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  RIO GRANDE DO NORTE
Fernanda Matos
Ivan Beck Ckagnazaroff
Alexandre de Pádua Carrieri
Romário Rocha Sousa
Fernanda Matos
Ivan Beck Ckagnazaroff
Alexandre de Pádua Carrieri
Romário Rocha Sousa
Retratos de governanças das águas do
Brasil: perfil dos representantes membros
de comitês de bacias hidrográficas
Estado do Rio Grande do Norte
Belo Horizonte
FACE/UFMG
2020
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Este relatório compõe uma série sobre o Perfil dos Representantes Membros de Comitês de
Bacia Hidrográfica no Brasil, integrando o Projeto Governança dos Recursos Hídricos.
© Este material pode ser utilizado desde que citado a fonte.
Este Relatório e a coleção completa pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Publicações do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade, Centro
de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração (CEPEAD) Faculdade de Ciências
Econômicas (FACE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Acesse: <https://blogdoneos.wordpress.com>
/// Fernanda Matos
Doutora em Administração, Pesquisadora na Universidade Federal de Minas Gerais.
/// Ivan Beck Ckagnazaroff
PhD em Administração. Professor Titular, Universidade Federal de Minas Gerais.
/// Alexandre de Pádua Carrieri
PhD em Administração. Professor Titular, Universidade Federal de Minas Gerais.
/// Romário Rocha Sousa
Mestre em Administração. Universidade Federal de Minas Gerais.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 (Programa Pró-Recursos Hídricos - Chamada
N° 16/2017)
Ficha catalográfica
R438
2020
Retratos de governanças das águas do Brasil: perfil dos representantes membros
de comitês de bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte. / Fernanda
Matos ... [et al.]. – Belo Horizonte: FACE - UFMG, 2020.
48p.: il. - (Perfil dos representantes membros de comitês de bacia
hidrográfica no Brasil)
ISBN: 978-65-88208-07-6
Inclui bibliografia.
1. Recursos hídricos - Desenvolvimento. 2. Bacias hidrográficas –Rio Grande
do Norte. 3. Governança. I. Matos, Fernanda. II. Centro de Pós-Graduação e
Pesquisas em Administração.
CDD: 333.7
Elaborado por Adriana Kelly Rodrigues CRB6-2572
Biblioteca da FACE/UFMG – AKR/114/2020
* Agradecemos a todos que auxiliaram na realização de contatos com os Membros Representantes
dos Comitês de Bacia Hidrográfica do Estado, em especial Ruan Teixeira da Coordenação de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos, e também aos representantes pelo tempo dedicado
para responder o questionário de pesquisa.
5	APRESENTAÇÃO
7	 OS COMITÊS DE BACIA
9	 ASPECTOS METODOLÓGICOS
10	 OS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA
NO RIO GRANDE DO NORTE  
13	 Composição e representação
15	 Perfil socioeconômico dos representantes
24	
Percepções dos representantes
sobre o processo decisório
32	 Percepção dos representantes sobre
os organismos colegiados
41	 APONTAMENTOS FINAIS   
46	REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
A gestão das águas, como um bem de domínio público, apresenta-se como um dos
maiores desafios colocados para a sociedade nos últimos tempos, considerando
sua fundamental importância na vida humana e no meio ambiente.
Este relatório compõe a série ‘Retratos de Governanças das Águas’ que tem como
objetivo analisar o perfil dos representantes membros de comitês de bacia hidro-
gráfica no Brasil, integrando o Projeto Governança dos Recursos Hídricos.
O desenho do estudo partiu da perspectiva que podemos analisar os Comitês de
Bacia Hidrográfica (CBHs), como arranjos de governança compostos por diferen-
tes atores que possuem atribuições de mediar, articular, aprovar e acompanhar as
ações para o gerenciamento dos recursos hídricos de sua jurisdição. Os Comitês
são órgãos colegiados que possuem atribuições normativas, consultivas e delibe-
rativas, que têm por objetivo promover o planejamento e a tomada de decisões
acerca dos usos múltiplos dos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica,
região compreendida por um território e por diversos cursos d’água.
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva na qual procurou-se, a partir de
uma primeira exploração das informações disponíveis, descrever a característica
dos atores que participam da gestão dos recursos hídricos, com vista a identifi-
car: quem são os atores que participam dos processos de formulação das políticas
das águas no nível de bacias hidrográficas. Neste trabalho, buscou-se contribuir
para os estudos sobre a participação ao apresentar o perfil dos representantes
membros de comitês estaduais de bacia hidrográfica, e oferecer informações que
6
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
possam apontar aspectos importantes da capacidade inclusiva dos representantes
pesquisados, tendo como premissa que uma “boa” governança é fundamental para
alcançar a segurança hídrica.
A concepção de governança pública utilizada a considera como a capacidade de
o governo se articular com outros atores no processo de elaboração e implemen-
tação de projetos e políticas públicas, a partir da tomada de decisão coletiva. A
importância de se pensar os organismos de bacia sob a ótica da governança reside
na constatação de que o processo de decisão coletivo é a base estruturante da
proposta desse tipo de organização, sendo algo que a caracteriza e a diferencia
de outras. E, em um cenário em que a segurança hídrica esteja ameaçada, para o
planejamento e a adoção de medidas de prevenção, adaptação e mitigação a essa
nova realidade climática, é um problema de ação coletiva que suscita respostas
institucionais de estados, mercados e comunidades.
Para desenvolvimento do trabalho, foi realizado um amplo survey com represen-
tantes de comitês de bacia, e como os representantes percebem o seu envolvi-
mento no processo decisório. E neste relatório serão apresentadas as análises dos
dados referente aos comitês localizados no estado do Rio Grande do Norte.
7
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
OSCOMITÊS
DEBACIA
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi instituída tendo como objetivo
principal assegurar a disponibilidade de água em padrões de qualidade adequa-
dos aos respectivos usos, buscando a prevenção e o desenvolvimento sustentável
pela utilização racional e integrada dos recursos hídricos. Dentre alguns de seus
princípios estão: o reconhecimento da água como bem público, finito e vulnerá-
vel, dotado de valor econômico e; adoção da bacia hidrográfica como unidade de
planejamento descentralizada e participativa. De acordo com a PNRH, os Estados,
assim como o Distrito Federal, são responsáveis pela gestão das águas sob seu
domínio devendo então, elaborar legislação específica para a área, constituir o
Conselho Estadual de Recursos Hídricos e garantir o funcionamento dos comitês
de bacia em sua região. Cabe aos Poderes Executivos dos municípios e do Distrito
Federal promover a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso,
ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e
estaduais de recursos hídricos (Brasil, 1997).
Como estabelecido pela PNRH, os Comitês de Bacia Hidrográfica são fóruns
de decisões no âmbito das bacias hidrográficas. Estes destinam se a atuar como
“Parlamento das Águas”, ou seja, são organismos colegiados consultivos e delibe-
rativos para a gestão dos recursos hídricos na respectiva escala hidrográfica. Eles
se caracterizam pela: descentralização do poder de decisões; integração das ações
públicas e privadas e; participação de todos os setores sociais. A sua constituição
está prevista na Lei nº 9433/1997 com vista ao estabelecimento de espaços de
interação entre o poder público e atores da sociedade e mercado, estando princi-
palmente voltados à promoção de articulação política no âmbito local. Em outras
palavras, à eles são atribuídos a promoção dos debates das questões relacionadas
aos recursos hídricos na totalidade da bacia hidrográfica. Portanto, a instalação
dos comitês de bacias é atividade primordial para o bom andamento da gestão
das águas.
8
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
SUAS PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS, NO ÂMBITO DE SUA ÁREA DE ATUAÇÃO, SÃO:
•	 I) promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular
a atuação das entidades intervenientes;
•	 II) arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos
recursos hídricos;
•	 III) aprovar o plano de recursos hídricos da bacia;
•	 IV) acompanhar a execução do plano de recursos hídricos da bacia e sugerir as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
•	 V) propor ao conselho nacional e aos conselhos estaduais de recursos hídricos
as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para
efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos, de acordo com os domínios destes;
•	 VI) estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e su-
gerir os valores a serem cobrados;
•	 VII) estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múlti-
plo, de interesse comum ou coletivo.
Os Comitês são compostos por membros titulares e suplentes, sendo sua estrutura
paritária constituída por representantes do poder público estadual cujos territórios
se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação: o poder
público municipal; os usuários de água de sua área de atuação e; representantes
das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. Nos
Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas
devem ser incluídos representantes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como
parte da representação da União, e das comunidades indígenas ali residentes ou
com interesses na bacia.
O processo eleitoral dos membros dos comitês, como estabelecido pela Agência
Nacional das Águas (2011b), deve ser conduzido de modo a garantir a oportuni-
dade de participação de todos os atores da bacia. Os membros que compõem o
colegiado são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários
de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos.
9
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
ASPECTOS
METODOLÓGICOS
Bobbio (1986), em seu trabalho “O Futuro da Democracia”, já advertia que um pro-
cesso democrático é caracterizado por um conjunto de regras que estabelecem
quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos.
O autor ainda destaca que mesmo as decisões de grupo são tomadas por indiví-
duos (o grupo como tal não decide). Por isto, afirma o autor, “para que uma de-
cisão tomada por indivíduos (um, poucos, muitos, todos) possa ser aceita como
decisão coletiva é preciso que seja tomada com base em regras que estabeleçam
quais são os indivíduos” autorizados a tomar as decisões vinculantes ao grupo, o
arranjo representativo e as ações oriundas deste. Portanto, neste trabalho parte-se
do pressuposto que o pleno funcionamento dos comitês e o exercício ativo dos
representantes dos diferentes segmentos deveria contribuir para assegurar o aces-
so sustentável à água de qualidade, em quantidade adequada à manutenção dos
meios de vida, do bem estar humano e do desenvolvimento socioeconômico. Ou
seja, promover a segurança hídrica deve ser o foco principal daqueles que realizam
a gestão dos recursos hídricos.
No que se refere aos procedimentos necessários à obtenção de dados, na pri-
meira etapa recorreu-se ao levantamento da quantidade de Comitês de Bacia
Hidrográfica no Estado e a quantidade de membros em cada organismo, a serem
detalhados no próximo tópico. À medida que iam sendo obtidos esses dados, já
na segunda etapa da pesquisa foram realizados os contatos e envio de questioná-
rios por meio eletrônico para os representantes dos Comitês de Bacia Hidrográfica
(CBH) abrangidos. O survey foi realizado de novembro de 2017 a fevereiro de 2020.
Os sujeitos da pesquisa foram compreendidos como “atores sociais” com o poten-
cial para protagonizar o processo de formulação, implementação e avaliação das
ações voltadas para à política de águas, expressando as demandas sociais.
No processo de análise das respostas recebidas foram excluídas aquelas considera-
das como duplicidades e as incongruentes, resultando na obtenção de uma amostra
de 40% dos assentos, incluindo titulares e suplentes. A operacionalização da análise
e apresentação dos dados se baseou no conjunto das seguintes categorias analíti-
cas que orientaram o desenvolvimento deste relatório: i) composição e representa-
ção; ii) perfil socioeconômico dos representantes; iii) percepção sobre o processo
decisório; e iv) percepção dos representantes sobre os organismos colegiados.
OSCOMITÊS
DEBACIA
HIDROGRÁFICA
NORIOGRANDE
DONORTE
  
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
No estado do Rio Grande do Norte, a Lei Estadual nº 6.908, de 1º de julho de 1996,
dispôs sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos. Instituiu o Sistema Integrado
de Gestão de Recursos Hídricos (SIGERH), e as diretrizes para o gerenciamento das
águas do Estado, criou o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh) e o Fundo
Estadual de Recursos Hídricos. O SIGERH e o Conerh foram, posteriormente, regula-
mentados pelo Decreto nº 13.284/1997, e o Funerh regulamentado pelo Decreto nº
13.836, de 11 de março de 1998.
Outras disposições legais foram o Decreto nº 13.283, de 22 de março de 1997, regu-
lamentando a Outorga de Direito de Uso da Água e Licenciamento de Obra Hídrica;
e o Decreto nº 13.285, de 22 de março de 1997, que aprovou o Regulamento da
Secretaria de Recursos Hídricos. O Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande
do Norte (PERH) foi concluído em dezembro de 1999, e atualmente, encontra-se em
fase de revisão e atualização. O Instituto de Gestão das Águas do estado do Rio
Grande do Norte, órgão estadual responsável pela gestão técnica e operacional dos
recursos hídricos no estado foi criado pela Lei nº 8.086, de 15 de abril de 2002.
Parte da Lei Estadual nº 6.908/1996, foi alterada pela Lei complementar 481 de janei-
ro de 2013, incluindo: mais instrumentos de gestão; garantia de recursos financeiros
e mecanismos institucionais para garantir a realização de estudos e alternativas para
a utilização de águas de reuso e seus efeitos sobre a disponibilidade hídrica; o IGARH
na estrutura organizacional do SIGERH, dentre outros.
Como pode ser observado na figura 1, a seguir, atualmente, no estado há três co-
mitês de bacia instalados, além do CBH Piancó-Piranhas-Açu, que é interestadual,
mas também reconhecido pelo Conerh e parte integrante do Sistema Estadual
de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Podendo ainda ser observado que as
demais unidades de gestão de recursos hídricos ainda não dispõe de comitês
implementados.
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Figura 1: Unidades Estaduais de Gestão de Recursos Hídricos. Fonte: ANA – Prógestão
O CBH do Rio Pitimbu foi o primeiro organismo de bacia criado no estado, em 2004
- Decreto governamental 17.789, de 14 de setembro - resultado da pressão dos mo-
vimentos socioambientais da época junto aos órgão executivos do Estado, mas foi
instalado apenas em janeiro de 2006. A Tabela 1, a seguir, apresenta de forma deta-
lhada a situação dos três Comitês de bacias hidrográficas, criados e instalados, no
estado do Rio Grande do Norte nos anos de 2004 e 2010.
COMITÊ DE
BACIA
INSTALADOS
ANO DE
CRIAÇÃO
N.MEMBROS
(conforme
regimento)*
Nº DE
PARTICIPANTES**
MUNICÍPIOS POPULAÇÃO
CBH do Rio
Pitimbu
2004 40 28 3 249.137
CBH do Rio
Apodi-Mossoró
2010 60 52 52 719.925
CBH do Rio
Ceará-Mirim
2010 40 24 16 160.011
Total 140 104
Tabela 1: * Número de membros (titulares e suplentes), conforme regimento interno.
** Número de membros ativos. Fonte: IGARH (2020); ANA (2020)
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Durante a fase de desenvolvimento deste relatório (nos meses agosto e setembro),
realizou-se a verificação nas páginas dos comitês, e também contato por e-mail, ob-
jetivando confirmar o quantitativo de membros, e principalmente, a existência de
cadeiras em vacância. Conforme levantamento, todos os comitês possuem espaços
de representação em aberto, seja por ausência de instituição interessada ou por não
indicação do representante, totalizando, 36 cadeiras em vacância.
COMPOSIÇÃO E
REPRESENTAÇÃO
Comitês de bacia hidrográfica são fóruns constituídos em que um grupo de pessoas
representando instituições dos segmentos poder público, setor privado e organi-
zações da sociedade civil se reúnem para discutir sobre um interesse comum que
é o uso da água da bacia. Buscando compreender quem são as pessoas que fazem
parte desses fóruns, encaminhamos o questionário de pesquisa, dividido em três
partes. Nas primeiras questões propostas no questionário encaminhado para os re-
presentantes de comitês de bacia buscamos identificar quem são os sujeitos sociais
que atuam nesses espaços, apresentando o perfil dos participantes. A partir dessa
caracterização pode se analisar e discutir se os organismos de bacia são capazes de
incluir sujeitos que estão tradicionalmente pouco inseridos em espaços de decisão.
A composição de um comitê de bacia deverá refletir os múltiplos interesses com
relação às águas da bacia. De forma geral, são três os interesses que se expressam
nas bacias: dos usuários diretos de recursos hídricos (sujeitos ou não à outorga de
direito de uso); dos poderes públicos constituídos (municípios, estados e União) na
implementação das diferentes políticas públicas; e das organizações civis na defesa
dos interesses coletivos e com o olhar dos interesses difusos. Em resumo, “esse con-
junto de representações deve buscar reunir os antagonismos dos interesses sobre a
água, porém, o uso dos recursos hídricos deve ser sustentável de modo a assegurar
condições não só para as atuais gerações, mas também para as futuras’’ (ANA, 2011).
Em linhas gerais, pode se dizer que a definição das características que qualificam
o representante como o mais adequado para defender os interesses de determina-
do segmento é realizada entre os seus pares em assembleias setoriais, convocadas
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
mediante publicação de edital dos comitês para escolha dos representantes. Esses
representantes são geralmente credenciados por uma comissão eleitoral e, depois
de cumprida a etapa de apresentação dos documentos comprobatórios estabeleci-
dos pelo comitê, eles se encontram aptos para participar do processo de escolha dos
membros do colegiado.
Dos respondentes do questionário de pesquisa, 72% são representantes titulares e
os demais (28%) são suplentes. No que se refere ao setor de representação: 19,4%
dos respondentes informaram pertencer ao segmento do poder público municipal;
19,4% do poder público estadual; 19,4% do usuários de água; 41,7% da sociedade
civil. Importa realçar, que no caso da sociedade civil e dos usuários de água, essa
representação está relacionada a entidades constituídas, e, nesse sentido, não exis-
te espaço para a participação individual. Cabe destacar que o termo sociedade civil
abriga um conjunto bastante diferenciado de organizações, entidades, grupos de
interesses, como ONGs, entidades filantrópicas, entidades sindicais e organizações
empresariais, dentre outros. E, como usuários da água, consideram-se indivíduos,
grupos, entidades públicas e privadas, e coletividades que, em nome próprio ou
no de terceiros, utilizam os recursos hídricos ou, ainda, que captam água, lançam
efluentes ou realizam usos que não para consumo diretamente em corpos hídricos
(rio ou curso d’água, reservatório, açude, barragem, poço, nascente etc.).
Outro ponto, uma entidade representa um conjunto de seus pares. Uma pessoa é
nomeada representante dessa entidade no comitê. Em outras palavras, é atribuído
poder a um ator para tomar decisões em nome de uma organização e segmento de
representação ao apresentar as perspectivas e ansiedades de um grupo, e ainda as-
sim, pensar no interesse coletivo que é o uso racional dos recursos hídricos. Nessa
perspectiva, entende-se que a participação ativa dos representantes pode poten-
cializar a gestão e conservação dos recursos na bacia hidrográfica que participam.
Quanto a isso, vale lembrar que Norberto Bobbio (1986) assinala que a regra funda-
mental da democracia é a regra da maioria, quer dizer que essa é a regra base da
qual são consideradas decisões coletivas, e assim vinculadas para o todo o grupo, as
decisões aprovadas pela maioria daqueles a quem compete tomar a decisão. Porém,
cabe salientar que possivelmente as melhores decisões no comitê de bacias, são
as decisões negociadas, buscando o consenso para quem sabe todos saírem com o
sentimento de que estão ganhando e não gerar conflitos.
15
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
PERFIL SOCIOECONÔMICO
DOS REPRESENTANTES
A partir da pesquisa realizada, quanto ao perfil dos respondentes de acordo com o
gênero, percebeu-se que os comitês de bacias hidrográficas o estado do Rio Grande
do Norte apresentaram uma composição predominantemente masculina, tendo em
vista que o percentual dos homens (62,2%) é consideravelmente maior do que o das
mulheres (37,8%). Desse modo, os dados apontam que não existe paridade entre
homens e mulheres nesses espaços. Comparativamente, o segmento que apresen-
tou maior divergência entre os sexos foi o do segmento do poder público municipal
(71,4% e 28,6%), e diferente de outros estados, o segmento do poder público esta-
dual apresentou maiores percentuais para a participação das mulheres (57,1%).
