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Mini-curso: 
Anarquismo e Práticas Comunitárias no Campo
carga horária: 8 hs
Ministrante(s):
 
Prof. Eduardo Roberto Mendes – UFMS – Três Lagoas – 
email: edumendesgeo@yahoo.com.br
Prof. Mieceslau Kudlavicz – UFMS – Três Lagoas - email: 
mie3l@uol.com.br
Objetivos
• Analisar os aspectos teóricos de diferentes formas 
de organização social dentro do movimento 
anarquista. 
• Compreender as diferentes práticas usadas por parte 
de camponeses em busca de sua (re)criação. 
Conteúdo programático
• As diferentes teorias anarquistas com base nas 
propostas de organização social, principalmente no 
campo e sua discussão.
• As diferentes práticas de organização social no
campo suas semelhanças, diferenças, e aproximação 
entre elas e entre as propostas teóricas anarquistas.
 
1ª PARTE 
PROPOSTAS ANARQUISTAS DE
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Anarquismo – O que é?
• O anarquismo é - em termos gerais - uma doutrina de crítica da sociedade atual, 
visando sempre uma transformação e buscando a liberdade individual sem desprezar o 
social. 
• A etimologia da palavra Anarquismo vem do grego “anarchos” que quer dizer “sem 
governo”, ou seja, uma ideologia que tem como pressuposto a idéia de inexistência de 
qualquer tipo de governo, poder e/ou autoridade. Isso pode ser ruim para muitos, mas 
bom no ponto de vista dos anarquistas.
• A palavra “Anarquismo” sempre foi mal usada e/ou entendida e cercada de pré-
conceitos. Nos dicionários sempre há duas ou mais concepções do que vem a ser o 
anarquismo. Geralmente uma delas apresenta como sendo bagunça, desordem, caos. 
E a outra apresenta como sendo uma teoria política libertária de transformação da 
sociedade, com a ausência de Estado, tendo a finalidade da igualdade e liberdade 
entre os homens (WOODCOCK, 2002).
• O pensamento anarquista é de que a humanidade é uma só e não deve incorrer no 
erro de se estabelecer qualquer tipo de poder, mesmo que seja o poder da classe 
proletária, como defendia os marxistas, pois para os anarquistas qualquer forma de 
poder é prejudicial ao indivíduo e à sociedade, podendo a sociedade sofrer as mesmas 
conseqüências (autoritarismo e coerção por parte do Estado), o que realmente 
ocorreu com a instalação do socialismo real da U.R.S.S de Stálin no século XX. 
• Para os anarquistas as instituições governamentais são intrinsecamente injustas e 
autoritárias, o que as tornam prejudiciais à sociedade. Portanto, para os anarquistas, o 
Estado é desnecessário, existindo outras formas alternativas e viáveis para a 
organização da sociedade.
• No geral os anarquistas depositam muita esperança nos camponeses e no seu estilo de 
vida comunitária como promessa de futuro, aliás muitos vêem a esfera rural como 
uma forma de sociedade que mais se identifica com os seus ideais, logo muitas 
sociedades com ideais anarquistas tentaram esta forma de vida.
• A filosofia anarquista tem ainda um núcleo comum que é a visão naturalista da 
sociedade, ou seja, acreditam que o homem possui todas as possibilidades para viver 
em liberdade e harmonia como qualidade inerente, sendo por natureza um ser social.
• Os anarquistas, na sua maioria, foram pessoas com teorias e princípios formulados e 
desenvolvidos na prática. Uma pequena minoria usou violência como forma de 
expressão (ao contrário da maioria dos governantes que vemos no decorrer da 
história). Os que usaram desta violência “eram homens quase sempre solitários, 
movidos por uma curiosa mistura de idealismo austero e paixão apocalíptica” 
(WOODCOCK, 2002, p. 15-16), que os políticos e os meios de comunicação 
aproveitaram como exemplo para exaltar e depreciar as idéias e movimentos 
anarquistas. “Poucas doutrinas ou movimentos foram tão mal entendidos pela opinião 
pública e poucos deram tantos motivos para confusão pela própria variedade de 
formas de abordagem e ação.” (WOODCOCK, 2002, p. 7)
Anarquismo – O que é?
Godwin – o Precursor
• (1756 -1836) Protestante iluminista, via na sociedade um fenômeno que se desenvolvia 
naturalmente, capaz de funcionar independentemente de um governo, pois tinha 
convicção na capacidade destruidora da autoridade. Sua discussão era voltada para a 
moral, acreditando na justiça imanente do homem. 
• Faz uma crítica ao Estado onde este devia ouvir o povo e não falar e impor suas 
vontades. O livro “Justiça Política”: 1.o caráter do homem é conseqüência de suas 
percepções – pois não nascemos nem bons, nem maus; 2.a forma mais poderosa de agir 
sobre o pensamento é com o governo; 3.o governo é tão mau na teoria quanto na 
prática. 4.senso de justiça traz consigo a ajuda mútua entre os homens. 
• Ele não descarta uma forma de governo defendendo uma simplificação e 
descentralização de todas as formas de administração. Propõe como solução “paróquias” 
que serão as futuras “comunas” citadas por Proudhon e Kropotkin, onde as leis seriam 
quase desnecessárias, pois haveria assembléias gerais. Mas como vê um mal nas 
assembléias gerais, pois estas só representariam a vontade da maioria. Defendia um uso 
com moderação das assembléias, acreditando que o homem atingiria um tal 
desenvolvimento que esta prática seria extinta. 
• Por fim, acreditava na distribuição espontânea, e não na troca de mercadorias como 
forma vivência do homem. 
A escola individualista
• Max Stirner (1806-1856) negava todas as instituições baseando-se unicamente na 
‘singularidade’ do indivíduo. Negava todas as leis naturais e a existência de uma 
humanidade comum, podendo o homem, no máximo, formar “sindicatos de egoístas”. 
critica a sociedade vigente por seu caráter autoritário e antiindividualista e propõe uma 
situação desejável, que entretanto só poderia ser atingida após a derrubada das 
instituições governamentais” (Woodcock, 2002). 
• Stirner defende que cada indivíduo é único, e dá importância para a vontade e os 
instintos de cada um defendendo que a única regra de conduta a ser seguida pelo 
indivíduo serão suas próprias necessidades e desejos. 
• Stirner vê a liberdade como a condição de quem se liberta de algumas coisas, mas 
salienta  que a própria natureza da vida torna a liberdade absoluta uma impossibilidade. 
(WOODCOCK, 2002).
• Para Stirner  “O egoísmo não nega a união entre indivíduos, na verdade poderá até 
estimular uma união espontânea e verdadeira podendo ele se unir e separar-se 
livremente.” Segundo Stirner: “A revolução pretende chegar a novos arranjos; a rebelião 
nos leva a não permitir que sejamos arranjados por outros, mas a que nós mesmos nos 
arranjemos, sem depositar nenhuma esperança nas ‘instituições’.” (WOODCOCK, 2002)
A escola mutualista
• posição intermediária entre a E. individualista e a E. socialista. Acreditando que a 
associação é apenas um meio para alcançar um fim, que será a liberdade individual. 
É elaborado por Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) sendo o primeiro filósofo a se 
auto-intitulou como anarquista.
• A justiça era o motor de seu pensamento “A justiça é a estrela que governa a 
sociedade, o pólo em torno do qual o mundo político gira, o princípio regulador de 
todas as transações. Nada acontece entre os homens salvo em nome do direito, 
sem a invocação da justiça “(PROUDHON apud WOODCOCK, 2002)
•  Na obra “o que é propriedade? a propriedade é um roubo”. Karl Marx – que seria 
seu maior inimigo no futuro – o descrevia como “um livro penetrante” e “o primeiro 
exame decidido, vigoroso e científico sobre propriedade”. Para o título do livro o 
próprio Proudhon já da a resposta: “é um Roubo!”. Explicando depois que o que 
queria mostrar no livro era a soma dos abusos da propriedade privada como, por 
exemplo, a exploração do trabalho, a concentração de riquezas, etc.,
• O Mutualismo de Proudhon defende que o homem tem direito em tudo 
aquilo que produz, mas não sobre os meios de produção, pois as matérias-
primas vêm da natureza e as instalações técnicas se constituem em uma 
herança do homem. Portanto para Proudhon a propriedade, seria a 
verdadeira origem da riqueza, aquilo que constitui a desigualdade de 
homem para homem:
•  
• “outrora o servo tinha a terra por generosidade do senhor, assim hoje o 
trabalho do operário depende da disposição e necessidade do senhor e 
proprietário: é o que se chama possuir a título precário. Mas essa condição 
precária é uma injustiça porque implica desigualdade no mercado. O 
salário do trabalhador não ultrapassa o consumo corrente e não lhe 
assegura o salário do dia seguinte, enquanto que o capitalista encontra no 
instrumento produzido pelo trabalhador uma base de independência e 
segurança quanto ao futuro. Pois este fermento reprodutivo - esse eterno 
germe da vida, o preparo e a manufatura dos implementos para a 
produção - constitui a dívida do capitalista para com o produtor, uma 
dívida que ele jamais paga; e é essa recusa fraudulenta que causa a 
pobreza do operário, o luxo da indolência e a desigualdade de condições. E 
foi isso, mais do que qualquer outra coisa, que recebeu apropriadamente o 
nome de exploração do homem pelo homem” (PROUDHON, 1975, p. 102).
A escola mutualista
• Portanto Proudhon defende que as terras deva ser um bem coletivo, onde todos 
possam ter acesso na forma de posse, que viria através do trabalho, e não mais 
por títulos de propriedade. No seu livro “o que é propriedade?” ele coloca 
algumas proposições sobre o assunto, como: 
• I - A posse individual é a condição da vida social; cinco mil anos de propriedade o 
demonstram: a propriedade é o suicídio da sociedade. A posse está no direito; a 
propriedade é contra o direito. Suprimam a propriedade conservando a posse; e 
apenas por essa modificação no principio modificareis tudo nas leis, no governo, 
na economia, nas instituições: expulsareis o mal da terra. II - Sendo igual para 
todos o direito de ocupar, a posse varia com o número de possuidores; a 
propriedade não pode formar-se. III - Sendo o efeito do trabalho também o 
mesmo para todos a propriedade perde-se pela exploração estranha e pelo 
arrendamento. IV - Resultando necessariamente todo o trabalho humano de uma 
força colectiva toda a propriedade se torna, pela mesma razão, colectiva e 
indivislvel: em termos mais precisos, o trabalho destrói a propriedade. 
(PROUDHON, 1975, p. 246 – grifo do autor)
A escola mutualista
• Quanto ao modo que deveria funcionar a sociedade Proudhon defendeu 
o princípio federativo, onde deveria ser criados e controlados pelo 
próprio povo grupos, comunas e associações onde as relações sociais 
seriam decididas através de acordos mútuos e contratos, que segundo ele 
deveria operar-se a partir dos níveis mais simples da sociedade, 
buscando-se cada vez mais a autonomia de cada grupo e 
consequentemente de cada indivíduo, o que levaria a anarquia final, 
substituindo assim os Estados modernos.
• “o sistema federativo é aplicável a todas as nações e a todas as épocas, 
pois que a humanidade é progressiva em todas as suas gerações e em 
todas as suas raças, e que a política de federação, que é por excelência a 
política do progresso, consiste em tratar cada população, no momento 
que se indicará, segundo um regime de autoridade e de diminuição da 
centralização, correspondente ao estado dos espíritos e dos costumes” 
(PROUDHON, 2001, p. 103).
A escola mutualista
• A escola socialista está baseada na expropriação dos 
bens que possam causar exploração do homem pelo 
homem, e indica uma sociedade organizada em 
comunas administradas pelo próprio povo onde a 
sociabilidade, solidariedade e ajuda mutua seriam as 
bases para uma sociedade mais justa. Esta escola por 
sua vez, está dividida em duas correntes: coletivista 
e a comunista, que têm as mesmas bases socialistas, 
se diferenciando somente na forma de acesso aos 
frutos produzidos, como veremos a seguir:
A escola socialista
A Corrente Coletivista
• A corrente coletivista tem como principal representante Michael Bakunin 
(1814-1876) que sempre procurou atividades e atos revolucionários, 
abordando como seria a organização de uma sociedade futura dizia que é 
preciso:
•  
• “Organizar la sociedad de tal suerte que todo individuo, hombre o mujer, al 
llegar a la vida, encuentre medios poco más o menos iguales para el 
desenvolvimiento de sus diferentes facultades y para su utilización por el 
trabajo; organizar una sociedad que al hacer imposible para todo individuo, 
cualquiera que sea, la explotación del trabajo ajeno, no deje a cada uno 
participar en el disfrute de las riquezas sociales, que en realidad no son 
producidas nunca más que por el trabajo, sino en tanto que haya contribuido 
directamente a producirlas mediante el suyo” (BAKUNIN, 2009, p. 23)
•  
• Bakunin pregava a importância do federalismo, a extinção dos governos e 
formação de associações livres agrícolas e industriais, porém diferindo da 
proposta mutualista pelo fato de defender a coletivização dos meios de 
produção, não aceitando ao menos a propriedade posse que Proudhon 
aceitava.
• Bakunin defendia ainda a igualdade política, social e econômica entre os 
sexos e a abolição do direito de herança:
•  
• “en tanto que la herencia exista, habrá desigualdad económica 
hereditaria, no desigualdad natural de los individuos, sino desigualdad 
artificial de las clases-, y ésta se traducirá necesariamente siempre en la 
desigualdad hereditaria del desenvolvimiento y de la cultura de las 
inteligencias y continuará siendo la fuente y la consagración de todas las 
desigualdades políticas y sociales. La igualdad del punto de partida al 
comienzo de la vida para cada uno, en tanto que esa igualdad sea 
dependiente de la organización económica y política de la sociedad, a fin 
de que cada uno, hecha abstracción de las naturalezas diferentes, no sea 
propiamente más que el hijo de sus obras, tal es el problema de la 
justicia” (BAKUNIN, 2009, p. 23).
•  
• Com isso Bakunin esperava que no futuro, o direito de cada homem fosse 
igual à sua produção, portanto a posse dos frutos produzidos seria 
individual, sendo esta uma das bases da corrente coletivista defendida 
por ele, que poderíamos sintetizar na máxima: “De cada um, de acordo 
com os seus meios; para cada um, de acordo com suas ações.”
•  
A Corrente Coletivista
• A corrente Comunista é muito parecida com o anarquismo coletivista de Bakunin, 
diferenciando-se no modo de distribuição das riquezas produzidas que, será “de acordo 
com a necessidade de cada indivíduo”. É elaborada por Piotr Alexeevich Kropotkin 
(1842-1921) que buscava no anarquismo aspectos positivos tentando assim constituir 
idéias de construção de uma nova sociedade, tentando sempre comprovar a existência 
da bondade no homem, usando sempre de um otimismo marcante. 
• Segundo Woodcock (2002, p. 214) a originalidade do pensamento de Kropotkin, o 
tornou o principal responsável pela mudança da teoria anarquista como “teoria séria e 
idealista de transformação social, e não mais uma doutrina de violência de classes e de 
destruição indiscriminada”. 
• Kropotkin defende que os trabalhadores tem que buscar o “bem-estar para todos” que 
se pautaria resumidamente em:
•  
• “o direito de se apoderarem de toda a riqueza social; de tomar as casas e instalar-se 
nelas conforme as necessidades da família; de tomar os víveres acumulados e de servir-
se deles de modo a conhecer o bem estar, depois de ter demasiadamente conhecido a 
fome. Proclamam o seu direito a todas as riquezas – fruto do labor das gerações 
passadas e presentes e usam delas de modo a conhecer o que são os altos gozos da 
arte e da ciência, demasiado tempo açambarcados pelos burgueses. E afirmando o seu 
direito ao bem-estar, declaram o seu direito de decidirem eles mesmos o que deve ser 
esse bem-estar. O direito ao bem-estar é a possibilidade de viver como seres humanos 
e criar os filhos para os fazer membros iguais duma sociedade superior à nossa” 
(KROPOTKIN, 1953, p. 13).
A Corrente Comunista
• Para este fato ocorrer Kropotkin defende uma ampla expropriação das propriedades e 
os bens de produção, acreditando que estes deveriam pertencer a comunidade, ou 
seja, a todos.
•  
• “sendo os meios de produção obra coletiva da humanidade, devem regressar a 
coletividade humana. A apropriação pessoal não é justa nem proveitosa. Tudo é de 
todos, visto que todos precisam de tudo, visto que todos tem trabalhado na medida 
das suas forças, e que é materialmente impossível determinar a parte que poderia 
pertencer a cada um na produção atual das riquezas” (KROPOTKIN, 1953, p. 7).
•  
• Este fato se aproxima muito do que Bakunin defendia que era a posse coletiva desses 
bens, porém para Kropotkin a posse individual dos frutos do trabalho contadas pelas 
horas trabalhadas, não caberia em uma sociedade onde tudo é de todos, fazendo uma 
crítica aos coletivistas:
•  
• “não podemos admitir com os coletivistas que uma remuneração proporcional às 
horas de trabalho fornecidas por cada um à produção das riquezas possa ser um ideal 
ou mesmo um passo à frente para esse ideal. [...] o ideal coletivista nos parece 
irrealizável numa sociedade que considerasse os instrumentos de produção como um 
patrimônio comum. [...] o individualismo mitigado pelo sistema coletivista não poderia 
existir ao lado do comunismo parcial da posse por todos do solo e dos instrumentos de 
trabalho. Uma nova forma de posse requer uma nova forma de retribuição. Uma nova 
forma de produção não poderia manter a antiga forma de consumo, como não poderia 
acomodar-se às antigas formas de organização política” (Kropotkin, 1953, p. 14) .
