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Síndrome de Burnout e a Enfermagem
CIDCLEIDE CARVALHO RIBEIRO
JULIANA APARECIDA BARBOSA
MARGARETH DE SOUZA OLIVEIRA
SÍNDROME DE BURNOUT E A ENFERMAGEM: REVISÃO DA LITERATURA
UNIVERSIDADE PAULISTA
Santos (SP), 2008
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Paulista – Santos , como requisito para obtenção do
grau de Enfermeiro.
Orientador (a): Professora Mestre
Simone de Freitas Duarte Oliveira
UNIVERSIDADE PAULISTA
Santos (SP), 2008
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar a minha família que
tanto me incentivou nos momentos mais difíceis, as minhas colegas Juliana e
Margareth pelo companheirismo e dedicação, e em especial a Professora Lourdes e
Simone pelo carinho e compreensão ao longo do estágio e a todos que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
Cidcleide
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso ao meu pai Iorides e minha mãe Zilcir
por tudo, pelas broncas, pelos castigos, mas principalmente pela dedicação, por me
fazerem crescer e me tornar uma mulher de valor.” Você diz que seus pais não te
entendem, mais você não entende seus pais, você culpa seus pais por tudo , isso é
absurdo, são crianças como você ; o que você vai ser quando você crescer”? Dedico
ao meu filho Arthur e meu noivo Willian por me darem forças quando muitas vezes à
vontade de desistir bateu em minha porta. “Aquele que segue o caminho sozinho pode
até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais
longe”. A enfermeira Lourdes pela dedicação e desempenho em campo de estágio,
por acreditar em mim, pelas dicas ensinamentos e bom exemplo. As minhas amigas
Cidcleide e Margareth por não desistirem de mim neste trabalho. “Verdadeiras amigas
não se separam apenas seguem caminhos diferentes”. Aos meus irmãos, Edmilson,
Marisa, Sérgio e Jaqueline por fazerem toda diferença em minha vida.
Este sonho se concretizou, mas sem todos vocês seria ainda apenas um sonho.
Obrigada por fazerem minha estrela brilhar. Uma vez Jesus falou: eu não disse que
seria fácil, eu só disse que valeria a pena e valeu!!
Juliana
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar ao meu Pai Celestial
por ser à base das minhas conquistas; à minha família e a meus lideres por
acreditarem e terem interesse em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-se
junto a mim, para que eu suprisse todas elas; a meus filhos (as), e netas (os) que eles
possam reconhecer que na vida sempre a tempo de se fazer boas escolhas; a minhas
amigas do TCC Cidcleide e Juliana por me ensinarem tanto; a meus professores, pela
dedicação prestada em suas aulas, colaborando assim em meu aperfeiçoamento
profissional.
“Qualquer princípio de inteligência que alcançarmos nesta vida, surgirá conosco na
ressurreição.” Doutrina e Convênios 130: 18
Margareth
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, por termos conseguido realizar nossos objetivos, a nossa
orientadora Simone, que tanto nos ajudou a não desistir, a nossos professores que
durante esses anos tanto nos ensinaram.
E em especial as autoridades deste país que nos ajudaram financeiramente para que
pudéssemos concluir está faculdade; sem eles jamais teríamos realizado esse sonho,
muito obrigada.
Resumo
Todos os seres vivem situações de estresse e os fatores desencadeantes podem
aparecer em qualquer etapa da vida. O trabalho com a doença e o sofrimento
freqüentemente são causa de estresse físico e psicológico levando o profissional ao
estresse ocupacional. O presente estudo teve como objetivo identificar a partir de
levantamento bibliográfico, os fatores desencadeantes, e os principais sintomas da
Síndrome de Burnout, para informar os profissionais da enfermagem sobre sua
existência, e assim esclarecer alguns aspectos que às vezes são confundidos com o
estresse. Trata-se uma pesquisa bibliográfica de artigos indexados nas bases de
dados presente nos sites: www.bireme.br, www.usp.br, no período de 2001 a 2008.
Utilizou-se a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciência da Saúde
(DeCS/Bireme), que identificou os descritores: burnout síndrome, esgotamento
profissional, estafa profissional, estresse ocupacional e estresse profissional, exaustão
emocional e física. A busca ocorreu no mês de setembro de 2008. Foram
selecionados 15 artigos, dentre os quais os sintomas mais freqüentes referem-se à
fadiga, dores de cabeça, insônia dores no corpo, palpitações, alterações intestinais,
náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constante, que são citados em três
artigos, seguidos de oscilações de humor, alergias e ansiedade e depressão abordada
em dois artigos. Dentre os fatores desencadeantes os mais freqüentes foram o plantão
noturno constante, a jornada dupla da mulher como mãe e profissional, situações
criticas e de emergência, trabalho prolongado, conflitos entre equipe, falta de
funcionários, e diminuição do convívio familiar que foram referidos em cinco artigos.
Palavras- chave – burnout, enfermagem, estresse
Abstract
All the beings live situations of stress and the desencadeantes factors can appear in
any stage of the life. The work with the illness and the suffering frequently is cause of
stress physicist and psychological taking the professional to it stress it occupational.
The present study it had as objective to identify from bibliographical survey, the
desencadeantes factors, and the main symptoms of the Burnout Syndrome , to inform
the professionals of the nursing on its existence, and thus to clarify some aspects that
to the times are confused with it stress. A bibliographical research is about articles
indexed in the databases, present one in the sites: www.bireme.br, www.usp.br. In the
period of 2001 the 2008. It was used terminology in health consulted in the Describers
in Science of the Health (DeCS/Bireme), that it identified the describers: burnout
syndrome, professional exhaustion, professional hard work, stress occupational and
stress professional, emotional and physical exhaustion. The search occurred in the
month of September of 2008. 15 articles had been selected, amongst which the
symptoms most frequent mention the fatigue to it, migraines, intestines, nauseas,
tremors, cold extremities and cooled sleeplessness pains in the body, palpitations,
alterations constant, that are cited in three articles, followed of oscillations of mood,
allergies and anxiety and boarded depression in two articles. Amongst most frequent
the desencadeantes factors they had been the constant nocturnal plantão, the double
day of the woman as mother and professional, situations you criticize and of
emergency, drawn out work, conflicts between team, lack of employees, and reduction
of the familiar conviviality that had been related in five articles.
Key words – burnout, nursing, stress
LISTA DE ABREVIATURAS
Classificação Internacional das Doenças = C I D
Organização Mundial da Saúde= O M S
Síndrome de Burnout = S B
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Síndrome de Burnout e a Enfermagem
O tema escolhido para ser desenvolvido para esta pesquisa bibliográfica de revisão da
literatura foi Síndrome de Burnout (S B) e a Enfermagem. Lauter define a S B como
um estresse crônico experimentado pelo indivíduo em seu contexto de trabalho,
principalmente no âmbito das profissões cuja característica essencial é o contato
direto com pessoas, como por exemplo, professores, médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, dentre outros. Ressalta ainda que a S B seja como uma deficiência,
um falhar, um ficar exaurido através da demanda excessiva de energia, força ou
recursos. (1)
A S B foi reconhecida como risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados
com saúde, educação e serviços humanos. No Brasil, o Decreto N 3.048 de 6 de maio
de 1999 aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos
Agentes Patológicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de
Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da
Classificação Internacional das Doenças- CID-10) cita a “Sensação de Estar Acabado”
(Síndrome de Burnout, Síndrome do Esgotamento Profissional) como sinônimo do
Burnout que, na CID-10, recebe o código Z 73.0.
1.2 – Justificativa
A escolha desse tema foi importante, considerando que essa síndrome é um
fenômeno pouco conhecido em nossa realidade. Essa pesquisa serviu para elucidar e
esclarecer algumas dúvidas a respeito dessa síndrome e será de benefício para os
profissionais da enfermagem, tendo em vista que a mesma acomete muitos
profissionais da área. Burnout pode ser considerado um grande problema no mundo
profissional da atualidade. (2)
1.3 – Problemas / Hipótese
A ocorrência de estresse profissional tem sido observada em todas as partes do
mundo como um importante fator causal de morbimortalidade e, de quebra, entre
saúde mental e o bem estar do trabalhador. (3)
Sabendo-se que Burnout não é um problema do indivíduo, mas do ambiente social no
qual o indivíduo trabalha, será que o estresse profissional pode conduzir o profissional
da enfermagem a desenvolver a S B?
A hipótese é que existe relação entre os sintomas apresentados pela equipe de
enfermagem com a S B.
1.4 – REVISÃO DA LITERATURA:
1.4.1- ESTRESSE:
A preocupação com o estresse é mundial, levando a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a considerá-la uma epidemia global com diversos fatores agravantes ou
atenuantes a situação. Hans Selye, (4) define: ”Estresse é uma alteração fisiológica
que se processa no organismo quando este se encontra em uma situação que
requeira dele uma reação mais forte que aquela que corresponde a sua atividade
orgânica normal”.
Algumas pessoas parecem ter uma tendência crônica para se estressarem e esta se
constitui em um quadro que inclui distorções cognitivas isto é, um modo inadequado
de pensar e avaliar os eventos da vida, expectativas ilógicas e exageradas,
vulnerabilidades pessoais e comportamentos observáveis aliciadores de estresse.
Inclui também uma hiper-reatividade fisiológica perante as demandas psicossociais, a
qual pode ser gerada por uma hipersensibilidade do sistema límbico, conduzindo a
produção excessiva de catecolaminas, testosterona e cortisol. (5)
Todos os seres vivem situações de estresse e os fatores desencadeantes podem
aparecer em qualquer etapa da vida. O trabalho com a doença e o sofrimento
freqüentemente são causa de estresse físico e psicológico levando o profissional ao
estresse ocupacional. O trabalho é uma atividade que ocupa grande parcela do tempo
de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade.
Dejour (6), afirmava que o trabalho nem sempre possibilita realização profissional.
Pode, ao contrario, causar problemas desde insatisfação até a exaustão.
