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UNIVERSIDADE DO MINHO
Unidade curricular de Análise do Discurso e da Imagem
Licenciatura em Ciências da Comunicação, 2º ano
Análise visual de imagens inseridas nas
matérias jornalísticas sobre SIDA
Docente:
Maria Zara Simões Pinto Coelho
Daniel Lima (A46523)
Dennis Lima (A53394)
Isabela Pimentel (E2689)
Nathalie Cristina Bonome (E2750)
Apresentação
Como em qualquer tipo de imagem, as figuras que acompanham os textos
jornalísticos relacionados à SIDA possuem uma grande carga ideológica. A análise de
uma imagem requer a percepção de que o está sendo representado não é apenas a
realidade e todas suas composições, mas sim, uma forma de exibição de um conjunto de
interesses e ideologias de determinados grupos.
Pode-se dizer que a textualidade se beneficia da associação com as imagens,
através de uma exploração das suas diversas dimensões significantes, que não se
limitam a pura representação indicial. As fotografias presentes junto com os textos são
trabalhos jornalísticos e, como tal, não reproduzem fielmente a realidade; ou seja,
ocorre um acréscimo de significados diferentes do que uma simples representação do
real.
No caso específico de imagens ligadas a notícias e reportagens sobre a SIDA, há
uma série de peculiaridades que reforçam ideologias e estereótipos nas fotografias. Em
todos os jornais analisados, não há a presença de seropositivos nas imagens: em sua
maior parte, os indivíduos infectados pelo vírus aparecem como atores coadjuvantes em
um contexto em que o ator principal não é seropositivo.
A análise e a visualização específica dos participantes de uma imagem
jornalística são fundamentais para a compreensão da mensagem visual que se quer
transmitir aos leitores. Estudos de Kress e van Leeuwen abordam, por exemplo, a
temática da proxémica como aspecto importante dos indícios transmitidos pelas
fotografias. Os autores classificam as distâncias sociais como íntima (visualização
apenas da cabeça ou rosto), pessoal (onde predomina imagens do tronco de determinada
pessoa), social (mostra as pessoas em sua totalidade ou no espaço ao seu redor) e
distância pública (onde vê-se ao menos quatro ou cinco pessoas).
Os portadores de VIH/SIDA são muitas vezes representados em peças
jornalísticas que focam assuntos relacionados a experiências, formas de vida ou
problemas que esses indivíduos enfrentam. Além disso, a veiculação de imagens de
infectados pelo vírus confere à publicação maior interesse humano e curiosidade por
parte do público: a SIDA ainda hoje é um tema debatido com alto teor de preconceito e
curiosidade. A maior parte dos portadores do VIH/SIDA retratados em imagens são
crianças, bebés e pessoas debilitadas, em estágio avançado da doença. No caso das
crianças e bebés, estes aparecem cercados de pessoas mais velhas e não há visualização
dos rostos. As pessoas em estágio avançado da doença geralmente surgem com sinais
evidentes de saúde debilitada (com machas pelo corpo, em cadeira de rodas ou deitados)
e em hospitais, com feições de dor e sofrimento, cercados por amigos e parentes. Tais
fotografias adquirem um valor-noticia muito elevado quando testemunham um evento
dramático e não usual. Roland Barthes insere esse tipo de imagem na categoria da
“foto-choque, ou seja, a fotografia que se torna notícia, sobre a qual não há nada a
dizer”.
No que diz respeito à análise específica das imagens relacionadas com a
temática do comportamento (tema escolhido pelo grupo como alvo do presente estudo),
pode-se classificá-las em duas primeiras categorias: fotografias e figuras (desenhos).
Além disso, o grupo optou por analisar somente as imagens que continham pessoas (em
fotografias ou mesmo sob a forma de desenhos). A seguir serão demonstradas as
particularidades de cada imagem, bem como uma classificação das figuras dentro dos
aspectos e conceitos estudados por Van Leeuwen.
Análise visual
Neste trabalho, optamos por analisar as imagens presentes nas matérias jornalísticas
sobre SIDA. Selecionamos as imagens do tema que, de forma quantitativa, foi o mais
abordado nos jornais: Comportamento. Em seguida separamos as que possuiam
participantes humanos e que se enquadravam no nosso modelo de análise.
As imagens de 1 a 6 são as escolhidas através de fenómenos noticiosos extraídos de
nossa grelha de análise quantitativa. Além disso, acrescentamos 2 imagens adicionais
provenientes de publicidade relacionada com a SIDA para fazer uma análise qualitativa.
Imagem 1
(Ver anexo 1)
Universitários com dúvidas sobre VHI: Um em dez estudantes crê que pílula é eficaz
contra DST
(Fonte: Metro, 13.03.2008)
• De acordo com a função ideacional
Imagem conceptual ( os participantes são representados em termos de classe). O que é
mostrado é um evento, uma situação.
Participantes representados de forma genérica. Juntos fazem parte de um todo maior,
um grupo, categoria (estudantes universitários).
Processo simbólico atributivo (Posam para o visionador, não estão envolvidos em uma
situação).
• De acordo com a função interacional
Participantes representados, ou seja, é sobre eles que se produz uma representação, uma
imagem.
Distância pública (entre estranhos) e distancia pessoal afastada ( da cintura para cima)
Plano afastado
Imagem objectiva – imagem revela apenas uma situação de convívio em um ambiente
universitário, aparentemente uma cena comum, o produtor da imagem parece não levar
em consideração as expectativas do visionador, representa apenas o momento, não
houve preparação prévia dos participantes representados.
Angulo Frontal: O visionador se vê fazendo parte do mundo dos representados
(Universitários)
A narrativização da imagem subjetiva deriva da posição do visionador e de seu
envolvimento com a cena, através do espaço que ela ocupa, da forma com que é vista.
Modalidade alta - monocromático, continuidade da cor preta, sugere uma
intemporalidade, apesar de baixar a modalidade, esta ainda resiste a fazer parte do
mundo real representativo.
Contextualização: Trata-se do meio universitário.
Codificação – Abstrata (reduz o individual ao geral)
• De acordo com a função composicional:
Os personagens encontram-se no mesmo plano, o que sugere uma igualdade entre eles,
não há hierarquia entre homem e mulher, entretanto, é revelado um maior grau de
importância aos dois que ocupam o primeiro plano. Os participantes do fundo são
representados de forma genérica, enquanto grupo. O agrupamento dos personagens é
feito pela continuidade da saturação da cor preta ( cor do traje universitário), o que
permite identificá-los de forma coerente.
Imagem 2
(Ver anexo 2)
Um em cada 10 universitários de Coimbra acha que a pílula protege da SIDA
(Fonte: Meia Hora, 13.03.2008)
• De acordo com a função ideacional:
Imagem Narrativa – Conta uma história. Identificamos, que, como se trata de um tipo
de imagem em sequência como um storyboard, os vectores já estão implícitos para a
percepção do visionador.
Os participantes são representados, as ações são transitivas unidirecionais, uma pessoa
age sobre a outra, no caso, o homem desempenha o papel de ator, dele parte o vetor do
ação.
Reação transitiva, envolve dois participantes.
Circunstância de local – o ambiente é desenhado, o background é branco, não
despertando qualquer tipo de atenção quando contrastado com o foreground.
• De acordo com a função interacional
Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é um mero observador do que se
passa na história.
Participantes representados, distância social próxima, plano afastado, imagem
subjectiva, ângulo frontal.
Ocorre narrativização da imagem subjectiva por que neste caso a imagem possibilita
múltiplas interpretações por parte do visionador.
A cor do background é sempre a mesma ( branco). Apesar de exibir máxima saturação e
modulação de cor, , se trata de uma imagem em desenho quadro a quadro, logo, sua
modalidade é baixa, é uma representação pouco real.
Contextualização: Por aparecerem no vazio, os personagens representados são
genéricos, não estando ligados a um local e tempo específicos.
• De acordo com a função composicional
Layout: A imagem é uma narrativa quadro a quadro e portanto, a ordem de colocação
de cada cena guia o percurso de leitura. Além disso, pode-se perceber que esta estrutura
guia o visionador para uma dada ordem; no topo temos a consequência, ou o resultado
da narrativa, e em sua base, a idéia inicial. Os quadros estão na lógica inversa, do
resultado para a ação que a originou. Contudo, a legenda na base da imagem está na
zona que faz parte do espaço real, possibilitando pensar acerca do real sentido dos
desenhos, que podem fazer parte do espaço ideal.
