1. Texto Base
A CIÊNCIA, O BEM E O MAL
Em 1818, com apenas 21 anos, Mary Shelley publicou o grande clássico da literatura
gótica, Frankenstein ou o Prometeu Moderno. O romance conta a história de um
doutor genial e enlouquecido, que queria usar a ciência de ponta de sua época, a
relação entre a eletricidade e a atividade muscular, para trazer mortos de volta à vida.
Duas décadas antes, Luigi Galvani havia demonstrado que a eletricidade produzia
movimentos em músculos mortos, no caso em pernas de rãs. Se vida é movimento, e
se eletricidade pode causá-lo, por que não juntar os dois e tentar a ressuscitação por
meio da ciência e não da religião, transformando a implausibilidade do sobrenatural
em um mero fato científico?
Todos sabem como termina a história, tragicamente. A “criatura” exige uma
companheira de seu criador, espelhando Adão pedindo uma companheira a Deus.
Horrorizado com sua própria criação, Victor Frankenstein recusou. Não queria iniciar
uma raça de monstros, mais poderosos do que os humanos, que pudesse nos
extinguir.
O romance examina a questão dos limites éticos da ciência: será que pesquisadores
podem ter liberdade total? Ou será que existem certos temas que são tabu, que
devem ser bloqueados, limitando as pesquisas dos cientistas? Em caso afirmativo,
que limites são esses? Quem os determina?
Essas são questões centrais da relação entre a ética e a ciência. Existem inúmeras
complicações: como definir quais assuntos não devem ser alvo de pesquisa? Em
relação à velhice, será que devemos tratá-la como doença? Se sim, e se
conseguíssemos uma “cura” ou, ao menos, um prolongamento substancial da
longevidade, quem teria direito a tal? Se a “cura” fosse cara, apenas uma pequena
fração da sociedade teria acesso a ela. Nesse caso, criaríamos uma divisão artificial,
na qual os que pudessem viveriam mais. E como lidar com a perda? Se uns vivem
mais que outros, os que vivem mais veriam seus amigos e familiares perecerem. Será
que isso é uma melhoria na qualidade de vida? Talvez, mas só se fosse igualmente
distribuída pela população, e não por apenas parte dela.
Pensemos em mais um exemplo: qual o propósito da clonagem humana? Se um casal
não pode ter filhos, existem outros métodos bem mais razoáveis. Por outro lado, a
clonagem pode estar relacionada com a questão da longevidade e, em princípio ao
menos, até da imortalidade. Imagine que nosso corpo e nossa memória possam ser
reproduzidos indefinidamente; com isso, poderíamos viver por um tempo também
indefinido. No momento, não sabemos se isso é possível, pois não temos ideia de
como armazenar memórias e passá-las adiante. Mas a ciência cria caminhos
inesperados, e dizer “nunca” é arriscado.
Como se observa, existem áreas de atuação científica que estão diretamente
relacionadas com escolhas éticas. O impulso inicial da maioria das pessoas é apoiar
algum tipo de censura ou restrição, achando que esse tipo de ciência é feito a Caixa
de Pandora*. Mas essa atitude é ingênua. Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A
ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das
escolhas que fazemos.
2. MARCELO GLEISER
Adaptado de Folha de S. Paulo, 29/09/2013.
* Caixa de Pandora - na mitologia grega, artefatoque, se aberto, deixaria escapar todos os males do mundo.
Questão 01)
Em relação à polêmica abordada pelo autor, os três primeiros parágrafos atendem ao
objetivo de:
a) indicar um eufemismo
b) estabelecer uma analogia
c) expor um contra-argumento
d) apresentar uma generalização
Questão 02)
O conjunto de perguntas formuladas ao longo do texto por Marcelo Gleiser produz o
seguinte efeito de sentido:
a) levantar objeções políticas
b) reforçar convicções morais
c) debater hipóteses religiosas
d) ilustrar raciocínios investigativos
Questão 03)
Sabe-se que Mary Shelley, escritora citada no texto, viveu 53 anos. Suponha que ela
tivesse vivido até 1903. O aumento do tempo de vida da escritora, em porcentagem,
seria igual a:
a) 180
b) 150
c) 100
d) 60
Questão 04)
Admita que a atual média de vida do brasileiro é de 75 anos. Admita também que
1
3
da população consiga superar essa média, de modo que esta fração da sociedade
passa a ter média de vida igual a 90 anos, enquanto o restante da população
permanece com a média anterior. A nova média de vida de toda a população, em
anos, será de:
a) 78
b) 80
c) 83
d) 85
3. Questão 05)
O texto alude a uma situação hipotética de prolongamento substancial da longevidade.
Admitindo que essa possibilidade fosse igualmente acessível a toda a população,
seria eliminado o desequilíbrio expresso pelo seguinte indicador demográfico:
a) saldo migratório
b) renda per capita
c) razão de dependência
d) sobre mortalidade masculina
Questão 06)
Mas a ciência cria caminhos inesperados, e dizer “nunca” é arriscado. (l.31-32)
Em relação à parte inicial da frase, o trecho sublinhado expressa valor de:
a) condição
b) concessão
c) conclusão
d) conformidade
Questão 07)
Diferentemente da clonagem de animais, mencionada no texto, a clonagem de plantas
tem sido amplamente utilizada para reprodução de vegetais que apresentam
características vantajosas, como maior produtividade e resistência a pragas.
Nesse caso, a utilização da clonagem é mais indicada que a reprodução sexuada por
produzir o seguinte resultado:
a) alteração do cariótipo
b) manutenção do genótipo
c) aumento da variabilidade genética
d) desenvolvimento de novos fenótipos
Questão 08)
Após o ataque sírio que matou 87 pessoas com gás sarin, líderes mundiais
convocaram todas as nações a colaborar com a tentativa de proibir para sempre as
armas químicas. Armas químicas e biológicas são usadas desde a Antiguidade. Em
períodos de conflitos, não era incomum a contaminação de fontes de água, a
dissipação de germes de doenças e o envenenamento do ar com gases como o cloro.
Para evitar que substâncias químicas e biológicas sejam usadas criminalmente, foram
criadas a Convenção sobre Políticas de Armas Químicas e a Convenção sobre a
Proibição de Armas Biológicas e Toxínicas, dois instrumentos que proíbem o
desenvolvimento, a produção, a aquisição, a estocagem, a retenção, a transferência e
o uso desse tipo de armamento. O Brasil assinou ambas as convenções.
Adaptado de noticias.uol.com.br, 28/04/2017.
No contexto das relações internacionais contemporâneas, a continuidade do uso de
armas químicas e biológicas, mesmo diante das proibições mencionadas no texto,
4. está associada aos limites éticos entre ciência e política.
Na situação de guerra citada, os limites éticos desrespeitados estão relacionados à
seguinte estratégia:
a) agressão à população civil
b) estímulo ao alistamento militar
c) expansão do controle territorial
d) destruição da infraestrutura produtiva
Questão 09)
Para uma análise de sua capacidade de contração, uma amostra de tecido muscular,
mantido em cultura, foi submetida a uma tensão de 20 V, estabelecendo-se uma
corrente elétrica de 10 mA.
A resistência elétrica do músculo, em ohm, equivale a:
a) 2000
b) 1000
c) 200
d) 100
Questão 10)
Observe abaixo as fórmulas estruturais espaciais dos principais compostos do óleo de
citronela, produto empregado como repelente de mosquitos.
Considerando essas fórmulas estruturais, a quantidade de compostos que apresentam
isômeros espaciais geométricos é igual a:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
5. Linguagens
TEXTO:1 - Comum à questão: 1
CANÇÃO DO VER
Fomos rever o poste.
O mesmo poste de quando a gente brincava de pique
e de esconder.
Agora ele estava tão verdinho!
5 O corpo recoberto de limo e borboletas.
Eu quis filmar o abandono do poste.
O seu estar parado.
O seu não ter voz.
O seu não ter sequer mãos para se pronunciar com
10 as mãos.
Penso que a natureza o adotara em árvore.
Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos1
de passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos.
15 Mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o chão − como alguém
que procurasse o chão para repouso.
Tivemos saudades de nós.
Manoel de Barros
Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
1
arrulos − canto ou gemido de rolas e pombas
Questão 11)
O título Canção do ver reúne duas esferas diferentes dos sentidos humanos:
audição e visão.
No entanto, no decorrer do poema, a visão predomina sobre a audição.