Estudos mostram que o desequilíbrio na saúde do profissional pode levá-lo ao
absenteísmo, gerando licenças por auxílio-doença, reposição de funcionários,
transferências, contratações, novos treinamentos e outras despesas. A qualidade dos
serviços prestados e o nível da produção fatalmente são afetados, assim como a
lucratividade. (7)
Nem sempre o estresse é prejudicial, no entanto o estresse prolongado é uma das
causas do esgotamento, que pode levar ao Burnout. (7) Ou seja, o estresse pode ou
não levar a um desgaste geral do organismo dependendo da sua intensidade,
duração, vulnerabilidade do indivíduo e habilidade em administrá-lo. (8) Para Codo,
Sampaio e Hitomi, saúde e doença não são fenômenos isolados que possam ser
definidos em si mesmos, mas estão vinculados ao contexto socio-econômico-cultural.
(9)
Neste sentido Silva e Marchi (10) afirmam que o estresse é um estado intermediário
entre saúde e doença, um estado durante o qual o corpo luta contra o agente
causador da doença; quando se confronta com um agressor (estressor) o corpo reage.
Essa reação tem três estágios: alarme, resistência e exaustão.
A fase de alarme consiste em uma fase muito rápida de orientação e identificação do
período, preparando o corpo para a reação propriamente dita, ou seja, a fase de
resistência. Lipp (8) acrescenta que às vezes as sensações não se identificam como
estresse, é por isso que muitos não se dão conta de que estão neste estado.
A fase de resistência é uma fase que pode durar anos. É a maneira pela qual o corpo
se adapta a nova situação. É parte do estresse total do individuo e se processa de
dois modos: sintóxico (tolerância e aceitação) e catotóxico (contra, não aceitação).
Para Lipp (8), isto ocorre quando a pessoa tenta se adaptar a nova situação,
restabelecendo o equilíbrio interno.
A fase de exaustão consiste em uma extinção da resistência, seja pelo
desaparecimento do estressor o agressor seja pelo cansaço dos mecanismos de
resistência. Então é nesse caso que o resultado será o da doença ou mesmo um
colapso.
Esse estresse crônico e permanente leva o trabalhador a S B. A sensação de estar
acabado, ou síndrome profissional, é um tipo de resposta prolongada a estressores
emocionais e interpessoais crônicos do trabalho. Segundo Maslach e Jackson (apud
Codó, 1999), na S B, o trabalhador se envolve afetivamente com seus clientes, se
desgasta e num extremo, desiste, não agüenta mais, entra em Burnout. (11)
1.4.2 – BURNOUT:
Burnout quer dizer queimar-se até a cinza, essa síndrome afeta profissionais que
lidam com o público e sua estatística é de duas mulheres para cada homem. A
literatura aponta que as mulheres podem ser mais vulneráveis ao estresse que os
homens por vivenciarem conflitos entre papéis: ser trabalhadora de uma instituição
além de ser mãe, dona de casa e esposa. (12)
O conceito burnout surgiu nos Estados Unidos nos meados da década de 1970 para
dar explicação ao processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos
trabalhadores. O termo Burnout quer dizer burn = queima e out = exterior. Ao longo
dos anos essa síndrome de queimar-se, tem se estabelecido como uma resposta ao
estresse laboral crônico integrado, por atitudes e sentimentos negativos.
Segundo Pereira (13) essa síndrome tem como principais características: desgaste
emocional, a despersonalização e a reduzida satisfação pessoal ou sentimento de
incompetência do trabalhador.
Delvaux, citado por França e Rodrigues (12), caracteriza o Burnout emocionalmente
da seguinte forma:
- Exaustão emocional - ocorre quando a pessoa percebe nela mesmo a impressão de
que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros, Surgem sintomas de
cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão, sinais de
ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças.
- Despersonalização - corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de
atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha
tratando-as como objetos.
- Diminuição da realização e produtividade profissional – geralmente conduz a uma
avaliação negativa e baixa de si mesmo.
- Depressão – sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta os
pensamentos, sentimentos e o comportamento social. Estas podem ser breves,
moderadas, ou até graves.
Maslach e Jackson (11) resumem a SB em três características: exaustão emocional,
despersonalização e falta de realização pessoal.
1.4.3 - ENFERMAGEM:
No campo da saúde, em especial o da enfermagem foi se distanciando de sua função
essencial,porque o numero de pacientes que necessita de tratamento especializado
vem aumentando, exigindo assim assistência mais especializada.
A enfermagem desde o seu surgimento ate os dias atuais, tem buscado uma auto-
definição, tentando construir sua identidade profissional e obter reconhecimento, tem
enfrentado dificuldades que comprometem o desempenho do seu trabalho. Além
disso, a situação política na qual estamos imersos, com os salários baixos,
estreitamento do mercado de trabalho e o desemprego, são fatores agravantes aos
profissionais que são obrigados a atuar em mais de um local de trabalho, exercendo
uma carga horária mensal extremamente longa em ambientes potencialmente
geradores de conflitos, predispondo estes profissionais da saúde ao estresse. São
profissionais que se encontram em risco constante de experimentar a S B.
A equipe de enfermagem rotineiramente é exposta a carga física e mental durante seu
trabalho, situações de emergência impõem tarefas que sobrecarregam o individuo, a
jornada de trabalho freqüentemente é extensa, duplicada e acompanhada de
plantões.
A enfermagem segundo a Health Education Authorith foi classificada como a quarta
profissão mais estressante.
1.4.4 – SINTOMAS DE BURNOUT:
Pereira (13) define os sintomas em:
SINTOMAS FISICOS:
• Fadiga constante progressiva: a sensação de falta de energia e vazio interno é o
sintoma mais referido pela maioria das pessoas acometidas pelo Burnout. Muitas
vezes as pessoas relatam que, mesmo depois de uma noite de sono, acordam
cansadas e sem animo para nada;
• Dores musculares ou osteomusculares: as mais freqüentes são dores na nuca e
ombros. As dores na coluna cervical e lombar também possuem alta incidência;
• Distúrbios do sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a
pessoa não consegue conciliar o sono, ou dorme imediatamente, acordando poucas
horas depois e permanecendo desperta do cansaço. Sono agitado e pesadelos;
• Cefaléias, enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional. Há
relatos desde o latejar das temporas até dores persistentes e intensas em que a
pessoa não suporta nem um mínimo de som;
• Perturbações gastrintestinais: podem ter intensidades que vai desde uma
“queimação” estomacal, gastrites, podendo evoluir até para uma úlcera. Náuseas,
diarréias e vômitos são referidos. Em algumas pessoas, observa-se a perda do
apetite, levando a um emagrecimento significativo, enquanto em outras há um
aumento no consumo de alimentos, com conseqüência opostas;
• Imunodeficiência: diminuição da resistência física, acarretando resfriados ou gripes
constantes, afecções na pele como prurido, alergias, herpes, queda de cabelo,
aparecimento ou aumento de cabelos brancos;
• Transtornos cardiovasculares: neste item há relatos desde hipertensão arterial,
palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias;
• Distúrbios do sistema respiratório: dificuldade para respirar, suspiros profundos,
bronquite, asma;
• Disfunções sexuais: diminuição do desejo sexual, dores nas relações e anorgasmia
(no caso das mulheres), ejaculação precoce ou impotência (nos homens);
• Alterações menstruais nas mulheres: atraso ou até mesmo suspensão da
menstruação.
SINTOMAS PSÍQUICOS:
• Falta de atenção, concentração: a pessoa denota dificuldade de ater-se no que esta
fazendo. Parece estar sempre “distante”. Por vezes, sua atenção é seletiva, isto é,
mostra-se distraída, sem interesse.
• Alterações da memória: tanto evocativa como de fixação. Apresenta lapsos de
memória; muitas vezes para de realizar uma atividade que estava fazendo por não
saber mais por que a realizava, precisando retornar ao local ou momento anterior para
tentar recordar-se;
• Lentidão do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, assim como
o tempo de resposta do organismo;
• Sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que
a rodeiam, como se nada tivesse a ver com ela, como se as coisas fossem irreais;
• Sentimento de solidão: muitas vezes decorrente do traço anterior, a pessoa sente-se
só, não compreendida pelos demais;
• Impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sentindo que
este é sempre menor do que gostaria. Torna-se intransigente com atrasos, esperar
passa a ser insuportável;
• Sentimento de impotência: há sensação de que nada podem fazer para alterar a
atual situação, sentindo-se vítima de uma conjuntura superior as suas capacidades;
• Labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor. Em um momento
pode estar bem, rindo, passando a um estado de tristeza ou agressividade em poucos
minutos, por vezes sem um motivo manifesto ou diante de um acontecimento
aparentemente insignificante;
• Dificuldade de auto-aceitação, baixa auto-estima: a imagem idealizada e a observada
de si mesmo encontram-se distantes. Sente que a percepção de si e seus ideais estão
longe do que vem apresentando, trazendo uma insuficiência, de fracasso, levando a
uma deterioração de sua auto-imagem:
• Astenia, desânimo, disforia, depressão: realizar uma atividade, mesmo que de pouca
importância, é sempre custosa. Suas reações tardam mais que o habitual. Há um
decréscimo do estado de animo, perda do entusiasmo, levando a disforia que, sem a
devida intervenção, pode evoluir para uma depressão:
• Desconfiança, paranóia: sentimento de não poder contar com os demais, que as
pessoas se aproveitam de si e de seu trabalho, recebendo muito pouco ou nada em
troca. Por vezes, a desconfiança se acentua levando a paranóia, crendo que os
demais armam situações premeditadas apenas para prejudicá-lo intencionalmente.