Saliência: Os elementos ( homem e mulher) possuem o mesmo tamanho físico e peso
visual, o que confere –lhes idéia de igualdade.
Imagem 3
(Ver anexo 3)
Seis mil jovens por dia contraem o vírus da SIDA
(Fonte: Jornal de Notícias 31.12.2007)
• De acordo com a função ideacional:
Imagem narrativa, com os vectores (representados pelas mãos dos dois
participantes interactivos) apontados para o centro. Ocorre uma acção transitiva
bidirecional, já que a relação entre os dois é representada como uma transação. Os
participantes da acção nesse caso são três: as duas mãos que distribuem os preservativos
e a mão que os recebe. São actores e apresentam-se como elementos mais salientes na
imagem, dominam o foreground. No que diz respeito às circunstâncias de local, os
participantes no foreground sobrepõem-se e obscurecem a maior parte do ambiente (que
está menos focado e possui tons escuros).
• De acordo com a função interacional:
Na função interacional, pode-se dizer que os participantes são interativos, cuja
interação é directa e imediata. Na análise da dimensão interacional das imagens, chega-
se a conclusão de que a imagem representa uma distância pessoal afastada, na qual os
participantes tocam as mãos e os dedos um dos outros. Vale lembrar que a fotografia
não mostra o restante dos corpos dos actores, mas sim um enquadramento close up das
mãos e da acção principal.
Levando em consideração a perspectiva, a imagem classifica-se como
subjectiva, já que é escolhido um ponto de vista para quem visualiza a imagem. O
ângulo em que foi tirada a fotografia é frontal, o que transmite a idéia de envolvimento
máximo do que é mostrado na imagem com o visionador. A modalidade da imagem é
alta. Apesar da saturação das cores ser baixa (matiz meio apagada), a fotografia possui
um aspecto aproximado da realidade, contudo, no efeito com baixa tonalidade nas cores,
revela uma pequena fuga da realidade a tratar-se de ambiente nulo e um contexto
atemporal.
• De acordo com a função composicional:
O layout da fotografia coloca em posição central justamente um dos símbolos
mais importantes da imagem: os preservativos. A colocação desse elemento
significativo no centro da imagem confere uma importância especial a esse símbolo, já
que abrange uma área de extrema evidência no campo visual. No contexto da saliência
os dedos e os preservativos apresentam maior tamanho, enfoque e localização no campo
visual. O ponto de equilíbrio da fotografia são os preservativos, uma vez que o restante
da situação retratada gira em torno deles. O enquadramento da imagem dá-se de forma
e evidenciar o ato do contato das mãos (e passagem dos preservativos), excluindo o
contexto em que ocorre tal situação.
O percurso da leitura ocorre da esquerda para direita, a partir das mãos que dão
os preservativos para a mão que recebe.
Imagem 4
(Ver anexo 4)
Os invisíveis
( Fonte: Diário de Notícias 25.11.2007)
• De acordo com a funçao ideacional
- Imagem narrativa, conta com a presença de vectores. As linhas ligam as mãos do
personagem ao preservativo, indicando o “fazer” de uma ação, são os padrões vectoriais
narrativos. O ator é o homem, o alvo é o preservativo.
Os participantes são representados, ação transitiva unidirecional onde possui apenas um
participante que age sobre um objeto, no caso concreto, o preservativo.
O homem desempenha o papel de ator, enquanto o alvo da ação é o preservativo;
A reação é não transitiva, a imagem possui um só participante, o visionador não é capaz
de afirmar para onde ele olha.
Circunstância de local – o backround é formado por tons escuros, o que se refere a
condição dos idosos na sociedade O foreground é marcado pela presença do
personagem, em primeiro plano. O ambiente é formado com cores que tendem para um
mesmo tom.
• De acordo com a função interacional
Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é mero observador da cena que se
passa. O participante representado não olha directamente para o visionador.
Distância pessoal próxima – O visionador pode ver a cabeça e os ombros do participante
e como não há nenhum elemento no fundo, a ênfase é no personagem.
O ângulo é oblíquo, o visionador não faz parte da experiência do participante
representado, apenas a observa como algo com o qual não está envolvido.
Plano longo – mostra a pessoa de forma impessoal, sendo o outro.
Imagem subjectiva – A imagem é fruto de uma escolha, impõe um ponto de vista pré-
determinado ao visionador.
Sugere uma narrativização subjectiva através de um ângulo oblíquo, como se o
visionador pudesse ver a ação do participante representado, sem ser visto.
A modalidade é alta, isso é garantido pela continuidade de tons escuros no fundo e pela
harmonia entre as cores da roupa do personagem. A cor preta é um elemento que reforça
a condição do idoso, dá-lhe um aspecto pesado, triste. Além disso, o jogo de sombras na
face do senhor dá ainda mais destaque à sua expressão facial.
Contextualização – O participante encontra-se em um cenário em tons escuros, o que
indica sua condição, seu estado: o abandono. Isso tem relação direta com a vida dos
idosos portadores de SIDA.
• De acordo com a função composicional:
Layout – A imagem é narrativa, a posição do corpo do personagem e sua expressão
facial reforçam a situação que a imagem representa: a vida dos idosos com SIDA. A
sensação de abandono torna-se evidente pela continuidade de tons escuros, pelo fato de
o idoso estar em primeiro plano e pelo próprio vetor formado pela sua postura, curva.
Seu olhar para baixo, sems sabermos ao certo para onde, indica que está de cabeça
baixa, envergonhado por ter um preservativo na carteira, como se sentisse
marginalizado por realizar tal ação, buscando assim, se esconder, não querer que seu
olhar nem seu rosto sejam vistos pelo visionador.
A saliência dada ao personagem através da continuidade das cores escuras (nas vestes) e
tons pastéis ( ao fundo) faz com que o personagem ganhe peso visual, destaque na cena.
Sua posição curvada acentua sua condição submissa. O jogo de sombra e luz faz com
que a figura do idoso ganhe mais dramaticidade. A hipérbole é um dos elementos
salientes da imagem, percebe-se que foi proposital a ênfase dada às marcas da velhice
como rugas na face, nas mãos, além do tamanho exagerado, o que torna o vector
presente nas mãos mais evidente. A presença da bengala é um elemento da composição
que reforça a idéia de velhice, e a posição da bengala segue a do corpo do personagem,
acentuando ainda mais seu estado.
O processo de leitura se faz obdecendo aos critérios já conhecidos. Na parte inferior
temos a situação real do idoso, abandonado, como se realizasse a ação sem querer ser
visto.
Imagem 4.1
(Ver anexo 4.1)
Os invisíveis
( Fonte: Diário de Notícias 25.11.2007)
• De acordo com o nível ideacional:
A imagem é narrativa, pois contém vetores e conta uma pequena cena, ação a se
desenrolar diante dos olhos do visionador. Os participantes são interactivos,
representam uma cena real, pessoas que desempenham ações, pertencem à determinadas
classes sociais.
Ação transitiva bidirecional – um participante age sobre o outro. O senhor representa
papel de ator ao olhar para o casal. A mulher e o homem possuem posições ambíguas,
alternando-se como ator e alvo. Ao mesmo tempo que a mulher é “segurada e beijada”
pelo homem, ou seja, sofre a ação, também o beija e segura seu pescoço, com papel
ativo. O mesmo acontece com o homem, que, se por um lado é beijado, por outro segura
e acaricia a mulher.
Em relação ao idoso, a ação do casal é não transitiva, ele apenas os vê, de longe, o
senhor não interage diretamente com eles. Por outro lado, a reações do homem e da
mulher podem ser classificadas com transitivas bidirecionais.
A circunstância é de local, percebe-se que há um contraste entre o primeiro plano onde
fica o casal e o fundo, onde está o idoso. O fundo ajuda a caracterizar a cena, com cores
em tons pastéis ao fundo e mais fortes no foreground.
• De acordo com o nível interacional:
Imagem oferta, os participantes se mostram, o visionador vê mas não pode ser visto.
Distância social afastada
Plano longo
Imagem objectiva – mostra uma cena, uma acção real que poderia estar a acontecer em
um parque, algo que faz parte da experiência que o visionador tem do mundo, sua
relação com o real observável.
Ângulo frontal – O que o visionador vê faz parte do mundo, é algo real com o qual ele
pode ter contato, vivenciar, de facto.
A perspectiva é acentuada pela posição do banco na diagonal, o que confere à cena uma
tridimensionalidade, maior profundidade de campo.
