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A Marca no Grau de Mestre de Marca,
                             sob a visão de dois mestres de marca
                  Elaborado pelos IIr.∙. Jorge Eduardo de Lima Siqueira e Marcus Vinícius Neves Gomes
                                                                                   Verão de 2012/2013



MVM – Queridos CComp.∙., foi enviado por dois obreiros, através do M.∙. Sup.∙. que os assistia
nas pedreiras do Rei Salomão, pedra que “não é oblonga, nem está no esquadro”, necessitando
portanto ser analisada em seu comprimento, largura e circunferência, para a que a construção do
Templo se complete com a perfeição exigida por nosso “Querido M.∙.”. Após as meditações que
o descanso nos consagrou peço sua ajuda para que façamos as devidas conferências.


Ir. 1° Sup., o que significa “marca”?

1° Sup. – MVM, uma marca pode ser visualizada sobre aspectos distintos. Pode ser vista como
sinal (exotérica) ou como signo/símbolo (esotérica). Como sinal serve para que se reconheça
uma coisa, forma de distinção entre coisas, ou seja, um traço distintivo. Como símbolo serve
para como uma representação concreta de algo ausente ou abstrato. Nesse aspecto a “marca”
numa visão exotérica é um “sinal que faz parte do mundo físico do ser e a relação dos sinais
com a realidade é meramente artificial ou convencional” já numa visão esotérica a “marca”
como um símbolo “está na melhor forma de formulação possível, sendo um campo
intermediário entre o espírito e a matéria”. Faz-nos “transcender a posição do sujeito e objeto,
a livre espontaneidade da mente e a passividade dos sentidos, colocando-nos, agora, de uma
forma recíproca e com uma correlação entre as coisas do mundo e o espírito” 1 . De modo
especial, signo é aquilo que tem valor evocativo, místico ou iniciático.


MVM – Como a marca foi utilizada no curso da história, Ir. 2° Sup.?

2° Sup. – No processo de evolução histórica as marcas foram utilizadas em diversos momentos.
No tempo dos Césares os escravos eram marcados como se fossem gado 2 . Na idade média,
criminosos eram mutilados, marcados com sinais e tatuados, a fim de que, fossem identificados

1
 Moura, Marinaide Ramos. O Simbólico Em Cassirer. <Disponível em: http://www.uefs.br/nef/marinaide5.pdf>
2
 Hans, Marcos. Qual É Sua Marca? <Disponível em: http://www.realarco.org.br/joomla/index.php?option=
com_content&view=article&id=35&Itemid=30>
                                                                                                      1
como criminosos pelos demais cidadãos aquele ou de outro feudo. Portanto, naquela época as
marcas já eram utilizadas para mostrar qualidade e caráter.


Sobre a utilização de marcas na maçonaria operativa e na idade média, o Ir. M.∙. Sup.∙. terá
certamente maiores informações.


MVM – Ir. Mar. tenha a bondade de nos relatar como as marcas são utilizadas atualmente
em nosso cotidiano?

Ir. Mar. – Companhias, organizações, países, grupos usam suas marcas, logos, bandeiras para
identificar-se. Muitos reconhecem um país, produto ou organização não por uma sentença ou
palavra escrita, mas uma marca (sinais/símbolos). Nas olimpíadas, reconhecem-se os atletas por
suas bandeiras 3 . Os militares, por exemplo, têm orgulho de seus distintivos, que são marcas
(sinais/símbolos). Também conhecemos determinadas pessoas pelas suas marcas, como por
exemplo, Elvis Presley que até hoje é conhecido pelo seu topete e Sílvio Santos pelo bordão
“Quem quer dinheiro?!”.


E não somente como sinais distintivos as “marcas” são utilizadas em nosso cotidiano. Continuam
vivas as marcas como transmissoras dos significados mais profundos, por exemplo, a balança
utilizada pelo Judiciário, que transmite a ideia de justiça, e a cruz, elemento religioso da
cristandade, que representa a expiação dos pecados feita por Cristo em favor dos seus adeptos.