A Corrente Comunista
• Portanto Kropotkin acredita que o sistema salarial era uma das bases do capitalismo,
portanto acredita que quando um for superado o outro também o seria. Por isso que
Kropotkin defende a máxima: “De cada um de acordo com as suas possibilidades; e a
cada um de acordo com as suas necessidades” que seria a marca do anarquismo
comunista.
• A forma política como seria organizada a nova sociedade por Proudhon, Bakunin e
Kropotkin são bem próximas quem vêem a sociedade anarquista organizada em
comunas e federações.
• Kropotkin no seu livro Ajuda Mutua mostra vários exemplos da resistência de
camponeses que lutavam para continuar a viver em sistemas comunais de terras e
serviços, e outros que se uniam para melhorar nas suas produções:
•
• “Os fatos mostram [...] que onde os camponeses russos, com a ajuda de circunstâncias
favoráveis, são menos miseráveis do que a média, e quando encontram homens de
conhecimento e iniciativa entre seus vizinhos, a comunidade aldeã é a melhor forma
de introduzir diversos aperfeiçoamentos na agricultura e na vida da aldeia em seu
conjunto. Aqui, como em outros lugares, a ajuda mútua é um condutor do progresso
melhor do que a guerra de cada um contra todos [...]. Tudo o que se espera das
pessoas que vivem sob o sistema da comunidade aldeã é que todo tipo de trabalho
que entra, por assim dizer, na rotina da vida das aldeias (conservação de estradas e
pontes, represas, drenagem, fornecimento de água para irrigação, corte de madeira,
plantação de árvores etc.) seja feito por toda a comuna, assim como o arrendamento
da terra e a capina – mediante o trabalho dos velhos e dos jovens, dos homens e das
mulheres” (KROPOTKIN, 2009, p. 197).
A Corrente Comunista
• Comprovando este fato Kropotkin acredita que exista vida social em todos os níveis de
escala. (desde animais como insetos, aves e mamíferos assim como toda a humanidade
em todos seus estágios de desenvolvimento até hoje) afirmando que a ajuda mútua
não é um ideal ético, senão um fato cientificamente comprovado, e que este seria mais
importante para evolução das espécies do que a luta mútua defendida pelos neo-
darwinistas.
•
• mesmo que não conhecêssemos quaisquer outros fatos da vida animal além dos
relacionados às formigas e às térmites, já poderíamos concluir com segurança que a
ajuda mútua (que leva à confiança mútua, a primeira condição da coragem) e a
iniciativa individual (a primeira condição do progresso intelectual) são dois fatores
infinitamente mais importantes para a evolução do reino animal do que a luta de todos
contra todos. (KROPOTKIN, 2009, p. 27)
A Corrente Comunista
• Segundo Kropotkin hoje há muito desperdício com intermediários, objetos de luxo
e produção de coisas desnecessárias que são produzidas para aumentar o
consumismo sendo uma força de trabalho gasta sem necessidade. Portanto com a
instalação de uma sociedade anarquista os homens o tempo de trabalho poderia
ser diminuído, podendo as pessoas ter mais tempo para praticar atividades
culturais, já que o homem não vive só para suprir suas necessidades básicas, ele
também necessita de algo para exercitar sua mente, proporcionando assim
momentos prazerosos:
•
• Admitamos enfim que todos os adultos menos as mulheres ocupadas na educação
das crianças se obrigam a trabalhar cinco horas por dia, dos vinte ou vinte e dois
anos até os quarenta e cinco ou cinqüenta e que se empregam em ocupações à
sua escolha em qualquer dos ramos do trabalho humano considerado
“necessário”. Uma tal sociedade poderia em troca garantir o bem-estar de todos
os seus membros, - isto é, um bem-estar diversamente real do que hoje goza a
burguesia. – E cada trabalhador dessa sociedade disporia por outro lado pelo
menos de cinco horas diárias, que poderia consagrar à ciência, à arte e
necessidades individuais fora da categoria do “necessário” [...]. o homem não é
um ser que possa viver exclusivamente para comer, beber e procurar um abrigo.
Desde que tenha satisfeito as exigências materiais, as necessidades a que se possa
atribuir um caráter artístico se apresentarão tanto mais artísticas e ardentes.
(KROPOTKIN, 1953, p. 43-44)
A Corrente Comunista
2ª PARTE
As diferentes práticas de organização
social no campo
• o uso comum da terra com trabalho individual que segundo TAVARES (2008) é
utilizada no mundo desde tempos imemoriais, exemplos: na Espanha –
“Montes Veciñais em Man Común” (Montes vizinhos de uso Comum) que
permite aos seus moradores o pastoreio, adubo, e outros aproveitamentos
secundários, onde a terra é um bem comum, indivisível. Acredita-se que este
tipo de ocupação tenha chegado a ser utilizado em 2/4 na Espanha no começo
do século XIX. (LEICEAGA apud TAVARES, 2008)
• Em Portugal o autor fala sobre os “baldios” que são terras de uso comum que
em 1935 ocupava cerca de 6% de todo território português. Hoje é usado por
camponeses que retiram a lenha, para uso de combustível, os matos, para
alimentação animal, madeira, saibro e pedras, para construções e utensílios
em geral, a água, para irrigação e transitoriamente a plantação de cereais e
batatas, sendo seu uso praticado pelos camponeses mais pobres. Atualmente
ocupam uma área de 400 mil hectares no continente. Porém em Portugal,
houve interferências do Banco Mundial com projetos de reflorestamento
atrapalhando e limitando o desenvolvimento costumeiro dos baldios, que
atualmente contam com 86 mil hectares da matas nacionais
• De acordo com Almeida apud Tavares (2008, p. 333) “Essa noção de terra de
uso comum é acompanhada de ‘elemento de identidade indissociável do
território ocupado e das regras de apropriação’, como é evidenciado na
heterogeneidade de suas denominações” (grifo do autor)
Uso comum da terra
• Por isso vamos encontrar várias nomenclaturas para as terras de uso comum
no Brasil, sendo elas: Terras de Preto; Terras de Santo; Terras dos Índios;
Terras de Herança; Terras Soltas ou Abertas também conhecidas como:
Pastos Comuns, Campos, Fundos de Pastos, Pastos Abertos, Feche de pastos e
Faxinais; e Terra Liberta.
• Tavares (2008) também fala das diferentes formas de terras de uso comum,
onde se destacam: o uso comum ligados aos interesses da comunidade, que
são, propriedades individuais e fundos do lote uso comum; Campos de
Altitude com uso basicamente sazonal, onde predomina o pastoreio; e uso
Cooperativos, formas de cooperativas pagas por uma taxa pelos
participantes.
• De acordo com CAMPOS apud TAVARES, 2008 temos também o uso comum
conjugando interesses internos e externos da comunidade, exemplos:
tropeiros, faxinais, coqueirais, castanhais, babaçuais e seringueiros.
• O mesmo autor cita também usos comum entre não proprietários, que são:
terras de índio, terras de negro e terras de santo já citadas anteriormente. E
usos comum dirigidos – que são voluntárias de “socialistas utópicos”, como
por exemplo a experiência Anarquista da Colônia Cecília.
Uso comum da terra
• especificamente sobre os faxinais do Estado do Paraná e sua gênese afirma:
• A hipótese que levanto na tese sobre a gênese dos faxinais no Paraná é de que
ela se encontra na aliança entre índios fugitivos do sistema de peonagem (das
missões ou reduções jesuíticas e dos aldeamentos), da escravidão (dos
bandeirantes paulistas) e dos negros africanos fugitivos, que se dispersaram e
não formaram quilombos, e se encontram nas matas de Araucárias no Estado
do Paraná. A junção da prática de terras de uso comum pelos índios, a prática
de criação de animais pelos escravos africanos, mais a prática de extração da
erva-mate por ambos os sujeitos sociais [...] constituíram os elementos
fundantes na construção dos faxinais no início do século XVII, que, ao longo do
tempo, recebeu a contribuição significativa dos imigrantes europeus,
principalmente dos camponeses originários do leste europeu (Ucrânia e
Polônia); e da fração dos camponeses que participaram da Guerra ou Revolta
do Contestado para a sua consolidação. (TAVARES, 2008, p. 382)
Os Faxinais
• Atualmente são compreendidos pela maioria dos autores como:
• “uma forma de organização econômica camponesa do sul do Brasil, cujo território se
constitui com base na conjunção de elementos ambientais, socioeconômicos, políticos e
culturais desde o início do século XVIII, caracterizado principalmente pelo uso de terra
comum e dos recursos naturais na forma de criadouros comuns ou comunitários”
(TAVARES, 2008, p. 569)
• Os Faxinais e Faxinalenses são entendido por Tavares como fração camponesa pois
possui uma relação não capitalista de produção, assentadas em três bases: 1) Terras de
uso comum no criadouro comunitário ou comum que são terras de criar e viver
constituídas por várias parcelas de terras contíguas de uso comum, assim como recursos
naturais nelas contidos; 2) Cercas das terras de uso comum no criadouro comunitário ou
comum, que delimitam o criadouro das terras agrícolas e as 3) Terras agrícolas de
propriedade privada e posses individuais (TAVARES, 2008).
Os Faxinais
• Quanto as práticas sociais dos faxinalenses em suma:
• “O criadouro comunitário é onde o camponês faxinalense vive seu cotidiano, expresso
na divisão do trabalho, na “peleia” diária com os animais criados a solta –
complementação da dieta alimentar, cuidar dos animais doentes – e depois parte para
trabalhar nas terras de planta, que ficam até 10 km de distância do criadouro. É onde
são feitas as combinações da ajuda mútua – mutirão/puxirão, e a troca de dias entre
vizinhos, compadres afilhados e parentes – que se estabelece pela consciência da
independência engedrada pelas condições de vida comum, pelo espaço das terras de
uso comum partilhado; e pelas relações de vizinhança, compadrio e parentesco. É
também o espaço das manifestações culturais – festas religiosas e pagãs.
Compreendendo que são esses elementos – práticas sociais – que configuram as
relações econômicas, sociais e culturais do modo de vida do campesinato faxinalense.
É através dessas relações que o camponês faxinalense sabe e sente quem é “de
dentro”, quem pertence ao seu mundo” (TAVARES, 2008, p. 690)
•
• Conflitos sociais, culturais e ambientais vem ocorrendo com a chegada na década de
30 do século XX de madeireiros industriais, pecuaristas, e agricultores capitalistas, pois
estes muitas vezes tentam grilar terras que são do uso dos faxinalenses, ou por não
cercarem corretamente suas terras havendo invasões de animais dos faxinalenses em
suas propriedades, e também pelo acesso ao uso dos recursos hídricos e agroflorestais
destas regiões. Em resposta os camponeses faxinalenses vem construindo uma luta
pela resistência através de processos de identidade política e jurídica com
movimentos sociais que buscam uma estratégia se consolidação de solidariedade
entre estes povos.
Os Faxinais
• Outra prática que podemos citar é a de cooperação e ajuda mútua em
comunidades religiosas que desde o século XIII surgem movimentos de
contestação da ordem vigente buscando um cristianismo primitivo, ou
reformas de contestação a Igreja baseadas na cooperação e ajuda mútua
baseadas nos escritos da bíblia e das palavras de Deus.
• No Brasil esta prática foi vivenciada na Colônia Varpa constituída da
imigração leta para o Brasil no período 1922/23, onde foram adquiridos cerca
de 2.100 alqueires de terras em Tupã-SP. Em um primeiro momento existiam
cerca de 453 pessoas no local, um ano depois este número sobe para 2.223
pessoas.
• De acordo com VALIESSEF apud MARCOS (1996) a bordo navio vindo para o
Brasil foi organizado um CAIXA COMUM onde contribuía aqueles que podiam,
que na chegada ao novo país de esperança de melhoria de vida se revelaria
de suma importância nos primeiros meses de sobrevivência.
Colônia Varpa
• Enquanto a medição da gleba não se concluía, os imigrantes letos construíram
acomodações comuns trabalhando a terra coletivamente. Por meio de
assembléias foi instituído vários cargos administrativos para aqueles que se
“encaixavam” melhor nas funções. Quanto a Religião, era formada na sua grande
maioria de protestantes da Igreja Batista, que formava o alicerce da
comunidade. Tudo que era feito estava baseado nos escritos da bíblia e na
vontade de Deus”.
• A Divisão das terras foram classificadas em lotes: Agrícolas, Profissional,
Urbano, com diferentes tamanhos e localidades, escolhendo os primeiros os que
mais arrecadaram para o caixa-comum no navio. Com as terras divididas as
atividades econômicas em VARPA eram bem diversificada, com setores:
primário, secundário e terciário. Suas principais atividades eram: Agropecuária,
Madeira, Sericicultura e transportes.
• Com a política de miscigenação do governo nas décadas de 60 e 70 do século XX
acentua-se a entrada de Brasileiros, instala-se: Bares, casas de jogos,
policiamento, etc. o que influencia na comunidade, e pouco a pouco perde a
suas bases e sua essência.
Colônia Varpa
• De acordo com MULATINHO (1982) fora fundada em 20 de julho de 1929,
contando com 350 integrantes alojados em 290 alqueires de terra, para as viúvas,
órfãos de guerra, solteiros sem recursos, etc. que não tinham como dedicarem-se
a seus lotes individualmente, sendo parte da Colonia Varpa, porém com estrutura
e modo de vida diferenciado.
• A Comunidade tinha como base a religião e a etnia. Sua administração tinha um
presidente mais sete membros da diretoria com assembléias realizadas
Mensalmente e/ou Quinzenalmente onde vários assuntos eram discutidos e
decididos. Para entrar na comunidade era necessário praticar a mesma religião. E
tinha uma estrutura de casas de madeira, serraria, moinho, oficina, engenho,
tipografia, enfermaria, cozinha, refeitório, escola missionária, templo.
• Existia ainda uma tipografia que funcionara como imprensa com fins de
evangelização, e o trabalho consistia em oito horas diárias, com atividades
religiosas e culturais a noite.
• Sua economia e culturas plantadas tinha como base a Subsistência; Pecuária;
Avicultura; Apicultura; Mandioca; açucar; algodão; psicultura; hortifruticultura,
sendo o trabalho e o consumo feitos de acordo com as possibilidades e
necessidades de cada um. Na comunidade circulou durante 10 anos moeda
própria, sendo extinta qundo um agente do governo os indicaram a possibilidade
de falsificação.
Comunidade Palma
• Para MULATINHO (1982) Palma se encaixa como economia de modo Comunista.
• o modo de vida buscado segundo modelos de sociedades primitivas cristãs, segundo o
membro fundador, o professor Ronis que fala sobre o ideal comunitário dos letões:
• “...trabalhariam cada um fielmente no seu setor, comendo todos a mesma comida à
mesa, tendo seus cultos diários à noite para refrigério de suas almas. Viveriam todos
em amor e para o bem comum, servindo o Senhor da maneira como Ele mesmo o
revelasse, no decorrer do tempo, até a sua segunda vinda, não tendo preocupações
com problemas materiais. Entenderam que assim corresponderiam melhor ao
chamamento divino que cada um sentiu no seu intimo quando deixou a sua pátria e
migrou para o Brasil. Especialmente a idéia da segunda vinda de cristo levou alguns a
buscar o modo de vida dos primitivos cristãos em Jerusalém, quando ninguém
considerava nada como seu próprio, para que todos tivessem o necessário para a sua
manutenção e ninguém padecesse carência alguma” (RONIS apudMULATINHO, 1982)
• Podemos perceber neste relato a o apelo em uma possível - e esperada por eles –
“segunda vinda de cristo” onde estes vivendo sobre os seus “mandamentos”, teriam
lugar garantido no paraíso.
• Hoje, onde existia a comunidade Palma, hoje é uma colônia de férias voltada para o
turismo ecológico. Contudo, este é mais um exemplo que comprova a possibilidade da
existência de uma vida em comum.
Comunidade Palma
• Criada em 1889 Cecilia em Palmeira no PR, marcou o coroamento de um percurso
traçado por Giovanni ROSSI, seu idealizador escreveu sua utopia “Un comune
socialista”, onde descrevia uma propriedade em um povoado imaginário, após a sua
conversão em comunismo anarquista.
• De lá até o fim da sua vida perseguiu a realização de tal ideal, através: de apelos para
jornais anarquistas; defendia o experimentalismo
• As terras foram doadas pelo governo monárquico de D. Pedro II, pressionado pelos
fazendeiros escravocatas da época - falta de mão-de-obra com o fim da escravatura,
então o governo criou núcleos de colonização, esperando que a experiência de Rossi
falhasse e seus integrantes servissem de mão-de-obra para estas fazendas.
• A comunidade primeiramente com um barracão construído pelos integrantes com
dormitórios e refeitório, mais tarde passou-se a construir casas para as famílias, A
preparação da terra para o cultivo também era feito coletivamente.
Colônia Cecília
• “Não se trata de estabelecer, como e qual será precisamente, e nos seus mínimos
detalhes, a sociedade do devir; nem também se deve acreditar ser possível resolver a
questão social através de fazendas socialistas. Não, o devir será o que será, e a questão
social será resolvida pelas necessidades invasoras, pelo desenvolver-se irresistível do
espírito humano em todas as suas manifestações. [...] Mas para influenciar multidões, é
necessário que estas provas sejam dadas próximas, tanto que possam ser verificadas
com os próprios olhos. [...] se transformará em aspiração popular.” (ROSSI)
• Dois anos após o início da colônia, Rossi viaja para Itália fazendo propaganda, tentando
angariar fundos e convocando pessoas que queiram fazer parte da experiência no
Brasil. As práticas de Rossi provocou discussões entre outras correntes anarquistas que
acreditavam que perdia-se tempo em fazer experiências ao invés de buscar fazer a
revolução propriamente dita, e de que os experimentalistas se fechassem para sí
esquecendo-se do restante da sociedade. Principalmente de Malatesta.
