2º ano capítulo 3 brasil da independência ao golpe da maioridade (1)
Primeiro Reinado Brasil 1822-1831 D.Pedro I
1. O Primeiro Reinado.<br />O primeiro Reinado do Brasil é o nome dado ao período em que D. Pedro I governou o Brasil como Imperador, entre 1822 e 1831, quando de sua abdicação. O primeiro reinado compreende o período entre 7 de setembro de 1822, data em que D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, e 7 de abril de 1831, quando abdicou do trono brasileiro.<br />É historicamente incorreto referir-se a este período como quot;
primeiro impérioquot;
, já que o Brasil teve um único período imperial contínuo, dividido em primeiro e segundo reinados.<br />O primeiro reinado caracterizou-se por ser um período de transição. Foi marcado por uma grande crise econômica, financeira, social e política. A efetiva consolidação da independência do Brasil só ocorreria a partir de 1831, com a abdicação de D. Pedro I.<br />O reconhecimento da independênciaO primeiro país a reconhecer oficialmente a independência do Brasil foram os Estados Unidos da América, no ano de 1824. O reconhecimento deu-se obedecendo aos princípios da Doutrina Monroe, que pregava e defendia a não intervenção da Europa - através da Santa Aliança- nos assuntos americanos. quot;
A América para os americanosquot;
erao lema da Doutrina Monroe. Desta forma, os Estados Unidos da América garantiam sua supremacia política na região.No ano de 1825 foi à vez de Portugal reconhecer a independência de sua antiga colônia. A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e Portugal. Em troca do reconhecimento, Portugal exigiu uma indenização de dois milhões de libras, que auxiliariam o Reino lusitano a saldar parte de suas dívidas com os britânicos. Como o Brasil não possuía este montante, a Inglaterra tratou de emprestar. Assim, o dinheiro exigido por Portugal nem saiu da Inglaterra e, de quebra, o Brasil tornou-se seu dependente financeiro.Graças à mediação inglesa no reconhecimento de nossa independência, esta obteve importantes regalias comerciais com a assinatura de um tratado, no ano de 1827, que reafirmava os tratados de 1810. O acordo garantia tarifas alfandegárias preferenciais aos produtos ingleses, o que prejudicou o desenvolvimento econômico brasileiro. O novo acordo estabelecia a extinção do tráfico negreiro cláusula que não foi concretizada.Assim, o Brasil continuava a ser um exportador de produtos primários, importador de produtos manufaturados e dependentes financeiramente da Inglaterra.<br />Assembléia Constituinte.<br />Para elaborar a primeira constituição brasileira, em 3 de maio de 1823, com a sessão de abertura presidida pelo próprio Imperador, instalou-se a Assembléia Constituinte. Convocada na regência de D. Pedro, sua composição era nitidamente elitista, uma vez que os cem deputados que representavam as 19 províncias do Império eram, na sua maioria, grandes proprietários rurais, e mesmo os bacharéis, magistrados, religiosos e militares eram ligados de certa maneira à propriedade.<br />Desde o início dos trabalhos constituintes, as sessões eram tumultuadas pelos choques entre moderados e radicais, divergentes quanto à forma de organização do Império. Contudo, as propostas liberais contidas no anteprojeto de constituição acabaram por abrir um conflito maior, ao se chocar com as tendências absolutistas de D. Pedro I.<br />A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR<br />O nordeste brasileiro, no início do século XIX, encontrava-se em grave crise econômica. Somada aos ideais revolucionários de 1817 (Revolução Pernambucana) ocorre em Pernambuco um movimento republicano, de caráter separatista e popular.Entre os líderes do movimento temos as figuras de Manuel de Carvalho Pais de Andrade, Cipriano Barata, padre Gonçalves Mororó e Frei Caneca. O movimento recebeu apoio de outras províncias nordestinas (Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba). Os rebeldes proclamaram a independência e fundaram uma república, denominada Confederação do Equador (dada à localização geográfica das províncias rebeldes, próximas à linha do Equador) e adotaram, de forma provisória, a Constituição da Colômbia.A repressão ao movimento, determinada pelo imperador, foi violenta e seus principais líderes condenados à morte.<br />Abdicação de D Pedro 1<br />Em 1830 as forças liberais brasileiras, espelhadas na Revolução Liberal de 1830, que eliminou o absolutismo dos Bourbons, na França, aumentaram as críticas à conduta política do Imperador. Com a dissolução da Câmara dos Deputados e o assassinato de Líbero Badaró, redator do quot;