MVM – Ir. M. Sup., tenho notícias de que sabes narrar porque eram utilizadas marcas
para identificar maçons operativos. Se és portador desse conhecimento, pode nos
transmitir?

Ir. M. Sup. – MVM, me alegro em compartilhar com os companheiros de trabalho e inspeção
essas informações. Antes de qualquer coisa é preciso estabelecer o contexto em que se inseria a
Maçonaria e a sociedade à época em que o grau de marca se desenvolvia. Naquele tempo a
Maçonaria, assim como toda a sociedade, era impregnada pela cultura verbal. Isso ocorria por
uma questão muito simples, a maioria da população não sabia ler ou escrever. Neste contexto,

3
   Santos, Geraldo Mendes dos.        Simbolismo.   <Disponível   em:   http://www.samauma.biz/site/
samauma/gs1106simbolismo.html>
                                                                                                  2
era necessário estabelecer alguma forma de identificação do trabalho desenvolvido por cada
maçom, a fim de que cada um recebesse na justa medida em que produzisse.


A forma encontrada por nossos irmãos foi a criação de uma marca para cada operário. Confesso
que tal processo apesar de simplório foi muito criativo e engenhoso, pois uma solução simples
possibilitou a resolução de um grande problema, já que cada obreiro passou a ser identificado
por alguns simples traços, facilitando sem sombra de dúvidas nossos trabalhos de supervisão e
do 1º Vig..


A utilização da marca como um processo distintivo foi tão bom, que naquela época se utilizava
outras duas marcas além da aposta pelo obreiro. Era comum ainda encontrar “a marca de
aprovação” 4, que significava que a peça havia sido aceita pelo M. Sup. para aquela construção
(facilmente visualizada no momento da passagem ao Grau de MdM) e a marca indicativa de
onde exatamente cada pedra entalhada ou aprovada deveria ser colocada na ordem de pedras a
serem assentadas, especialmente no caso de pilares, arestas ou arcos, sendo que tais marcas eram
apostas pelo M.∙. M.∙., pois já estava de posse da planta de toda a estrutura.


MVM – Ir. Cap., na Maçonaria contemporânea a marca pode trazer algum ensinamento
esotérico?

Cap. – Certamente MVM! Dentre as diversas interpretações que possa vir a nos suscitar, uma
em especial me chama a atenção: a de que a Maçonaria nos ensina que cada indivíduo tem uma
marca.


Como assim? Os companheiros me perguntariam... Simples: nossos atos, escolhas, atitudes
acabam por criar uma marca, ou seja, revelam nossa identidade e exteriorizam a forma pelo qual
as pessoas te reconhecem, além é claro de demonstrar seus valores internos. Digam-me se não é
verdade que algumas vezes essa marca é mais lembrada do que o próprio nome da pessoa? Quem
aqui nunca viu uma pessoa ser lembrada por seus atos ou atitudes e em não pelo nome, como por
exemplo: “lá vem aquele enrolado”?



4
    CRYER, Rev. Neville Narker. Conte-Me Mais Sobre O Grau Da Marca. São Paulo. Madras, 2009. P.28
                                                                                                     3
Meus irmãos, a Maçonaria nos convida a refletir sobre os nossos atos, escolhas, atitudes... Sobre
como nos colocamos na sociedade, em nossas famílias, em nossas Lojas e Capítulos.


Reflitamos...


Será que nossos atos são condizentes com aquilo que dizemos? Ou será que nossa marca não
reflete a nossa fala? Será que nossas atitudes exteriorizam nossos valores? Ou nossos valores
estão dissociados de nossas atitudes? Será que executamos nossos trabalhos com o máximo
empenho que se espera de alguém que é reconhecido nas escrituras como imagem e semelhança
de seu Perfeito Criador? Ou o fazemos de qualquer maneira?


