino. Maravilhosos no
                          açon

desenho e quase perfeitos na execução. O trabalho de
                       de M


Honestas foi colocado entre eles e muitos Irmãos
exclamaram com alegria pelo efeito harmonioso do
conjunto, porque esculpido no cubo estava à figura de um
                   ítulo




Construtor idoso, curvado pelo trabalho e pela
                 Cap




enfermidade, recebendo o apoio dos fortes e saudáveis da
Ordem.
              nde




     - “É verdade,” declarou o Mestre Real, olhando a todos
            Gra




desdenhoso, “que a intenção foi boa. Não há como não
        remo




aprovar a criação, embora tenha que lamentar sua
impraticabilidade. O Arco é incapaz de sustentar o peso do
     Sup




trabalho proposto e, ao invés de constituir-se na Pedra
Chave para cimentar o tudo, causaria sua destruição.”

     Em vão Honestas provou, demonstrando na prática, o
poder de sustentação do Arco. Em vão, os Obreiros
ofereceram-se para aumentar a resistência do Arco, com
seu trabalho voluntário, até que as dúvidas de Salomão fos-
sem satisfeitas. A razão e a justiça falharam.

                www.realarco.org.br
Ao fim, Salomão usou de sua prerrogativa e o trabalho de
Honestas foi desdenhosamente rejeitado, em meio às
expressões de escárnio dos invejosos e ignorantes e
lástima dos honestos e sinceros.

     Foi na hora do crepúsculo, naquele mesmo dia, que
Salomão deixou o palácio para desfrutar do ar fresco do




                                          rasil
anoitecer. Insatisfeito consigo mesmo, pensativo, seus
passos levaram-no às margens do riacho de Kedrom. Ao




                                      do B
longe, podiam ser vistos os túmulos dos reais de Israel,
suas formas brancas e graciosas elevando-se entre os




                                   Arco
cedros e ciprestes que os rodeavam. Caminhando pela
margem, ouvindo o murmúrio incessante da correnteza, ou

                                Real
perdido na amargura das reflexões que sempre
acompanham a doença, Salomão encontrou um Irmão idoso
                             s do
chamado Veritas, cuja voz há muito se tornara estranha aos
seus ouvidos, mas cujas palavras até mesmo seu real Pai
                          açon

havia escutado com atenção e temor. Fora notável pelas
                      de M


intervenções ocasionais entre os obreiros, invariavelmente
acompanhadas de felizes conseqüências.
                   ítulo




    Severo na aparência e majestoso no porte, sem ligar
                 Cap




ou para o cenho franzido do Rei ou para o seu ar de
impaciência, Veritas assim lhe falou:
              nde




     - “Diante das tumbas de teus predecessores, como
           Gra




podes estar determinado a cometer esta injustiça? Não te
        remo




diz o verme humilde que como todos, tu és terra somente?
Lembra-te: na Loja Eterna, a realeza de Salomão e a
     Sup




humildade de Honestas serão iguais, e que o grande
Arquiteto decidirá sobre ambos. Olha!”

    E apontou para um pelicano solitário, empoleirado
numa rocha, observando a correnteza, pacientemente
esperando sua presa. O pássaro ficou imóvel por alguns
momentos, com uma estátua. De repente, mergulhou seu
pescoço comprido nas águas e trouxe o peixe preso no

                www.realarco.org.br
bico. Alçou voo pesadamente em direção ao bosque, onde,
certamente, filhotes impacientes aguardavam sua comida.

     Mal o pássaro carregado deixou a água, quando uma
águia, que tinha observado o paciente pescador do alto das
nuvens, mergulhou sobre ele. Com um grito de medo, o
pelicano soltou sua presa, que o tirano pegou ainda no ar e




                                           rasil
lá se foi, majestosamente, para seu ninho distante. O
pelicano desapontado e roubado, voltou à sua rocha para




                                       do B
olhar e olhar novamente, para pescar e quem sabe, para ser
novamente privado do fruto do seu trabalho.




