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204
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ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Eliane Ferraz Alves
Ana Cristina de S. Aldrigue
Paula Frassineti de L. Ferraz *
Luciane A. Coutinho Sarmento ‫٭‬
APRESENTAÇÃO
Caros(as) Alunos(as),
Vocês estão iniciando a leitura de textos voltados para questões que envolvem
o processo de alfabetização de jovens e adultos. Tal processo pode ocorrer em uma
modalidade da Educação Básica denominada de EJA— Educação de Jovens eAdultos.
Naturalmente, devido ao curso que vocês escolheram fazer — o Curso de Letras —,
deve ter havido algum estranhamento quanto ao público-alvo que está sendo enfocado
nesta disciplina. Assim, para que possamos discutir o porquê de alunos(as) do Curso
de Letras conhecerem os fundamentos epistemológicos do processo de alfabetização
de jovens e adultos, precisamos iniciar a nossa “conversa” situando esse processo
na modalidade de Ensino Fundamental — EJA cuja inclusão já está contemplada na
legislação educacional vigente. Por essa razão, torna-se necessário, também, fazer
referência à legislação (principais documentos) pertinente a essa modalidade de
ensino; e, de forma particular, abordar algumas questões acerca dos processos de
construção de leitura e de escrita, de produção de textos orais, de leitura e de textos
escritos, considerando o contexto social e educacional em que esses(as) alunos(as)
estão inseridos(as).
No Brasil, milhões de brasileiros(as) não são alfabetizados nem tampouco
letrados. Quando muito, podem apresentar níveis de alfabetismo socialmente
insatisfatóriose,mesmoquetenhamingressadonaescola,nãoconseguirampermanecer
nela, ou seja, são pessoas que enfrentam o problema da exclusão social e educacional.
Entre as muitas áreas científicas que se preocupam com o enfrentamento dessa
situação (Sociologia, Educação, Psicologia, Lingüística, entre outras) enfocamos, aqui,
alguns estudos lingüístico-pedagógicos que tratam dos processos de letramento e de
alfabetização. Na Educação de Jovens e Adultos — EJA, esses dois processos devem
receber um olhar diferenciado. Isto porque a EJA tem suas especificidades, envolve
questões como um público-alvo constituído de jovens com quinze anos ou mais, que
nunca vivenciou um processo de ensino na escola ou que por ela tenha sido excluído;
ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Eliane Ferraz Alves
Ana Cristina de S. Aldrigue
Paula Frassineti de L. Ferraz *
Luciane A. Coutinho Sarmento ‫٭‬
(*) Tutoras a
distância da dis-
ciplina Alfabe-
tização de Jo-
vens e Adultos
e colaboradoras
da edição final
do texto.
206
enfrenta o problema da limitação de tempo e, conseqüentemente, da busca, de certa
forma, ansiosa, pelo tempo perdido; e, ainda, depende de uma seleção e organização
de conteúdos particulares, específicos, adequados à realidade dos(as) educandos(as) e,
ao mesmo tempo, de conteúdos gerais, amplos, que possam propiciar a continuação
dos estudos.
Os(as) alunos(as) da EJA são, portanto, pessoas que iniciam tardiamente sua
trajetória escolar ou que retomam essa trajetória, após alguns anos fora da escola. Nesse
contexto, faz-se necessário definir de que modo os objetivos para essa modalidade de
ensino são propostos, de que forma esses objetivos podem ser discutidos e rediscutidos
com esses(as) educandos(as), para que, construtivamente, as pessoas que se engajam
nesse processo possam formar cidadãos alfabetizados e letrados.
A partir das informações introdutórias, focalizaremos questões relativas
aos processos de construção de leitura e de construção de textos orais e escritos,
considerando uma concepção discursiva e interacional de texto e referenciando bases
teóricas pertinentes a esses processos lingüísticos e pedagógicos.
Assim, para discutirmos questões ora gerais ora específicas, que dizem
respeito ao processo de Alfabetização/Letramento na EJA, dividimos o curso
em quatro unidades: na Unidade I, contextualizamos essa modalidade do ensino
fundamental, caracterizando o(a) aluno(a) jovem adulto(a), e discutimos, de forma
sucinta, o processo de construção de conhecimento, e ainda, revisitamos, nessa
mesma unidade, a legislação vigente dessa modalidade de ensino. Na unidade II, são
abordadas questões gerais acerca do Ensino de Língua Portuguesa na EJA. Na unidade
III, são tratadas questões relativas aos processos de alfabetização e de letramento; a
polêmica questão dos métodos de alfabetização; e o processo de leitura e de produção
de textos. Na unidade IV, são discutidos os processos enunciativos do aluno jovem
e adulto, bem como a relação desses processos com os de leitura e de produção de
textos. Na unidade V, foi contemplado o desencadeamento de discussões acerca das
perspectivas lingüístico-pedagógicas para o processo de alfabetização. Em algumas
unidades são propostas atividades prático-reflexivas, com o objetivo de construirmos
um conhecimento, envolvendo todas as questões aqui sinalizadas.
Dessa forma, as unidades deste curso estarão ligadas por um objetivo comum,
voltado para a função qualificadora da EJA, ou seja, para a busca e a conseqüente
efetivação de uma educação permanente, que colabore para a construção de
uma sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a
diversidade.*
OBJETIVOS:
Duranteocurso,o(a)educando(a)deverá construirosseguintesconhecimentos,
acerca do processo de alfabetização de Jovens e Adultos:
(*) BRASIL.
Ministério da
Educação. Di-
retrizes Cur-
riculares Na-
cionais para a
Educação de
Jovens e Adul-
tos. Estabeleci-
da pela Resolu-
ção CNE/CEB
nº 1, de 05 de
julho de 2000.
207
Discutir as principais características e especificidades do(a) aluno(a)•
jovem adulto(a).
Conhecer o teor de documentos/legislação vigente da Educação de Jovens•
e Adultos.
Discutir o processo de construção de conhecimentos na Educação de•
Jovens e Adultos.
Distinguir processo de alfabetização de processo de letramento.•
Analisar concepções, metodologias e propostas pedagógicas de•
alfabetização.
Analisar níveis de escrita e hipóteses de leitura, em situações de escrita e•
de leitura, voltadas para os processos de alfabetização.
Discutir o processo de produção de texto e de produção de leitura em•
turmas de alfabetização.
Estabelecer relações entre processos enunciativos do aluno jovem adulto e•
processos de leitura e de produção de textos.
Construir seqüências didáticas para turmas de alfabetização de jovens e•
adultos, contemplando os processos de leitura e de produção de textos.
Discutir os rumos lingüístico-pedagógicos da alfabetização de jovens e•
adultos no Brasil.
METODOLOGIA
Com o objetivo geral de assegurar ao profissional de Letras o domínio de
conhecimentos básicos pertinentes ao processo de alfabetização e de letramento
de alunos(as) jovens e adultos(as), bem como a análise e aplicação de propostas
de ensino de Língua Portuguesa para a EJA, a disciplina de alfabetização de
jovens e adultos será desenvolvida considerando uma metodologia dialética
de construção do conhecimento, centrada em um processo interacional
e construtivo entre alunos(as) do Curso de Letras a Distância, tutores(as) e
professores(as) da disciplina.
METODOLOGIA
Com o objetivo geral de assegurar ao profissional de Letras o domínio de
conhecimentos básicos pertinentes ao processo de alfabetização e de letramento
de alunos(as) jovens e adultos(as), bem como a análise e aplicação de propostas
de ensino de Língua Portuguesa para a EJA, a disciplina de alfabetização de
jovens e adultos será desenvolvida considerando uma metodologia dialética
de construção do conhecimento, centrada em um processo interacional
e construtivo entre alunos(as) do Curso de Letras a Distância, tutores(as) e
professores(as) da disciplina.
208
209
UNIDADE I
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
CONTEXTUALIZAÇÃO
Por ser uma modalidade específica da Educação Básica, a Educação de Jovens
e Adultos - EJA propõe-se a atender a um público formado por jovens com quinze anos
ou mais, e por adultos que não tiveram direito à educação, devido às inadequações do
sistema de ensino ou às desfavoráveis condições socioeconômicas dos sujeitos sociais
desse processo.
Em 1997, em Hamburgo, a V Conferência Internacional sobre Educação de
Adultos (VCONFINTEA)* caracteriza essa modalidade de ensino como uma educação
formal e informal, tendo em vista que abrange não só a educação oficial, ligada a uma
determinada rede de ensino, quer seja estadual, municipal ou federal, mas também,
todas as oportunidades de educação informal e ocasional existentes em uma sociedade.
Essa conferência consolida duas importantes características para a EJA: o direito à
educação básica e à educação continuada para todas as pessoas.
O desenvolvimento da educação de adultos exige a colaboração entre
“departamentos governamentais, intergovernamentais e organizações não-
governamentais, empregadores e sindicatos, universidades e centros de investigação,
meios de comunicação, associações civis e comunitárias, instrutores de educação de
adultos e dos próprios educandos adultos” (SESI/UNESCO, 1999, p. 28). Tal conquista
que, no BRASIL, vem sendo construída há décadas pelos movimentos de educação
popular, adquire, com a V CONFINTEA, um novo sentido, visto que passa a ter um
alcance maior, embora ainda insuficiente, em escolas e em ambientes de trabalho.
Os movimentos de Educação Popular cujas ações, em particular as que se
voltam para o processo de alfabetização, são, em sua grande maioria, inspiradas nas
idéias de Paulo Freire.* Tais idéias têm como princípio fundamental o respeito aos
saberes do senso comum, aos conhecimentos que são informalmente construídos
nas comunidades, desde que estes, aliados ao conhecimento considerado científico,
constituam a base para um processo de transformação social.
Essa modalidade de ensino, segundo Haddad (1998), é caracterizada por dois
tipos de demandas: uma constituída por jovens e adultos que não tiveram a oportunidade
de passar por processos de escolarização regulares, e a outra, por educadores de jovens
e adultos, pessoas, grupos, movimentos, órgãos públicos e privados, que se dedicam a
UNIDADE I
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
CONTEXTUALIZAÇÃO
(*) “Na evolu-
ção da política
das Nações Uni-
das em relação à
educação de adul-
tos, a Conferên-
cia de Hamburgo
(CONFINTEA
V), promovida
pela UNESCO
em 1997, repre-
senta um marco
importante na
medida em que
estabeleceu a vin-
culação da edu-
cação de adultos
com o desenvol-
vimento susten-
tado e eqüitativo
da humanidade.”
(Declaração de
Hamburgo:agen-
da para o futuro.
Brasília: SESI/
UNESCO,1999,
p.7).
(*) Para Freire
(1980), a pas-
sagem do sa-
ber que resulta
da experiência
(senso comum)
para o conheci-
mento resultan-
te de um proces-
so de apreensão
da realidade é
um direito que
as classes popu-
lares têm.
210
enfrentar essa demanda social.*
Nessecontexto,aescola,enquantoveículodoensinocaracterizadocomoformal,
deve desempenhar um papel de mediação, desenvolvendo um trabalho significativo
a partir da relação constante que deve haver entre a valorização do saber comum e
a construção do saber científico, envolvendo, coletivamente, todos os sujeitos do
processo educativo e buscando uma educação de qualidade, coerente com os anseios e
necessidades dos alunos da EJA.
Desta forma, a educação de jovens e adultos deve ser pensada como um
modelo pedagógico próprio, com o objetivo de criar situações de ensino-aprendizagem
adequadas às necessidades educacionais desse público, englobando as três funções
citadas no Parecer 11/00 da CEB/CNE: a função reparadora — caracterizada pela
entrada no circuito dos direitos civis e pela restauração de um direito negado: o direito
a uma escola de qualidade e o reconhecimento de igualdade de todo e qualquer ser
humano; a função equalizadora — centrada em um atendimento, pleno e legal, a
trabalhadores e a tantos outros segmentos da sociedade, possibilitando-lhes a reentrada
no sistema educacional; e a função permanente, voltada para uma educação de jovens
e adultos que deve dar condições ao(à) educando(a) de atualizar conhecimentos por
toda a sua vida, ou seja, deve dar condições de qualificação de vida para todos, deve
propiciar que os educandos continuem aprendendo.
AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO:
A Declaração de Hamburgo (1997) pode ser lida no site www.unesco.org.br/
publicacoes/livros/dechamburgo. Acesse o site, leia o texto e escolha dois
itens desse documento, para tecer comentários críticos, focalizando os avanços
sociais e universais dessa modalidade de ensino.
Para saber mais acerca da História da EJA no Brasil, consulte:
Itinerários de Educadores: contribuições da educação popular a EJA.
Maria Clarisse Vieira em:
www.reveja.com.br/revista/2/artigos/REVEJ@_2_Maria_Clarisse.htm
1.1. O(A) aluno(a) da EJA e o processo de construção de conhecimento
Pesquisas brasileiras, envolvendo jovens e adultos não alfabetizados, apontam
para a conclusão de que estes pertencem a um grupo social homogêneo cujas
características não são difíceis de serem identificadas, dadas as suas condições sócio-
AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO:
A Declaração de Hamburgo (1997) pode ser lida no site www.unesco.org.br/
publicacoes/livros/dechamburgo. Acesse o site, leia o texto e escolha dois
itens desse documento, para tecer comentários críticos, focalizando os avanços
sociais e universais dessa modalidade de ensino.
Para saber mais acerca da História da EJA no Brasil, consulte:
Itinerários de Educadores: contribuições da educação popular a EJA.
Maria Clarisse Vieira em:
www.reveja.com.br/revista/2/artigos/REVEJ@_2_Maria_Clarisse.htm
(*) Cf. DU-
RANTE, Marta.
Alfabetização
de adultos: lei-
tura e produ-
ção de textos.
Porto Alegre,
Artmed, 1998.
211
econômicas.* Trata-se de uma parcela da população socialmente excluída do acesso
aos bens de consumo, que não exerce funções qualificadas e não recebe salários que
possam aproximá-la, conscientemente, de um mundo mais humano.*
Portanto, o público que deve ser atendido pela Educação de Jovens e Adultos
diz respeito a uma parcela da população caracterizada, ao mesmo tempo, como igual,
pelo critério da exclusão social, e como diferente, face às diversas especificidades de
cada grupo que faz parte desse processo de exclusão. É um publico constituído por
jovens, homens e mulheres, ou que nunca foram à escola, por falta de acesso, ou que,
indo à escola, vivenciaram um tempo maior de escolaridade, ou que abandonaram
o ensino formal, devido às retenções em determinadas séries da Educação Básica, e
às diversas circunstâncias de vida. Esses jovens e adultos, geralmente, retornam à
escola ou iniciam a vida escolar com o objetivo de melhorar de vida ou por exigências
do mercado de trabalho. Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos ultrapassa
a concepção de alfabetização/escolarização, pois envolve a vida e os direitos desses
educandos.
É indispensável que o(a) educador(a), para construir conhecimentos com
seus(suas) educandos(as), faça um levantamento dos conhecimentos prévios e das
expectativas de aprendizagem do(a) aluno(a), visando ao planejamento de suas ações
em sala de aula, ou seja, conheça a realidade social e histórica do(a) alfabetizando(a).
Considerando que a construção do conhecimento ocorre a partir do momento em que
o homem começa a se relacionar com o mundo, ou seja, a partir do momento em que
se instaura uma relação dialética, Vale (2001, p. 71) explica que esse tipo de relação
do homem com a realidade “é que vai possibilitar a gestação de uma educação que,
em sendo transitória, busca incessantemente um novo saber, uma nova qualidade
de aprender, fundamentada na criticidade, na problematização, no questionamento,
condições essenciais a uma ação educativa transformadora”.
SAIBA MAIS:
Considerando as características do(a) aluno(a) adulto(a), Gadotti e Romão
(2007, p.39) explicam:
[...] o aluno adulto não pode ser tratado como criança cuja história de vida
apenas começa. Ele quer ver a aplicação imediata do que está aprendendo.
Ao mesmo tempo, apresenta-se temeroso, sente-se ameaçado, precisa ser
estimulado, criar auto-estima, pois a sua ”ignorância” lhe traz tensão, angústia,
complexo de inferioridade. Muitas vezes tem vergonha de falar de si, de sua
moradia, de sua experiência frustrada da infância, principalmente em relação à
escola. É preciso que tudo isso seja verbalizado e analisado. O primeiro direito
do alfabetizando é o direito de se expressar.
(*) Cf. BRA-
SIL, Secretaria
de Educação
Fundamental.
Proposta cur-
ricular para a
educação de
Jovens e Adul-
tos: segundo
segmento do
ensino funda-
mental - 5ª a 8ª
série: introdu-
ção, 2002.
(*) De acordo
com Paulo Frei-
re (1980, p. 26),
a “conscientiza-
ção é um com-
promisso histó-
rico. É também
c o n s c i ê n c i a
histórica: é in-
serção crítica na
história, implica
que os homens
assumam o pa-
pel de sujeitos
que fazem e
refazem o mun-
do.”
211211211
SAIBA MAIS:
Considerando as características do(a) aluno(a) adulto(a), Gadotti e Romão
(2007, p.39) explicam:
[...] o aluno adulto não pode ser tratado como criança cuja história de vida
apenas começa. Ele quer ver a aplicação imediata do que está aprendendo.
Ao mesmo tempo, apresenta-se temeroso, sente-se ameaçado, precisa ser
estimulado, criar auto-estima, pois a sua ”ignorância” lhe traz tensão, angústia,
complexo de inferioridade. Muitas vezes tem vergonha de falar de si, de sua
moradia, de sua experiência frustrada da infância, principalmente em relação à
escola. É preciso que tudo isso seja verbalizado e analisado. O primeiro direito
do alfabetizando é o direito de se expressar.
211
212
REFLEXÃO
Para refletir acerca das particularidades da educação de jovens e adultos,
sugerimos a leitura do texto de Gadotti, “ Educação de adultos: algumas
reflexões”. IN: GADOTTI, M. & ROMÃO, J. (orgs.). Educação de Jovens e
Adultos: teoria prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire,
2007.
1.2. Conhecendo um pouco da Legislação da EJA
Sendo considerada como um processo educativo constantemente renovado e
contínuo, não limitado apenas a determinadas idades de escolarização, mas para toda
a vida, é necessário que o(a) profissional que atua na Educação de Jovens e Adultos
tenha conhecimento dos principais e mais recentes documentos que dão legitimidade
histórica a essa modalidade de ensino.
O artigo 208 da Constituição Federal de 1988* garante a educação a todos
aqueles que a ela não tiveram acesso, independente da faixa etária, estendendo, assim,
um atendimento também a jovens e adultos que anteriormente eram excluídos desse
direito. Confirmando essa conquista, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional,
9.394/96, estabelece, em seu artigo 37, os deveres do Estado, no que diz respeito à
extensão do direito à educação a todos, quando registra que a EJA “será destinada
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade nos estudos no ensino fundamental e
médio na idade própria.”
Essa lei enfoca a necessidade de uma formação adequada para se trabalhar com o
jovemeoadulto,bemcomoumaatençãoàscaracterísticasespecíficasdostrabalhadores
matriculados em turmas de EJA. Tais requisitos são referendados nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (2000) que estabelecem,
no item VIII, referente à Formação Docente, além das exigências formativas para o(a)
profissional que atua na EJA, as exigências relativas à complexidade diferencial dessa
modalidade de ensino.
Faz-se necessário ressaltar, também, o Parecer 05/97 do Conselho Nacional
de Educação, que trata da questão da denominação “Educação de Jovens e Adultos,”
relacionando com a denominação “Ensino Supletivo” e definindo os limites de idade
fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos. Define, também,
as competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de certificação; o
Parecer 12/97 do Conselho Nacional de Educação cujo objetivo é esclarecer dúvidas
sobre cursos, exames supletivos entre outras questões; o Parecer 11/2000 do Conselho
REFLEXÃO
Para refletir acerca das particularidades da educação de jovens e adultos,
sugerimos a leitura do texto de Gadotti, “ Educação de adultos: algumas
reflexões”. IN: GADOTTI, M. & ROMÃO, J. (orgs.). Educação de Jovens e
Adultos: teoria prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire,
2007.
(*) A consti-
tuição de 1988,
em seu artigo
208, apresenta
a EJA ligada ao
Ensino Funda-
mental, quando
dispõe que “ O
dever do estado
com a educação
será efetivado
mediante a ga-
rantia de: I – en-
sino fundamen-
tal obrigatório
e gratuito, as-
segurada inclu-
sive sua oferta
gratuita para
todos os que a
ele não tiveram
acesso na idade
própria. ( Reda-
ção da Emenda
Constitucional
n.14/96).
213
Nacional de Educação do relator Carlos Roberto, Jamil Cury, favorável às Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos; e a Resolução CNE/
CEB nº1, de 5 de julho de 2000 - estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação de Jovens e Adultos.*
Em âmbito internacional, o primeiro marco surge em 1990, na Tailândia,
com a “Declaração de Educação Básica para Todos”, crianças, jovens e adultos. Tal
declaração é referendada na V Conferência de Educação deAdultos, a V CONFINTEA,
em 1997, em Hamburgo,Alemanha, quando são instituídas a Declaração de Hamburgo
e a Agenda para o Futuro.
Nessa Conferência, os debates permitem encarar a Educação de Jovens e
Adultos como não apenas restrita à escolarização e à alfabetização, mas também como
voltada para o reconhecimento do poder social dessa educação, considerada como
processo que deve ser vivenciado por toda a vida.
Dessa maneira, a Declaração de Hamburgo, além de ser um marco na Educação
de jovens e Adultos, é, também, o resultado de lutas históricas, que consolidam os
direitos dos educandos: todos os sujeitos têm direito à educação básica, independente
da idade, bem como o direito à educação continuada, considerando a idéia de aprender
por toda a vida.
Na década de 90, o Brasil, apesar dos avanços registrados na V CONFINTEA,
continuou a considerar a educação de adultos um “desvio” que resulta do fracasso do
Ensino Fundamental de crianças. Nesse contexto, com a necessária interferência dos
educadores e dos Fóruns de Educação de Jovens e Adultos* nas políticas do MEC, é
formulado, conforme já foi referenciado, o Parecer final do CEB/CNE, divulgado em
11 de maio de 2000. Tal parecer confere à Educação de Jovens e Adultos o direito,
entre outros, de ser rediscutida.