Gráfico 1: Distribuição dos respondente por sexo. Dados de pesquisa
A seguir, o Gráfico 2 identifica como estão distribuídos por idade os representantes
nos comitês de bacia no estado do Rio Grande do Norte. Os dados gerais dos respon-
dentes permitem assinalar que a distribuição dos atores nos comitês concentra as
maiores proporções de representantes nas faixas etárias entre 31 a 40 anos (38,9%),
seguido por representantes entre 51 a 60 anos (25%) e de até 30 anos (16,7%). Além
dessas faixas, os comitês de bacia estudados apresentaram uma proporção de 11,1%
dos respondentes com idade entre 41 a 50 anos e 8,3% de 61 a 70 anos de idade.
16
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
38,9%
25%
0%
16,7%
11,1%
8,3%
31 a 40 anos
51 a 60 anos
+ de 70 anos
até 30 anos
41 a 50 anos
61 a 70 anos
Gráfico 2: Distribuição dos representantes por idade. Dados de pesquisa
Em análise dos dados, percebe-se que 33,3% dos respondentes possuem idade supe-
rior a 50 anos. Nota-se também que 16,7% dos respondentes possuem “até 30 anos”.
Comparativamente, a outros estados já analisados, os resultados encontrados entre
os respondentes pertencentes aos Comitês do Rio Grande do Norte são relativamen-
te mais altos do que os identificados em outras localidades (que variam de 16%, em
Goiás; 13,3% em Alagoas, 11,6% em Minas Gerais e, no outro extremo, 7% no Paraná e
Rio Grande do Sul, e apenas 4% no Espírito Santo). A promoção de capacitação para a
inserção da juventude para a gestão das águas no estado é uma ação importante para
colaborar na atualização das representações, especialmente, a longo prazo.
Considerando que o membro eleito deve estar preparado para defender os interes-
ses do segmento que representa, segundo publicação da ANA (2011), também se
interrogou aos representantes sobre o nível de escolaridade, a área de formação e
a experiência em outros organismos colegiados, tanto na área de recursos hídricos
quanto em outras áreas. Essas questões buscavam uma aproximação de entendimen-
to sobre as possíveis variáveis para a formação do representante.
17
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Quando analisado o grau de escolaridade dos representantes que atuam nesses
espaços, foi possível observar um perfil altamente escolarizado dos membros de co-
mitês de bacia. No Gráfico 3, apresenta-se a distribuição dos dados de escolaridade
dos respondentes do questionário.
Doutorado Completo
Doutorado Incompleto
Mestrado Completo
Mestrado Incompleto
MBA/Especialização
Superior Completo
Superior Incompleto
Curso Técnico
Médio
Fundamental
5,6 %
2,8 %
13,9 %
13,9 %
11,1 %
38,9 %
5,6 %
2,8 %
5,6 %
0 %
Gráfico 3: Escolaridade dos respondentes. Dados de pesquisa
Os dados gerais revelaram que 86,9% dos representantes que responderam à questão
concluíram o curso de ensino superior, outros 5,6% estavam cursando e 47,3% ingres-
saram em cursos de pós-graduação. Os dados mostraram ainda que, no que se refere
à escolaridade, os extremos estão situados no ensino médio e no nível de doutorado
completo, ambos com 5,6% de representantes. Não houve indicações para o nível fun-
damental, e o nível técnico estão representados por 2,8% dos respondentes. Sendo
importante ressaltar o percentual dos 86,2% que possuem, no mínimo, nível superior,
o que pode indicar que diferentes representações podem não estar representadas nos
Comitês de Bacias, isto é, aqueles que possuem menores níveis de escolaridade.
18
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Buscou-se também conhecer a área de formação dos representantes. A distribuição
dos respondentes por área de formação pode ser observado no Gráfico 4.
Ciências Sociais Aplicadas
Engenharias
Ciências Exatas
Ciências Biológicas
Linguística
Ciências Agrárias
Antropologia/ Arqueologia
Multidiciplinar
Ciências da Saúde
33,3 %
27,3 %
0 %
6,1 %
0 %
6,1 %
18,2 %
9,1 %
0 %
Gráfico 4: Distribuição dos representantes por área de formação em porcentagem. Dados de Pesquisa
Após análise dos dados dos questionários de pesquisa, percebeu-se que os comi-
tês de bacias são espaços em que predomina a concentração dos respondentes em
certas áreas de formação, destacando-se os cursos de Ciências Sociais Aplicadas
(Administração Pública e de Empresas, Contábeis e Turismo; Arquitetura, Urbanismo
e Design; Comunicação e Informação; Direito; Economia; Planejamento Urbano), com
33,3%; na sequência, os cursos de Engenharias, com 27,3%; seguidos pelos cursos
de Antropologia/Arqueologia, Ciência Política e Relações Internacionais, Educação,
Filosofia, Geografia, História, Psicologia, Sociologia e Teologia, com 10,3%, com
18,2% e Multidisciplinar (Biotecnologia e Ciências Ambientais), com 9,1%. Depois,
temos os cursos de Ciências Agrárias (Ciências de Alimentos, Ciências Agrárias,
Veterinária e Zootecnia) e Ciências Biológicas (Biodiversidade e Ciências Biológicas),
ambos com 6,1%. As demais áreas de formação não tiveram indicações dos respon-
dentes que participaram da pesquisa.
19
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Dado o cenário da representação, especialmente, o grau de escolaridade e área de
formação dos atores inseridos nessas instâncias e, considerando que as representa-
ções nos comitês devem refletir os múltiplos interesses de sua jurisdição, pode-se
indagar se a alta qualificação e concentração de áreas, por parte dos representan-
tes, não estaria reduzindo a perspectiva de inclusão dos interesses e demandas dos
grupos e setores sociais cujas vozes não alcançam expressão e reconhecimento nos
espaços de representação política comuns, podendo gerar, assim, decisões social e
ambientalmente injustas. Em outras palavras, se a atual composição desses arranjos
de governança estariam deixando de fora grupos com capacidade para influenciar as
políticas neles adotadas e que representam outras linguagens, saberes e formações.
No que se refere à distribuição dos recursos (Gráfico 5), os resultados do estudo mos-
tram que, em relação à renda familiar, de forma geral, entre os respondentes, 47,2%
ganham acima de R$ 4.001,00, havendo, portanto, uma distribuição menos concen-
trada em relação ao rendimentos familiares dos representantes neste estado. Este foi
o menor percentual encontrado entre os estados já analisados: Paraná, 90,4%, Goiás,
87%, Alagoas, 71,7% e Sergipe, 53%.
acima de 12001,00
de 8001 até 12000,00
de 4001 até 8000,00
de 2501 até 4000,00
de 1501 até2500,00
de 900 até 1500,00
abaixo de 900,00
11,1 %
8,3 %
27,8 %
19,4 %
16,7 %
11,1 %
5,6 %
Gráfico 5: Renda familiar média dos representantes em porcentagem. Dados de pesquisa
Em análise das categorias previamente disponibilizadas para marcação, obser-
va-se que 11,1% possuem rendimentos acima de R$ 12.001,00; 8,3% ganham en-
tre 8.001,00 a 12.000,00 reais; 27,8% de 4.001,00 até 8.000,00; 19,4% ganham entre
2.501,00 a 4.000,00 reais; 16,7% de R$ 1.501,00 a 2.500,00 reais; 11,1% recebem de
R$ 900,00 a 1.500,00 reais e 5,6% dos representantes possuem renda familiar abaixo
de 900 reais entre os respondentes do questionário de pesquisa.
20
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Quando se desagregam os dados dos respondentes por sexo, como pode ser ob-
servado no gráfico 6, observa-se que existe equilíbrio apenas entre renda familiar
e sexo na categoria de recebimentos abaixo de 900,00 reais. Na maior parte das ca-
tegorias, há o predomínio masculino, principalmente nas categorias acima de 8.001
reais, nas quais não há representatividade feminina. As exceções são as categorias
de rendimentos que variam de R$ 900,00 a 2.500 reais, onde as mulheres são maio-
ria. Em uma análise comparativa, percebe-se que não apenas as mulheres são ainda
minoria nos organismos de bacia, mas também que pertencem aos grupos com as
rendas familiares mais baixas. Este dado reforça a necessidade de fortalecer a inser-
ção da mulher na gestão pública e que os comitês de bacias precisam refletir sobre
a questão de gênero e a representação das mulheres e dos setores mais vulveráreis
na gestão de recursos hídricos.
acima de 12001,00
de 8001 até 12000,00
de 4001 até 8000,00
de 2501 até 4000,00
de 1501 até2500,00
de 900 até 1500,00
abaixo de 900,00
AZUL: Homens; ROSA: MULHRES
11,1 %
0 %
8,3 %
0 %
16,7 %
11,1 %
13,9 %
5,6 %
5,6 %
11,1 %
2,8 %
8,3 %
2,8 %
2,8 %
Gráfico 6: Renda familiar média dos representantes por sexo em porcentagem. Dados de Pesquisa
21
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Apesar de ter sido identificado uma distribuição menos concentrada em relação ao
rendimentos familiares dos representantes neste estado, os resultados encontrados
ainda indicam um perfil com renda acima da média do país, se comparada com o va-
lor do salário mínimo (R$954,00, em 2018) ou com o rendimento nominal mensal do-
miciliar per capita nacional, de R$2.112,00 (IBGE, 2018), definindo, assim, os grupos
que controlam as decisões em torno da gestão da água. Esses dados aproximam-se
dos apontamentos de Santos Júnior et al. (2004) de que o perfil dos representantes
em conselhos municipais constitui uma espécie de elite de referência, ou de uma
comunidade cívica portadora de uma cultura associativa, caracterizada por um perfil
socioeconômico superior e por maior grau de informação e de capacitação técnica
e política, se comparada à média da população em geral. Os dados apresentados
desde a escolarização a faixa de renda dos atores participantes nos comitês de ba-
cias do estado do Rio Grande do Norte aponta a necessidade de ampliação da base
social dos comitês de bacias para que outros grupos mais frágeis em termos sociais
sejam representados na gestão das águas. A composição diversificada e democrática
nos Comitês pode contribuir para que todos os setores da sociedade com interesse
sobre a água na bacia tenham representação e assim, manifestar seus interesses no
processo de tomada de decisão sobre sua gestão da bacia hidrográfica.
Quando se desagregam os dados pelo setor de representação (Gráfico 7), observa-se
que os respondentes pertencentes ao segmento da sociedade civil estão presentes
em todas as categorias de renda previamente elencados. Nota-se que os responden-
tes do segmento do poder público municipal estão presentes entre as categorias de
recebimento de R$ 1.500 a 8.000,00.
Menos de R$ 1500 R$ 2501 – 4000R$ 1500 – 2500
R$ 4001 – 8000 Acima de 12001R$ 8001 – 12000
Pode público Municipal Pode público Estadual Usuários Sociedade Civil
0 % 0 %
6 %
11%
6 %
3 %3 %
6 %
8 %
0% 0 %
11 %
6 %
11 %
3 %
8 %
0 %
3 % 3 % 3 %
0 % 0 %
6 % 6 %
Gráfico 7: Renda familiar mensal por setor de representação em porcentagem. Dados de pesquisa
22
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Perguntou-se aos representantes sobre o tempo de participação e representação
em comitês de bacia e observou-se que 33,7% participam há menos de 1 ano da
composição do comitê; 47,2% de 1 a 5 anos; 19,4% de 6 a 10 anos; e não houve in-
dicações para a demais categorias com tempo de representação superior 10 anos.
Nota-se que a maioria dos respondentes (80,9%) é de membros de comitê por perío-
do inferior a 6 anos, tendo a variável “1 a 5 anos de participação” sido a que recebeu
o maior percentual de indicações (47,2%). Contudo, é importante ressaltar que dois
(dos três) dos comitês de bacia do Rio Grande do Norte atualmente instalados, fo-
ram criados no ano de 2010 (à exceção do Pitimbu, criado em 2004, vide Tabela 1), o
que é recente; isso ajuda a explicar a “baixa” participação de membros por períodos
de tempo mais elevados. Quando se desagrega os dados pelo segmento de repre-
sentação, observa-se que os representantes da sociedade civil (34,5%) apresentam
maiores percentuais para de participação para período inferior a 6 anos nos comitês.
No outro extremo, apresentou a maior concentração de membros que participam há
mais de 6 anos também os representantes da sociedade civil (13,9%).
A experiência dos atores participantes dos comitês de bacias em outros colegiados,
tanto do ponto de vista individual, quanto do ponto de vista das organizações repre-
sentadas nos Comitês de Bacia do estado do Rio Grande do Norte, pode representar
um diferencial importante para assegurar a concretização do potencial que se espera
dos arranjos de governança no que diz respeito ao processo decisório das políticas
públicas das águas. Assim, buscou-se identificar entre os respondentes do questio-
nário de pesquisa, o percentual de inserção dos representantes dos comitês de ba-
cias em outros organismos colegiados relacionados à gestão de recursos hídricos.
Ao ser questionado se os representantes dos comitês de bacia participam também
de outros organismos colegiados relacionados à gestão de recursos hídricos, apenas
8% dos respondentes informaram que participam e 92% disseram que participam
apenas do Comitê de Bacia no qual fazem parte.
8% 92%Sim, participo de outros organismos
de gestão de recursos hídricos
Não, atualmente sou
membro apenas do CBH
Gráfico 8: Participação em outros organismos de gestão de recursos hídricos, em %. Dados de pesquisa
23
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Dentro desses 8%, há respondentes que participam de mais um órgão colegiado
ou até mais de um concomitantemente. No estado do Rio Grande do Norte, além
de serem membros do comitê de bacia, os respondentes informaram que também
participam do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Comparativamente a outros
estados, o resultado encontrado entre os respondentes é relativamente baixo. Este
resultado, apesar de pequeno, é positivo, pois, ao participarem de outros organis-
mos colegiados que também debatem recursos hídricos, os representantes de comi-
tês do estado podem ampliar a integração e articulação para troca de experiências e
aprendizados com outras esferas de participação.
A dinâmica política que caracteriza o estabelecimento dos arranjos e articulações
institucionais tem um papel importante na atuação dos representantes em outros
espaços de decisão políticas que envolvem o tema das águas. E, por esta razão, ques-
tionou-se aos respondentes se “além de participar do Comitê de Bacia, você é mem-
bro de outros organismos colegiados/Conselhos de outras áreas (por exemplo: meio
ambiente, educação, saúde, etc.)?” Os dados da pesquisa mostram que, além de par-
ticipar do comitê de bacia, 36% dos atores representantes indicaram que também
são membros de outros organismos colegiados, em diferentes temáticas e abran-
gências (Gráfico 9). Comparativamente a outros estados já analisados, o Rio Grande
do Norte apresentou percentuais intermediários de representantes de comitês de
bacia que também participam de outros organismos colegiados, com percentuais
próximos do Paraná, 33,8%, mas inferiores aos estados de Santa Catarina 46%; Minas
Gerais 45,6%; Sergipe 41%, e maiores percentuais, se comparados aos estados de
Goiás 31%; Espírito Santo 30%.
36% 64%Sim, sou membro de outros
organismos
Não, sou membro apenas do
comitê de Bacia Hidrográfica
Gráfico 9: Participação em outros colegiados em porcentagem. Dados de pesquisa
Os outros organismos colegiados com maior número de menções pelos responden-
tes foram: Conselho Municipal de Meio Ambiente; e de Defesa do Meio Ambiente. No
âmbito municipal, foram mencionados os Conselhos Municipais: de desenvolvimento
sustentável rural; de Habitação Popular; de Saúde; de Turismo; de Proteção e Defesa
Civil. Outros organismos citados foram: Colegiado Territorial; Comissão de açudes;
Comitê dos Catadores de Materiais Recicláveis, o Conselho Estadual das Cidades.
24
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
A participação dos representantes em comitês de bacia em outros organismos cole-
giados pode contribuir para a articulação e integração da temática recursos hídricos
em outras políticas públicas. As diversas formas de participação são importantes
para a construção de uma sociedade democrática. Algumas formas de participação
são apenas consultivas, enquanto os comitês de bacia diferem de outras formas de
participação previstas em outras políticas públicas, pois têm como atribuição le-
gal deliberar sobre a gestão da água fazendo isso de forma compartilhada com re-
presentantes da sociedade civil, dos usuários e do poder público. A participação
dos atores da gestão das águas em instâncias de diferentes políticas públicas pode
colaborar para melhorar a articulação da gestão das águas com outras políticas e
vice-versa.
PERCEPÇÕES DOS
REPRESENTANTES SOBRE
O PROCESSO DECISÓRIO
Os Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH) são constituídos para funcionar como ins-
tituições participativas representativas por envolverem conjuntos de normas e pro-
cedimentos que estruturam a ação social e política, tal como instituições políticas
mais tradicionais (eleições, assembleias e outras). Além disso, as instituições parti-
cipativas, por meio de suas instâncias representativas – formalmente organizadas e
vinculadas a estruturas do Estado – devem proporcionar a vocalização de demandas,
a discussão pública e a formação de acordos a partir da contribuição de cidadãos e
grupos organizados da sociedade.
A questão da representação, uma vez identificado quem (pessoa) representa quem
(organização), tem-se a pergunta: “Como o representa?”, tendo em vista que estes
são chamados a representar os interesses específicos de um segmento, e normal-
mente ele pertence à mesma categoria profissional dos representados.
De acordo com a legislação, os Comitês de Bacia devem definir as regras a serem
seguidas com relação ao uso das águas. E a composição dos comitês deve refletir,
como foi já referido anteriormente, os múltiplos interesses com relação às águas da
bacia. No exercício das funções os representantes refletem os interesses da organi-
25
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
zação que representam e do segmento no qual fazem parte. Neste sentido, o repre-
sentante é indicado e está sujeito a um mandato vinculado. Entretanto, há sempre
o risco que ocorra a auto representação, ou seja, um representante eleito entre seus
pares pode defender interesses próprios ou particulares, e não compartilhar com o
grupo as questões debatidas. Desta forma, este membro não estaria representando
adequadamente os interesses para os quais foi eleito.
Considerando esses apontamentos, questionou-se aos membros dos comitês com
que frequência, no exercício do seu mandato como representante, eles mantêm con-
tato com as sua(s) base(s) de apoio /organização no qual representa no Comitê de
bacia. As respostas obtidas para esta questão podem ser observados, a seguir, no
gráfico 10.
47,8 %
Com frequência
26,1 %
Às vezes
21,7 %
Sempre
0%
Não tenho base de apoio
0%
Nunca
4,3 %
Raramente
Gráfico 10: Frequência de contato com a base de apoio. Dados de pesquisa
Após a análise dos dados, percebe-se que 69,5% dos respondentes do questionário
de pesquisa informaram que mantêm contato sempre ou com frequência com sua
base apoio /organização que representa; 26,1% fazem contato às vezes; 4,3 raramen-
te. Importante ressaltar que as alternativas “nunca” e “não tenho base de apoio” não
tiveram indicações. Considerando que o membro do comitê é um representante de
uma organização vinculada a um segmento de interesse no âmbito da política das
águas, espera-se que haja entre eles uma relação próxima. É importante ressaltar
que apenas 4,3% dos respondentes indicaram que “raramente” fazem contato com
sua base de apoio/organização no qual representam. Os percentuais identificados
são relativamente positivos com relação ao trabalho de contato com a base repre-
sentada no comitê. Os dados observados podem indicar que os participantes estão
exercendo de forma satisfatória o papel de representação no qual foram incumbidos.
