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O que são comunidades alternativas
Marcos Goursand 1
“O fato de que milhões de pessoas compartilhem os mesmos vícios não faz destes
vícios, virtudes, o fato de que elas dividam tantos erros não faz com que os erros
sejam verdades e o fato de que milhões de pessoas repartam as mesmas formas de
patologia mental não faz estas pessoas sadias.” (Erich Fromm, The Sane Society)
O mundo em que vivemos, seus problemas e perspectivas para o futuro.
É espantoso constatar que milhares de anos de desenvolvimento social não puderam dar
aos seres humanos uma civilização capaz de fazê-los felizes e saudáveis. Pelo contrário,
parece que a frustração, a doença e a infelicidade estão crescendo com a expansão dos
modernos recursos e facilidades.
Uma breve olhada nos jornais e nos canais de televisão nos mostra um mundo sofredor e
infeliz. Catástrofes, violências de todo tipo, conflitos raciais e religiosos, desigualdades
econômicas, guerras, assassinatos, são algumas das misérias humanas sobre as quais
podemos saber a cada dia, através dos meios de comunicação de massa. Os índices de
alcoolismo, adição a drogas, suicídio, crime, marginalidade, delinquência, neurose e psicose
nunca estiveram tão altos.
Vivemos hoje em cidades que estão se tornando cada vez mais espaços inabitáveis:
miséria, trânsito caótico, falta de espaço, insegurança, insalubridade, violência sem controle,
criminalidade, baixa qualidade de vida, poluição crescente, desumanização da vida, além da
produção de diversos problemas para o indivíduo, como tensão, medo, stress, doenças
pulmonares e cardíacas, aumento dos casos de câncer e muitos outros.
Somos hoje mais de 7,8 bilhões de seres humanos. As Nações Unidas estimam que
chegaremos a 11,2 bilhões em 2100. Cerca de 80 % da população mundial vive nas cidades
e boa parte delas nas grandes metrópoles.
Não quer dizer que tais problemas não existam no campo e nos pequenos vilarejos, mas
suas proporções e gravidade são inequivocamente muito menores. Apesar dessas
dificuldades, as pessoas que vivem nas grandes metrópoles não podem ou não querem
deixar de viver nelas e as cidades continuam cada vez mais populosas.
Diferentemente dos animais, onde a violência só aparece em situações ameaçadoras ou
provocadas por um motivo externo real, o ser humano frequentemente torna-se violento sem
que se observe uma causa justificável para isso. Vivemos em um mundo que cultua a
violência: a maior parte dos relatos históricos é sobre guerras e conflitos, o cinema e a
televisão privilegiam os filmes de violência, os eventos sobre crimes e agressões são
destacados na mídia, relatos sobre luta e crueldade despertam a curiosidade e o interesse
de adultos e crianças. "O homem é o mais letal e destrutivo de todos os predadores e o
único que mata os seus semelhantes sistematicamente." (Lindzey et al., Psicologia, 1977, p.
389).
Mas, será que tem de ser assim? Ou seria possível viver num local onde as pessoas,
mesmo aquelas que não se conhecem, estão dispostas a conversar e se ajudar? Onde o
ambiente seja agradável e estimulante e as pessoas estejam fazendo algo que as faça se
sentirem úteis e felizes? Onde não se sintam como entes desprezados pelos familiares?
Onde seja possível participar de atividades básicas, como cuidar de seu quarto, revezar-se
nas atividades de organização e limpeza dos locais, ajudar na cozinha, nas atividades de
1 Psicólogo pela PUC-MG – Doutor pela PUC-SP – Pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Los Angeles,
EUA – Co-autor do livro “Os sete pilares da qualidade de vida”, dentre outros. E-mail: goursand@gmail.com
lazer e outras? Participar das decisões que são tomadas e que afetam a todos? Um local
pacífico e seguro, onde não se tenha medo de assaltos e assassinatos?
As comunidades são uma realidade e a melhor alternativa.
As previsões apocalípticas sobre o futuro do planeta e da humanidade, intensificadas pela
atual pandemia que estamos vivendo, levaram muitas pessoas a buscar formas alternativas
de sobrevivência no caso de ocorrências de grandes catástrofes. A constituição de
comunidades alternativas, intencionais, auto-sustentáveis ou ecovilas são hoje a melhor
opção de vida e moradia para isto.