Os dois elementos que confirmam isso são:
a) o imobilismo do poste e a saudade dos tempos passados
b) a inclinação do poste e sua adoção pela paisagem natural
c) a aparência do poste e a suposição do arrulo dos passarinhos
d) o silêncio do poste e a impossibilidade de transcrição musical
TEXTO:2 - Comum à questão: 12
É MENINA
1
É menina, que coisa mais fofa, parece com o pai, parece com a mãe, parece um
joelho, upa, 2
upa, não chora, isso é choro de fome, isso é choro de sono, isso é
choro de chata, choro de 3
menina, igualzinha à mãe, achou, sumiu, achou, não
faz pirraça, coitada, tem que deixar chorar, 4
vocês fazem tudo o que ela quer,
isso vai crescer mimada, eu queria essa vida pra mim, dormir 5
e mamar,
6. aproveita enquanto ela ainda não engatinha, isso daí quando começa a andar é
um 6
inferno, daqui a pouco começa a falar, daí não para mais, ela precisa é de
um irmão, foi só falar, 7
olha só quem vai ganhar um irmãozinho, tomara que seja
menino pra formar um casal, ela tá até 8
mais quieta depois que ele nasceu,
parece que ela cuida dele, esses dois vão ser inseparáveis, 9
ela deve morrer de
ciúmes, ele já nasceu falante, menino é outra coisa, desde que ele nasceu 10
parece que ela cresceu, já tá uma menina, quando é que vai pra creche, ela não
larga dessa 11
boneca por nada, já podia ser mãe, já sabe escrever o nomezinho,
quantos dedos têm aqui, 12
qual é a sua princesa da Disney preferida, quem você
prefere, o papai ou a mamãe, quem é 13
o seu namoradinho, quem é o seu
príncipe da Disney preferido, já se maquia nessa idade, é 14
apaixonada pelo pai,
cadê o Ken, daqui a pouco vira mocinha, eu te peguei no colo, só falta ficar 15
mais
alta que eu, finalmente largou a boneca, já tava na hora, agora deve tá pensando
besteira, 16
soube que virou mocinha, ganhou corpo, tenho uma dieta boa pra
você, a dieta do ovo, a dieta 17
do tipo sanguíneo, a dieta da água gelada, essa
barriga só resolve com cinta, que corpão, essa 18
menina é um perigo, vai ter que
voltar antes de meia-noite, o seu irmão é diferente, menino é 19
outra coisa, vai
pela sombra, não sorri pro porteiro, não sorri pro pedreiro, quem é esse menino, 20
se o seu pai descobrir, ele te mata, esse menino é filho de quem, cuidado que
homem não 21
presta, não pode dar confiança, não vai pra casa dele, homem
gosta é de mulher difícil, tem que 22
se dar valor, homem é tudo igual, segura esse
homem, não fuxica, não mexe nas coisas dele, 23
tem coisa que é melhor a gente
não saber, não pergunta demais que ele te abandona, o que24
os olhos não veem
o coração não sente, quando é que vão casar, ele tá te enrolando, morar 25
junto é
casar, quando é que vão ter filho, ele tá te enrolando, barriga pontuda deve ser
menina, 26
é menina.
Gregorio Duvivier
Folha de São Paulo, 16/09/2013.
Questão 12)
A crônica de Gregorio Duvivier é construída em um único parágrafo com uma
única frase. Essa frase começa e termina pela mesma expressão: é menina.
Em termos denotativos, a menina, referida no final do texto, pode ser
compreendida como:
a) filha da primeira
b) ideal de pureza
c) mulher na infância
d) sinal de transformação
TEXTO:3 - Comum à questão: 13
SEPARAÇÃO
1
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto
imemorialmente 2
irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à
porta sentiu que nada poderia 3
evitar a reincidência daquela cena tantas vezes
contada na história do amor, que é a história do 4
mundo. Ela o olhava com um
olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo*1
, como 5
a pedir-lhe,
ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo 6
impossível entre eles.
(...)
7. 7
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se
acariciaram ternamente 8
e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer.
Disse-lhe adeus com doçura, virou-se 9
e cerrou, de golpe, a porta sobre si
mesmo numa tentativa de secionar*2
aqueles dois mundos 10
que eram ele e ela.
Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira 11
o
espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo
o pranto 12
formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço,
como um rio que nasce.
13
Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de
sabê-la ali ao 14
lado, e dele separada por imperativos categóricos*3
de suas vidas,
não lhe dava forças para 15
desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua
amada, por quem esperara desde sempre e que 16
por muitos anos buscara em
cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que 17
o primeiro
passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria,
mesmo 18
como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada
vez mais, cada vez 19
mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma
feminina que não era nenhuma outra 20
forma feminina, mas a dela, a mulher
amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e 21
agasalhara nos
instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já
22
envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias − um ser
desligado dele 23
pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
24
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a
andar sem saber 25
para onde...
Vinícius de Morais
Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1986.
*1
anelo − desejo intenso
*2
secionar − dividir em partes
*3
categóricos − claros e explícitos
Questão 13)
No íntimo, preferia não tê-lo feito; (Ref. 2)
Embora seja narrada em terceira pessoa, a crônica apresenta ao leitor as
sensações do personagem, por meio de termos que remetem à intimidade, como
exemplificado acima.
Dois outros termos, empregados pelo narrador, que remetem ao universo interior
do personagem são:
a) sentiu (Ref. 2) − imaginá-la (Ref. 21)
b) fulguraram (Ref. 7) − acariciaram (Ref. 7)
c) Disse-lhe (Ref. 8) − abençoara (Ref. 20)
d) Sabia (Ref. 15) − distanciar-se (Ref. 18)
TEXTO:4 - Comuns às questões: 14 e 15
Fotojornalismo
1
Vem perto o dia em que soará para os escritores a hora do irreparável desastre
e da derradeira 2
desgraça. Nós, os rabiscadores de artigos e notícias, já sentimos
que nos falta o solo debaixo 3
dos pés… Um exército rival vem solapando os
alicerces em que até agora assentava a nossa 4
supremacia: é o exército dos
8. desenhistas, dos caricaturistas e dos ilustradores. O lápis destronará 5
a pena:
ceci tuera cela1.
6
O público tem pressa. A vida de hoje, vertiginosa e febril, não admite leituras
demoradas, nem 7
reflexões profundas. A onda humana galopa, numa
espumarada bravia, sem descanso. Quem 8
não se apressar com ela será
arrebatado, esmagado, exterminado. O século não tem tempo a 9
perder. A
eletricidade já suprimiu as distâncias: daqui a pouco, quando um europeu espirrar,
10
ouvirá incontinenti2 o “Deus te ajude” de um americano. E ainda a ciência
humana há de achar o 11
meio de simplificar e apressar a vida por forma tal que os
homens já nascerão com dezoito anos, 12
aptos e armados para todas as batalhas
da existência.
13
Já ninguém mais lê artigos. Todos os jornais abrem espaço às ilustrações
copiosas, que entram 14
pelos olhos da gente com uma insistência assombrosa.
As legendas são curtas e incisivas: toda 15
a explicação vem da gravura, que
conta conflitos e mortes, casos alegres e casos tristes.
16
É provável que o jornal-modelo do século 20 seja um imenso animatógrafo3, por
cuja tela vasta 17
passem reproduzidos, instantaneamente, todos os incidentes da
vida cotidiana. Direis que as 18
ilustrações, sem palavras que as expliquem, não
poderão doutrinar as massas nem fazer uma 19
propaganda eficaz desta ou
daquela ideia política. Puro engano. Haverá ilustradores para a sátira, 20
ilustradores para a piedade.
21
(...) Demais, nada impede que seja anexado ao animatógrafo um gramofone de
voz tonitruosa4, 22
encarregado de berrar ao céu e à terra o comentário, grave ou
picante, das fotografias.
23
E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas e noticiaristas, houvermos
desaparecido da 24
cena – nem por isso se subverterá a ordem social. As palavras
são traidoras, e a fotografia é fiel. 25
A pena nem sempre é ajudada pela
inteligência; ao passo que a máquina fotográfica funciona 26
sempre sob a égide5
da soberana Verdade, a coberto das inumeráveis ciladas da Mentira, do 27
Equívoco e da Miopia intelectual. Vereis que não hão de ser tão frequentes as
controvérsias…
(...)