Para o exercício de sua função, o representante precisa desenvolver maneiras de se
informar sobre as opiniões do coletivo a que representa, e reportar as informações
sobre as discussões das quais participa, prestando contas sobre sua atuação.
26
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Considerando esses apontamentos, questionou-se aos membros dos comitês com
que frequência, no exercício do seu mandato como representante, eles mantêm
contato com as sua(s) base(s) de apoio /organização no qual representa para tra-
tar assuntos específicos como: construir e/ou fortalecer as articulações com o seu
segmento representação; para prestar contas sobre a atuação; relatar os debates e
deliberações; e para definir ou sustentar um posicionamento nas reuniões nos comi-
tês. Como pode ser observado no gráfico a seguir, 62,1% (média) dos respondentes,
mantêm contato mais frequente (sempre e frequentemente) com sua base de apoio,
ou seja, a organização no qual representa no Comitê de Bacia.
Nunca
Para construir / fortalecer articulações com seu segmento:
Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
4,3 % 8,7 % 26,1 % 47,8 % 13 %
8,3 % 8,3 % 16,7 % 58,3 % 8,3 %
Prestar contas sobre a sua atuação no CBH:
4,2 % 16,7 % 20,8 % 41,7 % 16,7 %
Relatar os debates / deliberações do CBH:
4,2 % 12,5 % 20,8 % 50 % 12,5 %
Definir/sustentar posicionamento no CBH:
Gráfico 11: Frequência de consulta a base de apoio. Dados de pesquisa
Em análise das variáveis investigadas na pesquisa, observou-se que 66,6% dos res-
pondentes frequentemente ou sempre fazem consultas à base de apoio para definir
e sustentar algum posicionamento no âmbito do Comitê de bacia; 16,7% o fazem
às vezes e 8,3% raramente fazem consultas às bases de apoio pelo objetivo ques-
tionado. Desse total, 8,3% informaram que nunca fazem consultas à base de apoio.
Questionados sobre a frequência de contato para relatar os debates e as delibe-
rações do CBH, 62,5% fazem com frequência ou sempre, 20,8% consultam às vezes,
12,5% raramente fazem consultas e 4,2% nunca o fazem. Para prestar contas sobre
a sua atuação no CBH, 58,4% realizam contato sempre ou com frequência com sua
base de apoio/organização que representa, 20,8% às vezes, 16,7% raramente e 4,2%
27
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
nunca fazem consultas para esta finalidade. Já para construir e fortalecer articula-
ções com o seu segmento de representação, 60,8% fazem consultas com frequência
ou sempre, 26,1% às vezes consultam, 8,7% raramente realizam consulta para esta
finalidade e 4,3% nunca o fazem.
Considerando que o papel dos membros é representar suas respectivas organizações
e segmento de atuação nos comitês de bacias, tinha-se como expectativa que a rea-
lização de contato poderia ser mais frequente. A questão da representação/repre-
sentatividade ainda é um grande desafio de governança para os comitês de bacias, e
a partir destes dados é importante que os membros reflitam sobre as participações
neste espaço. Cabe ainda destacar que a qualidade da representação exercida de-
pende não apenas do empenho do representante, mas também organização repre-
sentada em fornecer as informações de que ele possa exercer melhor desempenhar
sua função, além de acompanhar sua atuação. Ou seja, a representação no âmbito
dos organismos colegiados requer a responsabilidade do representante frente aos
seus representados, e também, dos representados para a construção de uma repre-
sentação de qualidade.
Analisando conjuntamente os dados iniciais em que 69,5% dos respondentes infor-
maram que mantêm contato sempre ou com frequência com sua base de apoio ou
organização que representa (expresso no gráfico 10) e os dados apresentados deste
contato com a base quando são realizadas perguntas direcionadas, fica uma dúvida
sobre o contato dos atores com sua base, já que quando é realizada a pergunta dire-
cionada, a porcentagem chega no máximo a 62,1% no contato permanente ou com
frequência com a base. Esta dúvida leva a uma reflexão necessária sobre qual seria a
motivação para o contato permanente ou com alguma frequência se não for, no mí-
nimo, para construir e/ou fortalecer as articulações com o segmento que representa?
Outra questão no que diz respeito à relação entre representante e representados,
foi quais eram as formas de contato mais utilizadas para contato com a organização
que representa no comitê de bacia. Nesta questão, os respondentes podiam indicar
mais de uma opção. O Gráfico 12, a seguir, apresenta as formas de contato mais uti-
lizadas pelos respondentes, para realização de contato com a organização no qual
representa.
28
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Reuniões Presenciais
E-mail / Lista de discussão
Mensagens - SMS/WhatsApp
Conversas pessoais
Telefonema
Site Intitucional / Intranet
Facebook, Twitter e afins
Outros
Carta / Ofício
30 %
22 %
20 %
16 %
8 %
2 %
2 %
0 %
0 %
Gráfico 12: Formas de contato mais utilizadas para contato com a organização que representa. Dados de pesquisa
Dentre as formas de contato mais utilizadas pelos respondentes estão: Reuniões
presenciais, com 30%, seguido por envio de E-mail e lista de discussão, com 22%;
Mensagens (SMS/WhatsApp), com 20% e Conversas pessoais, com 16%. Na se-
quência, com 8% das indicações dos respondentes, foi indicado o contato através
Telefonema, seguido por contato via mídias sociais, tais como Facebook, Twitter e
afins, com 2% e contato por meio de Site institucional e intranet, também com 2%
das indicações. Não houve indicações para para a opção “Cartas e ofícios”, nem foram
indicadas outras formas de contato. Nota-se também que o conjunto representado
nas formas de contato lista de discussão, conversas pessoais e reuniões presenciais
são complementares e desta podem indicar que estes utilizam-se de formas mais
adequadas para o contato com a base.
Após questionarmos sobre a atuação do representante, perguntamos a percepção
dele sobre a atuação dos demais representantes do segmento de atuação, inserindo
a seguinte questão: Para você, com que frequência a atuação dos(as) representantes
corresponde aos interesses do respectivos segmentos de atuação?
29
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
68,2 %
18,2 %
0 %
13,6 %
0 %
Frequentemente
Às vezes
Raramente
Nunca
Sempre
Gráfico 13: Percepção sobre a correspondência entre atuação dos representantes
e segmento de representação. Dados de Pesquisa
Como pode ser observado no gráfico apresentado, para apenas 13,6% dos respon-
dentes a atuação dos representantes sempre corresponde aos interesses do respec-
tivo segmento de representação; para 68,2% frequentemente corresponde aos in-
teresses do segmento; e para 18,2% apenas às vezes. Não houve indicações para as
categorias “raramente” e “nunca”. Como pode ser observado nos dados na percepção
dos representantes, a atuação dos demais membros nem sempre corresponde aos
interesses dos respectivos segmentos. O que é importante verificar neste olhar é se
a motivação para que o representante nem sempre corresponda ao interesse do seu
segmento, seria dizem respeito a negociações internas, em outras palavras, se uma
decisão sobre determinado tema está sendo negociada e aprovada de forma con-
sensual mostrando uma maturidade na discussão e decisão para que a mesma possa
ser satisfatória para todos os segmentos. Apesar de ter sido disponibilizado espaço
para acréscimo de informações complementares ou comentários, nesta questão não
foram acrescidos apontamentos pelos respondentes do questionário de pesquisa.
O processo decisório do comitê deve decorrer de amplo processo de articulação e
negociação e ser embasado por estudos técnicos para subsidiar as decisões políti-
cas. É, portanto, um processo comunicativo de opinião, formação de entendimen-
to e posicionamento que precede o momento da tomada de decisão. Dessa forma,
perguntou-se aos representantes se os assuntos tratados no comitê são facilmente
compreendidos por todos os representantes e se a linguagem utilizada nas reuniões
é facilmente compreendida e apropriada por todos os representantes. Os resultados
para estas questões podem ser observados no Gráfico 14.
30
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Não
Os assuntos tratados no CBH são facilmente compreendidos por todos os
representantes?
A linguagem utilizada nas reuniões é facilmente compreendida e apropriada
por todos os representantes?
Sim, parcialmente Sim, plenamente
44 % 57 %
35 % 65 %
Gráfico 14: Percepção sobre a comunicação e entendimento dos representantes. Dados de pesquisa
Observa-se que, na percepção dos respondentes, os membros dos comitês com-
preendem apenas parcialmente os assuntos (44%) e a linguagem utilizada (35%).
Não houve indicações para a categoria “não” em ambas as questões. Sendo acres-
cidos os seguintes apontamentos no espaço destinado para comentários sobre co-
municação e entendimento dos representantes dos assuntos tratados: “apenas nas
vezes de discussões muito técnicas, alguns segmentos levam um pouco mais de tempo
para entender”; de forma complementar, outro respondente comentou que “as deli-
berações são de interesse diverso do de um determinado segmento, portanto às vezes
os representantes desconhecem o teor da discussão”; e ainda que “quando a linguagem
não é acessível se tenta comunicar de outra maneira mais simples”.
Considerando que a maioria dos participantes tem alto nível de escolaridade, o resul-
tado é preocupante, ainda mais se considerarmos a necessidade da ampliação da base
social na gestão de recursos hídricos. O fato de que eles compreendem parcialmen-
te os assuntos, pode estar relacionado ao modus operandi dos Comitês, tais como: o
prazo no qual os representantes recebem as informações para avaliar e discutir com
seus pares; e também o tempo que cada um dedica para a leitura de documentos para
tomada de decisão, dentre outros. Cabe destacar que o acesso à informação e a trans-
parência são vitais na gestão das águas, portanto, a linguagem utilizada nas reuniões é
relevante para facilitar o diálogo e entendimento. É por meio de discussões e negocia-
ções democráticas, que os comitês podem avaliar os reais e diferentes interesses sobre
os usos das águas nas bacias hidrográficas. Assim, os membros dos comitês, em sua
atuação no âmbito dos seus respectivos organismos de bacia, possuem poder de deci-
são e cumprem papel fundamental na elaboração das políticas para gestão das águas,
sobretudo em regiões com problemas de escassez hídrica ou na qualidade da água.
31
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Nesse sentido, as metodologias utilizadas nas reuniões devem ser uma preocupação
constante para que a diversidade de atores representada possa ter uma atuação
mais condizente com os seus interesses nos comitês de bacias. Ademais, os desa-
fios de aprendizagem e da participação transcendem os limites do ensino formal e
requerem a valorização dos diferentes saberes (técnico científico, popular e tradi-
cional). Outro ponto, a consideração de diferentes conhecimentos e experiências
devem ser levados em consideração, pois podem gerar um aprendizado para todos
os envolvidos e contribuindo para a gestão dos recursos hídricos.
Questionou-se também aos representantes quantas horas, em média, por mês, ele
dedica-se às atividades ligadas ao Comitê de bacia. Os dados obtidos para esta ques-
tão podem ser observados no Gráfico 15.
Menos de 5h
52,9 %
23,5 %
6 a 10 horas
14,7 %
Mais de 21h
5,9 %
11 a 15 horas
2,9 %
16 a 20 horas
Gráfico 15:Tempo médio de dedicação às atividades do comitês por mês. Dados de pesquisa
Os resultados mostram que 52,9% dos respondentes dedicam menos de cinco horas
por mês em atividades relacionadas aos comitês de bacias. Na sequência, 23,5% dos
respondentes indicaram que se dedicam de seis a dez horas por mês; 5,9% dedicam
entre 11 a 15 horas; 2,9% entre 16 a 20 horas e 14,7% dos respondentes dedicam-se
mais de 21 horas por mês às atividades do comitê. Este dado, de forma isolada, pa-
rece não ser significativo, porém, quando observamos conjuntamente com as infor-
mações com apreensão dos assuntos abordados no âmbito dos comitês, pode-se
sugerir que mais horas de dedicação poderiam ampliar o entendimento dos repre-
sentantes acerca dos temas recorrentes ao ser representante. Assim, a questão do
tempo de dedicação e tempo de representação podem ajudar a refletir sobre a ques-
tão da compreensão ou não dos assuntos no âmbito do Comitê de Bacia.
32
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
PERCEPÇÃO DOS
REPRESENTANTES SOBRE OS
ORGANISMOS COLEGIADOS
Neste tópico, buscou-se explorar como os representantes percebem os organismos de
bacia como espaços efetivos, tanto internamente, ou seja, a capacidade de organizar
e promover discussões produtivas nesses espaços, quanto externamente, de forma a
traduzir proposições e decisões em ações em diferentes espaços e articulações com
diferentes órgãos e atores. Na maior parte das questões anteriores, o representante
respondeu sobre si, mas, nesta seção, opinou sobre o espaço do qual ele participa.
Visando ampliar esse entendimento, pediu-se que os respondentes avaliassem (numa
escala que ia de muito satisfatório a insatisfatório) a composição do Comitê de Bacia
em relação ao nível de informações de que os representantes do comitê dispõem para
argumentar ou decidir sobre as pautas das reuniões; a forma de escolha das entidades
com assento no comitê de bacia hidrográfica; ao número de representantes em cada
segmento e à diversidade de setores representados. Considerou-se que estes tópicos
podem influenciar a formação das plenárias e, consequentemente, as decisões toma-
das. As respostas obtidas para esta questão podem ser observadas no Gráfico 16.
Muito satisfatória
Nível de informações que dispoem para argumentar ou decidir sobre as pautas das reuniões
Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória
41,7 % 45,8 % 4,2 % 8,3 %
16,7 % 75 % 4,2 % 4,2 %
Forma de escolha das entidades com assento no CBH
29,2 % 70,8 %
Número de representantes em cada segmento
25 % 66,7 % 4,2 % 4,2 %
Diversidade de setores representados
Gráfico 16: Percepção do representante quanto a composição do comitê. Dados de pesquisa
33
///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
As plenárias são convocadas - de forma ordinária ou extraordinária - para anali-
sar, debater e deliberar sobre as matérias referentes aos recursos hídricos. Assim,
questionou-se sobre o nível de informações de que os representantes do comi-
tê dispõem para argumentar ou decidir sobre as pautas das reuniões, que foi
considerado satisfatório e muito satisfatório por 87,5% dos respondentes do ques-
tionário. Apenas 12,5% dos respondentes consideraram que o nível de informações
é indiferente (4,2%) e pouco satisfatória (8,3%). Não houve indicações para a variável
insatisfatória.
Percebe-se que 100% dos respondentes avaliaram como satisfatória ou muito sa-
tisfatória a forma de escolha das entidades com assento no CBH, não havendo
nenhuma indicação para as outras variáveis, o que indica que a percepção do res-
pondentes para este quesito é muito positiva. Tendo em vista estes percentuais, os
respondentes parecem legitimar a forma como os representantes são eleitos, resul-
tado que também pode gerar uma acomodação sobre o processo de eleição dos
membros, não somente o processo eleitoral em si, mas todo o processo preparatório
para a realização das eleições, se existe uma grande campanha de mobilização e
divulgação para realização do cadastramento das instituições que irão participar
das assembleias por segmento. Esta reflexão também serve para o resultado sobre
o número de representantes de cada segmento (91,7%) e a diversidade de setores
representados (91,7%). No que tange à diversidade dos setores representados no
CBH, apenas 4,2% dos respondentes disseram ser indiferente, sendo ainda pontua-
dos como pouco satisfatório por 4,2%. No que se refere ao número de represen-
tantes em cada segmento, 4,2% dos respondentes consideraram indiferente e 4,2%
afirmaram ser pouco satisfatória. Assim como em relação à diversidade de setores, e
o número de representantes não houve indicações na variável “insatisfatória”.
Na sequência, solicitamos ao respondente que avaliasse o seu grau de articulação
com representantes de outros segmentos no espaço do Comitê de Bacia. Os dados
obtidos para esta questão podem ser observados no Gráfico 17.
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Muito satisfatória
Sociedade Civil
Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória
25 % 66,7 % 4,2 % 4,2 %
13 % 69,6 % 4,3 % 13 %
Usuarios de água
13 % 69,6 % 8,7 % 8,7 %
Pode Público Estadual
27,3 % 54,5 % 9,1 % 9,1 %
Pode Público Municipal
Gráfico 17: Auto-avaliação do grau de articulação do representante com
os de outros segmentos do Comitê. Dados de pesquisa
De modo geral, é possível observar que a relação entre os representantes foi con-
siderada satisfatória e muito satisfatório por 84,7% (média) dos respondentes.
Observa-se que o segmento pertencente ao Poder Público Estadual foi o que rece-
beu maiores percentuais de indicação nas variáveis “indiferente” e “pouco satisfató-
ria”, ambas com 9,1%, totalizando 18,2%, seguido pelo segmento dos Usuários da
água, com somatório de 17,4% nas variáveis “indiferente” e “pouco satisfatória”, am-
bas com 8,7%, para articulação com representantes de outros segmentos. O segmen-
to da Sociedade civil foi o que apresentou os menores percentuais de “indiferença”
e “pouca satisfação”. Além disso, é importante ressaltar que a variável “insatisfação”
não teve indicação em nenhum segmento. Para os representantes destes segmentos,
especialmente, os membros do poder público estadual, cabe a auto-reflexão e a bus-
ca de entendimento dos fatores que levaram a esta baixa avaliação.
Em seguida perguntou-se “como você avalia o papel dos segmentos relacionados a
seguir na atuação do CBH?”.
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Muito satisfatória
Sociedade Civil
Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória
17,4 % 60,9 % 13 % 8,7 %
13 % 30,4 % 13 % 34,8 % 8,7 %
Usuarios de água
17,4 % 56,5 % 13 % 13 %
Pode Público Estadual
26,1 % 56,5 % 8,7 % 8,7 %
Pode Público Municipal
Gráfico 18: Percepção sobre atuação dos segmentos de representação no Comitê. Dados de pesquisa
De acordo com as respostas recebidas, mais da metade dos respondentes (56,5%)
avaliaram que a atuação da Poder Público Municipal vai de indiferente à insatisfa-
tória. Em relação aos Usuários de água, esse número chegou a 26%; a Sociedade
civil teve 21,7%, e o Poder Público Estadual, 17,4%, para indiferente e pouco satis-
fatório, não havendo indicações de insatisfatório para estes segmentos. O resultado
representa uma preocupante avaliação da participação do poder público municipal,
indicando a necessidade de melhorias na participação dos representantes deste seg-
mento, que foi o único que recebeu indicações para a variável “insatisfatória”.
A presença de um conjunto de estruturas burocráticas, tais como mesa diretora, se-
cretaria executiva (e seu modelo), câmaras ou grupos técnicos, é importante para
o funcionamento dos organismos de bacia, pois contribui para a capacidade de
atuação dos membros. Sem a compreensão das regras e das diretrizes gerais, os re-
presentantes dificilmente participarão adequadamente do processo. Considera-se,
assim, que assimetrias (de formação e informação) comprometem a organização
democrática dessas instituições. Tendo em vista estas considerações, pedimos aos
representantes que avaliassem (de muito satisfatória a insatisfatória) as estruturas
administrativas e organizacionais do comitês, incluindo secretaria executiva, meios
de comunicação e divulgação (informes, página eletrônica, publicações), regimento
interno e resoluções, atuação da diretoria, plenária e as câmaras técnicas.