As comunidades alternativas existem espalhadas pelo mundo todo, de várias formas e
maneiras e estão dando um exemplo de cooperacão, consciência grupal, organização,
equilíbrio dos planos material e espiritual; enfim, um modelo novo a ser copiado por quem
estiver interessado e afinado com essas propostas de vida.
A comunidade tem a possibilidade de dar a seus membros uma vida completa e verdadeira,
equilibrada e harmônica, desenvolvendo todos os planos, desde o físico, o emocional, o
mental e o espiritual, participando de atividades sociais, culturais, artísticas, educacionais,
espirituais, terapêuticas, etc.
A idéia de vida comunitária existe desde a antiguidade, com a proposta de união,
fraternidade e ajuda mútua, minimizando as dificuldades do mundo externo e vigente. Mas
passaram a se destacar a partir da década de 1980 e têm se tornado cada vez mais uma
significativa, adequada e oportuna alternativa de moradia, de lazer e de temporada ou fim de
semana.
Com a crise atual da pandemia e os problemas crescentes e mais intensos das grandes
cidades, elas estão sendo cada vez mais procuradas pelas pessoas que querem ter uma
vida tranquila, saudável, harmoniosa e feliz.
Em 1998, as ecovilas foram nomeadas oficialmente na lista da ONU como uma das
melhores práticas para o desenvolvimento sustentável. Hoje, a GEN (Global Ecovillages
Network) ou Rede Global de Ecovilas tem status consultivo como uma ONG na ONU, além
de se apresentar em inúmeros congressos e seminários sobre temas relacionados em todo
o mundo.
O que são as comunidades?
Comunidade é uma organização coletiva, rural ou urbana, destinada a agrupar pessoas com
o objetivo de estabelecer um modus vivendi harmônico, equilibrado e solidário, onde elas
possam compartilhar e usufruir de atividades, tarefas, bens e produtos, como uma saída
viável de vida alternativa e onde se respeite a natureza, o meio ambiente, os semelhantes e
os diferentes.
A comunidade tem a possibilidade de dar a seus membros uma vida completa e verdadeira,
equilibrada e harmônica, desenvolvendo todos os planos, desde o físico, o emocional, o
mental e o espiritual, participando de atividades sociais, culturais, artísticas, educacionais,
espirituais, terapeuticas, etc.
O que são ecovilas? Ecovilas são comunidades ecológicas urbanas ou rurais de pessoas
que têm a intenção de integrar uma vida social harmônica a um estilo de vida sustentável.
São entidades autônomas na medida em que preenchem, numa área delimitada e
organizada, as principais funções sociais: moradia, sustento, produção, vida social, lazer,
etc. Elas podem abrigar desde um pequeno grupo familiar até um grupo bem maior de
pessoas que buscam uma boa, harmoniosa e fraterna convivência entre si.
Ou seja, uma ecovila é, antes de mais nada, um conjunto de pessoas que compartilham dos
mesmos ideais de sustentabilidade e convivência pacífica com o planeta numa verdadeira
retomada daquilo que a humanidade já fazia a milhares de anos atrás. As ecovilas são uma
forma diferente de viver em grupo, levando em consideração a harmonia entre o social, o
cultural e o meio ambiente.
Uma ecovila possui em sua essência a base de uma vida auto-sustentável por meio da
produção orgânica de alimentos, utilização de energias limpas e renováveis,
reaproveitamento de materiais e recursos naturais, economia solidária e bioconstrução.
Existem atualmente no mundo cerca de 15 mil ecovilas distribuídas em 114 países, segundo
dados da Rede Global de Ecovilas. No Brasil, estima-se que existam hoje mais de 300
comunidades desses tipos.
As ecovilas funcionam num sistema cooperativista. Os associados se reúnem de forma
voluntária e decidem, em conjunto, sobre suas atividades. A ideia é proporcionar um controle
mais democrático da organização, tendo em vista as necessidades específicas do grupo.
No cooperativismo, as responsabilidades são compartilhadas. As perdas de um indivíduo
representam perda para os demais. Em compensação, o sucesso de uma pessoa demonstra
que todos acertaram. Essa dinâmica democrática alimenta a busca pelo caminho mais
correto – aquele que se sustente no longo prazo e não deixe ninguém para trás.