• Rossi responde a Malatesta em 1893 com seu livro “Cecília, Comunita anarchica
sperimentale. Un'episodio d'amore nella Colonia 'Cecília'” reafirmando a liberdade de
escolha e de diferentes idéias dentro de um mesmo movimento buscando um mesmo
objetivo que era a revolução social.
Colônia Cecília
• A experiência continuou chegando a 300 integrantes. Como Rossi não tinha um
planejamento prévio sobre o futuro, não tinha como evitar o ingresso de pessoas “de
fora” da causa anarquista. Muitos viam a oportunidade de ser proprietários de terra,
tentando criar funções hierárquicas, contudo o grupo – sete famílias – que não se
identificou saiu da comunidade levando consigo o que consideravam “seus pertences”.
• A nova etapa reavivou o espírito anarquista tentando reestabeler o ideal comunitário:
• “é necessário produzir para satisfazer as necessidades básicas. Muito trabalho e muitas
dificuldades: este é o cotidiano. Como alternativa à complementação do trabalho na
colônia alguns colonos se revezam no trabalho nas estradas que o Estado constrói.
• Com os desfalques e pouca ajuda, a pobreza era reinante, e a liberdade ia perdendo
espaço para o egoísmo quando alguns sacavam comida escondida dos armazéns e aos
poucos a colônia foi sendo minada. Além disso havia tensão entre integrantes
camponeses e não camponeses, e que levou a crise final em 1894.
• Mesmo com o fim da Colônia Cecília, Rossi não admite seu fracasso, defendendo que
conseguiu provar a existência de uma vida em comum enquanto durou a comunidade.
Rossi nunca defendeu a total igualdade na colônia, pois ele acreditava na diferença de
cada um, pautada na liberdade do indivíduo. Os trabalhos eram feitos conforme a
possibilidade de cada um, e sua produção era livre para cada indivíduo desfrutar
conforme suas necessidades.
Colônia Cecília
• Em 1922 a empresa Nippon Rikko Kai organizou-se a fundação de "uma colônia modelo
na América do Sul para fixação de emigrantes, oferecendo-lhes o apoio e a segurança“ .
“O núcleo chamaria-se ‘Aliança’, que tem o significado de ‘dar as mãos’ – sugerindo
cooperação mútua”. Formando em 1927 um total de 7.200 alqueires - distritos da 1ª, 2ª
e 3ª Alianças. Atividades: avicultura; café, e o cultivo de hortaliças e legumes
• Rikko Kai, preparava os imigrantes antes de imigrar ideais: 4H e do GAT (Gozar a Terra):
• “[as] iniciais em inglês de Head, cabeça, significando a inteligência, o pensamento; Heart,
o coração, o amor, o sentimento; Hand, mão, o trabalho; e Health, saúde, o vigor físico’
[...] GAT ‘apego à terra, isto é, amar a terra e se fixar nela e extrair dela o maior proveito
possível; viver uma vida tranqüila; aprender meios práticos de proceder às culturas
racionais, mediante adubação; racionalizar a distribuição de braços, contando inclusive
com os braços domésticos; obter, na medida do possível, auto-suficiência de tudo que for
preciso; cuidar da saúde, pois ela é a base de todas as atividades”
• diferenciado em quase todos aspectos ao restante da imigração japonesa - irá se
desenvolver nesses imigrantes características peculiares que possibilitarão, com outros
fatores – inclusive a chegada de Issamu Yuba a região – a criação da Comunidade Yuba.
Comunidade Sinsei e Comunidade Yuba...
Núcleo de colonização japonesa das Alianças
Comunidade Sinsei e Comunidade Yuba...
O início... A vinda de Issamu Yuba
• base filosófica – Roussea; Leon Tolstoi e Mushanokoji, ideais de vida coletiva campesina
• Em 1926 com notícias de consolidação das Alianças aliada às dificuldades econômicas
familiares e seu sonho libertário, Issamu Yuba e família migram para o Brasil
• Desde sua chegada Yuba já se destacava na região – introdutor do baseball no Brasil
• Em 1933 Issamu Yuba com um companheiro, esteve visitando a Comunidade Palma,
para estudar e vivenciar a vida em comum, em vistas de colocar seu ideal em prática
• Dois anos depois, em 1935 Issamu Yuba enfim consegue por seu ideal em prática, com
sua família e alguns poucos amigos adquire uma área de 40 alqueires no bairro de
Formosa, - Guaraçaí SP, com o lema “Criação de uma nova cultura” deu inicio as
atividade da “Fazenda Yuba” pautada na ideologia de “Cultivar, rezar e amar as artes”
• Existem muitas imagens sobre ele, porque eu ouço muitas histórias, e cada um enxerga
de uma forma [...]. tem muita gente que vê ele como um Deus, perto de um Deus, né? e
tem gente que não gostava dele. [...] Mas tem uma coisa que todo mundo fala que é
igual, é que ele atraía muita gente, ele tinha uma força que atraía as pessoas [...]
• No início eram somente a família de Yuba e mais meia dúzia de amigos, sempre com
Issamu Yuba no comando, tomando todas as decisões administrativa e financeira
• Com o tempo a Comunidade Yuba se firma, contando com dormitórios para solteiros,
casas para famílias, barracão que servia de cozinha, sala de jantar, festas e reuniões,
banheiros coletivos, etc. A língua oficial era a japonesa. Os membros se dividiam para
fazer vários serviços como cozinhar, plantar, ensinar as crianças, cuidar da saúde da
comunidade, etc. Além desses serviços, também se dedicavam a esportes, peças
teatrais, música, dança, além de discussões sobre filosofia e política (MARCOS, 1996).
• Yuba colocou em prática, no final dos anos 30, um projeto pioneiro no interior do
estado de São Paulo que era o trabalho com avicultura poedeira, tendo grande
aceitação e sucesso, já que esse tipo de produção “garantiria, ao mesmo tempo, o
fornecimento dos ovos, das galinhas e também do adubo orgânico (esterco), o qual
deveria ser aplicado à terra já gasta com a produção de café e algodão, devolvendo-lhe
assim a fertilidade, condição necessária para a fixação do camponês no campo
• integrando a Associação de Jovens San Sei Ren (Sangyo Seinen Renmei - Organização
dos Moços da Cooperativa). No entanto, a falta de planejamento na forma de conduzir
os negócios, Yuba levou à crise a San Sei Ren.
Comunidade Yuba... Antes da divisão
• Durante a segunda guerra a comunidade recebe um grande numero de pessoas
•
• No início dos anos 50 a comunidade chega ao seu auge, contado com cerca de 250 -
300 integrantes e sendo a maior granja da América do Sul, com mais de 220.000 aves
e uma produção diária de 30.000 ovos, sendo Issamu Yuba chamado de “O Rei das
Galinhas” pela revista “O Cruzeiro” (SILVA, 1988; MARCOS, 1996; YAZAKI (2003); BARTABURU, 2010)
• Yuba transportava ovos para São Paulo, de uma distância de 600 km, por via
ferroviária e mais tarde rodoviária, o que ia contra a lógica econômica da época.
“Além dos ovos, passaram a vender pintainhos, gaiolas, esterco, madeira retirada da
comunidade e, mais tarde, as aves fora da fase de postura, comercializadas como aves
de corte”. (MARCOS, 1996, p. 80)
• Contudo Issamu Yuba continuava “pecando” no seu senso de finanças. Levando a
comunidade várias vezes à falência.
• Criação da Sociedade agrícola Guaraçaí
• em 1956, o Banco América do Sul decreta a falência da Sociedade Agrícola de
Guaraçaí. “De acordo com a resolução da referida reunião, os integrantes da
comunidade deveriam sair das terras, deixando ali todas as benfeitorias e pertences,
inclusive os de uso pessoal” (Marcos, 1996, p. 86)
Comunidade Yuba... Antes da divisão
• Diante desta situação, o então Prefeito do Município de Guaraçaí-SP, e também um de
seus credores, José Marques, convidando-os para transferirem-se para sua fazenda em
Guaraçaí-SP - a Fazenda 320 (MARCOS, 1996, p. 86)
• Quando Issamu Yuba retornou de São Paulo e ficou sabendo do ocorrido, desaprovou
a atitude de seus companheiros convocou uma reunião extraordinária, onde defendeu
a idéia de que deveriam sair da fazenda e voltar para as terras da comunidade.
• Issamu Yuba pediu que aqueles que com ele concordassem levantassem suas mãos.;
metade dos membros da comunidade (que possuía cerca de 200 pessoas na época),
permanecessem com as mãos abaixadas.
• Aqueles que concordaram com Issamu Yuba, acomodaram-se, inicialmente, em uma
área emprestada nas Alianças, trabalhando em terras arrendadas na própria região.
Após oito meses da separação, Yuba recebe de um amigo da Primeira Aliança uma
gleba de terras de 10 alqueires para que a comunidade pudesse fixar-se e reiniciar
novamente suas atividades (MARCOS, 1996).
• Já aqueles que não acompanharam Issamu Yuba, ficaram nas terras de José Marques,
onde logo decidiram fazer algumas reuniões, decidindo-se continuar vivendo em
comunidade, fundando assim a Comunidade Sinsei
Comunidade Yuba... Antes da divisão
• após a cisão do grupo, a parte dissidente juntou-se e fizeram reuniões decidindo que a
forma de organização da nova comunidade que ali estava nascendo, seria a mais
democrática possível, decidi-se que qualquer problema que surgisse teria de ser
enfrentado e tentado sua solução nas reuniões.
• A nova forma de composição e prática da comunidade concordando com Marcos
(1996) tem relação com o anarco-comunismo proposto por Kropotkin.
• Indo para as terras de José Marques – então prefeito de Guaraçaí – ficando em casas
cedidas por este, vivendo duas ou até três famílias em alguns casos numa mesma casa.
Trabalhavam na colheita de café, com conselho do administrador da fazenda – Sr.
Manoel Rodrigues Marques - para que economizasse o máximo possível, dando uma
pequena parte em dinheiro semanal para os trabalhadores, que mal dava para a
subsistência de suas famílias.
• Passado cinco anos trabalhando na fazenda 320, os membros da comunidade juntam
suas economias e compram uma gleba de 10 alqueires em Guaraçaí – SP, construção
de galpões e de gaiolas para trabalhar com avicultura. saíram da fazenda levando
apenas seus pertences e suas economias provindas dos produtos vendidos
particularmente. (MARCOS, 1996)
Comunidade Sinsei
• Em suas próprias terras A organização interna da Comunidade Sinsei para manter uma
base de liberdade e respeito mútuo consiste segundo MARCOS (1996) no tripé:
Assembléia, Religião e Caixa comum.
• A assembléia é uma reunião entre os membros da comunidade para discutir e decidir
assuntos diversos: A diretoria consistia nos cargos de: Presidente, Vice-Presidente,
Secretário, Vice-Secretário, Tesoureiro e Vice-Tesoureiro, com mandato de um ano,
porém não mudava em nada a participação de todos
• A religião é um importante fator de coesão do grupo. O reverendo Shinobu Mori
realiza cultos semanais na comunidade e no bairro das Alianças
• Já o Caixa comum são contas bancárias onde é depositado o dinheiro provindo das
vendas da comunidade, e de onde sai o dinheiro para quitar seus compromissos. Fica
sob responsabilidade do tesoureiro que procura sempre manter com saldo positivo,
cumprindo e suprindo as necessidades do grupo. Existe o almoxarifado onde ficam
bens de primeira necessidade de onde podem ser retiradas mercadorias pelos
moradores da comunidade. Outros bens podem ser adquiridos em lojas na cidade por
seus integrantes, onde posteriormente é acertado pelo tesoureiro em data já
combinada com a loja.
Comunidade Sinsei
• Atividades de Produção: Avicultura Poedeira - escolhida a principal, por já terem
conhecimento, por ter uma integração com outras atividades, e por ter um mercado
considerado seguro; A Roça também de extrema importância de onde é retirada 70%
de recursos para a reprodução da comunidade – nela estão inseridos a fruticultura, a
horticultura, e a cultura de cereais; A Sericicultura que é a terceira cultura de maior
importância; A Pecuária Leiteira para o auto-consumo; A Suinocultura onde é
consumido o produto e comercializado o excedente.
• Nas Atividades de Serviço estão inseridas: A cozinha – preparo de shoyu, missô, sabão,
limpeza de louças, preparo das refeições, etc. Atividades Gerais – apoio e preparo de
produtos para comercialização, atividades de limpeza, roupas, salão e faxina geral,
costuras; Serviços Gerais – reparos em maquinários e demais instalações
• As Atividades de Comercialização, temos as Vendas no Atacado para mercados, hotéis,
distribuidoras e ao CEAGESP. Já as Vendas no Varejo é feita diretamente na
comunidade, em feiras públicas e numa quitanda/mercearia da própria comunidade
localizada no município de Ilha Solteira.
• Já as Atividades de Cultura e Lazer consiste principalmente em: Educação – aulas para
os jovens, assinatura de Jornais e Revistas; Festividades – como o Natal, Ano Novo,
Casamentos, Aniversários da comunidade e de seus integrantes, Filmes, recreações fora
da comunidade, “Pic Nics”, etc.
Comunidade Sinsei
• a comunidade Sinsei, vem passando por um processo de desmembramento e saída
de alguns de seus integrantes desde a década de 1970, se intensificando nas décadas
seguintes, estes por sua vez, saem tanto pra estudar, pra trabalhar como empregados
no Brasil ou no Japão (dekasseguis), sendo a causa principal desta saída, o conflito
entre gerações, onde os mais velhos receosos desde os tempos da comunidade Yuba,
de passar por dificuldades, barram e não levam em conta as idéias e projetos de
modificação/inovação, que propõem os mais jovens. Porém em alguns casos há o
retorno de alguns que foram trabalhar e/ou tentar a vida fora da comunidade e não
se adequaram ao modo da sociedade vigente. Há também casos de pessoas que
saíram e obtiveram êxito econômico e material fora da comunidade, como aquisição
de casas, carros, etc.
• Em visita de campo ocorrida em Outubro de 2009 - 2010, podemos ver que algumas
instalações e culturas estavam sendo desativadas ou diminuídas a sua intensidade,
dado o pequeno numero de integrantes (18) e de poucos jovens. A comunidade no
momento estava com dois funcionários contratados, assalariados, para ajudar em
serviços gerais da comunidade, fatos que não apagam dos integrantes a utopia da
produção comunitária.
Comunidade Sinsei
• manteve-se sendo comandada por Issamu Yuba, que continuou investindo na
avicultura como principal atividade da comunidade.
• Em 1961 insere-se na comunidade o casal de artistas Hissao e Akiko Ohara, ele escultor
ela bailarina. Com isso o balé passa a ser praticado de uma forma mais profissional,
• Em 1976, num acidente automobilístico, Issamu Yuba vem a falecer e a partir de então
a comunidade passou a ser lideradapor seu filho primogênito, Tetsuhiko Yuba,
• como Tetsuhiko era menos autoritário que Issamu algumas transformações foram se
processando, fato que ocorre até hoje. A comunidade deixou de ter uma administração
com poder centralizado, vindo existir assim a constituição de “outros poderes”
• Houve uma maior diversificação na produção
• a atividade principal de produção passou a ser a fruticultura da goiaba.
• comercializada tanto in natura, com a CEAGESP em São Paulo, quanto industrializada,
como geléia produzidas pela indústria da Cooperativa e parte era entregue às
indústrias ARISCO, ETTI, CICA, etc pela própria cooperativa.
Comunidade Yuba – pós divisão
• conta com cerca de 57 pessoas divididas em 26 famílias, tendo poucos solteiros.
• Todos vivem numa área de aproximadamente 50 alqueires e a língua oficial continua
sendo a japonesa,
• Os moradores da Comunidade fizeram questão de citá-la como sendo uma “grande
família”, portanto não sendo necessária a criação de leis para reger o dia-a-dia,
• A comunidade é inteiramente rural e continua praticando o princípio de cooperação
mútua nas diversas atividades desenvolvidas, tendo como base o pensamento e a
ideologia do fundador da comunidade Issamu Yuba, o tripé: trabalho, arte e religião.
Comunidade Yuba – Atualmente
• Dados populacionais da comunidade
Comunidade Yuba - atualmente
Tabela 7: População por faixa etária da Comunidade Yuba – 2010
Classificação Faixa de idade
Nº de pessoas Porcentagem
H M total
Crianças 0 – 11 3 1 4 7%
Jovens 12 – 25 5 4 9 15,8%
Adultos (a) 26 – 50 7 6 13 22,8%
Adultos (b) 51 – 60 5 6 11 19,3%
Adultos (a+b) 26 – 60 12 12 24 42,1%
Idosos 61 ou mais 7 13 20 35,1%
Total 27 30 57 100%
• Crianças e jovens:
• Mirandópolis 13,4% e 26,6%
• Comunidade Yuba: 7% e 15,8%
• Média de idade:
• Mirandópolis: aproximadamente 32 anos.
• Bairro das alianças : 48,5 anos
• Comunidade Yuba : 49,2 anos.
• Pessoas com mais de 60 anos:
• Mirandópolis 11,9% (2007)
• bairro das alianças 34,4% (2008)
• Comunidade Yuba com 35,1% (2010).
Comunidade Yuba
• FUNCIONAMENTO INTERNO DA COMUNIDADE
•
• O tripé: Trabalho, Arte (cultura) e Religião
•
• Issamu Yuba antes de fundar a comunidade já pensou em por em prática
desde a fundação da “Fazenda Yuba” em 1935, Issamu Yuba já criou a
comunidade com a intenção de se basear no tripé: trabalho, arte e religião
•
• A ideologia de seu criador foi a base de constituição da identidade de seus
integrantes, praticada em seus 75 anos de existência, e que ainda hoje se
mantém em plena vivência na comunidade. Todos integrantes com quem
conversamos nos trabalhos de campo ressaltam a importância do tripé como
a base de sustentação, prática e vivencia da comunidade, tendo importância
igual na comunidade como nos atesta as palavras do atual presidente da
associação, Luiz Tsuneo Yuba:
•
• “O tripé: trabalho, cultura e religião é a base da comunidade né, se um é mais
curto do que o outro, cai né”.