SAIBA MAIS:
ADeclaraçãodeHamburgo(1997),daqualoBrasilésignatário,
enfatiza que a educação de adultos é mais que um direito:
[...] é a chave para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania
como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é
um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável,
da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento
socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a
construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de
paz baseada na justiça. (SESI/UNESCO, 1999, p.19)
(*) Os parece-
res 05/97, 12/97,
11/2000doCon-
selho Nacional
de Educação e
a Resolução
CNE/CEB nº1,
de 5 de julho de
2000, estão des-
critas no docu-
mento “Diretri-
zes Curriculares
para a Educa-
ção de Jovens e
Adultos” (Go-
verno do Esta-
do da Paraíba,
2000).
(*) “Os Fóruns
de EJA confi-
guram-se como
sendo um espaço
de discussão, de
reivindicação,
de formação in-
telectual para
os educadores,
de intercâmbio
de experiências,
bem como de
uma nova orga-
nização da EJA,
tomando corpo, a
partir dos meados
da década de 90,
no país, caracte-
rizados como um
Novo Movimen-
to Social (NMS)
e contribuindo
para a formação
dos educadores
de EJA.” Fonte:
www.cereja.org.
br/arquivos_uplo-
ad/Eduardo%20
Silva_nov2005.
pdf. Acesso em
08/09/2008.
SAIBA MAIS:
ADeclaraçãodeHamburgo(1997),daqualoBrasilésignatário,
enfatiza que a educação de adultos é mais que um direito:
[...] é a chave para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania
como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é
um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável,
da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento
socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a
construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de
paz baseada na justiça. (SESI/UNESCO, 1999, p.19)
214
215
UNIDADE II
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA
QUESTÕES GERAIS
Apesar de ser discutida há várias décadas, e apesar dos relatos de experiências
bemsucedidas,*aeducaçãodejovenseadultosaindanãodispõedeprojetosquepossam
apresentar soluções para as questões relativas aos principais problemas que afetam as
salas de aula dessa modalidade de ensino. Problemas como: evasão escolar, desinteresse
pelas atividades propostas pelos professores, não adoção de uma prática pedagógica
reflexiva* e, principalmente, o fracasso das práticas pedagógicas para ensinar esses
alunos a ler (compreender) textos, bem como para encarar a complexidade do mundo
contemporâneo, com sua intermitente criação e recriação de códigos variados, que
exige o desenvolvimento de competências de leitura e de escrita, ou seja, exige um
aprender contínuo e, principalmente, exige que os sujeitos, a partir de sua própria
história, transformem-se e transformem o mundo.
Nesse sentido, o ensino destinado à Educação de Jovens e Adultos deve
oferecer condições para o desenvolvimento das competências necessárias para a
aprendizagem dos conteúdos escolares, bem como para a formação de pessoas cidadãs.
Para tanto, é fundamental que o(a) professor(a) de EJA dê uma atenção especial ao
ensino-aprendizagem da linguagem, visto que é por meio desta que todos os outros
conhecimentos são formalizados. Nesse contexto de ensino, tanto a linguagem não-
verbal, quanto a linguagem verbal, oral, ou escrita, tanto os dialetos não prestigiados
socialmente, quanto os que são prestigiados, devem ser contemplados, visando a um
processo funcional de produção de leituras e de textos.
O fato de vivermos em uma sociedade grafocêntrica coloca o ensino da leitura e
da escrita em situação privilegiada.* Por esta razão, o professor de Língua Portuguesa
deve ter uma compreensão dos processos de construção de leitura e de escrita, ou
seja, deve buscar alfabetizar o(a) aluno(a) jovem / adulto(a), compreendendo suas
hipóteses de leitura e de escrita, seus erros construtivos, desde que, para tanto,
considere os processos de letramento, desenvolvendo atividades com gêneros textuais
diversificados.
Sobre essa questão, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
de Jovens e Adultos (BRASIL, 2000, p. 18) ressaltam que a leitura e a escrita são
“bens relevantes, de valor prático e simbólico” e que “o não acesso a graus elevados
de letramento é particularmente danoso para a conquista de uma cidadania plena.”
UNIDADE II
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA
QUESTÕES GERAIS
(*) Para ter
conhecimento
acerca de uma
das experiências
bem sucedidas na
EJA, consulte o
artigo: A prática
mineira em Edu-
cação de Jovens
e Adultos: expe-
riências exitosas
nos municípios
de Lagoa Dou-
rada e Ritápolis.
CARVALHO, A.
A. de. e outras.
Anais do 2º Con-
gresso Brasileiro
de Extensão Uni-
versitária. Belo
Horizonte – 12 a
15 de setembro de
2004. Disponível
em http://www.
ufmg.br/congrext/
educa/educa17.
pdf.
(*) Explican-
do o processo
de “conscienti-
zação”, Paulo
Freire (1980) es-
clarece que esta
não pode existir
fora da ‘práxis’,
ou melhor, sem o
ato ação-reflexão.
Esta unidade dia-
lética constitui,
de maneira per-
manente, o modo
de ser ou de trans-
formar o mundo
que caracteriza os
homens.
215
(*) Em Soares
(2005, p.58), é
discutida a ques-
tão da sociedade
grafocêntrica.
216
Em outras palavras, em uma sociedade predominantemente grafocêntrica, a posição
privilegiada do código escrito deve ser adequadamente administrada em sala de aula.
Para que o(a) aluno(a) avance em seu processo de letramento, faz-se necessário
que o(a) professor(a) alfabetizador(a) planeje e adote determinadas estratégias: os(as)
alunos(as) devem experimentar e ampliar suas formas de expressão, a partir de trabalhos
em grupo que favoreçam a troca de experiências, que promovam momentos em que
os(as) educandos(as) se expressem em pequenos grupos, ou em grupos maiores, em
conversas voltadas para determinadas temáticas, realizadas com outras pessoas da
escola ou mesmo fora dela. Para tanto, o(a) professsor(a) deve criar oportunidades
de ouvir, falar, ler, escrever. Deve, a partir dos saberes do senso comum, construir
conhecimentos científicos, apreender novos significados, favorecer a compreensão e a
avaliação de textos orais e escritos.
A vivência dessas atividades aponta para a necessidade de o professor ser
capaz de refletir, constantemente, sobre sua prática e de direcioná-la, considerando os
interesses e as necessidades dos alunos, para a realidade em que atua.
Para entendermos melhor esse processo de reflexão no ensino, recorremos
também às idéias de Schön (1997) acerca do professor “Prático-Reflexivo”. Foi esse
estudioso que percebeu que, em várias profissões, não apenas na prática docente,
existem situações conflitantes, desafiantes, bem como, que a aplicação de técnicas
convencionais, simplesmente, não resolve problemas.
A proposta prático-reflexiva para o ensino, neste caso, de alfabetização em
Língua Portuguesa, busca levar em conta uma série de variáveis do processo didático,
a partir das quais, o professor, interacionalmente, perceba os efeitos de sua atuação
na aprendizagem de seus alunos. É, portanto, uma abordagem que leva em conta não
só os processos cognitivos de aprendizagem da leitura e da escrita, mas também e,
principalmente, os processos sócio-interacionais que envolvem a apreensão desses
conhecimentos.*
SAIBA MAIS:
Um dos avanços da Declaração de Hamburgo (1997) esteve centrado na idéia
de continuação do processo de formação do(a) aluno(a) da EJA.
[...] a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num
mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade,
a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o
desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes esse direito...
A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades
sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a
educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).216
SAIBA MAIS:
Um dos avanços da Declaração de Hamburgo (1997) esteve centrado na idéia
de continuação do processo de formação do(a) aluno(a) da EJA.
[...] a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num
mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade,
a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o
desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes esse direito...
A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades
sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a
educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).
(*) Os Parâ-
metros Curricu-
lares Nacionais
- PCNs (2001,
p.48), sugerem
o “movimento
metodológico”
AÇÃO → RE-
FLEXÃO →
AÇÃO, para a
vivência de um
processo de cons-
trução de conhe-
cimento.
217
SAIBA MAIS: Geraldi (1999, p. 41), ressalta que o(a) professora(a) deve ter
conhecimento e deve procurar entender as três concepções de linguagem que
atravessam as práticas de sala de aula de língua Portuguesa: linguagem como
expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e
linguagem como forma de interação.
SAIBA MAIS: Geraldi (1999, p. 41), ressalta que o(a) professora(a) deve ter
conhecimento e deve procurar entender as três concepções de linguagem que
atravessam as práticas de sala de aula de língua Portuguesa: linguagem como
expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e
linguagem como forma de interação.
218
219
UNIDADE III
O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E DE LETRAMENTO
NA EJA
No contexto da Educação de Jovens e Adultos, o domínio das habilidades da
leituraedaescritaestáintrinsecamenteligadoàsnecessidadesdomundocontemporâneo.
Istoporqueos(as)alunos(as)dessamodalidadedoensinotêmcaracterísticasespecíficas.
São alunos(as) cujas experiências e anseios de uma vida melhor requerem um olhar
diferenciado no processo de ensino.
O(a) aluno(a) jovem ou adulto(a) consegue “sobreviver” nesse mundo letrado
por meio de diversas estratégias e traz para a sala de aula, idéias diversificadas a respeito
da escrita, embora sem dominar as “regras” desse código. Dessa forma, processos de
alfabetização e de letramento não podem ser dissociados do processo de construção
da cidadania. Ou, de forma mais ampla, de formação de uma consciência histórica,
como nos ensina Paulo Freire (1980, p.26), para quem o processo de conscientização
“implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo”
— idéia também corroborada por Street (1984), que vê o processo de alfabetização
como um modo de adquirir valores e de formar mentalidades.
Entre os estudos envolvendo o processo de alfabetização de alunos(as) jovens
/adultos(as) faz-se necessário ressaltar o que foi desenvolvido por Ferreiro (1983),
acerca das concepções que alunos adultos não-alfabetizados detêm sobre o sistema
alfabético. Tal estudo buscou compreender como estes(as) alunos(as) constroem a
lógica interna de organização e desenvolvimento desse sistema notacional, analisando
as relações entre língua oral e língua escrita, as condições de interpretação de um texto
(observando as possibilidades no nível da palavra e no nível da oração), bem como a
distinção que faziam entre “grafias-letras” e “grafias-números”.
A partir da divulgação dessas informações, estudos* enfocando o processo
de alfabetização de jovens e adultos, voltam-se para determinados fundamentos
epistemológicos, centrados nas seguintes questões: o aprendizado do sistema de
escrita alfabética pode e deve ser simultâneo à aprendizagem que permite escrever/
compreender textos; o conhecimento de natureza notacional que se refere à escrita
alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em
linguagem escrita; essas formas de aprendizagens, a do sistema notacional alfabético
e a da linguagem escrita — leitura (compreensão) e produção de textos —, exigem
um trabalho pedagógico sistemático, centrado em um processo diagnóstico e seguido
do planejamento e da elaboração de estratégias de intervenção, após a análise dos
UNIDADE III
O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E DE LETRAMENTO
NA EJA
(*) Embora
c o n t e m p l e m
metodologias
diferenciadas,
destacamos, en-
tre os estudos
que enfocam o
processo de al-
fabetização de
jovens e adul-
tos, o de Poel
(1981) e o de
Durante (1998).
220
resultados alcançados. Tais estratégias não devem ser vivenciadas sob a ótica de uma
aprendizagem linear, mecânica, voltada apenas para os aspectos mnemônicos.
Em outras palavras, a compreensão da antecipação significativa (estratégias de
leitura),* como um componente essencial no processo de leitura, apresenta subsídios
que favorecem um repensar das práticas de alfabetização. Se, antes, o processo de
ensino-aprendizagemcentrava-senosaspectosgrafofônicos,enfatizandoavisualização
e a memorização, hoje, as contribuições da pesquisa sobre a psicogênese da língua
escrita e dos estudos sobre letramento indicam a necessidade de redefinição da prática
pedagógica, partindo da afirmação de que o sujeito da aprendizagem reconstrói,
constantemente, seus objetos de conhecimento e reelabora suas hipóteses, na tentativa
de apreendê-los e de vivenciá-los significativamente.
PESQUISE:
As hipóteses de escrita — pré-silábica, silábica, silábico-
alfabética, alfabética— apresentadas por Ferreiro e Teberosky
(1985)sãosumarizadasemdiversosestudos,entreeles,omanual
didático “Alfabetização – Parâmetros em Ação” (BRASIL,
Secretaria de Ensino Fundamental, 2002). Considerando essas hipóteses de
escrita, construa um quadro, contemplando exemplos e comentários acerca do
processamento de escrita de alunos jovens e adultos.
AGORA É SUA VEZ:
Caracterize os níveis de escrita dos(as) seguintes alunos(as) de
uma turma de EJA, de uma escola pública:
PESQUISE:
As hipóteses de escrita — pré-silábica, silábica, silábico-
alfabética, alfabética— apresentadas por Ferreiro e Teberosky
(1985)sãosumarizadasemdiversosestudos,entreeles,omanual
didático “Alfabetização – Parâmetros em Ação” (BRASIL,
Secretaria de Ensino Fundamental, 2002). Considerando essas hipóteses de
escrita, construa um quadro, contemplando exemplos e comentários acerca do
processamento de escrita de alunos jovens e adultos.
AGORA É SUA VEZ:
Caracterize os níveis de escrita dos(as) seguintes alunos(as) de
uma turma de EJA, de uma escola pública:
(*) De acordo
com Solé (1998),
o ato de ler ativa,
inconscientemen-
te, uma série de
ações mentais,
caracterizadas
como “estratégias
de leitura.” São
elas: a antecipa-
ção(hipótesesque
tornam possível
prever o que está
por vir, com base
em informações
explícitas e em
suposições); se-
leção: ações que
permitem o leitor
se ater apenas ao
que é útil para
a compreensão,
desprezando os
índices irrelevan-
tes; inferência:
permite captar o
que não está es-
crito no texto de
forma explícita;
verificação: pos-
sibilita confirmar
ou não as expec-
tativas levanta-
das, controlando
a eficácia das de-
mais estratégias.
221
TEXTO I
TEXTO II
222
TEXTO III
3.1. Questionamentos conceituais e metodológicos do(a) professor(a)
alfabetizador(a)
Consideradas as profundas diferenças sociais que dividem a sociedade
brasileira, ensinar a ler e escrever (alfabetizar), para a grande maioria dos professores,
envolve um processo de aculturação que visa à inserção do aluno nas práticas legítimas
de uso da escrita, ou seja, em diferentes processos de letramento. De acordo com
Kleiman (1999, p.69), esse processo de alfabetização puro e simples “está em conflito
com um princípio educacional de caráter ético, o da preservação da diferença e da
heterogeneidade cultural das diferentes comunidades nas quais o educador atua”.
Assim, cabe ao educador familiarizar-se com os usos e concepções sobre a escrita
dessas comunidades, para que não sejam reproduzidos métodos ineficientes e práticas
uniformizadoras e alienantes. As orientações atuais, para a vivência desses dois
processos, o de alfabetização e o de letramento, voltam-se para uma associação bem
produtiva dessas duas ações pedagógicas: alfabetizar e letrar.*
Para Soares (2005), a alfabetização ocorre por meio de práticas sociais de
leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e esta, por sua vez, só se
realiza, efetivamente, por meio da aprendizagem das relações fonema /grafema.
Conceituando letramento, essa lingüista explica que este é o “estado ou
condição de quem não só saber ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de escrita
que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de
(*) “Dissociar
alfabetização e
letramento é um
equívoco porque,
no quadro das
atuais concep-
ções psicológi-
cas, lingüísticas
e psicolingüísti-
cas de leitura e
escrita, a entra-
da da criança (e
também do adul-
to analfabeto) no
mundo da escrita
se dá simultane-
amente por esses
dois processos:
pela aquisição do
sistema conven-
cional de escrita
– a alfabetização,
e pelo desenvol-
vimento de ha-
bilidades de uso
desse sistema em
atividades de lei-
tura e escrita, nas
práticas sociais
que envolvem a
língua escrita –
o letramento.”
(SOARES, 2003,
p.86)
223
interação oral.” (SOARES, 2002) Nesse sentido, um dos objetivos do ensino da língua
escrita é possibilitar ao aluno o domínio das capacidades de leitura e de produção de
textos de diferentes gêneros, que circulam socialmente, ou seja, que estão presentes
no cotidiano das sociedades letradas. Nesse conceito de “letramento” está implícita
a idéia de que “a escrita traz conseqüências sociais, culturais, políticas, econômicas,
cognitivas, lingüísticas, quer para o grupo social, em que seja introduzida, quer para o
indivíduo que aprenda a usá-la” (SOARES, 1998).
Ao discutir o conceito de alfabetização, “processo de aquisição do código
escrito, das habilidades de leitura e escrita”, Soares chama a atenção para a noção de
“alfabetismo”, ou seja, “o ‘estado’ ou a ‘condição’ que assume aquele que aprende
a ler e a escrever.”(2005, p.15-29). Tal estado pode ser caracterizado de acordo com
determinados comportamentos, relacionados, evidentemente, a dois tipos de dimensão:
a individual e a dimensão social.*
SAIBA MAIS:
A noção de alfabetismo também é discutida por Ribeiro (2002, p.44-51) como
fenômeno cultural complexo. Segundo esta autora,
“ Tanto do ponto de vista histórico, quanto do sociológico, ou psicológico,
as evidências analisadas pelos pesquisadores alertam para o perigo das
generalizações precipitadas ou dos reducionismos simplistas. Por outro lado,
todas, a seu modo, reafirmam a relevância do alfabetismo na história da cultura,
na organização da sociedade ou no comportamento dos indivíduos, ainda que
sua influência em qualquer dessas dimensões só possa ser compreendida na
medida em que se considerem os modos como a leitura e a escrita integram
práticas sociais ou padrões culturais mais amplos.”
Face ao que foi apresentado, pode-se afirmar que os novos direcionamentos
para o ensino de Língua Portuguesa propõem um ensino de língua que tenha o objetivo
de fazer com que o aluno adquira um grau de letramento cada vez mais elevado, isto
é, que este(a) aluno(a) desenvolva cognitivamente um conjunto de habilidades e
comportamentos de leitura e escrita que lhe permitam fazer o maior e mais eficiente
uso possível das capacidades de ler e escrever.
3.2. Discutindo a questão dos métodos no processo de alfabetização
Atrelar procedimentos didáticos de alfabetização a procedimentos didáticos de
letramento provocou ou, pelo menos, deveria estar provocando mudanças conceituais
na forma de encarar esses dois processos, em sala de Educação de Jovens e Adultos.
Nesse sentido, faz-se necessário, a todos que enveredem por esses caminhos, discutir
SAIBA MAIS:
A noção de alfabetismo também é discutida por Ribeiro (2002, p.44-51) como
fenômeno cultural complexo. Segundo esta autora,
“ Tanto do ponto de vista histórico, quanto do sociológico, ou psicológico,
as evidências analisadas pelos pesquisadores alertam para o perigo das
generalizações precipitadas ou dos reducionismos simplistas. Por outro lado,
todas, a seu modo, reafirmam a relevância do alfabetismo na história da cultura,
na organização da sociedade ou no comportamento dos indivíduos, ainda que
sua influência em qualquer dessas dimensões só possa ser compreendida na
medida em que se considerem os modos como a leitura e a escrita integram
práticas sociais ou padrões culturais mais amplos.”
(*) Consulte
Ribeiro (2002)
e Soares (2005),
para um maior
aprofundamen-
to acerca dos
níveis de “alfa-
betismo”.
224
as diversas propostas pedagógicas, principalmente as que se voltam para abordagens
lingüísticas e sócio-interacionistas, que tomam como ponto de partida o texto/
discurso.
A alfabetização de jovens e adultos, no Brasil, apesar dos muitos programas
e propostas de alfabetização veiculados por órgãos governamentais ou não-
governamentais, vem sendo trabalhada, ainda, em termos metodológicos, como
processos exclusivamente centrados no sistema alfabético e ortográfico da língua
portuguesa, considerando, gradativamente, e dependendo do ponto de partida, letras,
sílabas, palavras, frases, até chegar ao texto. Ora partindo do todo para as partes,
privilegiando o sentido das palavras, frases, textos — método analítico —, ora partindo
das partes para o todo, privilegiando a decodificação, as relações entre fonemas
e grafemas, considerando unidades menores (letras, sílabas) até chegar a unidades
maiores (palavras, frases, textos) — método sintético—, o processo de alfabetização
não pode deixar de levar em consideração os usos e as funções sociais da escrita.
Nas últimas décadas, os estudos voltados para o processo de alfabetização no
Brasil, quer sejam os voltados para crianças, quer sejam os que enfocam a alfabetização
de jovens e adultos, colocam, no centro das atenções, as ações diagnósticas, para a
identificação das hipóteses de leitura e de escrita, dos conhecimentos prévios dos(as)
alunos(as), seguindo-se a essas ações, a análise das dificuldades, caracterizadas como
‘”erros construtivos” (PIAGET, 1978), ou seja, erros indicadores dos processos
cognitivos, das hipóteses de construção de leitura e de escrita. Assim, informações
sobre os níveis de escrita, sobre as hipóteses e as estratégias de leitura, o sistema
de escrita alfabético, as relações entre fala e escrita no texto, são conheimentos
lingüísticos e pedagógicos que precisam ser colocados em prática, ou seja, precisam
ser compreendidos pelos (as) professores alfabetizadores(as) para que haja uma
sistematização metodológica, para que possam ser vivenciados em sala de aula.
Dessa forma, que tratamento deve ser dado ao processo de alfabetização
na EJA? Para responder a essa pergunta, a primeira idéia que pode vir à mente de
muitos(as) alfabetizadores(as) é a de que a alfabetização, para ser eficaz, precisa ser
vivenciada com base em um determinado método e este é um entre os muitos dilemas,
as muitas dificuldades teóricas e práticas que o(a) professor(a) alfabetizador(a)enfrenta.
Soares (2005), em estudo divulgado em 1990, ao discutir a questão dos métodos
de alfabetização no Brasil, considera o impasse que essa década nos trouxe, com a
divulgação de paradigmas conceituais psicológicos para o processo de alfabetização.