Como é viver numa comunidade ou passar temporadas, férias, fins de semana.
Os seus moradores poderão ser permanentes, provisórios ou ocasionais. Além dos
moradores fixos, a comunidade poderá ter também membros que residam na cidade e
venham para a comunidade nos finais de semana ou ocasionalmente.
A dificuldade ou limitação para morar em uma comunidade é principalmente para pessoas
que estejam trabalhando ou estudando em cidades distantes da comunidade. Mas, nesse
caso, elas podem usar a comunidade para lazer, férias, temporadas ou finais de semana.
Os participantes deverão ter seu espaço individual, mas também participar em conjunto de
outras atividades: refeições, lazer, esportes, caminhadas e atividades de grupo, como
relaxamento, prática de meditação, ioga e outras.
Nas ecovilas, consome-se pouco, reutiliza-se muito e recicla-se quando necessário. A
agricultura é orgânica e sazonal. O que falta de alimento é obtido com produtores e
comerciantes regionais, fortalecendo a economia local. Os sistemas de captação de energia
são renováveis e atóxicos, obtidos com tecnologia sofisticada, porém não agressiva ao
ambiente. A água é reaproveitada ao máximo: depois de utilizada nos chuveiros e na
cozinha, ela é tratada e irriga a horta, por exemplo.
As refeições são preparadas na cozinha comunitária, que, como os mantimentos da
dispensa, está disponível a todos os moradores. Na hora de comer, é só escolher um lugar.
Mesas e cadeiras estão espalhadas sob as árvores, no refeitório e dentro da cozinha. É
difícil ver alguém almoçando ou jantando sozinho, embora cada casa possa ter sua própria
cozinha. Cozinhar para todo mundo é mais eficiente, poupa tempo. Além disso, as refeições
são momentos de encontro, como diz Susan Andrews, socióloga e psicóloga americana,
fundadora da comunidade Parque Ecológico Visão Futuro, em Porangaba, SP.
Passos iniciais para a formação de uma comunidade:
Comunidade mental
O primeiro passo é contatar pessoas com o perfil adequado e que estejam interessadas em
viver em comunidade ou seja, uma comunidade mental, formando um grupo de pessoas que
abracem a causa e que estejam dispostas a colocar o projeto de ecovila em ação.
Para viver em comunidade é necessário, antes de mais nada, mudar a maneira de pensar e
agir. Uma comunidade supõe uma integração solidária e harmônica entre seus integrantes.
Portanto, é necessário primeiro construir-se um espírito comunitário capaz de sedimentar a
sua existência física, ou seja, uma comunidade mental.
O que muitas pessoas ainda não compreenderam é que para viver em comunidade é
necessário antes mudar sua maneira de pensar e agir. De nada adianta estar em uma
comunidade se as pessoas continuarem sendo egoístas, competitivas, individualistas. Uma
comunidade supõe uma integração solidária e harmônica entre seus integrantes.
Comunidade física
Constituída a comunidade mental e dependendo do número de pessoas, pode-se partir para
definir a localização e o tamanho do espaço adequado, que pode ser urbano ou rural. De
início é mais viável começar com um imóvel pequeno, que possa ser alugado, arrendado ou
até cedido em comodato para, posteriormente, partir-se para um imóvel maior ou uma
aquisição. Pequenas pousadas, campings e clubes inativos, desativados ou fechados,
mesmo que funcionem, mas que possam ser alugados, arrendados ou cedidos em
comodato e sítios e fazendas que estejam próximos de cidades, são interessantes opções
para se iniciar uma comunidade.
Assim, busca-se primeiro criar uma mini-comunidade que sirva de modelo e passo inicial
para uma posterior comunidade maior. O imóvel procurado deverá ter uma infra-estrutura
mínima para se começar a comunidade: acesso razoável, água, energia elétrica, moradias
para os primeiros ocupantes, segurança, proximidade de uma cidade ou vila para prover as
necessidades básicas da comunidade (combustível, roupas, eletro-domésticos, alimentos
não produzidos na comunidade), terra fértil para as plantações.