•
Comunidade Yuba
• 3.3.3 TRABALHO
• Aspectos gerais do trabalho
• O trabalho na Comunidade na sua grande maioria é feito por pessoas especializadas
em determinadas produções, cada um – ou grupo
• 3.3.3.5 Divisão das tarefas
• A divisão das tarefas não é determinada por ninguém, mas as crianças que completam
o 6º ano escolar (11-12 anos) já são enviadas, na sua maioria, para a colheita, poda e
seleção da goiaba e manga. Todavia, se futuramente a pessoa quiser mudar de
ocupação, é livre para isto,
• A própria pessoa [escolhe a tarefa], ninguém vai forçar alguém ficar em algum lugar,
logicamente todo mundo ajuda todo mundo, se alguém está precisando de ajuda pede,
ai a gente vai lá, se a gente estiver desocupado e querer trabalhar em algum lugar é
responsável.
• Varia muito, é flexível [...] Todas pessoas tem condições de fazer todos os serviços, se
vai fazer bem feito, ai vai depender de cada pessoa, cada pessoa que está no seu cargo
é responsável, [...] Quem gosta e tem mais jeito, tem o dom, vai trabalhar no que gosta,
na cozinha homem que gosta de fazer comida faz, [...] não é rígido, né. Como é tudo
família, então vai quem tem mais jeito pra isso, [...] ninguém determina, sabe.
•
Comunidade Yuba
• 3.3.3.1 Jornada de trabalho
• Na grande parte das funções – exceto das cozinheiras – a jornada de trabalho é feita de
segunda a sábado, quando é feito o anúncio de que as refeições estão à mesa ao som
de um berrante às 6:45 da manhã e às 7:45 os trabalhadores saem para seus afazeres.
O almoço e a sobremesa são servidos na barracão da cozinha comum (Figura 13) das
12:00 às 14:00, e o jantar é servido às 19:00. Entre estes períodos a alimentação é livre
para as pessoas que quiserem comer frutas, pão, chá, sucos, etc, podendo se servir à
vontade.
• 3.3.3.2 Funcionários
• A comunidade conta com um funcionário fixo. Brasileiro, trabalha com registro em
carteira com carga horária semanal de 44 hs. E diaristas quando necessário
• 3.3.3.3 “Turistas”
• A comunidade recebe pessoas de diversos lugares e idades que ficam um período
trabalhando e vivenciando o dia-a-dia da comunidade, e que durante este período tem
tratamento parecido com os dos membros da comunidade tendo quase os mesmos
direitos e obrigações Na sua grande maioria são jovens Japoneses que fazem
intercambio do Japão para o Brasil e que ficam na comunidade por um período que
varia de 1 a 3 meses
Comunidade Yuba
• Atividades de serviços
• 3.3.3.3 Cozinha são divididas em dois grupos compostos por duas pessoas cada: o
grupo das cozinheiras e o grupo das auxiliares, que por sua vez se revezam
semanalmente entrre estas atividades. O serviço da cozinha conta ainda com o auxílio
de três senhoras idosas que trabalham fixas com o grupo das auxiliares.
• 3.3.3.4 Limpeza
• Já a limpeza das casas são feitas pelas próprias famílias, já dos banheiros comunitários
e do ofurô é de responsabilidade de uma integrante, porém sempre recebe ajuda de
outras integrantes da comunidade para fazer este serviço.
• Ofurô
• O Ofurô é uma espécie de sauna – banho - Existe uma pessoa, que também faz parte da
cozinha responsável pelo corte da lenha acendimento do fogo todos os dias
• 3333 Roupas
• A lavanderia é comunitária. As roupas de integrantes de famílias já constituídas são de
responsabilidade de cada esposa que lava e passa.
• Para os solteiros e visitantes, existe uma pessoa responsável pelas roupas pessoais e de
cama, porém esta pessoa sempre recebe ajuda de outras mulheres que ajudam a lavar
e passar. As crianças também ajudam na hora da retirada das roupas do varal.
Comunidade Yuba
• Atividades de produção
•  Para entendermos melhor as atividades de produção na comunidade dividimos em 
produção para consumo interno e vendas externas. Constatando que, tudo que é 
vendido para fora também é consumido na comunidade, porém a maioria dos 
produtos que são produzidos para o consumo interno não são vendidos para fora. 
• Consumo Interno
•  Os produtos para consumo interno são: arroz; feijão; carvão, pão, sabão, lingüiça, 
shoyu; o leite; iogurte; café; o adubo orgânico para as plantações em geral; o porco 
que também é criado na comunidade; a avicultura  poedeira que serve também para 
o corte; legumes e verduras produzidas em uma horta; cana-de-açúcar para o gado; 
milho; as frutas produzidas para venda que também são consumidas como manga e 
goiaba  e, por fim, a cerâmica que parte vendida e outra para uso da Comunidade.
• vale destacar que de acordo com as entrevistas eles produzem cerca de 60% de tudo 
que é consumido na comunidade ou fabricam produtos com ingredientes comprados 
de fora como o pão e o macarrão por exemplo, comprando somente produtos 
industrializados como : farinha de trigo, açúcar, óleo, roupas, materiais de trabalho.
Comunidade Yuba
• Vendas externas
•  são: gado; goiaba, manga, abobrinha, abóbora paulista; quiabo; geléias e doces; 
cogumelos shiitake; pimenta; milho verde, que é comprado de terceiros e empacotado 
e vendido para fora; cerâmicas e, esporadicamente, alguns porcos.
• 3.3.2.7 Comercialização da Produção Comunitária
•  até pouco tempo era feita somente com o CEASA – CEAGESP no município de São 
Paulo – onde era pago pelos produtos cerca de metade do valor que é pago pelos 
mercados. Contudo por volta de 2003/2004 os responsáveis pela comercialização do 
produto na época – viram que um vizinho vendia seus produtos direto para mercados 
da região, então começaram a fazer os contatos com mercados para tentar vender seus 
produtos a um preço maior. Com essa mudança seus produtos tiveram um acréscimo 
de valor, e as saídas, e o valor das receitas melhoraram muito.
Comunidade Yuba
Cidade/
Estabelecimento /
quantidade
Mercad
o
Quitand
a
Atacado
Restau
-
rante
Total/ Município
Dracena 7 2 1 1 11
Junqueirópolis 2 2 - - 4
Tupi Paulista 3 1 - - 4
Total/
Estabelecimento
12 5 1 1 Total Geral /
Estabeleciment
o 19
• 3.3.6 ATIVIDADES CULTURAIS
• Fazendo parte do tripé das bases ideológicas do criador da comunidade Issamu Yuba as 
atividades culturais tem um significado de extrema importância pelos integrantes da 
comunidade, todos os integrantes com o qual conversamos fizeram questão de frisar a 
importâncias da prática das atividades culturais, porém não como obrigação mas pelo 
prazer e gosto de praticar determinada atividade.
• atividade cultural tem um sentido de lhes dar uma identidade como sendo parte 
integrante da comunidade Yuba, a maioria faz questão de frisar que “se não existisse a 
cultura não iria ser a comunidade Yuba”.
• ainda geram renda para a comunidade, geralmente recebendo cachês das 
apresentações que fazem durante o ano. 
• são feitas geralmente em horários estipulados a noite, porém no tempo livre entre uma 
atividade e outra ou quando estão de folga. 
• Os integrantes da comunidade dedicam-se às artes tendo um campo bem diversificado
Comunidade Yuba
• 3.3.6.1 O Museu “Osamu Sato” contém peças
• Memorial “Kitahara Wako”protótipo da primeira casa residencial nas alianças está 
sendo usado para arquivar os documentos importantes, fotos, livros e algumas peças 
da colonização japonesa nas alianças e da própria comunidade, sendo aberto para o 
conhecimento das pessoas que visitam a comunidade. 
• O local serve também como escritório de Masakatsu Yazaki, que fica responsável pela 
organização e arquivamento desses documentos
• 3.3.6.3 As Cerâmicas : são feitas por uma pessoa, a artista cuida de todas as etapas
• 3.3.6.4 A confecção de Móveis: geralmente é feito por um integrante da comunidade 
que gosta de mexer com o ofício, as peças feitas para uso no dia-a-dia da comunidade.
• 3.3.6.5 Esculturas Em Granito eram feitas por Hisao Ohara – falecido em 1989 Suas 
obras foram apresentadas em vários lugares inclusive na Bienal em São Paulo, e ganhou 
vários prêmios. Existe um jardim ao ar livre onde estão expostas suas artes. Em Rochas
e madeira: Outra artista que já fez exposições em museus de São Paulo é Renata 
Katsue Yuba. Ela se dedica a fazer uma arte de “pedras em madeira” Além das 
esculturas Renata Yuba se destaca como cantora lírica, cantando em alguns momentos 
nas apresentações do balé e do teatro yuba.
•  
Comunidade Yuba
• Livros: por Renata Yuba “Katsue e seus contos” em 1993 e “A frondosa árvore de 
Hama”
• Masakatsu Yazaki, está escrevendo um livro há quatro anos sobre o histórico da 
imigração japonesa para o Brasil e Alianças 
•  Nos Esportes: o que predomina é o baseball 
•  O Hay Kay: Segundo Lima (2004) o Hay Kay é um tipo de poema japones
• As Leituras: são feitas nos momentos de folga. A Biblioteca da Comunidade) possui 
mais de 10.000 exemplares com a maioria  escrita em japonês, sobre diversos assuntos, 
• existem dois televisores onde um está ligado aos canais brasileiros os canais japoneses 
existem também várias fitas de vídeos e DVD’s com conteúdos que vão desde as 
apresentações do balé da Comunidade, até jogos de baseball e filmes, estes na sua 
maioria em língua japonesa que são enviados do Japão por parentes e amigos.
•  As Aulas de Japonês: para as crianças até os 7 anos de idade
• Pintura de quadros e desenhos  feitos pelos jovens em idade escolar e pelas crianças 
• As aulas de Coral são ministradas às terças e quintas-feiras participam crianças, jovens 
e adultos, que se apresentam em locais e datas festivas
Comunidade Yuba
• Os instrumentos musicais: piano, violinos, violoncelos, clarinete, flautas, acordeon e 
violão, são tocados durante todo o tempo de folga dos integrantes, cada um toca 
aquele que melhor se identifique. As aulas, são ministradas por integrantes da 
comunidade ou por professores contratados para este fim. 
• O balé  principal atividade cultural onde participam a maior parte dos integrantes da 
comunidade, aquela que projeta o nome da comunidade nacional e internacionalmente
•  Até o ano de 2010 as apresentações já passam de 860 recebendo vários prêmios 
chamando a atenção pela técnica, diversificação e originalidade. 
• O Teatro: As apresentações do Teatro acontecem na própria comunidade nos dias 25 e 
30 de dezembro como parte das comemorações do Natal e Ano Novo pela 
comunidade.
• Festejos de Natal e Ano Novo acontecem no barracão do teatro da comunidade nos 
dias 25 e 30 de dezembro, com apresentação de musicas, danças e o teatro da 
comunidade e de convidados
• Outros eventos culturais exemplos: comemoração dos 100 anos da imigração japonesa
•  inauguração do ponto de cultura “cultivar a arte” 
• lançamento do livro “Yuba” da fotógrafa Lucille Kanzawa onde a comunidade é 
apresentada em um ensaio fotográfico
Comunidade Yuba
• 3.3.7 A RELIGIÃO
•  A Religião é mais uma base do tripé do ideal de Issamu Yuba, sendo praticado pelos 
seus integrantes livremente na Comunidade, independente da opção. A maioria é 
constituída por protestantes. Sempre antes das refeições, é convocado um minuto de 
oração por Katsuo Takimoto de formação cristã com a prática do itadakimasu que ‘eu 
humildemente recebo’”, começando a reza com a palavra mokuto que quer dizer 
“silêncio”. Logo após é feito um minuto de silêncio para que cada um fique livre para 
fazer as orações individuais e no término de um minuto é proferido o naore, termo que 
indica o fim da reza.
•  Acreditamos que essa base comum para com os preceitos cristãos fortaleçam os laços 
familiares de amizades e também facilite o perdão dado para aqueles moradores da 
comunidade que possam por ventura se desentender com outros integrantes, ou que 
vêem coisas erradas sem tirar satisfação com o próximo. O desapego a certos bens 
materiais e a vida entregue ao trabalho e ao outro como forma de recompensa divina 
após a morte também pode estar presente no pensamento de muitos membros da 
comunidade. Portanto o desenvolvimento e a sustentação da comunidade durante 
esses seus 75 anos de existência se deve também a religião. 
•  
Comunidade Yuba
• Para além do Tripé...
•  ADMINISTRAÇÃO 
•  Desde o inicio das atividades da Comunidade Yuba em 1935, seu idealizador e criador 
Issamu Yuba é quem tinha total controle em termos administrativos e financeiros da 
comunidade, fato que durou até sua morte em 1976.
• Após este fato quem assumiu seu lugar foi seu filho primogênito Tetsuhiko Yuba que 
também tinha total controle em termos administrativos e financeiros da comunidade, 
sendo o único com poder de decisão nos rumos da comunidade.
• Após a morte de Tetsuhiko em 2003 é criada a Associação Comunidade Yuba dirigida 
por uma diretoria: Presidente – Tesoureiro e Secretário que dividem os serviços 
administrativos da comunidade.
• De 2003 até hoje houve poucas modificações nos cargos da associação
• Com isso houve uma maior descentralização de poder, onde antes ficava somente nas 
mãos de uma pessoa, e hoje a diretoria decide a maioria dos rumos da comunidade – 
do seu dia-a-dia.
• Porém quando há uma decisão muito importante que afetará o dia-a-dia da 
comunidade é convocada assembléia geral onde todos tem o direito da palavra, onde 
ocorrem as decisões em conjunto.
Comunidade Yuba
•  Inclusão de moradores vindos de fora
•  A vinda de pessoas de fora, ou seja, que não são nascidas na comunidade, e que 
tenham a intenção de fixar moradia na comunidade é um assunto delicado. Todos 
integrantes com quem conversamos afirmam que a comunidade é aberta a todos, 
desde que se adéqüem ao “sistema Yuba” de vivência. 
• Contudo, nos trabalhos de campo vimos uma grande presença de moradores que 
vieram do Japão fixando moradia definitiva na comunidade  
• desde a criação da comunidade ainda não houve nenhum caso de pessoas vindas de 
fora, de outras nacionalidades (que não seja a japonesa) fazerem parte do quadro 
efetivo e definitivo da comunidade.
• Um caso recente de tentativa de inserção de um brasileiro para fixar moradia na 
ocorreu  quando um brasileiro (vindo do sul – decendencia alemã) casou-se com uma 
integrante da comunidade (filha do presidente) porém se fizeram sete assembléias e a 
decisão final foi da não permanencia do casal dentro da comunidade
• Tendo em vista essa decisão da comunidade percebe-se que não há uma abertura para
pessoas vindas de fora, e que não seja de descendência ou propriamente japonesa de 
fixar moradia na comunidade. Pessoas de outras descendências/nacionalidades são 
aceitas para passar um tempo na comunidade, tendo a mesma vivência do dia-a-dia da 
comunidade , porém nunca em definitivo, somente como “turistas”. 
Comunidade Yuba
• 3.3.5 “CAIXA-COMUM”
•  O “caixa-comum” é uma conta bancária, em que é depositada o dinheiro provindo das 
vendas da maioria das produções da Comunidade , e de onde é retirado o dinheiro para 
pagar contas e para cumprir os compromissos firmados com terceiros. 
• responsabilidade do tesoureiro. Ele é quem faz o controle do dinheiro que entra e que 
sai na Comunidade. E decide o que pode ou não ser comprado... No dia-a-dia.
• Já as coisas que requerem um gasto de dinheiro um pouco maior (como compra de um 
maquinário novo, ou viagens para o Japão por exemplo) é decidido em reunião com a 
diretoria. Porém em assembléia geral feita todo ano na comunidade a movimentação 
do caixa-comum é apresentado para os demais integrantes da comunidade.
• o “caixa-comum” existe e funciona, porém com alguns problemas, pois após a morte de 
Issamu Yuba foram-se constituindo outros “caixas” individuais. Isto ocorreu quando 
algumas pessoas  foram tendo total controle sobre o dinheiro provindo das vendas 
destes produtos, contribuindo assim somente esporadicamente para o caixa-comum.
• Quanto as aposentadorias, cada aposentado fica com o valor total para gastar com o 
que quiser
Comunidade Yuba
• Melhorias
• através dos relatos todos afirmaram que depois da criação da associação e da mudança 
do sistema administrativo houve uma melhoria em todos os aspectos.
• Administração menos centralizada: com a criação da associação é a diretoria 
(presidente, tesoureiro e secretário) na maioria das vezes, é que decidem em conjunto 
os rumos da comunidade, conversando e discutindo idéias, fato que não existia antes 
com Issamu e Tetsuhiko.
• Abertura maior para os jovens: conforme depoimentos podemos perceber uma maior 
abertura e participação dos jovens nos rumos da comunidade com alguns inclusive 
fazendo parte de cargos na diretoria.
• Maior entrada de dinheiro: com a mudança da comercialização que antes era feita 
para sacolões como CEASA – CEAGESP, para ser vendida diretamente para 
supermercados e quitandas, a renda provinda dessas vendas aumentaram. 