                                   Arco
    - “Será que este incidente não te faz pensar?”

                                Real
perguntou Veritas, olhando severamente a expressão
confusa de Salomão. “Tu não te convences de que as leis
                             s do
do direito e do poder estão em desacordo? O homem,
quando investido com o poder, se não o usa para a justiça,
                          açon

acaba usando apenas os instintos animais de sua natureza,
                       de M


surdo à voz da razão e da verdade.”

    - “Mas Aquele que deu à águia poderes sobre os outros
                   ítulo




pássaros, deu aos Reis da terra o domínio sobre os
                 Cap




homens.”
              nde




     - “É verdade, Majestade, respondeu o sábio, “mas o
domínio de um difere do domínio do outro, porque
           Gra




enquanto a águia não faz mais do que seguir o instinto
        remo




bruto de sua natureza, o homem, por sua vez, tem a razão
como seu guia.”
     Sup




     - “Então quando, a águia devolver sua presa,”
respondeu o Monarca, irritado, “eu curvarei meu cetro ao
direito de Honestas, mas só então.”

    Ao que respondeu calmamente o velho:

    - “Isso é o mesmo que dizer que somente quando o

                www.realarco.org.br
instinto bruto alcançar a inteligência do homem. O Real
Salomão,
por assim dizer, seguirá apenas os impulsos do instinto,
desprezando o dom e a preeminência concedidos pelo
Altíssimo, ao curvar sua razão aos impulsos de suas
paixões.”




                                          rasil
     “Eu bem sei,” continuou o sábio, “que a verdade não é
bem-vinda aos ouvidos dos príncipes. Mas pensa no




                                      do B
julgamento Daquele cuja palavra é a Verdade, cuja essência
é o Amor e cujo atributo é a Justiça. Aceitará Ele a




                                   Arco
dedicação do teu trabalho? Ou sorrirá ao teu reinado, se
cometeres esta injustiça com Honestas? Toma cuidado,

                               Real
pois as palavras deste teu servo Veritas podem ser
sucedidas pelos aguilhões daquele “verme que nunca
                            s do
dorme, a Consciência.”
                         açon


      r
      r
                      de M
                   ítulo
                Cap




     Naquela noite, o Mestre Real novamente presidiu a
             nde




Assembléia de Obreiros. Sua expressão era límpida, pois o
espírito da justiça transbordava em seu coração. O
           Gra




Trabalho do fiel Honestas foi aprovado, e jamais esteve o
       remo




Monarca mais digno da ordem. Porque, naquela noite, ele
mostrou que a mágoa da injustiça pode dissipar-se na
     Sup




beleza da reconciliação.