SINTOMAS COMPORTAMENTAIS:
• Negligencia ou escrúpulo excessivo: como reflete dificuldade de atenção, pode vir a
descuidar-se em suas atividades ocupacionais, podendo causar ou ser vitima de
acidentes. Outros, por sentirem esta dificuldade, passam a ter uma atuação mais
detalhista, justamente para não incorrer em equívocos, acarretando lentidão nas
atividades. Pode haver também a tendência a voltar a rever várias vezes o que já foi
realizado;
• Condutas aditivas e evitativas: probabilidade do aumento de café, álcool, fármacos e
drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos
clientes e amigos;
• Irritabilidade: revela pouca tolerância para com os demais, perdendo muito
rapidamente a paciência. Tal atitude é até natural, considerando que esta conduta
tende a aumentar em pessoas que dormem mal:
• Incremento da agressividade: denota dificuldade em se conter, passando facilmente
a comportamentos hostis, destrutivos, mesmo que o acontecimento desencadeante
não seja de grande importância;
• Incapacidade para relaxar: apresenta constante tônus muscular, rigidez. Inclusive em
situações prazerosas, esta sempre em alerta, como se a qualquer momento algo
pudesse acontecer. Não consegue desfrutar de momentos de lazer, de férias. Mesmo
que se proponha a descansar, sente como se não pudesse parar o curso do
pensamento, como se seu cérebro estivesse em constante atividade;
• Dificuldade na aceitação de mudanças: denota dificuldade em aceitar e se adaptar a
novas situações, pois isto demandaria um investimento de energia de que não mais
dispõe. O comportamento desta forma torna-se mais rígido, estereotipado;
• Perda de iniciativa: também decorrente do citado acima, a pessoa dá preferência às
situações rotineiras, conhecidas, evitando tornar iniciativa que lhe exigiriam o
dispêndio de doses extras de energia, seja esta mental ou física;
• Aumento do consumo de substâncias: há uma tendência ao incremento no consumo
de bebidas alcoólicas ou mesmo “cafezinho”, por vezes fumo, tranqüilizantes,
substâncias lícitas ou até mesmo ilícitas. A farmacodependencia não deve ser
desprezada em casos de estresse e Burnout;
• Comportamento de alto risco: pode vir a buscar atividades de alto risco, procurando
sobressair-se ou demonstrar coragem, como forma de minimizar o sentimento de
insuficiência. Pode tratar-se de manifestação inconsciente no intuito de dar fim a vida;
que vem sendo sentida como tão adversa;
• Suicídio: existe maior incidência de casos de suicídios entre profissionais da área da
saúde do que na população em geral.
SINTOMAS DEFENSIVOS:
• Tendência ao isolamento: um tanto pela sensação de fracasso, pela não aceitação
da situação como esta vem se apresentando e, por outro lado, sentimento de que os
outros (clientes, colegas) é que são os responsáveis pela atual circunstancia, a pessoa
tende a distanciar-se dos demais, como forma de minimizar a influencia destes e a
percepção de insuficiências;
• Sentimento de onipotência: ainda para tentar compensar a sensação de frustração e
incapacidade, alguns reagem passando a imagem de auto-suficiência. Pode ser
também uma reação ao sentimento de paranóia:
• Perda do interesse pelo trabalho (e até pelo lazer): toda a demanda de energia passa
a ser custosa, principalmente quando se atribui a esta a dificuldade que vem sentindo,
quando se imputa a determinado contexto (trabalho) a manifestação da sintomatologia
apresentada;
• Absenteísmo: as faltas, justificadas ou não, passam a ser uma trégua, uma
possibilidade de alivio na tentativa de minimização dos transtornos sentidos;
• Ímpetos de abandonar o trabalho: a intenção de abandonar o trabalho ou mudar de
atividade passa a ser uma alternativa cada vez mais cogitada, o que vem a se
concretizar em alguns casos;
• Ironia, cinismo: é freqüente o aparecimento de atitudes de ironia e cinismo tanto para
com os colegas como em relação ás pessoas a que o profissional presta serviços.
Funciona como uma “válvula de escape” de seus sentimentos de insatisfação e
hostilidade para com os demais, na medida em que atribui aos outros a sensação de
mal estar que vem experimentando em seu trabalho.
1.4.5 – PREVENÇÃO DE BURNOUT:
Em se tratando de formas de prevenção de burnout, França e Rodrigues (7)
acrescentam:
a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia;
b) prevenir o excesso de horas extras;
c) dar melhor suporte social as pessoas;
d) melhorar as condições sociais e físicas de trabalho;
e) investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores.
Já Philips diz que a primeira medida para evitar a S B é conhecer suas manifestações.
Torna-se essencial a conciliações das atividades profissionais com o lazer, precisam
não fazer de suas vidas um campo de batalha, não permitindo que o estresse tome
conta, procurando não se desgastar emocionalmente, afim de não entrarem em
burnout. (14)
2 – OBJETIVO
Esse trabalho tem como finalidade identificar a partir de levantamento bibliográfico, os
fatores desencadeantes, e os principais sintomas da S B.
.
3 - MATERIAL E MÉTODOS
3.1 – Tipos de estudo
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica de artigos indexados nas bases de dados,
presente nos sites: www.bireme.br, www.usp.br, do período de 2001 a 2008.
Utilizou-se a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciência da Saúde
(DeCS/Bireme), que identificou os descritores: burnout síndrome, esgotamento
profissional, estafa profissional, estresse ocupacional e estresse profissional, exaustão
emocional e física. A busca ocorreu no mês de setembro de 2008, sendo critério para
inclusão: sujeitos do estudo a equipe de enfermagem e artigos sobre a síndrome com
seus fatores desencadeantes, sinais e sintomas. Foram excluídos artigos que
relacionassem burnout a outras profissões.
Relacionamos os uni termos Burnout, enfermagem com os outros citados e
selecionando-se artigos publicados na língua portuguesa.
3.2 – Procedimentos
Realizamos uma busca nas bases de dados e o resultado encontrado foi:
BASES DE DADOS www.bireme.br
DESCRITOR Encontrados Válidos
Burnout 337 2
Esgotamento profissional 3681 1
Estafa profissional 5058 1
Estresse ocupacional 8202 2
Estresse profissional 8211 1
Exaustão emocional e física 5057 1
BASES DE DADOS www.usp.br
DESCRITOR Encontrados Válidos
Burnout 130 3
Esgotamento profissional 180 0
Estafa profissional 42 0
Estresse ocupacional 613 2
Estresse profissional 1000 2
Exaustão emocional e física 175 0
Após o levantamento da literatura, da bibliografia disponível, o passo seguinte foi
organizar o material por meio de fichamento que se constituiu numa primeira
aproximação do assunto. Na seqüência, os artigos obtidos foram submetidos a
releituras, com a finalidade de realizar uma análise interpretativa direcionada pelos
objetivos estabelecidos previamente e, assim, os conteúdos encontrados foram
agrupados em seus aspectos referentes aos fatores desencadeantes e os sintomas da
síndrome.
4 – ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:
A diferença entre estresse e Burnout foi identificada no estudo realizado por Santini
(15), onde aponta que estresse tem efeitos positivos e negativos para a vida enquanto
Burnout é sempre negativo. O estresse pode desaparecer após um período adequado
de descanso e repouso enquanto Burnout não regride com férias e nem com outras
formas de descanso.
Quanto aos setores mais estressantes para a equipe de enfermagem trabalhar, Avellar
et al. (16) Campos (17), indicaram a oncologia como a mais estressante. Devido ao
fator emocional e por tratar-se de uma unidade onde a morte sempre está presente, e
o sofrimento é causa de estresse constante na enfermagem.
Batista et al..(18), identificou o setor de emergência como sendo o maior problema
para a equipe de enfermagem. O pesquisador comparou o setor público e privado, e
identificou que os fatores que tornam a unidade de emergência um setor estressante
são: o número reduzido de funcionários, falta de respaldo institucional e profissional,
carga horária de trabalho, realização de tarefas em tempo reduzido, falta de
experiência por parte dos supervisores, ambiente físico da unidade, assistência ao
paciente e falta de tempo para relacionamento com familiares.
Em estudo interessante, que analisou artigos sobre estresse no trabalho da
enfermagem, Stacciarini et al. (19), observaram que os estudos ainda não
responderam se há uma função ocupacional mais estressante do que outra. Existe um
entendimento de que as fontes de estresse são apenas diferentes de acordo com a
função e ou setor de trabalho.
Observamos que alguns artigos apontam como setores mais estressantes a oncologia,
a UTI, e o pronto socorro, deixando a entender que os outros setores são menos
estressantes. Em contra partida outros estudos observaram que não existe função ou
setor mais estressante e sim, que as fontes de estresse são diferentes.
Quanto aos sintomas físicos Murofuse et al. (20), apontaram como os mais comuns:
fadiga, dores de cabeça,insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais,
náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constantes. Identificou ainda que o
exercício da profissão de enfermagem requer boa saúde física e mental.
Costa et al. (21), mostraram que Burnout se caracteriza por um conjunto de sinais e
sintomas de exaustão física, psíquica e emocional, em conseqüência da má
adaptação do sujeito a um trabalho prolongado e estressante.
Já Cavalheiro et al. (22), descreveram como sintomas : oscilações de humor, alergias ,
dores de cabeça, e ansiedade. Os autores mencionaram que tais fatores podem
causar condições de trabalho inadequadas para a atividade de enfermagem. Explicam
que esses sintomas estão relacionados com um ambiente de trabalho limitado,
iluminação artificial, ar condicionado, arquitetura de local de trabalho, constante
exigência de superiores, falta de recursos humanos, ruídos e a possibilidade de morte
e dor.
Identificamos nos artigos que a SB pode apresentar sintomas psíquicos: alteração da
memória falta de atenção e concentração, lentidão de pensamento etc.; sintomas
comportamentais: irritabilidade, incremento de agressividade e incapacidade de
relaxar; sintomas defensivos: tendência ao isolamento, absenteísmo e ímpetos de
abandonar o trabalho.
Por outra parte, Fernandes et al. (23), pesquisaram a associação do estresse e o
trabalho. Os resultados apontaram que os profissionais de enfermagem vivenciam um
cenário de instabilidade e insegurança e tem ainda de conviver com ausência de horas
adequadas de repouso e simultaneamente com a falta de tempo para realização de
outras atividades heterogênicas do cotidiano, acabando por desenvolver o estresse
ocupacional.
Caldereno et al. (24), identificaram os fatores de estresse na equipe de enfermagem e
os destacaram em três categorias: A)funcionamento organizacional que se refere ao
caráter hierárquico e burocrático das organizações de saúde. B) relacionamento
interpessoal seja entre colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e
subordinados, seja entre empregados e clientes resultando em conflitos. C)
sobrecarga de trabalho, afetando negativamente, a percepção do auxiliar de
enfermagem acerca do seu contexto de trabalho e associando-se principalmente ao
déficit de pessoal. Sendo importante causador de sofrimento psíquico e estresse
ocupacional.
