SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 18
Felipe Francisco Tuon
Diarréia associada
ao Clostridium
difficile
(DACD)
Clostridium
difficile
Anaeróbio obrigatório
Bacilo Gram positivo esporulado
Tamanho igual ao da E. coli
Krishna MM. J Med Microbiol. 1996
Clostridium
difficile
Incidência varia muito
Antibióticos usados em cada hospital
Cepas presentes na região
Padrão dos pacientes (idade/trauma/UTI)
Surtos esporádicos
Critérios diagnósticos usados
Estudos mostram 10 a 30% das diarréias hospitalares
1 a 10 casos/1000 pacientes dia
1,9 casos/1000 pacientes dia na Bélgica
Incidência aumentando progressivamente
0,7% para 2,9% em 10 anos
Mortalidade entre 1 e 2.5%
Lambert ML. Euro Surveill. 2009
Clostridium
difficile
Diarréia associada ao uso de antibióticos
Clindamicina
Fluorquinolonas
Cefalosporinas 3a. Geraçao
Amoxicilina
Macrolideos
Sulfametoxazol/trimetoprim
Gravidade dos pacientes
Colonização por VRE
Idade Avançada
Qualquer medicação que altere a motilidade intestinal
Insuficiencia renal cronica e queimados
Resumo: Paciente internado grave com uso de ATB
Hookman P. World J Gastroenterol. 2009
Clostridium
difficile
Endógeno
15 a 70% de neonatos saudáveis
Adultos albergam em menos de 8%
Turquia é 3.3%
Japão é 7.8%
Gatos albergam em 9.4% e cães é 3.1%
Pacientes hospitalizados é 20%
Exógeno
Pacientes hospitalizados
Surtos
Albergues
Asilos
Seminários
Prisões
Gursoy S. Hepatogastroenterology. 2007
Kato H. J Med Microbiol. 2001
Clostridium
difficile
Portador assintomático
Clássico
5 dias após introdução de ATBs
>10 semanas após a última dose
Diarréia de vários padrões
Aquosa até sanguinolenta
Frequencia variável (1 a 20)
Febre variável
Dores abdominais/cólica
Anorexia
Nausea e vômitos
Leucocitose >15.000L
Fulminante
Letal
Recorrente
Henrich TJ. Emerg Infect Dis. 2009
Clostridium
difficile
(1) disruption of normal colonic biota by antibiotics or
antineoplastic agents with antibacterial activity,
(2) colonization with toxigenic C. difficile,
(3) elaboration of toxin A and/or toxin B, both of which
mediate cytoskeletal derangement in target cells,
and
(4) mucosal injury and inflammation.
Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
Clostridium
difficile
Colonoscopia
Útil quando:
(1) Alta suspeita de C. difficile e teste laboratorial
negativo
(2) Urgência no diagnóstico de C. difficile
(3) Falha terpêutica
(4) Apresentação atípica
Contraindicada quando o diagnóstico é obvio, suspeita
de colite fulminante e risco de perfuração
ACHADO – PSEUDOMEMBRANAS
(Colite pseudomembranosa)
Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
Clostridium
difficile
EIA para Toxina A & B
Colher 3 amostras consecutivas
PCR
Teste de citotoxicidade em cultura celular
Cultura para anaeróbios em meio específico
Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
Clostridium
difficile
Perfuração com peritonite
Abscessos cavitários
Óbito
Recorrência
Prolonga internação
Favorece sepse pela translocação
Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
Clostridium
difficile
O que é DACD grave?
1) Morte em 30 dias
2) >1 admissão na UTI
3) Colectomia
4) Perfuração intestinal
Incidência de 3% entre DACD
Mortalidade 80%
Henrich TJ. Emerg Infect Dis. 2009
Clostridium
difficile
Fatores de risco para doença grave
Nobblet SE. BMJ 2009
Clostridium
difficile
Casos assintomáticos ou muito leves
Tratamento contra-indicado
Metronidazol
Oral 500mg 8/8h 10 dias
Resistência inferior a 5%
Falha terapêutica entre 5 e 15%
Teasley TG. Lancet. 1983;2:1043–1046
Wenisch C. Clin Infect Dis. 1996;22:813–818.
Clostridium
difficile
Uso de vancomicina oral
(1)Impossibilidade de metronidazol oral
Intolerância
gestacão
<10 anos de idade
(2) DACD resistente a metronidazol
(3) Paciente muito grave
Oral 125mg 6/6h por 10 dias
Medo de VRE
Pelaez T. Antimicrob Agents Chemother. 2002;46:1647–1650.
Clostridium
difficile
Mortalidade de 7%
Clostridium
difficile
Mortalidade de 7%
Clostridium
difficile
Uso de pró-bióticos ainda controverso, diversas
metanálises com resultados variáveis
Vacina em estudo
Profilaxia baseia-se no uso racional de antibióticos
e isolamento de contato nos pacientes infectados
Clostridium
difficile