Comunidade social
A última etapa será organizar socialmente a comunidade e colocá-la em funcionamento. Aí é
importante que todos ajudem na adequação, manutenção e funcionamento da comunidade,
e na divisão de trabalhos e tarefas, responsabilidades, direitos e deveres, tomadas de
decisões, atividades individuais e grupais. Além de moradores fixos, a comunidade poderá
ter também membros que residam na cidade por motivo de trabalho e venham para a
comunidade nos finais de semana.
Pode-se programar reuniões para aperfeiçoamento interno de cada membro do grupo
através de meditação, ioga, reiki, harmonizações e outras técnicas; a participação nessas
reuniões é opcional.
Todos terão direitos iguais, sem privilégios ou discriminações, independente de seu poder
aquisitivo e do quanto contribuiram para a comunidade.
Como é a rotina em uma comunidade?
Cada um, dentro de suas possibilidades e capacidades, deverá se dedicar a realizar
trabalhos tanto comuns (plantar, cozinhar, lavar, fazer limpeza, auxiliar nas construções)
como relacionados à sua experiência e preparação (atendimentos, terapias, palestras,
música, teatro, artes).
A comunidade se destina a pessoas que buscam estabelecer um modus vivendi. Embora
tendo suas variações, em geral a rotina em uma comunidade começa com uma reunião do
grupo no jardim, onde os participantes se unem em alguma espécie de saudação coletiva ou
meditação; após o café da manhã, com todos reunidos em uma mesa grande, parte-se para
caminhar pela praia, campo ou outro espaço disponível; aproveita-se para a prática de
exercícios físicos, fisioterápicos ou ciclísticos; após a caminhada, pode-se reunir as pessoas
sob tendas, para jogar (damas, dominó, baralho) ou simplesmente relaxar; em seguida,
volta-se para a comunidade para a preparação do almoço que pode ficar a cargo de quem
goste ou ser por rodízio; quem não souber ou não quiser cozinhar, pode ficar como auxiliar
de cozinha ou depois ajudar a lavar os utensílios; após o almoço há um período de
descanso, onde as pessoas podem tirar sua “siesta”, ler ou ver televisão; a tarde é
geralmente destinada a atividades grupais, cursos, palestras, filmes, terapias ou alguma
forma de lazer; após o jantar, as pessoas ficam por conta de suas preferências (sair, ver
televisão ou filmes, ouvir música, etc.); para os fins de semana, são programados passeios e
viagens. A participação nas atividades é voluntária.
Critérios e condições para se viver numa comunidade:
 A comunidade se destina a pessoas que buscam estabelecer um modus vivendi
harmônico, equilibrado e solidário, onde possam compartilhar e usufruir de atividades,
tarefas, bens e produtos, como uma saída viável de vida alternativa e onde se respeite a
natureza, o meio ambiente, a diversidade, as relações interpessoais.
 São pessoas que buscam: uma compreensão maior e mais ampla da realidade; a
superação dos problemas pessoais ou conflitos sociais; a liberdade de seguir suas opções
religiosas, filosóficas, sexuais, respeitando as dos demais; o respeito para com a natureza, o
meio ambiente, a diversidade, as relações interpessoais.
 Devem participar da comunidade as pessoas que pretendem encontrar uma forma de
vida solidária, de mútuo companheirismo e compartilhando trabalhos, tarefas, lazer, prazer e
qualidade de vida. Os membros desta comunidade devem estar livres de vaidades, egoísmo
e preconceitos de qualquer tipo; estar sempre prontos para ajudar o próximo; ser respeitosos
em tudo, incluindo as práticas espirituais e religiosas dos demais; procurar trabalhar pelo seu
próprio aperfeiçoamento.
 Não devem ir para uma comunidade pessoas egoístas, egocêntricas, arrogantes, que
se acham mais importantes que as demais, preocupadas basicamente em acumular bens e
ganhar dinheiro, e aquelas que valorizam principalmente a aparência, o status, o supérfluo, o
superficial. Essas pessoas, além de não se adaptarem, ainda causam constrangimentos,
problemas e conflitos que podem levar à desagregação da comunidade.
 As decisões devem ser aprovadas por consenso. Assim todos precisam ser
escutados e dar suas opiniões, e também respeitar as opiniões alheias. Com isso, pode-se
tomar decisões mais aprimoradas. A organização interna é fundamental e básica para o bom
funcionamento da comunidade.