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Muito satisfatória
Câmaras Técnicas
Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória
13 % 69,6 % 4,3 % 8,7 % 4,3 %
16,7 % 75 % 4,2 % 4,2 %
Plenária
25 % 66,7 % 4,2 % 4,2 %
Atuação da diretoria
39,1 % 60,9 %
Regimento Interno e Resoluções
45,8 % 50 % 4,2 %
Meios de divulgação e informes
25 % 62,5 % 12,5 %
Secretaria Executiva
Gráfico 19: Percepção sobre as estruturas administrativas e organizacionais do Comitê. Dados de pesquisa
Dentre as estruturas dos comitês de bacia, as câmaras técnicas apresentaram o
maior indicativo de necessidade de aperfeiçoamento, tendo em vista que 17,3% dos
representantes avaliaram seu funcionamento entre indiferente (4,3%), pouco satisfa-
tório (8,7%) e insatisfatório (4,3%). Apenas essa estrutura teve indicações de “insatis-
fatória”. As câmaras técnicas possuem a atribuição de subsidiar a tomada de decisões
do comitê, por buscar desenvolver e aprofundar as discussões temáticas necessárias
antes de sua submissão ao plenário. As Câmaras são constituídas preferencialmente
pelos membros, titulares ou suplentes do comitê, ou, excepcionalmente, poderão
ser compostas por representantes formalmente indicados por esses membros. Em
geral, a composição deve procurar refletir a proporcionalidade entre os segmen-
tos representados. Nesses fóruns de discussão, é comum serem convidados técnicos
especialistas para que possam colaborar com os debates e enriquecer as análises
efetuadas (ANA, 2011b).
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Com o segundo maior número de indicações com indicativos da necessidade de
aperfeiçoamento estão os meios de divulgação e informes, com 12,5% na variável
pouco “satisfatória”. As outras estruturas administrativas e organizacionais do CBH
foram avaliadas pelos respondentes da seguinte maneira: plenária e regimento in-
terno, ambos com 8,4% das avaliações entre indiferente (4,2%) e pouco satisfatório
(4,2%). Na sequência, são apresentadas as avaliações realizadas sobre a secretaria
executiva, com apenas 4,2% das indicações para “pouco satisfatória”. Dentre todas
as estruturas, a que teve melhor desempenho, na avaliação dos representantes, é a
atuação da diretoria, que foi avaliada com 100% das indicações como “satisfatória”
e “muito satisfatória”. Tendo em vista estes números, seria importante observar e es-
tudar o que pode estar acontecendo, especialmente, com as Câmaras Técnicas, que
parecem não estar conseguindo cumprir com seus objetivos.
Visando ampliar o entendimento sobre limites no exercício deliberativo, questio-
nou-se aos representantes quais seriam as principais dificuldades e obstáculos
enfrentados pelo comitê, a partir de uma lista de opções previamente estabeleci-
das. No Gráfico 20, é apresentado os dados sobre a percepção dos respondentes a
respeito das dificuldades dos comitês.
Falta recursos Financeiros
Excesso de burocracia
Pouco tempo para discussão em reuniões
Falta de quórum nas reuniões
Limitação de passagens e diárias para reuniões
Baixa prioridade de politica por parte do governo
Questões politicas alheias à agenda do comitê
Carência de estrutura
Reuniões muito esparsas
Divergências nas opiniões dificultando o consenso
Excesso de reuniões
Pauta disponibilizada com pouca antecedência
O mandato não ser remunerado
Outros
20 %
16 %
12 %
12 %
12 %
8 %
8 %
8 %
4 %
0 %
0 %
0 %
0 %
0 %
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Divergências nas opiniões dificultando o consenso
Excesso de reuniões
Pauta disponibilizada com pouca antecedência
O mandato não ser remunerado
Outros
0 %
0 %
0 %
0 %
0 %
Gráfico 20: Percepção sobre as dificuldades e obstáculos enfrentados pelo dos comitês. Dados de pesquisa
Em análise das respostas obtidas, percebeu-se que algumas categorias obtiveram
baixo percentual de indicações como “reuniões muito esparsas”, com 4%; e com
8,0% aparecem “baixa prioridade política por parte do governo”, “questões políti-
cas alheias à agenda do comitê” e “carência de estrutura”. Na sequência, queixam-se
os respondentes sobre o “limitação de passagens e diárias para reuniões”, “falta de
quórum nas reuniões” e “pouco tempo de discussão nas reuniões”, com 12% das
indicações.
Ainda considerando a análise destas respostas, percebeu-se que as maiores dificul-
dades apontadas pelos representantes foram o “excesso de burocracia”, com 16%, e
a “falta de recursos financeiros”, com 20%. As demais categorias não tiveram indica-
ções. Ao observar estas duas últimas categorias mencionadas, pode-se dizer que é
possível que haja uma correlação entre elas. Ou seja, a falta de recursos financeiros
para funcionamento do comitê e o excesso de burocracia nos processos têm corro-
borado para a diminuição de passagens e diárias para reuniões e, consequentemen-
te, para a falta de quórum nos comitês.
Foi acrescido pelos respondentes os seguintes apontamentos: para garantir o bom
funcionamento do CBH faz-se necessários ter “recursos financeiros, apoio governa-
mental em todas das esferas, capacitação técnica”. Para este outro é preciso “apoio,
reconhecimento e respeito às deliberações, as vezes dar a impressão que o Estado só
quer comitê para cumprir o estabelecido da Política Nacional de Recursos Hídricos”;
e “a participação efetiva dos órgão e entidades que compõem” o colegiado, ou seja,
“maior engajamento dos membros e mobilização social”.
Na sequência, questionou-se quais são as contribuições do comitê para as discus-
sões e as decisões em outras organizações, avaliando (de muito satisfatório a insa-
tisfatório) a influência da atuação dos comitês em relação a outras esferas (Gráfico
21). Na percepção dos respondentes, pode-se observar que o grau de influência dos
comitês de bacia do estado em outras esferas, em média, foi avaliado de indiferente
a insatisfatório por 66,9% e 2,2% não souberam informar, o que pode corroborar com
os depoimentos citados na questão anterior.
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Câmara Municipal
Muito satis. Satisfatória Indif. Pouco satis. Insatis. Não sabe
27,3 % 18,2 % 36,4 % 13,6 % 4,5 %
4,3 %
4,3 % 4,3 %
29,2 % 25 % 33,3 % 12,5 %
Assembleia Legislativa
21,7 % 17,4 % 39,1 % 17,4 %
Iniciativas da Sociedade Civil
4,3 % 21,7 % 21,7 % 43,5 %
Iniciativas do Setor Produtivo
8,3 % 33,3 % 12,5 % 33,3 % 12,5 %
Opinião pública sobre RH
39,1 % 13 % 39,1 % 8,7 %
Opinião pública sobre CBH
Gráfico 21: Percepção sobre a influência do CBH. Dados de pesquisa
A partir da análise dos dados, nota-se que 73,9% respondentes avaliaram que a in-
fluência dos comitês de bacia sobre a Assembleia Legislativa do seu respectivo
estado vai de indiferente à insatisfatória e 4,3% não souberam avaliar. Já sobre as câ-
maras municipais, 68,2% consideraram também que ela vai de indiferente à insatis-
fatória e 4,5% não souberam avaliar. Para o item de iniciativas sociedade civil com
a criação de projetos e iniciativas do setor produtivo, as avaliações de indiferente
à insatisfatória, respectivamente, foram de 69,5% e 70,8%. Os que não souberam
avaliar foram 4,3% para as iniciativas da sociedade civil. Quanto à avaliação sobre a
percepção da opinião pública, os valores foram similares às demais esferas aponta-
das. De uma certa forma, isso demonstra uma dificuldade da relação dos atores que
fazem parte dos comitês de bacias hidrográficas com outras esferas, inclusive nas
casas legislativas.
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Ainda sobre a percepção dos representantantes sobre a influência dos CBHs, consta-
tou-se que 60,8% dos respondentes do questionário de pesquisa consideraram que a
opinião pública sobre recursos hídricos também vai de indiferente à insatisfatória.
Houve pouca diferença a respeito da opinião pública sobre a atuação do comitê
de bacia, que foi avaliada de indiferente a insatisfatória por 58,3%. Não houve indi-
cações para “não soube opinar” nessas duas categorias. Sendo pertinente o desen-
volvimento de estratégias de comunicação elaboradas pelos comitês de bacias, bem
como, estimular seu desenvolvimento para que a comunicação com a sociedade seja
realizada. Apesar de ter sido disponibilizado espaço para acréscimo de informações
complementares ou comentários, nesta questão não foram acrescidos apontamentos
pelos respondentes do questionário de pesquisa.
A partir da análise dos dados, observa-se que são apresentados pelos respondentes
diversos desafios para dar visibilidade ao comitê, e também fragilidade quanto à
legitimidade perante à sociedade. Tendo em vista que, a avaliação geral realizada pe-
los membros dos comitês de bacia evidencia dificuldades em cumprir suas funções,
além de exercerem baixa influência sobre outras arenas políticas.
Por fim, questionou-se aos representantes como o comitê influência nas decisões
governamentais sobre a gestão dos recursos hídricos no Município, e para os res-
pondentes, ela pode ser realizada “através dos debates internos e da participação em
outros colegiados de âmbito estadual e federal”; “quando delibera questões de con-
flito na bacia”; e “reunir-se para debater os problemas”; “democratizando o debate”
e “fiscalizando”. Entretanto, foram inseridos vários apontamentos de que o comitê
não influencia as decisões governamentais sobre a gestão dos recursos hídricos no
Município, e ainda que “o Governo Municipal não reconhece a gestão”; e que “não há
publicidade no que o comitê faz”.
APONTAMENTOS
FINAIS
   
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Neste trabalho, buscou-se contribuir para os estudos sobre a participação em co-
mitês estaduais de bacia hidrográfica ao apresentar o perfil dos representantes
membros e oferecer informações que possam apontar aspectos importantes da ca-
pacidade inclusiva dos comitês pesquisados. Tendo como premissa que uma “boa”
governança é fundamental para alcançar segurança hídrica.
Após a análise dos dados dos respondentes, observou-se que o perfil socioeconômi-
co dos representantes dos Comitês de Bacias Hidrográficas no estado do Rio Grande
do Norte é caracterizado da seguinte forma: em sua maioria, são do sexo masculino
(62,2%), uma parcela signficativa pertence às classes média e alta (47,2% recebem
acima de 4.000 reais mensais), possuem alta escolaridade (86,9% possuem, no mí-
nimo, curso superior). Em relação à faixa etária, metade dos respondentes (50%)
possuem de 31 a 50 anos. Espera-se que esses arranjos de governança devam ser
inclusivos, sendo capazes de incluir todos os indivíduos nos processos deliberativos
e decisórios, independente das posições de poder que ocupem nas relações sociais.
Desse modo, percebe-se a necessidade de uma participação mais equilibrada em
termos quantitativos de mulheres nos comitês de bacia e, consequentemente, na
gestão dos recursos hídricos.
No que tange à participação das mulheres, neste estado também observou-se uma
disparidade entre a participação entre homens (62,2%) e mulheres (37,8%), sendo
consideravelmente menor a participação de representantes mulheres nos comitês.
Pode-se dizer que buscar a igualdade é ainda um desafio, ou seja, garantir a igualdade
de gênero nos âmbitos políticos e representativos. Esta diferença na participação da
mulher merece uma pesquisa específica, inclusive para verificar o que acontece com
as instâncias de gestão das águas, buscando identificar se há baixa abertura à partici-
pação das mulheres nos processos decisórios de recursos hídricos ou se estes espaços
e temas possuem baixa atratividade para elas. Outro ponto, ainda persistem, nos cami-
nhos da transformação social, política e econômica, os aspectos estruturais do sistema
patriarcal e da divisão sexual do trabalho. Pela arraigada naturalização de que são
as mulheres as responsáveis pelo trabalho doméstico de âmbito privado e, historica-
mente, elas estiveram ausentes dos espaços de participação política, como o caso dos
CBHs. Ainda em análise desta categoria, nos dados relativos aos CBHs deste estado,
observou-se maior divergência entre os sexos foi o do segmento do poder público mu-
nicipal (71,4% e 28,6%), e diferente de outros estados, o segmento do poder público
estadual apresentou maiores percentuais para a participação das mulheres (57,1%).
Quanto à distribuição por idade, conforme evidenciado no gráfico 2, os comitês de
bacia estudados apresentam uma proporção de 16,7% dos respondentes com ida-
de de “até 30 anos”. Comparativamente, a outros estados já analisados, os resulta-
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
dos encontrados entre os respondentes pertencentes aos Comitês do Rio Grande
do Norte é relativamente mais alto do que em outras localidades. Mesmo com esses
percentuais, iniciativas para atração e capacitação de jovens como representantes,
devem ser mantidas, no intuito de dar continuidade no processo de participação
social da gestão das águas. Observou-se também que 33,3% dos respondentes pos-
suem idade superior a 50. O perfil do nível de escolaridade dos participantes pode
significar uma elitização na composição dos comitês de bacias. Considerando que
as representações nos comitês devem refletir uma multiplicidade de interesses, e
também, pode-se indagar se essa alta qualificação apresentada pela maioria dos
membros não estaria deixando de fora outros interesses e organizações do território
abrangido pelos comitês.
No que se refere à renda familiar, ocorreu algo semelhante ao que foi constatado
com a categoria da escolaridade dos membros, corroborando com a ideia de eli-
tização dos membros dos comitês, apesar de distribuição menos concentrada em
relação ao rendimentos familiares dos representantes neste estado. Nota-se que
47,2% ganham acima de R$ 4.001,00, sendo este o menor percentual encontrado
entre os estados já analisados (tais como: Paraná, 90,4%, Goiás, 87%, Alagoas, 71,7%
e Sergipe, 53%). Entretanto, os resultados encontrados ainda indicam um perfil
com renda acima da média do país, se comparada com o valor do salário mínimo.
Reforçando os apontamentos realizados no parágrafo anterior, de que o perfil apre-
sentado por eles seria abrangente o suficiente para também representar os interes-
ses de grupos historicamente vulneráveis e que não alcançam o status de membro
dos comitês de bacia hidrográfica, mas que possuem interesses diretos nos usos das
águas. E, ainda, se eles representam efetivamente os grupos que não possuem repre-
sentação nos comitês e que exprimem outras linguagens, saberes e formações, mas,
no entanto, são representativos na bacia.
Os comitês de bacia, possuem a missão de administrar as opiniões divergentes e
construir soluções inovadoras de forma participativa e democrática. Esses arranjos,
por meio dos seus membros, possuem o poder de decisão sobre uma série de ques-
tões importantes na sua bacia, a articulação entre diversos agentes, a atuação em
primeira instância em caso de conflito e aprovação do plano de recursos hídricos da
bacia. São muitos os interesses e sujeitos envolvidos que devem ser levados em con-
sideração para a gestão dos recursos hídricos, a partir da explicitação dos interesses,
perspectivas e anseios de cada segmento e, ainda assim, buscando no interesse co-
letivo (cooperação), que é o uso racional dos recursos hídricos.
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Quanto ao perfil participativo, nota-se que a maioria dos representantes 80,9% faz
parte da composição de comitês em período inferior a 6 anos (de 1 a 5 anos, 47,2%),
evidenciando alta rotatividade no interior dos mesmos. Contudo, é importante res-
saltar que dois (dos três) dos comitês de bacia do Rio Grande do Norte, atualmente
instalados, foram criados no ano de 2010 (à exceção do Pitimbu, criado em 2004,
vide Tabela 1). Outro ponto, refere-se ao percentual de participação em outras es-
feras políticas, ou seja, experiência em outros processos deliberativos, sendo tam-
bém membros de outros organismos colegiados nacionais, estaduais e municipais,
indicando, assim, alguma experiência neste tipo de atividade. Foi observado que 8%
dos respondentes também participam de outros organismos de gestão de recursos
hídricos e 36% participam de organismos colegiados em outras áreas. E ainda, o en-
volvimento dos entrevistados em outros arranjos de governança podem aprofundar
o conhecimento sobre a realidade territorial, as competências políticas e os contatos
com outros atores que porventura podem contribuir para atuação deles nos comitês
de bacia no qual fazem parte.
No que diz respeito à relação entre representante e representado, a maioria dos re-
presentantes alega que mantêm frequentemente ou sempre contato com a organi-
zação que representa, o que é crucial para analisar o quão representativo é o agente.
A concentração de consultas se faz para definir e sustentar algum posicionamento
no âmbito do Comitê de bacia (66,6%) e para relatar os debates e as deliberações do
CBH (62,5%). Embora também tenha sido observado que 26,1% dos respondentes
não mantêm contatos regulares (às vezes e raramente) com a base de apoio (gráfico
10). Os dados indicam que a atuação dos agentes podem nem sempre condizer com
os interesses da organização no qual representa no Comitê, podendo, ainda apontar
uma possível sub-representação sobre os poderes do representante e ao conteúdo
da representação. Este resultado evidencia que, mesmo quando mantêm contato
com a base, quer dizer, a organização no qual representam, não o fazem ainda de
forma frequente, neste sentido, este seria um problema de representação que pode
ser resolvido pela melhoria da comunicação ou seria da prestação de contas por
parte do representantes com a organização de origem dele? A Agência Nacional das
Águas recomenda que sejam estabelecidos procedimentos para que esses represen-
tantes, de fato, exerçam bem suas funções de representação. E ainda, há de se definir
como esse representante deve informar e consultar a base representada e, assim,
ter o exercício do seu mandato legitimado a cada debate e decisão a ser tomada no
âmbito do comitê de bacia (ANA, 2011).
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
Levando em consideração as percepções dos representantes dos comitês de bacia
hidrográfica do Rio Grande do Norte, pode-se concluir, de modo geral, que a situa-
ção atual dos comitês é preocupante e que sua estrutura ainda se mostra frágil, em
diversos pontos, seja em relação ao ideal democrático ou aos objetivos primordiais
deste tipo de organização. No que tange ao funcionamento dos comitês, criados e
instalados no estado do Rio Grande do Norte, foram apontados os seguintes pontos
como as maiores dificuldades pelos representantes: “falta de recursos financeiros”,
com 20%, seguida pela “excesso de burocracia”, com 16%.
A participação dos representantes é um fator crítico e princípio fundamental para
a gestão e governanças das águas, tendo em vista a possibilidade de melhorar a
qualidade das decisões, dar legitimidade à gestão, melhorar as relações entre os
atores envolvidos. O estudo da representação, como aponta Simione (2018), impor-
ta na medida em que permite observar quão representativa é uma instituição par-
ticipativa da população em geral (idade, sexo, educação), e se não têm grupos ou
interesses relevantes excluídos da participação, ao mesmo tempo em que ajuda na
identificação da distribuição do poder dentro das instituições participativas. Estudar
a representação em espaços deliberativos serve para fornecer conhecimentos sobre
os modos pelos quais os esforços de ampliar a participação de diferentes setores da
sociedade se dão. O aprimoramento da representação social é fator importante para
garantir a legitimidade de tais espaços. Tal aprimoramento implica em que todos os
grupos de interesse estejam representados, que tais representantes tenham a mes-
ma condição de apresentar suas ideias, debater e se posicionar quanto à tomada de
decisões. Além disso, não se pode esquecer que a representação demanda também
um olhar sobre como ela é construída, ou seja, como os representantes são selecio-
nados e em que extensão a atuação deles nos comitês reflete as necessidades dos
representados. Este olhar, apresentado por este relatório, é fundamental para todos
aqueles preocupados com o fortalecimento da democratização das gestão de políti-
cas públicas, mais especificamente na questão da gestão das águas.