A modalidade é baixa, dado o forte constraste entre as cores do background ( mais
claras) e a do foreground ( mais escuras, opacas). Além disso, a saliência de algumas
partes do corpo dos personagens acentua seu caráter de irreal, por exemplo, a
desproporção de suas formas, além do fato de, para acentuar o envolvimento amoroso, o
produtor da imagem ter “fundido” o corpo da mulher com a imagem do homem, como
se não houvesse separação nítida entre eles.
A contextualização é feita através da presença de elementos que remetem ao espaço
onde se dá a ação; um parque (banco, árvores), uma cena tipicamente urbana.
• De acordo com o nível composicional
O layout é formado pela presença dos namorados em primeiro plano e do idoso ao
fundo, os primeiros são os agentes, foco do olhar do idoso, que, ao fundo, apenas
observa, sem ser visto. Mas o olhar do idoso forma um vetor que incide sobre a ação do
casal. O equilíbrio visual se dá entre as proporções e tamanhos físicos dos personagens,
igualmente exagerados com objetivos estilísticos, para dar-lhes destaque. Os vetores
estão presentes na ação do casal, no olhar do idoso e na postura corporal do mesmo.
Há um enquadramento do real, da cena observada, a partir de uma ótica subjetiva.
Imagem 4.2
(Ver anexo 4.2)
Os invisíveis
( Fonte: Diário de Notícias 25.11.2007)
• De acordo com a função ideacional:
Imagem narrativa, conta com a presença de vetores, na mão do personagem. O ator é o
homem, o alvo é o preservativo.
Ação transitiva unidirecional– possui apenas um participante que age sobre um objeto,
no caso concreto, o preservativo.
O homem desempenha o papel de ator, enquanto o alvo da ação é o preservativo;
A reação é não transitiva, a imagem possui um só participante, o visionador não é capaz
de afirmar para onde ele olha.
Circunstância de local – O background é formado por tons escuros, o que se refere a
condição dos idosos na sociedade, remete à idéia de abandono, tristeza. O foreground é
marcado pela presença do personagem, em primeiro plano. O ambiente é formado com
cores que tendem para um mesmo tom.
• De acordo com a função interacional
Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível”, é mero observador da cena que se
passa. O participante representado não olha diretamente para o visionador.
Distância íntima – O visionador pode ver apenas as mãos do participante representado.
Ângulo: O ângulo é frontal, o visionador pode observar a ação e sentir como se ela
estivesse próxima ao seu mundo, em sua esfera do real.
Plano: close up – O foco é no ato que o participante representado desempenha, ou seja,
guarda o preservativo na carteira.
Imagem subjectiva: A imagem é fruto de uma escolha, impõe um ponto de vista pré-
determinado ao visionador.
Modalidade: Já neste aspecto, a modalidade torna-se mais baixa, o tamanho exagerado
das parte do corpo do personagem reduz a modalidade, além disso, a imagem trata-se de
um desenho. A cor preta é um elemento que reforça a condição do idoso, dá-lhe um
aspecto pesado, triste. Além disso, o jogo de sombras na face do senhor dá ainda mais
destaque à sua expressão facial.
• De acordo com a função composicional:
Layout: A imagem é narrativa. A posição das mãos do personagem indicam que está a
realizar uma ação.
Saliência: A saliência dada às mãos do através da continuidade das cores escuras (nas
vestes) e tons pastéis ( ao fundo) faz estas ganhem peso visual e destaque na cena. Sua
posição curvada acentua sua condição. O jogo de sombra e luz faz com que ela ganhe
volume, destaque. A hipérbole é um dos elementos salientes da imagem, percebe-se que
foi proposital, como no tamanho exagerado das mãos, o que torna os vectores presentes
mais evidentes.
Percurso da leitura: O processo de leitura se faz obdecendo os critérios já conhecidos.
Na parte inferior temos a situação real do idoso, abandonado, como se realizasse a ação
sem querer ser visto.
Imagem 5
(Ver anexo 5)
Aumento da incidência nos idosos: um em cada oito infectados com SIDA
(Fonte: O Primeiro de Janeiro 15.05.2007)
• De acordo com a função ideacional:
Imagem narrativa, os participantes são representados, acção transitiva unidirecional.
A mulher representa de onde parte o vetor, ela executa a ação e o braço do homem é o
alvo, ou seja, onde ação é executada.
A reacção é transitiva, a mulher desempenha o papel de reactor, é o participante que
olha, ao passo que o homem, representa o fenómeno.
Circunstância de lugar – O instrumento usado no processo da ação é a seringa. Não há
um vector claro entre instrumento e utilizador.
• De acordo com a função interacional
Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é mero observador da cena que se
passa.
Distância pessoal próxima; Plano: Close up
Imagem objectiva: mostra uma cena real que se passa no contexto hospitalar, não é
produzida pensando no que despertar no visionador, apresenta-se apenas como
“flagrante” de algo que estava acontecendo em dado momento, não tendo como
principal prioridade a estética, não da margem para imaginação, sendo que apenas
reflete uma circunstância medica, consequência do grupo alvo (idosos).
Sugere uma narrativização objectiva através de um ângulo frontal, ou seja, que está
orientado para uma ação que não dá margens para outra perspectiva.
Modalidade alta, apesar de ser uma figura monocromática, considerando-se novamente
o contexto da imagem.
Contextualização: Trata-se de um ambiente hospitalar, onde elementos visuais
reforçam as características aos quais o local é associado.
• De acordo com a função composicional:
Layout: A imagem é narrativa. Sua parte superior representa o aspecto ideal (ação que
deve fazer parte do mundo do visionador) enquanto na base, (legenda) é representado o
lado informativo, factual ( problemática do tema). Além disso, na legenda há uma
divisória ( texto dentro de um retângulo de cor preta), para indicar separação entre o real
e o ideal.
Saliência: Os elementos ( homem e mulher) estão localizados, cada um em um lado
extremo da imagem, mas, enquanto é dado maior espaço à mulher, o homem pouco
aparece, tendo parte de sua face recortada, quase como se estivesse em segundo plano.
Vale destacar também que as linhas dos vetores formam um ponto de intersecção em
“V” no centro da imagem, direcionando o olhar do visionador.
Percurso da leitura: O trajeto do leitor é feito da esquerda para a direita, do ator para o
alvo, ou seja, da mulher que aplica a injecção para o homem, sujeito paciente que a
recebe. A forma como os vetores da imagem se direcionam levam o visionardor a
centrar-se no impacto da acção representada e logo a seguir, para o texto verbal contido
na legenda.
Imagem 6
(Ver anexo 6)
Entre 10 e 15 por cento das pessoas com SIDA têm mais de 50 anos
(Fonte: Público 15.05.2007)
• De acordo com a função ideacional
Imagem conceptual, não possui vector e os participantes são representados em termos
de classe, idosos. O que é mostrado é uma situação, não uma ação.
Participantes representados de forma genérica, não possuem identidade definida nem
estão ligados a um contexto específico.
Processo simbólico atributivo – os participantes representados posam para o visionador,
em vez de serem mostrados envolvidos em determinado contexto, situação, apenas estão
lá, não possuindo uma postura que possa ser considerada como narrativa.
• De acordo com a função interacional:
Participantes representados: A imagem é uma oferta, os participantes aparecem como
pertencentes a um tipo de categoria, de forma impessoal. O modo como o visionador
observa é um tipo de contemplação do ambiente dos personagens representados.
Distância: social afastada (pessoas), pois vemos o corpo todo dos personagens, a ênfase
dada é ao espaço em torno deles.
Plano: Longo, mostra os personagens de forma impessoal, distância que não afeta o
visionador.
Imagem subjectiva – mostrado a partir de um ponto de vista imposto. Na produção da
imagem, nota-se que houve uma preocupação estética, um planeamento prévio nas
escolhas como ângulo, posição dos personagens, o que gera no visionador muitas
maneiras de interpretar e formas de se relacionar com a imagem.
Angulo horizontal: A escolha deste ângulo faz com que haja um envolvimento maior
do visionador com os participantes e o ambiente representados.
Modalidade alta: A cena é próxima ao real, as cores ressaltam o céu azul, ampla visão
de horizonte, não apresenta desfoque no ambiente, é contextualizado, ele faz parte da
realidade.
Codificação – Abstrata , pois reduz o individual ao geral, o enfoque da imagem é o
ambiente e não algum representante activo.