Tais paradigmas, centrados em uma abordagem psicogenética, divulgada por Ferreiro
e Teberosky (1985), contrapõem-se ao associacionismo, predominante nas décadas
de 50, 60 e 70. Essas psicólogas rejeitam as concepções empiristas de aprendizagem,
mas não descartam o uso de determinados métodos no processo de alfabetização,
mesmo porque, para realizarem suas pesquisas, fizeram uso, inevitavelmente, de
225
uma metodologia. Nessa polêmica, o que não pode ser esquecido é o processo de
aprendizagem dos(as) alfabetizandos(as).
Assim, procurar fazer com que o(a) aluno(a) pense sobre a escrita, pense sobre
o que a escrita representa e como ela representa graficamente a linguagem deve fazer
parte, constantemente, das práticas pedagógicas do professor(a) alfabetizador(a) cujas
ações didáticas devem favorecer as atividades epilingüísticas (GERALDI, 1993),
devem propiciar processos diferenciados de construção de conhecimento.*
Obviamente, os resultados favoráveis (experiências bem sucedidas) ou
desfavoráveis no processo de alfabetização não têm como fator preponderante ou
causadorapenasométodo,vistoqueosproblemasrelativosaoprocessodealfabetização
não estão apenas nas mudanças conceituais, mas também nas novas exigências
contextuais requeridas para o trabalho nesse campo pedagógico. Considerando essas
novas exigências, Bregunci (2004) ressalta que o momento ora vivenciado é o da
busca pelo equilíbrio entre princípios metodológicos “permanentes”, “indispensáveis”
e “indissociáveis”: 1. Possibilitar, por meio de situações didáticas problematizadoras,
que o aluno(a) decodifique e organize o sistema alfabético de escrita; 2. Que domine
as relações estabelecidas entre fonemas e grafemas, incluindo, nestas, as regularidades
e irregularidades ortográficas; 3. Que compreenda, produza e faça uso de textos
diversificados, ou seja, que leia e escreva funcionalmente.*
Para alcançar esses objetivos, é imprescindível que o(a) professor(a) construa,
também, um conhecimento acerca dos processos de leitura e de escrita, e que planeje
situações de ensino-aprendizagem adequadas ao processo de alfabetização. Nesse
sentido, faz-se necessário que o(a) professor(a) atente para as seguintes orientações*:
1.Quanto às situações de leitura:
É POSSÍVEL LER QUANDO AINDA NÃO SE SABE LER•
CONVENCIONALMENTE.
LER DIFERENTES TEXTOS, EM DIFERENTES CIRCUNSTÂNCIAS DE•
COMUNICAÇÃO É UM BOM PROBLEMAA SER RESOLVIDO.
QUANDO O(A) ALUNO(A) NÃO SABE DECODIFICAR O QUE ESTÁ•
ESCRITO, SUA TENDÊNCIA, PARA “ADIVINHAR” O QUE ESTÁ
ESCRITO, É RECORRER AO CONTEXTO E ÀS LETRAS INICIAIS,
FINAIS OU INTERMEDIÁRIAS DE CADA PALAVRA.
OS(AS) ALUNOS(AS) DEVEM SER TRATADOS COMO LEITORES(AS)•
PLENOS(AS).
É FUNDAMENTAL PLANEJAR, DESDE O INÍCIO DO PROCESSO,•
ATIVIDADES VOLTADAS PARA AS PRÁTICAS SOCIAIS DE
LEITURA.
(*) Nas ativida-
des metalingü-
ísticas a análise
volta-se para a
descrição pura e
simples, dos fe-
nômenos lingü-
ísticos, por meio
da caracterização
e sistematização
dos elementos
lingüísticos. Já
nas atividades
epilingüísticas, a
análise é reflexi-
va, volta-se para
o uso, no próprio
interior da ativi-
dade lingüística
em que se realiza.
(Cf. PCNs, 2001,
p.78)
(*) Para ampliar
essas informa-
ções, consultar
B R E G U N C I ,
Maria das Gra-
ças de Castro.
Organizando as
classes de alfa-
betização: pro-
cessos e métodos,
2004 www.alb.
com.br/anais16/
s e m 1 0 p d f /
sm10ss20_07.
pdf .
225
(*) Essas infor-
mações constam
em textos elabo-
rados por Rosa
Antunes de Bar-
ros, para as situ-
ações de leitura
e por Rosângela
Veliago, para as
situações de es-
crita. In: PCNS
em Ação - Alfa-
betização, 2002,
p.71. Portanto,
para saber mais,
consulte esses
textos ou sites
que abordem es-
sas questões.
226
DEVE-SE DAR OPORTUNIDADE PARA O(A) ALFABETIZANDO(A)•
INTERAGIR COM UMA GRANDE VARIEDADE DE TEXTOS.
2. Quanto às situações de escrita:
OS(AS) ALUNOS(AS) DEVEM SER CONVIDADOS A ESCREVER,•
MESMO SEM SABER ESCREVER.
SÓ SE APRENDE A ESCREVER, ESCREVENDO.•
OS(AS) ALUNOS(AS) PRECISAM REFLETIR ACERCA DO•
FUNCIONAMENTO DA ESCRITA.
AS HIPÓTESES DE ESCRITA (pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e•
alfabética) PRECISAM SER RESPEITADAS, DESDE QUE ESTRATÉGIAS
DE INTERVENÇÃO SEJAM PLANEJADAS E VIVENCIADAS EM SALA
DE AULA.
OS(AS) ALUNOS(AS) DEVEM SER CONVIDADOS A PRODUZIREM•
TEXTOS DIVERSIFICADOS E FUNCIONAIS.
AS ATIVIDADES DE REESCRITA PRECISAM SER COLOCADAS EM•
PRÁTICA.
Atreladas a esses conhecimentos científicos, estão as ações que resultam de um
processo de planejamento voltado para uma pedagogia de projetos, para a elaboração
de rotinas, de seqüências didáticas. Todas essas ações, por meio de um processo de
integração, devem ter seus resultados socializados, compartilhados e colocados em
prática, por todos que estejam envolvidos nesse processo educativo. É necessário,
portanto, definir meios para alcançar objetivos, organizar o processo, registrar e
socializar atividades realizadas.
SAIBA MAIS:
Em uma visão bem democrática, Saviani (1983, p. 73) explica que a adoção
de determinados métodos de alfabetização não pode ser dissociada do contexto
social. E acrescenta:
“Tais métodos se situarão para além dos métodos tradicionais e novos,
superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Portanto,
serão métodos que estimularão atividade e iniciativa dos alunos sem abrir
mão porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo com a cultura
acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos
de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a
sistematização lógica dos conhecimentos, sob sua ordenação e gradação para
efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.”
SAIBA MAIS:
Em uma visão bem democrática, Saviani (1983, p. 73) explica que a adoção
de determinados métodos de alfabetização não pode ser dissociada do contexto
social. E acrescenta:
“Tais métodos se situarão para além dos métodos tradicionais e novos,
superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Portanto,
serão métodos que estimularão atividade e iniciativa dos alunos sem abrir
mão porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo com a cultura
acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos
de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a
sistematização lógica dos conhecimentos, sob sua ordenação e gradação para
efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.”
227
Ao enfocar o processo de construção de conhecimentos em sala de aula,
Vasconcellos (2002) observa que, quando o professor não faz opção pela instauração de
um contexto dialógico, a relação que se estabelece em sala de aula, evidentemente, é a
de mero repassador de conhecimentos. Com esse tipo de procedimento, a metodologia
deixa de ser dialética para ser “expositiva”, ou seja, não há envolvimento com o
processo de aprendizagem.
A situação que se instaura em sala de aula, então, decorre, principalmente,
do que Vasconcellos (2002, p.26) denominou de problemas básicos da metodologia
expositiva: o não considerar, o não levar em conta, alguns pressupostos que, há algumas
décadas, vêm sendo veiculados pelas ciências pedagógicas, tais como: o aluno é um
ser concreto; há necessidade do desenvolvimento de um processo de motivação para
a aprendizagem; a apreensão do conhecimento se dá na relação sujeito — objeto —
realidade, com a mediação do professor; a apreensão do conhecimento ocorre por meio
da ação do educando sobre o objeto de estudo; o aluno já traz, para o ambiente de
ensino-aprendizagem, uma bagagem cultural; as discussões coletivas devem constituir
a base das situações de ensino-aprendizagem.
AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS:
Considerando o trecho do livro de Vasconcellos (2002, p. 38), sobre a
metodologia dialética, pesquise, nos sites voltados para a área de educação,
mais informações sobre essa forma de compreender o processo de construção
de conhecimento.
“Não há saída para uma pedagogia que fica fechada em si mesma, na sua
estruturação e organização lógica. Na metodologia dialética, a significação,
por exemplo, abre-se às necessidades do sujeito, que estão relacionadas às
necessidades de classe; a práxis pedagógica abre-se à práxis social. Não dá
para pensar a construção do conhecimento fora da relação com o concreto
social. O pedagógico, para ser eficaz, pede esta articulação com a concretude
do sujeito real.”
3.3. Sobre as atividades de leitura e de produção de texto na EJA
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens
e Adultos (2000), a EJA, sendo uma modalidade da educação básica, que integra as
etapas do Ensino Fundamental e Médio, apresenta como válidas para essa modalidade
da Educação, as orientações dessas etapas de ensino, cabendo aos projetos didáticos,
a redefinição dos temas a serem abordados, visto que estes devem considerar as
condições sócio-culturais desses(as) alunos(as).
AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS:
Considerando o trecho do livro de Vasconcellos (2002, p. 38), sobre a
metodologia dialética, pesquise, nos sites voltados para a área de educação,
mais informações sobre essa forma de compreender o processo de construção
de conhecimento.
“Não há saída para uma pedagogia que fica fechada em si mesma, na sua
estruturação e organização lógica. Na metodologia dialética, a significação,
por exemplo, abre-se às necessidades do sujeito, que estão relacionadas às
necessidades de classe; a práxis pedagógica abre-se à práxis social. Não dá
para pensar a construção do conhecimento fora da relação com o concreto
social. O pedagógico, para ser eficaz, pede esta articulação com a concretude
do sujeito real.”
228
Seguindo tais orientações, o ensino de Língua Portuguesa em turmas de
EJA, assim como em outras modalidades de ensino, deverá estar centrado em uma
concepção interacional (dialógica) da língua, uma concepção interlocutiva — os
sujeitos são vistos como atores/construtores sociais — na qual o texto passa a ser
considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores, passam a ser considerados
sujeitos ativos. Nesse contexto, o processo de leitura/compreensão não é uma simples
apreensão de uma representação mental ou uma decodificação de mensagem, mas uma
atividade interativa, bastante complexa de produção de sentidos, realizada com base nos
elementos lingüísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização,
mas que requer a apreensão de um vasto conjunto de saberes e a reconstrução destes
no interior do acontecimento comunicativo.
Nos Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental (2001), o ensino
de Língua Portuguesa pode ser dividido, metodologicamente, em quatro tipos de
atividades: as que estão centradas no processo de produção de textos orais, as que
enfocam, globalmente, o processo de construção de leitura, as que visam ao processo
de construção de textos escritos e as que se voltam para a análise lingüística.
Subjacente a essas atividades, está um dos pressupostos gerais dos PCNs (2001),
o de que o desenvolvimento geral do aluno pode ser trabalhado com base em uma
formação integral, voltada para aprendizagens diversificadas, que tenham relação com
a vida diária do educando e com o seu ambiente físico e social. Por essa razão, propor
atividades capazes de estabelecer relações estreitas entre a escola e a comunidade,
fazer com que os alunos compreendam melhor o seu entorno, o seu papel na sociedade,
viabilizado, evidentemente, pelo processo amplo e diversificado de produção de
textos, pode ajudar na construção de indivíduos conscientes de sua identidade pessoal
e cultural, ou seja, pode desencadear um processo permanente de autoconhecimento e
de autotransformação.
Em situações de produção de textos orais, o professor, considerando atividades
planejadas para tal fim, deve procurar desenvolver atividades conversacionais,
monitorando, evidentemente, as falas dos alunos e, ao mesmo tempo, estimulando-os a
perguntar, sugerir, comentar, estabelecer relações. No caso específico de alunos(as) da
EJA,quejátrazem,paraasaladeaula,umaexperiênciabemformalizada,taisatividades
são bem produtivas e possibilitam uma imediata visibilidade dos resultados.
Em situações de produção de leitura, pode-se observar que a vivência dessas
atividades com alunos da EJA, cujas condições sociais (condições de vida), quase
sempre não são adequadas, torna-se uma tarefa difícil de ser executada, principalmente
se esta se prende apenas a uma metodologia meramente expositiva. Nesse tipo de
metodologia, o aluno quase sempre é avaliado pela forma como lê em voz alta, ou
seja, pela observação das devidas pausas, da entonação adequada, do ritmo e também
pela pronúncia correta das palavras, quase sempre sem considerar os diversos modos e
229
objetivos que existem para se ler um texto. Como conseqüência, lamentavelmente, os
alunos que já lêem o mundo em volta deles, sentem-se desestimulados a, por meio dos
diversos gêneros textuais que circundam a nossa existência, conhecer e interagir com
outros mundos, desenvolver variadas competências leitoras, entender a função social
de cada texto/discurso.
Toda linguagem é uma forma de interação que se realiza por meio de textos.
Nesse sentido, todo texto é um conjunto de marcas, de pistas que funcionam como
um conjunto de instruções para o restabelecimento dos efeitos de sentido da interação
social e para o domínio e a compreensão das técnicas de linguagem e dos modelos
sociais de textos (gêneros textuais). Tais instruções exigem uma forma de reflexão
teórica e prática acerca do fenômeno complexo da textualidade.
Considerando esses questionamentos, retomamos a idéia de que o Ensino de
Língua Portuguesa na EJAdeverá estar com suas bases firmadas em uma concepção de
texto como discurso, ou seja, o texto como um evento em situação dialógica, em que
se manifestam elementos lingüísticos e extralingüísticos, de acordo com as diversas
situações comunicativas, relacionadas aos diversos gêneros textuais (BAKHTIN,
1992). Esta ênfase dada aos gêneros, na atualidade, por parte da lingüística, tem
grande importância para estudos que envolvem o ensino de Língua Portuguesa, devido
à diversidade de textos que circulam no meio social.
A linguagem sendo considerada como processo de interação cuja principal
função é agir sobre o outro, encaminha, evidentemente, o professor(a) alfabetizador(a)
para uma adoção de uma concepção de leitura como “processo” em que se constroem
significados; em que se compreende a linguagem escrita verbal e não-verbal, sendo o
leitor um sujeito ativo que interage com o texto.
Nesse sentido, para que se possa entender de que forma se dá o processo de
construção de leitura, é necessário compreender as suas diversas funções sociais
que vão, desde a leitura para informação, para contato social, até a leitura para
entretenimento. Nesse sentido, Orlandi (1988) nos aponta, entre outros, alguns
requisitos para que tomemos a leitura numa perspectiva discursiva: a possibilidade do
processo de construção de leitura ser trabalhado em salas de aula/ em salas de leitura; a
idéia de que tanto a leitura quanto a escrita instauram sentidos; a idéia de que o sujeito-
leitor tem suas especificidades e sua história; o fato de que há múltiplos e variados
modos de leitura; a idéia de que tanto o sujeito quanto os sentidos são determinados
histórica e ideologicamente.
Solé (1998) acrescenta que o processo de construção de leitura requer uma
atividade mental muito intensa. Assim, a leitura precisa ser vista como um processo
abrangente de compreensão de expressões formais e simbólicas, manifestada por meio
de quaisquer formas de linguagem (verbal e não-verbal) e decorrente de múltiplos
fatores.
230
Em situações de produção de texto escrito, torna-se necessário que o professor
alfabetizador planeje atividades envolvendo vários gêneros textuais, para que o aluno
pense sobre a escrita, demonstre o que ele já sabe sobre esse código, enfim, para que
ele aprenda a escrever, escrevendo textos funcionais.
Entre as orientações lingüístico-pedagógicas sugeridas pelos PCNs (2001) e
PCNs em Ação- Alfabetização (2002), destaca-se a de reescritura textual (CALKINS,
1989), o fazer o aluno pensar sobre o seu próprio texto. No entanto, a idéia de que
reescrever um texto é “passar a limpo”, é higienizar a escrita, anda de mãos dadas com
a idéia do “já fiz, tá pronto”. Em outras palavras, o ato de escrever, de produzir textos
que, por si só já é, inevitavelmente, escolarizado, muitas vezes é realizado apenas para
o/a professor(a) ler e colocar uma nota. Esboçar, rascunhar, revisar e reescrever um
texto são atitudes resultantes de uma visão processual de escrita. Isto quer dizer que a
escrita deriva de um conjunto de operações interligadas e não de uma ação isolada ou
como produto acabado, fruto de uma mente privilegiada.
Considerando essas informações, a abordagem teórico-metodológica que
deve ser adotada na alfabetização de jovens e adultos, é a que considera os estudos
discursivos da Língua Portuguesa, pautados na Lingüística de Texto, na Análise do
Discurso; a que coloca em destaque o texto oral, o nível textual-interativo da língua,
detendo-se nos aspectos ligados aos processos enunciativos; a que busca entender
de que forma ocorre o processamento de leitura (as estratégias que os(as) alunos(as)
utilizam), e, como conseqüência, o processamento de escrita. Dessa forma, a concepção
de língua como interação e a concepção de aprendizagem lingüística como resultado
de uma construção coletiva de conhecimentos assumem fundamental importância em
situações de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, estando diretamente ligadas
aos aspectos relacionados ao ensino da leitura e da escrita.
No caso específico da EJA, determinadas escolhas metodológicas do(a) professor(a)
podem encaminhar para um ensino de Língua Portuguesa compartimentado. Portanto,
o que se deve buscar, nessa modalidade de ensino, é um processo de aprendizagem que
conjugue tanto aspectos objetivos do processo de alfabetização, quanto o conhecimento
de mundo advindo de um letramento social.
Pode-se observar, seguindo esta direção, que o foco das atenções para um
processo de alfabetização de jovens e adultos é a interação lingüística. Obviamente,
este é um dos meios pelo qual o ser humano, através de um instrumento denominado
de “língua”, adquire o conhecimento e valores de sua sociedade, realiza atos sociais
de comunicação, faz uso, portanto, de determinados gêneros textuais. Nesse sentido,
o texto é compreendido como um conjunto de marcas, de pistas, que funcionam como
instruções para o restabelecimento dos efeitos de sentido da interação social e para
o domínio e a compreensão dos modos de realização da linguagem. Tais realizações
são concretizadas em modelos sociais de textos (gêneros textuais), que vão sendo
231
modificados e ampliados à medida que a sociedade se desenvolve e fica mais complexa.
(BAKHTIN, 1992).
A partir dessas reflexões acerca do processo de alfabetização na EJA,
ressaltamos a idéia de que a construção de uma educação básica para jovens e adultos
depende da oferta de um ensino de qualidade, protagonizado por professores capazes
de incorporar, à sua prática pedagógica, avanços das pesquisas nas diferentes áreas
de conhecimento. Depende de eles estarem atentos às dinâmicas sociais e às suas
implicações no âmbito escolar. Depende, também, da definição clara do papel da
Educação de Jovens e Adultos na sociedade brasileira e de que modo os objetivos
propostos em suas Diretrizes Curriculares, para essa modalidade de ensino, podem ser
alcançados.
Para que haja uma sintonia entre as necessidades lingüísticas dos educandos e
os objetivos pedagógicos da EJA, o professor precisa partir do conhecimento prévio dos
alunos, de suas necessidades sócio-culturais, buscando reorganizar esse conhecimento,
dando sentido às atividades da sala de aula. Tal sintonia não pode ser alcançada se o(a)
professor(a) não se tornar um leitor, um pesquisador. Nesse sentido, o processo de
alfabetização passa a ser conseqüência de uma reflexão “que o homem começa a fazer
sobre sua própria capacidade de refletir. Sobre sua posição no mundo. Sobre o mundo
mesmo. Sobre o seu trabalho. Sobre seu poder de transformar o mundo.”(FREIRE,
1975, p.117)
PARA ESTABELECER RELAÇÕES COM OUTROS TEXTOS, LEIA:
ESCARIÃO, Glória das N. Dutra. Educação escolar e trabalho: um estudo
sobre o significado da educação escolar e trabalho a partir das representações
sociaisdosestudantes-trabalhadores.JoãoPessoa,1996.Dissertação(Mestrado)
– UFPB.
ATENÇÃO! Apresentamos, a seguir, uma proposta de projeto didático que
pode ser adaptada, enfocando outras temáticas. Tem, como principal objetivo,
desenvolver atividades variadas, adequadas a cada nível do processo de
alfabetização, em que alunos(as) de uma turma de EJA se encontram. Leia
cada etapa que foi sugerida, analise-a e selecione, para posterior discussão, as
que você considera que sejam difíceis de serem colocadas em prática em uma
sala de aula.
PROPOSTA DE PROJETO DIDÁTICO
1 – TEMÁTICA: HISTÓRIA DA ESCOLA ONDE ESTUDAM, OU DA
COMUNIDADE, DO BAIRRO, DA CIDADE ONDE MORAM etc.
ATENÇÃO! Apresentamos, a seguir, uma proposta de projeto didático que
pode ser adaptada, enfocando outras temáticas. Tem, como principal objetivo,
desenvolver atividades variadas, adequadas a cada nível do processo de
alfabetização, em que alunos(as) de uma turma de EJA se encontram. Leia
cada etapa que foi sugerida, analise-a e selecione, para posterior discussão, as
que você considera que sejam difíceis de serem colocadas em prática em uma
sala de aula.
PARA ESTABELECER RELAÇÕES COM OUTROS TEXTOS, LEIA:
ESCARIÃO, Glória das N. Dutra. Educação escolar e trabalho: um estudo
sobre o significado da educação escolar e trabalho a partir das representações
sociaisdosestudantes-trabalhadores.JoãoPessoa,1996.Dissertação(Mestrado)
– UFPB.
232
2. – O QUE SE ESPERA QUE OS(AS) ALUNOS(AS) APRENDAM
ler textos de diferentes gêneros;•
produzir textos em diferentes gêneros;•
conhecer melhor e valorizar a história de sua escola / comunidade escolar,•
de sua comunidade, de seu bairro, da sua cidade, e, conseqüentemente, a sua
história;
valorizar o trabalho em grupo;•
ter interesse em pesquisar novos assuntos, utilizando diferentes fontes;•
estabelecer relações entre trabalho e comunidade•
(ver a possibilidade de abordar temas derivados).
