Amélia pede ao pai vários animais de estimação, incluindo uma águia, cavalo, elefante e baleia. O pai recusa todas as sugestões, dizendo que os animais precisam de muito espaço. No final, Amélia pede um cão, que o pai aceita, feliz por ter chegado a uma solução razoável.
3. Amélia entrou na sala.
O pai estava sentado no seu
cadeirão favorito
a ler o jornal.
─ Pai ─ disse ela ─ , estava a
pensar…
O pai suspirou.
«Normalmente, quando a Amélia
pensa, significa que temos
problemas.»
4. Amélia continuou:
─ Pai, podemos ter um cão?
Podíamos levá-lo a passear ao
parque e ele depois podia dormir
no meu quarto e assim não deixava
que os monstros se aproximassem
da minha cama.
5. ─ Não, Amélia, não podemos ter um
cão?
Os cães ladram e precisam de muitos
cuidados.
─ Oh! ─ Disse Amélia, e foi para o
quarto muito triste.
6. Mas passado um bocado, ela voltou.
─ Pai, se não podemos ter um cão,
podemos estão ter uma águia?
Fazíamos-lhe aqui um ninho e não
era preciso levá-la a passear.
7. ─ Oh! ─ disse
Amélia, e foi para
o quarto muito
triste.
─ Não, não podemos ter
uma águia.
As águias vivem nas
montanhas e precisam de
muito espaço para voar.
Uma águia ficaria muito
triste fechada dentro de
casa.
8. Mas um pouco mais tarde, ela voltou e disse:
─ Se não podemos ter uma águia, podemos pelo menos
ter um cavalo? Punha obstáculos na cozinha e dava
umas voltas com ele.
9. ─ Amélia, querida, não podemos ter um
cavalo.
Os cavalos vivem no campo e precisam de
muita erva pra comer. Um cavalo não
gostaria de viver aqui.
─ Oh! ─ disse Amélia, e foi para o quarto
muito triste.
10. Mas passado um bocado, ela voltou
outra vez.
─ Pai, se não podemos ter um cavalo,
podemos ter um elefante?
Ele acordava-me com a sua tromba e
prometo-te que me levantava logo
para ir para a escola.
11. ─ Oh! ─ disse Amélia, e foi para
o quarto muito triste.
─ Elefantes, Amélia?
Os elefantes são
grandes, tão grandes
que quase não cabem
nesta sala.
Eles gostam de viver em
espaços imensos, muito
abertos, e de coçar as
costas nas árvores.
Não, não podemos ter
um elefante.
Para mais, nem sequer
passava pela porta.
Agora vai brincar para o
teu quarto.
12. O pai estava prestes a
abrir o jornal quando a
ouviu de novo.
─ Se não podemos ter
um elefante, podemos
ter uma baleia?
Eu subia para as costas
dela e ela atirava-me
ao ar com o seu repuxo
de água.
13. ─ Amélia, as baleias são enormes! Maiores que toda esta casa!
Ainda por cima, vivem no mar e precisam de muita, muita água.
14. ─ Podíamos guardá-la na banheira ─ disse Amélia, esperançada.
─ Amélia, pela última vez, não podemos ter uma baleia.
Também não podemos ter um tigre, nem um crocodilo, nem um
canguru, nem um hipopótamos, nem um dinossáurio!
Agora, por favor, vai brincar para o teu quarto e deixa-me ler o
jornal em paz.
─ Oh! ─ disse Amélia, e foi para o quarto muito triste.
15. Alguns minutos depois, ela voltou.
─ Se não podemos ter uma águia,
nem um cavalo,
nem um elefante,
nem uma baleia,
nem um tigre,
nem um crocodilo,
nem um canguru,
nem um hipopótamo,
nem um dinossáurio,
podemos então ter um cãozinho?
16. Amélia abraçou o pai e deu-lhe um
beijo.
─ Obrigada! Obrigada! És o melhor
pai do mundo!
─ Um cão? Um cachorro?
Amélia, essa é uma ideia
fantástica!
Um cachorrinho… não tem
problema nenhum!
Podíamos levá-lo a passear ao
parque e até dormiria no teu quarto
para os monstros não se
aproximarem.
Sim, sim! Será maravilhoso ter um
cachorro!
17. Amélia foi para o
quarto a pensar:
«Às vezes custa muito
convencer os mais
crescidos,
mas eles lá acabam por
chegar à razão.»