Entre os achados do estudo de Campos (17), sobre os vários fatores ou
características pessoais e laboratoriais que podem ser classificados como
desencadeantes ou inibidores do Burnout, os autores apontam os seguintes:
exposição contínua e repetitiva à doença, agonia e à morte de pacientes; à sobrecarga
de trabalho; à percepção de fracasso pessoal e senso de inutilidade por não
conseguirem erradicar a doença; à desilusão do sistema de saúde: falta de tratamento
adequado: falta de um líder no grupo multidisciplinar; e à alta competitividade. As
mulheres são mais propensas, especialmente as mais jovens; o trabalho noturno
constante, a troca de turnos; à falta de funcionários; conflitos entre a equipe,
diminuição do convívio familiar.
Borges (25) e Borges et al. (26) , identificaram a incidência do Burnout e os valores
organizacionais, valores atribuídos as organizações pelos empregados em um nível
real e ideal e os dividiu em : a) organização : burocracia, falta de autonomia,
comunicação ineficiente, impossibilidade de ascender na carreira; b) indivíduo:tipo de
personalidade, controle interno e externo, auto estima, autoconfiança, super
envolvimento, pessimismo, perfeccionismo, gênero mulher, nível educacional, estado
civil; c) trabalho: sobrecarga sentimentos de injustiça e de iniqüidade nas relações
laborais, trabalho noturno e turnos, tipo de ocupação, conflitos de papel, ambigüidade
de papel, relação muito próxima e intensa do trabalhador com as pessoas a que deve
atender, falta de suporte social e familiar.
Por outro lado, Trigo et al. (27), realizaram um estudo com o objetivo de identificar e
avaliar os efeitos do trabalho prolongado da enfermagem com pacientes vítimas de
trauma e abusos sexuais. Os resultados mostraram que essa combinação pode levar
o profissional a ter conseqüências psicológicas, causando sintomas como: episódios
dissociativos, ansiedade, depressão, pensamentos intrusos, paranóia, hipervigilância,
e relações pessoais interrompidas.
Segundo Avellar et al. (16) o exercício profissional no âmbito hospitalar é marcado por
múltiplas exigências: lidar com dor, sofrimento, morte e perdas a que se somam as
condições desfavoráveis de trabalho e a baixa renumeração, fatores que, em conjunto
propiciam a emergência de estresse e Burnout.
A dor, o sofrimento, o sentimento de perda aparecem constantemente como fatores
desencadeantes para a SB, observamos que alguns autores relacionam esses fatores
as unidades onde esses profissionais atuam como, por exemplo, unidades oncologias,
emergências e cuidados intensivos.
Já o estudo de Trigo et al. (27), apontou a interligação de Burnout e os transtornos
psiquiátricos, De acordo com o estudo, a tensão, estresse e ansiedade tão comum ao
redor dos profissionais tornam aqueles mais suscetíveis a transtornos mentais.
Segundo a OMS, “A saúde mental tem um impacto opressivo em nossas habilidades
para funcionar e participar na sociedade. Temos de começar a colocar mais de nossos
recursos a favor da saúde mental”.
Manetti (28) e Trigo et al. (27), identificaram a depressão como sintoma associado ao
Burnout, sendo um problema que pode acarretar em absenteísmo.A saúde mental
desse profissional pode ser influenciada por fatores internos e externos ao trabalho,
desencadeando o Burnout.
Vários autores citaram a depressão e a ansiedade como fatores desencadeantes, e
apontaram que Burnout tem uma ligação com os transtornos psiquiátricos, e que é
preciso estabelecer recursos em favor da saúde mental.
Millan (29) identificou em sua pesquisa que a SB não acomete com tanta incidência
aqueles que possuem um hobby, que realizam atividades físicas, que tem mais idade,
e que seguem uma religião. Os que são casados, com pouco tempo de férias, sem
hobby, sem atividades físicas correm maior risco de desenvolver a síndrome.
Acreditamos que seja necessário divulgar os fatores inibidores do Burnout, que os
autores descrevem que são: possuir um hobby, atividades físicas, possuir uma crença,
férias, dentre outros e informar esses fatores a equipe de enfermagem através de
treinamentos para diminuir a incidência do Burnout.
Quanto à síndrome, Santini (15) em seus estudos de revisão identificou que Burnout é
sem dúvida uma patologia grave, quer pelo sofrimento que causa a quem dela padece,
pela diminuição acentuada do rendimento no trabalho, quer pela perturbação que
causa no relacionamento interpessoal, pelo absenteísmo e perturbação que provoca
nas instituições. Quanto à prevenção identificou não existir nenhuma estratégia
simples capaz de prevenir ou tratar a síndrome. Utilizam-se modelos complementares
que tratam o indivíduo, o grupo social e a administração. Programas de intervenção
em três pontos estratégicos: a) individual: centralizadas na aquisição e melhoria de
estilos de enfrentamentos ao estresse; b) interpessoal: potencializando a formação de
habilidades sociais e as estratégias relacionadas com o apoio social no trabalho,
fortalecerem os vínculos sociais entre os trabalhadores; c) organizacional: deve-se
estimular o suporte real ao profissional afetado, constituindo grupos de especialistas
capazes de oferecer a ajuda necessária.
Observamos que poucos artigos fizeram referencia a prevenção de Burnout, por se
tratar de uma patologia que acomete muitos profissionais, seria de suma importância
mais estudos que relacionassem sua prevenção.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Neste estudo, verificamos que, embora existam trabalhos referentes ao tema, a
população escolhida não está delimitada especificamente, ou seja, os estudos
existentes não são com a equipe de enfermagem, o que dificultou a busca dos artigos.
Desta forma, acreditamos na importância de estudos com populações da enfermagem,
pois esta população apresenta características próprias.
Verificou-se também que os sintomas e sinais que são apresentados pelos
profissionais da enfermagem estão relacionados com os sinais, sintomas e fatores
desencadeantes do Burnout.
Desenvolver estudos futuros voltados para a enfermagem poderia significar uma
contribuição na melhoria das condições de trabalho e diminuição do sofrimento dos
trabalhadores.
O fato de carência de estudos sobre o tema pode ser atribuído a falta de
conhecimento da síndrome. Portanto cabe a nós enfermeiros, estarmos atentos às
mudanças de comportamento dos profissionais da enfermagem, a fim de diagnosticar
e planificar os cuidados a serem tomados.
O interesse por burnout aumentou e parece coincidir com a preocupação com a
Qualidade de Vida. Estaria também relacionado, com o aumento da demanda e
exigências da população em relação aos serviços de maneira geral e, em especial, da
saúde.
É importante considerar nesta revisão de literatura, que os estudos abordaram como
fatores desencadeantes para o Burnout na enfermagem: a falta de proteção
adequada, as condições inadequadas de trabalho, as atividades em setores
estafantes, o trabalho prolongado, a organização, os superiores, o ambiente físico,
dentre muitos outros. E esclareceu que não existe uma função ocupacional mais
estressante, e sim fontes, de estresse maior ou menor.
Durante os estudos observamos nos artigos que os sintomas mais freqüentes
identificados foram: fadiga, dores de cabeça, insônia, dores no corpo, palpitações,
alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constantes.
Foram citados também oscilações de humor, ansiedade e depressão. Dentre os
fatores desencadeantes foram citados o número reduzido de funcionários, carga
horária, realização de tarefas em tempo reduzido nas unidades de emergência, falta
de experiência por parte dos superiores, ambiente físico, e a exigência constante de
lidar com a dor, sofrimento, morte e perdas.
Quanto à prevenção podemos identificar que os profissionais precisam mudar sua
rotina e agir de forma diferente frente ao trabalho praticar distrações extras laborais,
exercícios físicos, esportes, relaxamento, tendo um hobby particular, fazendo
pequenos momentos de descanso (pausas) durante o trabalho e como último recurso
para não abandonar a profissão, mudar de posto. E no setor da organização constituir
grupos de especialistas capazes de oferecer a ajuda necessária aos profissionais.
Precisamos de novos pesquisadores e de um maior aprofundamento sobre o tema.
Acreditamos que, à medida que se entender melhor como a síndrome se inicia e como
evolui com o passar do tempo, sua reação no organismo e suas conseqüências, e
mecanismos que permitam melhorar o seu diagnóstico precocemente ter-se-a maiores
condições para interferir em ações de prevenção.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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enfermeira. Revista Gaucha de Enfermagem, V. 18, n2, 1997, p.133-44, Jul.
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satisfação, mal estar físico e psicológico dos enfermeiros [tese de doutorado]. Brasília
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Enfermagem de Ribeirão Preto- SP2005
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Ribeirão Preto.
(29) Millan LR. A Síndrome de Burnout: realidade ou ficção? Rev. Assoc Med Bra v 53
n1 São Paulo jan-fev 2007.