• De acordo com a função composicional:
Layout: A imagem é conceptual. O grande espaço concedido ao céu nesta imagem
deixa claro a concepção do ideal (parte superior) e do real (a parte inferior). A
disjunção da linha horizontal delimita bem através das cores a separação entre os dois
planos da composição espacial.
Saliência: Os elementos ( homem e mulher) se localizam em um dos extremos do
campo visual, percebe-se assim que seu peso visual é reduzido em comparação ao
ambiente. Além disso, devido à posição dos idosos na imagem, através da hierarquia de
assimetria, a importância dada a eles é reduzida, considerando os fluxos cima -> baixo,
esquera -> direita.
Equilíbrio: Quanto ao centro de equilibrio, avalia-se essa imagem como aberta à
reflexão, aparenta dar ênfase à paisagem considerando o “vazio” como mensagem
central, uma metáfora para a condição dos idosos que vivem com SIDA.
Vectores: As linha representadas nesta imagem podem ser consideradas como a do
horizonte e a do gramado, sendo que ambas horizontalmente ligam à figura dos idosos,
presente no canto esquerdo.
Percurso da leitura: Da mesma maneira quen os vetores são representados, estes
determinam o processo de leitura da imagem por parte do visionador, ou seja, a parte
superior representa o “ideal” e inferior “o mundo real”em que vivem os idosos
portadores de SIDA.
IMAGEM EXTRA 1
(Ver anexo Imagem extra 1)
( Fonte: http://amourenfuite.blogspot.com/2008/03/sida-outra-vez.html)
Antes de realizar uma análise qualitativa desta imagem, é necessário esclarecer que se
trata de uma imagem publicitária, produzida no contexto de uma campanha de
prevenção da SIDA, em defesa do uso de preservativos. A imagem é narrativa ( conta
com a presença de vetores) e apela para um discurso de heterossexualidade, perceptível
através da relação entre os participantes representados.
O contexto deste anúncio indica tipicamente o casal heterossexual: o homem e a mulher
em contexto amoroso. O homem, forte, dominador, viril, simboliza o poder, a ação, o
papel ativo na cena, enquanto a mulher, apenas sofre a ação, é o elemento passivo.
Pode-se assim, classificar a imagem como ação transitiva bidirecional – homem e
mulher são ator e alvo ao mesmo tempo e suas reações são transitivas.
A circunstância representada, de local, é reforçada pelo background, formado por tons
escuros, pouca iluminação, enquanto o foreground é marcado pela presença de cores
mais claras, o que dá destaque à cama, local onde se passa a ação dos participantes. O
ambiente é formado com cores que tendem para um mesmo tom.
Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é mero observador da cena que se
passa, o visionador, de longe, vê tudo que acontece no contexto apresentado. Além
disso, os participantes representados não olham diretamente para o visionador e este
último pode ver os participantes por inteiro.
Por ser uma peça publicitária, a produção da imagem não é neutra, sendo fruto das
escolhas de seu produtor. O ângulo é oblíquo e faz com que os visionadores sejam
‘testemunhas’ da ação, ao passo que o plano longo, mostra os participantes de forma
impessoal, sendo o outro.
A imagem sugere uma narrativização subjectiva através de um ângulo oblíquo, como se
o visionador pudesse ver a ação do participante representado, sem ser visto. Sua
modalidade é alta, isso é garantido pela continuidade de tons escuros no fundo e pela
harmonia entre as cores dos lençóis e das cortinas. Porém, o fato de, propositalmente os
personagens não terem cabeça, torna-os irreais, reduzindo assim a modalidade. No que
tange à contextualização, os participantes encontram-se em um cenário com luz em
penunbra, o que reforça a atmosfera intimista, como um quarto de hotel luxuoso.
A saliência é dada ao personagens através da continuidade das cores escuras (no lençol
e cortinas) e tons pastéis ( ao fundo). A continuidade de cor em tons que se aproximam
do dourado reforça o status dos participantes (detentores de capital e privilegiada
posição social), já estão em um lugar de luxo.O jogo de luz e sombra em seus corpos
reforça seu caráter real, aumentando sua presença cênica e peso visual. As marcas no
lençol reforçam a idéia de virilidade do homem, ele atua, gera impacto, deixa sua
“marca”, enquanto a mulher (alvo) está sob ele, em posição passiva.
A posição da cama alarga a profundidade do campo, dando uma maior
dimensionalidade à cena. O encontro entre as linhas horizontal do chão e vertical da
parede ampliam o espaço, aumentam a profundidade do quarto e o enquadramento dá
foco à ação dos personagens, que estão em primeiro plano. Os vectores se concentram
nos braços abertos do homem sob a cama e nas pernas da mulher fechadas ao redor da
cintura masculina.
Um facto que merece destaque é a relação entre a legenda e a figura: “Esquecimento é
contagioso”. Percebe-se que, na ação, os personagens não possuem cabeça, ou seja,
estão em um contexto de relação sexual sem razão, correndo risco, pois não usam
preservativo. Essa ausência de “cabeça”(símbolo da razão) os torna irreais, mas ao
mesmo tempo, a cena é realista, pois os personagens estão inseridos em um contexto
real. Esse contraste é proposital e reforça o conteúdo da mensagem publicitária para a
utilização de preservativos, para impedir o contágio com SIDA em relações em que se
esquece do uso do preservativo.
Imagem extra 2
(Ver anexo Imagem Extra 2)
(Fonte: http://www.miller-mccune.com/article/aids-increases-among-young-and-old-men)
O contexto desta imagem publicitária é representado de forma clara, ligado à
sexualidade, enquanto os vectores narrativos representam a acção do acto sexual com a
contrastação dos problemas acarretados pelo sexo não seguro, relação causa
consequência.
Quanto ao peso visual e sua posição de plena simetria, um em direcção ao outro,
distribuídos de forma regular no espaço da imagem, confronto de masculinidade e
feminilidade, mesmo que não seja esclarecido se pertencem mesmo a sexos opostos. A
pequena disparidade entre as dimensões dos pés, os detalhes de pele sensível (cor-de-
rosa) dos dedos dos pés que estão apontados para baixo, podem ser evidências de que se
trata de um género padrão de idealismo heterossexual, porém pressupõe-se que o
problema da SIDA é um horizonte aberto ao homossexualismo, de qualquer forma a
razão de género nesta imagem não influencia no impacto que tem como alvo o
visionador.
Apesar do carácter narrativo esta imagem não explicita uma acção de confronto homem-
mulher, pois a evidência de papel passivo e activo nesta figura não é atribuída aos
participantes representados, pois remete-se ao visionador a clara consequência de uma
situação pós acção, nomeadamente, pós sexual. Além disto os vectores reforçam o
contacto íntimo entre os dois representados, evidenciando um exemplo típico e de nossa
realidade social, o qual de modalidade mais baixa, devido à representação no vazio, de
forma genérica, um exemplo típico e não particular. Representa o perigo entre as
relações sexuais, absorvida pelo visionador qualquer seja sua classe, género, pois é um
exemplo da vida quotidiana, descontextualizado na relação espaço-tempo para o
visionador.
A imagem que representa um pedido, é um exemplo das imagens publicitárias que
buscam conscientizar o visionador para alguma situação em causa, neste anúncio, a
conscientização contra a SIDA está em causa. A imagem é convidativa devido ao tipo
de apelo que representa, um exemplo de causa-consequência no qual ainda não
havíamos analisado nas imagens anteriores. O recurso que ela utiliza é basicamente
“tenham medo disso”. Apesar da mensagem que acompanha a imagem não ser
exactamente desta maneira (There is still no cure for aids protect yourself), é de
qualquer forma um pedido para protecção nas relações sexuais. A mensagem de maior
intensidade no texto verbal é justamente a que está em negrito e por último. No fluxo de
análise verticalizada é a mais importante, e demonstra a moral de toda a imagem:
Proteja a si mesmo.
Referências bibliográficas
Kress, G., van Leeuwen, T. (1996) Reading Images, Victoria: Deakin University, pp.
43-159.
Kress, Gunther (2004) “Reading images. Representation, multimodality and the new
media” visto em
http://www.knowledgepresentation.org/BuildingTheFuture/Kress2/Kress2.html, a 14
Janeiro 2005.
Van Leeuwen, T., Jewit, C. (eds) Handbook of Visual Analysis, Londres, pp. 4-9.
Pinto-Coelho, Z.; Mota-Ribeiro, S. (2007) “Imagens publicitárias, sintaxe visual e
representações da heterosexualidade”, Comunicacion e Cidania. Social Journalism
International Review, vol. 1.