Observador Constitucionalquot;
, em São Paulo, aumentou ainda mais a insatisfação dos brasileiros, que passaram a articular a derrubada de D. Pedro I.<br />Em março de 1831, depois de uma desastrosa viagem a Minas Gerais, onde o Imperador sofreu a hostilidade dos políticos locais, o Partido Português resolveu promover uma grande festa em apoio ao governante, prontamente repelida pelo povo do Rio de Janeiro, manipulado pela elite dirigente. A luta entre brasileiros e portugueses, conhecida como Noite das Garrafadas, era o prelúdio do fim.<br />Em 7 de abril de 1831, depois de sucessivas trocas ministeriais e incapaz de deter os distúrbios de rua, promovidos por populares e que contavam agora com a adesão de tropas do governo, D. Pedro abdicou do trono brasileiro, em favor de seu filho, o príncipe D. Pedro de Alcântara, na época com cinco anos incompletos.<br />Com isso, consolidava-se a Independência, uma vez que as últimas ameaças de uma possível recolonização portuguesa estavam definitivamente eliminadas.<br />A Guerra da Cisplatina<br />Em 1825, intensificou-se a luta pela independência da Província Cisplatina, que tinha sido incorporada ao Brasil na época do Reino Unido. A Argentina, que tinha interesse em anexar a região, defendeu e apoiou de pronto o separatismo platino, dando início a uma guerra contra o Império brasileiro.<br />A Guerra da Cisplatina não era aceita pela maioria dos brasileiros. Contudo ela foi levada à frente e de forma intempestiva pelo Imperador, com gastos elevados e mais empréstimos ingleses. Em 1828, quando o Brasil já acumulava várias derrotas e algumas vitórias inexpressivas, deu-se a intervenção diplomática da Inglaterra, no sentido de solucionar o conflito que afetava os seus interesses na bacia do Prata. Assim, o Império e a Argentina desistiam da Cisplatina e reconheciam a nova nação, que adotou o nome de República do Uruguai.<br />A desastrosa e custosa campanha da Cisplatina contribuiu para o aumento das críticas ao Imperador, que desde 1823 praticava um governo despótico, onde seus interesses pessoais se sobrepunham aos interesses nacionais. <br />Sucessão do trono português.<br />Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro foi aclamado rei de Portugal. A aceitação do título pelo Imperador provocou um profundo mal-estar entre todos os brasileiros, que se viam agora ameaçados pela reunificação das duas coroas, o que colocava em risco a independência do Brasil.<br />Diante das sucessivas manifestações no Rio de Janeiro, D. Pedro renunciou ao trono português em favor de D. Maria da Glória, sua filha, que ainda era criança.<br />Para governar como regente, D. Pedro indicou seu irmão, D. Miguel, de tendência absolutista e que acabou se apossando ilegitimamente do trono português.<br />Sempre sob suspeita dos brasileiros e apoiados pelos constitucionalistas lusos, D. Pedro começou uma longa luta contra o irmão, sustentada por recursos nacionais e pelos empréstimos ingleses. A questão do trono português foi solucionada em 1830; um ano depois, abdicando ao trono brasileiro, D. Pedra se tomaria rei de Portugal. Com título de Pedro IV.<br />Noite das Garrafadas<br />A noite das garrafadas - como ficou conhecida o conflito envolvendo portugueses que apoiavam d. Pedro 1° e brasileiros que faziam oposição ao imperador - foi um dos principais acontecimentos do período imediatamente anterior à abdicação do monarca, em abril de 1831. O conflito, que ocorreu nas ruas do Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1831, levou esse nome pelo fato de os brasileiros terem utilizado pedras e garrafas para atacar os portugueses.<br />