Eis a necessária meditação de um MdM...


A expressão “Mark Well” denota a importância do objeto que carrega sua marca. E as marcas
lançadas sobre nosso peito em nosso adiantamento faz alusão também à necessidade de que
devemos nos importar com a maneira com que exercemos nossos atos, escolhas, ou como nos
comportamos a fim de que estes também reflitam nossos valores internos e nossa marca seja apta
a ser reconhecida por nossos irmãos Supervisores como “trabalho bom, trabalho fiel...”.


MVM – Existem alusões às marcas nas Sagradas Escrituras, 1° D.?

1° D. – Como profundo conhecedor das palavras do Supremo Supervisor, devo esclarecer
inicialmente que, nas versões traduzidas para o português não encontramos a nossa tão
conhecida expressão “marca bem” – mark well, mas somente na versão americana (American
Standard Version e King James Version - Ezequiel 44: 5), sendo que nas nossas extraímos
apenas as palavras “nota bem” e “presta bem atenção”5. Todas, obviamente, dando a mesma
ênfase de que a palavra do Pai deve ser bem guardada, marcada, como algo que não pode ser
esquecido. Como bem nos ensinou o Ir. Cap., se o MdM deixa sua marca para o reconhecimento
de que aquela boa obra é de sua autoria, os ensinamentos Divinos devem ser marcas
exteriorizadas pelo MdM em cada um de seus atos. Esse é um dos sentidos das pancadas do



5
    Ezequiel 44: 5 – Versão Católica.
                                                                                               4
cinzel lançadas sobre nosso peito, no dia do adiantamento, devendo ser muito bem marcados os
mandamentos Divinos, para que a marca de cada obreiro seja o da Divindade refletida.


2° D. – MVM, permita-me complementar as palavras do querido Ir. 1° D.?

MVM – Tenha a bondade, Ir. 2° D.

2° D. – O profeta Ezequiel, ouviu e viu Deus dando ordens a um anjo, para que imprimisse uma
marca na testa dos fiéis de Jerusalém, pois os que não tivessem a Marca Divina seriam
sentenciados com a morte. Dizem as Sagradas Escrituras: “…e lhe disse: Passa pelo meio da cidade,
pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de
todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela
cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.” (Ezequiel 9:4-5). Meus
amados irmãos, não sendo a nossa marca a demonstração de que aquela pedra trabalhada é
produto de um verdadeiro MdM, não teremos igualmente outro resultado que não seja a morte:
da virtude e da alegria de uma vida em plenitude.


MVM – Ir. 1° V., por que o primeiro grau do Real Arco se chama MdM?
1° V. – MVM, inegavelmente o grau de MdM remonta à Maçonaria Operativa, onde o
verdadeiro M.M. era aquele profundo conhecedor da geometria, da arte de construir em pedra, de
erigir catedrais e outros monumentos dos mais belos, como a Catedral de Notre Dame, por
exemplo, construída de 1163 a 1345. 6 Aliás, bem sabemos que qualquer construção deve
começar pelos construtores e o sucesso da empreitada dependerá de: sabedoria (que cria), força
(que sustenta) e beleza (que adorna), verdadeiros sustentáculos da Arte Real.


O grau de MdM, como primeiro capitular, convida-nos a ser obreiros úteis e dedicados, como
artífices que, ultrapassando o Mestrado, não se contentam apenas em levantar o Templo, mas de
nele também imprimir a marca indicativa de que o Templo (interior) e somente o construtor que
busca trabalhar na Arte Real poderá completar o Santo Arco com a pedra angular (cume).


MVM – Ir. Sec., a marca que escolhemos como nossa tem alguma utilidade?


