Os Barcos da Vida: As Consequências de Nossas Ações
1.
2. Conto tirado do livro Novas Histórias que ninguém contou-Novos Conselhos
que ninguém deu, de autoria de Melcíades José de Brito.
Três homens morreram e chegaram ao Mundo dos Espíritos exibindo
qualidades diferentes. O primeiro era mentiroso e causara muita desgraça aos
que acreditaram em suas palavras. O segundo era enganador e iludira muitas
pessoas, fazendo-as perder tempo considerável por dar ouvidos às suas
promessas. O terceiro era um solitário, que vivera só para si, desprezando
todas as oportunidades de fazer algo em favor de alguém.
Despertaram numa região trevosa, onde foram perseguidos por vampiros. Na
tentativa de escapar, correram, desesperadamente, até que chegaram às
margens de um grande rio. Do ponto onde pararam podiam ver que, do outro
lado do rio, estava o Reino Celestial.
3. Temendo a chegada dos vampiros, que os perseguiam, clamaram pelo nome
de Deus, até que um Anjo do Senhor a eles se apresentou.
- Anjo, salva-nos! - disseram a um só tempo.
- Usem os barcos da vida! - disse o Mensageiro Celestial.
Eles viram, na beira do rio, três barquinhos, marcados com seus nomes.
Rápidos, pegaram os barcos e se lançaram na água, para fugir dos vampiros,
que já vinham próximo. Seguiu-se uma cena de muito desespero e aflição: o
mentiroso não saiu do lugar, porque seu barco foi invadido pelas águas,
afundando; o enganador ficou girando, no mesmo lugar, porque seu barco não
obedecia a seus comandos; o solitário não tinha força suficiente para vencer a
correnteza e tirar o barco do lugar. Enquanto isso, os vampiros perseguidores
aproximavam-se. Já era possível ouvir suas ameaças e gritos de revolta.
4. Vendo que o Anjo ali permaneceu quieto, disse-lhe o mentiroso, no auge do
desespero: - Anjo, que barco me deste? "Dei-te um Barco Furado, meu
amigo. Foi o que produziste em vida. Cada mentira que criavas era um furo
que fazias em teu barco." E eu Anjo, que barco me deste? - perguntou o
enganador. "Dei-te um Barco Sem Rumo, meu amigo. Foi o que produziste
em vida. Cada promessa que fazias e não cumprias, deixando as pessoas
desnorteadas, era uma avaria que causavas no leme de teu barco." E eu Anjo,
que não menti nem iludi, que barco me deste? -disse o solitário. "Dei-te o
Barco do Retorno, meu amigo. Foi o que mereceste em vida. Por viveres de
forma egoísta, tornaste nula tua existência e terás que retomar para começar
tudo de novo." Nesse instante os vampiros chegaram e, determinados,
armaram-se para aplicar o bote fatal.
5. Aflito, o homem solitário, olhando para os outros dois padecentes, gritou
alucinado: Venham! Rápidos, os dois convidados pularam para dentro do
Barco do Retorno e este, agora movido pela força dos três homens, saiu do
lugar para cumprir seu destino, livrando-os dos inimigos. Quarenta anos
depois, era possível ver um lar neste mundo, onde um pai extremamente
afetuoso dedicava-se a dois filhos, buscando, com sua doação de amor, livrá-
los dos maus hábitos que possuíam: é que um gostava muito de mentir e o
outro era especialista em prometer e não cumprir.
As leis de Deus são perfeitas. Em todo momento estamos acionando essas
leis, de conformidade com nossas atitudes e procedimentos. Uma de suas leis
é a de Ação e Reação. Cada ato praticado na vida desencadeia uma reação,
que é a resposta de Deus, aplicada através das leis que Ele criou.
6. Ao longo da jornada terrena acumulamos merecimentos e dívidas. Méritos
pelos bons atos; endividamento pelos prejuízos causados aos outros. Os bons
atos decorrem das nossas ações que guardam harmonia com a Lei de Amor ao
Próximo. Os erros resultam do distanciamento dessa Lei. No mundo material
colhemos a resultante dessas nossas ações. Mas, no Plano Espiritual também,
e até mais intensamente, daí poder-se dizer, apropriadamente, que aqui é a
semeadura e lá a colheita. Após a morte do corpo, todos se depararão, no
Plano Espiritual, com sua própria consciência. É nela onde está o registro de
tudo que fomos e fizemos. Mergulhada no Halo Divino, a consciência de
cada um aponta o grau de acerto e de desacertos cometidos na vida, gerando
individualmente, no Plano Maior, as consequências felizes ou desgraçadas.
7. A história dos barcos tem o propósito de levá-lo a refletir sobre essas
consequências. A narrativa aponta, figurativamente, a vida de três homens
endividados, que se deparam, após a morte, com os resultados dos erros
praticados no curso da caminhada terrena. Os barcos representam o
merecimento de cada um; o Anjo é a figura dos Mentores Espirituais,
mensageiros de Deus imbuídos da missão de nos instruir e proteger; os
vampiros são os tormentos mentais que perseguem os pecadores, através do
remorso e do arrependimento; o Barco do Retomo simboliza a Lei da
Reencarnação, da qual ninguém escapa, quer já tenha maturidade espiritual
para compreendê-la, ou não.
A vida é uma caminhada rumo a Deus.
8. Saídos das mãos do Pai, como espíritos simples e ignorantes, a Ele
retornaremos na condição de Espíritos Puros.
Todos nós, Espíritos caminhando para Deus, voltamos à Terra sucessivas
vezes, para ressarcimento de dívidas e para a conquista de novas virtudes,
rumo à perfeição.
"Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não
poderá ver o Reino de Deus" (João 3:3).
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho
Segundo o Espiritismo.