O que fazer para participar
Inicialmente, as pessoas que estiverem interessadas em participar deste projeto ou
souberem de outras que possam se interessar e obter maiores informações, poderão entrar
em contato conosco pelo e-mail goursand@gmail.com.

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O que são comunidades alternativas

  • 1. O que são comunidades alternativas Marcos Goursand 1 “O fato de que milhões de pessoas compartilhem os mesmos vícios não faz destes vícios, virtudes, o fato de que elas dividam tantos erros não faz com que os erros sejam verdades e o fato de que milhões de pessoas repartam as mesmas formas de patologia mental não faz estas pessoas sadias.” (Erich Fromm, The Sane Society) O mundo em que vivemos, seus problemas e perspectivas para o futuro. É espantoso constatar que milhares de anos de desenvolvimento social não puderam dar aos seres humanos uma civilização capaz de fazê-los felizes e saudáveis. Pelo contrário, parece que a frustração, a doença e a infelicidade estão crescendo com a expansão dos modernos recursos e facilidades. Uma breve olhada nos jornais e nos canais de televisão nos mostra um mundo sofredor e infeliz. Catástrofes, violências de todo tipo, conflitos raciais e religiosos, desigualdades econômicas, guerras, assassinatos, são algumas das misérias humanas sobre as quais podemos saber a cada dia, através dos meios de comunicação de massa. Os índices de alcoolismo, adição a drogas, suicídio, crime, marginalidade, delinquência, neurose e psicose nunca estiveram tão altos. Vivemos hoje em cidades que estão se tornando cada vez mais espaços inabitáveis: miséria, trânsito caótico, falta de espaço, insegurança, insalubridade, violência sem controle, criminalidade, baixa qualidade de vida, poluição crescente, desumanização da vida, além da produção de diversos problemas para o indivíduo, como tensão, medo, stress, doenças pulmonares e cardíacas, aumento dos casos de câncer e muitos outros. Somos hoje mais de 7,8 bilhões de seres humanos. As Nações Unidas estimam que chegaremos a 11,2 bilhões em 2100. Cerca de 80 % da população mundial vive nas cidades e boa parte delas nas grandes metrópoles. Não quer dizer que tais problemas não existam no campo e nos pequenos vilarejos, mas suas proporções e gravidade são inequivocamente muito menores. Apesar dessas dificuldades, as pessoas que vivem nas grandes metrópoles não podem ou não querem deixar de viver nelas e as cidades continuam cada vez mais populosas. Diferentemente dos animais, onde a violência só aparece em situações ameaçadoras ou provocadas por um motivo externo real, o ser humano frequentemente torna-se violento sem que se observe uma causa justificável para isso. Vivemos em um mundo que cultua a violência: a maior parte dos relatos históricos é sobre guerras e conflitos, o cinema e a televisão privilegiam os filmes de violência, os eventos sobre crimes e agressões são destacados na mídia, relatos sobre luta e crueldade despertam a curiosidade e o interesse de adultos e crianças. "O homem é o mais letal e destrutivo de todos os predadores e o único que mata os seus semelhantes sistematicamente." (Lindzey et al., Psicologia, 1977, p. 389). Mas, será que tem de ser assim? Ou seria possível viver num local onde as pessoas, mesmo aquelas que não se conhecem, estão dispostas a conversar e se ajudar? Onde o ambiente seja agradável e estimulante e as pessoas estejam fazendo algo que as faça se sentirem úteis e felizes? Onde não se sintam como entes desprezados pelos familiares? Onde seja possível participar de atividades básicas, como cuidar de seu quarto, revezar-se nas atividades de organização e limpeza dos locais, ajudar na cozinha, nas atividades de 1 Psicólogo pela PUC-MG – Doutor pela PUC-SP – Pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA – Co-autor do livro “Os sete pilares da qualidade de vida”, dentre outros. E-mail: goursand@gmail.com
