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Discurso proferido durante a colação de grau dos bacharéis em
Comunicação Social da turma 2012/2 da UFES.
por Emerson Campos
Prezadas formandas e prezados formandos; mães e pais; amigos e familiares; estimados
companheiros da Universidade Federal do Espírito Santo e demais presentes, boa noite!
Em janeiro de 2012, aproximadamente um ano antes de sua morte, o ex-presidente
venezuelano Hugo Chávez prometeu não ser tão prolixo em um discurso e depois falou
durante nove horas e trinta minutos ininterruptos. Eu, na época repórter, estava cobrindo
esse discurso. Desde então prefiro evitar esse tipo de promessa sobre prazos em falas
públicas, mas espero realmente ser breve para dar prosseguimento a esta festa bonita de
vocês.
Quando iniciei a honrosa, porém carregada em responsabilidade, tarefa de escrever este
discurso, travei. Cabeça hermética. Nenhuma palavra escrita no papel durante semanas.
Como é difícil escrever uma fala de tamanha importância. Mas, já dizia o jornalista
Fernando Lacerda, meu paraninfo: a humildade é boa companheira.
Por isso, ao invés começar com palavras inéditas (ainda que nenhuma o seja) ou, ainda,
de pretensiosamente buscar qualquer verso rebuscado de próprio punho, tomo emprestado
os escritos do mineiro João Guimarães Rosa, que repito sempre, seja em discursos
importantes como este ou em rodas de boteco, sem qualquer culpa pela não-originalidade,
como se fosse um mantra: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e
esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é
coragem”.
Repito.
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
E com a ajuda do filho prodígio de Codisburgo, ofereço o gancho para a reportagem, o
briefing do job. É disso que quero falar hoje: do correr da vida e da coragem necessária
para enfrentá-la. Coragem que vejo refletida no olhar de cada um de vocês, caríssimas e
caríssimos colegas de profissão, prestes a tirar essa beca e encarar de frente esse mundão
enorme aí fora. "Mundo, mundo, vasto mundo". Mundo tão grande que fez Carlos
Drummond de Andrade escrever:
“Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as
minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por
isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos”.
Ora. E não é justamente isso que Drummond escreveu que significa ser um bom
comunicólogo? Em um texto, se despir perante o mundo utilizando suas palavras como
arma de transformação social?
Para que a pena da caneta de vocês (ou a tela touch do smarthphone mesmo!) esteja
sempre calibrada para fazer a diferença, gostaria de compartilhar quatro pilares que julgo
fundamentais para a nossa atividade profissional. E já antecipo. Todos vocês já têm os
quatro pilares. Trata-se apenas de cultivá-los para que floresçam.
Primeiro pilar: ser inconformado.
Este primeiro ponto é um repeteco da nossa aula da saudade, na última segunda-feira,
mas que agora externo a todos os presentes. É comum na vida ordinária nos habituarmos
ao hegemônico, ao estabelecido. Mais que comum, parece confortável. É sempre mais
fácil dizer sim do que não. Aceitar do que contrapor. É mais cômodo crer que sempre foi
assim ou que não há nada que possamos fazer. Que o mundo aí fora é esse mesmo. Essa
categoria de pensamento crítico que proponho pode ganhar diferentes nomes. A brilhante
filósofa brasileira, Marilena Chauí, definiria, talvez, como o que ela chama de atitude
filosófica, que nada mais é do que esse olhar sempre pronto para negar e questionar o que
nos é empurrado goela abaixo, como a miséria, a fome, o racismo, o machismo, a
homofobia, as injustiças sociais, os golpes políticos. Já o filósofo Walter Benjamin, da
Escola de Frankfurt, definiria esse inconformismo como uma atitude melancólica que não
nos congela, mas serve de impulso para, a partir do incomodo profundo, modificarmos a
realidade. Eu, como sempre faço em sala de aula, prefiro chamar de subversão. E uma
subversão que leva à revolução. Como bem disse Ernesto Che Guevara: “ser jovem e não
ser revolucionário é uma contradição genética”. Somos jovens, somos moralmente
responsáveis por subverter qualquer quadro que nos pareça injusto. Novamente
lembrando Drummond, abro aspas. “Crimes do mundo, como perdoá-los? Tomei parte
em muitos, outros escondi”. Por isso, sejam corajosos. A omissão não é uma
possibilidade.