REFERÊNCIAS
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das Águas (Cadernos de capacitação em recursos hídricos; v. 1. Brasília: SAG., 2011.
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///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte
47
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Norte – IGARN, e dá outras providências. De 15 de abril de 2002.
SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves; AZEVEDO, Sérgio; RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Democracia e gestão
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Sérgio; RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Governança democrática e poder local: a experiência dos conse-
lhos municipais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, Fase, 2004.
SIMIONE, A.A.N da S. Participação social e efetividade da deliberação em conselhos locais em
Moçambique. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Pós-Graduação e
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Perfil dos representantes de Comitês de Bacia no RN

  • 1.   RIO GRANDE DO NORTE Fernanda Matos Ivan Beck Ckagnazaroff Alexandre de Pádua Carrieri Romário Rocha Sousa
  • 2. Fernanda Matos Ivan Beck Ckagnazaroff Alexandre de Pádua Carrieri Romário Rocha Sousa Retratos de governanças das águas do Brasil: perfil dos representantes membros de comitês de bacias hidrográficas Estado do Rio Grande do Norte Belo Horizonte FACE/UFMG 2020
  • 3. ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Este relatório compõe uma série sobre o Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacia Hidrográfica no Brasil, integrando o Projeto Governança dos Recursos Hídricos. © Este material pode ser utilizado desde que citado a fonte. Este Relatório e a coleção completa pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Publicações do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade, Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração (CEPEAD) Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Acesse: <https://blogdoneos.wordpress.com> /// Fernanda Matos Doutora em Administração, Pesquisadora na Universidade Federal de Minas Gerais. /// Ivan Beck Ckagnazaroff PhD em Administração. Professor Titular, Universidade Federal de Minas Gerais. /// Alexandre de Pádua Carrieri PhD em Administração. Professor Titular, Universidade Federal de Minas Gerais. /// Romário Rocha Sousa Mestre em Administração. Universidade Federal de Minas Gerais. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 (Programa Pró-Recursos Hídricos - Chamada N° 16/2017) Ficha catalográfica R438 2020 Retratos de governanças das águas do Brasil: perfil dos representantes membros de comitês de bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte. / Fernanda Matos ... [et al.]. – Belo Horizonte: FACE - UFMG, 2020. 48p.: il. - (Perfil dos representantes membros de comitês de bacia hidrográfica no Brasil) ISBN: 978-65-88208-07-6 Inclui bibliografia. 1. Recursos hídricos - Desenvolvimento. 2. Bacias hidrográficas –Rio Grande do Norte. 3. Governança. I. Matos, Fernanda. II. Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração. CDD: 333.7 Elaborado por Adriana Kelly Rodrigues CRB6-2572 Biblioteca da FACE/UFMG – AKR/114/2020 * Agradecemos a todos que auxiliaram na realização de contatos com os Membros Representantes dos Comitês de Bacia Hidrográfica do Estado, em especial Ruan Teixeira da Coordenação de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos, e também aos representantes pelo tempo dedicado para responder o questionário de pesquisa.
  • 4. 5 APRESENTAÇÃO 7 OS COMITÊS DE BACIA 9 ASPECTOS METODOLÓGICOS 10 OS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA NO RIO GRANDE DO NORTE   13 Composição e representação 15 Perfil socioeconômico dos representantes 24 Percepções dos representantes sobre o processo decisório 32 Percepção dos representantes sobre os organismos colegiados 41 APONTAMENTOS FINAIS    46 REFERÊNCIAS
  • 5. APRESENTAÇÃO A gestão das águas, como um bem de domínio público, apresenta-se como um dos maiores desafios colocados para a sociedade nos últimos tempos, considerando sua fundamental importância na vida humana e no meio ambiente. Este relatório compõe a série ‘Retratos de Governanças das Águas’ que tem como objetivo analisar o perfil dos representantes membros de comitês de bacia hidro- gráfica no Brasil, integrando o Projeto Governança dos Recursos Hídricos. O desenho do estudo partiu da perspectiva que podemos analisar os Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs), como arranjos de governança compostos por diferen- tes atores que possuem atribuições de mediar, articular, aprovar e acompanhar as ações para o gerenciamento dos recursos hídricos de sua jurisdição. Os Comitês são órgãos colegiados que possuem atribuições normativas, consultivas e delibe- rativas, que têm por objetivo promover o planejamento e a tomada de decisões acerca dos usos múltiplos dos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica, região compreendida por um território e por diversos cursos d’água. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva na qual procurou-se, a partir de uma primeira exploração das informações disponíveis, descrever a característica dos atores que participam da gestão dos recursos hídricos, com vista a identifi- car: quem são os atores que participam dos processos de formulação das políticas das águas no nível de bacias hidrográficas. Neste trabalho, buscou-se contribuir para os estudos sobre a participação ao apresentar o perfil dos representantes membros de comitês estaduais de bacia hidrográfica, e oferecer informações que
  • 6. 6 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte possam apontar aspectos importantes da capacidade inclusiva dos representantes pesquisados, tendo como premissa que uma “boa” governança é fundamental para alcançar a segurança hídrica. A concepção de governança pública utilizada a considera como a capacidade de o governo se articular com outros atores no processo de elaboração e implemen- tação de projetos e políticas públicas, a partir da tomada de decisão coletiva. A importância de se pensar os organismos de bacia sob a ótica da governança reside na constatação de que o processo de decisão coletivo é a base estruturante da proposta desse tipo de organização, sendo algo que a caracteriza e a diferencia de outras. E, em um cenário em que a segurança hídrica esteja ameaçada, para o planejamento e a adoção de medidas de prevenção, adaptação e mitigação a essa nova realidade climática, é um problema de ação coletiva que suscita respostas institucionais de estados, mercados e comunidades. Para desenvolvimento do trabalho, foi realizado um amplo survey com represen- tantes de comitês de bacia, e como os representantes percebem o seu envolvi- mento no processo decisório. E neste relatório serão apresentadas as análises dos dados referente aos comitês localizados no estado do Rio Grande do Norte.
  • 7. 7 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte OSCOMITÊS DEBACIA A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi instituída tendo como objetivo principal assegurar a disponibilidade de água em padrões de qualidade adequa- dos aos respectivos usos, buscando a prevenção e o desenvolvimento sustentável pela utilização racional e integrada dos recursos hídricos. Dentre alguns de seus princípios estão: o reconhecimento da água como bem público, finito e vulnerá- vel, dotado de valor econômico e; adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento descentralizada e participativa. De acordo com a PNRH, os Estados, assim como o Distrito Federal, são responsáveis pela gestão das águas sob seu domínio devendo então, elaborar legislação específica para a área, constituir o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e garantir o funcionamento dos comitês de bacia em sua região. Cabe aos Poderes Executivos dos municípios e do Distrito Federal promover a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos (Brasil, 1997). Como estabelecido pela PNRH, os Comitês de Bacia Hidrográfica são fóruns de decisões no âmbito das bacias hidrográficas. Estes destinam se a atuar como “Parlamento das Águas”, ou seja, são organismos colegiados consultivos e delibe- rativos para a gestão dos recursos hídricos na respectiva escala hidrográfica. Eles se caracterizam pela: descentralização do poder de decisões; integração das ações públicas e privadas e; participação de todos os setores sociais. A sua constituição está prevista na Lei nº 9433/1997 com vista ao estabelecimento de espaços de interação entre o poder público e atores da sociedade e mercado, estando princi- palmente voltados à promoção de articulação política no âmbito local. Em outras palavras, à eles são atribuídos a promoção dos debates das questões relacionadas aos recursos hídricos na totalidade da bacia hidrográfica. Portanto, a instalação dos comitês de bacias é atividade primordial para o bom andamento da gestão das águas.
  • 8. 8 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte SUAS PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS, NO ÂMBITO DE SUA ÁREA DE ATUAÇÃO, SÃO: • I) promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; • II) arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; • III) aprovar o plano de recursos hídricos da bacia; • IV) acompanhar a execução do plano de recursos hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; • V) propor ao conselho nacional e aos conselhos estaduais de recursos hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes; • VI) estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e su- gerir os valores a serem cobrados; • VII) estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múlti- plo, de interesse comum ou coletivo. Os Comitês são compostos por membros titulares e suplentes, sendo sua estrutura paritária constituída por representantes do poder público estadual cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação: o poder público municipal; os usuários de água de sua área de atuação e; representantes das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União, e das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia. O processo eleitoral dos membros dos comitês, como estabelecido pela Agência Nacional das Águas (2011b), deve ser conduzido de modo a garantir a oportuni- dade de participação de todos os atores da bacia. Os membros que compõem o colegiado são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos.
  • 9. 9 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte ASPECTOS METODOLÓGICOS Bobbio (1986), em seu trabalho “O Futuro da Democracia”, já advertia que um pro- cesso democrático é caracterizado por um conjunto de regras que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos. O autor ainda destaca que mesmo as decisões de grupo são tomadas por indiví- duos (o grupo como tal não decide). Por isto, afirma o autor, “para que uma de- cisão tomada por indivíduos (um, poucos, muitos, todos) possa ser aceita como decisão coletiva é preciso que seja tomada com base em regras que estabeleçam quais são os indivíduos” autorizados a tomar as decisões vinculantes ao grupo, o arranjo representativo e as ações oriundas deste. Portanto, neste trabalho parte-se do pressuposto que o pleno funcionamento dos comitês e o exercício ativo dos representantes dos diferentes segmentos deveria contribuir para assegurar o aces- so sustentável à água de qualidade, em quantidade adequada à manutenção dos meios de vida, do bem estar humano e do desenvolvimento socioeconômico. Ou seja, promover a segurança hídrica deve ser o foco principal daqueles que realizam a gestão dos recursos hídricos. No que se refere aos procedimentos necessários à obtenção de dados, na pri- meira etapa recorreu-se ao levantamento da quantidade de Comitês de Bacia Hidrográfica no Estado e a quantidade de membros em cada organismo, a serem detalhados no próximo tópico. À medida que iam sendo obtidos esses dados, já na segunda etapa da pesquisa foram realizados os contatos e envio de questioná- rios por meio eletrônico para os representantes dos Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH) abrangidos. O survey foi realizado de novembro de 2017 a fevereiro de 2020. Os sujeitos da pesquisa foram compreendidos como “atores sociais” com o poten- cial para protagonizar o processo de formulação, implementação e avaliação das ações voltadas para à política de águas, expressando as demandas sociais. No processo de análise das respostas recebidas foram excluídas aquelas considera- das como duplicidades e as incongruentes, resultando na obtenção de uma amostra de 40% dos assentos, incluindo titulares e suplentes. A operacionalização da análise e apresentação dos dados se baseou no conjunto das seguintes categorias analíti- cas que orientaram o desenvolvimento deste relatório: i) composição e representa- ção; ii) perfil socioeconômico dos representantes; iii) percepção sobre o processo decisório; e iv) percepção dos representantes sobre os organismos colegiados.
  • 11. 11 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte No estado do Rio Grande do Norte, a Lei Estadual nº 6.908, de 1º de julho de 1996, dispôs sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos. Instituiu o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos (SIGERH), e as diretrizes para o gerenciamento das águas do Estado, criou o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh) e o Fundo Estadual de Recursos Hídricos. O SIGERH e o Conerh foram, posteriormente, regula- mentados pelo Decreto nº 13.284/1997, e o Funerh regulamentado pelo Decreto nº 13.836, de 11 de março de 1998. Outras disposições legais foram o Decreto nº 13.283, de 22 de março de 1997, regu- lamentando a Outorga de Direito de Uso da Água e Licenciamento de Obra Hídrica; e o Decreto nº 13.285, de 22 de março de 1997, que aprovou o Regulamento da Secretaria de Recursos Hídricos. O Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte (PERH) foi concluído em dezembro de 1999, e atualmente, encontra-se em fase de revisão e atualização. O Instituto de Gestão das Águas do estado do Rio Grande do Norte, órgão estadual responsável pela gestão técnica e operacional dos recursos hídricos no estado foi criado pela Lei nº 8.086, de 15 de abril de 2002. Parte da Lei Estadual nº 6.908/1996, foi alterada pela Lei complementar 481 de janei- ro de 2013, incluindo: mais instrumentos de gestão; garantia de recursos financeiros e mecanismos institucionais para garantir a realização de estudos e alternativas para a utilização de águas de reuso e seus efeitos sobre a disponibilidade hídrica; o IGARH na estrutura organizacional do SIGERH, dentre outros. Como pode ser observado na figura 1, a seguir, atualmente, no estado há três co- mitês de bacia instalados, além do CBH Piancó-Piranhas-Açu, que é interestadual, mas também reconhecido pelo Conerh e parte integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Podendo ainda ser observado que as demais unidades de gestão de recursos hídricos ainda não dispõe de comitês implementados.
  • 12. 12 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Figura 1: Unidades Estaduais de Gestão de Recursos Hídricos. Fonte: ANA – Prógestão O CBH do Rio Pitimbu foi o primeiro organismo de bacia criado no estado, em 2004 - Decreto governamental 17.789, de 14 de setembro - resultado da pressão dos mo- vimentos socioambientais da época junto aos órgão executivos do Estado, mas foi instalado apenas em janeiro de 2006. A Tabela 1, a seguir, apresenta de forma deta- lhada a situação dos três Comitês de bacias hidrográficas, criados e instalados, no estado do Rio Grande do Norte nos anos de 2004 e 2010. COMITÊ DE BACIA INSTALADOS ANO DE CRIAÇÃO N.MEMBROS (conforme regimento)* Nº DE PARTICIPANTES** MUNICÍPIOS POPULAÇÃO CBH do Rio Pitimbu 2004 40 28 3 249.137 CBH do Rio Apodi-Mossoró 2010 60 52 52 719.925 CBH do Rio Ceará-Mirim 2010 40 24 16 160.011 Total 140 104 Tabela 1: * Número de membros (titulares e suplentes), conforme regimento interno. ** Número de membros ativos. Fonte: IGARH (2020); ANA (2020)
  • 13. 13 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Durante a fase de desenvolvimento deste relatório (nos meses agosto e setembro), realizou-se a verificação nas páginas dos comitês, e também contato por e-mail, ob- jetivando confirmar o quantitativo de membros, e principalmente, a existência de cadeiras em vacância. Conforme levantamento, todos os comitês possuem espaços de representação em aberto, seja por ausência de instituição interessada ou por não indicação do representante, totalizando, 36 cadeiras em vacância. COMPOSIÇÃO E REPRESENTAÇÃO Comitês de bacia hidrográfica são fóruns constituídos em que um grupo de pessoas representando instituições dos segmentos poder público, setor privado e organi- zações da sociedade civil se reúnem para discutir sobre um interesse comum que é o uso da água da bacia. Buscando compreender quem são as pessoas que fazem parte desses fóruns, encaminhamos o questionário de pesquisa, dividido em três partes. Nas primeiras questões propostas no questionário encaminhado para os re- presentantes de comitês de bacia buscamos identificar quem são os sujeitos sociais que atuam nesses espaços, apresentando o perfil dos participantes. A partir dessa caracterização pode se analisar e discutir se os organismos de bacia são capazes de incluir sujeitos que estão tradicionalmente pouco inseridos em espaços de decisão. A composição de um comitê de bacia deverá refletir os múltiplos interesses com relação às águas da bacia. De forma geral, são três os interesses que se expressam nas bacias: dos usuários diretos de recursos hídricos (sujeitos ou não à outorga de direito de uso); dos poderes públicos constituídos (municípios, estados e União) na implementação das diferentes políticas públicas; e das organizações civis na defesa dos interesses coletivos e com o olhar dos interesses difusos. Em resumo, “esse con- junto de representações deve buscar reunir os antagonismos dos interesses sobre a água, porém, o uso dos recursos hídricos deve ser sustentável de modo a assegurar condições não só para as atuais gerações, mas também para as futuras’’ (ANA, 2011). Em linhas gerais, pode se dizer que a definição das características que qualificam o representante como o mais adequado para defender os interesses de determina- do segmento é realizada entre os seus pares em assembleias setoriais, convocadas
  • 14. 14 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte mediante publicação de edital dos comitês para escolha dos representantes. Esses representantes são geralmente credenciados por uma comissão eleitoral e, depois de cumprida a etapa de apresentação dos documentos comprobatórios estabeleci- dos pelo comitê, eles se encontram aptos para participar do processo de escolha dos membros do colegiado. Dos respondentes do questionário de pesquisa, 72% são representantes titulares e os demais (28%) são suplentes. No que se refere ao setor de representação: 19,4% dos respondentes informaram pertencer ao segmento do poder público municipal; 19,4% do poder público estadual; 19,4% do usuários de água; 41,7% da sociedade civil. Importa realçar, que no caso da sociedade civil e dos usuários de água, essa representação está relacionada a entidades constituídas, e, nesse sentido, não exis- te espaço para a participação individual. Cabe destacar que o termo sociedade civil abriga um conjunto bastante diferenciado de organizações, entidades, grupos de interesses, como ONGs, entidades filantrópicas, entidades sindicais e organizações empresariais, dentre outros. E, como usuários da água, consideram-se indivíduos, grupos, entidades públicas e privadas, e coletividades que, em nome próprio ou no de terceiros, utilizam os recursos hídricos ou, ainda, que captam água, lançam efluentes ou realizam usos que não para consumo diretamente em corpos hídricos (rio ou curso d’água, reservatório, açude, barragem, poço, nascente etc.). Outro ponto, uma entidade representa um conjunto de seus pares. Uma pessoa é nomeada representante dessa entidade no comitê. Em outras palavras, é atribuído poder a um ator para tomar decisões em nome de uma organização e segmento de representação ao apresentar as perspectivas e ansiedades de um grupo, e ainda as- sim, pensar no interesse coletivo que é o uso racional dos recursos hídricos. Nessa perspectiva, entende-se que a participação ativa dos representantes pode poten- cializar a gestão e conservação dos recursos na bacia hidrográfica que participam. Quanto a isso, vale lembrar que Norberto Bobbio (1986) assinala que a regra funda- mental da democracia é a regra da maioria, quer dizer que essa é a regra base da qual são consideradas decisões coletivas, e assim vinculadas para o todo o grupo, as decisões aprovadas pela maioria daqueles a quem compete tomar a decisão. Porém, cabe salientar que possivelmente as melhores decisões no comitê de bacias, são as decisões negociadas, buscando o consenso para quem sabe todos saírem com o sentimento de que estão ganhando e não gerar conflitos.
  • 15. 15 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS REPRESENTANTES A partir da pesquisa realizada, quanto ao perfil dos respondentes de acordo com o gênero, percebeu-se que os comitês de bacias hidrográficas o estado do Rio Grande do Norte apresentaram uma composição predominantemente masculina, tendo em vista que o percentual dos homens (62,2%) é consideravelmente maior do que o das mulheres (37,8%). Desse modo, os dados apontam que não existe paridade entre homens e mulheres nesses espaços. Comparativamente, o segmento que apresen- tou maior divergência entre os sexos foi o do segmento do poder público municipal (71,4% e 28,6%), e diferente de outros estados, o segmento do poder público esta- dual apresentou maiores percentuais para a participação das mulheres (57,1%). Gráfico 1: Distribuição dos respondente por sexo. Dados de pesquisa A seguir, o Gráfico 2 identifica como estão distribuídos por idade os representantes nos comitês de bacia no estado do Rio Grande do Norte. Os dados gerais dos respon- dentes permitem assinalar que a distribuição dos atores nos comitês concentra as maiores proporções de representantes nas faixas etárias entre 31 a 40 anos (38,9%), seguido por representantes entre 51 a 60 anos (25%) e de até 30 anos (16,7%). Além dessas faixas, os comitês de bacia estudados apresentaram uma proporção de 11,1% dos respondentes com idade entre 41 a 50 anos e 8,3% de 61 a 70 anos de idade.