Web Sites consultados
http://amourenfuite.blogspot.com/2008/03/sida-outra-vez.html
http://commfaculty.fullerton.edu/lester/writings/writings.html
http://peernet.lbpc.ca/edombrowski/media_criticism/02dphotos.html
http://www.thebody.com/visualaids/index.html
http://www.nlm.nih.gov/exhibition/visualculture/hivaids.html
http://www.miller-mccune.com/article/aids-increases-among-young-and-old-men

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Análise visual de imagens sobre SIDA em jornais

  • 1. UNIVERSIDADE DO MINHO Unidade curricular de Análise do Discurso e da Imagem Licenciatura em Ciências da Comunicação, 2º ano Análise visual de imagens inseridas nas matérias jornalísticas sobre SIDA Docente: Maria Zara Simões Pinto Coelho Daniel Lima (A46523) Dennis Lima (A53394) Isabela Pimentel (E2689) Nathalie Cristina Bonome (E2750)
  • 2. Apresentação Como em qualquer tipo de imagem, as figuras que acompanham os textos jornalísticos relacionados à SIDA possuem uma grande carga ideológica. A análise de uma imagem requer a percepção de que o está sendo representado não é apenas a realidade e todas suas composições, mas sim, uma forma de exibição de um conjunto de interesses e ideologias de determinados grupos. Pode-se dizer que a textualidade se beneficia da associação com as imagens, através de uma exploração das suas diversas dimensões significantes, que não se limitam a pura representação indicial. As fotografias presentes junto com os textos são trabalhos jornalísticos e, como tal, não reproduzem fielmente a realidade; ou seja, ocorre um acréscimo de significados diferentes do que uma simples representação do real. No caso específico de imagens ligadas a notícias e reportagens sobre a SIDA, há uma série de peculiaridades que reforçam ideologias e estereótipos nas fotografias. Em todos os jornais analisados, não há a presença de seropositivos nas imagens: em sua maior parte, os indivíduos infectados pelo vírus aparecem como atores coadjuvantes em um contexto em que o ator principal não é seropositivo. A análise e a visualização específica dos participantes de uma imagem jornalística são fundamentais para a compreensão da mensagem visual que se quer transmitir aos leitores. Estudos de Kress e van Leeuwen abordam, por exemplo, a temática da proxémica como aspecto importante dos indícios transmitidos pelas fotografias. Os autores classificam as distâncias sociais como íntima (visualização apenas da cabeça ou rosto), pessoal (onde predomina imagens do tronco de determinada pessoa), social (mostra as pessoas em sua totalidade ou no espaço ao seu redor) e distância pública (onde vê-se ao menos quatro ou cinco pessoas). Os portadores de VIH/SIDA são muitas vezes representados em peças jornalísticas que focam assuntos relacionados a experiências, formas de vida ou problemas que esses indivíduos enfrentam. Além disso, a veiculação de imagens de infectados pelo vírus confere à publicação maior interesse humano e curiosidade por parte do público: a SIDA ainda hoje é um tema debatido com alto teor de preconceito e curiosidade. A maior parte dos portadores do VIH/SIDA retratados em imagens são crianças, bebés e pessoas debilitadas, em estágio avançado da doença. No caso das crianças e bebés, estes aparecem cercados de pessoas mais velhas e não há visualização
  • 3. dos rostos. As pessoas em estágio avançado da doença geralmente surgem com sinais evidentes de saúde debilitada (com machas pelo corpo, em cadeira de rodas ou deitados) e em hospitais, com feições de dor e sofrimento, cercados por amigos e parentes. Tais fotografias adquirem um valor-noticia muito elevado quando testemunham um evento dramático e não usual. Roland Barthes insere esse tipo de imagem na categoria da “foto-choque, ou seja, a fotografia que se torna notícia, sobre a qual não há nada a dizer”. No que diz respeito à análise específica das imagens relacionadas com a temática do comportamento (tema escolhido pelo grupo como alvo do presente estudo), pode-se classificá-las em duas primeiras categorias: fotografias e figuras (desenhos). Além disso, o grupo optou por analisar somente as imagens que continham pessoas (em fotografias ou mesmo sob a forma de desenhos). A seguir serão demonstradas as particularidades de cada imagem, bem como uma classificação das figuras dentro dos aspectos e conceitos estudados por Van Leeuwen. Análise visual Neste trabalho, optamos por analisar as imagens presentes nas matérias jornalísticas sobre SIDA. Selecionamos as imagens do tema que, de forma quantitativa, foi o mais abordado nos jornais: Comportamento. Em seguida separamos as que possuiam participantes humanos e que se enquadravam no nosso modelo de análise. As imagens de 1 a 6 são as escolhidas através de fenómenos noticiosos extraídos de nossa grelha de análise quantitativa. Além disso, acrescentamos 2 imagens adicionais provenientes de publicidade relacionada com a SIDA para fazer uma análise qualitativa. Imagem 1 (Ver anexo 1) Universitários com dúvidas sobre VHI: Um em dez estudantes crê que pílula é eficaz contra DST (Fonte: Metro, 13.03.2008)
  • 4. • De acordo com a função ideacional Imagem conceptual ( os participantes são representados em termos de classe). O que é mostrado é um evento, uma situação. Participantes representados de forma genérica. Juntos fazem parte de um todo maior, um grupo, categoria (estudantes universitários). Processo simbólico atributivo (Posam para o visionador, não estão envolvidos em uma situação). • De acordo com a função interacional Participantes representados, ou seja, é sobre eles que se produz uma representação, uma imagem. Distância pública (entre estranhos) e distancia pessoal afastada ( da cintura para cima) Plano afastado Imagem objectiva – imagem revela apenas uma situação de convívio em um ambiente universitário, aparentemente uma cena comum, o produtor da imagem parece não levar em consideração as expectativas do visionador, representa apenas o momento, não houve preparação prévia dos participantes representados. Angulo Frontal: O visionador se vê fazendo parte do mundo dos representados (Universitários) A narrativização da imagem subjetiva deriva da posição do visionador e de seu envolvimento com a cena, através do espaço que ela ocupa, da forma com que é vista. Modalidade alta - monocromático, continuidade da cor preta, sugere uma intemporalidade, apesar de baixar a modalidade, esta ainda resiste a fazer parte do mundo real representativo. Contextualização: Trata-se do meio universitário. Codificação – Abstrata (reduz o individual ao geral) • De acordo com a função composicional: Os personagens encontram-se no mesmo plano, o que sugere uma igualdade entre eles, não há hierarquia entre homem e mulher, entretanto, é revelado um maior grau de importância aos dois que ocupam o primeiro plano. Os participantes do fundo são representados de forma genérica, enquanto grupo. O agrupamento dos personagens é feito pela continuidade da saturação da cor preta ( cor do traje universitário), o que permite identificá-los de forma coerente. Imagem 2
  • 5. (Ver anexo 2) Um em cada 10 universitários de Coimbra acha que a pílula protege da SIDA (Fonte: Meia Hora, 13.03.2008) • De acordo com a função ideacional: Imagem Narrativa – Conta uma história. Identificamos, que, como se trata de um tipo de imagem em sequência como um storyboard, os vectores já estão implícitos para a percepção do visionador. Os participantes são representados, as ações são transitivas unidirecionais, uma pessoa age sobre a outra, no caso, o homem desempenha o papel de ator, dele parte o vetor do ação. Reação transitiva, envolve dois participantes. Circunstância de local – o ambiente é desenhado, o background é branco, não despertando qualquer tipo de atenção quando contrastado com o foreground. • De acordo com a função interacional Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é um mero observador do que se passa na história. Participantes representados, distância social próxima, plano afastado, imagem subjectiva, ângulo frontal. Ocorre narrativização da imagem subjectiva por que neste caso a imagem possibilita múltiplas interpretações por parte do visionador. A cor do background é sempre a mesma ( branco). Apesar de exibir máxima saturação e modulação de cor, , se trata de uma imagem em desenho quadro a quadro, logo, sua modalidade é baixa, é uma representação pouco real. Contextualização: Por aparecerem no vazio, os personagens representados são genéricos, não estando ligados a um local e tempo específicos. • De acordo com a função composicional Layout: A imagem é uma narrativa quadro a quadro e portanto, a ordem de colocação de cada cena guia o percurso de leitura. Além disso, pode-se perceber que esta estrutura guia o visionador para uma dada ordem; no topo temos a consequência, ou o resultado da narrativa, e em sua base, a idéia inicial. Os quadros estão na lógica inversa, do resultado para a ação que a originou. Contudo, a legenda na base da imagem está na zona que faz parte do espaço real, possibilitando pensar acerca do real sentido dos desenhos, que podem fazer parte do espaço ideal. Saliência: Os elementos ( homem e mulher) possuem o mesmo tamanho físico e peso visual, o que confere –lhes idéia de igualdade.