• Maior número de pessoas que recebem aposentadoria: o numero de pessoas que 
recebem aposentadorias na comunidade é de cerca de 15 idosos, e esse dinheiro é de 
posse exclusiva do aposentado podendo gastar onde considera melhor.
Comunidade Yuba
• FUTURO estratégias
•  Em conversa com o tesoureiro da comunidade ele nos informou que em breve a 
comunidade irá instalar uma pequena industria de fazer polpa, doce caseiro e
alimentos em conserva:
• A mudança na maneira de retribuição pelo trabalho também já é um assunto que foi 
levantado por Flávio Yuba:
•  ...tava pensando assim, na industria de polpa pagar um salário, salário mínimo né. E
porcentagem né, pagar porcentagem pra pessoa que produz né.
•  Compra e revenda
• Devido a diminuição de jovens e consequentemente o aumento de pessoas mais velhas 
vivendo na comunidade acaba gerando um menor emprego na força de trabalho. 
Portanto, outra estratégia que nos chama a atenção é a compra de produtos para a 
revenda como é o caso do abacaxi, limão e milho verde.
Comunidade Yuba
• A COMUNIDADE YUBA COMO RESISTÊNCIA
• Histórico dos dados populacionais da comunidade em comparação com seu entorno
Comunidade Yuba
Tabela 1: Evolução populacional da mesorregião de Araçatuba
Ano Urbana Rural Total Variação(%
) Rural
1970 292032 189700 481723 -
1980 384836 106556 491392 - 43,82
1991 505417 72193 577610 - 32,24
2000 580749 54790 635539 - 24,10
2007 610046 51136 661183 - 6,66
Tabela 2: Evolução populacional do município de Mirandópolis
Ano Urbana Rural Total Variação (%)
Rural
1950 5563 21403 26866 -
1960 8554 17276 25830 - 19,28
1970 12295 11254 23549 - 34,85
1980 13973 7557 21530 - 32,85
1991 19476 4957 24433 - 34,40
2000 22287 3649 25936 - 26,38
2007 22258 3271 25849 - 10,35
Comunidade Yuba
Tabela 3: Evolução populacional de origem
japonesa e/ou descendentes no Bairro das
Alianças*
Ano Total Variação (%)
1934 4120 -
1938 5161 25,26
1941 5400 4,63
1950 4879 - 9,64
1960 5081 4,14
1970 3788 - 25,44
1980 2928 - 22,70
1993 775 - 73,53
2001 644 - 16,90
2003 625 - 2,95
2008 509 - 18,56
Tabela 4: Evolução populacional da Comunidade
Yuba
Ano
Total de
habitantes
Variação (%)
1935 25 -
1950 250 (auge) 900
1956 200* - 20,0
1960 110** - 45,0
1970 105*** - 4,54
1980 100 - 4,76
1992 90 - 10,0
1998 80 - 11,11
2003 69 - 13,75
2006 61 - 11,59
2010 57 -6,55
Comunidade Yuba
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
1970 1980 1991 2000 2007
Total
Urbana
Rural
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007
Total
Urbana
Rural
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
1934 1938 1941 1950 1960 1970 1980 1993 2000 2003 2008
Total
0
50
100
150
200
250
300
1935 1950 1956 1960 1970 1980 1992 1998 2003 2006 2011
Total
• A perda da população rural em 37 anos (1970-2007) na mesorregião de Araçatuba foi 
de 73,04%. Comparado com o mesmo período a Comunidade Yuba perdeu 41,90% de 
sua população. 
• No município de Mirandópolis essa perda em 57 anos (1950-2007) foi de 84,71%. No 
mesmo período a Comunidade Yuba perdeu 75,60% de seus integrantes, lembrando 
que este período remete ao auge da comunidade.
• No bairro das Alianças perdeu-se em 67 anos (1941-2008) 90,57% da população, Já a 
comunidade Yuba no período de seu auge (1950) até hoje (2010) passados 61 anos 
perdeu 77,20% de seus integrantes.
• se levarmos em conta somente o período pós-divisão da Comunidade Yuba a perda de 
população em 55 anos (1960-2011) foi de 48,18% ficando muito abaixo das regiões 
comparados que praticamente no mesmo período ficaram com: Mesorregião (73,04%);
Mirandópolis (81,06%); Alianças (89,98%). 
• EM TODOS OS CASOS A COMUNIDADE YUBA TEVE UMA MENOR PERDA DE
POPULAÇÃO
Comunidade Yuba
“E será ainda pelo trabalho em comum da terra que as sociedades
libertarias acharão de novo a sua unidade e [...] podendo desde já
conceber a solidariedade, esse poder imenso que centuplica a energia e
as forças criadoras do homem, a sociedade nova marchará à conquista
do futuro com todo o vigor da mocidade [...] procurando no próprio seio
precisões e gostos a satisfazer, a sociedade assegurará largamente a
vida e o bem-estar a cada um dos seus membros, ao mesmo tempo que
a satisfação moral que dá o trabalho livremente escolhido e livremente
executado a alegria de poder viver sem esbarrar na vida dos outros.
Inspirados numa nova audácia alimentada pelo sentimento de
solidariedade, todos marcharão juntos à conquista dos altos gozos do
saber e da criação artística”
Kropotkin em A Conquista do Pão

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Anarquismo Camponês

  • 1. Mini-curso:  Anarquismo e Práticas Comunitárias no Campo carga horária: 8 hs Ministrante(s):   Prof. Eduardo Roberto Mendes – UFMS – Três Lagoas –  email: edumendesgeo@yahoo.com.br Prof. Mieceslau Kudlavicz – UFMS – Três Lagoas - email:  mie3l@uol.com.br
  • 3. Conteúdo programático • As diferentes teorias anarquistas com base nas  propostas de organização social, principalmente no  campo e sua discussão. • As diferentes práticas de organização social no campo suas semelhanças, diferenças, e aproximação  entre elas e entre as propostas teóricas anarquistas.  
  • 5. Anarquismo – O que é? • O anarquismo é - em termos gerais - uma doutrina de crítica da sociedade atual,  visando sempre uma transformação e buscando a liberdade individual sem desprezar o  social.  • A etimologia da palavra Anarquismo vem do grego “anarchos” que quer dizer “sem  governo”, ou seja, uma ideologia que tem como pressuposto a idéia de inexistência de  qualquer tipo de governo, poder e/ou autoridade. Isso pode ser ruim para muitos, mas  bom no ponto de vista dos anarquistas. • A palavra “Anarquismo” sempre foi mal usada e/ou entendida e cercada de pré- conceitos. Nos dicionários sempre há duas ou mais concepções do que vem a ser o  anarquismo. Geralmente uma delas apresenta como sendo bagunça, desordem, caos.  E a outra apresenta como sendo uma teoria política libertária de transformação da  sociedade, com a ausência de Estado, tendo a finalidade da igualdade e liberdade  entre os homens (WOODCOCK, 2002). • O pensamento anarquista é de que a humanidade é uma só e não deve incorrer no  erro de se estabelecer qualquer tipo de poder, mesmo que seja o poder da classe  proletária, como defendia os marxistas, pois para os anarquistas qualquer forma de  poder é prejudicial ao indivíduo e à sociedade, podendo a sociedade sofrer as mesmas  conseqüências (autoritarismo e coerção por parte do Estado), o que realmente  ocorreu com a instalação do socialismo real da U.R.S.S de Stálin no século XX. 
  • 6. • Para os anarquistas as instituições governamentais são intrinsecamente injustas e  autoritárias, o que as tornam prejudiciais à sociedade. Portanto, para os anarquistas, o  Estado é desnecessário, existindo outras formas alternativas e viáveis para a  organização da sociedade. • No geral os anarquistas depositam muita esperança nos camponeses e no seu estilo de  vida comunitária como promessa de futuro, aliás muitos vêem a esfera rural como  uma forma de sociedade que mais se identifica com os seus ideais, logo muitas  sociedades com ideais anarquistas tentaram esta forma de vida. • A filosofia anarquista tem ainda um núcleo comum que é a visão naturalista da  sociedade, ou seja, acreditam que o homem possui todas as possibilidades para viver  em liberdade e harmonia como qualidade inerente, sendo por natureza um ser social. • Os anarquistas, na sua maioria, foram pessoas com teorias e princípios formulados e  desenvolvidos na prática. Uma pequena minoria usou violência como forma de  expressão (ao contrário da maioria dos governantes que vemos no decorrer da  história). Os que usaram desta violência “eram homens quase sempre solitários,  movidos por uma curiosa mistura de idealismo austero e paixão apocalíptica”  (WOODCOCK, 2002, p. 15-16), que os políticos e os meios de comunicação  aproveitaram como exemplo para exaltar e depreciar as idéias e movimentos  anarquistas. “Poucas doutrinas ou movimentos foram tão mal entendidos pela opinião  pública e poucos deram tantos motivos para confusão pela própria variedade de  formas de abordagem e ação.” (WOODCOCK, 2002, p. 7) Anarquismo – O que é?
  • 7. Godwin – o Precursor • (1756 -1836) Protestante iluminista, via na sociedade um fenômeno que se desenvolvia  naturalmente, capaz de funcionar independentemente de um governo, pois tinha  convicção na capacidade destruidora da autoridade. Sua discussão era voltada para a  moral, acreditando na justiça imanente do homem.  • Faz uma crítica ao Estado onde este devia ouvir o povo e não falar e impor suas  vontades. O livro “Justiça Política”: 1.o caráter do homem é conseqüência de suas  percepções – pois não nascemos nem bons, nem maus; 2.a forma mais poderosa de agir  sobre o pensamento é com o governo; 3.o governo é tão mau na teoria quanto na  prática. 4.senso de justiça traz consigo a ajuda mútua entre os homens.  • Ele não descarta uma forma de governo defendendo uma simplificação e  descentralização de todas as formas de administração. Propõe como solução “paróquias”  que serão as futuras “comunas” citadas por Proudhon e Kropotkin, onde as leis seriam  quase desnecessárias, pois haveria assembléias gerais. Mas como vê um mal nas  assembléias gerais, pois estas só representariam a vontade da maioria. Defendia um uso  com moderação das assembléias, acreditando que o homem atingiria um tal  desenvolvimento que esta prática seria extinta.  • Por fim, acreditava na distribuição espontânea, e não na troca de mercadorias como  forma vivência do homem. 
  • 8. A escola individualista • Max Stirner (1806-1856) negava todas as instituições baseando-se unicamente na  ‘singularidade’ do indivíduo. Negava todas as leis naturais e a existência de uma  humanidade comum, podendo o homem, no máximo, formar “sindicatos de egoístas”.  critica a sociedade vigente por seu caráter autoritário e antiindividualista e propõe uma  situação desejável, que entretanto só poderia ser atingida após a derrubada das  instituições governamentais” (Woodcock, 2002).  • Stirner defende que cada indivíduo é único, e dá importância para a vontade e os  instintos de cada um defendendo que a única regra de conduta a ser seguida pelo  indivíduo serão suas próprias necessidades e desejos.  • Stirner vê a liberdade como a condição de quem se liberta de algumas coisas, mas  salienta  que a própria natureza da vida torna a liberdade absoluta uma impossibilidade.  (WOODCOCK, 2002). • Para Stirner  “O egoísmo não nega a união entre indivíduos, na verdade poderá até  estimular uma união espontânea e verdadeira podendo ele se unir e separar-se  livremente.” Segundo Stirner: “A revolução pretende chegar a novos arranjos; a rebelião  nos leva a não permitir que sejamos arranjados por outros, mas a que nós mesmos nos  arranjemos, sem depositar nenhuma esperança nas ‘instituições’.” (WOODCOCK, 2002)
  • 9. A escola mutualista • posição intermediária entre a E. individualista e a E. socialista. Acreditando que a  associação é apenas um meio para alcançar um fim, que será a liberdade individual.  É elaborado por Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) sendo o primeiro filósofo a se  auto-intitulou como anarquista. • A justiça era o motor de seu pensamento “A justiça é a estrela que governa a  sociedade, o pólo em torno do qual o mundo político gira, o princípio regulador de  todas as transações. Nada acontece entre os homens salvo em nome do direito,  sem a invocação da justiça “(PROUDHON apud WOODCOCK, 2002) •  Na obra “o que é propriedade? a propriedade é um roubo”. Karl Marx – que seria  seu maior inimigo no futuro – o descrevia como “um livro penetrante” e “o primeiro  exame decidido, vigoroso e científico sobre propriedade”. Para o título do livro o  próprio Proudhon já da a resposta: “é um Roubo!”. Explicando depois que o que  queria mostrar no livro era a soma dos abusos da propriedade privada como, por  exemplo, a exploração do trabalho, a concentração de riquezas, etc.,
  • 10. • O Mutualismo de Proudhon defende que o homem tem direito em tudo  aquilo que produz, mas não sobre os meios de produção, pois as matérias- primas vêm da natureza e as instalações técnicas se constituem em uma  herança do homem. Portanto para Proudhon a propriedade, seria a  verdadeira origem da riqueza, aquilo que constitui a desigualdade de  homem para homem: •   • “outrora o servo tinha a terra por generosidade do senhor, assim hoje o  trabalho do operário depende da disposição e necessidade do senhor e  proprietário: é o que se chama possuir a título precário. Mas essa condição  precária é uma injustiça porque implica desigualdade no mercado. O  salário do trabalhador não ultrapassa o consumo corrente e não lhe  assegura o salário do dia seguinte, enquanto que o capitalista encontra no  instrumento produzido pelo trabalhador uma base de independência e  segurança quanto ao futuro. Pois este fermento reprodutivo - esse eterno  germe da vida, o preparo e a manufatura dos implementos para a  produção - constitui a dívida do capitalista para com o produtor, uma  dívida que ele jamais paga; e é essa recusa fraudulenta que causa a  pobreza do operário, o luxo da indolência e a desigualdade de condições. E  foi isso, mais do que qualquer outra coisa, que recebeu apropriadamente o  nome de exploração do homem pelo homem” (PROUDHON, 1975, p. 102). A escola mutualista
  • 11. • Portanto Proudhon defende que as terras deva ser um bem coletivo, onde todos  possam ter acesso na forma de posse, que viria através do trabalho, e não mais  por títulos de propriedade. No seu livro “o que é propriedade?” ele coloca  algumas proposições sobre o assunto, como:  • I - A posse individual é a condição da vida social; cinco mil anos de propriedade o  demonstram: a propriedade é o suicídio da sociedade. A posse está no direito; a  propriedade é contra o direito. Suprimam a propriedade conservando a posse; e  apenas por essa modificação no principio modificareis tudo nas leis, no governo,  na economia, nas instituições: expulsareis o mal da terra. II - Sendo igual para  todos o direito de ocupar, a posse varia com o número de possuidores; a  propriedade não pode formar-se. III - Sendo o efeito do trabalho também o  mesmo para todos a propriedade perde-se pela exploração estranha e pelo  arrendamento. IV - Resultando necessariamente todo o trabalho humano de uma  força colectiva toda a propriedade se torna, pela mesma razão, colectiva e  indivislvel: em termos mais precisos, o trabalho destrói a propriedade.  (PROUDHON, 1975, p. 246 – grifo do autor) A escola mutualista
  • 12. • Quanto ao modo que deveria funcionar a sociedade Proudhon defendeu  o princípio federativo, onde deveria ser criados e controlados pelo  próprio povo grupos, comunas e associações onde as relações sociais  seriam decididas através de acordos mútuos e contratos, que segundo ele  deveria operar-se a partir dos níveis mais simples da sociedade,  buscando-se cada vez mais a autonomia de cada grupo e  consequentemente de cada indivíduo, o que levaria a anarquia final,  substituindo assim os Estados modernos. • “o sistema federativo é aplicável a todas as nações e a todas as épocas,  pois que a humanidade é progressiva em todas as suas gerações e em  todas as suas raças, e que a política de federação, que é por excelência a  política do progresso, consiste em tratar cada população, no momento  que se indicará, segundo um regime de autoridade e de diminuição da  centralização, correspondente ao estado dos espíritos e dos costumes”  (PROUDHON, 2001, p. 103). A escola mutualista
  • 14. A Corrente Coletivista • A corrente coletivista tem como principal representante Michael Bakunin  (1814-1876) que sempre procurou atividades e atos revolucionários,  abordando como seria a organização de uma sociedade futura dizia que é  preciso: •   • “Organizar la sociedad de tal suerte que todo individuo, hombre o mujer, al  llegar a la vida, encuentre medios poco más o menos iguales para el  desenvolvimiento de sus diferentes facultades y para su utilización por el  trabajo; organizar una sociedad que al hacer imposible para todo individuo,  cualquiera que sea, la explotación del trabajo ajeno, no deje a cada uno  participar en el disfrute de las riquezas sociales, que en realidad no son  producidas nunca más que por el trabajo, sino en tanto que haya contribuido  directamente a producirlas mediante el suyo” (BAKUNIN, 2009, p. 23) •   • Bakunin pregava a importância do federalismo, a extinção dos governos e  formação de associações livres agrícolas e industriais, porém diferindo da  proposta mutualista pelo fato de defender a coletivização dos meios de  produção, não aceitando ao menos a propriedade posse que Proudhon  aceitava.