  • 16. 16 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte 38,9% 25% 0% 16,7% 11,1% 8,3% 31 a 40 anos 51 a 60 anos + de 70 anos até 30 anos 41 a 50 anos 61 a 70 anos Gráfico 2: Distribuição dos representantes por idade. Dados de pesquisa Em análise dos dados, percebe-se que 33,3% dos respondentes possuem idade supe- rior a 50 anos. Nota-se também que 16,7% dos respondentes possuem “até 30 anos”. Comparativamente, a outros estados já analisados, os resultados encontrados entre os respondentes pertencentes aos Comitês do Rio Grande do Norte são relativamen- te mais altos do que os identificados em outras localidades (que variam de 16%, em Goiás; 13,3% em Alagoas, 11,6% em Minas Gerais e, no outro extremo, 7% no Paraná e Rio Grande do Sul, e apenas 4% no Espírito Santo). A promoção de capacitação para a inserção da juventude para a gestão das águas no estado é uma ação importante para colaborar na atualização das representações, especialmente, a longo prazo. Considerando que o membro eleito deve estar preparado para defender os interes- ses do segmento que representa, segundo publicação da ANA (2011), também se interrogou aos representantes sobre o nível de escolaridade, a área de formação e a experiência em outros organismos colegiados, tanto na área de recursos hídricos quanto em outras áreas. Essas questões buscavam uma aproximação de entendimen- to sobre as possíveis variáveis para a formação do representante.
  • 17. 17 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Quando analisado o grau de escolaridade dos representantes que atuam nesses espaços, foi possível observar um perfil altamente escolarizado dos membros de co- mitês de bacia. No Gráfico 3, apresenta-se a distribuição dos dados de escolaridade dos respondentes do questionário. Doutorado Completo Doutorado Incompleto Mestrado Completo Mestrado Incompleto MBA/Especialização Superior Completo Superior Incompleto Curso Técnico Médio Fundamental 5,6 % 2,8 % 13,9 % 13,9 % 11,1 % 38,9 % 5,6 % 2,8 % 5,6 % 0 % Gráfico 3: Escolaridade dos respondentes. Dados de pesquisa Os dados gerais revelaram que 86,9% dos representantes que responderam à questão concluíram o curso de ensino superior, outros 5,6% estavam cursando e 47,3% ingres- saram em cursos de pós-graduação. Os dados mostraram ainda que, no que se refere à escolaridade, os extremos estão situados no ensino médio e no nível de doutorado completo, ambos com 5,6% de representantes. Não houve indicações para o nível fun- damental, e o nível técnico estão representados por 2,8% dos respondentes. Sendo importante ressaltar o percentual dos 86,2% que possuem, no mínimo, nível superior, o que pode indicar que diferentes representações podem não estar representadas nos Comitês de Bacias, isto é, aqueles que possuem menores níveis de escolaridade.
  • 18. 18 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Buscou-se também conhecer a área de formação dos representantes. A distribuição dos respondentes por área de formação pode ser observado no Gráfico 4. Ciências Sociais Aplicadas Engenharias Ciências Exatas Ciências Biológicas Linguística Ciências Agrárias Antropologia/ Arqueologia Multidiciplinar Ciências da Saúde 33,3 % 27,3 % 0 % 6,1 % 0 % 6,1 % 18,2 % 9,1 % 0 % Gráfico 4: Distribuição dos representantes por área de formação em porcentagem. Dados de Pesquisa Após análise dos dados dos questionários de pesquisa, percebeu-se que os comi- tês de bacias são espaços em que predomina a concentração dos respondentes em certas áreas de formação, destacando-se os cursos de Ciências Sociais Aplicadas (Administração Pública e de Empresas, Contábeis e Turismo; Arquitetura, Urbanismo e Design; Comunicação e Informação; Direito; Economia; Planejamento Urbano), com 33,3%; na sequência, os cursos de Engenharias, com 27,3%; seguidos pelos cursos de Antropologia/Arqueologia, Ciência Política e Relações Internacionais, Educação, Filosofia, Geografia, História, Psicologia, Sociologia e Teologia, com 10,3%, com 18,2% e Multidisciplinar (Biotecnologia e Ciências Ambientais), com 9,1%. Depois, temos os cursos de Ciências Agrárias (Ciências de Alimentos, Ciências Agrárias, Veterinária e Zootecnia) e Ciências Biológicas (Biodiversidade e Ciências Biológicas), ambos com 6,1%. As demais áreas de formação não tiveram indicações dos respon- dentes que participaram da pesquisa.
  • 19. 19 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Dado o cenário da representação, especialmente, o grau de escolaridade e área de formação dos atores inseridos nessas instâncias e, considerando que as representa- ções nos comitês devem refletir os múltiplos interesses de sua jurisdição, pode-se indagar se a alta qualificação e concentração de áreas, por parte dos representan- tes, não estaria reduzindo a perspectiva de inclusão dos interesses e demandas dos grupos e setores sociais cujas vozes não alcançam expressão e reconhecimento nos espaços de representação política comuns, podendo gerar, assim, decisões social e ambientalmente injustas. Em outras palavras, se a atual composição desses arranjos de governança estariam deixando de fora grupos com capacidade para influenciar as políticas neles adotadas e que representam outras linguagens, saberes e formações. No que se refere à distribuição dos recursos (Gráfico 5), os resultados do estudo mos- tram que, em relação à renda familiar, de forma geral, entre os respondentes, 47,2% ganham acima de R$ 4.001,00, havendo, portanto, uma distribuição menos concen- trada em relação ao rendimentos familiares dos representantes neste estado. Este foi o menor percentual encontrado entre os estados já analisados: Paraná, 90,4%, Goiás, 87%, Alagoas, 71,7% e Sergipe, 53%. acima de 12001,00 de 8001 até 12000,00 de 4001 até 8000,00 de 2501 até 4000,00 de 1501 até2500,00 de 900 até 1500,00 abaixo de 900,00 11,1 % 8,3 % 27,8 % 19,4 % 16,7 % 11,1 % 5,6 % Gráfico 5: Renda familiar média dos representantes em porcentagem. Dados de pesquisa Em análise das categorias previamente disponibilizadas para marcação, obser- va-se que 11,1% possuem rendimentos acima de R$ 12.001,00; 8,3% ganham en- tre 8.001,00 a 12.000,00 reais; 27,8% de 4.001,00 até 8.000,00; 19,4% ganham entre 2.501,00 a 4.000,00 reais; 16,7% de R$ 1.501,00 a 2.500,00 reais; 11,1% recebem de R$ 900,00 a 1.500,00 reais e 5,6% dos representantes possuem renda familiar abaixo de 900 reais entre os respondentes do questionário de pesquisa.
  • 20. 20 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Quando se desagregam os dados dos respondentes por sexo, como pode ser ob- servado no gráfico 6, observa-se que existe equilíbrio apenas entre renda familiar e sexo na categoria de recebimentos abaixo de 900,00 reais. Na maior parte das ca- tegorias, há o predomínio masculino, principalmente nas categorias acima de 8.001 reais, nas quais não há representatividade feminina. As exceções são as categorias de rendimentos que variam de R$ 900,00 a 2.500 reais, onde as mulheres são maio- ria. Em uma análise comparativa, percebe-se que não apenas as mulheres são ainda minoria nos organismos de bacia, mas também que pertencem aos grupos com as rendas familiares mais baixas. Este dado reforça a necessidade de fortalecer a inser- ção da mulher na gestão pública e que os comitês de bacias precisam refletir sobre a questão de gênero e a representação das mulheres e dos setores mais vulveráreis na gestão de recursos hídricos. acima de 12001,00 de 8001 até 12000,00 de 4001 até 8000,00 de 2501 até 4000,00 de 1501 até2500,00 de 900 até 1500,00 abaixo de 900,00 AZUL: Homens; ROSA: MULHRES 11,1 % 0 % 8,3 % 0 % 16,7 % 11,1 % 13,9 % 5,6 % 5,6 % 11,1 % 2,8 % 8,3 % 2,8 % 2,8 % Gráfico 6: Renda familiar média dos representantes por sexo em porcentagem. Dados de Pesquisa
  • 21. 21 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Apesar de ter sido identificado uma distribuição menos concentrada em relação ao rendimentos familiares dos representantes neste estado, os resultados encontrados ainda indicam um perfil com renda acima da média do país, se comparada com o va- lor do salário mínimo (R$954,00, em 2018) ou com o rendimento nominal mensal do- miciliar per capita nacional, de R$2.112,00 (IBGE, 2018), definindo, assim, os grupos que controlam as decisões em torno da gestão da água. Esses dados aproximam-se dos apontamentos de Santos Júnior et al. (2004) de que o perfil dos representantes em conselhos municipais constitui uma espécie de elite de referência, ou de uma comunidade cívica portadora de uma cultura associativa, caracterizada por um perfil socioeconômico superior e por maior grau de informação e de capacitação técnica e política, se comparada à média da população em geral. Os dados apresentados desde a escolarização a faixa de renda dos atores participantes nos comitês de ba- cias do estado do Rio Grande do Norte aponta a necessidade de ampliação da base social dos comitês de bacias para que outros grupos mais frágeis em termos sociais sejam representados na gestão das águas. A composição diversificada e democrática nos Comitês pode contribuir para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia tenham representação e assim, manifestar seus interesses no processo de tomada de decisão sobre sua gestão da bacia hidrográfica. Quando se desagregam os dados pelo setor de representação (Gráfico 7), observa-se que os respondentes pertencentes ao segmento da sociedade civil estão presentes em todas as categorias de renda previamente elencados. Nota-se que os responden- tes do segmento do poder público municipal estão presentes entre as categorias de recebimento de R$ 1.500 a 8.000,00. Menos de R$ 1500 R$ 2501 – 4000R$ 1500 – 2500 R$ 4001 – 8000 Acima de 12001R$ 8001 – 12000 Pode público Municipal Pode público Estadual Usuários Sociedade Civil 0 % 0 % 6 % 11% 6 % 3 %3 % 6 % 8 % 0% 0 % 11 % 6 % 11 % 3 % 8 % 0 % 3 % 3 % 3 % 0 % 0 % 6 % 6 % Gráfico 7: Renda familiar mensal por setor de representação em porcentagem. Dados de pesquisa
  • 22. 22 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Perguntou-se aos representantes sobre o tempo de participação e representação em comitês de bacia e observou-se que 33,7% participam há menos de 1 ano da composição do comitê; 47,2% de 1 a 5 anos; 19,4% de 6 a 10 anos; e não houve in- dicações para a demais categorias com tempo de representação superior 10 anos. Nota-se que a maioria dos respondentes (80,9%) é de membros de comitê por perío- do inferior a 6 anos, tendo a variável “1 a 5 anos de participação” sido a que recebeu o maior percentual de indicações (47,2%). Contudo, é importante ressaltar que dois (dos três) dos comitês de bacia do Rio Grande do Norte atualmente instalados, fo- ram criados no ano de 2010 (à exceção do Pitimbu, criado em 2004, vide Tabela 1), o que é recente; isso ajuda a explicar a “baixa” participação de membros por períodos de tempo mais elevados. Quando se desagrega os dados pelo segmento de repre- sentação, observa-se que os representantes da sociedade civil (34,5%) apresentam maiores percentuais para de participação para período inferior a 6 anos nos comitês. No outro extremo, apresentou a maior concentração de membros que participam há mais de 6 anos também os representantes da sociedade civil (13,9%). A experiência dos atores participantes dos comitês de bacias em outros colegiados, tanto do ponto de vista individual, quanto do ponto de vista das organizações repre- sentadas nos Comitês de Bacia do estado do Rio Grande do Norte, pode representar um diferencial importante para assegurar a concretização do potencial que se espera dos arranjos de governança no que diz respeito ao processo decisório das políticas públicas das águas. Assim, buscou-se identificar entre os respondentes do questio- nário de pesquisa, o percentual de inserção dos representantes dos comitês de ba- cias em outros organismos colegiados relacionados à gestão de recursos hídricos. Ao ser questionado se os representantes dos comitês de bacia participam também de outros organismos colegiados relacionados à gestão de recursos hídricos, apenas 8% dos respondentes informaram que participam e 92% disseram que participam apenas do Comitê de Bacia no qual fazem parte. 8% 92%Sim, participo de outros organismos de gestão de recursos hídricos Não, atualmente sou membro apenas do CBH Gráfico 8: Participação em outros organismos de gestão de recursos hídricos, em %. Dados de pesquisa
  • 23. 23 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Dentro desses 8%, há respondentes que participam de mais um órgão colegiado ou até mais de um concomitantemente. No estado do Rio Grande do Norte, além de serem membros do comitê de bacia, os respondentes informaram que também participam do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Comparativamente a outros estados, o resultado encontrado entre os respondentes é relativamente baixo. Este resultado, apesar de pequeno, é positivo, pois, ao participarem de outros organis- mos colegiados que também debatem recursos hídricos, os representantes de comi- tês do estado podem ampliar a integração e articulação para troca de experiências e aprendizados com outras esferas de participação. A dinâmica política que caracteriza o estabelecimento dos arranjos e articulações institucionais tem um papel importante na atuação dos representantes em outros espaços de decisão políticas que envolvem o tema das águas. E, por esta razão, ques- tionou-se aos respondentes se “além de participar do Comitê de Bacia, você é mem- bro de outros organismos colegiados/Conselhos de outras áreas (por exemplo: meio ambiente, educação, saúde, etc.)?” Os dados da pesquisa mostram que, além de par- ticipar do comitê de bacia, 36% dos atores representantes indicaram que também são membros de outros organismos colegiados, em diferentes temáticas e abran- gências (Gráfico 9). Comparativamente a outros estados já analisados, o Rio Grande do Norte apresentou percentuais intermediários de representantes de comitês de bacia que também participam de outros organismos colegiados, com percentuais próximos do Paraná, 33,8%, mas inferiores aos estados de Santa Catarina 46%; Minas Gerais 45,6%; Sergipe 41%, e maiores percentuais, se comparados aos estados de Goiás 31%; Espírito Santo 30%. 36% 64%Sim, sou membro de outros organismos Não, sou membro apenas do comitê de Bacia Hidrográfica Gráfico 9: Participação em outros colegiados em porcentagem. Dados de pesquisa Os outros organismos colegiados com maior número de menções pelos responden- tes foram: Conselho Municipal de Meio Ambiente; e de Defesa do Meio Ambiente. No âmbito municipal, foram mencionados os Conselhos Municipais: de desenvolvimento sustentável rural; de Habitação Popular; de Saúde; de Turismo; de Proteção e Defesa Civil. Outros organismos citados foram: Colegiado Territorial; Comissão de açudes; Comitê dos Catadores de Materiais Recicláveis, o Conselho Estadual das Cidades.
  • 24. 24 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte A participação dos representantes em comitês de bacia em outros organismos cole- giados pode contribuir para a articulação e integração da temática recursos hídricos em outras políticas públicas. As diversas formas de participação são importantes para a construção de uma sociedade democrática. Algumas formas de participação são apenas consultivas, enquanto os comitês de bacia diferem de outras formas de participação previstas em outras políticas públicas, pois têm como atribuição le- gal deliberar sobre a gestão da água fazendo isso de forma compartilhada com re- presentantes da sociedade civil, dos usuários e do poder público. A participação dos atores da gestão das águas em instâncias de diferentes políticas públicas pode colaborar para melhorar a articulação da gestão das águas com outras políticas e vice-versa. PERCEPÇÕES DOS REPRESENTANTES SOBRE O PROCESSO DECISÓRIO Os Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH) são constituídos para funcionar como ins- tituições participativas representativas por envolverem conjuntos de normas e pro- cedimentos que estruturam a ação social e política, tal como instituições políticas mais tradicionais (eleições, assembleias e outras). Além disso, as instituições parti- cipativas, por meio de suas instâncias representativas – formalmente organizadas e vinculadas a estruturas do Estado – devem proporcionar a vocalização de demandas, a discussão pública e a formação de acordos a partir da contribuição de cidadãos e grupos organizados da sociedade. A questão da representação, uma vez identificado quem (pessoa) representa quem (organização), tem-se a pergunta: “Como o representa?”, tendo em vista que estes são chamados a representar os interesses específicos de um segmento, e normal- mente ele pertence à mesma categoria profissional dos representados. De acordo com a legislação, os Comitês de Bacia devem definir as regras a serem seguidas com relação ao uso das águas. E a composição dos comitês deve refletir, como foi já referido anteriormente, os múltiplos interesses com relação às águas da bacia. No exercício das funções os representantes refletem os interesses da organi-
  • 25. 25 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte zação que representam e do segmento no qual fazem parte. Neste sentido, o repre- sentante é indicado e está sujeito a um mandato vinculado. Entretanto, há sempre o risco que ocorra a auto representação, ou seja, um representante eleito entre seus pares pode defender interesses próprios ou particulares, e não compartilhar com o grupo as questões debatidas. Desta forma, este membro não estaria representando adequadamente os interesses para os quais foi eleito. Considerando esses apontamentos, questionou-se aos membros dos comitês com que frequência, no exercício do seu mandato como representante, eles mantêm con- tato com as sua(s) base(s) de apoio /organização no qual representa no Comitê de bacia. As respostas obtidas para esta questão podem ser observados, a seguir, no gráfico 10. 47,8 % Com frequência 26,1 % Às vezes 21,7 % Sempre 0% Não tenho base de apoio 0% Nunca 4,3 % Raramente Gráfico 10: Frequência de contato com a base de apoio. Dados de pesquisa Após a análise dos dados, percebe-se que 69,5% dos respondentes do questionário de pesquisa informaram que mantêm contato sempre ou com frequência com sua base apoio /organização que representa; 26,1% fazem contato às vezes; 4,3 raramen- te. Importante ressaltar que as alternativas “nunca” e “não tenho base de apoio” não tiveram indicações. Considerando que o membro do comitê é um representante de uma organização vinculada a um segmento de interesse no âmbito da política das águas, espera-se que haja entre eles uma relação próxima. É importante ressaltar que apenas 4,3% dos respondentes indicaram que “raramente” fazem contato com sua base de apoio/organização no qual representam. Os percentuais identificados são relativamente positivos com relação ao trabalho de contato com a base repre- sentada no comitê. Os dados observados podem indicar que os participantes estão exercendo de forma satisfatória o papel de representação no qual foram incumbidos. Para o exercício de sua função, o representante precisa desenvolver maneiras de se informar sobre as opiniões do coletivo a que representa, e reportar as informações sobre as discussões das quais participa, prestando contas sobre sua atuação.