Segundo pilar: cultivar a gratidão.
E aqui quero falar de cachorros, afinal qual ser mais grato? Existe uma frase dessas
prontas, que francamente desconheço a origem, mas acredito ter saído de algum
blockbuster de sucesso, e que sou obrigado a concordar. Ela diz mais ou menos o seguinte:
“você pode ser o maior canalha do mundo, mas quando você voltar para a casa, para o
seu cachorro você será a pessoa mais incrível deste planeta”. É que ele – em sua condição
não-humana – sabe agradecer pela atenção dispensada não dando a mínima para
convenções, até porque não as conhece. E aqui faço um breve recorte para me fazer
entender aos demais presentes que já devem estar se perguntando: por que esse cara está
falando de cachorros? Bom, todos nós somos múltiplos. Além de jornalista, professor e
pesquisador, sou defensor e um apaixonado pelos animais. Sabendo da minha paixão, as
formandas e os formandos aqui presentes arquitetaram uma surpresa na UFES, em plena
aula do laboratório de Assessoria de Imprensa, com dezenas de cachorrinhos fofíssimos
no pátio, inclusive os meus dois, para me convidarem para estar aqui esta noite, como
paraninfo. Eles com certeza não imaginam isso, mas foi um gesto de gratidão tão repleto
de carinho, de atenção e de uma ternura pura, quase ingênua, que ainda não consigo
explicar e que, certamente, jamais vou esquecer. Para qualquer professor, jovem ou
experiente, isso vale mais do que títulos de mestre ou doutor, que qualquer artigo
publicado, que qualquer prêmio. Digo sem qualquer demagogia: não tem pulitzer ou leão
de ouro de cannes com valor maior. A melhor parte da minha biografia profissional foram
vocês que escreveram.
E é preciso ter coragem para assumir uma postura de gratidão tão pura e espontânea assim
em relação ao outro, afinal é necessário abaixar a guarda. Muitas vezes, no nosso
cotidiano evitamos um muito obrigado, seja do aluno para o professor ou vice-versa,
pensando em manter as aparências de títulos ou convenções sociais. Por isso, agradeço
por aquele dia e por tantos outros em sala de aula, quando com gestos de gratidão,
explícitos ou não, me ensinaram como é prazeroso ensinar e, sobretudo, aprender junto
de vocês. “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem, de repente, aprende”, dizia
Guimarães Rosa. Então insisto aqui no que disse na segunda-feira. Vocês marcaram a
minha história e certamente nunca mais vou entrar em uma sala de aula como antes. Por
isso, também reforço: perder essa postura de gratidão com o outro não é uma possibilidade
aceitável no correr da vida. Cultivem e multipliquem essa prática pura. Sejam gratos aos
seus pais, aos seus amigos, aos colegas de trabalho e a todas as pessoas, que sempre serão,
de alguma forma, o combustível daquilo que fazemos. O bem só traz o bem.
Terceiro pilar: lutar pela educação.