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Síndrome de burnout e a enfermagem

  • 1. Síndrome de Burnout e a Enfermagem CIDCLEIDE CARVALHO RIBEIRO JULIANA APARECIDA BARBOSA MARGARETH DE SOUZA OLIVEIRA SÍNDROME DE BURNOUT E A ENFERMAGEM: REVISÃO DA LITERATURA UNIVERSIDADE PAULISTA Santos (SP), 2008 Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Paulista – Santos , como requisito para obtenção do grau de Enfermeiro. Orientador (a): Professora Mestre Simone de Freitas Duarte Oliveira UNIVERSIDADE PAULISTA Santos (SP), 2008 DEDICATÓRIA Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar a minha família que tanto me incentivou nos momentos mais difíceis, as minhas colegas Juliana e Margareth pelo companheirismo e dedicação, e em especial a Professora Lourdes e Simone pelo carinho e compreensão ao longo do estágio e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. Cidcleide DEDICATÓRIA Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso ao meu pai Iorides e minha mãe Zilcir por tudo, pelas broncas, pelos castigos, mas principalmente pela dedicação, por me fazerem crescer e me tornar uma mulher de valor.” Você diz que seus pais não te entendem, mais você não entende seus pais, você culpa seus pais por tudo , isso é absurdo, são crianças como você ; o que você vai ser quando você crescer”? Dedico ao meu filho Arthur e meu noivo Willian por me darem forças quando muitas vezes à vontade de desistir bateu em minha porta. “Aquele que segue o caminho sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe”. A enfermeira Lourdes pela dedicação e desempenho em campo de estágio,
  • 2. por acreditar em mim, pelas dicas ensinamentos e bom exemplo. As minhas amigas Cidcleide e Margareth por não desistirem de mim neste trabalho. “Verdadeiras amigas não se separam apenas seguem caminhos diferentes”. Aos meus irmãos, Edmilson, Marisa, Sérgio e Jaqueline por fazerem toda diferença em minha vida. Este sonho se concretizou, mas sem todos vocês seria ainda apenas um sonho. Obrigada por fazerem minha estrela brilhar. Uma vez Jesus falou: eu não disse que seria fácil, eu só disse que valeria a pena e valeu!! Juliana DEDICATÓRIA Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar ao meu Pai Celestial por ser à base das minhas conquistas; à minha família e a meus lideres por acreditarem e terem interesse em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-se junto a mim, para que eu suprisse todas elas; a meus filhos (as), e netas (os) que eles possam reconhecer que na vida sempre a tempo de se fazer boas escolhas; a minhas amigas do TCC Cidcleide e Juliana por me ensinarem tanto; a meus professores, pela dedicação prestada em suas aulas, colaborando assim em meu aperfeiçoamento profissional. “Qualquer princípio de inteligência que alcançarmos nesta vida, surgirá conosco na ressurreição.” Doutrina e Convênios 130: 18 Margareth AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, por termos conseguido realizar nossos objetivos, a nossa orientadora Simone, que tanto nos ajudou a não desistir, a nossos professores que durante esses anos tanto nos ensinaram. E em especial as autoridades deste país que nos ajudaram financeiramente para que pudéssemos concluir está faculdade; sem eles jamais teríamos realizado esse sonho, muito obrigada. Resumo Todos os seres vivem situações de estresse e os fatores desencadeantes podem aparecer em qualquer etapa da vida. O trabalho com a doença e o sofrimento freqüentemente são causa de estresse físico e psicológico levando o profissional ao estresse ocupacional. O presente estudo teve como objetivo identificar a partir de levantamento bibliográfico, os fatores desencadeantes, e os principais sintomas da Síndrome de Burnout, para informar os profissionais da enfermagem sobre sua existência, e assim esclarecer alguns aspectos que às vezes são confundidos com o estresse. Trata-se uma pesquisa bibliográfica de artigos indexados nas bases de
  • 3. dados presente nos sites: www.bireme.br, www.usp.br, no período de 2001 a 2008. Utilizou-se a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/Bireme), que identificou os descritores: burnout síndrome, esgotamento profissional, estafa profissional, estresse ocupacional e estresse profissional, exaustão emocional e física. A busca ocorreu no mês de setembro de 2008. Foram selecionados 15 artigos, dentre os quais os sintomas mais freqüentes referem-se à fadiga, dores de cabeça, insônia dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constante, que são citados em três artigos, seguidos de oscilações de humor, alergias e ansiedade e depressão abordada em dois artigos. Dentre os fatores desencadeantes os mais freqüentes foram o plantão noturno constante, a jornada dupla da mulher como mãe e profissional, situações criticas e de emergência, trabalho prolongado, conflitos entre equipe, falta de funcionários, e diminuição do convívio familiar que foram referidos em cinco artigos. Palavras- chave – burnout, enfermagem, estresse Abstract All the beings live situations of stress and the desencadeantes factors can appear in any stage of the life. The work with the illness and the suffering frequently is cause of stress physicist and psychological taking the professional to it stress it occupational. The present study it had as objective to identify from bibliographical survey, the desencadeantes factors, and the main symptoms of the Burnout Syndrome , to inform the professionals of the nursing on its existence, and thus to clarify some aspects that to the times are confused with it stress. A bibliographical research is about articles indexed in the databases, present one in the sites: www.bireme.br, www.usp.br. In the period of 2001 the 2008. It was used terminology in health consulted in the Describers in Science of the Health (DeCS/Bireme), that it identified the describers: burnout syndrome, professional exhaustion, professional hard work, stress occupational and stress professional, emotional and physical exhaustion. The search occurred in the month of September of 2008. 15 articles had been selected, amongst which the symptoms most frequent mention the fatigue to it, migraines, intestines, nauseas, tremors, cold extremities and cooled sleeplessness pains in the body, palpitations, alterations constant, that are cited in three articles, followed of oscillations of mood, allergies and anxiety and boarded depression in two articles. Amongst most frequent the desencadeantes factors they had been the constant nocturnal plantão, the double day of the woman as mother and professional, situations you criticize and of emergency, drawn out work, conflicts between team, lack of employees, and reduction of the familiar conviviality that had been related in five articles. Key words – burnout, nursing, stress LISTA DE ABREVIATURAS Classificação Internacional das Doenças = C I D Organização Mundial da Saúde= O M S
  • 4. Síndrome de Burnout = S B 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Síndrome de Burnout e a Enfermagem O tema escolhido para ser desenvolvido para esta pesquisa bibliográfica de revisão da literatura foi Síndrome de Burnout (S B) e a Enfermagem. Lauter define a S B como um estresse crônico experimentado pelo indivíduo em seu contexto de trabalho, principalmente no âmbito das profissões cuja característica essencial é o contato direto com pessoas, como por exemplo, professores, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentre outros. Ressalta ainda que a S B seja como uma deficiência, um falhar, um ficar exaurido através da demanda excessiva de energia, força ou recursos. (1) A S B foi reconhecida como risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos. No Brasil, o Decreto N 3.048 de 6 de maio de 1999 aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos Agentes Patológicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional das Doenças- CID-10) cita a “Sensação de Estar Acabado” (Síndrome de Burnout, Síndrome do Esgotamento Profissional) como sinônimo do Burnout que, na CID-10, recebe o código Z 73.0. 1.2 – Justificativa A escolha desse tema foi importante, considerando que essa síndrome é um fenômeno pouco conhecido em nossa realidade. Essa pesquisa serviu para elucidar e esclarecer algumas dúvidas a respeito dessa síndrome e será de benefício para os profissionais da enfermagem, tendo em vista que a mesma acomete muitos profissionais da área. Burnout pode ser considerado um grande problema no mundo profissional da atualidade. (2) 1.3 – Problemas / Hipótese A ocorrência de estresse profissional tem sido observada em todas as partes do mundo como um importante fator causal de morbimortalidade e, de quebra, entre saúde mental e o bem estar do trabalhador. (3) Sabendo-se que Burnout não é um problema do indivíduo, mas do ambiente social no qual o indivíduo trabalha, será que o estresse profissional pode conduzir o profissional da enfermagem a desenvolver a S B? A hipótese é que existe relação entre os sintomas apresentados pela equipe de enfermagem com a S B. 1.4 – REVISÃO DA LITERATURA:
  • 5. 1.4.1- ESTRESSE: A preocupação com o estresse é mundial, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS), a considerá-la uma epidemia global com diversos fatores agravantes ou atenuantes a situação. Hans Selye, (4) define: ”Estresse é uma alteração fisiológica que se processa no organismo quando este se encontra em uma situação que requeira dele uma reação mais forte que aquela que corresponde a sua atividade orgânica normal”. Algumas pessoas parecem ter uma tendência crônica para se estressarem e esta se constitui em um quadro que inclui distorções cognitivas isto é, um modo inadequado de pensar e avaliar os eventos da vida, expectativas ilógicas e exageradas, vulnerabilidades pessoais e comportamentos observáveis aliciadores de estresse. Inclui também uma hiper-reatividade fisiológica perante as demandas psicossociais, a qual pode ser gerada por uma hipersensibilidade do sistema límbico, conduzindo a produção excessiva de catecolaminas, testosterona e cortisol. (5) Todos os seres vivem situações de estresse e os fatores desencadeantes podem aparecer em qualquer etapa da vida. O trabalho com a doença e o sofrimento freqüentemente são causa de estresse físico e psicológico levando o profissional ao estresse ocupacional. O trabalho é uma atividade que ocupa grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade. Dejour (6), afirmava que o trabalho nem sempre possibilita realização profissional. Pode, ao contrario, causar problemas desde insatisfação até a exaustão. Estudos mostram que o desequilíbrio na saúde do profissional pode levá-lo ao absenteísmo, gerando licenças por auxílio-doença, reposição de funcionários, transferências, contratações, novos treinamentos e outras despesas. A qualidade dos serviços prestados e o nível da produção fatalmente são afetados, assim como a lucratividade. (7) Nem sempre o estresse é prejudicial, no entanto o estresse prolongado é uma das causas do esgotamento, que pode levar ao Burnout. (7) Ou seja, o estresse pode ou não levar a um desgaste geral do organismo dependendo da sua intensidade, duração, vulnerabilidade do indivíduo e habilidade em administrá-lo. (8) Para Codo, Sampaio e Hitomi, saúde e doença não são fenômenos isolados que possam ser definidos em si mesmos, mas estão vinculados ao contexto socio-econômico-cultural. (9) Neste sentido Silva e Marchi (10) afirmam que o estresse é um estado intermediário entre saúde e doença, um estado durante o qual o corpo luta contra o agente causador da doença; quando se confronta com um agressor (estressor) o corpo reage. Essa reação tem três estágios: alarme, resistência e exaustão. A fase de alarme consiste em uma fase muito rápida de orientação e identificação do período, preparando o corpo para a reação propriamente dita, ou seja, a fase de resistência. Lipp (8) acrescenta que às vezes as sensações não se identificam como
  • 6. estresse, é por isso que muitos não se dão conta de que estão neste estado. A fase de resistência é uma fase que pode durar anos. É a maneira pela qual o corpo se adapta a nova situação. É parte do estresse total do individuo e se processa de dois modos: sintóxico (tolerância e aceitação) e catotóxico (contra, não aceitação). Para Lipp (8), isto ocorre quando a pessoa tenta se adaptar a nova situação, restabelecendo o equilíbrio interno. A fase de exaustão consiste em uma extinção da resistência, seja pelo desaparecimento do estressor o agressor seja pelo cansaço dos mecanismos de resistência. Então é nesse caso que o resultado será o da doença ou mesmo um colapso. Esse estresse crônico e permanente leva o trabalhador a S B. A sensação de estar acabado, ou síndrome profissional, é um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos do trabalho. Segundo Maslach e Jackson (apud Codó, 1999), na S B, o trabalhador se envolve afetivamente com seus clientes, se desgasta e num extremo, desiste, não agüenta mais, entra em Burnout. (11) 1.4.2 – BURNOUT: Burnout quer dizer queimar-se até a cinza, essa síndrome afeta profissionais que lidam com o público e sua estatística é de duas mulheres para cada homem. A literatura aponta que as mulheres podem ser mais vulneráveis ao estresse que os homens por vivenciarem conflitos entre papéis: ser trabalhadora de uma instituição além de ser mãe, dona de casa e esposa. (12) O conceito burnout surgiu nos Estados Unidos nos meados da década de 1970 para dar explicação ao processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos trabalhadores. O termo Burnout quer dizer burn = queima e out = exterior. Ao longo dos anos essa síndrome de queimar-se, tem se estabelecido como uma resposta ao estresse laboral crônico integrado, por atitudes e sentimentos negativos. Segundo Pereira (13) essa síndrome tem como principais características: desgaste emocional, a despersonalização e a reduzida satisfação pessoal ou sentimento de incompetência do trabalhador. Delvaux, citado por França e Rodrigues (12), caracteriza o Burnout emocionalmente da seguinte forma: - Exaustão emocional - ocorre quando a pessoa percebe nela mesmo a impressão de que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros, Surgem sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão, sinais de ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças. - Despersonalização - corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha tratando-as como objetos.