  • 15. • Bakunin defendia ainda a igualdade política, social e econômica entre os  sexos e a abolição do direito de herança: •   • “en tanto que la herencia exista, habrá desigualdad económica  hereditaria, no desigualdad natural de los individuos, sino desigualdad  artificial de las clases-, y ésta se traducirá necesariamente siempre en la  desigualdad hereditaria del desenvolvimiento y de la cultura de las  inteligencias y continuará siendo la fuente y la consagración de todas las  desigualdades políticas y sociales. La igualdad del punto de partida al  comienzo de la vida para cada uno, en tanto que esa igualdad sea  dependiente de la organización económica y política de la sociedad, a fin  de que cada uno, hecha abstracción de las naturalezas diferentes, no sea  propiamente más que el hijo de sus obras, tal es el problema de la  justicia” (BAKUNIN, 2009, p. 23). •   • Com isso Bakunin esperava que no futuro, o direito de cada homem fosse  igual à sua produção, portanto a posse dos frutos produzidos seria  individual, sendo esta uma das bases da corrente coletivista defendida  por ele, que poderíamos sintetizar na máxima: “De cada um, de acordo  com os seus meios; para cada um, de acordo com suas ações.” •   A Corrente Coletivista
  • 16. • A corrente Comunista é muito parecida com o anarquismo coletivista de Bakunin,  diferenciando-se no modo de distribuição das riquezas produzidas que, será “de acordo  com a necessidade de cada indivíduo”. É elaborada por Piotr Alexeevich Kropotkin  (1842-1921) que buscava no anarquismo aspectos positivos tentando assim constituir  idéias de construção de uma nova sociedade, tentando sempre comprovar a existência  da bondade no homem, usando sempre de um otimismo marcante.  • Segundo Woodcock (2002, p. 214) a originalidade do pensamento de Kropotkin, o  tornou o principal responsável pela mudança da teoria anarquista como “teoria séria e  idealista de transformação social, e não mais uma doutrina de violência de classes e de  destruição indiscriminada”.  • Kropotkin defende que os trabalhadores tem que buscar o “bem-estar para todos” que  se pautaria resumidamente em: •   • “o direito de se apoderarem de toda a riqueza social; de tomar as casas e instalar-se  nelas conforme as necessidades da família; de tomar os víveres acumulados e de servir- se deles de modo a conhecer o bem estar, depois de ter demasiadamente conhecido a  fome. Proclamam o seu direito a todas as riquezas – fruto do labor das gerações  passadas e presentes e usam delas de modo a conhecer o que são os altos gozos da  arte e da ciência, demasiado tempo açambarcados pelos burgueses. E afirmando o seu  direito ao bem-estar, declaram o seu direito de decidirem eles mesmos o que deve ser  esse bem-estar. O direito ao bem-estar é a possibilidade de viver como seres humanos  e criar os filhos para os fazer membros iguais duma sociedade superior à nossa”  (KROPOTKIN, 1953, p. 13). A Corrente Comunista
  • 17. • Para este fato ocorrer Kropotkin defende uma ampla expropriação das propriedades e  os bens de produção, acreditando que estes deveriam pertencer a comunidade, ou  seja, a todos. •   • “sendo os meios de produção obra coletiva da humanidade, devem regressar a  coletividade humana. A apropriação pessoal não é justa nem proveitosa. Tudo é de  todos, visto que todos precisam de tudo, visto que todos tem trabalhado na medida  das suas forças, e que é materialmente impossível determinar a parte que poderia  pertencer a cada um na produção atual das riquezas” (KROPOTKIN, 1953, p. 7). •   • Este fato se aproxima muito do que Bakunin defendia que era a posse coletiva desses  bens, porém para Kropotkin a posse individual dos frutos do trabalho contadas pelas  horas trabalhadas, não caberia em uma sociedade onde tudo é de todos, fazendo uma  crítica aos coletivistas: •   • “não podemos admitir com os coletivistas que uma remuneração proporcional às  horas de trabalho fornecidas por cada um à produção das riquezas possa ser um ideal  ou mesmo um passo à frente para esse ideal. [...] o ideal coletivista nos parece  irrealizável numa sociedade que considerasse os instrumentos de produção como um  patrimônio comum. [...] o individualismo mitigado pelo sistema coletivista não poderia  existir ao lado do comunismo parcial da posse por todos do solo e dos instrumentos de  trabalho. Uma nova forma de posse requer uma nova forma de retribuição. Uma nova  forma de produção não poderia manter a antiga forma de consumo, como não poderia  acomodar-se às antigas formas de organização política” (Kropotkin, 1953, p. 14) . A Corrente Comunista
  • 18. • Portanto Kropotkin acredita que o sistema salarial era uma das bases do capitalismo, portanto acredita que quando um for superado o outro também o seria. Por isso que Kropotkin defende a máxima: “De cada um de acordo com as suas possibilidades; e a cada um de acordo com as suas necessidades” que seria a marca do anarquismo comunista. • A forma política como seria organizada a nova sociedade por Proudhon, Bakunin e Kropotkin são bem próximas quem vêem a sociedade anarquista organizada em comunas e federações. • Kropotkin no seu livro Ajuda Mutua mostra vários exemplos da resistência de camponeses que lutavam para continuar a viver em sistemas comunais de terras e serviços, e outros que se uniam para melhorar nas suas produções: • • “Os fatos mostram [...] que onde os camponeses russos, com a ajuda de circunstâncias favoráveis, são menos miseráveis do que a média, e quando encontram homens de conhecimento e iniciativa entre seus vizinhos, a comunidade aldeã é a melhor forma de introduzir diversos aperfeiçoamentos na agricultura e na vida da aldeia em seu conjunto. Aqui, como em outros lugares, a ajuda mútua é um condutor do progresso melhor do que a guerra de cada um contra todos [...]. Tudo o que se espera das pessoas que vivem sob o sistema da comunidade aldeã é que todo tipo de trabalho que entra, por assim dizer, na rotina da vida das aldeias (conservação de estradas e pontes, represas, drenagem, fornecimento de água para irrigação, corte de madeira, plantação de árvores etc.) seja feito por toda a comuna, assim como o arrendamento da terra e a capina – mediante o trabalho dos velhos e dos jovens, dos homens e das mulheres” (KROPOTKIN, 2009, p. 197). A Corrente Comunista
  • 19. • Comprovando este fato Kropotkin acredita que exista vida social em todos os níveis de escala. (desde animais como insetos, aves e mamíferos assim como toda a humanidade em todos seus estágios de desenvolvimento até hoje) afirmando que a ajuda mútua não é um ideal ético, senão um fato cientificamente comprovado, e que este seria mais importante para evolução das espécies do que a luta mútua defendida pelos neo- darwinistas. • • mesmo que não conhecêssemos quaisquer outros fatos da vida animal além dos relacionados às formigas e às térmites, já poderíamos concluir com segurança que a ajuda mútua (que leva à confiança mútua, a primeira condição da coragem) e a iniciativa individual (a primeira condição do progresso intelectual) são dois fatores infinitamente mais importantes para a evolução do reino animal do que a luta de todos contra todos. (KROPOTKIN, 2009, p. 27) A Corrente Comunista
  • 20. • Segundo Kropotkin hoje há muito desperdício com intermediários, objetos de luxo e produção de coisas desnecessárias que são produzidas para aumentar o consumismo sendo uma força de trabalho gasta sem necessidade. Portanto com a instalação de uma sociedade anarquista os homens o tempo de trabalho poderia ser diminuído, podendo as pessoas ter mais tempo para praticar atividades culturais, já que o homem não vive só para suprir suas necessidades básicas, ele também necessita de algo para exercitar sua mente, proporcionando assim momentos prazerosos: • • Admitamos enfim que todos os adultos menos as mulheres ocupadas na educação das crianças se obrigam a trabalhar cinco horas por dia, dos vinte ou vinte e dois anos até os quarenta e cinco ou cinqüenta e que se empregam em ocupações à sua escolha em qualquer dos ramos do trabalho humano considerado “necessário”. Uma tal sociedade poderia em troca garantir o bem-estar de todos os seus membros, - isto é, um bem-estar diversamente real do que hoje goza a burguesia. – E cada trabalhador dessa sociedade disporia por outro lado pelo menos de cinco horas diárias, que poderia consagrar à ciência, à arte e necessidades individuais fora da categoria do “necessário” [...]. o homem não é um ser que possa viver exclusivamente para comer, beber e procurar um abrigo. Desde que tenha satisfeito as exigências materiais, as necessidades a que se possa atribuir um caráter artístico se apresentarão tanto mais artísticas e ardentes. (KROPOTKIN, 1953, p. 43-44) A Corrente Comunista
  • 21. 2ª PARTE As diferentes práticas de organização social no campo
  • 22. • o uso comum da terra com trabalho individual que segundo TAVARES (2008) é utilizada no mundo desde tempos imemoriais, exemplos: na Espanha – “Montes Veciñais em Man Común” (Montes vizinhos de uso Comum) que permite aos seus moradores o pastoreio, adubo, e outros aproveitamentos secundários, onde a terra é um bem comum, indivisível. Acredita-se que este tipo de ocupação tenha chegado a ser utilizado em 2/4 na Espanha no começo do século XIX. (LEICEAGA apud TAVARES, 2008) • Em Portugal o autor fala sobre os “baldios” que são terras de uso comum que em 1935 ocupava cerca de 6% de todo território português. Hoje é usado por camponeses que retiram a lenha, para uso de combustível, os matos, para alimentação animal, madeira, saibro e pedras, para construções e utensílios em geral, a água, para irrigação e transitoriamente a plantação de cereais e batatas, sendo seu uso praticado pelos camponeses mais pobres. Atualmente ocupam uma área de 400 mil hectares no continente. Porém em Portugal, houve interferências do Banco Mundial com projetos de reflorestamento atrapalhando e limitando o desenvolvimento costumeiro dos baldios, que atualmente contam com 86 mil hectares da matas nacionais • De acordo com Almeida apud Tavares (2008, p. 333) “Essa noção de terra de uso comum é acompanhada de ‘elemento de identidade indissociável do território ocupado e das regras de apropriação’, como é evidenciado na heterogeneidade de suas denominações” (grifo do autor) Uso comum da terra
  • 23. • Por isso vamos encontrar várias nomenclaturas para as terras de uso comum no Brasil, sendo elas: Terras de Preto; Terras de Santo; Terras dos Índios; Terras de Herança; Terras Soltas ou Abertas também conhecidas como: Pastos Comuns, Campos, Fundos de Pastos, Pastos Abertos, Feche de pastos e Faxinais; e Terra Liberta. • Tavares (2008) também fala das diferentes formas de terras de uso comum, onde se destacam: o uso comum ligados aos interesses da comunidade, que são, propriedades individuais e fundos do lote uso comum; Campos de Altitude com uso basicamente sazonal, onde predomina o pastoreio; e uso Cooperativos, formas de cooperativas pagas por uma taxa pelos participantes. • De acordo com CAMPOS apud TAVARES, 2008 temos também o uso comum conjugando interesses internos e externos da comunidade, exemplos: tropeiros, faxinais, coqueirais, castanhais, babaçuais e seringueiros. • O mesmo autor cita também usos comum entre não proprietários, que são: terras de índio, terras de negro e terras de santo já citadas anteriormente. E usos comum dirigidos – que são voluntárias de “socialistas utópicos”, como por exemplo a experiência Anarquista da Colônia Cecília. Uso comum da terra
  • 24. • especificamente sobre os faxinais do Estado do Paraná e sua gênese afirma: • A hipótese que levanto na tese sobre a gênese dos faxinais no Paraná é de que ela se encontra na aliança entre índios fugitivos do sistema de peonagem (das missões ou reduções jesuíticas e dos aldeamentos), da escravidão (dos bandeirantes paulistas) e dos negros africanos fugitivos, que se dispersaram e não formaram quilombos, e se encontram nas matas de Araucárias no Estado do Paraná. A junção da prática de terras de uso comum pelos índios, a prática de criação de animais pelos escravos africanos, mais a prática de extração da erva-mate por ambos os sujeitos sociais [...] constituíram os elementos fundantes na construção dos faxinais no início do século XVII, que, ao longo do tempo, recebeu a contribuição significativa dos imigrantes europeus, principalmente dos camponeses originários do leste europeu (Ucrânia e Polônia); e da fração dos camponeses que participaram da Guerra ou Revolta do Contestado para a sua consolidação. (TAVARES, 2008, p. 382) Os Faxinais
  • 25. • Atualmente são compreendidos pela maioria dos autores como: • “uma forma de organização econômica camponesa do sul do Brasil, cujo território se constitui com base na conjunção de elementos ambientais, socioeconômicos, políticos e culturais desde o início do século XVIII, caracterizado principalmente pelo uso de terra comum e dos recursos naturais na forma de criadouros comuns ou comunitários” (TAVARES, 2008, p. 569) • Os Faxinais e Faxinalenses são entendido por Tavares como fração camponesa pois possui uma relação não capitalista de produção, assentadas em três bases: 1) Terras de uso comum no criadouro comunitário ou comum que são terras de criar e viver constituídas por várias parcelas de terras contíguas de uso comum, assim como recursos naturais nelas contidos; 2) Cercas das terras de uso comum no criadouro comunitário ou comum, que delimitam o criadouro das terras agrícolas e as 3) Terras agrícolas de propriedade privada e posses individuais (TAVARES, 2008). Os Faxinais
  • 26. • Quanto as práticas sociais dos faxinalenses em suma: • “O criadouro comunitário é onde o camponês faxinalense vive seu cotidiano, expresso na divisão do trabalho, na “peleia” diária com os animais criados a solta – complementação da dieta alimentar, cuidar dos animais doentes – e depois parte para trabalhar nas terras de planta, que ficam até 10 km de distância do criadouro. É onde são feitas as combinações da ajuda mútua – mutirão/puxirão, e a troca de dias entre vizinhos, compadres afilhados e parentes – que se estabelece pela consciência da independência engedrada pelas condições de vida comum, pelo espaço das terras de uso comum partilhado; e pelas relações de vizinhança, compadrio e parentesco. É também o espaço das manifestações culturais – festas religiosas e pagãs. Compreendendo que são esses elementos – práticas sociais – que configuram as relações econômicas, sociais e culturais do modo de vida do campesinato faxinalense. É através dessas relações que o camponês faxinalense sabe e sente quem é “de dentro”, quem pertence ao seu mundo” (TAVARES, 2008, p. 690) • • Conflitos sociais, culturais e ambientais vem ocorrendo com a chegada na década de 30 do século XX de madeireiros industriais, pecuaristas, e agricultores capitalistas, pois estes muitas vezes tentam grilar terras que são do uso dos faxinalenses, ou por não cercarem corretamente suas terras havendo invasões de animais dos faxinalenses em suas propriedades, e também pelo acesso ao uso dos recursos hídricos e agroflorestais destas regiões. Em resposta os camponeses faxinalenses vem construindo uma luta pela resistência através de processos de identidade política e jurídica com movimentos sociais que buscam uma estratégia se consolidação de solidariedade entre estes povos. Os Faxinais
  • 27. • Outra prática que podemos citar é a de cooperação e ajuda mútua em comunidades religiosas que desde o século XIII surgem movimentos de contestação da ordem vigente buscando um cristianismo primitivo, ou reformas de contestação a Igreja baseadas na cooperação e ajuda mútua baseadas nos escritos da bíblia e das palavras de Deus. • No Brasil esta prática foi vivenciada na Colônia Varpa constituída da imigração leta para o Brasil no período 1922/23, onde foram adquiridos cerca de 2.100 alqueires de terras em Tupã-SP. Em um primeiro momento existiam cerca de 453 pessoas no local, um ano depois este número sobe para 2.223 pessoas. • De acordo com VALIESSEF apud MARCOS (1996) a bordo navio vindo para o Brasil foi organizado um CAIXA COMUM onde contribuía aqueles que podiam, que na chegada ao novo país de esperança de melhoria de vida se revelaria de suma importância nos primeiros meses de sobrevivência. Colônia Varpa
  • 28. • Enquanto a medição da gleba não se concluía, os imigrantes letos construíram acomodações comuns trabalhando a terra coletivamente. Por meio de assembléias foi instituído vários cargos administrativos para aqueles que se “encaixavam” melhor nas funções. Quanto a Religião, era formada na sua grande maioria de protestantes da Igreja Batista, que formava o alicerce da comunidade. Tudo que era feito estava baseado nos escritos da bíblia e na vontade de Deus”. • A Divisão das terras foram classificadas em lotes: Agrícolas, Profissional, Urbano, com diferentes tamanhos e localidades, escolhendo os primeiros os que mais arrecadaram para o caixa-comum no navio. Com as terras divididas as atividades econômicas em VARPA eram bem diversificada, com setores: primário, secundário e terciário. Suas principais atividades eram: Agropecuária, Madeira, Sericicultura e transportes. • Com a política de miscigenação do governo nas décadas de 60 e 70 do século XX acentua-se a entrada de Brasileiros, instala-se: Bares, casas de jogos, policiamento, etc. o que influencia na comunidade, e pouco a pouco perde a suas bases e sua essência. Colônia Varpa