  • 2. lazer e outras? Participar das decisões que são tomadas e que afetam a todos? Um local pacífico e seguro, onde não se tenha medo de assaltos e assassinatos? As comunidades são uma realidade e a melhor alternativa. As previsões apocalípticas sobre o futuro do planeta e da humanidade, intensificadas pela atual pandemia que estamos vivendo, levaram muitas pessoas a buscar formas alternativas de sobrevivência no caso de ocorrências de grandes catástrofes. A constituição de comunidades alternativas, intencionais, auto-sustentáveis ou ecovilas são hoje a melhor opção de vida e moradia para isto. As comunidades alternativas existem espalhadas pelo mundo todo, de várias formas e maneiras e estão dando um exemplo de cooperacão, consciência grupal, organização, equilíbrio dos planos material e espiritual; enfim, um modelo novo a ser copiado por quem estiver interessado e afinado com essas propostas de vida. A comunidade tem a possibilidade de dar a seus membros uma vida completa e verdadeira, equilibrada e harmônica, desenvolvendo todos os planos, desde o físico, o emocional, o mental e o espiritual, participando de atividades sociais, culturais, artísticas, educacionais, espirituais, terapêuticas, etc. A idéia de vida comunitária existe desde a antiguidade, com a proposta de união, fraternidade e ajuda mútua, minimizando as dificuldades do mundo externo e vigente. Mas passaram a se destacar a partir da década de 1980 e têm se tornado cada vez mais uma significativa, adequada e oportuna alternativa de moradia, de lazer e de temporada ou fim de semana. Com a crise atual da pandemia e os problemas crescentes e mais intensos das grandes cidades, elas estão sendo cada vez mais procuradas pelas pessoas que querem ter uma vida tranquila, saudável, harmoniosa e feliz. Em 1998, as ecovilas foram nomeadas oficialmente na lista da ONU como uma das melhores práticas para o desenvolvimento sustentável. Hoje, a GEN (Global Ecovillages Network) ou Rede Global de Ecovilas tem status consultivo como uma ONG na ONU, além de se apresentar em inúmeros congressos e seminários sobre temas relacionados em todo o mundo. O que são as comunidades? Comunidade é uma organização coletiva, rural ou urbana, destinada a agrupar pessoas com o objetivo de estabelecer um modus vivendi harmônico, equilibrado e solidário, onde elas possam compartilhar e usufruir de atividades, tarefas, bens e produtos, como uma saída viável de vida alternativa e onde se respeite a natureza, o meio ambiente, os semelhantes e os diferentes. A comunidade tem a possibilidade de dar a seus membros uma vida completa e verdadeira, equilibrada e harmônica, desenvolvendo todos os planos, desde o físico, o emocional, o mental e o espiritual, participando de atividades sociais, culturais, artísticas, educacionais, espirituais, terapeuticas, etc. O que são ecovilas? Ecovilas são comunidades ecológicas urbanas ou rurais de pessoas que têm a intenção de integrar uma vida social harmônica a um estilo de vida sustentável. São entidades autônomas na medida em que preenchem, numa área delimitada e organizada, as principais funções sociais: moradia, sustento, produção, vida social, lazer, etc. Elas podem abrigar desde um pequeno grupo familiar até um grupo bem maior de pessoas que buscam uma boa, harmoniosa e fraterna convivência entre si.
  • 3. Ou seja, uma ecovila é, antes de mais nada, um conjunto de pessoas que compartilham dos mesmos ideais de sustentabilidade e convivência pacífica com o planeta numa verdadeira retomada daquilo que a humanidade já fazia a milhares de anos atrás. As ecovilas são uma forma diferente de viver em grupo, levando em consideração a harmonia entre o social, o cultural e o meio ambiente. Uma ecovila possui em sua essência a base de uma vida auto-sustentável por meio da produção orgânica de alimentos, utilização de energias limpas e renováveis, reaproveitamento de materiais e recursos naturais, economia solidária e bioconstrução. Existem atualmente no mundo cerca de 15 mil ecovilas distribuídas em 114 países, segundo dados da Rede Global de Ecovilas. No Brasil, estima-se que existam hoje mais de 300 comunidades desses tipos. As ecovilas funcionam num sistema cooperativista. Os associados se reúnem de forma voluntária e decidem, em conjunto, sobre suas atividades. A ideia é proporcionar um controle mais democrático da organização, tendo em vista as necessidades específicas do grupo. No cooperativismo, as responsabilidades são compartilhadas. As perdas de um indivíduo representam perda para os demais. Em compensação, o sucesso de uma pessoa demonstra que todos acertaram. Essa dinâmica democrática alimenta a busca pelo