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cap 4 de biologia
Cap 4 de biologiaCap 4 de biologia
Cap 4 de biologia
Estudante
 
7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu
idaval_1
 
Infecção do trato urinário
Infecção do trato urinárioInfecção do trato urinário
Infecção do trato urinário
rodsilva2013
 
Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]
Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]
Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]
Javier Rodriguez-Vera
 
Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01
Flávia Salame
 

Mais procurados (20)

Caso clinico-tb-e-aids-1
Caso clinico-tb-e-aids-1Caso clinico-tb-e-aids-1
Caso clinico-tb-e-aids-1
 
Itu de re..
Itu de re..Itu de re..
Itu de re..
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Infec
InfecInfec
Infec
 
Cap 4 de biologia
Cap 4 de biologiaCap 4 de biologia
Cap 4 de biologia
 
Curso tuberculose, hanseníase e sífilis novo
Curso tuberculose, hanseníase e sífilis novoCurso tuberculose, hanseníase e sífilis novo
Curso tuberculose, hanseníase e sífilis novo
 
Bactérias
BactériasBactérias
Bactérias
 
Infecção Urinária - Pediatria
Infecção Urinária - PediatriaInfecção Urinária - Pediatria
Infecção Urinária - Pediatria
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
PCR - Benefícios na rotina clínica
PCR - Benefícios na rotina clínica PCR - Benefícios na rotina clínica
PCR - Benefícios na rotina clínica
 
7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu
 
Tratamento de kpc
Tratamento de kpcTratamento de kpc
Tratamento de kpc
 
Gatos e Toxoplasmose: derrubando fake news
Gatos e Toxoplasmose: derrubando fake newsGatos e Toxoplasmose: derrubando fake news
Gatos e Toxoplasmose: derrubando fake news
 
Infecção do trato urinário
Infecção do trato urinárioInfecção do trato urinário
Infecção do trato urinário
 
TUBERCULOSE
TUBERCULOSETUBERCULOSE
TUBERCULOSE
 
FeLV - atualizações baseadas no consenso AAFP 2020
FeLV - atualizações baseadas no consenso AAFP 2020FeLV - atualizações baseadas no consenso AAFP 2020
FeLV - atualizações baseadas no consenso AAFP 2020
 
Doença granulomatosa cronica
Doença granulomatosa cronicaDoença granulomatosa cronica
Doença granulomatosa cronica
 
Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]
Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]
Doença granulomatosa cronica.ppt [recuperado]
 
Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01
 
Paula pneumonia
Paula pneumoniaPaula pneumonia
Paula pneumonia
 

Semelhante a Clostridium difficili - Felipe Tuon

Neutropenia Febril E Fungemia
Neutropenia Febril E  FungemiaNeutropenia Febril E  Fungemia
Neutropenia Febril E Fungemia
galegoo
 
Tuberculose dots
Tuberculose dotsTuberculose dots
Tuberculose dots
Dessa Reis
 
7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu
idaval_1
 
Pneumonia associada a ventilação mecanica
Pneumonia associada a ventilação mecanicaPneumonia associada a ventilação mecanica
Pneumonia associada a ventilação mecanica
janinemagalhaes
 