3 – PAPEL DO PROFESSOR NO DECORRER DO PROJETO
Selecionar, com antecedência, materiais sobre o assunto;•
Levar, para a sala de aula, o material que será utilizado pelos alunos;•
Incentivar os alunos a buscar outros materiais, como fonte de pesquisa;•
Propor questões que façam os alunos pensarem sobre as atividades a serem•
desenvolvidas;
Valorizar as idéias individuais e coletivas, possibilitando que elas sejam•
colocadas em prática;
Discutir com os alunos as atividades que vão ser desenvolvidas;•
Realizar, a partir das sugestões dos alunos, os ajustes das tarefas.•
Planejar atividades de escrita diferenciadas para os alunos, respeitando os•
níveis em que eles se encontram;
Organizar agrupamentos produtivos;•
Garantir que o produto final circule, pelo menos, no ambiente escolar.•
4 – ETAPAS PREVISTAS
Iniciar uma conversa acerca da temática enfocada, explicando e justificando o•
porquê da escolha.
Fazer um levantamento do que os(as) alunos(as) já sabem sobre a temática;•
Possibilitar a troca de conhecimentos entre os alunos, considerando a temática•
escolhida;
Selecionar as fontes de pesquisa;•
Coletar informações sobre o assunto, por meio de entrevistas com moradores,•
visitas a lugares, consultas em bibliotecas, Internet etc;
Convidar para ir à sala de aula, pessoas autorizadas a falar sobre a temática;•
233
Planejar uma atividade de visita extra-classe;•
Selecionar e organizar, dentre o material produzido e pesquisado, aqueles que•
farão parte da amostra;
Sistematizar os conteúdos apreendidos durante a realização do projeto•
8 – OBJETIVO COMPARTILHADO COM OS ALUNOS (PRODUTO FINAL):
Apresentar uma amostra sobre a cidade/bairro, por meio de:•
- Textos escritos de diferentes gêneros, considerando, para tanto, as leituras realizadas,
e o processo de reescritura textual;
- Gravação (em áudio ou vídeo) de histórias sobre a cidade, se for o caso, contadas por
moradores antigos;
-Confecçãodemaquetes,ouálbuns,oulivrosdehistórias,quegarantamasistematização
do conhecimento apreendido;
- Produção de painel com fotos antigas e atuais (da cidade, de moradores, das escolas
etc);
- Divulgação dos resultados alcançados.
ATENÇÃO!
PROJETOS: Nesse contexto, são situações lingüisticamente significativas
“em que linguagem oral, linguagem escrita, leitura e produção de textos se
interrelacionam de forma contextualizada, pois quase sempre envolvem tarefas
que articulam esses diferentes conteúdos.”
“Acaracterística básica de um projeto é que ele tem um objetivo compartilhado
por todos os envolvidos, que se expressa num produto final em função do qual
todos trabalham.” ( PCNs, 2001, p. 62)
SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS: Conjunto de aulas planejadas para ensinar
um determinado conteúdo sem que, necessariamente, tenha um produto final.
Sua duração pode variar de dias a semanas e várias seqüências podem ser
trabalhadas durante o ano, de acordo com o planejado ou com as necessidades
da classe. A seqüência didática apresenta desafios cada vez maiores aos alunos,
permitindo a construção do conhecimento.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br
ATENÇÃO!
PROJETOS: Nesse contexto, são situações lingüisticamente significativas
“em que linguagem oral, linguagem escrita, leitura e produção de textos se
interrelacionam de forma contextualizada, pois quase sempre envolvem tarefas
que articulam esses diferentes conteúdos.”
“Acaracterística básica de um projeto é que ele tem um objetivo compartilhado
por todos os envolvidos, que se expressa num produto final em função do qual
todos trabalham.” ( PCNs, 2001, p. 62)
SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS: Conjunto de aulas planejadas para ensinar
um determinado conteúdo sem que, necessariamente, tenha um produto final.
Sua duração pode variar de dias a semanas e várias seqüências podem ser
trabalhadas durante o ano, de acordo com o planejado ou com as necessidades
da classe. A seqüência didática apresenta desafios cada vez maiores aos alunos,
permitindo a construção do conhecimento.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br
234
AGORA É SUA VEZ:
Apartir da leitura do texto “Siglas” de Luís FernandoVerissimo, planeje uma seqüência
didática para alunos com diferentes hipóteses de leitura, considerando:
O processo de leitura oral, desenvolvido pelo(a) professor(a), levando em1.
conta as estratégias de leitura dos alunos.
Os diversos sentidos do texto, a partir das pistas que são identificadas.2.
O uso das letras (grafemas) que compõem as siglas.3.
SIGLAS
— Bota aí: P
— “p”?
— De “Partido”.
— Ah.
— Nossa proposta qual é? De união, certo? Acho que a palavra
“União” deve constar no nome.
— Certo. Partido de União...
— Mobilizadora!
— Boa! Dá a idéia de ação, de congraçamento dinâmico. Partido da União
Mobilizadora. Como é que fica a sigla?
— PUM
— Não sei não...
— É. Vamos tentar outro. Deixa ver. “P”...
— “P” é tranqüilo.
— Acho que “Social” tem que constar.
— Claro. Partido Social...
— Trabalhista?
— Fica PST. Não dá.
— É. Iam acabar nos chamando de “ Ei, você”.
— É mesmo “trabalhista”, não sei. Alguém aqui é trabalhista?
— Isso é o de menos. Vamos ver. “P ”...
— É. O “P” atrapalha. Bota” A”, de Aliança. Aliança Inovadora...
— AI.
— Que foi?
— Não. A sigla. Fica AI.
[...]
— Vanguarda Conservadora?
— Você enlouqueceu? Fica VC.
— Aliança Republicana de Renovação do Estado.
— ARRE!
— O quê?
— Calma.
[...]
— Partido Republicano Unido.
AGORA É SUA VEZ:
Apartir da leitura do texto “Siglas” de Luís FernandoVerissimo, planeje uma seqüência
didática para alunos com diferentes hipóteses de leitura, considerando:
O processo de leitura oral, desenvolvido pelo(a) professor(a), levando em1.
conta as estratégias de leitura dos alunos.
Os diversos sentidos do texto, a partir das pistas que são identificadas.2.
O uso das letras (grafemas) que compõem as siglas.3.
235
— PERU?
— Movimento Institucionalista Alerta e Unido.
— MIAU?
— Que tal KIM?
— O que significa?
— Nada, eu só acho bonito.
— MUMU... Movimento Ufanista Mobilização e União.
— MMM... Movimento Moderador Monarquista.
— Mas nós somos republicanos.
— Eu sei. Mas por uma boa sigla a gente muda.
— TCHAU.
— Hum, boa. Trabalho e Capital em Harmonia com Amor e União?
— Não, é tchau mesmo.
— Aonde é que você vai?
— Abrir uma dissidência.
VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001.
236
237
UNIDADE IV
PROCESSO DE ENUNCIAÇÃO X PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO NA EJA
Discutir o processo de alfabetização de jovens e adultos significa discutir os
sujeitos desse processo e, evidentemente, significa discutir suas linguagens, o que
pode nos proporcionar caminhar nas ruas dos diversos diálogos que circundam a nossa
existência. Agir assim significa assumir a língua como um processo interacional,
dialógico.
Nos estudos da Análise do Discurso, a noção de sujeito pode ser compreendida
como um lugar que cada indivíduo deve e pode ocupar em um processo de enunciação
para se constituir sujeito do que ele diz, tanto por meio de textos orais, quanto por meio
de textos escritos. Nesse sentido, uma análise de produtos textuais verbais, ou seja, de
produtos enunciativos de alunos(as) da EJA, inevitavelmente, é uma análise de marcas
enunciativas que veiculam determinados sentidos e não só uma análise do próprio
sujeito.
Considerada como uma produção dialógica, a noção de sujeito apresenta-se
ligada à noção de enunciado/enunciação e, por essa razão, é necessário buscar, nos
enunciados, como ponto de partida para uma análise lingüística, as possíveis e diversas
relações da língua, assumidas por um determinado sujeito. De acordo com Foucault
(1986), para que haja enunciado, torna-se necessário reconhecer a existência de um
campo associativo, no qual podem ser identificadas determinadas marcas. Ou seja,
faz-se necessário buscar as marcas dos sentidos das produções verbais deixadas nos
enunciados lingüísticos.
Seguindo essa direção, essa unidade volta-se para algumas questões lingüísticas
deextremaimportâncianoprocessodeavaliação/leituradetextosproduzidosporjovens
e adultos da EJA: o que é mais relevante nesse processo? É avaliar a competência de
escrita desses alunos centrada na correção gramatical ou a competência para produzir
textos escritos voltada para a adequação dos textos ao gênero textual solicitado, para a
criatividade, para as marcas de autoria? É avaliar a competência leitora desses alunos,
a capacidade de compreender textos escritos? Claro que a resposta seria tudo isso
junto, ou seja, os sujeitos dessa modalidade de ensino devem demonstrar que detêm
essas competências, no entanto, sabe-se, por meio de estudos acerca do processo de
produção de textos em situações de avaliação institucional (vestibulares, ENEM etc.)
que a maior dificuldade dos alunos, de uma maneira geral, está centrada, em primeiro
lugar, na compreensão daquilo que lhe é solicitado a escrever, em outras palavras, está
UNIDADE IV
PROCESSO DE ENUNCIAÇÃO X PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO NA EJA
238
centrada no processo de construção de leitura.
Tal afirmação requer uma reformulação/ampliação dos conceitos de leitura e
de texto, a partir de uma perspectiva teórica que contemple a leitura como processo
de construção de sentidos, decorrente da relação entre sujeitos (autor X leitor).
Nessa perspectiva, a leitura e o sentido podem dar lugar às diversas leituras e aos
diversos sentidos possíveis, fazendo com que o texto perca a tão sonhada unicidade
e homogeneidade, tão absurdamente “concretizada” em questões de interpretação de
textos que integram alguns livros didáticos. Em todos esses processos, portanto, não
se pode esquecer da forma, das unidades lingüísticas — fonemas, grafemas, palavras
/ enunciados — que constituem o texto, o que faz com que essa relação passe a ser
estabelecida entre autor X texto X leitor.
Bakhtin (1992) inclui as formas lingüísticas como parte do enunciado, deixando
emergir a idéia de inseparabilidade entre forma e sentido no estudo da linguagem,
considerando, em processos de interlocução oral ou escrita, os diversos sentidos que
podem resultar desses processos Nesse sentido, sobre a relação do aspecto formal da
língua e seu uso, esse autor deixa que percebamos a idéia de que um estudo lingüístico
comporta duas dimensões em estreita correlação: o sentido dado pela estrutura e o
sentido dado pela enunciação no qual a matéria lingüística adquire significação em
um processo intersubjetivo. Nessa perspectiva teórica, o discurso é, então, o fenômeno
lingüístico de implicações múltiplas sobre o qual as ideologias, a história e os sujeitos
se manifestam e se representam numa forma de língua.
Para Bakhtin (1992), a linguagem não é um sistema abstrato. É, sim, uma
criação coletiva, visto que parte de um diálogo entre o eu e o outro, entre os muitos
eus e os muitos outros. Nesses processos enunciativos, cada língua é um conjunto de
linguagens e cada sujeito falante/escritor abre-se para a multiplicidade de linguagens.
Considerando essa linha teórica, o discurso é, então, o fenômeno lingüístico de
implicaçõesmúltiplassobreoqualasideologias,ahistóriaeossujeitossemanifestamese
representam numa forma de língua cuja realização está centrada, imprescindivelmente,
em um processo de interação verbal. Assim, enfocar as produções textuais verbais em
uma perspectiva discursiva significa concebê-las como produções sociais e históricas,
que interagem e que se transformam com a mudança da sociedade e dos homens.
Ainda segundo Bakhtin (1992), a enunciação é o produto da interação de
dois indivíduos socialmente organizados. Ou seja, a enunciação é o conjunto de
manifestações verbais e não-verbais, diz respeito a processos enunciativos, que cercam
o ato comunicativo, garantindo a expressão de sentido.
Em termos de estudos acerca dos processos enunciativos, destacam-se, também, os
trabalhos de Authier-Revuz (1984), para quem o discurso é sempre “habitado” pelo
discurso do “outro”, ou seja, todo discurso é constitutivo. Assim, neste campo da
enunciação, os dois campos “interagem de maneira solidária”.
239
Uma das respostas que podem ser levantadas, para essa questão, pode ser
encontrada não só em estudos relativos à Análise do Discurso, propriamente dita (AD
francesa), mas também em estudos discursivos interacionistas, aplicados ao processo de
produção de textos orais e escritos, quando estes delineiam a noção de gênero textual,
a relação discurso/interdiscurso e o processo de enunciação. Tais estudos, bastante
produtivos, lamentavelmente, ainda não alteraram o contexto de ensino de língua
Portuguesa em nosso país, embora, nestes últimos anos, esse ensino tenha seguido
uma proposta metodológica sociointeracionista, dialética, que toma como ponto de
partida o texto, considerado uma estruturação discursiva e analisado com base em uma
concepção dialógica de linguagem, ou seja, com base em uma concepção de linguagem
como forma de interação social, a partir das marcas enunciativas.
Colocar em prática as orientações apresentadas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais(PCNs,2001),paraviabilizaroprocesso deleituradeváriosgênerostextuais,
pode representar, para todos os envolvidos nesse processo, práticas de transposição de
conteúdos e de vivências de metodologias diversificadas que considerem os sujeitos
como atores/construtores sociais que interagem, que enunciam. Nesse sentido, o texto
passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores passam a
ser considerados sujeitos ativos. Compreendido dessa forma, o processo de leitura/
compreensão não é uma simples apreensão de uma representação mental ou uma
decodificação de mensagem, mas uma atividade interativa de produção de sentidos,
realizada com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície textual e na
sua forma de organização, mas que requer a arregimentação de um vasto conjunto de
saberes e a reconstrução destes no interior do acontecimento comunicativo.
Tal constatação permitiu-nos observar que uma questão importante para o
ensino da leitura no processo de alfabetização de jovens e adultos é a relação que pode
ser estabelecida entre esse processo e o processo de produção de textos, visto que a
maneira como o professor concebe a natureza do ato de ler determina a maneira como
esse(a) profissional organiza o trabalho com o ensino de língua portuguesa escrita, em
sala de aula. Ao ser estabelecida essa relação entre o processo de construção de leitura
e o processo de construção de texto, não podemos deixar de esquecer que a leitura,
assim como a escrita, caracteriza-se, na escola, por sucessivos avanços e recuos, isto
é, os alunos dão sinais que compreendem determinadas informações e, em seguida,
demonstram estarem no estágio anterior. Assim, para que avanços reais se concretizem
em situações de leitura e de produções textuais de nossos alunos, um trabalho
contemplando os processos de leitura e de produção de textos e um efetivo processo
de reescritura textual, associados à noção de linguagem como inter-ação (KOCH e
FÁVERO, 1993), devem ser assimilados pelo professor, a fim de que este perceba
que não basta ensinar, é preciso inter–agir com os alunos, isto é, compartilhar, na e
através da linguagem, com o uso de textos diversificados, com o uso de informações,
240
conceitos e valores.
AGORA É SUA VEZ:
Leia a tira de Walter Krostner, com seus personagens Pepê & Jotabê .
Revista Cidade Nova, exemplar 495-Ano XLIX- nº 7- julho de 2007.
Considerando a adequação do texto para a EJA, a relação estabelecida
entre os elementos verbais e os não-verbais, bem como a temática abordada
nesse gênero textual, apresente uma proposta de atividade de leitura e de
produção de textos orais e escritos, para alunos jovens e adultos, em processo
de alfabetização.
AGORA É SUA VEZ:
Leia a tira de Walter Krostner, com seus personagens Pepê & Jotabê .
Revista Cidade Nova, exemplar 495-Ano XLIX- nº 7- julho de 2007.
Considerando a adequação do texto para a EJA, a relação estabelecida
entre os elementos verbais e os não-verbais, bem como a temática abordada
nesse gênero textual, apresente uma proposta de atividade de leitura e de
produção de textos orais e escritos, para alunos jovens e adultos, em processo
de alfabetização.
241
UNIDADE V
ALFABETIZAÇÃO NA EJA: PERSPECTIVAS
LINGÜÍSTICO-PEDAGÓGICAS
O enfoque que foi adotado, nestas discussões, para o processo de alfabetização
de jovens e adultos, encaminha-nos, necessariamente, para uma abordagem dialógica
desse processo, na qual, a leitura de textos produzidos por alunos(as) dessa modalidade
de ensino deve considerar tanto o contexto sócio-cultural, os sujeitos envolvidos,
quanto a sistematização dos conteúdos da alfabetização a serem trabalhados.*
Para dar início a esse processo de construção de conhecimento,faz-se necessária
não só a identificação dos enunciados cujos sentidos estejam explícitos nos textos
dos(as) alunos(as), mas também os sentidos que podem ser inferidos, ou seja, os que
resultam de um processo dialógico que se instaura entre o leitor do texto — no caso,
o(a) professor(a) — e o produtor(a) do texto — no caso, o(a) aluno(a). Seguindo tais
direcionamentos, podemos considerar que, para um(a) alfabetizador(a), vivenciar com
êxito, um processo de alfabetização de jovens e adultos, precisa, a partir da análise
das marcas enunciativas e dos sentidos enunciativos de um texto/discurso, encarar
a linguagem como processo de interação cuja principal função é agir sobre o outro;
precisa compreender de que forma esses enunciados são lidos, são construídos. Nesse
contexto, a leitura e a escrita de textos de alunos(as) da EJA devem ser considerados
como processos em que não só se constroem significados, mas também como algo
que reproduz enunciados presentes na proposta de produção textual, cujos sentidos
não devem ser “perdidos” pelo(a) professor(a), quando este(a) assume o papel de
avaliador(a).
Além desse conhecimento lingüístico, o(a) professor(a) alfabetizador(a) deve
conhecer as especificidades do aluno jovem/adulto, as práticas pedagógicas bem
sucedidas, o que implica conhecer e discutir os novos rumos da Educação de Jovens
e Adultos no Brasil. Conforme orientação de César Coll (2006), uma redefinição do
currículo do Ensino Fundamental (neste, seguindo a legislação, incluímos a EJA)
deverá levar em conta a busca pelo equilíbrio, “[...] ao considerar as exigências
educacionais e de formação que provêm das reivindicações sociais - e, em particular,
do mundo do trabalho-, aquelas que provêm do processo de desenvolvimento pessoal
dos alunos e as que provêm do projeto social e cultural- tipo de sociedade e de pessoa
que se deseja promover.”
Feitas tais considerações, podemos afirmar que as perspectivas lingüístico-
pedagógicas para o processo de alfabetização/letramento na Educação de Jovens
UNIDADE V
ALFABETIZAÇÃO NA EJA: PERSPECTIVAS
LINGÜÍSTICO-PEDAGÓGICAS
(*) Sobre a dis-
cussão acerca dos
conteúdos que de-
vem ser trabalha-
dos no processo
de alfabetização,
leiam o texto de
ARAÚJO, Mair-
ce da Silva “ Al-
fabetização tem
conteúdo? In:
GARCIA, Re-
gina Leite(org.).
A formação da
professora al-
fabetizadora:
reflexões sobre a
prática: São Pau-
lo:CortezEditora,
1996, p.83-124
242
e Adultos devem percorrer um caminho que leve os(as) alfabetizadores(as),
constantemente, às discussões das diversas práticas pedagógicas, à construção do
conhecimento urgente e necessário acerca dessa modalidade de ensino. Paraalfabetizar/
letrar alunos jovens e adultos, é necessário conhecer esse aluno, o contexto onde ele
está inserido, as condições de ensino e como esses processos de leitura e de escrita
podem ser construídos.
AGORA É SUA VEZ:
Considerando as informações apresentadas para a disciplina “Alfabetização de
jovenseadultos”,teçaconsideraçõescríticasacercadoprocessodealfabetização
nessa modalidade de ensino, contemplando, em seu texto, as seguintes idéias
de Cool (2006).
Os (As) educadores(as) devem
“ tomar como ponto de partida as “novas” e as “velhas” alfabetizações ( letrada,
numérica, científica, tecnológica, informacional, artística, audiovisual, etc.)
e sua descrição em termos de competências-chave e de saberes essenciais
associados a elas, como guia e orientação para o estabelecimento dos principais
âmbitos de aprendizagem e a tomada de decisões curriculares no ensino
fundamental;”
“Para adquirir ou desenvolver uma capacidade ou competência, é preciso
apropriar-se de uma série de saberes e, além disso, aprender a mobilizá-los e
aplicá-los;”
AGORA É SUA VEZ:
Considerando as informações apresentadas para a disciplina “Alfabetização de
jovenseadultos”,teçaconsideraçõescríticasacercadoprocessodealfabetização
nessa modalidade de ensino, contemplando, em seu texto, as seguintes idéias
de Cool (2006).
Os (As) educadores(as) devem
“ tomar como ponto de partida as “novas” e as “velhas” alfabetizações ( letrada,
numérica, científica, tecnológica, informacional, artística, audiovisual, etc.)
e sua descrição em termos de competências-chave e de saberes essenciais
associados a elas, como guia e orientação para o estabelecimento dos principais
âmbitos de aprendizagem e a tomada de decisões curriculares no ensino
fundamental;”
“Para adquirir ou desenvolver uma capacidade ou competência, é preciso
apropriar-se de uma série de saberes e, além disso, aprender a mobilizá-los e
aplicá-los;”
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Larousse, n. 73, 1984.
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Nacional – LDBEN. Lei nº 9.394/95, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. (2000). Parecer CEB n.º 11/2000. Estabelece as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.Brasília. www.mec.gov.br. Acesso
22/08/2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação de Jovens e Adultos. Brasília, Coeja/SEF. Estabelecida pela Resolução
CNE/CEB nº 1, de 05 de julho de 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. V Conferência Internacional sobre Educação de
Adultos, 1997. Brasília: MEC/SEF.1998. Disponível em: http://www.vsy.fi/eaea/eng/
confinl.html#top. Acesso em: 05/09/ 2008.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988 Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil. Acesso em:
5/09/2008.
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– 1º segmento. São Paulo/Brasília, Ação Educativa/SEF, 1998.