28
Não insistamos sobre os benefícios da grande revolução que a fotogravura vem
fazer no 29
jornalismo. Frisemos apenas este ponto: o jornal-animatógrafo terá a
utilidade de evitar que 30
nossas opiniões fiquem, como atualmente ficam, fixadas
e conservadas eternamente, para 31
gáudio6 dos inimigos… Qual de vós, irmãos,
não escreve todos os dias quatro ou cinco tolices 32
que desejariam ver apagadas
ou extintas? Mas, ai! de todos nós! Não há morte para as nossas 33
tolices! Nas
bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...) catalogadas.
(...)
34
No jornalismo do Rio de Janeiro, já se iniciou a revolução, que vai ser a nossa
morte e a 35
opulência7 dos que sabem desenhar. Preparemo-nos para morrer,
irmãos, sem lamentações 36
ridículas, aceitando resignadamente a fatalidade das
coisas, e consolando-nos uns aos outros 37
com a cortesia de que, ao menos, não
mais seremos obrigados a escrever barbaridades…
38
Saudemos a nova era da imprensa! A revolução tira-nos o pão da boca, mas
deixa-nos aliviada 39
a consciência.
9. Olavo Bilac
Gazeta de Notícias , 3/0 / 90 .
1 ceci tuera cela − isto vai matar aquilo
2 incontinenti − sem demora
3 animatógrafo − aparelho que passa imagens sequenciais
4 tonitruosa − com o volume alto
5 égide − proteção
6 gáudio − alegria extremada
7 opulência − riqueza, grandeza
Questão 14)
O cinema se popularizou no Brasil depois de esta crônica ter sido escrita. Nela,
porém, o autor já antecipa o advento do novo meio de comunicação.
Um trecho que comprova tal afirmativa é:
a) E ainda a ciência humana há de achar o meio de simplificar e apressar a vida
(Refs. 10-11)
b) toda a explicação vem da gravura, que conta conflitos e mortes, (Refs. 14-15)
c) nada impede que seja anexado ao animatógrafo um gramofone de voz
tonitruosa, (Ref. 21)
d) a máquina fotográfica funciona sempre sob a égide da soberana Verdade,
(Refs. 25-26)
Questão 15)
Vereis que não hão de ser tão frequentes as controvérsias… (Ref. 27)
A previsão de Bilac sobre a diminuição das controvérsias ou polêmicas, por causa
da vitória da imagem sobre a palavra, baseia-se em uma pressuposição acerca da
maneira de representar a realidade.
Essa pressuposição está enunciada em:
a) o desenho critica o real e as palavras expressam consciência
b) a fotografia reproduz o real e as palavras provocam distorções
c) a imagem interpreta o real e as palavras precisam de inteligência
d) a fotogravura subverte o real e as palavras tendem ao conservadorismo
TEXTO:5 - Comum à questão: 16
O tempo em que o mundo tinha a nossa idade
1
Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos
improvisos. As estórias 2
dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior
que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o 3
sono lhe apagava a boca antes do
desfecho. Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. 4
Não lhe
deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita. Seu conceito era que
a morte 5
nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o
puro chão, lugar onde a 6
chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe
encostávamos na parede da casa. Ali ficava 7
até de manhã. Lhe encontrávamos
10. coberto de formigas. Parece que os insectos gostavam do suor 8 docicado do
velho Taímo. Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele.
9
− Chiças: transpiro mais que palmeira! 10
Proferia tontices enquanto ia
acordando. Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos 11
sacudia a
nós, incomodado por lhe dedicarmos cuidados.
12
Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como dormia
fora, nem dávamos 13
conta. Minha mãe, manhã seguinte, é que nos convocava:
14
− Venham: papá teve um sonho!
15
E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham
sido reveladas. 16
Taímo recebia notícia do futuro por via dos antepassados. Dizia
tantas previsões que nem havia 17
tempo de provar nenhuma. Eu me perguntava
sobre a verdade daquelas visões do velho, 18
estorinhador como ele era.
19
− Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos. 20
E assim seguia nossa
criancice, tempos afora. Nesses anos ainda tudo tinha sentido: a razão 21
deste
mundo estava num outro mundo inexplicável. Os mais velhos faziam a ponte entre
esses 22
dois mundos. (...)
Mia Couto
Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007.
Questão 16)
Este texto é uma narrativa ficcional que se refere à própria ficção, o que
caracteriza uma espécie de metalinguagem.
A metalinguagem está melhor explicitada no seguinte trecho:
a) As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o
mundo. (Ref. 1-2)
b) Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. (Ref. 12)
c) E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham
sido reveladas. (Ref. 15)
d) Nesses anos ainda tudo tinha sentido: (Ref. 20)
TEXTO:6 - Comum à questão: 17
Superman: 75 anos
1
Não era um pássaro nem um avião. O verdadeiro Superman era um pacato
contador passando 2
férias num resort*
ao norte de Nova York.
3
Joe Shuster, um dos criadores do personagem, junto com Jerry Siegel,
descansava na colônia 4
de férias quando encontrou Stanley Weiss, jovem de
rosto quadrado e porte atlético, que ele 5
julgou ser a encarnação do herói. Lá
mesmo, pediu para desenhar o moço que serviria de modelo 6
para os quadrinhos
dali em diante. Só neste ano, esses desenhos estão vindo à tona nos E.U.A., 7
como parte das atividades comemorativas dos 75 anos do personagem.
8
Embora tenha mantido a aparência de rapagão musculoso, Superman não foi o
mesmo ao longo 9
dos anos. Nos gibis, oscilou entre mais e menos sarado. Na
11. TV, já foi mais rechonchudo, até 10
reencarnar como o púbere*
Tom Welling, da
série de TV “Smallville”.
11
“Desde pequeno eu sabia que Superman não existia. Mas também sabia que
meu pai era o 12
verdadeiro Superman”, brincou David Weiss, filho do modelo do
herói, em entrevista à Folha 13
de São Paulo. Weiss cresceu comparando o rosto
do pai ao desenho pendurado na sala de casa. 14
Mas logo Joe Shuster, que foi
seu principal desenhista, acabaria cedendo espaço para novos 15
cartunistas, que
adaptaram a figura aos fatos correntes.
16
“Essa mudança é o segredo do Superman. Cada época precisa de um herói só
seu, e ele sempre 17
pareceu ser o cara certo”, diz Larry Tye, considerado o maior
estudioso do personagem. “Nos 18
anos 1930, ele tiraria a América da Grande
Depressão. Nos anos 1940, era duro com os nazistas. 19
Nos anos 1950, lutou
contra a onda vermelha do comunismo.”E foi mudando de cara de acordo 20
com a
função.
21
Invenção dos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, Superman também é visto
como um paralelo 22
da história de Moisés, a criança exilada que cresce numa
terra estrangeira e depois se apresenta 23
como um salvador. A aparência é um
misto do também personagem bíblico Sansão, do 24
deus grego Hércules e de
acrobatas de circo. Mas há quem atribua, até hoje, a dualidade do 25
personagem,
que se alterna entre o nerd*
indefeso, tímido e de vista fraca (como Joe Shuster) e
26
um super-herói possante, à origem judaica dos seus criadores.
27
“É o estereótipo judeu do homem fraco, tímido e intelectual que depois se revela
um grande 28
herói”, diz Harry Brod, autor do e-book Superman Is Jewish?
(Superman é judeu?), lançado 29
nos E.U.A. em novembro passado. “Ele é a
versão moderna de Moisés: um bebê de Krypton 30
enviado à Terra, que
desenvolve superpoderes para salvar o seu povo.”
31
Segundo Brod, a analogia é tão nítida que os nazistas chegaram a discutir a
suposta relação 32
em revistas de circulação interna do regime. Mas, para ele,
Hollywood e o tempo suavizaram o 33
paralelo, transformando Superman numa
releitura de Jesus Cristo. “Sua figura foi se tornando 34
mais cristã com o tempo”,
diz Brod. ”Não importa a religião. A ideia de um fracote que se torna 35
um herói
não deixa de ser uma fantasia universal.”
Silas Martí Adaptado de folha.uol.com.br, 03/03/20 3.
* resort − hotel com área de recreação
* púbere − adolescente
* nerd − pessoa muito estudiosa
Questão 17)
Não era um pássaro nem um avião. (Ref. 1)
A primeira frase do texto remete às perguntas feitas por personagens que
observavam intrigados o voo do Super-homem em suas muitas histórias: É um
pássaro? É um avião? Não! É o Superhomem!