  • 26. 26 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Considerando esses apontamentos, questionou-se aos membros dos comitês com que frequência, no exercício do seu mandato como representante, eles mantêm contato com as sua(s) base(s) de apoio /organização no qual representa para tra- tar assuntos específicos como: construir e/ou fortalecer as articulações com o seu segmento representação; para prestar contas sobre a atuação; relatar os debates e deliberações; e para definir ou sustentar um posicionamento nas reuniões nos comi- tês. Como pode ser observado no gráfico a seguir, 62,1% (média) dos respondentes, mantêm contato mais frequente (sempre e frequentemente) com sua base de apoio, ou seja, a organização no qual representa no Comitê de Bacia. Nunca Para construir / fortalecer articulações com seu segmento: Raramente Às vezes Frequentemente Sempre 4,3 % 8,7 % 26,1 % 47,8 % 13 % 8,3 % 8,3 % 16,7 % 58,3 % 8,3 % Prestar contas sobre a sua atuação no CBH: 4,2 % 16,7 % 20,8 % 41,7 % 16,7 % Relatar os debates / deliberações do CBH: 4,2 % 12,5 % 20,8 % 50 % 12,5 % Definir/sustentar posicionamento no CBH: Gráfico 11: Frequência de consulta a base de apoio. Dados de pesquisa Em análise das variáveis investigadas na pesquisa, observou-se que 66,6% dos res- pondentes frequentemente ou sempre fazem consultas à base de apoio para definir e sustentar algum posicionamento no âmbito do Comitê de bacia; 16,7% o fazem às vezes e 8,3% raramente fazem consultas às bases de apoio pelo objetivo ques- tionado. Desse total, 8,3% informaram que nunca fazem consultas à base de apoio. Questionados sobre a frequência de contato para relatar os debates e as delibe- rações do CBH, 62,5% fazem com frequência ou sempre, 20,8% consultam às vezes, 12,5% raramente fazem consultas e 4,2% nunca o fazem. Para prestar contas sobre a sua atuação no CBH, 58,4% realizam contato sempre ou com frequência com sua base de apoio/organização que representa, 20,8% às vezes, 16,7% raramente e 4,2%
  • 27. 27 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte nunca fazem consultas para esta finalidade. Já para construir e fortalecer articula- ções com o seu segmento de representação, 60,8% fazem consultas com frequência ou sempre, 26,1% às vezes consultam, 8,7% raramente realizam consulta para esta finalidade e 4,3% nunca o fazem. Considerando que o papel dos membros é representar suas respectivas organizações e segmento de atuação nos comitês de bacias, tinha-se como expectativa que a rea- lização de contato poderia ser mais frequente. A questão da representação/repre- sentatividade ainda é um grande desafio de governança para os comitês de bacias, e a partir destes dados é importante que os membros reflitam sobre as participações neste espaço. Cabe ainda destacar que a qualidade da representação exercida de- pende não apenas do empenho do representante, mas também organização repre- sentada em fornecer as informações de que ele possa exercer melhor desempenhar sua função, além de acompanhar sua atuação. Ou seja, a representação no âmbito dos organismos colegiados requer a responsabilidade do representante frente aos seus representados, e também, dos representados para a construção de uma repre- sentação de qualidade. Analisando conjuntamente os dados iniciais em que 69,5% dos respondentes infor- maram que mantêm contato sempre ou com frequência com sua base de apoio ou organização que representa (expresso no gráfico 10) e os dados apresentados deste contato com a base quando são realizadas perguntas direcionadas, fica uma dúvida sobre o contato dos atores com sua base, já que quando é realizada a pergunta dire- cionada, a porcentagem chega no máximo a 62,1% no contato permanente ou com frequência com a base. Esta dúvida leva a uma reflexão necessária sobre qual seria a motivação para o contato permanente ou com alguma frequência se não for, no mí- nimo, para construir e/ou fortalecer as articulações com o segmento que representa? Outra questão no que diz respeito à relação entre representante e representados, foi quais eram as formas de contato mais utilizadas para contato com a organização que representa no comitê de bacia. Nesta questão, os respondentes podiam indicar mais de uma opção. O Gráfico 12, a seguir, apresenta as formas de contato mais uti- lizadas pelos respondentes, para realização de contato com a organização no qual representa.
  • 28. 28 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Reuniões Presenciais E-mail / Lista de discussão Mensagens - SMS/WhatsApp Conversas pessoais Telefonema Site Intitucional / Intranet Facebook, Twitter e afins Outros Carta / Ofício 30 % 22 % 20 % 16 % 8 % 2 % 2 % 0 % 0 % Gráfico 12: Formas de contato mais utilizadas para contato com a organização que representa. Dados de pesquisa Dentre as formas de contato mais utilizadas pelos respondentes estão: Reuniões presenciais, com 30%, seguido por envio de E-mail e lista de discussão, com 22%; Mensagens (SMS/WhatsApp), com 20% e Conversas pessoais, com 16%. Na se- quência, com 8% das indicações dos respondentes, foi indicado o contato através Telefonema, seguido por contato via mídias sociais, tais como Facebook, Twitter e afins, com 2% e contato por meio de Site institucional e intranet, também com 2% das indicações. Não houve indicações para para a opção “Cartas e ofícios”, nem foram indicadas outras formas de contato. Nota-se também que o conjunto representado nas formas de contato lista de discussão, conversas pessoais e reuniões presenciais são complementares e desta podem indicar que estes utilizam-se de formas mais adequadas para o contato com a base. Após questionarmos sobre a atuação do representante, perguntamos a percepção dele sobre a atuação dos demais representantes do segmento de atuação, inserindo a seguinte questão: Para você, com que frequência a atuação dos(as) representantes corresponde aos interesses do respectivos segmentos de atuação?
  • 29. 29 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte 68,2 % 18,2 % 0 % 13,6 % 0 % Frequentemente Às vezes Raramente Nunca Sempre Gráfico 13: Percepção sobre a correspondência entre atuação dos representantes e segmento de representação. Dados de Pesquisa Como pode ser observado no gráfico apresentado, para apenas 13,6% dos respon- dentes a atuação dos representantes sempre corresponde aos interesses do respec- tivo segmento de representação; para 68,2% frequentemente corresponde aos in- teresses do segmento; e para 18,2% apenas às vezes. Não houve indicações para as categorias “raramente” e “nunca”. Como pode ser observado nos dados na percepção dos representantes, a atuação dos demais membros nem sempre corresponde aos interesses dos respectivos segmentos. O que é importante verificar neste olhar é se a motivação para que o representante nem sempre corresponda ao interesse do seu segmento, seria dizem respeito a negociações internas, em outras palavras, se uma decisão sobre determinado tema está sendo negociada e aprovada de forma con- sensual mostrando uma maturidade na discussão e decisão para que a mesma possa ser satisfatória para todos os segmentos. Apesar de ter sido disponibilizado espaço para acréscimo de informações complementares ou comentários, nesta questão não foram acrescidos apontamentos pelos respondentes do questionário de pesquisa. O processo decisório do comitê deve decorrer de amplo processo de articulação e negociação e ser embasado por estudos técnicos para subsidiar as decisões políti- cas. É, portanto, um processo comunicativo de opinião, formação de entendimen- to e posicionamento que precede o momento da tomada de decisão. Dessa forma, perguntou-se aos representantes se os assuntos tratados no comitê são facilmente compreendidos por todos os representantes e se a linguagem utilizada nas reuniões é facilmente compreendida e apropriada por todos os representantes. Os resultados para estas questões podem ser observados no Gráfico 14.
  • 30. 30 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Não Os assuntos tratados no CBH são facilmente compreendidos por todos os representantes? A linguagem utilizada nas reuniões é facilmente compreendida e apropriada por todos os representantes? Sim, parcialmente Sim, plenamente 44 % 57 % 35 % 65 % Gráfico 14: Percepção sobre a comunicação e entendimento dos representantes. Dados de pesquisa Observa-se que, na percepção dos respondentes, os membros dos comitês com- preendem apenas parcialmente os assuntos (44%) e a linguagem utilizada (35%). Não houve indicações para a categoria “não” em ambas as questões. Sendo acres- cidos os seguintes apontamentos no espaço destinado para comentários sobre co- municação e entendimento dos representantes dos assuntos tratados: “apenas nas vezes de discussões muito técnicas, alguns segmentos levam um pouco mais de tempo para entender”; de forma complementar, outro respondente comentou que “as deli- berações são de interesse diverso do de um determinado segmento, portanto às vezes os representantes desconhecem o teor da discussão”; e ainda que “quando a linguagem não é acessível se tenta comunicar de outra maneira mais simples”. Considerando que a maioria dos participantes tem alto nível de escolaridade, o resul- tado é preocupante, ainda mais se considerarmos a necessidade da ampliação da base social na gestão de recursos hídricos. O fato de que eles compreendem parcialmen- te os assuntos, pode estar relacionado ao modus operandi dos Comitês, tais como: o prazo no qual os representantes recebem as informações para avaliar e discutir com seus pares; e também o tempo que cada um dedica para a leitura de documentos para tomada de decisão, dentre outros. Cabe destacar que o acesso à informação e a trans- parência são vitais na gestão das águas, portanto, a linguagem utilizada nas reuniões é relevante para facilitar o diálogo e entendimento. É por meio de discussões e negocia- ções democráticas, que os comitês podem avaliar os reais e diferentes interesses sobre os usos das águas nas bacias hidrográficas. Assim, os membros dos comitês, em sua atuação no âmbito dos seus respectivos organismos de bacia, possuem poder de deci- são e cumprem papel fundamental na elaboração das políticas para gestão das águas, sobretudo em regiões com problemas de escassez hídrica ou na qualidade da água.
  • 31. 31 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Nesse sentido, as metodologias utilizadas nas reuniões devem ser uma preocupação constante para que a diversidade de atores representada possa ter uma atuação mais condizente com os seus interesses nos comitês de bacias. Ademais, os desa- fios de aprendizagem e da participação transcendem os limites do ensino formal e requerem a valorização dos diferentes saberes (técnico científico, popular e tradi- cional). Outro ponto, a consideração de diferentes conhecimentos e experiências devem ser levados em consideração, pois podem gerar um aprendizado para todos os envolvidos e contribuindo para a gestão dos recursos hídricos. Questionou-se também aos representantes quantas horas, em média, por mês, ele dedica-se às atividades ligadas ao Comitê de bacia. Os dados obtidos para esta ques- tão podem ser observados no Gráfico 15. Menos de 5h 52,9 % 23,5 % 6 a 10 horas 14,7 % Mais de 21h 5,9 % 11 a 15 horas 2,9 % 16 a 20 horas Gráfico 15:Tempo médio de dedicação às atividades do comitês por mês. Dados de pesquisa Os resultados mostram que 52,9% dos respondentes dedicam menos de cinco horas por mês em atividades relacionadas aos comitês de bacias. Na sequência, 23,5% dos respondentes indicaram que se dedicam de seis a dez horas por mês; 5,9% dedicam entre 11 a 15 horas; 2,9% entre 16 a 20 horas e 14,7% dos respondentes dedicam-se mais de 21 horas por mês às atividades do comitê. Este dado, de forma isolada, pa- rece não ser significativo, porém, quando observamos conjuntamente com as infor- mações com apreensão dos assuntos abordados no âmbito dos comitês, pode-se sugerir que mais horas de dedicação poderiam ampliar o entendimento dos repre- sentantes acerca dos temas recorrentes ao ser representante. Assim, a questão do tempo de dedicação e tempo de representação podem ajudar a refletir sobre a ques- tão da compreensão ou não dos assuntos no âmbito do Comitê de Bacia.
  • 32. 32 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte PERCEPÇÃO DOS REPRESENTANTES SOBRE OS ORGANISMOS COLEGIADOS Neste tópico, buscou-se explorar como os representantes percebem os organismos de bacia como espaços efetivos, tanto internamente, ou seja, a capacidade de organizar e promover discussões produtivas nesses espaços, quanto externamente, de forma a traduzir proposições e decisões em ações em diferentes espaços e articulações com diferentes órgãos e atores. Na maior parte das questões anteriores, o representante respondeu sobre si, mas, nesta seção, opinou sobre o espaço do qual ele participa. Visando ampliar esse entendimento, pediu-se que os respondentes avaliassem (numa escala que ia de muito satisfatório a insatisfatório) a composição do Comitê de Bacia em relação ao nível de informações de que os representantes do comitê dispõem para argumentar ou decidir sobre as pautas das reuniões; a forma de escolha das entidades com assento no comitê de bacia hidrográfica; ao número de representantes em cada segmento e à diversidade de setores representados. Considerou-se que estes tópicos podem influenciar a formação das plenárias e, consequentemente, as decisões toma- das. As respostas obtidas para esta questão podem ser observadas no Gráfico 16. Muito satisfatória Nível de informações que dispoem para argumentar ou decidir sobre as pautas das reuniões Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória 41,7 % 45,8 % 4,2 % 8,3 % 16,7 % 75 % 4,2 % 4,2 % Forma de escolha das entidades com assento no CBH 29,2 % 70,8 % Número de representantes em cada segmento 25 % 66,7 % 4,2 % 4,2 % Diversidade de setores representados Gráfico 16: Percepção do representante quanto a composição do comitê. Dados de pesquisa
  • 33. 33 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte As plenárias são convocadas - de forma ordinária ou extraordinária - para anali- sar, debater e deliberar sobre as matérias referentes aos recursos hídricos. Assim, questionou-se sobre o nível de informações de que os representantes do comi- tê dispõem para argumentar ou decidir sobre as pautas das reuniões, que foi considerado satisfatório e muito satisfatório por 87,5% dos respondentes do ques- tionário. Apenas 12,5% dos respondentes consideraram que o nível de informações é indiferente (4,2%) e pouco satisfatória (8,3%). Não houve indicações para a variável insatisfatória. Percebe-se que 100% dos respondentes avaliaram como satisfatória ou muito sa- tisfatória a forma de escolha das entidades com assento no CBH, não havendo nenhuma indicação para as outras variáveis, o que indica que a percepção do res- pondentes para este quesito é muito positiva. Tendo em vista estes percentuais, os respondentes parecem legitimar a forma como os representantes são eleitos, resul- tado que também pode gerar uma acomodação sobre o processo de eleição dos membros, não somente o processo eleitoral em si, mas todo o processo preparatório para a realização das eleições, se existe uma grande campanha de mobilização e divulgação para realização do cadastramento das instituições que irão participar das assembleias por segmento. Esta reflexão também serve para o resultado sobre o número de representantes de cada segmento (91,7%) e a diversidade de setores representados (91,7%). No que tange à diversidade dos setores representados no CBH, apenas 4,2% dos respondentes disseram ser indiferente, sendo ainda pontua- dos como pouco satisfatório por 4,2%. No que se refere ao número de represen- tantes em cada segmento, 4,2% dos respondentes consideraram indiferente e 4,2% afirmaram ser pouco satisfatória. Assim como em relação à diversidade de setores, e o número de representantes não houve indicações na variável “insatisfatória”. Na sequência, solicitamos ao respondente que avaliasse o seu grau de articulação com representantes de outros segmentos no espaço do Comitê de Bacia. Os dados obtidos para esta questão podem ser observados no Gráfico 17.
  • 34. 34 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Muito satisfatória Sociedade Civil Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória 25 % 66,7 % 4,2 % 4,2 % 13 % 69,6 % 4,3 % 13 % Usuarios de água 13 % 69,6 % 8,7 % 8,7 % Pode Público Estadual 27,3 % 54,5 % 9,1 % 9,1 % Pode Público Municipal Gráfico 17: Auto-avaliação do grau de articulação do representante com os de outros segmentos do Comitê. Dados de pesquisa De modo geral, é possível observar que a relação entre os representantes foi con- siderada satisfatória e muito satisfatório por 84,7% (média) dos respondentes. Observa-se que o segmento pertencente ao Poder Público Estadual foi o que rece- beu maiores percentuais de indicação nas variáveis “indiferente” e “pouco satisfató- ria”, ambas com 9,1%, totalizando 18,2%, seguido pelo segmento dos Usuários da água, com somatório de 17,4% nas variáveis “indiferente” e “pouco satisfatória”, am- bas com 8,7%, para articulação com representantes de outros segmentos. O segmen- to da Sociedade civil foi o que apresentou os menores percentuais de “indiferença” e “pouca satisfação”. Além disso, é importante ressaltar que a variável “insatisfação” não teve indicação em nenhum segmento. Para os representantes destes segmentos, especialmente, os membros do poder público estadual, cabe a auto-reflexão e a bus- ca de entendimento dos fatores que levaram a esta baixa avaliação. Em seguida perguntou-se “como você avalia o papel dos segmentos relacionados a seguir na atuação do CBH?”.
  • 35. 35 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Muito satisfatória Sociedade Civil Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória 17,4 % 60,9 % 13 % 8,7 % 13 % 30,4 % 13 % 34,8 % 8,7 % Usuarios de água 17,4 % 56,5 % 13 % 13 % Pode Público Estadual 26,1 % 56,5 % 8,7 % 8,7 % Pode Público Municipal Gráfico 18: Percepção sobre atuação dos segmentos de representação no Comitê. Dados de pesquisa De acordo com as respostas recebidas, mais da metade dos respondentes (56,5%) avaliaram que a atuação da Poder Público Municipal vai de indiferente à insatisfa- tória. Em relação aos Usuários de água, esse número chegou a 26%; a Sociedade civil teve 21,7%, e o Poder Público Estadual, 17,4%, para indiferente e pouco satis- fatório, não havendo indicações de insatisfatório para estes segmentos. O resultado representa uma preocupante avaliação da participação do poder público municipal, indicando a necessidade de melhorias na participação dos representantes deste seg- mento, que foi o único que recebeu indicações para a variável “insatisfatória”. A presença de um conjunto de estruturas burocráticas, tais como mesa diretora, se- cretaria executiva (e seu modelo), câmaras ou grupos técnicos, é importante para o funcionamento dos organismos de bacia, pois contribui para a capacidade de atuação dos membros. Sem a compreensão das regras e das diretrizes gerais, os re- presentantes dificilmente participarão adequadamente do processo. Considera-se, assim, que assimetrias (de formação e informação) comprometem a organização democrática dessas instituições. Tendo em vista estas considerações, pedimos aos representantes que avaliassem (de muito satisfatória a insatisfatória) as estruturas administrativas e organizacionais do comitês, incluindo secretaria executiva, meios de comunicação e divulgação (informes, página eletrônica, publicações), regimento interno e resoluções, atuação da diretoria, plenária e as câmaras técnicas.
  • 36. 36 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Muito satisfatória Câmaras Técnicas Satisfatória Indiferente Pouco satisfatória Insatisfatória 13 % 69,6 % 4,3 % 8,7 % 4,3 % 16,7 % 75 % 4,2 % 4,2 % Plenária 25 % 66,7 % 4,2 % 4,2 % Atuação da diretoria 39,1 % 60,9 % Regimento Interno e Resoluções 45,8 % 50 % 4,2 % Meios de divulgação e informes 25 % 62,5 % 12,5 % Secretaria Executiva Gráfico 19: Percepção sobre as estruturas administrativas e organizacionais do Comitê. Dados de pesquisa Dentre as estruturas dos comitês de bacia, as câmaras técnicas apresentaram o maior indicativo de necessidade de aperfeiçoamento, tendo em vista que 17,3% dos representantes avaliaram seu funcionamento entre indiferente (4,3%), pouco satisfa- tório (8,7%) e insatisfatório (4,3%). Apenas essa estrutura teve indicações de “insatis- fatória”. As câmaras técnicas possuem a atribuição de subsidiar a tomada de decisões do comitê, por buscar desenvolver e aprofundar as discussões temáticas necessárias antes de sua submissão ao plenário. As Câmaras são constituídas preferencialmente pelos membros, titulares ou suplentes do comitê, ou, excepcionalmente, poderão ser compostas por representantes formalmente indicados por esses membros. Em geral, a composição deve procurar refletir a proporcionalidade entre os segmen- tos representados. Nesses fóruns de discussão, é comum serem convidados técnicos especialistas para que possam colaborar com os debates e enriquecer as análises efetuadas (ANA, 2011b).