E aqui gostaria de retomar outro ponto de nossa aula da saudade. Na segunda-feira
convoquei vocês a defenderem nossa universidade pública, gravemente ameaçada por um
projeto retrógrado, de um governo golpista, que busca eliminar programas de acesso e
permanência nos institutos federais e retira recursos da educação superior, minando a
autonomia das universidades com um único objetivo: o sucateamento do ensino público
e gratuito em prol de uma educação baseada no capital e na exploração das classes
trabalhadoras. Longe de mim querer transformar esse momento tão especial em palanque
político, mas problematizo, afinal, qual o discurso não é político? Nenhuma escola é e
jamais deve ser sem partido, pois tomar partido não deve ser entendido como uma postura
totalitária, ao contrário, deve ser uma atitude política, ou filosófica, como falávamos
agora há pouco, nos permitindo um movimento dialético que contribua para o
crescimento social. Foi nesta perspectiva que, dentro da Comunicação Social, discutimos
temas como homofobia, misoginia, racismo e tantos outros que passam despercebidos no
cotidiano e em muitos cursos superiores. Pois bem. Quando chamo vocês, formandas e
formandos da UFES, a defendê-la, não é por vocês ou por mim. Queiramos ou não, nós
fazemos parte de uma seleta minoria neste país que conseguiu vencer todos os funis do
sistema de ensino e concluir um curso superior. Portanto, ainda que o cenário do mercado
não inspire muita confiança, somos sim, de certa forma, privilegiados em relação a tantos
outros. Por isso meu chamado é por aqueles que ainda não conseguiram acesso e que
precisam de uma universidade pública e de qualidade. É justamente pelas periferias, pelos
negros, pelas comunidades tradicionais. É por todos aqueles que não querem nenhum
privilégio, querem apenas condições iguais de acesso e permanência naquilo que é
público. E querem, com razão, um serviço público de qualidade e excelência.
Mas, afinal, como defendê-la? Como defender a universidade?
Nós, comunicólogos, na maioria absoluta das vezes deixamos passar ao largo a percepção
de que somos, também, de certa forma, educadores. O próprio Paulo Freire lembrava, em
Pedagogia do Oprimido, o papel libertário que os meios de comunicação deveriam
exercer, mas não exercem. Theodor Adorno, que viveu e estudou o horror do fascismo na
Alemanha nazista, dizia ser impossível uma democracia efetiva sem uma sociedade
plenamente emancipada. Para isso ele vislumbrava a possibilidade de um movimento
contra-hegemônico na Indústria Cultural, onde os meios de comunicação estão inseridos,
para uma emancipação dos indivíduos (E afinal, não é isso que vemos com a internet?).
Enfim, nós, jornalistas e publicitários, atuamos na superestrutura da sociedade,
construindo, ainda que às vezes de maneira despercebida, o imaginário e o pensamento
das pessoas sobre uma época. Para romper essa distração, retomo a necessidade do olhar
inconformado. E da coragem para agir como educadores. Coragem para colocar uma
mulher transexual em um comercial do dia das mulheres, para trazer um comercial de
margarina sem a tradicional família de comercial de margarina, para estampar na
manchete do jornal que o menor da periferia vale tanto quanto o jovem universitário da
Praia do Canto, coragem e sabedoria para enfrentar os críticos e bradar aos quatro cantos:
não precisamos do fim da escola pública, mas de sua universalização. Fazendo tudo isso,
vocês estarão lutando pela educação.