  • 29. • De acordo com MULATINHO (1982) fora fundada em 20 de julho de 1929, contando com 350 integrantes alojados em 290 alqueires de terra, para as viúvas, órfãos de guerra, solteiros sem recursos, etc. que não tinham como dedicarem-se a seus lotes individualmente, sendo parte da Colonia Varpa, porém com estrutura e modo de vida diferenciado. • A Comunidade tinha como base a religião e a etnia. Sua administração tinha um presidente mais sete membros da diretoria com assembléias realizadas Mensalmente e/ou Quinzenalmente onde vários assuntos eram discutidos e decididos. Para entrar na comunidade era necessário praticar a mesma religião. E tinha uma estrutura de casas de madeira, serraria, moinho, oficina, engenho, tipografia, enfermaria, cozinha, refeitório, escola missionária, templo. • Existia ainda uma tipografia que funcionara como imprensa com fins de evangelização, e o trabalho consistia em oito horas diárias, com atividades religiosas e culturais a noite. • Sua economia e culturas plantadas tinha como base a Subsistência; Pecuária; Avicultura; Apicultura; Mandioca; açucar; algodão; psicultura; hortifruticultura, sendo o trabalho e o consumo feitos de acordo com as possibilidades e necessidades de cada um. Na comunidade circulou durante 10 anos moeda própria, sendo extinta qundo um agente do governo os indicaram a possibilidade de falsificação. Comunidade Palma
  • 30. • Para MULATINHO (1982) Palma se encaixa como economia de modo Comunista. • o modo de vida buscado segundo modelos de sociedades primitivas cristãs, segundo o membro fundador, o professor Ronis que fala sobre o ideal comunitário dos letões: • “...trabalhariam cada um fielmente no seu setor, comendo todos a mesma comida à mesa, tendo seus cultos diários à noite para refrigério de suas almas. Viveriam todos em amor e para o bem comum, servindo o Senhor da maneira como Ele mesmo o revelasse, no decorrer do tempo, até a sua segunda vinda, não tendo preocupações com problemas materiais. Entenderam que assim corresponderiam melhor ao chamamento divino que cada um sentiu no seu intimo quando deixou a sua pátria e migrou para o Brasil. Especialmente a idéia da segunda vinda de cristo levou alguns a buscar o modo de vida dos primitivos cristãos em Jerusalém, quando ninguém considerava nada como seu próprio, para que todos tivessem o necessário para a sua manutenção e ninguém padecesse carência alguma” (RONIS apudMULATINHO, 1982) • Podemos perceber neste relato a o apelo em uma possível - e esperada por eles – “segunda vinda de cristo” onde estes vivendo sobre os seus “mandamentos”, teriam lugar garantido no paraíso. • Hoje, onde existia a comunidade Palma, hoje é uma colônia de férias voltada para o turismo ecológico. Contudo, este é mais um exemplo que comprova a possibilidade da existência de uma vida em comum. Comunidade Palma
  • 31. • Criada em 1889 Cecilia em Palmeira no PR, marcou o coroamento de um percurso traçado por Giovanni ROSSI, seu idealizador escreveu sua utopia “Un comune socialista”, onde descrevia uma propriedade em um povoado imaginário, após a sua conversão em comunismo anarquista. • De lá até o fim da sua vida perseguiu a realização de tal ideal, através: de apelos para jornais anarquistas; defendia o experimentalismo • As terras foram doadas pelo governo monárquico de D. Pedro II, pressionado pelos fazendeiros escravocatas da época - falta de mão-de-obra com o fim da escravatura, então o governo criou núcleos de colonização, esperando que a experiência de Rossi falhasse e seus integrantes servissem de mão-de-obra para estas fazendas. • A comunidade primeiramente com um barracão construído pelos integrantes com dormitórios e refeitório, mais tarde passou-se a construir casas para as famílias, A preparação da terra para o cultivo também era feito coletivamente. Colônia Cecília
  • 32. • “Não se trata de estabelecer, como e qual será precisamente, e nos seus mínimos detalhes, a sociedade do devir; nem também se deve acreditar ser possível resolver a questão social através de fazendas socialistas. Não, o devir será o que será, e a questão social será resolvida pelas necessidades invasoras, pelo desenvolver-se irresistível do espírito humano em todas as suas manifestações. [...] Mas para influenciar multidões, é necessário que estas provas sejam dadas próximas, tanto que possam ser verificadas com os próprios olhos. [...] se transformará em aspiração popular.” (ROSSI) • Dois anos após o início da colônia, Rossi viaja para Itália fazendo propaganda, tentando angariar fundos e convocando pessoas que queiram fazer parte da experiência no Brasil. As práticas de Rossi provocou discussões entre outras correntes anarquistas que acreditavam que perdia-se tempo em fazer experiências ao invés de buscar fazer a revolução propriamente dita, e de que os experimentalistas se fechassem para sí esquecendo-se do restante da sociedade. Principalmente de Malatesta. • Rossi responde a Malatesta em 1893 com seu livro “Cecília, Comunita anarchica sperimentale. Un'episodio d'amore nella Colonia 'Cecília'” reafirmando a liberdade de escolha e de diferentes idéias dentro de um mesmo movimento buscando um mesmo objetivo que era a revolução social. Colônia Cecília
  • 33. • A experiência continuou chegando a 300 integrantes. Como Rossi não tinha um planejamento prévio sobre o futuro, não tinha como evitar o ingresso de pessoas “de fora” da causa anarquista. Muitos viam a oportunidade de ser proprietários de terra, tentando criar funções hierárquicas, contudo o grupo – sete famílias – que não se identificou saiu da comunidade levando consigo o que consideravam “seus pertences”. • A nova etapa reavivou o espírito anarquista tentando reestabeler o ideal comunitário: • “é necessário produzir para satisfazer as necessidades básicas. Muito trabalho e muitas dificuldades: este é o cotidiano. Como alternativa à complementação do trabalho na colônia alguns colonos se revezam no trabalho nas estradas que o Estado constrói. • Com os desfalques e pouca ajuda, a pobreza era reinante, e a liberdade ia perdendo espaço para o egoísmo quando alguns sacavam comida escondida dos armazéns e aos poucos a colônia foi sendo minada. Além disso havia tensão entre integrantes camponeses e não camponeses, e que levou a crise final em 1894. • Mesmo com o fim da Colônia Cecília, Rossi não admite seu fracasso, defendendo que conseguiu provar a existência de uma vida em comum enquanto durou a comunidade. Rossi nunca defendeu a total igualdade na colônia, pois ele acreditava na diferença de cada um, pautada na liberdade do indivíduo. Os trabalhos eram feitos conforme a possibilidade de cada um, e sua produção era livre para cada indivíduo desfrutar conforme suas necessidades. Colônia Cecília
  • 34. • Em 1922 a empresa Nippon Rikko Kai organizou-se a fundação de "uma colônia modelo na América do Sul para fixação de emigrantes, oferecendo-lhes o apoio e a segurança“ . “O núcleo chamaria-se ‘Aliança’, que tem o significado de ‘dar as mãos’ – sugerindo cooperação mútua”. Formando em 1927 um total de 7.200 alqueires - distritos da 1ª, 2ª e 3ª Alianças. Atividades: avicultura; café, e o cultivo de hortaliças e legumes • Rikko Kai, preparava os imigrantes antes de imigrar ideais: 4H e do GAT (Gozar a Terra): • “[as] iniciais em inglês de Head, cabeça, significando a inteligência, o pensamento; Heart, o coração, o amor, o sentimento; Hand, mão, o trabalho; e Health, saúde, o vigor físico’ [...] GAT ‘apego à terra, isto é, amar a terra e se fixar nela e extrair dela o maior proveito possível; viver uma vida tranqüila; aprender meios práticos de proceder às culturas racionais, mediante adubação; racionalizar a distribuição de braços, contando inclusive com os braços domésticos; obter, na medida do possível, auto-suficiência de tudo que for preciso; cuidar da saúde, pois ela é a base de todas as atividades” • diferenciado em quase todos aspectos ao restante da imigração japonesa - irá se desenvolver nesses imigrantes características peculiares que possibilitarão, com outros fatores – inclusive a chegada de Issamu Yuba a região – a criação da Comunidade Yuba. Comunidade Sinsei e Comunidade Yuba... Núcleo de colonização japonesa das Alianças
  • 35. Comunidade Sinsei e Comunidade Yuba... O início... A vinda de Issamu Yuba • base filosófica – Roussea; Leon Tolstoi e Mushanokoji, ideais de vida coletiva campesina • Em 1926 com notícias de consolidação das Alianças aliada às dificuldades econômicas familiares e seu sonho libertário, Issamu Yuba e família migram para o Brasil • Desde sua chegada Yuba já se destacava na região – introdutor do baseball no Brasil • Em 1933 Issamu Yuba com um companheiro, esteve visitando a Comunidade Palma, para estudar e vivenciar a vida em comum, em vistas de colocar seu ideal em prática • Dois anos depois, em 1935 Issamu Yuba enfim consegue por seu ideal em prática, com sua família e alguns poucos amigos adquire uma área de 40 alqueires no bairro de Formosa, - Guaraçaí SP, com o lema “Criação de uma nova cultura” deu inicio as atividade da “Fazenda Yuba” pautada na ideologia de “Cultivar, rezar e amar as artes” • Existem muitas imagens sobre ele, porque eu ouço muitas histórias, e cada um enxerga de uma forma [...]. tem muita gente que vê ele como um Deus, perto de um Deus, né? e tem gente que não gostava dele. [...] Mas tem uma coisa que todo mundo fala que é igual, é que ele atraía muita gente, ele tinha uma força que atraía as pessoas [...]
  • 36.
  • 37. • No início eram somente a família de Yuba e mais meia dúzia de amigos, sempre com Issamu Yuba no comando, tomando todas as decisões administrativa e financeira • Com o tempo a Comunidade Yuba se firma, contando com dormitórios para solteiros, casas para famílias, barracão que servia de cozinha, sala de jantar, festas e reuniões, banheiros coletivos, etc. A língua oficial era a japonesa. Os membros se dividiam para fazer vários serviços como cozinhar, plantar, ensinar as crianças, cuidar da saúde da comunidade, etc. Além desses serviços, também se dedicavam a esportes, peças teatrais, música, dança, além de discussões sobre filosofia e política (MARCOS, 1996). • Yuba colocou em prática, no final dos anos 30, um projeto pioneiro no interior do estado de São Paulo que era o trabalho com avicultura poedeira, tendo grande aceitação e sucesso, já que esse tipo de produção “garantiria, ao mesmo tempo, o fornecimento dos ovos, das galinhas e também do adubo orgânico (esterco), o qual deveria ser aplicado à terra já gasta com a produção de café e algodão, devolvendo-lhe assim a fertilidade, condição necessária para a fixação do camponês no campo • integrando a Associação de Jovens San Sei Ren (Sangyo Seinen Renmei - Organização dos Moços da Cooperativa). No entanto, a falta de planejamento na forma de conduzir os negócios, Yuba levou à crise a San Sei Ren. Comunidade Yuba... Antes da divisão
  • 38. • Durante a segunda guerra a comunidade recebe um grande numero de pessoas • • No início dos anos 50 a comunidade chega ao seu auge, contado com cerca de 250 - 300 integrantes e sendo a maior granja da América do Sul, com mais de 220.000 aves e uma produção diária de 30.000 ovos, sendo Issamu Yuba chamado de “O Rei das Galinhas” pela revista “O Cruzeiro” (SILVA, 1988; MARCOS, 1996; YAZAKI (2003); BARTABURU, 2010) • Yuba transportava ovos para São Paulo, de uma distância de 600 km, por via ferroviária e mais tarde rodoviária, o que ia contra a lógica econômica da época. “Além dos ovos, passaram a vender pintainhos, gaiolas, esterco, madeira retirada da comunidade e, mais tarde, as aves fora da fase de postura, comercializadas como aves de corte”. (MARCOS, 1996, p. 80) • Contudo Issamu Yuba continuava “pecando” no seu senso de finanças. Levando a comunidade várias vezes à falência. • Criação da Sociedade agrícola Guaraçaí • em 1956, o Banco América do Sul decreta a falência da Sociedade Agrícola de Guaraçaí. “De acordo com a resolução da referida reunião, os integrantes da comunidade deveriam sair das terras, deixando ali todas as benfeitorias e pertences, inclusive os de uso pessoal” (Marcos, 1996, p. 86) Comunidade Yuba... Antes da divisão
  • 39. • Diante desta situação, o então Prefeito do Município de Guaraçaí-SP, e também um de seus credores, José Marques, convidando-os para transferirem-se para sua fazenda em Guaraçaí-SP - a Fazenda 320 (MARCOS, 1996, p. 86) • Quando Issamu Yuba retornou de São Paulo e ficou sabendo do ocorrido, desaprovou a atitude de seus companheiros convocou uma reunião extraordinária, onde defendeu a idéia de que deveriam sair da fazenda e voltar para as terras da comunidade. • Issamu Yuba pediu que aqueles que com ele concordassem levantassem suas mãos.; metade dos membros da comunidade (que possuía cerca de 200 pessoas na época), permanecessem com as mãos abaixadas. • Aqueles que concordaram com Issamu Yuba, acomodaram-se, inicialmente, em uma área emprestada nas Alianças, trabalhando em terras arrendadas na própria região. Após oito meses da separação, Yuba recebe de um amigo da Primeira Aliança uma gleba de terras de 10 alqueires para que a comunidade pudesse fixar-se e reiniciar novamente suas atividades (MARCOS, 1996). • Já aqueles que não acompanharam Issamu Yuba, ficaram nas terras de José Marques, onde logo decidiram fazer algumas reuniões, decidindo-se continuar vivendo em comunidade, fundando assim a Comunidade Sinsei Comunidade Yuba... Antes da divisão
  • 40. • após a cisão do grupo, a parte dissidente juntou-se e fizeram reuniões decidindo que a forma de organização da nova comunidade que ali estava nascendo, seria a mais democrática possível, decidi-se que qualquer problema que surgisse teria de ser enfrentado e tentado sua solução nas reuniões. • A nova forma de composição e prática da comunidade concordando com Marcos (1996) tem relação com o anarco-comunismo proposto por Kropotkin. • Indo para as terras de José Marques – então prefeito de Guaraçaí – ficando em casas cedidas por este, vivendo duas ou até três famílias em alguns casos numa mesma casa. Trabalhavam na colheita de café, com conselho do administrador da fazenda – Sr. Manoel Rodrigues Marques - para que economizasse o máximo possível, dando uma pequena parte em dinheiro semanal para os trabalhadores, que mal dava para a subsistência de suas famílias. • Passado cinco anos trabalhando na fazenda 320, os membros da comunidade juntam suas economias e compram uma gleba de 10 alqueires em Guaraçaí – SP, construção de galpões e de gaiolas para trabalhar com avicultura. saíram da fazenda levando apenas seus pertences e suas economias provindas dos produtos vendidos particularmente. (MARCOS, 1996) Comunidade Sinsei
  • 41. • Em suas próprias terras A organização interna da Comunidade Sinsei para manter uma base de liberdade e respeito mútuo consiste segundo MARCOS (1996) no tripé: Assembléia, Religião e Caixa comum. • A assembléia é uma reunião entre os membros da comunidade para discutir e decidir assuntos diversos: A diretoria consistia nos cargos de: Presidente, Vice-Presidente, Secretário, Vice-Secretário, Tesoureiro e Vice-Tesoureiro, com mandato de um ano, porém não mudava em nada a participação de todos • A religião é um importante fator de coesão do grupo. O reverendo Shinobu Mori realiza cultos semanais na comunidade e no bairro das Alianças • Já o Caixa comum são contas bancárias onde é depositado o dinheiro provindo das vendas da comunidade, e de onde sai o dinheiro para quitar seus compromissos. Fica sob responsabilidade do tesoureiro que procura sempre manter com saldo positivo, cumprindo e suprindo as necessidades do grupo. Existe o almoxarifado onde ficam bens de primeira necessidade de onde podem ser retiradas mercadorias pelos moradores da comunidade. Outros bens podem ser adquiridos em lojas na cidade por seus integrantes, onde posteriormente é acertado pelo tesoureiro em data já combinada com a loja. Comunidade Sinsei
  • 42. • Atividades de Produção: Avicultura Poedeira - escolhida a principal, por já terem conhecimento, por ter uma integração com outras atividades, e por ter um mercado considerado seguro; A Roça também de extrema importância de onde é retirada 70% de recursos para a reprodução da comunidade – nela estão inseridos a fruticultura, a horticultura, e a cultura de cereais; A Sericicultura que é a terceira cultura de maior importância; A Pecuária Leiteira para o auto-consumo; A Suinocultura onde é consumido o produto e comercializado o excedente. • Nas Atividades de Serviço estão inseridas: A cozinha – preparo de shoyu, missô, sabão, limpeza de louças, preparo das refeições, etc. Atividades Gerais – apoio e preparo de produtos para comercialização, atividades de limpeza, roupas, salão e faxina geral, costuras; Serviços Gerais – reparos em maquinários e demais instalações • As Atividades de Comercialização, temos as Vendas no Atacado para mercados, hotéis, distribuidoras e ao CEAGESP. Já as Vendas no Varejo é feita diretamente na comunidade, em feiras públicas e numa quitanda/mercearia da própria comunidade localizada no município de Ilha Solteira. • Já as Atividades de Cultura e Lazer consiste principalmente em: Educação – aulas para os jovens, assinatura de Jornais e Revistas; Festividades – como o Natal, Ano Novo, Casamentos, Aniversários da comunidade e de seus integrantes, Filmes, recreações fora da comunidade, “Pic Nics”, etc. Comunidade Sinsei
  • 43. • a comunidade Sinsei, vem passando por um processo de desmembramento e saída de alguns de seus integrantes desde a década de 1970, se intensificando nas décadas seguintes, estes por sua vez, saem tanto pra estudar, pra trabalhar como empregados no Brasil ou no Japão (dekasseguis), sendo a causa principal desta saída, o conflito entre gerações, onde os mais velhos receosos desde os tempos da comunidade Yuba, de passar por dificuldades, barram e não levam em conta as idéias e projetos de modificação/inovação, que propõem os mais jovens. Porém em alguns casos há o retorno de alguns que foram trabalhar e/ou tentar a vida fora da comunidade e não se adequaram ao modo da sociedade vigente. Há também casos de pessoas que saíram e obtiveram êxito econômico e material fora da comunidade, como aquisição de casas, carros, etc. • Em visita de campo ocorrida em Outubro de 2009 - 2010, podemos ver que algumas instalações e culturas estavam sendo desativadas ou diminuídas a sua intensidade, dado o pequeno numero de integrantes (18) e de poucos jovens. A comunidade no momento estava com dois funcionários contratados, assalariados, para ajudar em serviços gerais da comunidade, fatos que não apagam dos integrantes a utopia da produção comunitária. Comunidade Sinsei