6
    Guilherme, João. O Nosso Lado da Escada. 1ª ed. 2012. Ed. Cop: Rio de Janeiro. P. 57.
                                                                                               5
Sec. – Como ensina nosso querido Ir. João Guilherme “a marca pessoal, gravada na pedra,
confirmava a excelência do trabalho” 7 . Atualmente não pode ser diferente, o Maçom que
ingressa no Real Arco deve, ou pelo menos deveria imprimir sua marca em todo trabalho de sua
autoria, por exemplo, através de carimbos, logomarcas empresariais, cabeçalhos e/ou rodapés,
dentre outras formas de marcação.


MVM – O que é e para que serve o "chapter penny", Ir. 2° V.?

2° V. – Além de passaporte maçônico, apto a permitir a entrada do MdM em outros Capítulos,
inclusive de países estrangeiros, o “chapter penny” nos recorda o dever de solidariedade que
deve iluminar os MdM, especialmente entre si. Recebendo o “chapter penny” de um irmão
como penhor, o MdM deve envidar todos os esforços no sentido de ajudar o irmão na sua
necessidade 8 . É o que recorda, inclusive as antigas Corporações de Ofício, as quais cabia o
sustento dos invalidados, das viúvas, dos órfãos e dos journeyman, que viajavam em busca de
trabalho e, não encontrando trabalho no canteiro de obras, solicitava auxílio, que lhe era
concedido (um siclo) para que pudesse seguir sua jornada pelo trabalho artesanal9. Em suma, não
tendo aquela Corporação condições de atender ao pedido do companheiro que apresentou sua
marca em penhor, era-lhe a mesma devolvida com o devido preço (meio siclo judeu de prata)10.


MVM – E essa medalha, meu Ir. Tes. tem alguma ligação com a expressão “medalha
cunhada”, utilizada em alguns ritos simbólicos?

Ir. Tes. – Diretamente pode ser que não, no entanto, o ato de circular o “tronco” para colhimento
de “medalhas cunhadas”, tem finalidade próxima de uma das formas de utilização do “chapter
penny”: a solidariedade entre irmãos.


Medalha "cunhada" vem do verbo "cunhar", que significa "imprimir cunho em" 11 , ou seja,
marcar moedas ou medalhas com um desenho, uma marca 12. Portanto, medalha cunhada é o
mesmo que medalha gravada, identificada. A expressão simbólica utilizada pelo V.M. remonta
7
  Guilherme, João. O Nosso Lado da Escada. 1ª ed. 2012. Ed. Cop: Rio de Janeiro. P. 64.
8
  Ritual MdM. Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. 2001. p. 44.
9
  Guilherme, João. O Nosso Lado da Escada. 1ª ed. 2012. Ed. Cop: Rio de Janeiro. P. 73.
10
  Ritual MdM. Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. 2001. ps. 44 e 45.
11
   Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cunhar. Acesso em 11/01/2013, às 12:12.
12
   Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cunho. Acesso em 11/01/2013, às 12:12.
                                                                                                         6
ao tempo em que não existiam moedas tal como as que conhecemos hoje, mas medalhas ou
peças de ouro, prata, bronze, cunhadas normalmente com a figura do detentor do poder13.


Bem esclarece nosso Ir. Kennyo Ismail 14 que o ato de circular a “tronco de solidariedade” é
resultante da influência católica nos ritos latinos, porém não se pode esquecer que ele relembra a
cada reunião o compromisso, firmado por maçons por ocasião do seu juramento iniciático, de
socorrer seus irmãos e os necessitados, promessa ratificada pelo MdM.


De toda sorte, deve-se reconhecer que o “chapter penny” não é outra coisa senão uma “medalha
cunhada”, tendo inclusive valor, pois capaz de ser entregue em “penhor”15.


MVM – Meus Irmãos, pudemos bem avaliar essa pedra peculiar, cabendo agora, a nós
MRAs, julgando-a pagar o justo preço. Meditemos...