Essa primeira frase configura um recurso da linguagem conhecido como:
a) ironia
b) designação
12. c) verossimilhança
d) intertextualidade
TEXTO:7 - Comum à questão: 18
Recordações do escrivão Isaías Caminha
‘1
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que
observei neles, no 2
tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante
para não os amar, nem os imitar. São em 3
geral de uma lastimável limitação de
ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher 4
fatos detalhados e
impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e 5
antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos
obsoletos e um pueril 6
e errôneo critério de beleza. Se me esforço por fazê-lo
literário é para que ele possa ser lido, pois 7
quero falar das minhas dores e dos
meus sofrimentos ao espírito geral e no seu interesse, com 8
a linguagem
acessível a ele. É esse o meu propósito, o meu único propósito. Não nego que
para 9
isso tenha procurado modelos e normas. Procurei-os, confesso; e, agora
mesmo, ao alcance 10
das mãos, tenho os autores que mais amo. (...) Confesso
que os leio, que os estudo, que procuro11
descobrir nos grandes romancistas o
segredo de fazer. Mas não é a ambição literária que me 12
move ao procurar esse
dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações. 13
Com elas,
queria modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro
modo, 14
a não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na
vida um rapaz como 15
eu e com os desejos que tinha há dez anos passados.
Tento mostrar que são legítimos e, se não 16
merecedores de apoio, pelo menos
dignos de indiferença.
17
Entretanto, quantas dores, quantas angústias! Vivo aqui só, isto é, sem
relações intelectuais de 18
qualquer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis
idiotas e um médico mezinheiro, repletos 19
de orgulho de suas cartas que sabe
Deus como tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse 20
falar neste livro -
que espanto! que sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que 21
se foi o doutor Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido de sua carta
apergaminhada, 22
nada digo das minhas leituras, não falo das minhas
lucubrações intelectuais a ninguém, e minha 23
mulher, quando me demoro
escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto:
24
- Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã!
25
De forma que não tenho por onde aferir se as minhas Recordações
preenchem o fim a que as 26
destino; se a minha inabilidade literária está
prejudicando completamente o seu pensamento. 27
Que tortura! E não é só isso:
envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me acho, em 28
que me
dispo em frente de desconhecidos, como uma mulher pública... Sofro assim de
tantos 29
modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às
vezes acordo, vem dela, 30
unicamente dela. Quero abandoná-la; mas não posso
absolutamente. De manhã, ao almoço, na 31
coletoria, na botica, jantando,
banhando-me, só penso nela. À noite, quando todos em casa se 32
vão
recolhendo, insensivelmente aproximo-me da mesa e escrevo furiosamente. Estou
no sexto 33
capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la pública, anunciar e
arranjar um bom recebimento 34
dos detentores da opinião nacional. Que ela tenha
a sorte que merecer, mas que possa também, 35
amanhã ou daqui a séculos,
despertar um escritor mais hábil que a refaça e que diga o que não 36
pude nem
soube dizer.
37
(...) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu senti lá
dentro. Eu que sofri 38
e pensei não o sei narrar. Já por duas vezes, tentei
13. escrever; mas, relendo a página, achei-a 39
incolor, comum, e, sobretudo, pouco
expressiva do que eu de fato tinha sentido.
LIMA BARRETO Recordações do escrivão Isaías Caminha.
São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010.
Questão 18)
O personagem Isaías Caminha faz críticas àqueles que ele denomina “literatos”.
No primeiro parágrafo, podemos entender que os chamados literatos são
escritores com a característica de:
a) carecer de bons leitores
b) negar o talento individual
c) repetir regras consagradas
d) apresentar erros de escrita
TEXTO:8 - Comuns às questões: 19, 20
Ciência e Hollywood
1
Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. Não
me lembro de um 2
só filme que tenha retratado isso direito. Pode ser que existam
alguns, mas se existirem não 3
fizeram muito sucesso. Sempre vemos explosões
gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir 4
ruído é necessário um meio
material que transporte as perturbações que chamamos de ondas 5
sonoras. Na
ausência de atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se
6
propagar. Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. Pelo
menos não como 7
prioridade. Seu interesse é tornar o filme emocionante, e
explosões têm justamente este papel; 8
roubar o som de uma grande espaçonave
explodindo torna a cena bem sem graça.
9
Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema
tem aquecido. O 10
sucesso do filme O dia depois de amanhã (The day after
tomorrow), faturando mais de meio bilhão 11
de dólares, e seu cenário de uma
idade do gelo ocorrendo em uma semana, em vez de décadas 12
ou, melhor ainda,
centenas de anos, levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que 13
veem as distorções com desdém e esbugalharam os olhos dos espectadores (a
maioria) que 14
pouco ligam se a ciência está certa ou errada. Afinal, cinema é
diversão.
15
Até recentemente, defendia a posição mais rígida, que filmes devem tentar
ao máximo ser fiéis à 16
ciência que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não
acredito mais que seja absolutamente 17
necessário. Existe uma diferença crucial
entre um filme comercial e um documentário científico. 18
Óbvio, documentários
devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, 19
mas
filmes não têm necessariamente um compromisso pedagógico. As pessoas não
vão ao 20
cinema para serem educadas, ao menos como via de regra.
21
Claro, filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor
cultural. Outros 22
educam as emoções através da ficção. Mas, se existirem
exageros, eles não deverão ser 23
criticados como tal. Fantasmas não existem,
mas filmes de terror sim. Pode-se argumentar que, 24
no caso de filmes que
versam sobre temas científicos, as pessoas vão ao cinema esperando uma 25
ciência crível. Isso pode ser verdade, mas elas não deveriam basear suas
conclusões no que diz 26
o filme. No mínimo, o cinema pode servir como
mecanismo de alerta para questões científicas 27
importantes: o aquecimento
14. global, a inteligência artificial, a engenharia genética, as guerras 28
nucleares, os
riscos espaciais como cometas ou asteroides etc. Mas o conteúdo não deve ser 29
levado ao pé da letra. A arte distorce para persuadir. E o cinema moderno, com
efeitos especiais 30
absolutamente espetaculares, distorce com enorme facilidade
e poder de persuasão.
31
O que os cientistas podem fazer, e isso está virando moda nas universidades
norte-americanas, 32
é usar filmes nas salas de aula para educar seus alunos
sobre o que é cientificamente correto 33
e o que é absurdo. Ou seja, usar o cinema
como ferramenta pedagógica. Os alunos certamente 34
prestarão muita atenção,
muito mais do que em uma aula convencional. Com isso, será possível 35
educar a
população para que, no futuro, um número cada vez maior de pessoas possa
discernir 36
o real do imaginário.
MARCELO GLEISER Adaptado de www1.folha.uol.com.br.
Questão 19)
Ao longo do texto, o autor procura evitar generalizações, admitindo, após algumas
conclusões, a possibilidade de exceções.
Essa atitude do autor está exemplificada em:
a) Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. (Ref. 3)
b) Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema
tem aquecido. (Ref. 9)
c) Óbvio, documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e
divertindo a população, (Ref. 18)
d) As pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via de
regra. (Ref. 19-20)
Questão 20)
Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser criticados como tal. (Refs. 22-
23)
Esta afirmação, embora pareça contraditória, sugere um elemento fundamental
para a compreensão do ponto de vista do autor.
O fragmento que melhor sintetiza o ponto de vista expresso pela frase citada é:
a) Até recentemente, defendia a posição mais rígida, (Ref. 15)
b) filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural.
(Ref. 21)
c) A arte distorce para persuadir. (Ref. 29)
d) Os alunos certamente prestarão muita atenção, (Ref. 33-34)
TEXTO:9 - Comum à questão: 21
Memórias do cárcere
Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos −
e, antes de começar, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não
conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do
15. tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta
narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas 5
forças, esperei que
outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante
se verá. Também me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem
disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las,
dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas teria eu o
direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se
se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo 10
palavras
contestáveis e obliteradas?
(...)
O receio de cometer indiscrição exibindo em público pessoas que tiveram comigo
convivência forçada já não me apoquenta. Muitos desses antigos companheiros
distanciaram-se, apagaramse. Outros permaneceram junto a mim, ou vão
reaparecendo ao cabo de longa ausência, alteramse, completam-se, avivam
recordações meio confusas − e não vejo inconveniência em mostrá-los.
(...)