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A pedra chave

  • 1.
  • 2. rasil do B Arco Real s do Remédios, nós os temos de todo jeito. açon Como a fábula, que à alma se destina. de M Se para o tolo e o arrogante não faz efeito, Para o humilde e sábio conforta e ensina. ítulo Cap nde Gra i remo Sup www.realarco.org.br
  • 3. Era a décima segunda hora em Jerusalém e os Obreiros se retiravam de seu trabalho sob o calor meridiano. Desciam a montanha sagrada em bandos, apressados para chegarem ao descanso. O sábio Caldeu, cuja vida dedicara à busca da sabedoria através dos mistérios da Natureza ou dos segredos da Ciência, caminhava calmamente. Sua testa, marcada pelas rugas, rasil dava-lhe o testemunho das muitas horas de estudo à luz insuficiente da lamparina. Mais adiante, Mestres da Arte do B Real, elevados pela amizade de seu chefe ou por seus próprios méritos daquela distinta posição, retribuíam, com Arco cortesia solene, a saudação respeitosa dos Obreiros mais humildes. Esses, em grupos diversos e em diferentes Real pontos da montanha, discutiam assuntos de interesse profissional, ou absorviam-se na contemplação do s do majestoso edifício que pouco a pouco tomava forma diante deles. açon O Templo, o tributo mais orgulhoso do engenho de M humano, para cuja construção foram tirados da Terra os seus tesouros e da Ciência os seus segredos, aproximava-se ítulo da tão desejada conclusão. O Arco, que guardaria em seu recesso o mais Sagrado dos Sagrados, precisava apenas da Cap Pedra Chave para completá-lo. E já fora marcado o dia em que o real Salomão, como Grão-Mestre dos Filhos da Luz, nde deveria encaixar a pedra perfeita na presença das tribos de Gra Israel, reunidas em orgulho e contentamento. remo O que vamos contar se passou no próprio dia em que o Monarca marcara a data. Os obreiros achavam-se Sup insatisfeitos com uma injustiça cometida contra Honestas, um dos mais hábeis Supervisores. Ele havia preparado, com muito trabalho, uma Chave perfeita para o fechamento do Arco, de excelência, originalidade e beleza singulares. Mas tivera seu trabalho rejeitado por Salomão, por razões tão tolas que tornavam aparente os motivos verdadeiros – inveja de sua perfeição e ciúme do entusiasmo com que foi recebida. www.realarco.org.br
  • 4. Naquele dia, toda a Loja reuniu-se e o trabalho de Honestas foi mostrado aos seus irmãos. Foi recebido com aclamação pelos Obreiros, pelos Mestres experientes e por alguns Chefes independentes da Ordem, pois tinha as proporções perfeitas de um cubo, esquadrada pelo Cinzel das intenções e de acordo com a escala da mais estrita integridade. rasil Salomão olhou a Pedra friamente, pois a inveja entrara do B em seu coração e o amargor apossou-se de sua língua. Depois de tentar em vão encontrar defeitos no trabalho Arco sem falhas, questionou se seria adequada, duvidando que se harmonizasse com os demais ornamentos do Arco. Real Afortunadamente, os modelos em que se basearam os ornamentos estavam à mão. Constituíam em relevos de s do mármore, representando figuras de um homem e de uma mulher, vulneráveis frente ao destino. Maravilhosos no açon desenho e quase perfeitos na execução. O trabalho de de M Honestas foi colocado entre eles e muitos Irmãos exclamaram com alegria pelo efeito harmonioso do conjunto, porque esculpido no cubo estava à figura de um ítulo Construtor idoso, curvado pelo trabalho e pela Cap enfermidade, recebendo o apoio dos fortes e saudáveis da Ordem. nde - “É verdade,” declarou o Mestre Real, olhando a todos Gra desdenhoso, “que a intenção foi boa. Não há como não remo aprovar a criação, embora tenha que lamentar sua impraticabilidade. O Arco é incapaz de sustentar o peso do Sup trabalho proposto e, ao invés de constituir-se na Pedra Chave para cimentar o tudo, causaria sua destruição.” Em vão Honestas provou, demonstrando na prática, o poder de sustentação do Arco. Em vão, os Obreiros ofereceram-se para aumentar a resistência do Arco, com seu trabalho voluntário, até que as dúvidas de Salomão fos- sem satisfeitas. A razão e a justiça falharam. www.realarco.org.br