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Ação- Alfabetização. Brasília, SEF, 2002.
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língua portuguesa/ Ministério da Educação.Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: A Secretaria, 2001.
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sem10pdf/sm10ss20_07.pdf. Acesso em 02/09/2008
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discurso escrito. Porto Alegre: Artes Médicas,1989.
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experiências exitosas nos municípios de Lagoa Dourada e Ritápolis. In: Anais do 2º
Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. UFMG. Belo Horizonte – 12 a
15 de setembro de 2004. Disponível em http://www.ufmg.br/congrext/educa/educa17.
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Revista Pedagógica. Ano 10 - Pátio. N° 37 – FNDE, ano x, fevereiro/abril 2006 .
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o significado da educação escolar e trabalho a partir das representações sociais dos
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Artes Médicas, 1985.
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sistema de escritura. México: IPN, Departamento de Investigaciones Educativas,
1983.
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1975.
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e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2007.
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leitura e produção de textos. Porto Alegre, Artmed, 1998.
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VALENTE, André. Aula de Português: perspectivas inovadoras.Petrópolis, RJ:
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Contexto,1993.
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de casos no presídio. Petrópolis:Vozes, 1981.
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XLIX- nº 7- julho de 2007.
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adultos paulistanos. São Paulo, 2002. Tese (Doutorado) – PUC-SP.
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1997.
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05/09/2008.
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contribuiçãoparaaformaçãodoeducadordeEJA.In:PesquisasePráticasEducativas.
Universidade Federal da Paraíba Disponível em: www.cereja.org.br/arquivos_upload/
Eduardo%20Silva_nov2005.pdf. Acesso em 08/09/2008.
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Autêntica, 1998.
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Alfabetização e Cidadania, nº 16, p 9-17, jul. 2003.
246
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University Press, 1984.
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2001.
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aula.São Paulo: Libertad, 2002.
VIEIRA, M. C. Itinerários de Educadores: contribuições da educação popular a EJA.
Disponível em: www.reveja.com.br/revista/2/artigos/REVEJ@_2_Maria_Clarisse.
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Alfabetização na EJA: Características e Legislação

  • 1. 203
  • 2. 204
  • 3. 205 ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Eliane Ferraz Alves Ana Cristina de S. Aldrigue Paula Frassineti de L. Ferraz * Luciane A. Coutinho Sarmento ‫٭‬ APRESENTAÇÃO Caros(as) Alunos(as), Vocês estão iniciando a leitura de textos voltados para questões que envolvem o processo de alfabetização de jovens e adultos. Tal processo pode ocorrer em uma modalidade da Educação Básica denominada de EJA— Educação de Jovens eAdultos. Naturalmente, devido ao curso que vocês escolheram fazer — o Curso de Letras —, deve ter havido algum estranhamento quanto ao público-alvo que está sendo enfocado nesta disciplina. Assim, para que possamos discutir o porquê de alunos(as) do Curso de Letras conhecerem os fundamentos epistemológicos do processo de alfabetização de jovens e adultos, precisamos iniciar a nossa “conversa” situando esse processo na modalidade de Ensino Fundamental — EJA cuja inclusão já está contemplada na legislação educacional vigente. Por essa razão, torna-se necessário, também, fazer referência à legislação (principais documentos) pertinente a essa modalidade de ensino; e, de forma particular, abordar algumas questões acerca dos processos de construção de leitura e de escrita, de produção de textos orais, de leitura e de textos escritos, considerando o contexto social e educacional em que esses(as) alunos(as) estão inseridos(as). No Brasil, milhões de brasileiros(as) não são alfabetizados nem tampouco letrados. Quando muito, podem apresentar níveis de alfabetismo socialmente insatisfatóriose,mesmoquetenhamingressadonaescola,nãoconseguirampermanecer nela, ou seja, são pessoas que enfrentam o problema da exclusão social e educacional. Entre as muitas áreas científicas que se preocupam com o enfrentamento dessa situação (Sociologia, Educação, Psicologia, Lingüística, entre outras) enfocamos, aqui, alguns estudos lingüístico-pedagógicos que tratam dos processos de letramento e de alfabetização. Na Educação de Jovens e Adultos — EJA, esses dois processos devem receber um olhar diferenciado. Isto porque a EJA tem suas especificidades, envolve questões como um público-alvo constituído de jovens com quinze anos ou mais, que nunca vivenciou um processo de ensino na escola ou que por ela tenha sido excluído; ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Eliane Ferraz Alves Ana Cristina de S. Aldrigue Paula Frassineti de L. Ferraz * Luciane A. Coutinho Sarmento ‫٭‬ (*) Tutoras a distância da dis- ciplina Alfabe- tização de Jo- vens e Adultos e colaboradoras da edição final do texto.
  • 4. 206 enfrenta o problema da limitação de tempo e, conseqüentemente, da busca, de certa forma, ansiosa, pelo tempo perdido; e, ainda, depende de uma seleção e organização de conteúdos particulares, específicos, adequados à realidade dos(as) educandos(as) e, ao mesmo tempo, de conteúdos gerais, amplos, que possam propiciar a continuação dos estudos. Os(as) alunos(as) da EJA são, portanto, pessoas que iniciam tardiamente sua trajetória escolar ou que retomam essa trajetória, após alguns anos fora da escola. Nesse contexto, faz-se necessário definir de que modo os objetivos para essa modalidade de ensino são propostos, de que forma esses objetivos podem ser discutidos e rediscutidos com esses(as) educandos(as), para que, construtivamente, as pessoas que se engajam nesse processo possam formar cidadãos alfabetizados e letrados. A partir das informações introdutórias, focalizaremos questões relativas aos processos de construção de leitura e de construção de textos orais e escritos, considerando uma concepção discursiva e interacional de texto e referenciando bases teóricas pertinentes a esses processos lingüísticos e pedagógicos. Assim, para discutirmos questões ora gerais ora específicas, que dizem respeito ao processo de Alfabetização/Letramento na EJA, dividimos o curso em quatro unidades: na Unidade I, contextualizamos essa modalidade do ensino fundamental, caracterizando o(a) aluno(a) jovem adulto(a), e discutimos, de forma sucinta, o processo de construção de conhecimento, e ainda, revisitamos, nessa mesma unidade, a legislação vigente dessa modalidade de ensino. Na unidade II, são abordadas questões gerais acerca do Ensino de Língua Portuguesa na EJA. Na unidade III, são tratadas questões relativas aos processos de alfabetização e de letramento; a polêmica questão dos métodos de alfabetização; e o processo de leitura e de produção de textos. Na unidade IV, são discutidos os processos enunciativos do aluno jovem e adulto, bem como a relação desses processos com os de leitura e de produção de textos. Na unidade V, foi contemplado o desencadeamento de discussões acerca das perspectivas lingüístico-pedagógicas para o processo de alfabetização. Em algumas unidades são propostas atividades prático-reflexivas, com o objetivo de construirmos um conhecimento, envolvendo todas as questões aqui sinalizadas. Dessa forma, as unidades deste curso estarão ligadas por um objetivo comum, voltado para a função qualificadora da EJA, ou seja, para a busca e a conseqüente efetivação de uma educação permanente, que colabore para a construção de uma sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade.* OBJETIVOS: Duranteocurso,o(a)educando(a)deverá construirosseguintesconhecimentos, acerca do processo de alfabetização de Jovens e Adultos: (*) BRASIL. Ministério da Educação. Di- retrizes Cur- riculares Na- cionais para a Educação de Jovens e Adul- tos. Estabeleci- da pela Resolu- ção CNE/CEB nº 1, de 05 de julho de 2000.
  • 5. 207 Discutir as principais características e especificidades do(a) aluno(a)• jovem adulto(a). Conhecer o teor de documentos/legislação vigente da Educação de Jovens• e Adultos. Discutir o processo de construção de conhecimentos na Educação de• Jovens e Adultos. Distinguir processo de alfabetização de processo de letramento.• Analisar concepções, metodologias e propostas pedagógicas de• alfabetização. Analisar níveis de escrita e hipóteses de leitura, em situações de escrita e• de leitura, voltadas para os processos de alfabetização. Discutir o processo de produção de texto e de produção de leitura em• turmas de alfabetização. Estabelecer relações entre processos enunciativos do aluno jovem adulto e• processos de leitura e de produção de textos. Construir seqüências didáticas para turmas de alfabetização de jovens e• adultos, contemplando os processos de leitura e de produção de textos. Discutir os rumos lingüístico-pedagógicos da alfabetização de jovens e• adultos no Brasil. METODOLOGIA Com o objetivo geral de assegurar ao profissional de Letras o domínio de conhecimentos básicos pertinentes ao processo de alfabetização e de letramento de alunos(as) jovens e adultos(as), bem como a análise e aplicação de propostas de ensino de Língua Portuguesa para a EJA, a disciplina de alfabetização de jovens e adultos será desenvolvida considerando uma metodologia dialética de construção do conhecimento, centrada em um processo interacional e construtivo entre alunos(as) do Curso de Letras a Distância, tutores(as) e professores(as) da disciplina. METODOLOGIA Com o objetivo geral de assegurar ao profissional de Letras o domínio de conhecimentos básicos pertinentes ao processo de alfabetização e de letramento de alunos(as) jovens e adultos(as), bem como a análise e aplicação de propostas de ensino de Língua Portuguesa para a EJA, a disciplina de alfabetização de jovens e adultos será desenvolvida considerando uma metodologia dialética de construção do conhecimento, centrada em um processo interacional e construtivo entre alunos(as) do Curso de Letras a Distância, tutores(as) e professores(as) da disciplina.
  • 6. 208
  • 7. 209 UNIDADE I EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONTEXTUALIZAÇÃO Por ser uma modalidade específica da Educação Básica, a Educação de Jovens e Adultos - EJA propõe-se a atender a um público formado por jovens com quinze anos ou mais, e por adultos que não tiveram direito à educação, devido às inadequações do sistema de ensino ou às desfavoráveis condições socioeconômicas dos sujeitos sociais desse processo. Em 1997, em Hamburgo, a V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (VCONFINTEA)* caracteriza essa modalidade de ensino como uma educação formal e informal, tendo em vista que abrange não só a educação oficial, ligada a uma determinada rede de ensino, quer seja estadual, municipal ou federal, mas também, todas as oportunidades de educação informal e ocasional existentes em uma sociedade. Essa conferência consolida duas importantes características para a EJA: o direito à educação básica e à educação continuada para todas as pessoas. O desenvolvimento da educação de adultos exige a colaboração entre “departamentos governamentais, intergovernamentais e organizações não- governamentais, empregadores e sindicatos, universidades e centros de investigação, meios de comunicação, associações civis e comunitárias, instrutores de educação de adultos e dos próprios educandos adultos” (SESI/UNESCO, 1999, p. 28). Tal conquista que, no BRASIL, vem sendo construída há décadas pelos movimentos de educação popular, adquire, com a V CONFINTEA, um novo sentido, visto que passa a ter um alcance maior, embora ainda insuficiente, em escolas e em ambientes de trabalho. Os movimentos de Educação Popular cujas ações, em particular as que se voltam para o processo de alfabetização, são, em sua grande maioria, inspiradas nas idéias de Paulo Freire.* Tais idéias têm como princípio fundamental o respeito aos saberes do senso comum, aos conhecimentos que são informalmente construídos nas comunidades, desde que estes, aliados ao conhecimento considerado científico, constituam a base para um processo de transformação social. Essa modalidade de ensino, segundo Haddad (1998), é caracterizada por dois tipos de demandas: uma constituída por jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de passar por processos de escolarização regulares, e a outra, por educadores de jovens e adultos, pessoas, grupos, movimentos, órgãos públicos e privados, que se dedicam a UNIDADE I EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONTEXTUALIZAÇÃO (*) “Na evolu- ção da política das Nações Uni- das em relação à educação de adul- tos, a Conferên- cia de Hamburgo (CONFINTEA V), promovida pela UNESCO em 1997, repre- senta um marco importante na medida em que estabeleceu a vin- culação da edu- cação de adultos com o desenvol- vimento susten- tado e eqüitativo da humanidade.” (Declaração de Hamburgo:agen- da para o futuro. Brasília: SESI/ UNESCO,1999, p.7). (*) Para Freire (1980), a pas- sagem do sa- ber que resulta da experiência (senso comum) para o conheci- mento resultan- te de um proces- so de apreensão da realidade é um direito que as classes popu- lares têm.
  • 8. 210 enfrentar essa demanda social.* Nessecontexto,aescola,enquantoveículodoensinocaracterizadocomoformal, deve desempenhar um papel de mediação, desenvolvendo um trabalho significativo a partir da relação constante que deve haver entre a valorização do saber comum e a construção do saber científico, envolvendo, coletivamente, todos os sujeitos do processo educativo e buscando uma educação de qualidade, coerente com os anseios e necessidades dos alunos da EJA. Desta forma, a educação de jovens e adultos deve ser pensada como um modelo pedagógico próprio, com o objetivo de criar situações de ensino-aprendizagem adequadas às necessidades educacionais desse público, englobando as três funções citadas no Parecer 11/00 da CEB/CNE: a função reparadora — caracterizada pela entrada no circuito dos direitos civis e pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade e o reconhecimento de igualdade de todo e qualquer ser humano; a função equalizadora — centrada em um atendimento, pleno e legal, a trabalhadores e a tantos outros segmentos da sociedade, possibilitando-lhes a reentrada no sistema educacional; e a função permanente, voltada para uma educação de jovens e adultos que deve dar condições ao(à) educando(a) de atualizar conhecimentos por toda a sua vida, ou seja, deve dar condições de qualificação de vida para todos, deve propiciar que os educandos continuem aprendendo. AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO: A Declaração de Hamburgo (1997) pode ser lida no site www.unesco.org.br/ publicacoes/livros/dechamburgo. Acesse o site, leia o texto e escolha dois itens desse documento, para tecer comentários críticos, focalizando os avanços sociais e universais dessa modalidade de ensino. Para saber mais acerca da História da EJA no Brasil, consulte: Itinerários de Educadores: contribuições da educação popular a EJA. Maria Clarisse Vieira em: www.reveja.com.br/revista/2/artigos/REVEJ@_2_Maria_Clarisse.htm 1.1. O(A) aluno(a) da EJA e o processo de construção de conhecimento Pesquisas brasileiras, envolvendo jovens e adultos não alfabetizados, apontam para a conclusão de que estes pertencem a um grupo social homogêneo cujas características não são difíceis de serem identificadas, dadas as suas condições sócio- AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO: A Declaração de Hamburgo (1997) pode ser lida no site www.unesco.org.br/ publicacoes/livros/dechamburgo. Acesse o site, leia o texto e escolha dois itens desse documento, para tecer comentários críticos, focalizando os avanços sociais e universais dessa modalidade de ensino. Para saber mais acerca da História da EJA no Brasil, consulte: Itinerários de Educadores: contribuições da educação popular a EJA. Maria Clarisse Vieira em: www.reveja.com.br/revista/2/artigos/REVEJ@_2_Maria_Clarisse.htm (*) Cf. DU- RANTE, Marta. Alfabetização de adultos: lei- tura e produ- ção de textos. Porto Alegre, Artmed, 1998.
  • 9. 211 econômicas.* Trata-se de uma parcela da população socialmente excluída do acesso aos bens de consumo, que não exerce funções qualificadas e não recebe salários que possam aproximá-la, conscientemente, de um mundo mais humano.* Portanto, o público que deve ser atendido pela Educação de Jovens e Adultos diz respeito a uma parcela da população caracterizada, ao mesmo tempo, como igual, pelo critério da exclusão social, e como diferente, face às diversas especificidades de cada grupo que faz parte desse processo de exclusão. É um publico constituído por jovens, homens e mulheres, ou que nunca foram à escola, por falta de acesso, ou que, indo à escola, vivenciaram um tempo maior de escolaridade, ou que abandonaram o ensino formal, devido às retenções em determinadas séries da Educação Básica, e às diversas circunstâncias de vida. Esses jovens e adultos, geralmente, retornam à escola ou iniciam a vida escolar com o objetivo de melhorar de vida ou por exigências do mercado de trabalho. Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos ultrapassa a concepção de alfabetização/escolarização, pois envolve a vida e os direitos desses educandos. É indispensável que o(a) educador(a), para construir conhecimentos com seus(suas) educandos(as), faça um levantamento dos conhecimentos prévios e das expectativas de aprendizagem do(a) aluno(a), visando ao planejamento de suas ações em sala de aula, ou seja, conheça a realidade social e histórica do(a) alfabetizando(a). Considerando que a construção do conhecimento ocorre a partir do momento em que o homem começa a se relacionar com o mundo, ou seja, a partir do momento em que se instaura uma relação dialética, Vale (2001, p. 71) explica que esse tipo de relação do homem com a realidade “é que vai possibilitar a gestação de uma educação que, em sendo transitória, busca incessantemente um novo saber, uma nova qualidade de aprender, fundamentada na criticidade, na problematização, no questionamento, condições essenciais a uma ação educativa transformadora”. SAIBA MAIS: Considerando as características do(a) aluno(a) adulto(a), Gadotti e Romão (2007, p.39) explicam: [...] o aluno adulto não pode ser tratado como criança cuja história de vida apenas começa. Ele quer ver a aplicação imediata do que está aprendendo. Ao mesmo tempo, apresenta-se temeroso, sente-se ameaçado, precisa ser estimulado, criar auto-estima, pois a sua ”ignorância” lhe traz tensão, angústia, complexo de inferioridade. Muitas vezes tem vergonha de falar de si, de sua moradia, de sua experiência frustrada da infância, principalmente em relação à escola. É preciso que tudo isso seja verbalizado e analisado. O primeiro direito do alfabetizando é o direito de se expressar. (*) Cf. BRA- SIL, Secretaria de Educação Fundamental. Proposta cur- ricular para a educação de Jovens e Adul- tos: segundo segmento do ensino funda- mental - 5ª a 8ª série: introdu- ção, 2002. (*) De acordo com Paulo Frei- re (1980, p. 26), a “conscientiza- ção é um com- promisso histó- rico. É também c o n s c i ê n c i a histórica: é in- serção crítica na história, implica que os homens assumam o pa- pel de sujeitos que fazem e refazem o mun- do.” 211211211 SAIBA MAIS: Considerando as características do(a) aluno(a) adulto(a), Gadotti e Romão (2007, p.39) explicam: [...] o aluno adulto não pode ser tratado como criança cuja história de vida apenas começa. Ele quer ver a aplicação imediata do que está aprendendo. Ao mesmo tempo, apresenta-se temeroso, sente-se ameaçado, precisa ser estimulado, criar auto-estima, pois a sua ”ignorância” lhe traz tensão, angústia, complexo de inferioridade. Muitas vezes tem vergonha de falar de si, de sua moradia, de sua experiência frustrada da infância, principalmente em relação à escola. É preciso que tudo isso seja verbalizado e analisado. O primeiro direito do alfabetizando é o direito de se expressar. 211
  • 10. 212 REFLEXÃO Para refletir acerca das particularidades da educação de jovens e adultos, sugerimos a leitura do texto de Gadotti, “ Educação de adultos: algumas reflexões”. IN: GADOTTI, M. & ROMÃO, J. (orgs.). Educação de Jovens e Adultos: teoria prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2007. 1.2. Conhecendo um pouco da Legislação da EJA Sendo considerada como um processo educativo constantemente renovado e contínuo, não limitado apenas a determinadas idades de escolarização, mas para toda a vida, é necessário que o(a) profissional que atua na Educação de Jovens e Adultos tenha conhecimento dos principais e mais recentes documentos que dão legitimidade histórica a essa modalidade de ensino. O artigo 208 da Constituição Federal de 1988* garante a educação a todos aqueles que a ela não tiveram acesso, independente da faixa etária, estendendo, assim, um atendimento também a jovens e adultos que anteriormente eram excluídos desse direito. Confirmando essa conquista, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, 9.394/96, estabelece, em seu artigo 37, os deveres do Estado, no que diz respeito à extensão do direito à educação a todos, quando registra que a EJA “será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade nos estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.” Essa lei enfoca a necessidade de uma formação adequada para se trabalhar com o jovemeoadulto,bemcomoumaatençãoàscaracterísticasespecíficasdostrabalhadores matriculados em turmas de EJA. Tais requisitos são referendados nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (2000) que estabelecem, no item VIII, referente à Formação Docente, além das exigências formativas para o(a) profissional que atua na EJA, as exigências relativas à complexidade diferencial dessa modalidade de ensino. Faz-se necessário ressaltar, também, o Parecer 05/97 do Conselho Nacional de Educação, que trata da questão da denominação “Educação de Jovens e Adultos,” relacionando com a denominação “Ensino Supletivo” e definindo os limites de idade fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos. Define, também, as competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de certificação; o Parecer 12/97 do Conselho Nacional de Educação cujo objetivo é esclarecer dúvidas sobre cursos, exames supletivos entre outras questões; o Parecer 11/2000 do Conselho REFLEXÃO Para refletir acerca das particularidades da educação de jovens e adultos, sugerimos a leitura do texto de Gadotti, “ Educação de adultos: algumas reflexões”. IN: GADOTTI, M. & ROMÃO, J. (orgs.). Educação de Jovens e Adultos: teoria prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2007. (*) A consti- tuição de 1988, em seu artigo 208, apresenta a EJA ligada ao Ensino Funda- mental, quando dispõe que “ O dever do estado com a educação será efetivado mediante a ga- rantia de: I – en- sino fundamen- tal obrigatório e gratuito, as- segurada inclu- sive sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria. ( Reda- ção da Emenda Constitucional n.14/96).