15
E aqui chego à última objeção que me impus. Não resguardei os apontamentos
obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto fui
obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer falta, mas terá sido uma
perda irreparável? Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse
material. Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada instante,
mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, quantas
demoradas 20
tristezas se aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das
folhas que tombavam das árvores, num pátio branco, a forma dos montes verdes,
tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso?
Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. E se esmoreceram, deixá-
las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco.
Outras, porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é inevitável
mencioná25
las. Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Leviandade. (...)
Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o
que julgo ter notado. Outros devem possuir lembranças diversas. Não as contesto,
mas espero que não recusem as minhas: conjugam-se, completam-se e me dão
hoje impressão de realidade. Formamos um grupo muito complexo, que se
desagregou. De repente nos surge a necessidade urgente de recompô-lo. Define-
se o ambiente, 30
as figuras se delineiam, vacilantes, ganham relevo, a ação
começa. Com esforço desesperado arrancamos de cenas confusas alguns
fragmentos. Dúvidas terríveis nos assaltam. De que modo reagiram os caracteres
em determinadas circunstâncias? O ato que nos ocorre, nítido, irrecusável, terá
sido realmente praticado? Não será incongruência? Certo a vida é cheia de
incongruências, mas estaremos seguros de não nos havermos enganado? Nessas
vacilações dolorosas, às vezes 35
necessitamos confirmação, apelamos para
reminiscências alheias, convencemo-nos de que a minúcia discrepante não é
ilusão. Difícil é sabermos a causa dela, desenterrarmos pacientemente as
condições que a determinaram. Como isso variava em excesso, era natural que
variássemos também, apresentássemos falhas. Fiz o possível por entender
aqueles homens, penetrar-lhes na alma, sentir as suas dores, admirar-lhes a
relativa grandeza, enxergar nos seus defeitos a 40
sombra dos meus defeitos.
Foram apenas bons propósitos: devo ter-me revelado com frequência egoísta e
mesquinho. E esse desabrochar de sentimentos maus era a pior tortura que nos
podiam infligir naquele ano terrível.
GRACILIANO RAMOS
Memórias do cárcere. Rio de Janeiro: Record, 2002.
16. Questão 21)
Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o
que julgo ter notado. (ref. 25)
O uso do verbo “julgar”, no fragmento acima, promove uma correção do que
estava dito imediatamente antes.
Essa correção é importante para o sentido geral do texto porque:
a) questiona a validade de romancear fatos
b) minimiza o problema de narrar a memória
c) valoriza a necessidade de resgatar a história
d) enfatiza a dificuldade de reproduzir a realidade
TEXTO:12 - Comuns às questões: 22, 23
Questão 22)
A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma
comparação implícita.
O cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na
comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo
Questão 23)
É possível estabelecer uma relação de equivalência entre o que está expresso
pelas palavras do cartum e a letra de Cazuza e Frejat.
Dois dos versos que comprovam essa relação estão transcritos em:
a) “Os meus sonhos foram todos vendidos” / “Tão barato que eu nem acredito” (v.
4 e 5)
17. b) “Ideologia” / “Eu quero uma pra viver” (v. 12 e 13)
c) “Pra nunca mais ter que saber quem eu sou” / “Meus inimigos estão no poder”
(v. 20 e 25)
d) “Pois aquele garoto que ia mudar o mundo” / “(Mudar o mundo)” (v. 21 e 22)
Espanhol
MITO DE PROMETEO
Cielo y Tierra habían sido creados. Pero faltaba aún la criatura en cuyo cuerpo pudiera
dignamente morar el espíritu y dominar desde allí todo el mundo terreno. Apareció
entonces en la Tierra Prometeo, heredero de Japeto. Tomó arcilla, la humedeció con
agua del río, la amasó y modeló con ella un ser a imagen de los dioses, señores del
Mundo.
6Así nacieron los primeros hombres, y no tardaron en multiplicarse y llenar la Tierra.
En Prometeo se despertó el interés por sus criaturas. Les enseñó a observar la salida
y la puesta de los astros, las inició en el arte de contar, en el de la escritura; se
preocupó igualmente de los demás aspectos de la vida de los humanos.
Y he aquí que los nuevos dioses fijaron su atención en el linaje de hombres que
11acababa de nacer. Le exigieron les rindiera homenaje; se celebró una asamblea de
mortales e inmortales, y en ella se estipularon los derechos y deberes de los hombres.
Como abogado de los hombres se presentó en la asamblea Prometeo, con objeto de
velar para que los dioses no impusiesen excesivas cargas a los mortales en pago de la
protección otorgada. Pero su listeza incitó al hijo de los Titanes a engañar a los dioses.
Zeus, el omnisciente, se dio cuenta y dijo: “Hijo de Japeto, rey ilustre, buen amigo,¡qué
17engaño!”.
Resolvió Zeus vengarse de Prometeo y negó a los mortales el último don que
necesitaban para alcanzar la plena civilización: el fuego. Pero también aquí supo
componérselas el astuto hijo de Japeto. Inmediatamente, y para reemplazar el uso del
fuego, que no podía ya arrebatar a los mortales, Zeus ideó para ellos un nuevo mal:
Hefesto, dios del fuego, formaría la estatua de una hermosa doncella.
23De este modo Zeus, bajo la apariencia de un bien, había creado un engañoso mal, al
que llamó Pandora, es decir, la omnidotada; pues cada uno de los inmortales había
conferido a la doncella algún nefasto obsequio para los hombres. Condujo entonces a
la virgen a la Tierra, y ella se dirigió hacia Epimeteo, el ingenio hermano de Prometeo,
llevándole el regalo de Zeus.
Epimeteo acogió gozoso a la hermosa doncella, pero la mujer llevaba en las manos su
29regalo, una gran caja provista de una tapadera. Apenas llegada junto a Epimeteo,
abrió la tapa y en seguida volaron del recipiente innumerables males que se
desparramaron por la Tierra con la velocidad del rayo. Oculto en el fondo de la caja
habia un único bien: la esperanza; pero, siguiendo el consejo del padre de los dioses,
Pandora dejó caer la cubierta antes de que aquélla pudiera echar a volar,
encerrándola para siempre en el arca.
mitosyleyendascr.com
18. Questão 24)
En el texto “A ciência, o bem e o mal”, el autor cita la novela Frankenstein ou o
Prometeu Moderno, de Mary Shelley.
La comparación entre el doctor enloquecido y Prometeo se basa en el deseo que
ambos tienen de:
a) dominar el mundo
b) resucitar a muertos
c) crear nuevas criaturas
d) defender a los hombres
Questão 25)
Les enseñó a observar la salida (l. 7)
El pronombre subrayado se refiere a la siguiente palabra:
a) astros
b) dioses
c) señores
d) criaturas
Questão 26)
“Hijo de Japeto, rey ilustre, buen amigo, ¡qué engaño!”. (l.16)
En el fragmento, las comillas cumplen la función de:
a) destacar el uso de vocativo
b) introducir la voz de un personaje
c) indicar una expresión en otro idioma
d) destacar un término con sentido alterado
Questão 27)
pero la mujer llevaba en las manos su regalo, (l. 28)
El término subrayado introduce una idea de:
a) adición
b) alternancia
c) explicación
d) adversidad
Questão 28)
En el texto, se le nombra a Prometeo de diferentes formas.
La designación que no corresponde a Prometeo es:
a) padre de los dioses
b) hijo de los Titanes
19. c) heredero de Japeto
d) abogado de los hombres
Inglês
INGLÊS GREEK CREATION MYTHS
In the beginning there was an empty darkness. The only thing in this void was Nyx, a
bird with black wings. With the wind she laid a golden egg and for ages she sat upon
this egg. Finally, life began to stir in the egg and out of it rose Eros, the god of love.
One half of the shell rose into the air and became the sky and the other became the
5
Earth. Eros named the sky Uranus and the Earth he named Gaia. Then Eros made
them fall in love. Uranus and Gaia had many children together and eventually they had
grandchildren.
Soon the Earth lacked only two things: man and animals. Zeus summoned his sons
Prometheus and Epimetheus. He told them to go to Earth and create men and animals
and give them each a gift.
Prometheus set to work forming men in the image of the gods and Epimetheus worked
12on the animals. As Epimetheus worked, he gave each animal he created one of the
gifts. After Epimetheus had completed his work, Prometheus finally finished making
men. However, when he went to see what gift to give men, Epimetheus shamefacedly
informed him that he had foolishly used all the gifts.