  • 6. Imagem 3 (Ver anexo 3) Seis mil jovens por dia contraem o vírus da SIDA (Fonte: Jornal de Notícias 31.12.2007) • De acordo com a função ideacional: Imagem narrativa, com os vectores (representados pelas mãos dos dois participantes interactivos) apontados para o centro. Ocorre uma acção transitiva bidirecional, já que a relação entre os dois é representada como uma transação. Os participantes da acção nesse caso são três: as duas mãos que distribuem os preservativos e a mão que os recebe. São actores e apresentam-se como elementos mais salientes na imagem, dominam o foreground. No que diz respeito às circunstâncias de local, os participantes no foreground sobrepõem-se e obscurecem a maior parte do ambiente (que está menos focado e possui tons escuros). • De acordo com a função interacional: Na função interacional, pode-se dizer que os participantes são interativos, cuja interação é directa e imediata. Na análise da dimensão interacional das imagens, chega- se a conclusão de que a imagem representa uma distância pessoal afastada, na qual os participantes tocam as mãos e os dedos um dos outros. Vale lembrar que a fotografia não mostra o restante dos corpos dos actores, mas sim um enquadramento close up das mãos e da acção principal.
  • 7. Levando em consideração a perspectiva, a imagem classifica-se como subjectiva, já que é escolhido um ponto de vista para quem visualiza a imagem. O ângulo em que foi tirada a fotografia é frontal, o que transmite a idéia de envolvimento máximo do que é mostrado na imagem com o visionador. A modalidade da imagem é alta. Apesar da saturação das cores ser baixa (matiz meio apagada), a fotografia possui um aspecto aproximado da realidade, contudo, no efeito com baixa tonalidade nas cores, revela uma pequena fuga da realidade a tratar-se de ambiente nulo e um contexto atemporal. • De acordo com a função composicional: O layout da fotografia coloca em posição central justamente um dos símbolos mais importantes da imagem: os preservativos. A colocação desse elemento significativo no centro da imagem confere uma importância especial a esse símbolo, já que abrange uma área de extrema evidência no campo visual. No contexto da saliência os dedos e os preservativos apresentam maior tamanho, enfoque e localização no campo visual. O ponto de equilíbrio da fotografia são os preservativos, uma vez que o restante da situação retratada gira em torno deles. O enquadramento da imagem dá-se de forma e evidenciar o ato do contato das mãos (e passagem dos preservativos), excluindo o contexto em que ocorre tal situação. O percurso da leitura ocorre da esquerda para direita, a partir das mãos que dão os preservativos para a mão que recebe. Imagem 4 (Ver anexo 4) Os invisíveis
  • 8. ( Fonte: Diário de Notícias 25.11.2007) • De acordo com a funçao ideacional - Imagem narrativa, conta com a presença de vectores. As linhas ligam as mãos do personagem ao preservativo, indicando o “fazer” de uma ação, são os padrões vectoriais narrativos. O ator é o homem, o alvo é o preservativo. Os participantes são representados, ação transitiva unidirecional onde possui apenas um participante que age sobre um objeto, no caso concreto, o preservativo. O homem desempenha o papel de ator, enquanto o alvo da ação é o preservativo; A reação é não transitiva, a imagem possui um só participante, o visionador não é capaz de afirmar para onde ele olha. Circunstância de local – o backround é formado por tons escuros, o que se refere a condição dos idosos na sociedade O foreground é marcado pela presença do personagem, em primeiro plano. O ambiente é formado com cores que tendem para um mesmo tom. • De acordo com a função interacional Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é mero observador da cena que se passa. O participante representado não olha directamente para o visionador. Distância pessoal próxima – O visionador pode ver a cabeça e os ombros do participante e como não há nenhum elemento no fundo, a ênfase é no personagem. O ângulo é oblíquo, o visionador não faz parte da experiência do participante representado, apenas a observa como algo com o qual não está envolvido. Plano longo – mostra a pessoa de forma impessoal, sendo o outro. Imagem subjectiva – A imagem é fruto de uma escolha, impõe um ponto de vista pré- determinado ao visionador. Sugere uma narrativização subjectiva através de um ângulo oblíquo, como se o visionador pudesse ver a ação do participante representado, sem ser visto. A modalidade é alta, isso é garantido pela continuidade de tons escuros no fundo e pela harmonia entre as cores da roupa do personagem. A cor preta é um elemento que reforça a condição do idoso, dá-lhe um aspecto pesado, triste. Além disso, o jogo de sombras na face do senhor dá ainda mais destaque à sua expressão facial. Contextualização – O participante encontra-se em um cenário em tons escuros, o que indica sua condição, seu estado: o abandono. Isso tem relação direta com a vida dos idosos portadores de SIDA. • De acordo com a função composicional:
  • 9. Layout – A imagem é narrativa, a posição do corpo do personagem e sua expressão facial reforçam a situação que a imagem representa: a vida dos idosos com SIDA. A sensação de abandono torna-se evidente pela continuidade de tons escuros, pelo fato de o idoso estar em primeiro plano e pelo próprio vetor formado pela sua postura, curva. Seu olhar para baixo, sems sabermos ao certo para onde, indica que está de cabeça baixa, envergonhado por ter um preservativo na carteira, como se sentisse marginalizado por realizar tal ação, buscando assim, se esconder, não querer que seu olhar nem seu rosto sejam vistos pelo visionador. A saliência dada ao personagem através da continuidade das cores escuras (nas vestes) e tons pastéis ( ao fundo) faz com que o personagem ganhe peso visual, destaque na cena. Sua posição curvada acentua sua condição submissa. O jogo de sombra e luz faz com que a figura do idoso ganhe mais dramaticidade. A hipérbole é um dos elementos salientes da imagem, percebe-se que foi proposital a ênfase dada às marcas da velhice como rugas na face, nas mãos, além do tamanho exagerado, o que torna o vector presente nas mãos mais evidente. A presença da bengala é um elemento da composição que reforça a idéia de velhice, e a posição da bengala segue a do corpo do personagem, acentuando ainda mais seu estado. O processo de leitura se faz obdecendo aos critérios já conhecidos. Na parte inferior temos a situação real do idoso, abandonado, como se realizasse a ação sem querer ser visto. Imagem 4.1 (Ver anexo 4.1) Os invisíveis ( Fonte: Diário de Notícias 25.11.2007) • De acordo com o nível ideacional: A imagem é narrativa, pois contém vetores e conta uma pequena cena, ação a se desenrolar diante dos olhos do visionador. Os participantes são interactivos, representam uma cena real, pessoas que desempenham ações, pertencem à determinadas classes sociais. Ação transitiva bidirecional – um participante age sobre o outro. O senhor representa papel de ator ao olhar para o casal. A mulher e o homem possuem posições ambíguas,
  • 10. alternando-se como ator e alvo. Ao mesmo tempo que a mulher é “segurada e beijada” pelo homem, ou seja, sofre a ação, também o beija e segura seu pescoço, com papel ativo. O mesmo acontece com o homem, que, se por um lado é beijado, por outro segura e acaricia a mulher. Em relação ao idoso, a ação do casal é não transitiva, ele apenas os vê, de longe, o senhor não interage diretamente com eles. Por outro lado, a reações do homem e da mulher podem ser classificadas com transitivas bidirecionais. A circunstância é de local, percebe-se que há um contraste entre o primeiro plano onde fica o casal e o fundo, onde está o idoso. O fundo ajuda a caracterizar a cena, com cores em tons pastéis ao fundo e mais fortes no foreground. • De acordo com o nível interacional: Imagem oferta, os participantes se mostram, o visionador vê mas não pode ser visto. Distância social afastada Plano longo Imagem objectiva – mostra uma cena, uma acção real que poderia estar a acontecer em um parque, algo que faz parte da experiência que o visionador tem do mundo, sua relação com o real observável. Ângulo frontal – O que o visionador vê faz parte do mundo, é algo real com o qual ele pode ter contato, vivenciar, de facto. A perspectiva é acentuada pela posição do banco na diagonal, o que confere à cena uma tridimensionalidade, maior profundidade de campo. A modalidade é baixa, dado o forte constraste entre as cores do background ( mais claras) e a do foreground ( mais escuras, opacas). Além disso, a saliência de algumas partes do corpo dos personagens acentua seu caráter de irreal, por exemplo, a desproporção de suas formas, além do fato de, para acentuar o envolvimento amoroso, o produtor da imagem ter “fundido” o corpo da mulher com a imagem do homem, como se não houvesse separação nítida entre eles. A contextualização é feita através da presença de elementos que remetem ao espaço onde se dá a ação; um parque (banco, árvores), uma cena tipicamente urbana. • De acordo com o nível composicional O layout é formado pela presença dos namorados em primeiro plano e do idoso ao fundo, os primeiros são os agentes, foco do olhar do idoso, que, ao fundo, apenas observa, sem ser visto. Mas o olhar do idoso forma um vetor que incide sobre a ação do casal. O equilíbrio visual se dá entre as proporções e tamanhos físicos dos personagens, igualmente exagerados com objetivos estilísticos, para dar-lhes destaque. Os vetores estão presentes na ação do casal, no olhar do idoso e na postura corporal do mesmo. Há um enquadramento do real, da cena observada, a partir de uma ótica subjetiva. Imagem 4.2