  • 11. 213 Nacional de Educação do relator Carlos Roberto, Jamil Cury, favorável às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos; e a Resolução CNE/ CEB nº1, de 5 de julho de 2000 - estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.* Em âmbito internacional, o primeiro marco surge em 1990, na Tailândia, com a “Declaração de Educação Básica para Todos”, crianças, jovens e adultos. Tal declaração é referendada na V Conferência de Educação deAdultos, a V CONFINTEA, em 1997, em Hamburgo,Alemanha, quando são instituídas a Declaração de Hamburgo e a Agenda para o Futuro. Nessa Conferência, os debates permitem encarar a Educação de Jovens e Adultos como não apenas restrita à escolarização e à alfabetização, mas também como voltada para o reconhecimento do poder social dessa educação, considerada como processo que deve ser vivenciado por toda a vida. Dessa maneira, a Declaração de Hamburgo, além de ser um marco na Educação de jovens e Adultos, é, também, o resultado de lutas históricas, que consolidam os direitos dos educandos: todos os sujeitos têm direito à educação básica, independente da idade, bem como o direito à educação continuada, considerando a idéia de aprender por toda a vida. Na década de 90, o Brasil, apesar dos avanços registrados na V CONFINTEA, continuou a considerar a educação de adultos um “desvio” que resulta do fracasso do Ensino Fundamental de crianças. Nesse contexto, com a necessária interferência dos educadores e dos Fóruns de Educação de Jovens e Adultos* nas políticas do MEC, é formulado, conforme já foi referenciado, o Parecer final do CEB/CNE, divulgado em 11 de maio de 2000. Tal parecer confere à Educação de Jovens e Adultos o direito, entre outros, de ser rediscutida. SAIBA MAIS: ADeclaraçãodeHamburgo(1997),daqualoBrasilésignatário, enfatiza que a educação de adultos é mais que um direito: [...] é a chave para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça. (SESI/UNESCO, 1999, p.19) (*) Os parece- res 05/97, 12/97, 11/2000doCon- selho Nacional de Educação e a Resolução CNE/CEB nº1, de 5 de julho de 2000, estão des- critas no docu- mento “Diretri- zes Curriculares para a Educa- ção de Jovens e Adultos” (Go- verno do Esta- do da Paraíba, 2000). (*) “Os Fóruns de EJA confi- guram-se como sendo um espaço de discussão, de reivindicação, de formação in- telectual para os educadores, de intercâmbio de experiências, bem como de uma nova orga- nização da EJA, tomando corpo, a partir dos meados da década de 90, no país, caracte- rizados como um Novo Movimen- to Social (NMS) e contribuindo para a formação dos educadores de EJA.” Fonte: www.cereja.org. br/arquivos_uplo- ad/Eduardo%20 Silva_nov2005. pdf. Acesso em 08/09/2008. SAIBA MAIS: ADeclaraçãodeHamburgo(1997),daqualoBrasilésignatário, enfatiza que a educação de adultos é mais que um direito: [...] é a chave para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça. (SESI/UNESCO, 1999, p.19)
  • 12. 214
  • 13. 215 UNIDADE II O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA QUESTÕES GERAIS Apesar de ser discutida há várias décadas, e apesar dos relatos de experiências bemsucedidas,*aeducaçãodejovenseadultosaindanãodispõedeprojetosquepossam apresentar soluções para as questões relativas aos principais problemas que afetam as salas de aula dessa modalidade de ensino. Problemas como: evasão escolar, desinteresse pelas atividades propostas pelos professores, não adoção de uma prática pedagógica reflexiva* e, principalmente, o fracasso das práticas pedagógicas para ensinar esses alunos a ler (compreender) textos, bem como para encarar a complexidade do mundo contemporâneo, com sua intermitente criação e recriação de códigos variados, que exige o desenvolvimento de competências de leitura e de escrita, ou seja, exige um aprender contínuo e, principalmente, exige que os sujeitos, a partir de sua própria história, transformem-se e transformem o mundo. Nesse sentido, o ensino destinado à Educação de Jovens e Adultos deve oferecer condições para o desenvolvimento das competências necessárias para a aprendizagem dos conteúdos escolares, bem como para a formação de pessoas cidadãs. Para tanto, é fundamental que o(a) professor(a) de EJA dê uma atenção especial ao ensino-aprendizagem da linguagem, visto que é por meio desta que todos os outros conhecimentos são formalizados. Nesse contexto de ensino, tanto a linguagem não- verbal, quanto a linguagem verbal, oral, ou escrita, tanto os dialetos não prestigiados socialmente, quanto os que são prestigiados, devem ser contemplados, visando a um processo funcional de produção de leituras e de textos. O fato de vivermos em uma sociedade grafocêntrica coloca o ensino da leitura e da escrita em situação privilegiada.* Por esta razão, o professor de Língua Portuguesa deve ter uma compreensão dos processos de construção de leitura e de escrita, ou seja, deve buscar alfabetizar o(a) aluno(a) jovem / adulto(a), compreendendo suas hipóteses de leitura e de escrita, seus erros construtivos, desde que, para tanto, considere os processos de letramento, desenvolvendo atividades com gêneros textuais diversificados. Sobre essa questão, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (BRASIL, 2000, p. 18) ressaltam que a leitura e a escrita são “bens relevantes, de valor prático e simbólico” e que “o não acesso a graus elevados de letramento é particularmente danoso para a conquista de uma cidadania plena.” UNIDADE II O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA QUESTÕES GERAIS (*) Para ter conhecimento acerca de uma das experiências bem sucedidas na EJA, consulte o artigo: A prática mineira em Edu- cação de Jovens e Adultos: expe- riências exitosas nos municípios de Lagoa Dou- rada e Ritápolis. CARVALHO, A. A. de. e outras. Anais do 2º Con- gresso Brasileiro de Extensão Uni- versitária. Belo Horizonte – 12 a 15 de setembro de 2004. Disponível em http://www. ufmg.br/congrext/ educa/educa17. pdf. (*) Explican- do o processo de “conscienti- zação”, Paulo Freire (1980) es- clarece que esta não pode existir fora da ‘práxis’, ou melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade dia- lética constitui, de maneira per- manente, o modo de ser ou de trans- formar o mundo que caracteriza os homens. 215 (*) Em Soares (2005, p.58), é discutida a ques- tão da sociedade grafocêntrica.
  • 14. 216 Em outras palavras, em uma sociedade predominantemente grafocêntrica, a posição privilegiada do código escrito deve ser adequadamente administrada em sala de aula. Para que o(a) aluno(a) avance em seu processo de letramento, faz-se necessário que o(a) professor(a) alfabetizador(a) planeje e adote determinadas estratégias: os(as) alunos(as) devem experimentar e ampliar suas formas de expressão, a partir de trabalhos em grupo que favoreçam a troca de experiências, que promovam momentos em que os(as) educandos(as) se expressem em pequenos grupos, ou em grupos maiores, em conversas voltadas para determinadas temáticas, realizadas com outras pessoas da escola ou mesmo fora dela. Para tanto, o(a) professsor(a) deve criar oportunidades de ouvir, falar, ler, escrever. Deve, a partir dos saberes do senso comum, construir conhecimentos científicos, apreender novos significados, favorecer a compreensão e a avaliação de textos orais e escritos. A vivência dessas atividades aponta para a necessidade de o professor ser capaz de refletir, constantemente, sobre sua prática e de direcioná-la, considerando os interesses e as necessidades dos alunos, para a realidade em que atua. Para entendermos melhor esse processo de reflexão no ensino, recorremos também às idéias de Schön (1997) acerca do professor “Prático-Reflexivo”. Foi esse estudioso que percebeu que, em várias profissões, não apenas na prática docente, existem situações conflitantes, desafiantes, bem como, que a aplicação de técnicas convencionais, simplesmente, não resolve problemas. A proposta prático-reflexiva para o ensino, neste caso, de alfabetização em Língua Portuguesa, busca levar em conta uma série de variáveis do processo didático, a partir das quais, o professor, interacionalmente, perceba os efeitos de sua atuação na aprendizagem de seus alunos. É, portanto, uma abordagem que leva em conta não só os processos cognitivos de aprendizagem da leitura e da escrita, mas também e, principalmente, os processos sócio-interacionais que envolvem a apreensão desses conhecimentos.* SAIBA MAIS: Um dos avanços da Declaração de Hamburgo (1997) esteve centrado na idéia de continuação do processo de formação do(a) aluno(a) da EJA. [...] a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes esse direito... A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).216 SAIBA MAIS: Um dos avanços da Declaração de Hamburgo (1997) esteve centrado na idéia de continuação do processo de formação do(a) aluno(a) da EJA. [...] a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes esse direito... A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997).educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo, 1997). (*) Os Parâ- metros Curricu- lares Nacionais - PCNs (2001, p.48), sugerem o “movimento metodológico” AÇÃO → RE- FLEXÃO → AÇÃO, para a vivência de um processo de cons- trução de conhe- cimento.
  • 15. 217 SAIBA MAIS: Geraldi (1999, p. 41), ressalta que o(a) professora(a) deve ter conhecimento e deve procurar entender as três concepções de linguagem que atravessam as práticas de sala de aula de língua Portuguesa: linguagem como expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e linguagem como forma de interação. SAIBA MAIS: Geraldi (1999, p. 41), ressalta que o(a) professora(a) deve ter conhecimento e deve procurar entender as três concepções de linguagem que atravessam as práticas de sala de aula de língua Portuguesa: linguagem como expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e linguagem como forma de interação.
  • 16. 218
  • 17. 219 UNIDADE III O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E DE LETRAMENTO NA EJA No contexto da Educação de Jovens e Adultos, o domínio das habilidades da leituraedaescritaestáintrinsecamenteligadoàsnecessidadesdomundocontemporâneo. Istoporqueos(as)alunos(as)dessamodalidadedoensinotêmcaracterísticasespecíficas. São alunos(as) cujas experiências e anseios de uma vida melhor requerem um olhar diferenciado no processo de ensino. O(a) aluno(a) jovem ou adulto(a) consegue “sobreviver” nesse mundo letrado por meio de diversas estratégias e traz para a sala de aula, idéias diversificadas a respeito da escrita, embora sem dominar as “regras” desse código. Dessa forma, processos de alfabetização e de letramento não podem ser dissociados do processo de construção da cidadania. Ou, de forma mais ampla, de formação de uma consciência histórica, como nos ensina Paulo Freire (1980, p.26), para quem o processo de conscientização “implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo” — idéia também corroborada por Street (1984), que vê o processo de alfabetização como um modo de adquirir valores e de formar mentalidades. Entre os estudos envolvendo o processo de alfabetização de alunos(as) jovens /adultos(as) faz-se necessário ressaltar o que foi desenvolvido por Ferreiro (1983), acerca das concepções que alunos adultos não-alfabetizados detêm sobre o sistema alfabético. Tal estudo buscou compreender como estes(as) alunos(as) constroem a lógica interna de organização e desenvolvimento desse sistema notacional, analisando as relações entre língua oral e língua escrita, as condições de interpretação de um texto (observando as possibilidades no nível da palavra e no nível da oração), bem como a distinção que faziam entre “grafias-letras” e “grafias-números”. A partir da divulgação dessas informações, estudos* enfocando o processo de alfabetização de jovens e adultos, voltam-se para determinados fundamentos epistemológicos, centrados nas seguintes questões: o aprendizado do sistema de escrita alfabética pode e deve ser simultâneo à aprendizagem que permite escrever/ compreender textos; o conhecimento de natureza notacional que se refere à escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita; essas formas de aprendizagens, a do sistema notacional alfabético e a da linguagem escrita — leitura (compreensão) e produção de textos —, exigem um trabalho pedagógico sistemático, centrado em um processo diagnóstico e seguido do planejamento e da elaboração de estratégias de intervenção, após a análise dos UNIDADE III O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E DE LETRAMENTO NA EJA (*) Embora c o n t e m p l e m metodologias diferenciadas, destacamos, en- tre os estudos que enfocam o processo de al- fabetização de jovens e adul- tos, o de Poel (1981) e o de Durante (1998).
  • 18. 220 resultados alcançados. Tais estratégias não devem ser vivenciadas sob a ótica de uma aprendizagem linear, mecânica, voltada apenas para os aspectos mnemônicos. Em outras palavras, a compreensão da antecipação significativa (estratégias de leitura),* como um componente essencial no processo de leitura, apresenta subsídios que favorecem um repensar das práticas de alfabetização. Se, antes, o processo de ensino-aprendizagemcentrava-senosaspectosgrafofônicos,enfatizandoavisualização e a memorização, hoje, as contribuições da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita e dos estudos sobre letramento indicam a necessidade de redefinição da prática pedagógica, partindo da afirmação de que o sujeito da aprendizagem reconstrói, constantemente, seus objetos de conhecimento e reelabora suas hipóteses, na tentativa de apreendê-los e de vivenciá-los significativamente. PESQUISE: As hipóteses de escrita — pré-silábica, silábica, silábico- alfabética, alfabética— apresentadas por Ferreiro e Teberosky (1985)sãosumarizadasemdiversosestudos,entreeles,omanual didático “Alfabetização – Parâmetros em Ação” (BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental, 2002). Considerando essas hipóteses de escrita, construa um quadro, contemplando exemplos e comentários acerca do processamento de escrita de alunos jovens e adultos. AGORA É SUA VEZ: Caracterize os níveis de escrita dos(as) seguintes alunos(as) de uma turma de EJA, de uma escola pública: PESQUISE: As hipóteses de escrita — pré-silábica, silábica, silábico- alfabética, alfabética— apresentadas por Ferreiro e Teberosky (1985)sãosumarizadasemdiversosestudos,entreeles,omanual didático “Alfabetização – Parâmetros em Ação” (BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental, 2002). Considerando essas hipóteses de escrita, construa um quadro, contemplando exemplos e comentários acerca do processamento de escrita de alunos jovens e adultos. AGORA É SUA VEZ: Caracterize os níveis de escrita dos(as) seguintes alunos(as) de uma turma de EJA, de uma escola pública: (*) De acordo com Solé (1998), o ato de ler ativa, inconscientemen- te, uma série de ações mentais, caracterizadas como “estratégias de leitura.” São elas: a antecipa- ção(hipótesesque tornam possível prever o que está por vir, com base em informações explícitas e em suposições); se- leção: ações que permitem o leitor se ater apenas ao que é útil para a compreensão, desprezando os índices irrelevan- tes; inferência: permite captar o que não está es- crito no texto de forma explícita; verificação: pos- sibilita confirmar ou não as expec- tativas levanta- das, controlando a eficácia das de- mais estratégias.
  • 20. 222 TEXTO III 3.1. Questionamentos conceituais e metodológicos do(a) professor(a) alfabetizador(a) Consideradas as profundas diferenças sociais que dividem a sociedade brasileira, ensinar a ler e escrever (alfabetizar), para a grande maioria dos professores, envolve um processo de aculturação que visa à inserção do aluno nas práticas legítimas de uso da escrita, ou seja, em diferentes processos de letramento. De acordo com Kleiman (1999, p.69), esse processo de alfabetização puro e simples “está em conflito com um princípio educacional de caráter ético, o da preservação da diferença e da heterogeneidade cultural das diferentes comunidades nas quais o educador atua”. Assim, cabe ao educador familiarizar-se com os usos e concepções sobre a escrita dessas comunidades, para que não sejam reproduzidos métodos ineficientes e práticas uniformizadoras e alienantes. As orientações atuais, para a vivência desses dois processos, o de alfabetização e o de letramento, voltam-se para uma associação bem produtiva dessas duas ações pedagógicas: alfabetizar e letrar.* Para Soares (2005), a alfabetização ocorre por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e esta, por sua vez, só se realiza, efetivamente, por meio da aprendizagem das relações fonema /grafema. Conceituando letramento, essa lingüista explica que este é o “estado ou condição de quem não só saber ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de (*) “Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concep- ções psicológi- cas, lingüísticas e psicolingüísti- cas de leitura e escrita, a entra- da da criança (e também do adul- to analfabeto) no mundo da escrita se dá simultane- amente por esses dois processos: pela aquisição do sistema conven- cional de escrita – a alfabetização, e pelo desenvol- vimento de ha- bilidades de uso desse sistema em atividades de lei- tura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento.” (SOARES, 2003, p.86)
  • 21. 223 interação oral.” (SOARES, 2002) Nesse sentido, um dos objetivos do ensino da língua escrita é possibilitar ao aluno o domínio das capacidades de leitura e de produção de textos de diferentes gêneros, que circulam socialmente, ou seja, que estão presentes no cotidiano das sociedades letradas. Nesse conceito de “letramento” está implícita a idéia de que “a escrita traz conseqüências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o grupo social, em que seja introduzida, quer para o indivíduo que aprenda a usá-la” (SOARES, 1998). Ao discutir o conceito de alfabetização, “processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita”, Soares chama a atenção para a noção de “alfabetismo”, ou seja, “o ‘estado’ ou a ‘condição’ que assume aquele que aprende a ler e a escrever.”(2005, p.15-29). Tal estado pode ser caracterizado de acordo com determinados comportamentos, relacionados, evidentemente, a dois tipos de dimensão: a individual e a dimensão social.* SAIBA MAIS: A noção de alfabetismo também é discutida por Ribeiro (2002, p.44-51) como fenômeno cultural complexo. Segundo esta autora, “ Tanto do ponto de vista histórico, quanto do sociológico, ou psicológico, as evidências analisadas pelos pesquisadores alertam para o perigo das generalizações precipitadas ou dos reducionismos simplistas. Por outro lado, todas, a seu modo, reafirmam a relevância do alfabetismo na história da cultura, na organização da sociedade ou no comportamento dos indivíduos, ainda que sua influência em qualquer dessas dimensões só possa ser compreendida na medida em que se considerem os modos como a leitura e a escrita integram práticas sociais ou padrões culturais mais amplos.” Face ao que foi apresentado, pode-se afirmar que os novos direcionamentos para o ensino de Língua Portuguesa propõem um ensino de língua que tenha o objetivo de fazer com que o aluno adquira um grau de letramento cada vez mais elevado, isto é, que este(a) aluno(a) desenvolva cognitivamente um conjunto de habilidades e comportamentos de leitura e escrita que lhe permitam fazer o maior e mais eficiente uso possível das capacidades de ler e escrever. 3.2. Discutindo a questão dos métodos no processo de alfabetização Atrelar procedimentos didáticos de alfabetização a procedimentos didáticos de letramento provocou ou, pelo menos, deveria estar provocando mudanças conceituais na forma de encarar esses dois processos, em sala de Educação de Jovens e Adultos. Nesse sentido, faz-se necessário, a todos que enveredem por esses caminhos, discutir SAIBA MAIS: A noção de alfabetismo também é discutida por Ribeiro (2002, p.44-51) como fenômeno cultural complexo. Segundo esta autora, “ Tanto do ponto de vista histórico, quanto do sociológico, ou psicológico, as evidências analisadas pelos pesquisadores alertam para o perigo das generalizações precipitadas ou dos reducionismos simplistas. Por outro lado, todas, a seu modo, reafirmam a relevância do alfabetismo na história da cultura, na organização da sociedade ou no comportamento dos indivíduos, ainda que sua influência em qualquer dessas dimensões só possa ser compreendida na medida em que se considerem os modos como a leitura e a escrita integram práticas sociais ou padrões culturais mais amplos.” (*) Consulte Ribeiro (2002) e Soares (2005), para um maior aprofundamen- to acerca dos níveis de “alfa- betismo”.
  • 22. 224 as diversas propostas pedagógicas, principalmente as que se voltam para abordagens lingüísticas e sócio-interacionistas, que tomam como ponto de partida o texto/ discurso. A alfabetização de jovens e adultos, no Brasil, apesar dos muitos programas e propostas de alfabetização veiculados por órgãos governamentais ou não- governamentais, vem sendo trabalhada, ainda, em termos metodológicos, como processos exclusivamente centrados no sistema alfabético e ortográfico da língua portuguesa, considerando, gradativamente, e dependendo do ponto de partida, letras, sílabas, palavras, frases, até chegar ao texto. Ora partindo do todo para as partes, privilegiando o sentido das palavras, frases, textos — método analítico —, ora partindo das partes para o todo, privilegiando a decodificação, as relações entre fonemas e grafemas, considerando unidades menores (letras, sílabas) até chegar a unidades maiores (palavras, frases, textos) — método sintético—, o processo de alfabetização não pode deixar de levar em consideração os usos e as funções sociais da escrita. Nas últimas décadas, os estudos voltados para o processo de alfabetização no Brasil, quer sejam os voltados para crianças, quer sejam os que enfocam a alfabetização de jovens e adultos, colocam, no centro das atenções, as ações diagnósticas, para a identificação das hipóteses de leitura e de escrita, dos conhecimentos prévios dos(as) alunos(as), seguindo-se a essas ações, a análise das dificuldades, caracterizadas como ‘”erros construtivos” (PIAGET, 1978), ou seja, erros indicadores dos processos cognitivos, das hipóteses de construção de leitura e de escrita. Assim, informações sobre os níveis de escrita, sobre as hipóteses e as estratégias de leitura, o sistema de escrita alfabético, as relações entre fala e escrita no texto, são conheimentos lingüísticos e pedagógicos que precisam ser colocados em prática, ou seja, precisam ser compreendidos pelos (as) professores alfabetizadores(as) para que haja uma sistematização metodológica, para que possam ser vivenciados em sala de aula. Dessa forma, que tratamento deve ser dado ao processo de alfabetização na EJA? Para responder a essa pergunta, a primeira idéia que pode vir à mente de muitos(as) alfabetizadores(as) é a de que a alfabetização, para ser eficaz, precisa ser vivenciada com base em um determinado método e este é um entre os muitos dilemas, as muitas dificuldades teóricas e práticas que o(a) professor(a) alfabetizador(a)enfrenta. Soares (2005), em estudo divulgado em 1990, ao discutir a questão dos métodos de alfabetização no Brasil, considera o impasse que essa década nos trouxe, com a divulgação de paradigmas conceituais psicológicos para o processo de alfabetização. Tais paradigmas, centrados em uma abordagem psicogenética, divulgada por Ferreiro e Teberosky (1985), contrapõem-se ao associacionismo, predominante nas décadas de 50, 60 e 70. Essas psicólogas rejeitam as concepções empiristas de aprendizagem, mas não descartam o uso de determinados métodos no processo de alfabetização, mesmo porque, para realizarem suas pesquisas, fizeram uso, inevitavelmente, de
  • 23. 225 uma metodologia. Nessa polêmica, o que não pode ser esquecido é o processo de aprendizagem dos(as) alfabetizandos(as). Assim, procurar fazer com que o(a) aluno(a) pense sobre a escrita, pense sobre o que a escrita representa e como ela representa graficamente a linguagem deve fazer parte, constantemente, das práticas pedagógicas do professor(a) alfabetizador(a) cujas ações didáticas devem favorecer as atividades epilingüísticas (GERALDI, 1993), devem propiciar processos diferenciados de construção de conhecimento.* Obviamente, os resultados favoráveis (experiências bem sucedidas) ou desfavoráveis no processo de alfabetização não têm como fator preponderante ou causadorapenasométodo,vistoqueosproblemasrelativosaoprocessodealfabetização não estão apenas nas mudanças conceituais, mas também nas novas exigências contextuais requeridas para o trabalho nesse campo pedagógico. Considerando essas novas exigências, Bregunci (2004) ressalta que o momento ora vivenciado é o da busca pelo equilíbrio entre princípios metodológicos “permanentes”, “indispensáveis” e “indissociáveis”: 1. Possibilitar, por meio de situações didáticas problematizadoras, que o aluno(a) decodifique e organize o sistema alfabético de escrita; 2. Que domine as relações estabelecidas entre fonemas e grafemas, incluindo, nestas, as regularidades e irregularidades ortográficas; 3. Que compreenda, produza e faça uso de textos diversificados, ou seja, que leia e escreva funcionalmente.* Para alcançar esses objetivos, é imprescindível que o(a) professor(a) construa, também, um conhecimento acerca dos processos de leitura e de escrita, e que planeje situações de ensino-aprendizagem adequadas ao processo de alfabetização. Nesse sentido, faz-se necessário que o(a) professor(a) atente para as seguintes orientações*: 1.Quanto às situações de leitura: É POSSÍVEL LER QUANDO AINDA NÃO SE SABE LER• CONVENCIONALMENTE. LER DIFERENTES TEXTOS, EM DIFERENTES CIRCUNSTÂNCIAS DE• COMUNICAÇÃO É UM BOM PROBLEMAA SER RESOLVIDO. QUANDO O(A) ALUNO(A) NÃO SABE DECODIFICAR O QUE ESTÁ• ESCRITO, SUA TENDÊNCIA, PARA “ADIVINHAR” O QUE ESTÁ ESCRITO, É RECORRER AO CONTEXTO E ÀS LETRAS INICIAIS, FINAIS OU INTERMEDIÁRIAS DE CADA PALAVRA. OS(AS) ALUNOS(AS) DEVEM SER TRATADOS COMO LEITORES(AS)• PLENOS(AS). É FUNDAMENTAL PLANEJAR, DESDE O INÍCIO DO PROCESSO,• ATIVIDADES VOLTADAS PARA AS PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA. (*) Nas ativida- des metalingü- ísticas a análise volta-se para a descrição pura e simples, dos fe- nômenos lingü- ísticos, por meio da caracterização e sistematização dos elementos lingüísticos. Já nas atividades epilingüísticas, a análise é reflexi- va, volta-se para o uso, no próprio interior da ativi- dade lingüística em que se realiza. (Cf. PCNs, 2001, p.78) (*) Para ampliar essas informa- ções, consultar B R E G U N C I , Maria das Gra- ças de Castro. Organizando as classes de alfa- betização: pro- cessos e métodos, 2004 www.alb. com.br/anais16/ s e m 1 0 p d f / sm10ss20_07. pdf . 225 (*) Essas infor- mações constam em textos elabo- rados por Rosa Antunes de Bar- ros, para as situ- ações de leitura e por Rosângela Veliago, para as situações de es- crita. In: PCNS em Ação - Alfa- betização, 2002, p.71. Portanto, para saber mais, consulte esses textos ou sites que abordem es- sas questões.