Distressed, Prometheus decided he had to give men fire, even though gods were the
only ones meant to have access to it. As the sun god rode out into the world the next
18morning,Prometheus took some of the fire and brought it back to men. He taught his
creation how to take care of it and then left them.
When Zeus discovered Prometheus’ deed he became furious. He ordered his son to be
chained to a mountain and for a vulture to peck out his liver every day till eternity. Then
he began to devise a punishment for mankind. Another of his sons created a woman of
23great beauty, Pandora. Each of the gods gave her a gift. Zeus’ present was curiosity
and a box which he ordered her never to open. Then he presented her to Epimetheus
as a wife.
Pandora’s life with Epimetheus was happy except for her intense longing to open the
box. She was convinced that because the gods and goddesses had showered so many
glorious gifts upon her that this one would also be wonderful. One day, when
Epimetheus was gone, she opened the box.
30Out of the box flew all of the horrors which plague the world today - pain, sickness,
envy, greed. Upon hearing Pandora’s screams, Epimetheus rushed home and fastened
the lid shut, but all of the evils had already escaped.
Later that night, they heard a voice coming from the box saying “Let me out. I am
hope.”. Pandora and Epimetheus released her and she flew out into the world.
cs.williams.edu
20. Questão 24)
We learn from the text “A ciência, o bem e o mal” that Mary Shelley’s book is entitled
Frankenstein or the Modern Prometheus.
By reading the text “Greek Creation Myths”, we better understand that Prometheus is
mentioned in the title of Shelley’s book because he was meant to:
a) obey Zeus
b) create men
c) receive a gift
d) open Pandora’s box
Questão 25)
even though gods were the only ones meant to have access to it. (l. 16-17)
In the sentence above, the underlined connective expresses the following meaning:
a) addition
b) emphasis
c) preference
d) concession
Questão 26)
He taught his creation how to take care of it (l.18-19)
The underlined terms refer, respectively, to:
a) men - fire
b) gods - sun
c) animal - gift
d) mankind - earth
Questão 27)
Zeus’ present was curiosity and a box which he ordered her never to open.
(l. 23-24) The reason for Zeus to give Pandora the box was to:
a) give her power
b) make her happy
c) penalize humans
d) please the immortals
Questão 28)
In the text, Pandora’s box is opened twice.
The consequence of the second opening to human beings is:
a) They can have hope.
b) They should fight evil.
c) They must fear the gods.
d) They shall protect the world.
21. Matemática
Questão 29)
As retas paralelas r e s delimitam a faixa determinada para o início da colheita em uma
grande plantação de soja. Postos de abastecimento das máquinas que fazem a
colheita foram estabelecidos nos pontos A e B, ligados por um caminho em linha reta,
conforme mostra a figura.
A distância entre os postos A e B é, em quilômetros, igual a
a)
b)
c) 2,4
d) 3,6
Questão 30)
Um atleta fez um plano pessoal de treino de corrida para treze dias consecutivos. O
planejamento consiste em, a cada dia, correr meio quilômetro a mais do que a
distância percorrida no dia anterior. Sabendo-se que no primeiro dia ele correu quatro
quilômetros, é CORRETO afirmar que, ao final do plano de treinamento, o atleta
correu, em quilômetros, um total de:
a) 10
b) 50
c) 91
d) 182
Questão 31)
A figura mostra a pirâmide de Quéops, também conhecida como a Grande Pirâmide.
Esse é o monumento mais pesado que já foi construído pelo homem da Antiguidade.
Possui aproximadamente 2,3 milhões de blocos de rocha, cada um pesando em média
2,5 toneladas. Considere que a pirâmide de Quéops seja regular, sua base seja um
quadrado com lados medindo 214 m, as faces laterais sejam triângulos isósceles
congruentes e suas arestas laterais meçam 204 m.
24,2
24,1
22. Disponível em: www.mauroweigel.blogspot.com.
Acesso em: 23 nov. 2011.
O valor mais aproximado para a altura da pirâmide de Quéops, em metro, é
a) 97,0.
b) 136,8.
c) 173,7.
d) 189,3.
Questão 32)
A frequência máxima de batimento cardíaco de um indivíduo, FCmax, em batimentos
por minuto, depende da idade, x, do indivíduo, dada em anos. Um estudo concluiu que
a relação entre FCmax e x é dada por uma função quadrática:
FCmax = 163 + 1,16x – 0,018x2
Admitindo a veracidade do estudo, para qual idade temos que FCmax assume seu
maior valor? Indique o valor inteiro mais próximo do valor obtido, em anos.
a) 31 anos
b) 32 anos
c) 33 anos
d) 34 anos
Questão 33)
Em um jogo de tabuleiro, a pontuação é marcada com fichas coloridas. Cada ficha
vermelha vale um ponto. Três fichas vermelhas podem ser trocadas por uma azul, três
fichas azuis podem ser trocadas por uma branca, e três fichas brancas podem ser
trocadas por uma verde. Ao final do jogo, os jogadores A, B e C terminaram, cada um,
com as quantidades de fichas, conforme a tabela seguinte:
23. De acordo com essa tabela, as classificações em primeiro, segundo e terceiro lugares
ficaram, respectivamente, para os jogadores
a) A, B e C.
b) B, A e C.
c) C, B e A.
d) B, C e A.
Questão 34)
Deseja-se dividir um quadrado, de lado 24 cm, em 4 regiões triangulares, de acordo
com a figura.
Se nessa divisão desejamos que a área da região P seja 84 cm2
e que a soma das
áreas das regiões Q e R seja igual a 218 cm2
, a área da região R, em cm2
, deverá ser:
a) 50
b) 90
c) 130
d) 170
Ciências da natureza
Questão 35)
O Sistema Internacional de Unidades (SI) tem sete unidades básicas: metro (m),
quilograma (kg), segundo (s), ampère (A), mol (mol), kelvin (K) e candela (cd). Outras
unidades, chamadas derivadas, são obtidas a partir da combinação destas. Por
exemplo, o coulomb (C) é uma unidade derivada, e a representação em termos de
unidades básicas é 1 C = 1 A.s. A unidade associada a forças, no SI, é o newton (N),
que também é uma unidade derivada. Assinale a alternativa que expressa
corretamente a representação do newton em unidades básicas.
a) 1 N = 1 kg.m/s2
.
b) 1 N = 1 kg.m2
/s2
.
c) 1 N = 1 kg/s2
.
d) 1 N = 1 kg/s.
24. Questão 36)
Cientistas identificam novo tipo dedivisão celular
Cientistas americanos identificaram pela primeira vez o que eles acreditam que seja
um tipo ainda desconhecido de divisão celular. Adivisão celular é um fenômeno comum no
corpo humano, e é por meio desse processo que novas células são geradas.
Basicamente, dois tipos de divisão acontecem no corpo humano. A meiose dá
origem aos gametas – óvulos e espermatozoides –, que têm apenas metade dos
cromossomos. Nos demais casos, o processo ocorrido é a mitose, na qual as células
reproduzem o material genético completo.
Disponível em <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/12/cientistas-
identificam-novo-tipo-de-divisao-celular.html> Acesso em 25 de fevereiro 2020
Apesar da expectativa criada quando do anúncio do estudo citado na
reportagem, outros grupos não conseguiram repetir os resultados encontrados pela
equipe da Universidade de Wisconsin. Por isso, a boa e velha divisão celular mantém-
se com apenas os dois tipos consagrados: mitose e meiose.
Considere um animal que possui oito cromossomos em suas células diploides.
Nos esquemas A e B, estão representadas duas células desse animal em processo de
divisão celular.
Com base nos seus conhecimentos de divisão celular e nos esquemas acima, são
identificados os seguintes tipos de divisão celular em A e B, respectivamente:
a) meiose e mitose
b) mitose e meiose
c) mitose e mitose
d) meiose e meiose
Questão 37)
O quadro apresenta a estrutura da vitamina C e sua solubilidade em água em
função da temperatura.
25. A fórmula molecular da vitamina C é
a) C5H8O5.
b) C5H12O6.
c) C6H5O6.
d) C6H8O6.
.
Questão 38)
Os fertilizantes nitrogenados, que contêm o elemento nitrogênio num formato
assimilável pelos vegetais, são importantes para a formação das proteínas
indispensáveis à saúde, mas seu uso indiscriminado na agricultura aumenta as
emissões de óxido nitroso, um potente causador do efeito estufa. Já o fósforo é um
elemento essencial à vida e tem uma distribuição muito irregular na natureza. Em
muitas regiões, ele é limitante à produção agrícola e adições periódicas de P se fazem
necessárias para produção alimentos ou fibras.