caminho mais correto – aquele que se sustente no longo prazo e não deixe ninguém para trás. Como é viver numa comunidade ou passar temporadas, férias, fins de semana. Os seus moradores poderão ser permanentes, provisórios ou ocasionais. Além dos moradores fixos, a comunidade poderá ter também membros que residam na cidade e venham para a comunidade nos finais de semana ou ocasionalmente. A dificuldade ou limitação para morar em uma comunidade é principalmente para pessoas que estejam trabalhando ou estudando em cidades distantes da comunidade. Mas, nesse caso, elas podem usar a comunidade para lazer, férias, temporadas ou finais de semana. Os participantes deverão ter seu espaço individual, mas também participar em conjunto de outras atividades: refeições, lazer, esportes, caminhadas e atividades de grupo, como relaxamento, prática de meditação, ioga e outras. Nas ecovilas, consome-se pouco, reutiliza-se muito e recicla-se quando necessário. A agricultura é orgânica e sazonal. O que falta de alimento é obtido com produtores e comerciantes regionais, fortalecendo a economia local. Os sistemas de captação de energia são renováveis e atóxicos, obtidos com tecnologia sofisticada, porém não agressiva ao ambiente. A água é reaproveitada ao máximo: depois de utilizada nos chuveiros e na cozinha, ela é tratada e irriga a horta, por exemplo. As refeições são preparadas na cozinha comunitária, que, como os mantimentos da dispensa, está disponível a todos os moradores. Na hora de comer, é só escolher um lugar. Mesas e cadeiras estão espalhadas sob as árvores, no refeitório e dentro da cozinha. É difícil ver alguém almoçando ou jantando sozinho, embora cada casa possa ter sua própria cozinha. Cozinhar para todo mundo é mais eficiente, poupa tempo. Além disso, as refeições são momentos de encontro, como diz Susan Andrews, socióloga e psicóloga americana, fundadora da comunidade Parque Ecológico Visão Futuro, em Porangaba, SP. Passos iniciais para a formação de uma comunidade: Comunidade mental O primeiro passo é contatar pessoas com o perfil adequado e que estejam interessadas em viver em comunidade ou seja, uma comunidade mental, formando um grupo de pessoas que abracem a causa e que estejam dispostas a colocar o projeto de ecovila em ação.
  • 4. Para viver em comunidade é necessário, antes de mais nada, mudar a maneira de pensar e agir. Uma comunidade supõe uma integração solidária e harmônica entre seus integrantes. Portanto, é necessário primeiro construir-se um espírito comunitário capaz de sedimentar a sua existência física, ou seja, uma comunidade mental. O que muitas pessoas ainda não compreenderam é que para viver em comunidade é necessário antes mudar sua maneira de pensar e agir. De nada adianta estar em uma comunidade se as pessoas continuarem sendo egoístas, competitivas, individualistas. Uma comunidade supõe uma integração solidária e harmônica entre seus integrantes. Comunidade física Constituída a comunidade mental e dependendo do número de pessoas, pode-se partir para definir a localização e o tamanho do espaço adequado, que pode ser urbano ou rural. De início é mais viável começar com um imóvel pequeno, que possa ser alugado, arrendado ou até cedido em comodato para, posteriormente, partir-se para um imóvel maior ou uma aquisição. Pequenas pousadas, campings e clubes inativos, desativados ou fechados, mesmo que funcionem, mas que possam ser alugados, arrendados ou cedidos em comodato e sítios e fazendas que estejam próximos de cidades, são interessantes opções para se iniciar uma comunidade. Assim, busca-se primeiro criar uma mini-comunidade que sirva de modelo e passo inicial para uma posterior comunidade maior. O imóvel procurado deverá ter uma infra-estrutura mínima para se começar a comunidade: acesso razoável, água, energia elétrica, moradias para os primeiros ocupantes, segurança, proximidade de uma cidade ou vila para prover as necessidades básicas da comunidade (combustível, roupas, eletro-domésticos, alimentos não produzidos na comunidade), terra fértil para as plantações. Comunidade social A última etapa será organizar socialmente a comunidade e colocá-la em funcionamento. Aí é importante que todos ajudem na adequação, manutenção e funcionamento da comunidade, e na divisão de trabalhos e