13
   Escrituras Sagradas – Lucas 20:24, Mateus 22:20-21 e Marcos 12:16.
14
      Ismail,    Kennyo.     A     Influência    Religiosa   nos      Ritos Maçônicos.     Disponível  em:
http://www.noesquadro.com.br/2012/09/a-influencia-religiosa-nos-ritos-maconicos.html. Acesso em 11/01/2013,
às 12:29.
15
  Ritual MdM. Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. 2001. p. 44.
                                                                                                         7

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A marca no grau de mestre de marca

  • 1. A Marca no Grau de Mestre de Marca, sob a visão de dois mestres de marca Elaborado pelos IIr.∙. Jorge Eduardo de Lima Siqueira e Marcus Vinícius Neves Gomes Verão de 2012/2013 MVM – Queridos CComp.∙., foi enviado por dois obreiros, através do M.∙. Sup.∙. que os assistia nas pedreiras do Rei Salomão, pedra que “não é oblonga, nem está no esquadro”, necessitando portanto ser analisada em seu comprimento, largura e circunferência, para a que a construção do Templo se complete com a perfeição exigida por nosso “Querido M.∙.”. Após as meditações que o descanso nos consagrou peço sua ajuda para que façamos as devidas conferências. Ir. 1° Sup., o que significa “marca”? 1° Sup. – MVM, uma marca pode ser visualizada sobre aspectos distintos. Pode ser vista como sinal (exotérica) ou como signo/símbolo (esotérica). Como sinal serve para que se reconheça uma coisa, forma de distinção entre coisas, ou seja, um traço distintivo. Como símbolo serve para como uma representação concreta de algo ausente ou abstrato. Nesse aspecto a “marca” numa visão exotérica é um “sinal que faz parte do mundo físico do ser e a relação dos sinais com a realidade é meramente artificial ou convencional” já numa visão esotérica a “marca” como um símbolo “está na melhor forma de formulação possível, sendo um campo intermediário entre o espírito e a matéria”. Faz-nos “transcender a posição do sujeito e objeto, a livre espontaneidade da mente e a passividade dos sentidos, colocando-nos, agora, de uma forma recíproca e com uma correlação entre as coisas do mundo e o espírito” 1 . De modo especial, signo é aquilo que tem valor evocativo, místico ou iniciático. MVM – Como a marca foi utilizada no curso da história, Ir. 2° Sup.? 2° Sup. – No processo de evolução histórica as marcas foram utilizadas em diversos momentos. No tempo dos Césares os escravos eram marcados como se fossem gado 2 . Na idade média, criminosos eram mutilados, marcados com sinais e tatuados, a fim de que, fossem identificados 1 Moura, Marinaide Ramos. O Simbólico Em Cassirer. <Disponível em: http://www.uefs.br/nef/marinaide5.pdf> 2 Hans, Marcos. Qual É Sua Marca? <Disponível em: http://www.realarco.org.br/joomla/index.php?option= com_content&view=article&id=35&Itemid=30> 1
  • 2. como criminosos pelos demais cidadãos aquele ou de outro feudo. Portanto, naquela época as marcas já eram utilizadas para mostrar qualidade e caráter. Sobre a utilização de marcas na maçonaria operativa e na idade média, o Ir. M.∙. Sup.∙. terá certamente maiores informações. MVM – Ir. Mar. tenha a bondade de nos relatar como as marcas são utilizadas atualmente em nosso cotidiano? Ir. Mar. – Companhias, organizações, países, grupos usam suas marcas, logos, bandeiras para identificar-se. Muitos reconhecem um país, produto ou organização não por uma sentença ou palavra escrita, mas uma marca (sinais/símbolos). Nas olimpíadas, reconhecem-se os atletas por suas bandeiras 3 . Os militares, por exemplo, têm orgulho de seus distintivos, que são marcas (sinais/símbolos). Também conhecemos determinadas pessoas pelas suas marcas, como por exemplo, Elvis Presley que até hoje é conhecido pelo seu topete e Sílvio Santos pelo bordão “Quem quer dinheiro?!”