  • 37. 37 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Com o segundo maior número de indicações com indicativos da necessidade de aperfeiçoamento estão os meios de divulgação e informes, com 12,5% na variável pouco “satisfatória”. As outras estruturas administrativas e organizacionais do CBH foram avaliadas pelos respondentes da seguinte maneira: plenária e regimento in- terno, ambos com 8,4% das avaliações entre indiferente (4,2%) e pouco satisfatório (4,2%). Na sequência, são apresentadas as avaliações realizadas sobre a secretaria executiva, com apenas 4,2% das indicações para “pouco satisfatória”. Dentre todas as estruturas, a que teve melhor desempenho, na avaliação dos representantes, é a atuação da diretoria, que foi avaliada com 100% das indicações como “satisfatória” e “muito satisfatória”. Tendo em vista estes números, seria importante observar e es- tudar o que pode estar acontecendo, especialmente, com as Câmaras Técnicas, que parecem não estar conseguindo cumprir com seus objetivos. Visando ampliar o entendimento sobre limites no exercício deliberativo, questio- nou-se aos representantes quais seriam as principais dificuldades e obstáculos enfrentados pelo comitê, a partir de uma lista de opções previamente estabeleci- das. No Gráfico 20, é apresentado os dados sobre a percepção dos respondentes a respeito das dificuldades dos comitês. Falta recursos Financeiros Excesso de burocracia Pouco tempo para discussão em reuniões Falta de quórum nas reuniões Limitação de passagens e diárias para reuniões Baixa prioridade de politica por parte do governo Questões politicas alheias à agenda do comitê Carência de estrutura Reuniões muito esparsas Divergências nas opiniões dificultando o consenso Excesso de reuniões Pauta disponibilizada com pouca antecedência O mandato não ser remunerado Outros 20 % 16 % 12 % 12 % 12 % 8 % 8 % 8 % 4 % 0 % 0 % 0 % 0 % 0 %
  • 38. 38 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Divergências nas opiniões dificultando o consenso Excesso de reuniões Pauta disponibilizada com pouca antecedência O mandato não ser remunerado Outros 0 % 0 % 0 % 0 % 0 % Gráfico 20: Percepção sobre as dificuldades e obstáculos enfrentados pelo dos comitês. Dados de pesquisa Em análise das respostas obtidas, percebeu-se que algumas categorias obtiveram baixo percentual de indicações como “reuniões muito esparsas”, com 4%; e com 8,0% aparecem “baixa prioridade política por parte do governo”, “questões políti- cas alheias à agenda do comitê” e “carência de estrutura”. Na sequência, queixam-se os respondentes sobre o “limitação de passagens e diárias para reuniões”, “falta de quórum nas reuniões” e “pouco tempo de discussão nas reuniões”, com 12% das indicações. Ainda considerando a análise destas respostas, percebeu-se que as maiores dificul- dades apontadas pelos representantes foram o “excesso de burocracia”, com 16%, e a “falta de recursos financeiros”, com 20%. As demais categorias não tiveram indica- ções. Ao observar estas duas últimas categorias mencionadas, pode-se dizer que é possível que haja uma correlação entre elas. Ou seja, a falta de recursos financeiros para funcionamento do comitê e o excesso de burocracia nos processos têm corro- borado para a diminuição de passagens e diárias para reuniões e, consequentemen- te, para a falta de quórum nos comitês. Foi acrescido pelos respondentes os seguintes apontamentos: para garantir o bom funcionamento do CBH faz-se necessários ter “recursos financeiros, apoio governa- mental em todas das esferas, capacitação técnica”. Para este outro é preciso “apoio, reconhecimento e respeito às deliberações, as vezes dar a impressão que o Estado só quer comitê para cumprir o estabelecido da Política Nacional de Recursos Hídricos”; e “a participação efetiva dos órgão e entidades que compõem” o colegiado, ou seja, “maior engajamento dos membros e mobilização social”. Na sequência, questionou-se quais são as contribuições do comitê para as discus- sões e as decisões em outras organizações, avaliando (de muito satisfatório a insa- tisfatório) a influência da atuação dos comitês em relação a outras esferas (Gráfico 21). Na percepção dos respondentes, pode-se observar que o grau de influência dos comitês de bacia do estado em outras esferas, em média, foi avaliado de indiferente a insatisfatório por 66,9% e 2,2% não souberam informar, o que pode corroborar com os depoimentos citados na questão anterior.
  • 39. 39 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Câmara Municipal Muito satis. Satisfatória Indif. Pouco satis. Insatis. Não sabe 27,3 % 18,2 % 36,4 % 13,6 % 4,5 % 4,3 % 4,3 % 4,3 % 29,2 % 25 % 33,3 % 12,5 % Assembleia Legislativa 21,7 % 17,4 % 39,1 % 17,4 % Iniciativas da Sociedade Civil 4,3 % 21,7 % 21,7 % 43,5 % Iniciativas do Setor Produtivo 8,3 % 33,3 % 12,5 % 33,3 % 12,5 % Opinião pública sobre RH 39,1 % 13 % 39,1 % 8,7 % Opinião pública sobre CBH Gráfico 21: Percepção sobre a influência do CBH. Dados de pesquisa A partir da análise dos dados, nota-se que 73,9% respondentes avaliaram que a in- fluência dos comitês de bacia sobre a Assembleia Legislativa do seu respectivo estado vai de indiferente à insatisfatória e 4,3% não souberam avaliar. Já sobre as câ- maras municipais, 68,2% consideraram também que ela vai de indiferente à insatis- fatória e 4,5% não souberam avaliar. Para o item de iniciativas sociedade civil com a criação de projetos e iniciativas do setor produtivo, as avaliações de indiferente à insatisfatória, respectivamente, foram de 69,5% e 70,8%. Os que não souberam avaliar foram 4,3% para as iniciativas da sociedade civil. Quanto à avaliação sobre a percepção da opinião pública, os valores foram similares às demais esferas aponta- das. De uma certa forma, isso demonstra uma dificuldade da relação dos atores que fazem parte dos comitês de bacias hidrográficas com outras esferas, inclusive nas casas legislativas.
  • 40. 40 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Ainda sobre a percepção dos representantantes sobre a influência dos CBHs, consta- tou-se que 60,8% dos respondentes do questionário de pesquisa consideraram que a opinião pública sobre recursos hídricos também vai de indiferente à insatisfatória. Houve pouca diferença a respeito da opinião pública sobre a atuação do comitê de bacia, que foi avaliada de indiferente a insatisfatória por 58,3%. Não houve indi- cações para “não soube opinar” nessas duas categorias. Sendo pertinente o desen- volvimento de estratégias de comunicação elaboradas pelos comitês de bacias, bem como, estimular seu desenvolvimento para que a comunicação com a sociedade seja realizada. Apesar de ter sido disponibilizado espaço para acréscimo de informações complementares ou comentários, nesta questão não foram acrescidos apontamentos pelos respondentes do questionário de pesquisa. A partir da análise dos dados, observa-se que são apresentados pelos respondentes diversos desafios para dar visibilidade ao comitê, e também fragilidade quanto à legitimidade perante à sociedade. Tendo em vista que, a avaliação geral realizada pe- los membros dos comitês de bacia evidencia dificuldades em cumprir suas funções, além de exercerem baixa influência sobre outras arenas políticas. Por fim, questionou-se aos representantes como o comitê influência nas decisões governamentais sobre a gestão dos recursos hídricos no Município, e para os res- pondentes, ela pode ser realizada “através dos debates internos e da participação em outros colegiados de âmbito estadual e federal”; “quando delibera questões de con- flito na bacia”; e “reunir-se para debater os problemas”; “democratizando o debate” e “fiscalizando”. Entretanto, foram inseridos vários apontamentos de que o comitê não influencia as decisões governamentais sobre a gestão dos recursos hídricos no Município, e ainda que “o Governo Municipal não reconhece a gestão”; e que “não há publicidade no que o comitê faz”.
  • 42. 42 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Neste trabalho, buscou-se contribuir para os estudos sobre a participação em co- mitês estaduais de bacia hidrográfica ao apresentar o perfil dos representantes membros e oferecer informações que possam apontar aspectos importantes da ca- pacidade inclusiva dos comitês pesquisados. Tendo como premissa que uma “boa” governança é fundamental para alcançar segurança hídrica. Após a análise dos dados dos respondentes, observou-se que o perfil socioeconômi- co dos representantes dos Comitês de Bacias Hidrográficas no estado do Rio Grande do Norte é caracterizado da seguinte forma: em sua maioria, são do sexo masculino (62,2%), uma parcela signficativa pertence às classes média e alta (47,2% recebem acima de 4.000 reais mensais), possuem alta escolaridade (86,9% possuem, no mí- nimo, curso superior). Em relação à faixa etária, metade dos respondentes (50%) possuem de 31 a 50 anos. Espera-se que esses arranjos de governança devam ser inclusivos, sendo capazes de incluir todos os indivíduos nos processos deliberativos e decisórios, independente das posições de poder que ocupem nas relações sociais. Desse modo, percebe-se a necessidade de uma participação mais equilibrada em termos quantitativos de mulheres nos comitês de bacia e, consequentemente, na gestão dos recursos hídricos. No que tange à participação das mulheres, neste estado também observou-se uma disparidade entre a participação entre homens (62,2%) e mulheres (37,8%), sendo consideravelmente menor a participação de representantes mulheres nos comitês. Pode-se dizer que buscar a igualdade é ainda um desafio, ou seja, garantir a igualdade de gênero nos âmbitos políticos e representativos. Esta diferença na participação da mulher merece uma pesquisa específica, inclusive para verificar o que acontece com as instâncias de gestão das águas, buscando identificar se há baixa abertura à partici- pação das mulheres nos processos decisórios de recursos hídricos ou se estes espaços e temas possuem baixa atratividade para elas. Outro ponto, ainda persistem, nos cami- nhos da transformação social, política e econômica, os aspectos estruturais do sistema patriarcal e da divisão sexual do trabalho. Pela arraigada naturalização de que são as mulheres as responsáveis pelo trabalho doméstico de âmbito privado e, historica- mente, elas estiveram ausentes dos espaços de participação política, como o caso dos CBHs. Ainda em análise desta categoria, nos dados relativos aos CBHs deste estado, observou-se maior divergência entre os sexos foi o do segmento do poder público mu- nicipal (71,4% e 28,6%), e diferente de outros estados, o segmento do poder público estadual apresentou maiores percentuais para a participação das mulheres (57,1%). Quanto à distribuição por idade, conforme evidenciado no gráfico 2, os comitês de bacia estudados apresentam uma proporção de 16,7% dos respondentes com ida- de de “até 30 anos”. Comparativamente, a outros estados já analisados, os resulta-
  • 43. 43 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte dos encontrados entre os respondentes pertencentes aos Comitês do Rio Grande do Norte é relativamente mais alto do que em outras localidades. Mesmo com esses percentuais, iniciativas para atração e capacitação de jovens como representantes, devem ser mantidas, no intuito de dar continuidade no processo de participação social da gestão das águas. Observou-se também que 33,3% dos respondentes pos- suem idade superior a 50. O perfil do nível de escolaridade dos participantes pode significar uma elitização na composição dos comitês de bacias. Considerando que as representações nos comitês devem refletir uma multiplicidade de interesses, e também, pode-se indagar se essa alta qualificação apresentada pela maioria dos membros não estaria deixando de fora outros interesses e organizações do território abrangido pelos comitês. No que se refere à renda familiar, ocorreu algo semelhante ao que foi constatado com a categoria da escolaridade dos membros, corroborando com a ideia de eli- tização dos membros dos comitês, apesar de distribuição menos concentrada em relação ao rendimentos familiares dos representantes neste estado. Nota-se que 47,2% ganham acima de R$ 4.001,00, sendo este o menor percentual encontrado entre os estados já analisados (tais como: Paraná, 90,4%, Goiás, 87%, Alagoas, 71,7% e Sergipe, 53%). Entretanto, os resultados encontrados ainda indicam um perfil com renda acima da média do país, se comparada com o valor do salário mínimo. Reforçando os apontamentos realizados no parágrafo anterior, de que o perfil apre- sentado por eles seria abrangente o suficiente para também representar os interes- ses de grupos historicamente vulneráveis e que não alcançam o status de membro dos comitês de bacia hidrográfica, mas que possuem interesses diretos nos usos das águas. E, ainda, se eles representam efetivamente os grupos que não possuem repre- sentação nos comitês e que exprimem outras linguagens, saberes e formações, mas, no entanto, são representativos na bacia. Os comitês de bacia, possuem a missão de administrar as opiniões divergentes e construir soluções inovadoras de forma participativa e democrática. Esses arranjos, por meio dos seus membros, possuem o poder de decisão sobre uma série de ques- tões importantes na sua bacia, a articulação entre diversos agentes, a atuação em primeira instância em caso de conflito e aprovação do plano de recursos hídricos da bacia. São muitos os interesses e sujeitos envolvidos que devem ser levados em con- sideração para a gestão dos recursos hídricos, a partir da explicitação dos interesses, perspectivas e anseios de cada segmento e, ainda assim, buscando no interesse co- letivo (cooperação), que é o uso racional dos recursos hídricos.
  • 44. 44 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Quanto ao perfil participativo, nota-se que a maioria dos representantes 80,9% faz parte da composição de comitês em período inferior a 6 anos (de 1 a 5 anos, 47,2%), evidenciando alta rotatividade no interior dos mesmos. Contudo, é importante res- saltar que dois (dos três) dos comitês de bacia do Rio Grande do Norte, atualmente instalados, foram criados no ano de 2010 (à exceção do Pitimbu, criado em 2004, vide Tabela 1). Outro ponto, refere-se ao percentual de participação em outras es- feras políticas, ou seja, experiência em outros processos deliberativos, sendo tam- bém membros de outros organismos colegiados nacionais, estaduais e municipais, indicando, assim, alguma experiência neste tipo de atividade. Foi observado que 8% dos respondentes também participam de outros organismos de gestão de recursos hídricos e 36% participam de organismos colegiados em outras áreas. E ainda, o en- volvimento dos entrevistados em outros arranjos de governança podem aprofundar o conhecimento sobre a realidade territorial, as competências políticas e os contatos com outros atores que porventura podem contribuir para atuação deles nos comitês de bacia no qual fazem parte. No que diz respeito à relação entre representante e representado, a maioria dos re- presentantes alega que mantêm frequentemente ou sempre contato com a organi- zação que representa, o que é crucial para analisar o quão representativo é o agente. A concentração de consultas se faz para definir e sustentar algum posicionamento no âmbito do Comitê de bacia (66,6%) e para relatar os debates e as deliberações do CBH (62,5%). Embora também tenha sido observado que 26,1% dos respondentes não mantêm contatos regulares (às vezes e raramente) com a base de apoio (gráfico 10). Os dados indicam que a atuação dos agentes podem nem sempre condizer com os interesses da organização no qual representa no Comitê, podendo, ainda apontar uma possível sub-representação sobre os poderes do representante e ao conteúdo da representação. Este resultado evidencia que, mesmo quando mantêm contato com a base, quer dizer, a organização no qual representam, não o fazem ainda de forma frequente, neste sentido, este seria um problema de representação que pode ser resolvido pela melhoria da comunicação ou seria da prestação de contas por parte do representantes com a organização de origem dele? A Agência Nacional das Águas recomenda que sejam estabelecidos procedimentos para que esses represen- tantes, de fato, exerçam bem suas funções de representação. E ainda, há de se definir como esse representante deve informar e consultar a base representada e, assim, ter o exercício do seu mandato legitimado a cada debate e decisão a ser tomada no âmbito do comitê de bacia (ANA, 2011).
  • 45. 45 ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte Levando em consideração as percepções dos representantes dos comitês de bacia hidrográfica do Rio Grande do Norte, pode-se concluir, de modo geral, que a situa- ção atual dos comitês é preocupante e que sua estrutura ainda se mostra frágil, em diversos pontos, seja em relação ao ideal democrático ou aos objetivos primordiais deste tipo de organização. No que tange ao funcionamento dos comitês, criados e instalados no estado do Rio Grande do Norte, foram apontados os seguintes pontos como as maiores dificuldades pelos representantes: “falta de recursos financeiros”, com 20%, seguida pela “excesso de burocracia”, com 16%. A participação dos representantes é um fator crítico e princípio fundamental para a gestão e governanças das águas, tendo em vista a possibilidade de melhorar a qualidade das decisões, dar legitimidade à gestão, melhorar as relações entre os atores envolvidos. O estudo da representação, como aponta Simione (2018), impor- ta na medida em que permite observar quão representativa é uma instituição par- ticipativa da população em geral (idade, sexo, educação), e se não têm grupos ou interesses relevantes excluídos da participação, ao mesmo tempo em que ajuda na identificação da distribuição do poder dentro das instituições participativas. Estudar a representação em espaços deliberativos serve para fornecer conhecimentos sobre os modos pelos quais os esforços de ampliar a participação de diferentes setores da sociedade se dão. O aprimoramento da representação social é fator importante para garantir a legitimidade de tais espaços. Tal aprimoramento implica em que todos os grupos de interesse estejam representados, que tais representantes tenham a mes- ma condição de apresentar suas ideias, debater e se posicionar quanto à tomada de decisões. Além disso, não se pode esquecer que a representação demanda também um olhar sobre como ela é construída, ou seja, como os representantes são selecio- nados e em que extensão a atuação deles nos comitês reflete as necessidades dos representados. Este olhar, apresentado por este relatório, é fundamental para todos aqueles preocupados com o fortalecimento da democratização das gestão de políti- cas públicas, mais especificamente na questão da gestão das águas.
  • 46. REFERÊNCIAS ANA - Agência Nacional de Águas O Comitê de Bacia Hidrográfica: O que é o que faz?. Agência Nacional das Águas (Cadernos de capacitação em recursos hídricos; v. 1. Brasília: SAG., 2011. ANA - Agência Nacional de Águas. Comitês de Bacia Hidrográfica. Disponível em: <https://www.ana.gov. br/aguas-no-brasil/sistema-de-gerenciamento-de-recursos-hidricos/comites-de-bacia-hidrografica/ rio_grande_norte>. Acesso em: 25 de set. de 2020. BOBBIO, N. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. BRASIL. Lei nº. 9.433. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e al- tera o art. 1º da Lei nº. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº. 7.990, de 28 de dezembro de 1989. De 8 de Janeiro de 1997. CHHOTRAY, V.; STOKER, G. Governance Theory and Practice: A Cross-Disciplinary Approach. England: Palgrave Macmillian, 2009. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2018. IBGE. Censo, 2010. IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br RIO GRANDE DO NORTE. Lei nº 6.908. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos - SIGERH e dá outras providências. De 1º de ju- lho de 1996.
  • 47. ///Retratos de Governanças das Águas - Perfil dos Representantes Membros de Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte 47 RIO GRANDE DO NORTE. Decreto nº 13.836. Regulamenta o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNERH, criado pela Lei 6.908 de 01 de julho de 1996, e dá outras providências. De 11 de março de 1998. RIO GRANDE DO NORTE. Lei nº 8.086. Cria o Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte – IGARN, e dá outras providências. De 15 de abril de 2002. SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves; AZEVEDO, Sérgio; RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Democracia e gestão local: a experiência dos conselhos municipais no Brasil. IN: SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves; Azevedo, Sérgio; RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Governança democrática e poder local: a experiência dos conse- lhos municipais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, Fase, 2004. SIMIONE, A.A.N da S. Participação social e efetividade da deliberação em conselhos locais em Moçambique. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração, 2018.