tarefas, responsabilidades, direitos e deveres, tomadas de decisões, atividades individuais e grupais. Além de moradores fixos, a comunidade poderá ter também membros que residam na cidade por motivo de trabalho e venham para a comunidade nos finais de semana. Pode-se programar reuniões para aperfeiçoamento interno de cada membro do grupo através de meditação, ioga, reiki, harmonizações e outras técnicas; a participação nessas reuniões é opcional. Todos terão direitos iguais, sem privilégios ou discriminações, independente de seu poder aquisitivo e do quanto contribuiram para a comunidade. Como é a rotina em uma comunidade? Cada um, dentro de suas possibilidades e capacidades, deverá se dedicar a realizar trabalhos tanto comuns (plantar, cozinhar, lavar, fazer limpeza, auxiliar nas construções) como relacionados à sua experiência e preparação (atendimentos, terapias, palestras, música, teatro, artes). A comunidade se destina a pessoas que buscam estabelecer um modus vivendi. Embora tendo suas variações, em geral a rotina em uma comunidade começa com uma reunião do grupo no jardim, onde os participantes se unem em alguma espécie de saudação coletiva ou meditação; após o café da manhã, com todos reunidos em uma mesa grande, parte-se para caminhar pela praia, campo ou outro espaço disponível; aproveita-se para a prática de exercícios físicos, fisioterápicos ou ciclísticos; após a caminhada, pode-se reunir as pessoas sob tendas, para jogar (damas, dominó, baralho) ou simplesmente relaxar; em seguida, volta-se para a comunidade para a preparação do almoço que pode ficar a cargo de quem goste ou ser por rodízio; quem não souber ou não quiser cozinhar, pode ficar como auxiliar
  • 5. de cozinha ou depois ajudar a lavar os utensílios; após o almoço há um período de descanso, onde as pessoas podem tirar sua “siesta”, ler ou ver televisão; a tarde é geralmente destinada a atividades grupais, cursos, palestras, filmes, terapias ou alguma forma de lazer; após o jantar, as pessoas ficam por conta de suas preferências (sair, ver televisão ou filmes, ouvir música, etc.); para os fins de semana, são programados passeios e viagens. A participação nas atividades é voluntária. Critérios e condições para se viver numa comunidade:  A comunidade se destina a pessoas que buscam estabelecer um modus vivendi harmônico, equilibrado e solidário, onde possam compartilhar e usufruir de atividades, tarefas, bens e produtos, como uma saída viável de vida alternativa e onde se respeite a natureza, o meio ambiente, a diversidade, as relações interpessoais.  São pessoas que buscam: uma compreensão maior e mais ampla da realidade; a superação dos problemas pessoais ou conflitos sociais; a liberdade de seguir suas opções religiosas, filosóficas, sexuais, respeitando as dos demais; o respeito para com a natureza, o meio ambiente, a diversidade, as relações interpessoais.  Devem participar da comunidade as pessoas que pretendem encontrar uma forma de vida solidária, de mútuo companheirismo e compartilhando trabalhos, tarefas, lazer, prazer e qualidade de vida. Os membros desta comunidade devem estar livres de vaidades, egoísmo e preconceitos de qualquer tipo; estar sempre prontos para ajudar o próximo; ser respeitosos em tudo, incluindo as práticas espirituais e religiosas dos demais; procurar trabalhar pelo seu próprio aperfeiçoamento.  Não devem ir para uma comunidade pessoas egoístas, egocêntricas, arrogantes, que se acham mais importantes que as demais, preocupadas basicamente em acumular bens e ganhar dinheiro, e aquelas que valorizam principalmente a aparência, o status, o supérfluo, o superficial. Essas pessoas, além de não se adaptarem, ainda causam constrangimentos, problemas e conflitos que podem levar à desagregação da comunidade.  As decisões devem ser aprovadas por consenso. Assim todos precisam ser escutados e dar suas opiniões, e também respeitar as opiniões alheias. Com isso, pode-se tomar decisões mais aprimoradas. A organização interna é fundamental e básica para o bom funcionamento da comunidade. O que fazer para participar Inicialmente, as pessoas que estiverem interessadas em participar deste projeto ou souberem de outras que possam se interessar e obter maiores informações, poderão entrar em contato conosco pelo e-mail goursand@gmail.com.