  • 7. - Diminuição da realização e produtividade profissional – geralmente conduz a uma avaliação negativa e baixa de si mesmo. - Depressão – sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta os pensamentos, sentimentos e o comportamento social. Estas podem ser breves, moderadas, ou até graves. Maslach e Jackson (11) resumem a SB em três características: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. 1.4.3 - ENFERMAGEM: No campo da saúde, em especial o da enfermagem foi se distanciando de sua função essencial,porque o numero de pacientes que necessita de tratamento especializado vem aumentando, exigindo assim assistência mais especializada. A enfermagem desde o seu surgimento ate os dias atuais, tem buscado uma auto- definição, tentando construir sua identidade profissional e obter reconhecimento, tem enfrentado dificuldades que comprometem o desempenho do seu trabalho. Além disso, a situação política na qual estamos imersos, com os salários baixos, estreitamento do mercado de trabalho e o desemprego, são fatores agravantes aos profissionais que são obrigados a atuar em mais de um local de trabalho, exercendo uma carga horária mensal extremamente longa em ambientes potencialmente geradores de conflitos, predispondo estes profissionais da saúde ao estresse. São profissionais que se encontram em risco constante de experimentar a S B. A equipe de enfermagem rotineiramente é exposta a carga física e mental durante seu trabalho, situações de emergência impõem tarefas que sobrecarregam o individuo, a jornada de trabalho freqüentemente é extensa, duplicada e acompanhada de plantões. A enfermagem segundo a Health Education Authorith foi classificada como a quarta profissão mais estressante. 1.4.4 – SINTOMAS DE BURNOUT: Pereira (13) define os sintomas em: SINTOMAS FISICOS: • Fadiga constante progressiva: a sensação de falta de energia e vazio interno é o sintoma mais referido pela maioria das pessoas acometidas pelo Burnout. Muitas vezes as pessoas relatam que, mesmo depois de uma noite de sono, acordam cansadas e sem animo para nada; • Dores musculares ou osteomusculares: as mais freqüentes são dores na nuca e ombros. As dores na coluna cervical e lombar também possuem alta incidência;
  • 8. • Distúrbios do sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a pessoa não consegue conciliar o sono, ou dorme imediatamente, acordando poucas horas depois e permanecendo desperta do cansaço. Sono agitado e pesadelos; • Cefaléias, enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional. Há relatos desde o latejar das temporas até dores persistentes e intensas em que a pessoa não suporta nem um mínimo de som; • Perturbações gastrintestinais: podem ter intensidades que vai desde uma “queimação” estomacal, gastrites, podendo evoluir até para uma úlcera. Náuseas, diarréias e vômitos são referidos. Em algumas pessoas, observa-se a perda do apetite, levando a um emagrecimento significativo, enquanto em outras há um aumento no consumo de alimentos, com conseqüência opostas; • Imunodeficiência: diminuição da resistência física, acarretando resfriados ou gripes constantes, afecções na pele como prurido, alergias, herpes, queda de cabelo, aparecimento ou aumento de cabelos brancos; • Transtornos cardiovasculares: neste item há relatos desde hipertensão arterial, palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias; • Distúrbios do sistema respiratório: dificuldade para respirar, suspiros profundos, bronquite, asma; • Disfunções sexuais: diminuição do desejo sexual, dores nas relações e anorgasmia (no caso das mulheres), ejaculação precoce ou impotência (nos homens); • Alterações menstruais nas mulheres: atraso ou até mesmo suspensão da menstruação. SINTOMAS PSÍQUICOS: • Falta de atenção, concentração: a pessoa denota dificuldade de ater-se no que esta fazendo. Parece estar sempre “distante”. Por vezes, sua atenção é seletiva, isto é, mostra-se distraída, sem interesse. • Alterações da memória: tanto evocativa como de fixação. Apresenta lapsos de memória; muitas vezes para de realizar uma atividade que estava fazendo por não saber mais por que a realizava, precisando retornar ao local ou momento anterior para tentar recordar-se; • Lentidão do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, assim como o tempo de resposta do organismo; • Sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que a rodeiam, como se nada tivesse a ver com ela, como se as coisas fossem irreais;
  • 9. • Sentimento de solidão: muitas vezes decorrente do traço anterior, a pessoa sente-se só, não compreendida pelos demais; • Impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sentindo que este é sempre menor do que gostaria. Torna-se intransigente com atrasos, esperar passa a ser insuportável; • Sentimento de impotência: há sensação de que nada podem fazer para alterar a atual situação, sentindo-se vítima de uma conjuntura superior as suas capacidades; • Labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor. Em um momento pode estar bem, rindo, passando a um estado de tristeza ou agressividade em poucos minutos, por vezes sem um motivo manifesto ou diante de um acontecimento aparentemente insignificante; • Dificuldade de auto-aceitação, baixa auto-estima: a imagem idealizada e a observada de si mesmo encontram-se distantes. Sente que a percepção de si e seus ideais estão longe do que vem apresentando, trazendo uma insuficiência, de fracasso, levando a uma deterioração de sua auto-imagem: • Astenia, desânimo, disforia, depressão: realizar uma atividade, mesmo que de pouca importância, é sempre custosa. Suas reações tardam mais que o habitual. Há um decréscimo do estado de animo, perda do entusiasmo, levando a disforia que, sem a devida intervenção, pode evoluir para uma depressão: • Desconfiança, paranóia: sentimento de não poder contar com os demais, que as pessoas se aproveitam de si e de seu trabalho, recebendo muito pouco ou nada em troca. Por vezes, a desconfiança se acentua levando a paranóia, crendo que os demais armam situações premeditadas apenas para prejudicá-lo intencionalmente. SINTOMAS COMPORTAMENTAIS: • Negligencia ou escrúpulo excessivo: como reflete dificuldade de atenção, pode vir a descuidar-se em suas atividades ocupacionais, podendo causar ou ser vitima de acidentes. Outros, por sentirem esta dificuldade, passam a ter uma atuação mais detalhista, justamente para não incorrer em equívocos, acarretando lentidão nas atividades. Pode haver também a tendência a voltar a rever várias vezes o que já foi realizado; • Condutas aditivas e evitativas: probabilidade do aumento de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e amigos; • Irritabilidade: revela pouca tolerância para com os demais, perdendo muito rapidamente a paciência. Tal atitude é até natural, considerando que esta conduta tende a aumentar em pessoas que dormem mal: • Incremento da agressividade: denota dificuldade em se conter, passando facilmente
  • 10. a comportamentos hostis, destrutivos, mesmo que o acontecimento desencadeante não seja de grande importância; • Incapacidade para relaxar: apresenta constante tônus muscular, rigidez. Inclusive em situações prazerosas, esta sempre em alerta, como se a qualquer momento algo pudesse acontecer. Não consegue desfrutar de momentos de lazer, de férias. Mesmo que se proponha a descansar, sente como se não pudesse parar o curso do pensamento, como se seu cérebro estivesse em constante atividade; • Dificuldade na aceitação de mudanças: denota dificuldade em aceitar e se adaptar a novas situações, pois isto demandaria um investimento de energia de que não mais dispõe. O comportamento desta forma torna-se mais rígido, estereotipado; • Perda de iniciativa: também decorrente do citado acima, a pessoa dá preferência às situações rotineiras, conhecidas, evitando tornar iniciativa que lhe exigiriam o dispêndio de doses extras de energia, seja esta mental ou física; • Aumento do consumo de substâncias: há uma tendência ao incremento no consumo de bebidas alcoólicas ou mesmo “cafezinho”, por vezes fumo, tranqüilizantes, substâncias lícitas ou até mesmo ilícitas. A farmacodependencia não deve ser desprezada em casos de estresse e Burnout; • Comportamento de alto risco: pode vir a buscar atividades de alto risco, procurando sobressair-se ou demonstrar coragem, como forma de minimizar o sentimento de insuficiência. Pode tratar-se de manifestação inconsciente no intuito de dar fim a vida; que vem sendo sentida como tão adversa; • Suicídio: existe maior incidência de casos de suicídios entre profissionais da área da saúde do que na população em geral. SINTOMAS DEFENSIVOS: • Tendência ao isolamento: um tanto pela sensação de fracasso, pela não aceitação da situação como esta vem se apresentando e, por outro lado, sentimento de que os outros (clientes, colegas) é que são os responsáveis pela atual circunstancia, a pessoa tende a distanciar-se dos demais, como forma de minimizar a influencia destes e a percepção de insuficiências; • Sentimento de onipotência: ainda para tentar compensar a sensação de frustração e incapacidade, alguns reagem passando a imagem de auto-suficiência. Pode ser também uma reação ao sentimento de paranóia: • Perda do interesse pelo trabalho (e até pelo lazer): toda a demanda de energia passa a ser custosa, principalmente quando se atribui a esta a dificuldade que vem sentindo, quando se imputa a determinado contexto (trabalho) a manifestação da sintomatologia apresentada; • Absenteísmo: as faltas, justificadas ou não, passam a ser uma trégua, uma
