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1
DIREITO AO SILÊNCIO NO PROCESSO CIVIL
BRASILEIRO (ARTS. 347, CPC, E 229, CC)1
Fredie Didier Jr.∗
SUMÁRIO: 1 NOÇÃO; 2 GENERALIDADES SOBRE O DEPOIMENTO
DA PARTE; 3 A RECUSA LÍCITA DE DEPOR: O DIREITO AO
SILÊNCIO; 3.1 NOÇÃO; 3.2 DIREITO OU DEVER DE SILÊNCIO; 3.3
DIREITO AO SILÊNCIO EM RELAÇÃO A FATOS CRIMINOSOS OU
TORPES; 3.4 DIREITO AO SILÊNCIO SOBRE FATOS RELACIONADOS
À VIDA FAMILIAR OU À ATIVIDADE PROFISSIONAL; 3.5 OUTRAS
HIPÓTESES EXPRESSAS, EM QUE SE RECONHECE O DIREITO AO
SILÊNCIO, PREVISTAS NO CÓDIGO CIVIL (ART. 229); 3.6 REGRA
GERAL DE ESCUSA.
1 NOÇÃO
O direito ao silêncio é um dos temas mais interessantes e,
curiosamente, ao mesmo tempo, menos estudados pela dogmática do direito
processual civil. Bem diferente é a situação em relação à dogmática do
direito processual penal, em que há inúmeros trabalhos, seja da doutrina
brasileira seja da doutrina estrangeira, sobre o princípio do nemo tenetur se
detegere.
As regras sobre o direito ao silêncio estão previstas no CPC
(art. 345, 347 e 406) e no CC (art. 229). Essa constatação fundamenta a
escolha desse tema para compor a coletânea em homenagem ao querido
1
Escrito em homenagem ao Prof. José Manoel de Arruda Alvim Netto, Titular da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
∗
Professor-coordenador do curso de graduação em Direito da Faculdade Baiana de Direito. Professor-
Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (graduação, mestrado e doutorado).
Mestre (UFBA) e Doutor (PUC/SP). Advogado e consultor jurídico.
novo processo civil Brasileiro. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.58.)
2
amigo e mestre Arruda Alvim, jurista que se destaca com igual maestria
tanto no direito privado quanto no direito processual civil.
As regras legais mencionadas valem tanto para o depoimento da
parte quanto para o testemunho de terceiro. Cuidaremos do direito ao
silêncio da parte. As considerações servem, mutatis mutandis, para o direito
ao silêncio da testemunha (art. 406, CPC2
).
2 GENERALIDADES SOBRE O DEPOIMENTO DA
PARTE
O sistema brasileiro seguiu o modelo italiano: há duas espécies
de depoimento da parte, o depoimento por provocação e o interrogatório.
Há o depoimento da parte por provocação, requerido pela parte
adversária, realizado na audiência de instrução e julgamento e determinado
sob pena de confissão ficta (art. 343, § 1º, CPC), acaso a parte se recuse3
ou
não compareça para depor (art. 343, § 2º, CPC): tomar-se-ão por
confessados os fatos afirmados em desfavor da parte que deveria ter-se
apresentado para depor. A confissão ficta, neste caso, embora tenha natureza
jurídica de sanção, será valorada pelo magistrado como se confissão real
fosse (sobre a possibilidade de valoração judicial da confissão, ver o capítulo
2
Art. 406 do CPC: “A testemunha não é obrigada a depor de fatos: I - que lhe acarretem grave dano, bem
como ao seu cônjuge e aos seus parentes consangüíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo
grau; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo”.
3
“A recusa de depor tanto pode caracterizar-se pela negativa direta e frontal, como pela simples omissão
em responder ou pelo recurso a evasivas, sem motivo justificado”. (MOREIRA, José Carlos Barbosa. O

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  • 1. http://www.frediedidier.com.br/main/capa/default.jsp 1 DIREITO AO SILÊNCIO NO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO (ARTS. 347, CPC, E 229, CC)1 Fredie Didier Jr.∗ SUMÁRIO: 1 NOÇÃO; 2 GENERALIDADES SOBRE O DEPOIMENTO DA PARTE; 3 A RECUSA LÍCITA DE DEPOR: O DIREITO AO SILÊNCIO; 3.1 NOÇÃO; 3.2 DIREITO OU DEVER DE SILÊNCIO; 3.3 DIREITO AO SILÊNCIO EM RELAÇÃO A FATOS CRIMINOSOS OU TORPES; 3.4 DIREITO AO SILÊNCIO SOBRE FATOS RELACIONADOS À VIDA FAMILIAR OU À ATIVIDADE PROFISSIONAL; 3.5 OUTRAS HIPÓTESES EXPRESSAS, EM QUE SE RECONHECE O DIREITO AO SILÊNCIO, PREVISTAS NO CÓDIGO CIVIL (ART. 229); 3.6 REGRA GERAL DE ESCUSA. 1 NOÇÃO O direito ao silêncio é um dos temas mais interessantes e, curiosamente, ao mesmo tempo, menos estudados pela dogmática do direito processual civil. Bem diferente é a situação em relação à dogmática do direito processual penal, em que há inúmeros trabalhos, seja da doutrina brasileira seja da doutrina estrangeira, sobre o princípio do nemo tenetur se detegere. As regras sobre o direito ao silêncio estão previstas no CPC (art. 345, 347 e 406) e no CC (art. 229). Essa constatação fundamenta a escolha desse tema para compor a coletânea em homenagem ao querido 1 Escrito em homenagem ao Prof. José Manoel de Arruda Alvim Netto, Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. ∗ Professor-coordenador do curso de graduação em Direito da Faculdade Baiana de Direito. Professor- Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (graduação, mestrado e doutorado). Mestre (UFBA) e Doutor (PUC/SP). Advogado e consultor jurídico.
  • 2. novo processo civil Brasileiro. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.58.) 2 amigo e mestre Arruda Alvim, jurista que se destaca com igual maestria tanto no direito privado quanto no direito processual civil. As regras legais mencionadas valem tanto para o depoimento da parte quanto para o testemunho de terceiro. Cuidaremos do direito ao silêncio da parte. As considerações servem, mutatis mutandis, para o direito ao silêncio da testemunha (art. 406, CPC2 ). 2 GENERALIDADES SOBRE O DEPOIMENTO DA PARTE O sistema brasileiro seguiu o modelo italiano: há duas espécies de depoimento da parte, o depoimento por provocação e o interrogatório. Há o depoimento da parte por provocação, requerido pela parte adversária, realizado na audiência de instrução e julgamento e determinado sob pena de confissão ficta (art. 343, § 1º, CPC), acaso a parte se recuse3 ou não compareça para depor (art. 343, § 2º, CPC): tomar-se-ão por confessados os fatos afirmados em desfavor da parte que deveria ter-se apresentado para depor. A confissão ficta, neste caso, embora tenha natureza jurídica de sanção, será valorada pelo magistrado como se confissão real fosse (sobre a possibilidade de valoração judicial da confissão, ver o capítulo 2 Art. 406 do CPC: “A testemunha não é obrigada a depor de fatos: I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consangüíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo”. 3 “A recusa de depor tanto pode caracterizar-se pela negativa direta e frontal, como pela simples omissão em responder ou pelo recurso a evasivas, sem motivo justificado”. (MOREIRA, José Carlos Barbosa. O