A presença de nitrogênio e fósforo na alimentação de todos os seres vivos é
fundamental ao bom funcionamento da célula. O processo celular que envolve
diretamente a participação de moléculas compostas por esses elementos é:
a) contração do músculo
b) armazenamento de energia
c) reconhecimento de antígenos
d) transmissão do impulso nervoso
Questão 39)
Por meio da queima de gás de cozinha (GLP), cujo calor de combustão é
aproximadamente igual a 6 103
cal/g, produz-se a variação de temperatura de 108ºF
em 1000 litros de água. Supondo que todo o calor liberado nessa queima tenha sido
utilizado integralmente no aquecimento desse volume de água, determine,
aproximadamente, quantos quilogramas de gás de cozinha foram utilizados.
Dados:
Densidade da água = 1 g/cm3
Calor específico da água = 1 cal/gºC
a) 5
b) 7,5
c) 10
26. d) 15
Questão 40)
Brinquedo das “antigas”, o carrinho de rolimã é o nome dado a um carrinho,
geralmente construído de madeira com um eixo móvel montado com rolamentos de
aço (dispensados por mecânicas de automóveis), utilizado para controlar o carrinho
enquanto este desce pela rua.
Ao construir devemos encaixar firmemente os rolamentos no eixo cilíndrico de
determinado metal com diâmetro um pouco maior que o diâmetro interno do rolamento
de aço. Para esse procedimento aquecemos ambos para o encaixe e depois
resfriamos. Sendo assim, o coeficiente de dilatação do metal utilizado em relação ao
coeficiente de dilatação do aço deve ser:
a) igual ou maior
b) maior
c) igual
d) menor
Questão 41)
Uma doença por muitos conhecida, e muitas vezes silenciosa, é a diabetes. Alguns
exames para identifica-la são a glicemia em jejum, o teste oral de tolerância à glicose
(TOTG ou mais conhecido como curva glicêmica) a hemoglobina glicada. Para a
realização de um exame destes exames, os indivíduos A e B ingeriram uma solução
contendo glicose.
Após a ingestão, foram registradas as alterações da concentração plasmática da
glicose e dos hormônios X e Y em ambos os indivíduos. Observe os resultados das
medições nos gráficos:
27. Com base na análise dos gráficos, é possível identificar que um dos indivíduos
apresenta diabetes tipo II e que um dos hormônios testados é o glucagon.
O indivíduo diabético e o hormônio glucagon estão representados, respectivamente,
pelas seguintes letras:
a) A − X
b) A − Y
c) B − X
d) B − Y
Questão 42)
Uma amostra de certo radioisótopo do elemento iodo teve sua atividade radioativa
reduzida a 12,5% da atividade inicial após um período de 24 dias. A meia-vida desse
radioisótopo é de
a) 4 dias.
b) 6 dias.
c) 10 dias.
d) 8 dias.
28. Questão 43)
O gráfico mostra a variação da velocidade em função do tempo de um automóvel
durante seu deslocamento por um trecho de uma avenida.
A velocidade média desenvolvida pelo automóvel nesse trecho foi
a) 0,50 m/s.
b) 2,0 m/s.
c) 6,0 m/s.
d) 7,5 m/s.
Questão 44)
Em um jogo de futebol, a bola se choca contra uma das traves com velocidade de
módulo VA = 12 m/s e retorna na mesma direção, mas com sentido oposto, com
velocidade de módulo VD = 8,0 m/s, como ilustrado nas figuras abaixo.
Sabendo que a massa da bola é 450 g, o impulso que a bola recebeu na colisão com a
trave foi
a) 9,0 N s
b) 5,4 N s
c) 4,5 N s
d) 3,6 N s
Questão 45)
As organelas celulares não são distribuídas de maneira igualitária nas células. Suas
presenças e quantidades variam conforme a necessidade da mesma. As células
musculares presentes nas asas das aves migratórias possuem maior concentração de
determinada organela, se comparadas às células musculares do restante do corpo.
Esse fato favorece a utilização intensa de tais membros por esses animais.
Essa organela é denominada:
a) núcleo
b) centríolo
c) lisossoma
d) mitocôndria
29. Questão 46)
O esquema representa o circuito elétrico de uma lanterna, composto por nove LEDs
idênticos, uma bateria ideal de 4,5 V e uma chave liga-desliga C.
Quando a lanterna está ligada, cada LED é percorrido por uma corrente elétrica de
intensidade 120 mA. Nessa situação, a potência fornecida pela bateria é igual a
a) 0,26 W.
b) 0,54 W.
c) 0,81 W.
d) 1,62 W.
30. Ciências Humanas
Questão 47)
Sobre a produção agrícola brasileira e os dados apresentados nos cartogramas, é
correto afirmar:
a) A agricultura familiar, que utiliza a maior extensão de terras agricultáveis do país, foi
responsável pela produção da maior parte do volume agrícola exportado.
b) A agricultura familiar, que utiliza uma extensão de terras menor que a agricultura
não familiar, tem destaque na produção de alimentos para o mercado interno.
c) A agricultura não familiar, que detém a maior extensão de terras agricultáveis do
país, consiste em uma barreira ao desenvolvimento das atividades ligadas ao
agronegócio.
d) A agricultura não familiar, que apresenta o maior número de estabelecimentos
rurais no país, é responsável pela produção de parte das chamadas commodities
brasileiras.
31. Questão 48)
Considerando as informações do mapa, a curva do gráfico que corresponde à
projeção da população do continente africano a partir de 2015 é:
a) W
b) X
c) Y
d) Z
Questão 49)
MUITAGENTE SEM CASA, MUITACASA SEM GENTE
A Constituição de 1988 e o Estatuto da Cidade de 2001 contemplam a função social
da cidade. O problema é que, com a desindustrialização das metrópoles, a cidade
deixou de ser o lugar de produção de bens e virou o próprio objeto da produção
32. econômica. Em consequência dessa mudança, o número de imóveis vazios supera e
muito o de famílias com problemas de moradia, como indicam os gráficos abaixo.
RODRIGO BERTOLOTTO
Adaptado de tab.uol.com.br, 03/12/2018.
A contradição apresentada no texto e nos gráficos deve-se ao fato de que o espaço
urbano possui, simultaneamente, os seguintes atributos:
a) valor de uso e valor de troca
b) patrimônio cultural e patrimônio individual
c) estrutura unicêntrica e estrutura policêntrica
d) território de circulação e território de resistência
.
Questão 50)
O chamado Triângulo Norte da América Central (TNAC) é uma das regiões mais
violentas do planeta, equiparando-se às zonas de guerra. Grupos organizados
praticam diariamente extorsão, perseguição, sequestros, assassinatos, abuso sexual,
entre outros crimes. Em 2018, sob condições extremas de pobreza e violência, sem
escolha, milhares de pessoas do TNAC abandonaram suas casas, deslocando-se por
perigosas rotas em direção ao México e aos EUA.
Considerando essa situação geográfica, indique os países que compõem a região do
TNAC e a atual estratégia adotada pela população emigrante.
a) Venezuela, Costa Rica, Nicarágua; pequenos grupos deslocam-se por trens para
fugir da violência dos guias ilegais (coyotes).
b) El Salvador, Honduras, Guatemala; os emigrantes deslocam-se a pé em grandes
caravanas por ser mais seguro e para se beneficiarem de apoio mútuo.
c) Cuba, Haiti, República Dominicana; pequenos grupos deslocam-se em barcos, por
ser mais seguro e para diminuir os custos da travessia.
33. d) Belize, Nicarágua, Guatemala; os emigrantes deslocam-se a pé em grandes
caravanas para diminuir os custos com os guias ilegais (coyotes).
Questão 51)
O gráfico representa a evolução no Brasil da:
a) população masculina e feminina.
b) taxas de natalidade e mortalidade.
c) emigração e imigração.
d) população rural e urbana.
e) distribuição e concentração de renda.
Questão 52)
Dois amigos planejaram assistir à abertura da Copa do Mundo em Moscou. Eles
partiram no dia 10 de junho de 2018 do Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek
(Brasília), situado a 45° de longitude Oeste, às 16 horas, com destino ao Aeroporto de
Heathrow (Londres), situado a 0° de longitude. O voo teve duração de 10 horas. Os
dois amigos esperaram por três horas para partirem em direção ao Aeroporto
Internacional Domodedovo (Moscou), situado a 60º de longitude Leste, e o segundo
voo durou quatro horas.