Quarto pilar: cultivar o amor
Por fim e ao fim, gostaria de falar da coragem de cultivar o amor. Neste dia, que marca
mudança, que marca o início de um novo momento, o frio na barriga é inevitável. E
acreditem. É o mesmo frio na barriga que qualquer professor sente ao entrar pela primeira
vez em sala com uma turma nova, ou que um bom jornalista sente ao conseguir a
entrevista exclusiva com aquela fonte tão cobiçada. Ou que o publicitário sente enquanto
aguarda a campanha da maior conta de sua vida estrear em horário nobre. Frios na barriga
são inevitáveis. E, imagino agora, o frio na barriga de todas as mães e todos os pais que
aqui se fazem presentes. Fisicamente ou espiritualmente. Mães e pais de diferentes
origens, com diferentes trajetórias de luta e superação, que carregam no íntimo do seu
coração a lembrança de cada frio na barriga ao levá-los pela primeira vez na escola, ao
correrem para o hospital na primeira gripe ou na primeira queda, ao compartilharem as
frustrações e alegrias com o primeiro beijo ou o primeiro namoro, ao comemorarem a
aprovação no vestibular, e, agora, aqui, ao perceberem que vocês se tornaram adultos,
emancipados, livres, competentes para mudar o mundo que vos espera e, sobretudo,
pessoas tão amáveis. Nós, professores, da educação infantil até a graduação,
problematizamos, questionamos, ensinamos o bê-á-bá, e buscamos em nosso melhor
contribuir para a formação de cada um de vocês. Mas, a forma como cada indivíduo se
porta perante os diferentes frios na barriga que a vida nos traz – alguns de alegria, outros
de preocupação – é herança dos pais. Sempre acreditei e acredito que cultivar o amor é o
melhor caminho para superar esses momentos de ansiedade. Afinal, é o amor que agrega
ao nosso lado tudo aquilo que precisamos para vencer qualquer desafio. É por amor àquilo
que acreditamos que estudamos para sermos os melhores na profissão escolhida, é por
amor ao próximo que buscamos fazer a diferença no nosso trabalho, é por amor aos
amigos, que conseguimos caminhar sempre ao lado de pessoas incríveis, que nos servem
de referência e ajudam a superar cada desafio. Por isso, mais uma vez, como fizemos na
segunda-feira, peço que olhem em volta. Ao lado de vocês estão as melhores pessoas que
vocês conhecerão na vida de vocês. E é por amor que estarão sempre juntos. Eu tive o
privilégio de ver, ao longo do período em que convivemos na UFES, como todas as mães
e pais aqui presentes lhes ensinaram a amar de forma intensa e desmedida. Não percam
isso. Amem seus pais, amem seus amigos, amem sua profissão, amem o conhecimento
que liberta, emancipa, amem uma sociedade mais justa. Às mães e pais, parabéns pela
conquista. Vocês são os protagonistas. Aos novos colegas de profissão. Amem.
Simplesmente amem. Pois como diria Lulu Santos:
"Todo mundo sabe
Deve ser verdade. Andaram grafitando pelos muros da cidade
Que o amor é uma oportunidade
Não importa cor, credo, sexo ou idade"
Muito obrigado!

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Discurso proferido durante a colação de grau dos bacharéis em Comunicação Social da turma 2012/2 da UFES.

  • 1. Discurso proferido durante a colação de grau dos bacharéis em Comunicação Social da turma 2012/2 da UFES. por Emerson Campos Prezadas formandas e prezados formandos; mães e pais; amigos e familiares; estimados companheiros da Universidade Federal do Espírito Santo e demais presentes, boa noite! Em janeiro de 2012, aproximadamente um ano antes de sua morte, o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez prometeu não ser tão prolixo em um discurso e depois falou durante nove horas e trinta minutos ininterruptos. Eu, na época repórter, estava cobrindo esse discurso. Desde então prefiro evitar esse tipo de promessa sobre prazos em falas públicas, mas espero realmente ser breve para dar prosseguimento a esta festa bonita de vocês. Quando iniciei a honrosa, porém carregada em responsabilidade, tarefa de escrever este discurso, travei. Cabeça hermética. Nenhuma palavra escrita no papel durante semanas. Como é difícil escrever uma fala de tamanha importância. Mas, já dizia o jornalista Fernando Lacerda, meu paraninfo: a humildade é boa companheira. Por isso, ao invés começar com palavras inéditas (ainda que nenhuma o seja) ou, ainda, de pretensiosamente buscar qualquer verso rebuscado de próprio punho, tomo emprestado os escritos do mineiro João Guimarães Rosa, que repito sempre, seja em discursos importantes como este ou em rodas de boteco, sem qualquer culpa pela não-originalidade, como se fosse um mantra: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Repito. “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