  • 24. 226 DEVE-SE DAR OPORTUNIDADE PARA O(A) ALFABETIZANDO(A)• INTERAGIR COM UMA GRANDE VARIEDADE DE TEXTOS. 2. Quanto às situações de escrita: OS(AS) ALUNOS(AS) DEVEM SER CONVIDADOS A ESCREVER,• MESMO SEM SABER ESCREVER. SÓ SE APRENDE A ESCREVER, ESCREVENDO.• OS(AS) ALUNOS(AS) PRECISAM REFLETIR ACERCA DO• FUNCIONAMENTO DA ESCRITA. AS HIPÓTESES DE ESCRITA (pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e• alfabética) PRECISAM SER RESPEITADAS, DESDE QUE ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO SEJAM PLANEJADAS E VIVENCIADAS EM SALA DE AULA. OS(AS) ALUNOS(AS) DEVEM SER CONVIDADOS A PRODUZIREM• TEXTOS DIVERSIFICADOS E FUNCIONAIS. AS ATIVIDADES DE REESCRITA PRECISAM SER COLOCADAS EM• PRÁTICA. Atreladas a esses conhecimentos científicos, estão as ações que resultam de um processo de planejamento voltado para uma pedagogia de projetos, para a elaboração de rotinas, de seqüências didáticas. Todas essas ações, por meio de um processo de integração, devem ter seus resultados socializados, compartilhados e colocados em prática, por todos que estejam envolvidos nesse processo educativo. É necessário, portanto, definir meios para alcançar objetivos, organizar o processo, registrar e socializar atividades realizadas. SAIBA MAIS: Em uma visão bem democrática, Saviani (1983, p. 73) explica que a adoção de determinados métodos de alfabetização não pode ser dissociada do contexto social. E acrescenta: “Tais métodos se situarão para além dos métodos tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Portanto, serão métodos que estimularão atividade e iniciativa dos alunos sem abrir mão porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sob sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.” SAIBA MAIS: Em uma visão bem democrática, Saviani (1983, p. 73) explica que a adoção de determinados métodos de alfabetização não pode ser dissociada do contexto social. E acrescenta: “Tais métodos se situarão para além dos métodos tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Portanto, serão métodos que estimularão atividade e iniciativa dos alunos sem abrir mão porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sob sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.”
  • 25. 227 Ao enfocar o processo de construção de conhecimentos em sala de aula, Vasconcellos (2002) observa que, quando o professor não faz opção pela instauração de um contexto dialógico, a relação que se estabelece em sala de aula, evidentemente, é a de mero repassador de conhecimentos. Com esse tipo de procedimento, a metodologia deixa de ser dialética para ser “expositiva”, ou seja, não há envolvimento com o processo de aprendizagem. A situação que se instaura em sala de aula, então, decorre, principalmente, do que Vasconcellos (2002, p.26) denominou de problemas básicos da metodologia expositiva: o não considerar, o não levar em conta, alguns pressupostos que, há algumas décadas, vêm sendo veiculados pelas ciências pedagógicas, tais como: o aluno é um ser concreto; há necessidade do desenvolvimento de um processo de motivação para a aprendizagem; a apreensão do conhecimento se dá na relação sujeito — objeto — realidade, com a mediação do professor; a apreensão do conhecimento ocorre por meio da ação do educando sobre o objeto de estudo; o aluno já traz, para o ambiente de ensino-aprendizagem, uma bagagem cultural; as discussões coletivas devem constituir a base das situações de ensino-aprendizagem. AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS: Considerando o trecho do livro de Vasconcellos (2002, p. 38), sobre a metodologia dialética, pesquise, nos sites voltados para a área de educação, mais informações sobre essa forma de compreender o processo de construção de conhecimento. “Não há saída para uma pedagogia que fica fechada em si mesma, na sua estruturação e organização lógica. Na metodologia dialética, a significação, por exemplo, abre-se às necessidades do sujeito, que estão relacionadas às necessidades de classe; a práxis pedagógica abre-se à práxis social. Não dá para pensar a construção do conhecimento fora da relação com o concreto social. O pedagógico, para ser eficaz, pede esta articulação com a concretude do sujeito real.” 3.3. Sobre as atividades de leitura e de produção de texto na EJA De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (2000), a EJA, sendo uma modalidade da educação básica, que integra as etapas do Ensino Fundamental e Médio, apresenta como válidas para essa modalidade da Educação, as orientações dessas etapas de ensino, cabendo aos projetos didáticos, a redefinição dos temas a serem abordados, visto que estes devem considerar as condições sócio-culturais desses(as) alunos(as). AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS: Considerando o trecho do livro de Vasconcellos (2002, p. 38), sobre a metodologia dialética, pesquise, nos sites voltados para a área de educação, mais informações sobre essa forma de compreender o processo de construção de conhecimento. “Não há saída para uma pedagogia que fica fechada em si mesma, na sua estruturação e organização lógica. Na metodologia dialética, a significação, por exemplo, abre-se às necessidades do sujeito, que estão relacionadas às necessidades de classe; a práxis pedagógica abre-se à práxis social. Não dá para pensar a construção do conhecimento fora da relação com o concreto social. O pedagógico, para ser eficaz, pede esta articulação com a concretude do sujeito real.”
  • 26. 228 Seguindo tais orientações, o ensino de Língua Portuguesa em turmas de EJA, assim como em outras modalidades de ensino, deverá estar centrado em uma concepção interacional (dialógica) da língua, uma concepção interlocutiva — os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais — na qual o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores, passam a ser considerados sujeitos ativos. Nesse contexto, o processo de leitura/compreensão não é uma simples apreensão de uma representação mental ou uma decodificação de mensagem, mas uma atividade interativa, bastante complexa de produção de sentidos, realizada com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a apreensão de um vasto conjunto de saberes e a reconstrução destes no interior do acontecimento comunicativo. Nos Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental (2001), o ensino de Língua Portuguesa pode ser dividido, metodologicamente, em quatro tipos de atividades: as que estão centradas no processo de produção de textos orais, as que enfocam, globalmente, o processo de construção de leitura, as que visam ao processo de construção de textos escritos e as que se voltam para a análise lingüística. Subjacente a essas atividades, está um dos pressupostos gerais dos PCNs (2001), o de que o desenvolvimento geral do aluno pode ser trabalhado com base em uma formação integral, voltada para aprendizagens diversificadas, que tenham relação com a vida diária do educando e com o seu ambiente físico e social. Por essa razão, propor atividades capazes de estabelecer relações estreitas entre a escola e a comunidade, fazer com que os alunos compreendam melhor o seu entorno, o seu papel na sociedade, viabilizado, evidentemente, pelo processo amplo e diversificado de produção de textos, pode ajudar na construção de indivíduos conscientes de sua identidade pessoal e cultural, ou seja, pode desencadear um processo permanente de autoconhecimento e de autotransformação. Em situações de produção de textos orais, o professor, considerando atividades planejadas para tal fim, deve procurar desenvolver atividades conversacionais, monitorando, evidentemente, as falas dos alunos e, ao mesmo tempo, estimulando-os a perguntar, sugerir, comentar, estabelecer relações. No caso específico de alunos(as) da EJA,quejátrazem,paraasaladeaula,umaexperiênciabemformalizada,taisatividades são bem produtivas e possibilitam uma imediata visibilidade dos resultados. Em situações de produção de leitura, pode-se observar que a vivência dessas atividades com alunos da EJA, cujas condições sociais (condições de vida), quase sempre não são adequadas, torna-se uma tarefa difícil de ser executada, principalmente se esta se prende apenas a uma metodologia meramente expositiva. Nesse tipo de metodologia, o aluno quase sempre é avaliado pela forma como lê em voz alta, ou seja, pela observação das devidas pausas, da entonação adequada, do ritmo e também pela pronúncia correta das palavras, quase sempre sem considerar os diversos modos e
  • 27. 229 objetivos que existem para se ler um texto. Como conseqüência, lamentavelmente, os alunos que já lêem o mundo em volta deles, sentem-se desestimulados a, por meio dos diversos gêneros textuais que circundam a nossa existência, conhecer e interagir com outros mundos, desenvolver variadas competências leitoras, entender a função social de cada texto/discurso. Toda linguagem é uma forma de interação que se realiza por meio de textos. Nesse sentido, todo texto é um conjunto de marcas, de pistas que funcionam como um conjunto de instruções para o restabelecimento dos efeitos de sentido da interação social e para o domínio e a compreensão das técnicas de linguagem e dos modelos sociais de textos (gêneros textuais). Tais instruções exigem uma forma de reflexão teórica e prática acerca do fenômeno complexo da textualidade. Considerando esses questionamentos, retomamos a idéia de que o Ensino de Língua Portuguesa na EJAdeverá estar com suas bases firmadas em uma concepção de texto como discurso, ou seja, o texto como um evento em situação dialógica, em que se manifestam elementos lingüísticos e extralingüísticos, de acordo com as diversas situações comunicativas, relacionadas aos diversos gêneros textuais (BAKHTIN, 1992). Esta ênfase dada aos gêneros, na atualidade, por parte da lingüística, tem grande importância para estudos que envolvem o ensino de Língua Portuguesa, devido à diversidade de textos que circulam no meio social. A linguagem sendo considerada como processo de interação cuja principal função é agir sobre o outro, encaminha, evidentemente, o professor(a) alfabetizador(a) para uma adoção de uma concepção de leitura como “processo” em que se constroem significados; em que se compreende a linguagem escrita verbal e não-verbal, sendo o leitor um sujeito ativo que interage com o texto. Nesse sentido, para que se possa entender de que forma se dá o processo de construção de leitura, é necessário compreender as suas diversas funções sociais que vão, desde a leitura para informação, para contato social, até a leitura para entretenimento. Nesse sentido, Orlandi (1988) nos aponta, entre outros, alguns requisitos para que tomemos a leitura numa perspectiva discursiva: a possibilidade do processo de construção de leitura ser trabalhado em salas de aula/ em salas de leitura; a idéia de que tanto a leitura quanto a escrita instauram sentidos; a idéia de que o sujeito- leitor tem suas especificidades e sua história; o fato de que há múltiplos e variados modos de leitura; a idéia de que tanto o sujeito quanto os sentidos são determinados histórica e ideologicamente. Solé (1998) acrescenta que o processo de construção de leitura requer uma atividade mental muito intensa. Assim, a leitura precisa ser vista como um processo abrangente de compreensão de expressões formais e simbólicas, manifestada por meio de quaisquer formas de linguagem (verbal e não-verbal) e decorrente de múltiplos fatores.
  • 28. 230 Em situações de produção de texto escrito, torna-se necessário que o professor alfabetizador planeje atividades envolvendo vários gêneros textuais, para que o aluno pense sobre a escrita, demonstre o que ele já sabe sobre esse código, enfim, para que ele aprenda a escrever, escrevendo textos funcionais. Entre as orientações lingüístico-pedagógicas sugeridas pelos PCNs (2001) e PCNs em Ação- Alfabetização (2002), destaca-se a de reescritura textual (CALKINS, 1989), o fazer o aluno pensar sobre o seu próprio texto. No entanto, a idéia de que reescrever um texto é “passar a limpo”, é higienizar a escrita, anda de mãos dadas com a idéia do “já fiz, tá pronto”. Em outras palavras, o ato de escrever, de produzir textos que, por si só já é, inevitavelmente, escolarizado, muitas vezes é realizado apenas para o/a professor(a) ler e colocar uma nota. Esboçar, rascunhar, revisar e reescrever um texto são atitudes resultantes de uma visão processual de escrita. Isto quer dizer que a escrita deriva de um conjunto de operações interligadas e não de uma ação isolada ou como produto acabado, fruto de uma mente privilegiada. Considerando essas informações, a abordagem teórico-metodológica que deve ser adotada na alfabetização de jovens e adultos, é a que considera os estudos discursivos da Língua Portuguesa, pautados na Lingüística de Texto, na Análise do Discurso; a que coloca em destaque o texto oral, o nível textual-interativo da língua, detendo-se nos aspectos ligados aos processos enunciativos; a que busca entender de que forma ocorre o processamento de leitura (as estratégias que os(as) alunos(as) utilizam), e, como conseqüência, o processamento de escrita. Dessa forma, a concepção de língua como interação e a concepção de aprendizagem lingüística como resultado de uma construção coletiva de conhecimentos assumem fundamental importância em situações de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, estando diretamente ligadas aos aspectos relacionados ao ensino da leitura e da escrita. No caso específico da EJA, determinadas escolhas metodológicas do(a) professor(a) podem encaminhar para um ensino de Língua Portuguesa compartimentado. Portanto, o que se deve buscar, nessa modalidade de ensino, é um processo de aprendizagem que conjugue tanto aspectos objetivos do processo de alfabetização, quanto o conhecimento de mundo advindo de um letramento social. Pode-se observar, seguindo esta direção, que o foco das atenções para um processo de alfabetização de jovens e adultos é a interação lingüística. Obviamente, este é um dos meios pelo qual o ser humano, através de um instrumento denominado de “língua”, adquire o conhecimento e valores de sua sociedade, realiza atos sociais de comunicação, faz uso, portanto, de determinados gêneros textuais. Nesse sentido, o texto é compreendido como um conjunto de marcas, de pistas, que funcionam como instruções para o restabelecimento dos efeitos de sentido da interação social e para o domínio e a compreensão dos modos de realização da linguagem. Tais realizações são concretizadas em modelos sociais de textos (gêneros textuais), que vão sendo
  • 29. 231 modificados e ampliados à medida que a sociedade se desenvolve e fica mais complexa. (BAKHTIN, 1992). A partir dessas reflexões acerca do processo de alfabetização na EJA, ressaltamos a idéia de que a construção de uma educação básica para jovens e adultos depende da oferta de um ensino de qualidade, protagonizado por professores capazes de incorporar, à sua prática pedagógica, avanços das pesquisas nas diferentes áreas de conhecimento. Depende de eles estarem atentos às dinâmicas sociais e às suas implicações no âmbito escolar. Depende, também, da definição clara do papel da Educação de Jovens e Adultos na sociedade brasileira e de que modo os objetivos propostos em suas Diretrizes Curriculares, para essa modalidade de ensino, podem ser alcançados. Para que haja uma sintonia entre as necessidades lingüísticas dos educandos e os objetivos pedagógicos da EJA, o professor precisa partir do conhecimento prévio dos alunos, de suas necessidades sócio-culturais, buscando reorganizar esse conhecimento, dando sentido às atividades da sala de aula. Tal sintonia não pode ser alcançada se o(a) professor(a) não se tornar um leitor, um pesquisador. Nesse sentido, o processo de alfabetização passa a ser conseqüência de uma reflexão “que o homem começa a fazer sobre sua própria capacidade de refletir. Sobre sua posição no mundo. Sobre o mundo mesmo. Sobre o seu trabalho. Sobre seu poder de transformar o mundo.”(FREIRE, 1975, p.117) PARA ESTABELECER RELAÇÕES COM OUTROS TEXTOS, LEIA: ESCARIÃO, Glória das N. Dutra. Educação escolar e trabalho: um estudo sobre o significado da educação escolar e trabalho a partir das representações sociaisdosestudantes-trabalhadores.JoãoPessoa,1996.Dissertação(Mestrado) – UFPB. ATENÇÃO! Apresentamos, a seguir, uma proposta de projeto didático que pode ser adaptada, enfocando outras temáticas. Tem, como principal objetivo, desenvolver atividades variadas, adequadas a cada nível do processo de alfabetização, em que alunos(as) de uma turma de EJA se encontram. Leia cada etapa que foi sugerida, analise-a e selecione, para posterior discussão, as que você considera que sejam difíceis de serem colocadas em prática em uma sala de aula. PROPOSTA DE PROJETO DIDÁTICO 1 – TEMÁTICA: HISTÓRIA DA ESCOLA ONDE ESTUDAM, OU DA COMUNIDADE, DO BAIRRO, DA CIDADE ONDE MORAM etc. ATENÇÃO! Apresentamos, a seguir, uma proposta de projeto didático que pode ser adaptada, enfocando outras temáticas. Tem, como principal objetivo, desenvolver atividades variadas, adequadas a cada nível do processo de alfabetização, em que alunos(as) de uma turma de EJA se encontram. Leia cada etapa que foi sugerida, analise-a e selecione, para posterior discussão, as que você considera que sejam difíceis de serem colocadas em prática em uma sala de aula. PARA ESTABELECER RELAÇÕES COM OUTROS TEXTOS, LEIA: ESCARIÃO, Glória das N. Dutra. Educação escolar e trabalho: um estudo sobre o significado da educação escolar e trabalho a partir das representações sociaisdosestudantes-trabalhadores.JoãoPessoa,1996.Dissertação(Mestrado) – UFPB.