  • 11. (Ver anexo 4.2) Os invisíveis ( Fonte: Diário de Notícias 25.11.2007) • De acordo com a função ideacional: Imagem narrativa, conta com a presença de vetores, na mão do personagem. O ator é o homem, o alvo é o preservativo. Ação transitiva unidirecional– possui apenas um participante que age sobre um objeto, no caso concreto, o preservativo. O homem desempenha o papel de ator, enquanto o alvo da ação é o preservativo; A reação é não transitiva, a imagem possui um só participante, o visionador não é capaz de afirmar para onde ele olha. Circunstância de local – O background é formado por tons escuros, o que se refere a condição dos idosos na sociedade, remete à idéia de abandono, tristeza. O foreground é marcado pela presença do personagem, em primeiro plano. O ambiente é formado com cores que tendem para um mesmo tom. • De acordo com a função interacional Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível”, é mero observador da cena que se passa. O participante representado não olha diretamente para o visionador. Distância íntima – O visionador pode ver apenas as mãos do participante representado. Ângulo: O ângulo é frontal, o visionador pode observar a ação e sentir como se ela estivesse próxima ao seu mundo, em sua esfera do real. Plano: close up – O foco é no ato que o participante representado desempenha, ou seja, guarda o preservativo na carteira. Imagem subjectiva: A imagem é fruto de uma escolha, impõe um ponto de vista pré- determinado ao visionador. Modalidade: Já neste aspecto, a modalidade torna-se mais baixa, o tamanho exagerado das parte do corpo do personagem reduz a modalidade, além disso, a imagem trata-se de um desenho. A cor preta é um elemento que reforça a condição do idoso, dá-lhe um aspecto pesado, triste. Além disso, o jogo de sombras na face do senhor dá ainda mais destaque à sua expressão facial. • De acordo com a função composicional: Layout: A imagem é narrativa. A posição das mãos do personagem indicam que está a realizar uma ação. Saliência: A saliência dada às mãos do através da continuidade das cores escuras (nas vestes) e tons pastéis ( ao fundo) faz estas ganhem peso visual e destaque na cena. Sua
  • 12. posição curvada acentua sua condição. O jogo de sombra e luz faz com que ela ganhe volume, destaque. A hipérbole é um dos elementos salientes da imagem, percebe-se que foi proposital, como no tamanho exagerado das mãos, o que torna os vectores presentes mais evidentes. Percurso da leitura: O processo de leitura se faz obdecendo os critérios já conhecidos. Na parte inferior temos a situação real do idoso, abandonado, como se realizasse a ação sem querer ser visto. Imagem 5 (Ver anexo 5) Aumento da incidência nos idosos: um em cada oito infectados com SIDA (Fonte: O Primeiro de Janeiro 15.05.2007) • De acordo com a função ideacional: Imagem narrativa, os participantes são representados, acção transitiva unidirecional. A mulher representa de onde parte o vetor, ela executa a ação e o braço do homem é o alvo, ou seja, onde ação é executada. A reacção é transitiva, a mulher desempenha o papel de reactor, é o participante que olha, ao passo que o homem, representa o fenómeno. Circunstância de lugar – O instrumento usado no processo da ação é a seringa. Não há um vector claro entre instrumento e utilizador. • De acordo com a função interacional Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é mero observador da cena que se passa. Distância pessoal próxima; Plano: Close up Imagem objectiva: mostra uma cena real que se passa no contexto hospitalar, não é produzida pensando no que despertar no visionador, apresenta-se apenas como “flagrante” de algo que estava acontecendo em dado momento, não tendo como principal prioridade a estética, não da margem para imaginação, sendo que apenas reflete uma circunstância medica, consequência do grupo alvo (idosos).
  • 13. Sugere uma narrativização objectiva através de um ângulo frontal, ou seja, que está orientado para uma ação que não dá margens para outra perspectiva. Modalidade alta, apesar de ser uma figura monocromática, considerando-se novamente o contexto da imagem. Contextualização: Trata-se de um ambiente hospitalar, onde elementos visuais reforçam as características aos quais o local é associado. • De acordo com a função composicional: Layout: A imagem é narrativa. Sua parte superior representa o aspecto ideal (ação que deve fazer parte do mundo do visionador) enquanto na base, (legenda) é representado o lado informativo, factual ( problemática do tema). Além disso, na legenda há uma divisória ( texto dentro de um retângulo de cor preta), para indicar separação entre o real e o ideal. Saliência: Os elementos ( homem e mulher) estão localizados, cada um em um lado extremo da imagem, mas, enquanto é dado maior espaço à mulher, o homem pouco aparece, tendo parte de sua face recortada, quase como se estivesse em segundo plano. Vale destacar também que as linhas dos vetores formam um ponto de intersecção em “V” no centro da imagem, direcionando o olhar do visionador. Percurso da leitura: O trajeto do leitor é feito da esquerda para a direita, do ator para o alvo, ou seja, da mulher que aplica a injecção para o homem, sujeito paciente que a recebe. A forma como os vetores da imagem se direcionam levam o visionardor a centrar-se no impacto da acção representada e logo a seguir, para o texto verbal contido na legenda. Imagem 6 (Ver anexo 6) Entre 10 e 15 por cento das pessoas com SIDA têm mais de 50 anos (Fonte: Público 15.05.2007) • De acordo com a função ideacional
  • 14. Imagem conceptual, não possui vector e os participantes são representados em termos de classe, idosos. O que é mostrado é uma situação, não uma ação. Participantes representados de forma genérica, não possuem identidade definida nem estão ligados a um contexto específico. Processo simbólico atributivo – os participantes representados posam para o visionador, em vez de serem mostrados envolvidos em determinado contexto, situação, apenas estão lá, não possuindo uma postura que possa ser considerada como narrativa. • De acordo com a função interacional: Participantes representados: A imagem é uma oferta, os participantes aparecem como pertencentes a um tipo de categoria, de forma impessoal. O modo como o visionador observa é um tipo de contemplação do ambiente dos personagens representados. Distância: social afastada (pessoas), pois vemos o corpo todo dos personagens, a ênfase dada é ao espaço em torno deles. Plano: Longo, mostra os personagens de forma impessoal, distância que não afeta o visionador. Imagem subjectiva – mostrado a partir de um ponto de vista imposto. Na produção da imagem, nota-se que houve uma preocupação estética, um planeamento prévio nas escolhas como ângulo, posição dos personagens, o que gera no visionador muitas maneiras de interpretar e formas de se relacionar com a imagem. Angulo horizontal: A escolha deste ângulo faz com que haja um envolvimento maior do visionador com os participantes e o ambiente representados. Modalidade alta: A cena é próxima ao real, as cores ressaltam o céu azul, ampla visão de horizonte, não apresenta desfoque no ambiente, é contextualizado, ele faz parte da realidade. Codificação – Abstrata , pois reduz o individual ao geral, o enfoque da imagem é o ambiente e não algum representante activo. • De acordo com a função composicional: Layout: A imagem é conceptual. O grande espaço concedido ao céu nesta imagem deixa claro a concepção do ideal (parte superior) e do real (a parte inferior). A disjunção da linha horizontal delimita bem através das cores a separação entre os dois planos da composição espacial. Saliência: Os elementos ( homem e mulher) se localizam em um dos extremos do campo visual, percebe-se assim que seu peso visual é reduzido em comparação ao ambiente. Além disso, devido à posição dos idosos na imagem, através da hierarquia de assimetria, a importância dada a eles é reduzida, considerando os fluxos cima -> baixo, esquera -> direita.