  • 2. E com a ajuda do filho prodígio de Codisburgo, ofereço o gancho para a reportagem, o briefing do job. É disso que quero falar hoje: do correr da vida e da coragem necessária para enfrentá-la. Coragem que vejo refletida no olhar de cada um de vocês, caríssimas e caríssimos colegas de profissão, prestes a tirar essa beca e encarar de frente esse mundão enorme aí fora. "Mundo, mundo, vasto mundo". Mundo tão grande que fez Carlos Drummond de Andrade escrever: “Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos”. Ora. E não é justamente isso que Drummond escreveu que significa ser um bom comunicólogo? Em um texto, se despir perante o mundo utilizando suas palavras como arma de transformação social? Para que a pena da caneta de vocês (ou a tela touch do smarthphone mesmo!) esteja sempre calibrada para fazer a diferença, gostaria de compartilhar quatro pilares que julgo fundamentais para a nossa atividade profissional. E já antecipo. Todos vocês já têm os quatro pilares. Trata-se apenas de cultivá-los para que floresçam. Primeiro pilar: ser inconformado. Este primeiro ponto é um repeteco da nossa aula da saudade, na última segunda-feira, mas que agora externo a todos os presentes. É comum na vida ordinária nos habituarmos ao hegemônico, ao estabelecido. Mais que comum, parece confortável. É sempre mais fácil dizer sim do que não. Aceitar do que contrapor. É mais cômodo crer que sempre foi assim ou que não há nada que possamos fazer. Que o mundo aí fora é esse mesmo. Essa categoria de pensamento crítico que proponho pode ganhar diferentes nomes. A brilhante filósofa brasileira, Marilena Chauí, definiria, talvez, como o que ela chama de atitude filosófica, que nada mais é do que esse olhar sempre pronto para negar e questionar o que nos é empurrado goela abaixo, como a miséria, a fome, o racismo, o machismo, a homofobia, as injustiças sociais, os golpes políticos. Já o filósofo Walter Benjamin, da Escola de Frankfurt, definiria esse inconformismo como uma atitude melancólica que não nos congela, mas serve de impulso para, a partir do incomodo profundo, modificarmos a
  • 3. realidade. Eu, como sempre faço em sala de aula, prefiro chamar de subversão. E uma subversão que leva à revolução. Como bem disse Ernesto Che Guevara: “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Somos jovens, somos moralmente responsáveis por subverter qualquer quadro que nos pareça injusto. Novamente lembrando Drummond, abro aspas. “Crimes do mundo, como perdoá-los? Tomei parte em muitos, outros escondi”. Por isso, sejam corajosos. A omissão não é uma possibilidade. Segundo pilar: cultivar a gratidão. E aqui quero falar de cachorros, afinal qual ser mais grato? Existe uma frase dessas prontas, que francamente desconheço a origem, mas acredito ter saído de algum blockbuster de sucesso, e que sou obrigado a concordar. Ela diz mais ou menos o seguinte: “você pode ser o maior canalha do mundo, mas quando você voltar para a casa, para o seu cachorro você será a pessoa mais incrível deste planeta”. É que ele – em sua condição não-humana – sabe agradecer pela atenção dispensada não dando a mínima para convenções, até porque não as conhece. E aqui faço um breve recorte para me fazer entender aos demais presentes que já devem estar se perguntando: por que esse cara está falando de cachorros? Bom, todos nós somos múltiplos. Além de jornalista, professor e pesquisador, sou defensor e um apaixonado pelos animais. Sabendo da minha paixão, as formandas e os formandos aqui presentes arquitetaram uma surpresa na UFES, em plena aula do laboratório de Assessoria de