Semelhante a Clostridium difficili - Felipe Tuon (20)

Antibioticoterapia inf. abdominais
Antibioticoterapia inf. abdominaisAntibioticoterapia inf. abdominais
Antibioticoterapia inf. abdominais
 
Doença inflamatória intestinal
Doença inflamatória intestinalDoença inflamatória intestinal
Doença inflamatória intestinal
 
Mycobacteruim tuberculosis - Renato Varges
Mycobacteruim tuberculosis - Renato VargesMycobacteruim tuberculosis - Renato Varges
Mycobacteruim tuberculosis - Renato Varges
 
Megacolon ufba.
Megacolon ufba.Megacolon ufba.
Megacolon ufba.
 
0010_ITU NA INFANCIA.pdf fornecido pelo professor
0010_ITU NA INFANCIA.pdf fornecido pelo professor0010_ITU NA INFANCIA.pdf fornecido pelo professor
0010_ITU NA INFANCIA.pdf fornecido pelo professor
 
Neutropenia Febril E Fungemia
Neutropenia Febril E  FungemiaNeutropenia Febril E  Fungemia
Neutropenia Febril E Fungemia
 
Candidiase - tratamento candidiase vulvovaginal
Candidiase - tratamento candidiase vulvovaginalCandidiase - tratamento candidiase vulvovaginal
Candidiase - tratamento candidiase vulvovaginal
 
3 tuberculose
3 tuberculose3 tuberculose
3 tuberculose
 
Sessoclnica 130703084417-phpapp02
Sessoclnica 130703084417-phpapp02Sessoclnica 130703084417-phpapp02
Sessoclnica 130703084417-phpapp02
 
Documento.docx
Documento.docxDocumento.docx
Documento.docx
 
Tuberculose dots
Tuberculose dotsTuberculose dots
Tuberculose dots
 
Febre amarela
Febre amarelaFebre amarela
Febre amarela
 
Febre amarela (1)
Febre amarela (1)Febre amarela (1)
Febre amarela (1)
 
Introdução metodologia- pibic-joyce 30-08
Introdução   metodologia- pibic-joyce 30-08Introdução   metodologia- pibic-joyce 30-08
Introdução metodologia- pibic-joyce 30-08
 
Tuberculose pulmonar
Tuberculose pulmonarTuberculose pulmonar
Tuberculose pulmonar
 
10. Aula Tuberculose PDF.pdf
10. Aula Tuberculose PDF.pdf10. Aula Tuberculose PDF.pdf
10. Aula Tuberculose PDF.pdf
 
Farmacocineticaefarmacodinamica.pdf
Farmacocineticaefarmacodinamica.pdfFarmacocineticaefarmacodinamica.pdf
Farmacocineticaefarmacodinamica.pdf
 
7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu7145859 tratamento-racional-da-itu
7145859 tratamento-racional-da-itu
 
Pneumonia associada a ventilação mecanica
Pneumonia associada a ventilação mecanicaPneumonia associada a ventilação mecanica
Pneumonia associada a ventilação mecanica
 