  • 30. 232 2. – O QUE SE ESPERA QUE OS(AS) ALUNOS(AS) APRENDAM ler textos de diferentes gêneros;• produzir textos em diferentes gêneros;• conhecer melhor e valorizar a história de sua escola / comunidade escolar,• de sua comunidade, de seu bairro, da sua cidade, e, conseqüentemente, a sua história; valorizar o trabalho em grupo;• ter interesse em pesquisar novos assuntos, utilizando diferentes fontes;• estabelecer relações entre trabalho e comunidade• (ver a possibilidade de abordar temas derivados). 3 – PAPEL DO PROFESSOR NO DECORRER DO PROJETO Selecionar, com antecedência, materiais sobre o assunto;• Levar, para a sala de aula, o material que será utilizado pelos alunos;• Incentivar os alunos a buscar outros materiais, como fonte de pesquisa;• Propor questões que façam os alunos pensarem sobre as atividades a serem• desenvolvidas; Valorizar as idéias individuais e coletivas, possibilitando que elas sejam• colocadas em prática; Discutir com os alunos as atividades que vão ser desenvolvidas;• Realizar, a partir das sugestões dos alunos, os ajustes das tarefas.• Planejar atividades de escrita diferenciadas para os alunos, respeitando os• níveis em que eles se encontram; Organizar agrupamentos produtivos;• Garantir que o produto final circule, pelo menos, no ambiente escolar.• 4 – ETAPAS PREVISTAS Iniciar uma conversa acerca da temática enfocada, explicando e justificando o• porquê da escolha. Fazer um levantamento do que os(as) alunos(as) já sabem sobre a temática;• Possibilitar a troca de conhecimentos entre os alunos, considerando a temática• escolhida; Selecionar as fontes de pesquisa;• Coletar informações sobre o assunto, por meio de entrevistas com moradores,• visitas a lugares, consultas em bibliotecas, Internet etc; Convidar para ir à sala de aula, pessoas autorizadas a falar sobre a temática;•
  • 31. 233 Planejar uma atividade de visita extra-classe;• Selecionar e organizar, dentre o material produzido e pesquisado, aqueles que• farão parte da amostra; Sistematizar os conteúdos apreendidos durante a realização do projeto• 8 – OBJETIVO COMPARTILHADO COM OS ALUNOS (PRODUTO FINAL): Apresentar uma amostra sobre a cidade/bairro, por meio de:• - Textos escritos de diferentes gêneros, considerando, para tanto, as leituras realizadas, e o processo de reescritura textual; - Gravação (em áudio ou vídeo) de histórias sobre a cidade, se for o caso, contadas por moradores antigos; -Confecçãodemaquetes,ouálbuns,oulivrosdehistórias,quegarantamasistematização do conhecimento apreendido; - Produção de painel com fotos antigas e atuais (da cidade, de moradores, das escolas etc); - Divulgação dos resultados alcançados. ATENÇÃO! PROJETOS: Nesse contexto, são situações lingüisticamente significativas “em que linguagem oral, linguagem escrita, leitura e produção de textos se interrelacionam de forma contextualizada, pois quase sempre envolvem tarefas que articulam esses diferentes conteúdos.” “Acaracterística básica de um projeto é que ele tem um objetivo compartilhado por todos os envolvidos, que se expressa num produto final em função do qual todos trabalham.” ( PCNs, 2001, p. 62) SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS: Conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado conteúdo sem que, necessariamente, tenha um produto final. Sua duração pode variar de dias a semanas e várias seqüências podem ser trabalhadas durante o ano, de acordo com o planejado ou com as necessidades da classe. A seqüência didática apresenta desafios cada vez maiores aos alunos, permitindo a construção do conhecimento. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br ATENÇÃO! PROJETOS: Nesse contexto, são situações lingüisticamente significativas “em que linguagem oral, linguagem escrita, leitura e produção de textos se interrelacionam de forma contextualizada, pois quase sempre envolvem tarefas que articulam esses diferentes conteúdos.” “Acaracterística básica de um projeto é que ele tem um objetivo compartilhado por todos os envolvidos, que se expressa num produto final em função do qual todos trabalham.” ( PCNs, 2001, p. 62) SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS: Conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado conteúdo sem que, necessariamente, tenha um produto final. Sua duração pode variar de dias a semanas e várias seqüências podem ser trabalhadas durante o ano, de acordo com o planejado ou com as necessidades da classe. A seqüência didática apresenta desafios cada vez maiores aos alunos, permitindo a construção do conhecimento. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br
  • 32. 234 AGORA É SUA VEZ: Apartir da leitura do texto “Siglas” de Luís FernandoVerissimo, planeje uma seqüência didática para alunos com diferentes hipóteses de leitura, considerando: O processo de leitura oral, desenvolvido pelo(a) professor(a), levando em1. conta as estratégias de leitura dos alunos. Os diversos sentidos do texto, a partir das pistas que são identificadas.2. O uso das letras (grafemas) que compõem as siglas.3. SIGLAS — Bota aí: P — “p”? — De “Partido”. — Ah. — Nossa proposta qual é? De união, certo? Acho que a palavra “União” deve constar no nome. — Certo. Partido de União... — Mobilizadora! — Boa! Dá a idéia de ação, de congraçamento dinâmico. Partido da União Mobilizadora. Como é que fica a sigla? — PUM — Não sei não... — É. Vamos tentar outro. Deixa ver. “P”... — “P” é tranqüilo. — Acho que “Social” tem que constar. — Claro. Partido Social... — Trabalhista? — Fica PST. Não dá. — É. Iam acabar nos chamando de “ Ei, você”. — É mesmo “trabalhista”, não sei. Alguém aqui é trabalhista? — Isso é o de menos. Vamos ver. “P ”... — É. O “P” atrapalha. Bota” A”, de Aliança. Aliança Inovadora... — AI. — Que foi? — Não. A sigla. Fica AI. [...] — Vanguarda Conservadora? — Você enlouqueceu? Fica VC. — Aliança Republicana de Renovação do Estado. — ARRE! — O quê? — Calma. [...] — Partido Republicano Unido. AGORA É SUA VEZ: Apartir da leitura do texto “Siglas” de Luís FernandoVerissimo, planeje uma seqüência didática para alunos com diferentes hipóteses de leitura, considerando: O processo de leitura oral, desenvolvido pelo(a) professor(a), levando em1. conta as estratégias de leitura dos alunos. Os diversos sentidos do texto, a partir das pistas que são identificadas.2. O uso das letras (grafemas) que compõem as siglas.3.
  • 33. 235 — PERU? — Movimento Institucionalista Alerta e Unido. — MIAU? — Que tal KIM? — O que significa? — Nada, eu só acho bonito. — MUMU... Movimento Ufanista Mobilização e União. — MMM... Movimento Moderador Monarquista. — Mas nós somos republicanos. — Eu sei. Mas por uma boa sigla a gente muda. — TCHAU. — Hum, boa. Trabalho e Capital em Harmonia com Amor e União? — Não, é tchau mesmo. — Aonde é que você vai? — Abrir uma dissidência. VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
  • 34. 236
  • 35. 237 UNIDADE IV PROCESSO DE ENUNCIAÇÃO X PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NA EJA Discutir o processo de alfabetização de jovens e adultos significa discutir os sujeitos desse processo e, evidentemente, significa discutir suas linguagens, o que pode nos proporcionar caminhar nas ruas dos diversos diálogos que circundam a nossa existência. Agir assim significa assumir a língua como um processo interacional, dialógico. Nos estudos da Análise do Discurso, a noção de sujeito pode ser compreendida como um lugar que cada indivíduo deve e pode ocupar em um processo de enunciação para se constituir sujeito do que ele diz, tanto por meio de textos orais, quanto por meio de textos escritos. Nesse sentido, uma análise de produtos textuais verbais, ou seja, de produtos enunciativos de alunos(as) da EJA, inevitavelmente, é uma análise de marcas enunciativas que veiculam determinados sentidos e não só uma análise do próprio sujeito. Considerada como uma produção dialógica, a noção de sujeito apresenta-se ligada à noção de enunciado/enunciação e, por essa razão, é necessário buscar, nos enunciados, como ponto de partida para uma análise lingüística, as possíveis e diversas relações da língua, assumidas por um determinado sujeito. De acordo com Foucault (1986), para que haja enunciado, torna-se necessário reconhecer a existência de um campo associativo, no qual podem ser identificadas determinadas marcas. Ou seja, faz-se necessário buscar as marcas dos sentidos das produções verbais deixadas nos enunciados lingüísticos. Seguindo essa direção, essa unidade volta-se para algumas questões lingüísticas deextremaimportâncianoprocessodeavaliação/leituradetextosproduzidosporjovens e adultos da EJA: o que é mais relevante nesse processo? É avaliar a competência de escrita desses alunos centrada na correção gramatical ou a competência para produzir textos escritos voltada para a adequação dos textos ao gênero textual solicitado, para a criatividade, para as marcas de autoria? É avaliar a competência leitora desses alunos, a capacidade de compreender textos escritos? Claro que a resposta seria tudo isso junto, ou seja, os sujeitos dessa modalidade de ensino devem demonstrar que detêm essas competências, no entanto, sabe-se, por meio de estudos acerca do processo de produção de textos em situações de avaliação institucional (vestibulares, ENEM etc.) que a maior dificuldade dos alunos, de uma maneira geral, está centrada, em primeiro lugar, na compreensão daquilo que lhe é solicitado a escrever, em outras palavras, está UNIDADE IV PROCESSO DE ENUNCIAÇÃO X PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NA EJA
  • 36. 238 centrada no processo de construção de leitura. Tal afirmação requer uma reformulação/ampliação dos conceitos de leitura e de texto, a partir de uma perspectiva teórica que contemple a leitura como processo de construção de sentidos, decorrente da relação entre sujeitos (autor X leitor). Nessa perspectiva, a leitura e o sentido podem dar lugar às diversas leituras e aos diversos sentidos possíveis, fazendo com que o texto perca a tão sonhada unicidade e homogeneidade, tão absurdamente “concretizada” em questões de interpretação de textos que integram alguns livros didáticos. Em todos esses processos, portanto, não se pode esquecer da forma, das unidades lingüísticas — fonemas, grafemas, palavras / enunciados — que constituem o texto, o que faz com que essa relação passe a ser estabelecida entre autor X texto X leitor. Bakhtin (1992) inclui as formas lingüísticas como parte do enunciado, deixando emergir a idéia de inseparabilidade entre forma e sentido no estudo da linguagem, considerando, em processos de interlocução oral ou escrita, os diversos sentidos que podem resultar desses processos Nesse sentido, sobre a relação do aspecto formal da língua e seu uso, esse autor deixa que percebamos a idéia de que um estudo lingüístico comporta duas dimensões em estreita correlação: o sentido dado pela estrutura e o sentido dado pela enunciação no qual a matéria lingüística adquire significação em um processo intersubjetivo. Nessa perspectiva teórica, o discurso é, então, o fenômeno lingüístico de implicações múltiplas sobre o qual as ideologias, a história e os sujeitos se manifestam e se representam numa forma de língua. Para Bakhtin (1992), a linguagem não é um sistema abstrato. É, sim, uma criação coletiva, visto que parte de um diálogo entre o eu e o outro, entre os muitos eus e os muitos outros. Nesses processos enunciativos, cada língua é um conjunto de linguagens e cada sujeito falante/escritor abre-se para a multiplicidade de linguagens. Considerando essa linha teórica, o discurso é, então, o fenômeno lingüístico de implicaçõesmúltiplassobreoqualasideologias,ahistóriaeossujeitossemanifestamese representam numa forma de língua cuja realização está centrada, imprescindivelmente, em um processo de interação verbal. Assim, enfocar as produções textuais verbais em uma perspectiva discursiva significa concebê-las como produções sociais e históricas, que interagem e que se transformam com a mudança da sociedade e dos homens. Ainda segundo Bakhtin (1992), a enunciação é o produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados. Ou seja, a enunciação é o conjunto de manifestações verbais e não-verbais, diz respeito a processos enunciativos, que cercam o ato comunicativo, garantindo a expressão de sentido. Em termos de estudos acerca dos processos enunciativos, destacam-se, também, os trabalhos de Authier-Revuz (1984), para quem o discurso é sempre “habitado” pelo discurso do “outro”, ou seja, todo discurso é constitutivo. Assim, neste campo da enunciação, os dois campos “interagem de maneira solidária”.
  • 37. 239 Uma das respostas que podem ser levantadas, para essa questão, pode ser encontrada não só em estudos relativos à Análise do Discurso, propriamente dita (AD francesa), mas também em estudos discursivos interacionistas, aplicados ao processo de produção de textos orais e escritos, quando estes delineiam a noção de gênero textual, a relação discurso/interdiscurso e o processo de enunciação. Tais estudos, bastante produtivos, lamentavelmente, ainda não alteraram o contexto de ensino de língua Portuguesa em nosso país, embora, nestes últimos anos, esse ensino tenha seguido uma proposta metodológica sociointeracionista, dialética, que toma como ponto de partida o texto, considerado uma estruturação discursiva e analisado com base em uma concepção dialógica de linguagem, ou seja, com base em uma concepção de linguagem como forma de interação social, a partir das marcas enunciativas. Colocar em prática as orientações apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs,2001),paraviabilizaroprocesso deleituradeváriosgênerostextuais, pode representar, para todos os envolvidos nesse processo, práticas de transposição de conteúdos e de vivências de metodologias diversificadas que considerem os sujeitos como atores/construtores sociais que interagem, que enunciam. Nesse sentido, o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores passam a ser considerados sujeitos ativos. Compreendido dessa forma, o processo de leitura/ compreensão não é uma simples apreensão de uma representação mental ou uma decodificação de mensagem, mas uma atividade interativa de produção de sentidos, realizada com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a arregimentação de um vasto conjunto de saberes e a reconstrução destes no interior do acontecimento comunicativo. Tal constatação permitiu-nos observar que uma questão importante para o ensino da leitura no processo de alfabetização de jovens e adultos é a relação que pode ser estabelecida entre esse processo e o processo de produção de textos, visto que a maneira como o professor concebe a natureza do ato de ler determina a maneira como esse(a) profissional organiza o trabalho com o ensino de língua portuguesa escrita, em sala de aula. Ao ser estabelecida essa relação entre o processo de construção de leitura e o processo de construção de texto, não podemos deixar de esquecer que a leitura, assim como a escrita, caracteriza-se, na escola, por sucessivos avanços e recuos, isto é, os alunos dão sinais que compreendem determinadas informações e, em seguida, demonstram estarem no estágio anterior. Assim, para que avanços reais se concretizem em situações de leitura e de produções textuais de nossos alunos, um trabalho contemplando os processos de leitura e de produção de textos e um efetivo processo de reescritura textual, associados à noção de linguagem como inter-ação (KOCH e FÁVERO, 1993), devem ser assimilados pelo professor, a fim de que este perceba que não basta ensinar, é preciso inter–agir com os alunos, isto é, compartilhar, na e através da linguagem, com o uso de textos diversificados, com o uso de informações,
  • 38. 240 conceitos e valores. AGORA É SUA VEZ: Leia a tira de Walter Krostner, com seus personagens Pepê & Jotabê . Revista Cidade Nova, exemplar 495-Ano XLIX- nº 7- julho de 2007. Considerando a adequação do texto para a EJA, a relação estabelecida entre os elementos verbais e os não-verbais, bem como a temática abordada nesse gênero textual, apresente uma proposta de atividade de leitura e de produção de textos orais e escritos, para alunos jovens e adultos, em processo de alfabetização. AGORA É SUA VEZ: Leia a tira de Walter Krostner, com seus personagens Pepê & Jotabê . Revista Cidade Nova, exemplar 495-Ano XLIX- nº 7- julho de 2007. Considerando a adequação do texto para a EJA, a relação estabelecida entre os elementos verbais e os não-verbais, bem como a temática abordada nesse gênero textual, apresente uma proposta de atividade de leitura e de produção de textos orais e escritos, para alunos jovens e adultos, em processo de alfabetização.
  • 39. 241 UNIDADE V ALFABETIZAÇÃO NA EJA: PERSPECTIVAS LINGÜÍSTICO-PEDAGÓGICAS O enfoque que foi adotado, nestas discussões, para o processo de alfabetização de jovens e adultos, encaminha-nos, necessariamente, para uma abordagem dialógica desse processo, na qual, a leitura de textos produzidos por alunos(as) dessa modalidade de ensino deve considerar tanto o contexto sócio-cultural, os sujeitos envolvidos, quanto a sistematização dos conteúdos da alfabetização a serem trabalhados.* Para dar início a esse processo de construção de conhecimento,faz-se necessária não só a identificação dos enunciados cujos sentidos estejam explícitos nos textos dos(as) alunos(as), mas também os sentidos que podem ser inferidos, ou seja, os que resultam de um processo dialógico que se instaura entre o leitor do texto — no caso, o(a) professor(a) — e o produtor(a) do texto — no caso, o(a) aluno(a). Seguindo tais direcionamentos, podemos considerar que, para um(a) alfabetizador(a), vivenciar com êxito, um processo de alfabetização de jovens e adultos, precisa, a partir da análise das marcas enunciativas e dos sentidos enunciativos de um texto/discurso, encarar a linguagem como processo de interação cuja principal função é agir sobre o outro; precisa compreender de que forma esses enunciados são lidos, são construídos. Nesse contexto, a leitura e a escrita de textos de alunos(as) da EJA devem ser considerados como processos em que não só se constroem significados, mas também como algo que reproduz enunciados presentes na proposta de produção textual, cujos sentidos não devem ser “perdidos” pelo(a) professor(a), quando este(a) assume o papel de avaliador(a). Além desse conhecimento lingüístico, o(a) professor(a) alfabetizador(a) deve conhecer as especificidades do aluno jovem/adulto, as práticas pedagógicas bem sucedidas, o que implica conhecer e discutir os novos rumos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Conforme orientação de César Coll (2006), uma redefinição do currículo do Ensino Fundamental (neste, seguindo a legislação, incluímos a EJA) deverá levar em conta a busca pelo equilíbrio, “[...] ao considerar as exigências educacionais e de formação que provêm das reivindicações sociais - e, em particular, do mundo do trabalho-, aquelas que provêm do processo de desenvolvimento pessoal dos alunos e as que provêm do projeto social e cultural- tipo de sociedade e de pessoa que se deseja promover.” Feitas tais considerações, podemos afirmar que as perspectivas lingüístico- pedagógicas para o processo de alfabetização/letramento na Educação de Jovens UNIDADE V ALFABETIZAÇÃO NA EJA: PERSPECTIVAS LINGÜÍSTICO-PEDAGÓGICAS (*) Sobre a dis- cussão acerca dos conteúdos que de- vem ser trabalha- dos no processo de alfabetização, leiam o texto de ARAÚJO, Mair- ce da Silva “ Al- fabetização tem conteúdo? In: GARCIA, Re- gina Leite(org.). A formação da professora al- fabetizadora: reflexões sobre a prática: São Pau- lo:CortezEditora, 1996, p.83-124
  • 40. 242 e Adultos devem percorrer um caminho que leve os(as) alfabetizadores(as), constantemente, às discussões das diversas práticas pedagógicas, à construção do conhecimento urgente e necessário acerca dessa modalidade de ensino. Paraalfabetizar/ letrar alunos jovens e adultos, é necessário conhecer esse aluno, o contexto onde ele está inserido, as condições de ensino e como esses processos de leitura e de escrita podem ser construídos. AGORA É SUA VEZ: Considerando as informações apresentadas para a disciplina “Alfabetização de jovenseadultos”,teçaconsideraçõescríticasacercadoprocessodealfabetização nessa modalidade de ensino, contemplando, em seu texto, as seguintes idéias de Cool (2006). Os (As) educadores(as) devem “ tomar como ponto de partida as “novas” e as “velhas” alfabetizações ( letrada, numérica, científica, tecnológica, informacional, artística, audiovisual, etc.) e sua descrição em termos de competências-chave e de saberes essenciais associados a elas, como guia e orientação para o estabelecimento dos principais âmbitos de aprendizagem e a tomada de decisões curriculares no ensino fundamental;” “Para adquirir ou desenvolver uma capacidade ou competência, é preciso apropriar-se de uma série de saberes e, além disso, aprender a mobilizá-los e aplicá-los;” AGORA É SUA VEZ: Considerando as informações apresentadas para a disciplina “Alfabetização de jovenseadultos”,teçaconsideraçõescríticasacercadoprocessodealfabetização nessa modalidade de ensino, contemplando, em seu texto, as seguintes idéias de Cool (2006). Os (As) educadores(as) devem “ tomar como ponto de partida as “novas” e as “velhas” alfabetizações ( letrada, numérica, científica, tecnológica, informacional, artística, audiovisual, etc.) e sua descrição em termos de competências-chave e de saberes essenciais associados a elas, como guia e orientação para o estabelecimento dos principais âmbitos de aprendizagem e a tomada de decisões curriculares no ensino fundamental;” “Para adquirir ou desenvolver uma capacidade ou competência, é preciso apropriar-se de uma série de saberes e, além disso, aprender a mobilizá-los e aplicá-los;”
  • 41. 243 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Mairce da Silva. Alfabetização tem conteúdo? In: GARCIA, Regina Leite(org.). A formação da professora alfabetizadora: reflexões sobre a prática: São Paulo: Cortez Editora, 1996, p.83-124. AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Hétérogénéite(s) énonciative(s). In: Langages. Paris: Larousse, n. 73, 1984. BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Campinas: Pontes, 1992. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Proposta Curricular para a Educação de jovens e Adultos: segundo segmento do ensino fundamental: 5ª a 8ª série: introdução/ Secretaria de Educação Fundamental, 2002. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN. Lei nº 9.394/95, de 20 de dezembro de 1996. BRASIL. (2000). Parecer CEB n.º 11/2000. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.Brasília. www.mec.gov.br. Acesso 22/08/2008. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília, Coeja/SEF. Estabelecida pela Resolução CNE/CEB nº 1, de 05 de julho de 2000. BRASIL. Ministério da Educação. V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, 1997. Brasília: MEC/SEF.1998. Disponível em: http://www.vsy.fi/eaea/eng/ confinl.html#top. Acesso em: 05/09/ 2008. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil. Acesso em: 5/09/2008. BRASIL. Educação de Jovens e Adultos. Ensino Fundamental: Proposta Curricular – 1º segmento. São Paulo/Brasília, Ação Educativa/SEF, 1998. BRASIL.Programa de desenvolvimento profissional continuado: Parâmetros em Ação- Alfabetização. Brasília, SEF, 2002. BRASIL.SecretariadeEducaçãoFundamental.ParâmetrosCurricularesNacionais:: língua portuguesa/ Ministério da Educação.Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: A Secretaria, 2001. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 42. 244 BREGUNCI, Maria das Graças de Castro. Organizando as classes de alfabetização: processos e métodos, 2004. Salto para o futuro/TV escola. www.alb.com.br/anais16/ sem10pdf/sm10ss20_07.pdf. Acesso em 02/09/2008 CALKINS, LUCY McCormich. A arte de ensinar a escrever – o desenvolvimento do discurso escrito. Porto Alegre: Artes Médicas,1989. CARVALHO, A. A. de. e outras. A prática mineira em Educação de Jovens e Adultos: experiências exitosas nos municípios de Lagoa Dourada e Ritápolis. In: Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. UFMG. Belo Horizonte – 12 a 15 de setembro de 2004. Disponível em http://www.ufmg.br/congrext/educa/educa17. pdf. COLL, César. O currículo do ensino fundamental no despertar do século XXI. In: Revista Pedagógica. Ano 10 - Pátio. N° 37 – FNDE, ano x, fevereiro/abril 2006 . DURANTE, Marta. Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos. Porto Alegre, Artmed, 1998. ESCARIÃO, Glória das N. Dutra. Educação escolar e trabalho: um estudo sobre o significado da educação escolar e trabalho a partir das representações sociais dos estudantes-trabalhadores. João Pessoa, 1996. Dissertação (Mestrado) – UFPB. FERREIRO, Emilia, TEBEROSKY,Ana, Psicogênese da língua escrita.PortoAlegre: Artes Médicas, 1985. FERREIRO, Emilia. Los adultos no alfabetizados y sus conceptualizaciones del sistema de escritura. México: IPN, Departamento de Investigaciones Educativas, 1983. FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense, 1986. FREIRE, Paulo. Conscientização – Teoria e prática da libertação. São Paulo, Moraes, 1980. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1975. GADOTTI, M. & ROMÃO, J. (orgs.). Educação de Jovens e Adultos: teoria prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2007. GERALDI, W. Portos de Passagem. São Paulo, Martins Fontes, 1999. GOVERNO DO ESTADO DAPARAÍBA, Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos. João Pessoa- PB: Conselho Estadual de Educação / Secretaria de
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