Imprensa, com dezenas de cachorrinhos fofíssimos no pátio, inclusive os meus dois, para me convidarem para estar aqui esta noite, como paraninfo. Eles com certeza não imaginam isso, mas foi um gesto de gratidão tão repleto de carinho, de atenção e de uma ternura pura, quase ingênua, que ainda não consigo explicar e que, certamente, jamais vou esquecer. Para qualquer professor, jovem ou experiente, isso vale mais do que títulos de mestre ou doutor, que qualquer artigo publicado, que qualquer prêmio. Digo sem qualquer demagogia: não tem pulitzer ou leão de ouro de cannes com valor maior. A melhor parte da minha biografia profissional foram vocês que escreveram. E é preciso ter coragem para assumir uma postura de gratidão tão pura e espontânea assim em relação ao outro, afinal é necessário abaixar a guarda. Muitas vezes, no nosso cotidiano evitamos um muito obrigado, seja do aluno para o professor ou vice-versa,
  • 4. pensando em manter as aparências de títulos ou convenções sociais. Por isso, agradeço por aquele dia e por tantos outros em sala de aula, quando com gestos de gratidão, explícitos ou não, me ensinaram como é prazeroso ensinar e, sobretudo, aprender junto de vocês. “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem, de repente, aprende”, dizia Guimarães Rosa. Então insisto aqui no que disse na segunda-feira. Vocês marcaram a minha história e certamente nunca mais vou entrar em uma sala de aula como antes. Por isso, também reforço: perder essa postura de gratidão com o outro não é uma possibilidade aceitável no correr da vida. Cultivem e multipliquem essa prática pura. Sejam gratos aos seus pais, aos seus amigos, aos colegas de trabalho e a todas as pessoas, que sempre serão, de alguma forma, o combustível daquilo que fazemos. O bem só traz o bem. Terceiro pilar: lutar pela educação. E aqui gostaria de retomar outro ponto de nossa aula da saudade. Na segunda-feira convoquei vocês a defenderem nossa universidade pública, gravemente ameaçada por um projeto retrógrado, de um governo golpista, que busca eliminar programas de acesso e permanência nos institutos federais e retira recursos da educação superior, minando a autonomia das universidades com um único objetivo: o sucateamento do ensino público e gratuito em prol de uma educação baseada no capital e na exploração das classes trabalhadoras. Longe de mim querer transformar esse momento tão especial em palanque político, mas problematizo, afinal, qual o discurso não é político? Nenhuma escola é e jamais deve ser sem partido, pois tomar partido não deve ser entendido como uma postura totalitária, ao contrário, deve ser uma atitude política, ou filosófica, como falávamos agora há pouco, nos permitindo um movimento dialético que contribua para o crescimento social. Foi nesta perspectiva que, dentro da Comunicação Social, discutimos temas como homofobia, misoginia, racismo e tantos outros que passam despercebidos no cotidiano e em muitos cursos superiores. Pois bem. Quando chamo vocês, formandas e formandos da UFES, a defendê-la, não é por vocês ou por mim. Queiramos ou não, nós fazemos parte de uma seleta minoria neste país que conseguiu vencer todos os funis do sistema de ensino e concluir um curso superior. Portanto, ainda que o cenário do mercado não inspire muita confiança, somos sim, de certa forma, privilegiados em relação a tantos outros. Por isso meu chamado é por aqueles que ainda não conseguiram acesso e que precisam de uma universidade pública e de qualidade. É justamente pelas periferias, pelos negros, pelas comunidades tradicionais. É por todos aqueles que não querem nenhum