Com base nessas informações e considerando que o continente europeu adota, neste
período do ano, o horário de verão, que adianta os relógios em uma hora, indique o
dia e a hora em que os dois amigos chegaram ao Aeroporto Internacional
Domodedovo em Moscou.
a) 11 de junho, às 13 horas.
b) 11 de junho, às 16 horas.
c) 11 de junho, às 17 horas.
d) 10 de junho, às 16 horas.
34. Questão 53)
O processo de desertificação é definido como a degradação ambiental e
socioambiental, particularmente nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas,
resultantes de vários fatores e vetores, incluindo as variações e alterações climáticas e
as atividades humanas.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Disponível em http://www.mma.gov.br/.
Dentre as medidas mais adequadas para mitigação dos efeitos da desertificação
encontra(m)‐se
a) a construção de rodovias que permitam às populações mais diretamente atingidas
pela seca se deslocarem diariamente para áreas mais úmidas.
b) o uso das áreas de meia encosta como alternativa para expansão das áreas de
produção de culturas temporárias e lavouras permanentes.
c) o plantio de espécies exóticas que apresentam crescimento rápido e podem reduzir
os efeitos da desertificação e da seca, como o eucalipto, por exemplo.
d) a prevenção, recuperação e reabilitação de terras parcial ou totalmente degradadas
com a recomposição de espécies nativas.
e) os programas de incentivo para a instalação de fossas sépticas que dispensam a
implantação de um sistema hídrico de saneamento básico.
TEXTO:1 - Comum à questão: 54
O caso é que eu tinha convidado um grupo de amigos para ouvir a gravação
em K-7 do último e belíssimo poema de Ferreira Gullar, chamado Poema sujo,
que o poeta lera para mim em seu exílio em Buenos Aires, em outubro de 1975.
Um poema de largo fôlego, em que ele atinge uma universalidade como não se
via na poesia brasileira desde que Drummond escreveu Sentimento do mundo e
A rosa do povo. Eu, sinceramente, já havia perdido a memória da emoção
poética num tal grau de intensidade. Minha emoção poética se transferira muito
mais – em vista do verbo leucêmico ou verborrágico dos poetas novos, sua
esterilidade ou mero tecnicismo – para as letras de Chico, Caetano e Gil, com
músicas e palavras casadas em perfeito conúbio (...).
(MORAES, Vinicius. “Poema sujo de
vida”. In: GULLAR, Ferreira. Poesia
completa, teatro e prosa. Rio de Ja-
neiro: Nova Aguilar, 2008, p. xxxix).
Originalmente publicado na Re-
vista Manchete, em 1976)
Questão 54)
Entre as manifestações culturais contra o autoritarismo do Regime Militar, no
âmbito da Música Popular Brasileira se destacou um tipo de produção musical que
se disseminou por festivais e ficou conhecido pela crítica e pelo público como
a) Samba-exaltação.
b) Rap nacional.
c) Rock progressivo.
d) Canção de protesto.
e) Nova Canção Brasileira.
35. Questão 55)
Fronteiras reais
As fronteiras reais desrespeitam fronteiras cartográficas e geopolíticas e serpenteiam
pelo mundo, dividindo povos e classes. Para cruzar uma fronteira real, não é preciso
passaporte ou qualquer outra formalidade. Com um passo, você atravessa uma
fronteira econômica, às vezes sem nem se dar conta. Num país como o Brasil, para
usar um triste exemplo, pode-se sair de um mundo e entrar em outro ao dobrar uma
esquina. Botswana aqui, Miami logo ali.
LUIS FERNANDO VERISSIMO
O Globo, 10/09/2015.
Com base na reflexão do escritor, um exemplo de fronteira real dos dias atuais está
presente em:
a)
b)
c)
36. d)
Questão 56)
No período da Guerra Fria, os conflitos geopolíticos implicavam riscos nucleares e
ataques físicos a infraestruturas como estradas, redes elétricas ou gasodutos. Hoje,
além dessas implicações, a Ciberguerra ou Guerra Fria Digital
a) representa uma possibilidade real de interferência em sistemas informacionais
nacionais, mas seu uso efetivo mantém-se apenas como uma ameaça.
b) baseia-se na capacidade integrada de sistemas computacionais espionarem
governos antagônicos, com o objetivo de manipular informações de todo tipo.
c) envolve o uso de softwares (malwares) e programas robôs para invadir redes
sociais e computadores, mas nunca interferiu em processos eleitorais.
d) visa ao controle da informação como uma forma de poder político, mas inexistem,
no mundo, cibercomandos, ou seja, a quarta força armada.
Questão 57)
Caricatura de Napoleão Bonaparte, 1814.
Adaptado de britishmuseum.org.
A derrota de Napoleão Bonaparte, em 1814-1815, foi registrada de diversas
formas nas sociedades europeias. Na imagem, o imperador francês tenta devorar
o globo terrestre, sendo atacado por uma águia, um dos símbolos do Império
Russo.
37. Dois impactos que as guerras napoleônicas exerceram sobre as relações
internacionais na Europa da época foram:
a) crise agrária e consolidação dos Estados republicanos
b) concorrência industrial e retomada de domínios coloniais
c) integração comercial e declínio de monarquias absolutistas
d) expansionismo territorial e reorganização das fronteiras políticas
Questão 58)
Entre 2014 e 2017, derrotar o Estado Islâmico (ISIS) foi uma das prioridades da
política externa dos Estados Unidos. Ao final de 2017, o ISIS foi considerado
militarmente derrotado, perdendo o controle de praticamente todos os territórios que
havia conquistado na Síria e no Iraque.
A charge aponta a existência de uma incoerência entre os seguintes aspectos da
política externa estadunidense no Oriente Médio:
a) alinhamento étnico e liberdade religiosa
b) fundamento ideológico e interesse econômico
c) conservadorismo social e protagonismo ambiental
d) multilateralismo diplomático e unilateralismo bélico
Questão 59)
Leia os textos abaixo para responder a questão.
TEXTO I
“[...] Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
38. Quem sabe de mim sou eu
Aquele abraço!
Pra você que me esqueceu
Aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro
Aquele abraço!
Todo o povo brasileiro
Aquele abraço!”
“Aquele Abraço” –
Gilberto Gil, 1969
TEXTO II
“Em meio ao clima de caça às bruxas – o regime via subversivos em toda parte –
muitos compositores e cantores, além de Gil e Caetano, partiram para o exterior.”
MARTINS, Franklin. Quemfoi que
inventou o Brasil? Volume II – Rio
de Janeiro, Nova Fronteira, 2015.
Analisando as informações dos dois textos apresentados e o período do regime
militar brasileiro, pode-se dizer que
a) após o sequestro do embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, os
militares criaram o Ato Institucional nº 5 que impôs uma série de proibições
políticas e sociais que culminaram em perseguições a artistas.
b) a música “Aquele Abraço” representa uma despedida do Brasil, de Gilberto
Gil, já que muitos artistas começaram a ser perseguidos por suas obras que
criticavam o regime, fato que se tornou comum após o AI-5, em dezembro de
1968.
c) durante o regime militar no Brasil, houve a criação do AI-5, um Ato
Institucional que visava fortalecer os vínculos culturais com os aliados norte-
americanos, por meio de parcerias entre artistas dos dois países.
d) o governo militar via nos artistas e intelectuais grandes possibilidades de
apoio ao regime, assim permitia e incentivava criações livres e variadas, como
ficou claro no Ato Institucional nº 5.
39. Questão 60)
O PERSONAGEM “PANTERANEGRA”
Em 1966, surge nos quadrinhos, junto ao “Quarteto Fantástico”.
Em 2018, é o herói em filme de ficção científica.
huffpostbrasil.com/pt.wikipedia.org
40. Com mais de cinquenta anos de existência, o personagem “Pantera Negra” esteve
associado a debates sobre as condições de vida de populações afrodescendentes
na sociedade norte-americana.
Tendo em vista as transformações ocorridas entre a década de 1960 e o momento
atual, a comparação entre as imagens aponta para a seguinte mudança acerca do
protagonismo afrodescendente:
a) equiparação do poder aquisitivo
b) fortalecimento da inclusão social
c) reconhecimento dos direitos civis
d) homogeneização das diferenças raciais