  • 11. possibilidade de alivio na tentativa de minimização dos transtornos sentidos; • Ímpetos de abandonar o trabalho: a intenção de abandonar o trabalho ou mudar de atividade passa a ser uma alternativa cada vez mais cogitada, o que vem a se concretizar em alguns casos; • Ironia, cinismo: é freqüente o aparecimento de atitudes de ironia e cinismo tanto para com os colegas como em relação ás pessoas a que o profissional presta serviços. Funciona como uma “válvula de escape” de seus sentimentos de insatisfação e hostilidade para com os demais, na medida em que atribui aos outros a sensação de mal estar que vem experimentando em seu trabalho. 1.4.5 – PREVENÇÃO DE BURNOUT: Em se tratando de formas de prevenção de burnout, França e Rodrigues (7) acrescentam: a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia; b) prevenir o excesso de horas extras; c) dar melhor suporte social as pessoas; d) melhorar as condições sociais e físicas de trabalho; e) investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores. Já Philips diz que a primeira medida para evitar a S B é conhecer suas manifestações. Torna-se essencial a conciliações das atividades profissionais com o lazer, precisam não fazer de suas vidas um campo de batalha, não permitindo que o estresse tome conta, procurando não se desgastar emocionalmente, afim de não entrarem em burnout. (14) 2 – OBJETIVO Esse trabalho tem como finalidade identificar a partir de levantamento bibliográfico, os fatores desencadeantes, e os principais sintomas da S B. . 3 - MATERIAL E MÉTODOS 3.1 – Tipos de estudo Realizou-se uma pesquisa bibliográfica de artigos indexados nas bases de dados, presente nos sites: www.bireme.br, www.usp.br, do período de 2001 a 2008. Utilizou-se a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciência da Saúde
  • 12. (DeCS/Bireme), que identificou os descritores: burnout síndrome, esgotamento profissional, estafa profissional, estresse ocupacional e estresse profissional, exaustão emocional e física. A busca ocorreu no mês de setembro de 2008, sendo critério para inclusão: sujeitos do estudo a equipe de enfermagem e artigos sobre a síndrome com seus fatores desencadeantes, sinais e sintomas. Foram excluídos artigos que relacionassem burnout a outras profissões. Relacionamos os uni termos Burnout, enfermagem com os outros citados e selecionando-se artigos publicados na língua portuguesa. 3.2 – Procedimentos Realizamos uma busca nas bases de dados e o resultado encontrado foi: BASES DE DADOS www.bireme.br DESCRITOR Encontrados Válidos Burnout 337 2 Esgotamento profissional 3681 1 Estafa profissional 5058 1 Estresse ocupacional 8202 2 Estresse profissional 8211 1 Exaustão emocional e física 5057 1 BASES DE DADOS www.usp.br DESCRITOR Encontrados Válidos Burnout 130 3 Esgotamento profissional 180 0 Estafa profissional 42 0 Estresse ocupacional 613 2 Estresse profissional 1000 2 Exaustão emocional e física 175 0 Após o levantamento da literatura, da bibliografia disponível, o passo seguinte foi organizar o material por meio de fichamento que se constituiu numa primeira
  • 13. aproximação do assunto. Na seqüência, os artigos obtidos foram submetidos a releituras, com a finalidade de realizar uma análise interpretativa direcionada pelos objetivos estabelecidos previamente e, assim, os conteúdos encontrados foram agrupados em seus aspectos referentes aos fatores desencadeantes e os sintomas da síndrome. 4 – ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: A diferença entre estresse e Burnout foi identificada no estudo realizado por Santini (15), onde aponta que estresse tem efeitos positivos e negativos para a vida enquanto Burnout é sempre negativo. O estresse pode desaparecer após um período adequado de descanso e repouso enquanto Burnout não regride com férias e nem com outras formas de descanso. Quanto aos setores mais estressantes para a equipe de enfermagem trabalhar, Avellar et al. (16) Campos (17), indicaram a oncologia como a mais estressante. Devido ao fator emocional e por tratar-se de uma unidade onde a morte sempre está presente, e o sofrimento é causa de estresse constante na enfermagem. Batista et al..(18), identificou o setor de emergência como sendo o maior problema para a equipe de enfermagem. O pesquisador comparou o setor público e privado, e identificou que os fatores que tornam a unidade de emergência um setor estressante são: o número reduzido de funcionários, falta de respaldo institucional e profissional, carga horária de trabalho, realização de tarefas em tempo reduzido, falta de experiência por parte dos supervisores, ambiente físico da unidade, assistência ao paciente e falta de tempo para relacionamento com familiares. Em estudo interessante, que analisou artigos sobre estresse no trabalho da enfermagem, Stacciarini et al. (19), observaram que os estudos ainda não responderam se há uma função ocupacional mais estressante do que outra. Existe um entendimento de que as fontes de estresse são apenas diferentes de acordo com a função e ou setor de trabalho. Observamos que alguns artigos apontam como setores mais estressantes a oncologia, a UTI, e o pronto socorro, deixando a entender que os outros setores são menos estressantes. Em contra partida outros estudos observaram que não existe função ou setor mais estressante e sim, que as fontes de estresse são diferentes. Quanto aos sintomas físicos Murofuse et al. (20), apontaram como os mais comuns: fadiga, dores de cabeça,insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constantes. Identificou ainda que o exercício da profissão de enfermagem requer boa saúde física e mental. Costa et al. (21), mostraram que Burnout se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas de exaustão física, psíquica e emocional, em conseqüência da má adaptação do sujeito a um trabalho prolongado e estressante. Já Cavalheiro et al. (22), descreveram como sintomas : oscilações de humor, alergias ,
  • 14. dores de cabeça, e ansiedade. Os autores mencionaram que tais fatores podem causar condições de trabalho inadequadas para a atividade de enfermagem. Explicam que esses sintomas estão relacionados com um ambiente de trabalho limitado, iluminação artificial, ar condicionado, arquitetura de local de trabalho, constante exigência de superiores, falta de recursos humanos, ruídos e a possibilidade de morte e dor. Identificamos nos artigos que a SB pode apresentar sintomas psíquicos: alteração da memória falta de atenção e concentração, lentidão de pensamento etc.; sintomas comportamentais: irritabilidade, incremento de agressividade e incapacidade de relaxar; sintomas defensivos: tendência ao isolamento, absenteísmo e ímpetos de abandonar o trabalho. Por outra parte, Fernandes et al. (23), pesquisaram a associação do estresse e o trabalho. Os resultados apontaram que os profissionais de enfermagem vivenciam um cenário de instabilidade e insegurança e tem ainda de conviver com ausência de horas adequadas de repouso e simultaneamente com a falta de tempo para realização de outras atividades heterogênicas do cotidiano, acabando por desenvolver o estresse ocupacional. Caldereno et al. (24), identificaram os fatores de estresse na equipe de enfermagem e os destacaram em três categorias: A)funcionamento organizacional que se refere ao caráter hierárquico e burocrático das organizações de saúde. B) relacionamento interpessoal seja entre colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados, seja entre empregados e clientes resultando em conflitos. C) sobrecarga de trabalho, afetando negativamente, a percepção do auxiliar de enfermagem acerca do seu contexto de trabalho e associando-se principalmente ao déficit de pessoal. Sendo importante causador de sofrimento psíquico e estresse ocupacional. Entre os achados do estudo de Campos (17), sobre os vários fatores ou características pessoais e laboratoriais que podem ser classificados como desencadeantes ou inibidores do Burnout, os autores apontam os seguintes: exposição contínua e repetitiva à doença, agonia e à morte de pacientes; à sobrecarga de trabalho; à percepção de fracasso pessoal e senso de inutilidade por não conseguirem erradicar a doença; à desilusão do sistema de saúde: falta de tratamento adequado: falta de um líder no grupo multidisciplinar; e à alta competitividade. As mulheres são mais propensas, especialmente as mais jovens; o trabalho noturno constante, a troca de turnos; à falta de funcionários; conflitos entre a equipe, diminuição do convívio familiar. Borges (25) e Borges et al. (26) , identificaram a incidência do Burnout e os valores organizacionais, valores atribuídos as organizações pelos empregados em um nível real e ideal e os dividiu em : a) organização : burocracia, falta de autonomia, comunicação ineficiente, impossibilidade de ascender na carreira; b) indivíduo:tipo de personalidade, controle interno e externo, auto estima, autoconfiança, super envolvimento, pessimismo, perfeccionismo, gênero mulher, nível educacional, estado civil; c) trabalho: sobrecarga sentimentos de injustiça e de iniqüidade nas relações
  • 15. laborais, trabalho noturno e turnos, tipo de ocupação, conflitos de papel, ambigüidade de papel, relação muito próxima e intensa do trabalhador com as pessoas a que deve atender, falta de suporte social e familiar. Por outro lado, Trigo et al. (27), realizaram um estudo com o objetivo de identificar e avaliar os efeitos do trabalho prolongado da enfermagem com pacientes vítimas de trauma e abusos sexuais. Os resultados mostraram que essa combinação pode levar o profissional a ter conseqüências psicológicas, causando sintomas como: episódios dissociativos, ansiedade, depressão, pensamentos intrusos, paranóia, hipervigilância, e relações pessoais interrompidas. Segundo Avellar et al. (16) o exercício profissional no âmbito hospitalar é marcado por múltiplas exigências: lidar com dor, sofrimento, morte e perdas a que se somam as condições desfavoráveis de trabalho e a baixa renumeração, fatores que, em conjunto propiciam a emergência de estresse e Burnout. A dor, o sofrimento, o sentimento de perda aparecem constantemente como fatores desencadeantes para a SB, observamos que alguns autores relacionam esses fatores as unidades onde esses profissionais atuam como, por exemplo, unidades oncologias, emergências e cuidados intensivos. Já o estudo de Trigo et al. (27), apontou a interligação de Burnout e os transtornos psiquiátricos, De acordo com o estudo, a tensão, estresse e ansiedade tão comum ao redor dos profissionais tornam aqueles mais suscetíveis a transtornos mentais. Segundo a OMS, “A saúde mental tem um impacto opressivo em nossas habilidades para funcionar e participar na sociedade. Temos de começar a colocar mais de nossos recursos a favor da saúde mental”. Manetti (28) e Trigo et al. (27), identificaram a depressão como sintoma associado ao Burnout, sendo um problema que pode acarretar em absenteísmo.A saúde mental desse profissional pode ser influenciada por fatores internos e externos ao trabalho, desencadeando o Burnout. Vários autores citaram a depressão e a ansiedade como fatores desencadeantes, e apontaram que Burnout tem uma ligação com os transtornos psiquiátricos, e que é preciso estabelecer recursos em favor da saúde mental. Millan (29) identificou em sua pesquisa que a SB não acomete com tanta incidência aqueles que possuem um hobby, que realizam atividades físicas, que tem mais idade, e que seguem uma religião. Os que são casados, com pouco tempo de férias, sem hobby, sem atividades físicas correm maior risco de desenvolver a síndrome. Acreditamos que seja necessário divulgar os fatores inibidores do Burnout, que os autores descrevem que são: possuir um hobby, atividades físicas, possuir uma crença, férias, dentre outros e informar esses fatores a equipe de enfermagem através de treinamentos para diminuir a incidência do Burnout. Quanto à síndrome, Santini (15) em seus estudos de revisão identificou que Burnout é