Procariontes
ProcariontesProcariontes
Procariontes
 

Clostridium difficili - Felipe Tuon

  • 1. Felipe Francisco Tuon Diarréia associada ao Clostridium difficile (DACD)
  • 2. Clostridium difficile Anaeróbio obrigatório Bacilo Gram positivo esporulado Tamanho igual ao da E. coli Krishna MM. J Med Microbiol. 1996
  • 3. Clostridium difficile Incidência varia muito Antibióticos usados em cada hospital Cepas presentes na região Padrão dos pacientes (idade/trauma/UTI) Surtos esporádicos Critérios diagnósticos usados Estudos mostram 10 a 30% das diarréias hospitalares 1 a 10 casos/1000 pacientes dia 1,9 casos/1000 pacientes dia na Bélgica Incidência aumentando progressivamente 0,7% para 2,9% em 10 anos Mortalidade entre 1 e 2.5% Lambert ML. Euro Surveill. 2009
  • 4. Clostridium difficile Diarréia associada ao uso de antibióticos Clindamicina Fluorquinolonas Cefalosporinas 3a. Geraçao Amoxicilina Macrolideos Sulfametoxazol/trimetoprim Gravidade dos pacientes Colonização por VRE Idade Avançada Qualquer medicação que altere a motilidade intestinal Insuficiencia renal cronica e queimados Resumo: Paciente internado grave com uso de ATB Hookman P. World J Gastroenterol. 2009
  • 5. Clostridium difficile Endógeno 15 a 70% de neonatos saudáveis Adultos albergam em menos de 8% Turquia é 3.3% Japão é 7.8% Gatos albergam em 9.4% e cães é 3.1% Pacientes hospitalizados é 20% Exógeno Pacientes hospitalizados Surtos Albergues Asilos Seminários Prisões Gursoy S. Hepatogastroenterology. 2007 Kato H. J Med Microbiol. 2001
  • 6. Clostridium difficile Portador assintomático Clássico 5 dias após introdução de ATBs >10 semanas após a última dose Diarréia de vários padrões Aquosa até sanguinolenta Frequencia variável (1 a 20) Febre variável Dores abdominais/cólica Anorexia Nausea e vômitos Leucocitose >15.000L Fulminante Letal Recorrente Henrich TJ. Emerg Infect Dis. 2009
  • 7. Clostridium difficile (1) disruption of normal colonic biota by antibiotics or antineoplastic agents with antibacterial activity, (2) colonization with toxigenic C. difficile, (3) elaboration of toxin A and/or toxin B, both of which mediate cytoskeletal derangement in target cells, and (4) mucosal injury and inflammation. Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
  • 8. Clostridium difficile Colonoscopia Útil quando: (1) Alta suspeita de C. difficile e teste laboratorial negativo (2) Urgência no diagnóstico de C. difficile (3) Falha terpêutica (4) Apresentação atípica Contraindicada quando o diagnóstico é obvio, suspeita de colite fulminante e risco de perfuração ACHADO – PSEUDOMEMBRANAS (Colite pseudomembranosa) Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
  • 9. Clostridium difficile EIA para Toxina A & B Colher 3 amostras consecutivas PCR Teste de citotoxicidade em cultura celular Cultura para anaeróbios em meio específico Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
  • 10. Clostridium difficile Perfuração com peritonite Abscessos cavitários Óbito Recorrência Prolonga internação Favorece sepse pela translocação Farell RL. Curr Top Microbiol Immunol. 2000
  • 11. Clostridium difficile O que é DACD grave? 1) Morte em 30 dias 2) >1 admissão na UTI 3) Colectomia 4) Perfuração intestinal Incidência de 3% entre DACD Mortalidade 80% Henrich TJ. Emerg Infect Dis. 2009
  • 12. Clostridium difficile Fatores de risco para doença grave Nobblet SE. BMJ 2009
  • 13. Clostridium difficile Casos assintomáticos ou muito leves Tratamento contra-indicado Metronidazol Oral 500mg 8/8h 10 dias Resistência inferior a 5% Falha terapêutica entre 5 e 15% Teasley TG. Lancet. 1983;2:1043–1046 Wenisch C. Clin Infect Dis. 1996;22:813–818.
  • 14. Clostridium difficile Uso de vancomicina oral (1)Impossibilidade de metronidazol oral Intolerância gestacão <10 anos de idade (2) DACD resistente a metronidazol (3) Paciente muito grave Oral 125mg 6/6h por 10 dias Medo de VRE Pelaez T. Antimicrob Agents Chemother. 2002;46:1647–1650.
  • 17. Clostridium difficile Uso de pró-bióticos ainda controverso, diversas metanálises com resultados variáveis Vacina em estudo Profilaxia baseia-se no uso racional de antibióticos e isolamento de contato nos pacientes infectados