  • 5. privilégio, querem apenas condições iguais de acesso e permanência naquilo que é público. E querem, com razão, um serviço público de qualidade e excelência. Mas, afinal, como defendê-la? Como defender a universidade? Nós, comunicólogos, na maioria absoluta das vezes deixamos passar ao largo a percepção de que somos, também, de certa forma, educadores. O próprio Paulo Freire lembrava, em Pedagogia do Oprimido, o papel libertário que os meios de comunicação deveriam exercer, mas não exercem. Theodor Adorno, que viveu e estudou o horror do fascismo na Alemanha nazista, dizia ser impossível uma democracia efetiva sem uma sociedade plenamente emancipada. Para isso ele vislumbrava a possibilidade de um movimento contra-hegemônico na Indústria Cultural, onde os meios de comunicação estão inseridos, para uma emancipação dos indivíduos (E afinal, não é isso que vemos com a internet?). Enfim, nós, jornalistas e publicitários, atuamos na superestrutura da sociedade, construindo, ainda que às vezes de maneira despercebida, o imaginário e o pensamento das pessoas sobre uma época. Para romper essa distração, retomo a necessidade do olhar inconformado. E da coragem para agir como educadores. Coragem para colocar uma mulher transexual em um comercial do dia das mulheres, para trazer um comercial de margarina sem a tradicional família de comercial de margarina, para estampar na manchete do jornal que o menor da periferia vale tanto quanto o jovem universitário da Praia do Canto, coragem e sabedoria para enfrentar os críticos e bradar aos quatro cantos: não precisamos do fim da escola pública, mas de sua universalização. Fazendo tudo isso, vocês estarão lutando pela educação. Quarto pilar: cultivar o amor Por fim e ao fim, gostaria de falar da coragem de cultivar o amor. Neste dia, que marca mudança, que marca o início de um novo momento, o frio na barriga é inevitável. E acreditem. É o mesmo frio na barriga que qualquer professor sente ao entrar pela primeira vez em sala com uma turma nova, ou que um bom jornalista sente ao conseguir a entrevista exclusiva com aquela fonte tão cobiçada. Ou que o publicitário sente enquanto aguarda a campanha da maior conta de sua vida estrear em horário nobre. Frios na barriga são inevitáveis. E, imagino agora, o frio na barriga de todas as mães e todos os pais que aqui se fazem presentes. Fisicamente ou espiritualmente. Mães e pais de diferentes
  • 6. origens, com diferentes trajetórias de luta e superação, que carregam no íntimo do seu coração a lembrança de cada frio na barriga ao levá-los pela primeira vez na escola, ao correrem para o hospital na primeira gripe ou na primeira queda, ao compartilharem as frustrações e alegrias com o primeiro beijo ou o primeiro namoro, ao comemorarem a aprovação no vestibular, e, agora, aqui, ao perceberem que vocês se tornaram adultos, emancipados, livres, competentes para mudar o mundo que vos espera e, sobretudo, pessoas tão amáveis. Nós, professores, da educação infantil até a graduação, problematizamos, questionamos, ensinamos o bê-á-bá, e buscamos em nosso melhor contribuir para a formação de cada um de vocês. Mas, a forma como cada indivíduo se porta perante os diferentes frios na barriga que a vida nos traz – alguns de alegria, outros de preocupação – é herança dos pais. Sempre acreditei e acredito que cultivar o amor é o melhor caminho para superar esses momentos de ansiedade. Afinal, é o amor que agrega ao nosso lado tudo aquilo que precisamos para vencer qualquer desafio. É por amor àquilo que acreditamos que estudamos para sermos os melhores na profissão escolhida, é por amor ao próximo que buscamos fazer a diferença no nosso trabalho, é por amor aos amigos, que conseguimos caminhar sempre ao lado de pessoas incríveis, que nos servem de referência e ajudam a superar cada desafio. Por isso, mais uma vez, como fizemos na segunda-feira, peço que olhem em volta. Ao lado de vocês estão as melhores pessoas que vocês conhecerão na vida de vocês. E é por amor que estarão sempre juntos. Eu tive o privilégio de ver, ao longo do período em que convivemos na UFES, como todas as mães e pais aqui presentes lhes ensinaram a amar de forma intensa e desmedida. Não percam isso. Amem seus pais, amem seus amigos, amem sua profissão, amem o conhecimento que liberta, emancipa, amem uma sociedade mais justa. Às mães e pais, parabéns pela conquista. Vocês são os protagonistas. Aos novos colegas de profissão. Amem. Simplesmente amem. Pois como diria Lulu Santos: "Todo mundo sabe Deve ser verdade. Andaram grafitando pelos muros da cidade Que o amor é uma oportunidade Não importa cor, credo, sexo ou idade" Muito obrigado!