  • 15. Equilíbrio: Quanto ao centro de equilibrio, avalia-se essa imagem como aberta à reflexão, aparenta dar ênfase à paisagem considerando o “vazio” como mensagem central, uma metáfora para a condição dos idosos que vivem com SIDA. Vectores: As linha representadas nesta imagem podem ser consideradas como a do horizonte e a do gramado, sendo que ambas horizontalmente ligam à figura dos idosos, presente no canto esquerdo. Percurso da leitura: Da mesma maneira quen os vetores são representados, estes determinam o processo de leitura da imagem por parte do visionador, ou seja, a parte superior representa o “ideal” e inferior “o mundo real”em que vivem os idosos portadores de SIDA. IMAGEM EXTRA 1 (Ver anexo Imagem extra 1) ( Fonte: http://amourenfuite.blogspot.com/2008/03/sida-outra-vez.html) Antes de realizar uma análise qualitativa desta imagem, é necessário esclarecer que se trata de uma imagem publicitária, produzida no contexto de uma campanha de prevenção da SIDA, em defesa do uso de preservativos. A imagem é narrativa ( conta com a presença de vetores) e apela para um discurso de heterossexualidade, perceptível através da relação entre os participantes representados. O contexto deste anúncio indica tipicamente o casal heterossexual: o homem e a mulher em contexto amoroso. O homem, forte, dominador, viril, simboliza o poder, a ação, o papel ativo na cena, enquanto a mulher, apenas sofre a ação, é o elemento passivo. Pode-se assim, classificar a imagem como ação transitiva bidirecional – homem e mulher são ator e alvo ao mesmo tempo e suas reações são transitivas. A circunstância representada, de local, é reforçada pelo background, formado por tons escuros, pouca iluminação, enquanto o foreground é marcado pela presença de cores mais claras, o que dá destaque à cama, local onde se passa a ação dos participantes. O ambiente é formado com cores que tendem para um mesmo tom. Trata-se uma imagem oferta, o visionador “invisível” é mero observador da cena que se passa, o visionador, de longe, vê tudo que acontece no contexto apresentado. Além
  • 16. disso, os participantes representados não olham diretamente para o visionador e este último pode ver os participantes por inteiro. Por ser uma peça publicitária, a produção da imagem não é neutra, sendo fruto das escolhas de seu produtor. O ângulo é oblíquo e faz com que os visionadores sejam ‘testemunhas’ da ação, ao passo que o plano longo, mostra os participantes de forma impessoal, sendo o outro. A imagem sugere uma narrativização subjectiva através de um ângulo oblíquo, como se o visionador pudesse ver a ação do participante representado, sem ser visto. Sua modalidade é alta, isso é garantido pela continuidade de tons escuros no fundo e pela harmonia entre as cores dos lençóis e das cortinas. Porém, o fato de, propositalmente os personagens não terem cabeça, torna-os irreais, reduzindo assim a modalidade. No que tange à contextualização, os participantes encontram-se em um cenário com luz em penunbra, o que reforça a atmosfera intimista, como um quarto de hotel luxuoso. A saliência é dada ao personagens através da continuidade das cores escuras (no lençol e cortinas) e tons pastéis ( ao fundo). A continuidade de cor em tons que se aproximam do dourado reforça o status dos participantes (detentores de capital e privilegiada posição social), já estão em um lugar de luxo.O jogo de luz e sombra em seus corpos reforça seu caráter real, aumentando sua presença cênica e peso visual. As marcas no lençol reforçam a idéia de virilidade do homem, ele atua, gera impacto, deixa sua “marca”, enquanto a mulher (alvo) está sob ele, em posição passiva. A posição da cama alarga a profundidade do campo, dando uma maior dimensionalidade à cena. O encontro entre as linhas horizontal do chão e vertical da parede ampliam o espaço, aumentam a profundidade do quarto e o enquadramento dá foco à ação dos personagens, que estão em primeiro plano. Os vectores se concentram nos braços abertos do homem sob a cama e nas pernas da mulher fechadas ao redor da cintura masculina. Um facto que merece destaque é a relação entre a legenda e a figura: “Esquecimento é contagioso”. Percebe-se que, na ação, os personagens não possuem cabeça, ou seja, estão em um contexto de relação sexual sem razão, correndo risco, pois não usam preservativo. Essa ausência de “cabeça”(símbolo da razão) os torna irreais, mas ao mesmo tempo, a cena é realista, pois os personagens estão inseridos em um contexto real. Esse contraste é proposital e reforça o conteúdo da mensagem publicitária para a utilização de preservativos, para impedir o contágio com SIDA em relações em que se esquece do uso do preservativo. Imagem extra 2 (Ver anexo Imagem Extra 2)
  • 17. (Fonte: http://www.miller-mccune.com/article/aids-increases-among-young-and-old-men) O contexto desta imagem publicitária é representado de forma clara, ligado à sexualidade, enquanto os vectores narrativos representam a acção do acto sexual com a contrastação dos problemas acarretados pelo sexo não seguro, relação causa consequência. Quanto ao peso visual e sua posição de plena simetria, um em direcção ao outro, distribuídos de forma regular no espaço da imagem, confronto de masculinidade e feminilidade, mesmo que não seja esclarecido se pertencem mesmo a sexos opostos. A pequena disparidade entre as dimensões dos pés, os detalhes de pele sensível (cor-de- rosa) dos dedos dos pés que estão apontados para baixo, podem ser evidências de que se trata de um género padrão de idealismo heterossexual, porém pressupõe-se que o problema da SIDA é um horizonte aberto ao homossexualismo, de qualquer forma a razão de género nesta imagem não influencia no impacto que tem como alvo o visionador. Apesar do carácter narrativo esta imagem não explicita uma acção de confronto homem- mulher, pois a evidência de papel passivo e activo nesta figura não é atribuída aos participantes representados, pois remete-se ao visionador a clara consequência de uma situação pós acção, nomeadamente, pós sexual. Além disto os vectores reforçam o contacto íntimo entre os dois representados, evidenciando um exemplo típico e de nossa realidade social, o qual de modalidade mais baixa, devido à representação no vazio, de forma genérica, um exemplo típico e não particular. Representa o perigo entre as relações sexuais, absorvida pelo visionador qualquer seja sua classe, género, pois é um exemplo da vida quotidiana, descontextualizado na relação espaço-tempo para o visionador. A imagem que representa um pedido, é um exemplo das imagens publicitárias que buscam conscientizar o visionador para alguma situação em causa, neste anúncio, a conscientização contra a SIDA está em causa. A imagem é convidativa devido ao tipo de apelo que representa, um exemplo de causa-consequência no qual ainda não havíamos analisado nas imagens anteriores. O recurso que ela utiliza é basicamente “tenham medo disso”. Apesar da mensagem que acompanha a imagem não ser exactamente desta maneira (There is still no cure for aids protect yourself), é de qualquer forma um pedido para protecção nas relações sexuais. A mensagem de maior intensidade no texto verbal é justamente a que está em negrito e por último. No fluxo de análise verticalizada é a mais importante, e demonstra a moral de toda a imagem: Proteja a si mesmo. Referências bibliográficas Kress, G., van Leeuwen, T. (1996) Reading Images, Victoria: Deakin University, pp. 43-159. Kress, Gunther (2004) “Reading images. Representation, multimodality and the new media” visto em http://www.knowledgepresentation.org/BuildingTheFuture/Kress2/Kress2.html, a 14 Janeiro 2005. Van Leeuwen, T., Jewit, C. (eds) Handbook of Visual Analysis, Londres, pp. 4-9.
  • 18. Pinto-Coelho, Z.; Mota-Ribeiro, S. (2007) “Imagens publicitárias, sintaxe visual e representações da heterosexualidade”, Comunicacion e Cidania. Social Journalism International Review, vol. 1. Web Sites consultados http://amourenfuite.blogspot.com/2008/03/sida-outra-vez.html http://commfaculty.fullerton.edu/lester/writings/writings.html http://peernet.lbpc.ca/edombrowski/media_criticism/02dphotos.html http://www.thebody.com/visualaids/index.html http://www.nlm.nih.gov/exhibition/visualculture/hivaids.html http://www.miller-mccune.com/article/aids-increases-among-young-and-old-men