  • 16. sem dúvida uma patologia grave, quer pelo sofrimento que causa a quem dela padece, pela diminuição acentuada do rendimento no trabalho, quer pela perturbação que causa no relacionamento interpessoal, pelo absenteísmo e perturbação que provoca nas instituições. Quanto à prevenção identificou não existir nenhuma estratégia simples capaz de prevenir ou tratar a síndrome. Utilizam-se modelos complementares que tratam o indivíduo, o grupo social e a administração. Programas de intervenção em três pontos estratégicos: a) individual: centralizadas na aquisição e melhoria de estilos de enfrentamentos ao estresse; b) interpessoal: potencializando a formação de habilidades sociais e as estratégias relacionadas com o apoio social no trabalho, fortalecerem os vínculos sociais entre os trabalhadores; c) organizacional: deve-se estimular o suporte real ao profissional afetado, constituindo grupos de especialistas capazes de oferecer a ajuda necessária. Observamos que poucos artigos fizeram referencia a prevenção de Burnout, por se tratar de uma patologia que acomete muitos profissionais, seria de suma importância mais estudos que relacionassem sua prevenção. 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS: Neste estudo, verificamos que, embora existam trabalhos referentes ao tema, a população escolhida não está delimitada especificamente, ou seja, os estudos existentes não são com a equipe de enfermagem, o que dificultou a busca dos artigos. Desta forma, acreditamos na importância de estudos com populações da enfermagem, pois esta população apresenta características próprias. Verificou-se também que os sintomas e sinais que são apresentados pelos profissionais da enfermagem estão relacionados com os sinais, sintomas e fatores desencadeantes do Burnout. Desenvolver estudos futuros voltados para a enfermagem poderia significar uma contribuição na melhoria das condições de trabalho e diminuição do sofrimento dos trabalhadores. O fato de carência de estudos sobre o tema pode ser atribuído a falta de conhecimento da síndrome. Portanto cabe a nós enfermeiros, estarmos atentos às mudanças de comportamento dos profissionais da enfermagem, a fim de diagnosticar e planificar os cuidados a serem tomados. O interesse por burnout aumentou e parece coincidir com a preocupação com a Qualidade de Vida. Estaria também relacionado, com o aumento da demanda e exigências da população em relação aos serviços de maneira geral e, em especial, da saúde. É importante considerar nesta revisão de literatura, que os estudos abordaram como fatores desencadeantes para o Burnout na enfermagem: a falta de proteção adequada, as condições inadequadas de trabalho, as atividades em setores estafantes, o trabalho prolongado, a organização, os superiores, o ambiente físico, dentre muitos outros. E esclareceu que não existe uma função ocupacional mais
  • 17. estressante, e sim fontes, de estresse maior ou menor. Durante os estudos observamos nos artigos que os sintomas mais freqüentes identificados foram: fadiga, dores de cabeça, insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constantes. Foram citados também oscilações de humor, ansiedade e depressão. Dentre os fatores desencadeantes foram citados o número reduzido de funcionários, carga horária, realização de tarefas em tempo reduzido nas unidades de emergência, falta de experiência por parte dos superiores, ambiente físico, e a exigência constante de lidar com a dor, sofrimento, morte e perdas. Quanto à prevenção podemos identificar que os profissionais precisam mudar sua rotina e agir de forma diferente frente ao trabalho praticar distrações extras laborais, exercícios físicos, esportes, relaxamento, tendo um hobby particular, fazendo pequenos momentos de descanso (pausas) durante o trabalho e como último recurso para não abandonar a profissão, mudar de posto. E no setor da organização constituir grupos de especialistas capazes de oferecer a ajuda necessária aos profissionais. Precisamos de novos pesquisadores e de um maior aprofundamento sobre o tema. Acreditamos que, à medida que se entender melhor como a síndrome se inicia e como evolui com o passar do tempo, sua reação no organismo e suas conseqüências, e mecanismos que permitam melhorar o seu diagnóstico precocemente ter-se-a maiores condições para interferir em ações de prevenção. 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS (1) Lautert. L. O desgaste profissional: uma revisão de literatura e implicações para a enfermeira. Revista Gaucha de Enfermagem, V. 18, n2, 1997, p.133-44, Jul. (2) World Health Organization. Guidlines for the primary prevention of mental neurological and psychosocial disorders: Staff Burnout In: Geneva Division of Mental Health World Health Organizations, pp.91-110, 1998. (3) Stacciarini JMR. Estresse ocupacional, estilos de pensamento e coping na satisfação, mal estar físico e psicológico dos enfermeiros [tese de doutorado]. Brasília (DF): Universidade de Brasília, 1999. (4) Selye, H. Stress. Edit. Acta. Montreal, (Annual Report), 1951. (5) Lipp MEN. Estresse emocional: a contribuição de estressores internos e externos. Revista Psiquiatria Clinica 2001; 28(6): 347-9. [site disponível de internet] Disponível em: http: //wwwhcnet.uso.br/Ipq/revista/índex.html. Acesso em 03 mar.2003. (6) Dejours, C. A loucura do trabalho Cortez-Oboré, São Paulo, 1992. (7) França, ACL; Rodrigues, AL. Stress e o trabalho: Guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Altas 1997
  • 18. (8) Lipp, MN. ; Malagris, LN> (1995). Manejo do estresse. In: B. Rongé (org.). Psicoterapia comportamental cognitiva: pesquisa pratica aplicações e problemas. São Paulo: Psy. (9) Codó, W. ; Sampaio, J; Hitomi, A.(1993). Individuo trabalho e sofrimento. Petrópolis: Vozes. (10) Silva, M; Marchi, R. (1997). Saúde e qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Best Seller. (11) Maslach, C.; Jackson, SE. (1981) Maslach Burnout Inventory. Palo Alto: Consulting psychologist Press. (12) França ACL, Rodrigues AL. Stress e o trabalho. Guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Altas 1999 (13) Pereira AMTB. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. 1 ed.São Paulo: Casa do Psicólogo,2002.282p. (14) Philips, J. R. 1984. Faculty Burnout. American Journal of Nursing, (9): 1525-1526. (15) Santini J, Síndrome do esgotamento profissional: Revisão Bibliográfica. Movimento Porto Alegre, v10 n1 p183-209 jan-abr 2004 (16) Avellar LZ, Iglesias A, Valverde PF. Sofrimento psíquico em trabalhadores de enfermagem de uma unidade de oncologia. Rev. Psicologia em Estudo, Maringá, v12 n3 p 475-481 set-dez 2007 (17) Campos RG, Burnout: uma revisão integrativa na enfermagem oncologia. Dissertação (Mestrado de Enfermagem) Universidade de São Paulo- Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- SP2005 (18) Batista KM, Bianchi ER. Estresse de Enfermeiro em unidade de emergência. Rev. Latino-am Enfermagem v14 n4 Ribeirão Preto jul-ago 2006 (19) Stacciarini JMR, Tróccoli BT. O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev. Latino-am de enfermagem v9 n2 mar - abr 2001 Ribeirão Preto. (20) Murofuse NT, Abranches SS, Napoleão AA. Reflexões sobre estresse e Burnout e a relação com a enfermagem. Rev. Latino-am Enfermagem 2005 março-abril; 13(2): 255-61. (21) Costa JRA, Lima JV, Almeida PC. Stress no trabalho do enfermeiro. Rev. Esc. Enfermagem USP 2003; 37(3): 63-71. (22) Cavalheiro AM, Junior DFM, Lopes AC. Estresse em enfermeiro trabalhando em unidades de cuidados intensivos. Rev. Latino-am Enfermagem v.16 n.1 Ribeirão Preto jan-fev 2008
  • 19. (23) Fernandes SMBA, Medeiros SM, Ribeiro LM. Estresse ocupacional e o medo do trabalho atual: repercussões na vida cotidiana das enfermeiras Revista Eletrônica de Enfermagem. 2008; 10(2): 414-427. Endereço na internet: http//www.fen.ufg.br/revista/v10/n2/v10n2a13.htm. (24) Calderero ARL, Miasso AI, Corradi-Webster CM. Estresse e estratégias de enfrentamento em uma equipe de enfermagem de pronto atendimento. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2008; 10(1): 51-62. Endereço na internet: http//www.fen.ufg.br/revista/v10/n1/v10n1a5.htm (25) Borges LO, Argolo JCT, Pereira ALS, Machado EAP, Silva WS. A Síndrome de Burnout e os Valores Organizacionais: Um estudo Comparativo em Hospitais Universitários. Rev. de Enfermagem da UFRN 2002. (26) Borges LO, Argolo JCT, Baker MCS. Os Valores Organizacionais e a Síndrome de Burnout: Dois Momentos em uma Maternidade Publica. Rev. de Psicologia: Reflexões e Critica 19(1), 34-43 Rio Grande do Norte 2005 (27) Trigo TR, Teng CT, Hallak JEC. Síndrome de Burnout ou Estafa Professional e os Transtornos Psiquiátricos. Rev. Psiq.Clin 34(5); 223-233,2007. (28) Manetti ML, Marziale MHP. Fatores associados à depressão relacionada ao trabalho de enfermagem. Estudos de Psicologia 2007,12(1), 79-85 Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto. (29) Millan LR. A Síndrome de Burnout: realidade ou ficção? Rev. Assoc Med Bra v 53 n1 São Paulo jan-fev 2007.