  • 5. Ao fim, Salomão usou de sua prerrogativa e o trabalho de Honestas foi desdenhosamente rejeitado, em meio às expressões de escárnio dos invejosos e ignorantes e lástima dos honestos e sinceros. Foi na hora do crepúsculo, naquele mesmo dia, que Salomão deixou o palácio para desfrutar do ar fresco do rasil anoitecer. Insatisfeito consigo mesmo, pensativo, seus passos levaram-no às margens do riacho de Kedrom. Ao do B longe, podiam ser vistos os túmulos dos reais de Israel, suas formas brancas e graciosas elevando-se entre os Arco cedros e ciprestes que os rodeavam. Caminhando pela margem, ouvindo o murmúrio incessante da correnteza, ou Real perdido na amargura das reflexões que sempre acompanham a doença, Salomão encontrou um Irmão idoso s do chamado Veritas, cuja voz há muito se tornara estranha aos seus ouvidos, mas cujas palavras até mesmo seu real Pai açon havia escutado com atenção e temor. Fora notável pelas de M intervenções ocasionais entre os obreiros, invariavelmente acompanhadas de felizes conseqüências. ítulo Severo na aparência e majestoso no porte, sem ligar Cap ou para o cenho franzido do Rei ou para o seu ar de impaciência, Veritas assim lhe falou: nde - “Diante das tumbas de teus predecessores, como Gra podes estar determinado a cometer esta injustiça? Não te remo diz o verme humilde que como todos, tu és terra somente? Lembra-te: na Loja Eterna, a realeza de Salomão e a Sup humildade de Honestas serão iguais, e que o grande Arquiteto decidirá sobre ambos. Olha!” E apontou para um pelicano solitário, empoleirado numa rocha, observando a correnteza, pacientemente esperando sua presa. O pássaro ficou imóvel por alguns momentos, com uma estátua. De repente, mergulhou seu pescoço comprido nas águas e trouxe o peixe preso no www.realarco.org.br
  • 6. bico. Alçou voo pesadamente em direção ao bosque, onde, certamente, filhotes impacientes aguardavam sua comida. Mal o pássaro carregado deixou a água, quando uma águia, que tinha observado o paciente pescador do alto das nuvens, mergulhou sobre ele. Com um grito de medo, o pelicano soltou sua presa, que o tirano pegou ainda no ar e rasil lá se foi, majestosamente, para seu ninho distante. O pelicano desapontado e roubado, voltou à sua rocha para do B olhar e olhar novamente, para pescar e quem sabe, para ser novamente privado do fruto do seu trabalho. Arco - “Será que este incidente não te faz pensar?” Real perguntou Veritas, olhando severamente a expressão confusa de Salomão. “Tu não te convences de que as leis s do do direito e do poder estão em desacordo? O homem, quando investido com o poder, se não o usa para a justiça, açon acaba usando apenas os instintos animais de sua natureza, de M surdo à voz da razão e da verdade.” - “Mas Aquele que deu à águia poderes sobre os outros ítulo pássaros, deu aos Reis da terra o domínio sobre os Cap homens.” nde - “É verdade, Majestade, respondeu o sábio, “mas o domínio de um difere do domínio do outro, porque Gra enquanto a águia não faz mais do que seguir o instinto remo bruto de sua natureza, o homem, por sua vez, tem a razão como seu guia.” Sup - “Então quando, a águia devolver sua presa,” respondeu o Monarca, irritado, “eu curvarei meu cetro ao direito de Honestas, mas só então.” Ao que respondeu calmamente o velho: - “Isso é o mesmo que dizer que somente quando o www.realarco.org.br
  • 7. instinto bruto alcançar a inteligência do homem. O Real Salomão, por assim dizer, seguirá apenas os impulsos do instinto, desprezando o dom e a preeminência concedidos pelo Altíssimo, ao curvar sua razão aos impulsos de suas paixões.” rasil “Eu bem sei,” continuou o sábio, “que a verdade não é bem-vinda aos ouvidos dos príncipes. Mas pensa no do B julgamento Daquele cuja palavra é a Verdade, cuja essência é o Amor e cujo atributo é a Justiça. Aceitará Ele a Arco dedicação do teu trabalho? Ou sorrirá ao teu reinado, se cometeres esta injustiça com Honestas? Toma cuidado, Real pois as palavras deste teu servo Veritas podem ser sucedidas pelos aguilhões daquele “verme que nunca s do dorme, a Consciência.” açon r r de M ítulo Cap Naquela noite, o Mestre Real novamente presidiu a nde Assembléia de Obreiros. Sua expressão era límpida, pois o espírito da justiça transbordava em seu coração. O Gra Trabalho do fiel Honestas foi aprovado, e jamais esteve o remo Monarca mais digno da ordem. Porque, naquela noite, ele mostrou que a mágoa da injustiça pode dissipar-se na Sup beleza da reconciliação. www.realarco.org.br