. E não somente como sinais distintivos as “marcas” são utilizadas em nosso cotidiano. Continuam vivas as marcas como transmissoras dos significados mais profundos, por exemplo, a balança utilizada pelo Judiciário, que transmite a ideia de justiça, e a cruz, elemento religioso da cristandade, que representa a expiação dos pecados feita por Cristo em favor dos seus adeptos. MVM – Ir. M. Sup., tenho notícias de que sabes narrar porque eram utilizadas marcas para identificar maçons operativos. Se és portador desse conhecimento, pode nos transmitir? Ir. M. Sup. – MVM, me alegro em compartilhar com os companheiros de trabalho e inspeção essas informações. Antes de qualquer coisa é preciso estabelecer o contexto em que se inseria a Maçonaria e a sociedade à época em que o grau de marca se desenvolvia. Naquele tempo a Maçonaria, assim como toda a sociedade, era impregnada pela cultura verbal. Isso ocorria por uma questão muito simples, a maioria da população não sabia ler ou escrever. Neste contexto, 3 Santos, Geraldo Mendes dos. Simbolismo. <Disponível em: http://www.samauma.biz/site/ samauma/gs1106simbolismo.html> 2
  • 3. era necessário estabelecer alguma forma de identificação do trabalho desenvolvido por cada maçom, a fim de que cada um recebesse na justa medida em que produzisse. A forma encontrada por nossos irmãos foi a criação de uma marca para cada operário. Confesso que tal processo apesar de simplório foi muito criativo e engenhoso, pois uma solução simples possibilitou a resolução de um grande problema, já que cada obreiro passou a ser identificado por alguns simples traços, facilitando sem sombra de dúvidas nossos trabalhos de supervisão e do 1º Vig.. A utilização da marca como um processo distintivo foi tão bom, que naquela época se utilizava outras duas marcas além da aposta pelo obreiro. Era comum ainda encontrar “a marca de aprovação” 4, que significava que a peça havia sido aceita pelo M. Sup. para aquela construção (facilmente visualizada no momento da passagem ao Grau de MdM) e a marca indicativa de onde exatamente cada pedra entalhada ou aprovada deveria ser colocada na ordem de pedras a serem assentadas, especialmente no caso de pilares, arestas ou arcos, sendo que tais marcas eram apostas pelo M.∙. M.∙., pois já estava de posse da planta de toda a estrutura. MVM – Ir. Cap., na Maçonaria contemporânea a marca pode trazer algum ensinamento esotérico? Cap. – Certamente MVM! Dentre as diversas interpretações que possa vir a nos suscitar, uma em especial me chama a atenção: a de que a Maçonaria nos ensina que cada indivíduo tem uma marca. Como assim? Os companheiros me perguntariam... Simples: nossos atos, escolhas, atitudes acabam por criar uma marca, ou seja, revelam nossa identidade e exteriorizam a forma pelo qual as pessoas te reconhecem, além é claro de demonstrar seus valores internos. Digam-me se não é verdade que algumas vezes essa marca é mais lembrada do que o próprio nome da pessoa? Quem aqui nunca viu uma pessoa ser lembrada por seus atos ou atitudes e em não pelo nome, como por exemplo: “lá vem aquele enrolado”? 4 CRYER, Rev. Neville Narker. Conte-Me Mais Sobre O Grau Da Marca. São Paulo. Madras, 2009. P.28 3
  • 4. Meus irmãos, a Maçonaria nos convida a refletir sobre os nossos atos, escolhas, atitudes... Sobre como nos colocamos na sociedade, em nossas famílias, em nossas Lojas e Capítulos. Reflitamos... Será que nossos atos são condizentes com aquilo que dizemos? Ou será que nossa marca não reflete a nossa fala? Será que nossas atitudes exteriorizam nossos valores? Ou nossos valores estão dissociados de nossas atitudes? Será que executamos nossos trabalhos com o máximo empenho que se espera de alguém que é reconhecido nas escrituras como imagem e semelhança de seu Perfeito Criador? Ou o fazemos de qualquer maneira? Eis a necessária meditação de um MdM... A expressão “Mark Well” denota a importância do objeto que carrega sua marca. E as marcas lançadas sobre nosso peito em nosso adiantamento faz alusão também à necessidade de que devemos nos importar com a maneira com que exercemos nossos atos, escolhas, ou como nos comportamos a fim de que estes também reflitam nossos valores internos e nossa marca seja apta a ser reconhecida por nossos irmãos Supervisores como “trabalho bom, trabalho fiel...”. MVM – Existem alusões às marcas nas Sagradas Escrituras, 1° D.? 1° D. – Como profundo conhecedor das palavras do Supremo Supervisor, devo esclarecer inicialmente que, nas versões traduzidas para o português não encontramos a nossa tão conhecida expressão “marca bem” – mark well, mas somente na versão americana (American Standard Version e King James Version - Ezequiel 44: 5), sendo que nas nossas extraímos apenas as palavras “nota bem” e “presta bem atenção”5. Todas, obviamente, dando a mesma ênfase de que a palavra do Pai deve ser bem guardada, marcada, como algo que não pode ser esquecido. Como bem nos ensinou o Ir. Cap., se o MdM deixa sua marca para o reconhecimento de que aquela boa obra é de sua autoria, os ensinamentos Divinos devem ser marcas exteriorizadas pelo MdM em cada um de seus atos. Esse é um dos sentidos das pancadas do 5 Ezequiel 44: 5 – Versão Católica. 4
  • 5. cinzel lançadas sobre nosso peito, no dia do adiantamento, devendo ser muito bem marcados os mandamentos Divinos, para que a marca de cada obreiro seja o da Divindade refletida. 2° D. – MVM, permita-me complementar as palavras do querido Ir. 1° D.? MVM – Tenha a bondade, Ir. 2° D. 2° D. – O profeta Ezequiel, ouviu e viu Deus dando ordens a um anjo, para que imprimisse uma marca na testa dos fiéis de Jerusalém, pois os que não tivessem a Marca Divina seriam sentenciados com a morte. Dizem as Sagradas Escrituras: “…e lhe disse: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.” (Ezequiel 9:4-5). Meus amados irmãos, não sendo a nossa marca a demonstração de que aquela pedra trabalhada é produto de um verdadeiro MdM, não teremos igualmente outro resultado que não seja a morte: da virtude e da alegria de uma vida em plenitude. MVM – Ir. 1° V., por que o primeiro grau do Real Arco se chama MdM? 1° V. – MVM, inegavelmente o grau de MdM remonta à Maçonaria Operativa, onde o verdadeiro M.M. era aquele profundo conhecedor da geometria, da arte de construir em pedra, de erigir catedrais e outros monumentos dos mais belos, como a Catedral de Notre Dame, por exemplo, construída de 1163 a 1345. 6 Aliás, bem sabemos que qualquer construção deve começar pelos construtores e o sucesso da empreitada dependerá de: sabedoria (que cria), força (que sustenta) e beleza (que adorna), verdadeiros sustentáculos da Arte Real. O grau de MdM, como primeiro capitular, convida-nos a ser obreiros úteis e dedicados, como artífices que, ultrapassando o Mestrado, não se contentam apenas em levantar o Templo, mas de nele também imprimir a marca indicativa de que o Templo (interior) e somente o construtor que busca trabalhar na Arte Real poderá completar o Santo Arco com a pedra angular (cume). MVM – Ir. Sec., a marca que escolhemos como nossa tem alguma utilidade? 6 Guilherme, João. O Nosso Lado da Escada. 1ª ed. 2012. Ed. Cop: Rio de Janeiro. P. 57. 5
  • 6. Sec. – Como ensina nosso querido Ir. João Guilherme “a marca pessoal, gravada na pedra, confirmava a excelência do trabalho” 7 . Atualmente não pode ser diferente, o Maçom que ingressa no Real Arco deve, ou pelo menos deveria imprimir sua marca em todo trabalho de sua autoria, por exemplo, através de carimbos, logomarcas empresariais, cabeçalhos e/ou rodapés, dentre outras formas de marcação. MVM – O que é e para que serve o "chapter penny", Ir. 2° V.? 2° V. – Além de passaporte maçônico, apto a permitir a entrada do MdM em outros Capítulos, inclusive de países estrangeiros, o “chapter penny” nos recorda o dever de solidariedade que deve iluminar os MdM, especialmente entre si. Recebendo o “chapter penny” de um irmão como penhor, o MdM deve envidar todos os esforços no sentido de ajudar o irmão na sua necessidade 8 . É o que recorda, inclusive as antigas Corporações de Ofício, as quais cabia o sustento dos invalidados, das viúvas, dos órfãos e dos journeyman, que viajavam em busca de trabalho e, não encontrando trabalho no canteiro de obras, solicitava auxílio, que lhe era concedido (um siclo) para que pudesse seguir sua jornada pelo trabalho artesanal9. Em suma, não tendo aquela Corporação condições de atender ao pedido do companheiro que apresentou sua marca em penhor, era-lhe a mesma devolvida com o devido preço (meio siclo judeu de prata)10. MVM – E essa medalha, meu Ir. Tes. tem alguma ligação com a expressão “medalha cunhada”, utilizada em alguns ritos simbólicos? Ir. Tes. – Diretamente pode ser que não, no entanto, o ato de circular o “tronco” para colhimento de “medalhas cunhadas”, tem finalidade próxima de uma das formas de utilização do “chapter penny”: a solidariedade entre irmãos. Medalha "cunhada" vem do verbo "cunhar", que significa "imprimir cunho em" 11 , ou seja, marcar moedas ou medalhas com um desenho, uma marca 12. Portanto, medalha cunhada é o mesmo que medalha gravada, identificada. A expressão simbólica utilizada pelo V.M. remonta 7 Guilherme, João. O Nosso Lado da Escada. 1ª ed. 2012. Ed. Cop: Rio de Janeiro. P. 64. 8 Ritual MdM. Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. 2001. p. 44. 9 Guilherme, João. O Nosso Lado da Escada. 1ª ed. 2012. Ed. Cop: Rio de Janeiro. P. 73. 10 Ritual MdM. Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. 2001. ps. 44 e 45. 11 Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cunhar. Acesso em 11/01/2013, às 12:12. 12 Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cunho. Acesso em 11/01/2013, às 12:12. 6
  • 7. ao tempo em que não existiam moedas tal como as que conhecemos hoje, mas medalhas ou peças de ouro, prata, bronze, cunhadas normalmente com a figura do detentor do poder13. Bem esclarece nosso Ir. Kennyo Ismail 14 que o ato de circular a “tronco de solidariedade” é resultante da influência católica nos ritos latinos, porém não se pode esquecer que ele relembra a cada reunião o compromisso, firmado por maçons por ocasião do seu juramento iniciático, de socorrer seus irmãos e os necessitados, promessa ratificada pelo MdM. De toda sorte, deve-se reconhecer que o “chapter penny” não é outra coisa senão uma “medalha cunhada”, tendo inclusive valor, pois capaz de ser entregue em “penhor”15. MVM – Meus Irmãos, pudemos bem avaliar essa pedra peculiar, cabendo agora, a nós MRAs, julgando-a pagar o justo preço. Meditemos... 13 Escrituras Sagradas – Lucas 20:24, Mateus 22:20-21 e Marcos 12:16. 14 Ismail, Kennyo. A Influência Religiosa nos Ritos Maçônicos. Disponível em: http://www.noesquadro.com.br/2012/09/a-influencia-religiosa-nos-ritos-maconicos.html. Acesso em 11/01/2013, às 12:29. 15 Ritual MdM. Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil. 2001. p. 44. 7