  • 44. • manteve-se sendo comandada por Issamu Yuba, que continuou investindo na avicultura como principal atividade da comunidade. • Em 1961 insere-se na comunidade o casal de artistas Hissao e Akiko Ohara, ele escultor ela bailarina. Com isso o balé passa a ser praticado de uma forma mais profissional, • Em 1976, num acidente automobilístico, Issamu Yuba vem a falecer e a partir de então a comunidade passou a ser lideradapor seu filho primogênito, Tetsuhiko Yuba, • como Tetsuhiko era menos autoritário que Issamu algumas transformações foram se processando, fato que ocorre até hoje. A comunidade deixou de ter uma administração com poder centralizado, vindo existir assim a constituição de “outros poderes” • Houve uma maior diversificação na produção • a atividade principal de produção passou a ser a fruticultura da goiaba. • comercializada tanto in natura, com a CEAGESP em São Paulo, quanto industrializada, como geléia produzidas pela indústria da Cooperativa e parte era entregue às indústrias ARISCO, ETTI, CICA, etc pela própria cooperativa. Comunidade Yuba – pós divisão
  • 45. • conta com cerca de 57 pessoas divididas em 26 famílias, tendo poucos solteiros. • Todos vivem numa área de aproximadamente 50 alqueires e a língua oficial continua sendo a japonesa, • Os moradores da Comunidade fizeram questão de citá-la como sendo uma “grande família”, portanto não sendo necessária a criação de leis para reger o dia-a-dia, • A comunidade é inteiramente rural e continua praticando o princípio de cooperação mútua nas diversas atividades desenvolvidas, tendo como base o pensamento e a ideologia do fundador da comunidade Issamu Yuba, o tripé: trabalho, arte e religião. Comunidade Yuba – Atualmente
  • 46. • Dados populacionais da comunidade Comunidade Yuba - atualmente Tabela 7: População por faixa etária da Comunidade Yuba – 2010 Classificação Faixa de idade Nº de pessoas Porcentagem H M total Crianças 0 – 11 3 1 4 7% Jovens 12 – 25 5 4 9 15,8% Adultos (a) 26 – 50 7 6 13 22,8% Adultos (b) 51 – 60 5 6 11 19,3% Adultos (a+b) 26 – 60 12 12 24 42,1% Idosos 61 ou mais 7 13 20 35,1% Total 27 30 57 100%
  • 47. • Crianças e jovens: • Mirandópolis 13,4% e 26,6% • Comunidade Yuba: 7% e 15,8% • Média de idade: • Mirandópolis: aproximadamente 32 anos. • Bairro das alianças : 48,5 anos • Comunidade Yuba : 49,2 anos. • Pessoas com mais de 60 anos: • Mirandópolis 11,9% (2007) • bairro das alianças 34,4% (2008) • Comunidade Yuba com 35,1% (2010). Comunidade Yuba
  • 48. • FUNCIONAMENTO INTERNO DA COMUNIDADE • • O tripé: Trabalho, Arte (cultura) e Religião • • Issamu Yuba antes de fundar a comunidade já pensou em por em prática desde a fundação da “Fazenda Yuba” em 1935, Issamu Yuba já criou a comunidade com a intenção de se basear no tripé: trabalho, arte e religião • • A ideologia de seu criador foi a base de constituição da identidade de seus integrantes, praticada em seus 75 anos de existência, e que ainda hoje se mantém em plena vivência na comunidade. Todos integrantes com quem conversamos nos trabalhos de campo ressaltam a importância do tripé como a base de sustentação, prática e vivencia da comunidade, tendo importância igual na comunidade como nos atesta as palavras do atual presidente da associação, Luiz Tsuneo Yuba: • • “O tripé: trabalho, cultura e religião é a base da comunidade né, se um é mais curto do que o outro, cai né”. • Comunidade Yuba
  • 49. • 3.3.3 TRABALHO • Aspectos gerais do trabalho • O trabalho na Comunidade na sua grande maioria é feito por pessoas especializadas em determinadas produções, cada um – ou grupo • 3.3.3.5 Divisão das tarefas • A divisão das tarefas não é determinada por ninguém, mas as crianças que completam o 6º ano escolar (11-12 anos) já são enviadas, na sua maioria, para a colheita, poda e seleção da goiaba e manga. Todavia, se futuramente a pessoa quiser mudar de ocupação, é livre para isto, • A própria pessoa [escolhe a tarefa], ninguém vai forçar alguém ficar em algum lugar, logicamente todo mundo ajuda todo mundo, se alguém está precisando de ajuda pede, ai a gente vai lá, se a gente estiver desocupado e querer trabalhar em algum lugar é responsável. • Varia muito, é flexível [...] Todas pessoas tem condições de fazer todos os serviços, se vai fazer bem feito, ai vai depender de cada pessoa, cada pessoa que está no seu cargo é responsável, [...] Quem gosta e tem mais jeito, tem o dom, vai trabalhar no que gosta, na cozinha homem que gosta de fazer comida faz, [...] não é rígido, né. Como é tudo família, então vai quem tem mais jeito pra isso, [...] ninguém determina, sabe. • Comunidade Yuba
  • 50. • 3.3.3.1 Jornada de trabalho • Na grande parte das funções – exceto das cozinheiras – a jornada de trabalho é feita de segunda a sábado, quando é feito o anúncio de que as refeições estão à mesa ao som de um berrante às 6:45 da manhã e às 7:45 os trabalhadores saem para seus afazeres. O almoço e a sobremesa são servidos na barracão da cozinha comum (Figura 13) das 12:00 às 14:00, e o jantar é servido às 19:00. Entre estes períodos a alimentação é livre para as pessoas que quiserem comer frutas, pão, chá, sucos, etc, podendo se servir à vontade. • 3.3.3.2 Funcionários • A comunidade conta com um funcionário fixo. Brasileiro, trabalha com registro em carteira com carga horária semanal de 44 hs. E diaristas quando necessário • 3.3.3.3 “Turistas” • A comunidade recebe pessoas de diversos lugares e idades que ficam um período trabalhando e vivenciando o dia-a-dia da comunidade, e que durante este período tem tratamento parecido com os dos membros da comunidade tendo quase os mesmos direitos e obrigações Na sua grande maioria são jovens Japoneses que fazem intercambio do Japão para o Brasil e que ficam na comunidade por um período que varia de 1 a 3 meses Comunidade Yuba
  • 51. • Atividades de serviços • 3.3.3.3 Cozinha são divididas em dois grupos compostos por duas pessoas cada: o grupo das cozinheiras e o grupo das auxiliares, que por sua vez se revezam semanalmente entrre estas atividades. O serviço da cozinha conta ainda com o auxílio de três senhoras idosas que trabalham fixas com o grupo das auxiliares. • 3.3.3.4 Limpeza • Já a limpeza das casas são feitas pelas próprias famílias, já dos banheiros comunitários e do ofurô é de responsabilidade de uma integrante, porém sempre recebe ajuda de outras integrantes da comunidade para fazer este serviço. • Ofurô • O Ofurô é uma espécie de sauna – banho - Existe uma pessoa, que também faz parte da cozinha responsável pelo corte da lenha acendimento do fogo todos os dias • 3333 Roupas • A lavanderia é comunitária. As roupas de integrantes de famílias já constituídas são de responsabilidade de cada esposa que lava e passa. • Para os solteiros e visitantes, existe uma pessoa responsável pelas roupas pessoais e de cama, porém esta pessoa sempre recebe ajuda de outras mulheres que ajudam a lavar e passar. As crianças também ajudam na hora da retirada das roupas do varal. Comunidade Yuba
  • 52. • Atividades de produção •  Para entendermos melhor as atividades de produção na comunidade dividimos em  produção para consumo interno e vendas externas. Constatando que, tudo que é  vendido para fora também é consumido na comunidade, porém a maioria dos  produtos que são produzidos para o consumo interno não são vendidos para fora.  • Consumo Interno •  Os produtos para consumo interno são: arroz; feijão; carvão, pão, sabão, lingüiça,  shoyu; o leite; iogurte; café; o adubo orgânico para as plantações em geral; o porco  que também é criado na comunidade; a avicultura  poedeira que serve também para  o corte; legumes e verduras produzidas em uma horta; cana-de-açúcar para o gado;  milho; as frutas produzidas para venda que também são consumidas como manga e  goiaba  e, por fim, a cerâmica que parte vendida e outra para uso da Comunidade. • vale destacar que de acordo com as entrevistas eles produzem cerca de 60% de tudo  que é consumido na comunidade ou fabricam produtos com ingredientes comprados  de fora como o pão e o macarrão por exemplo, comprando somente produtos  industrializados como : farinha de trigo, açúcar, óleo, roupas, materiais de trabalho. Comunidade Yuba
  • 53. • Vendas externas •  são: gado; goiaba, manga, abobrinha, abóbora paulista; quiabo; geléias e doces;  cogumelos shiitake; pimenta; milho verde, que é comprado de terceiros e empacotado  e vendido para fora; cerâmicas e, esporadicamente, alguns porcos. • 3.3.2.7 Comercialização da Produção Comunitária •  até pouco tempo era feita somente com o CEASA – CEAGESP no município de São  Paulo – onde era pago pelos produtos cerca de metade do valor que é pago pelos  mercados. Contudo por volta de 2003/2004 os responsáveis pela comercialização do  produto na época – viram que um vizinho vendia seus produtos direto para mercados  da região, então começaram a fazer os contatos com mercados para tentar vender seus  produtos a um preço maior. Com essa mudança seus produtos tiveram um acréscimo  de valor, e as saídas, e o valor das receitas melhoraram muito. Comunidade Yuba Cidade/ Estabelecimento / quantidade Mercad o Quitand a Atacado Restau - rante Total/ Município Dracena 7 2 1 1 11 Junqueirópolis 2 2 - - 4 Tupi Paulista 3 1 - - 4 Total/ Estabelecimento 12 5 1 1 Total Geral / Estabeleciment o 19
  • 54. • 3.3.6 ATIVIDADES CULTURAIS • Fazendo parte do tripé das bases ideológicas do criador da comunidade Issamu Yuba as  atividades culturais tem um significado de extrema importância pelos integrantes da  comunidade, todos os integrantes com o qual conversamos fizeram questão de frisar a  importâncias da prática das atividades culturais, porém não como obrigação mas pelo  prazer e gosto de praticar determinada atividade. • atividade cultural tem um sentido de lhes dar uma identidade como sendo parte  integrante da comunidade Yuba, a maioria faz questão de frisar que “se não existisse a  cultura não iria ser a comunidade Yuba”. • ainda geram renda para a comunidade, geralmente recebendo cachês das  apresentações que fazem durante o ano.  • são feitas geralmente em horários estipulados a noite, porém no tempo livre entre uma  atividade e outra ou quando estão de folga.  • Os integrantes da comunidade dedicam-se às artes tendo um campo bem diversificado Comunidade Yuba
  • 55. • 3.3.6.1 O Museu “Osamu Sato” contém peças • Memorial “Kitahara Wako”protótipo da primeira casa residencial nas alianças está  sendo usado para arquivar os documentos importantes, fotos, livros e algumas peças  da colonização japonesa nas alianças e da própria comunidade, sendo aberto para o  conhecimento das pessoas que visitam a comunidade.  • O local serve também como escritório de Masakatsu Yazaki, que fica responsável pela  organização e arquivamento desses documentos • 3.3.6.3 As Cerâmicas : são feitas por uma pessoa, a artista cuida de todas as etapas • 3.3.6.4 A confecção de Móveis: geralmente é feito por um integrante da comunidade  que gosta de mexer com o ofício, as peças feitas para uso no dia-a-dia da comunidade. • 3.3.6.5 Esculturas Em Granito eram feitas por Hisao Ohara – falecido em 1989 Suas  obras foram apresentadas em vários lugares inclusive na Bienal em São Paulo, e ganhou  vários prêmios. Existe um jardim ao ar livre onde estão expostas suas artes. Em Rochas e madeira: Outra artista que já fez exposições em museus de São Paulo é Renata  Katsue Yuba. Ela se dedica a fazer uma arte de “pedras em madeira” Além das  esculturas Renata Yuba se destaca como cantora lírica, cantando em alguns momentos  nas apresentações do balé e do teatro yuba. •   Comunidade Yuba
  • 56. • Livros: por Renata Yuba “Katsue e seus contos” em 1993 e “A frondosa árvore de  Hama” • Masakatsu Yazaki, está escrevendo um livro há quatro anos sobre o histórico da  imigração japonesa para o Brasil e Alianças  •  Nos Esportes: o que predomina é o baseball  •  O Hay Kay: Segundo Lima (2004) o Hay Kay é um tipo de poema japones • As Leituras: são feitas nos momentos de folga. A Biblioteca da Comunidade) possui  mais de 10.000 exemplares com a maioria  escrita em japonês, sobre diversos assuntos,  • existem dois televisores onde um está ligado aos canais brasileiros os canais japoneses  existem também várias fitas de vídeos e DVD’s com conteúdos que vão desde as  apresentações do balé da Comunidade, até jogos de baseball e filmes, estes na sua  maioria em língua japonesa que são enviados do Japão por parentes e amigos. •  As Aulas de Japonês: para as crianças até os 7 anos de idade • Pintura de quadros e desenhos  feitos pelos jovens em idade escolar e pelas crianças  • As aulas de Coral são ministradas às terças e quintas-feiras participam crianças, jovens  e adultos, que se apresentam em locais e datas festivas Comunidade Yuba
  • 57. • Os instrumentos musicais: piano, violinos, violoncelos, clarinete, flautas, acordeon e  violão, são tocados durante todo o tempo de folga dos integrantes, cada um toca  aquele que melhor se identifique. As aulas, são ministradas por integrantes da  comunidade ou por professores contratados para este fim.  • O balé  principal atividade cultural onde participam a maior parte dos integrantes da  comunidade, aquela que projeta o nome da comunidade nacional e internacionalmente •  Até o ano de 2010 as apresentações já passam de 860 recebendo vários prêmios  chamando a atenção pela técnica, diversificação e originalidade.  • O Teatro: As apresentações do Teatro acontecem na própria comunidade nos dias 25 e  30 de dezembro como parte das comemorações do Natal e Ano Novo pela  comunidade. • Festejos de Natal e Ano Novo acontecem no barracão do teatro da comunidade nos  dias 25 e 30 de dezembro, com apresentação de musicas, danças e o teatro da  comunidade e de convidados • Outros eventos culturais exemplos: comemoração dos 100 anos da imigração japonesa •  inauguração do ponto de cultura “cultivar a arte”  • lançamento do livro “Yuba” da fotógrafa Lucille Kanzawa onde a comunidade é  apresentada em um ensaio fotográfico Comunidade Yuba
  • 58. • 3.3.7 A RELIGIÃO •  A Religião é mais uma base do tripé do ideal de Issamu Yuba, sendo praticado pelos  seus integrantes livremente na Comunidade, independente da opção. A maioria é  constituída por protestantes. Sempre antes das refeições, é convocado um minuto de  oração por Katsuo Takimoto de formação cristã com a prática do itadakimasu que ‘eu  humildemente recebo’”, começando a reza com a palavra mokuto que quer dizer  “silêncio”. Logo após é feito um minuto de silêncio para que cada um fique livre para  fazer as orações individuais e no término de um minuto é proferido o naore, termo que  indica o fim da reza. •  Acreditamos que essa base comum para com os preceitos cristãos fortaleçam os laços  familiares de amizades e também facilite o perdão dado para aqueles moradores da  comunidade que possam por ventura se desentender com outros integrantes, ou que  vêem coisas erradas sem tirar satisfação com o próximo. O desapego a certos bens  materiais e a vida entregue ao trabalho e ao outro como forma de recompensa divina  após a morte também pode estar presente no pensamento de muitos membros da  comunidade. Portanto o desenvolvimento e a sustentação da comunidade durante  esses seus 75 anos de existência se deve também a religião.  •   Comunidade Yuba
  • 59. • Para além do Tripé... •  ADMINISTRAÇÃO  •  Desde o inicio das atividades da Comunidade Yuba em 1935, seu idealizador e criador  Issamu Yuba é quem tinha total controle em termos administrativos e financeiros da  comunidade, fato que durou até sua morte em 1976. • Após este fato quem assumiu seu lugar foi seu filho primogênito Tetsuhiko Yuba que  também tinha total controle em termos administrativos e financeiros da comunidade,  sendo o único com poder de decisão nos rumos da comunidade. • Após a morte de Tetsuhiko em 2003 é criada a Associação Comunidade Yuba dirigida  por uma diretoria: Presidente – Tesoureiro e Secretário que dividem os serviços  administrativos da comunidade. • De 2003 até hoje houve poucas modificações nos cargos da associação • Com isso houve uma maior descentralização de poder, onde antes ficava somente nas  mãos de uma pessoa, e hoje a diretoria decide a maioria dos rumos da comunidade –  do seu dia-a-dia. • Porém quando há uma decisão muito importante que afetará o dia-a-dia da  comunidade é convocada assembléia geral onde todos tem o direito da palavra, onde  ocorrem as decisões em conjunto. Comunidade Yuba
  • 60. •  Inclusão de moradores vindos de fora •  A vinda de pessoas de fora, ou seja, que não são nascidas na comunidade, e que  tenham a intenção de fixar moradia na comunidade é um assunto delicado. Todos  integrantes com quem conversamos afirmam que a comunidade é aberta a todos,  desde que se adéqüem ao “sistema Yuba” de vivência.  • Contudo, nos trabalhos de campo vimos uma grande presença de moradores que  vieram do Japão fixando moradia definitiva na comunidade   • desde a criação da comunidade ainda não houve nenhum caso de pessoas vindas de  fora, de outras nacionalidades (que não seja a japonesa) fazerem parte do quadro  efetivo e definitivo da comunidade. • Um caso recente de tentativa de inserção de um brasileiro para fixar moradia na  ocorreu  quando um brasileiro (vindo do sul – decendencia alemã) casou-se com uma  integrante da comunidade (filha do presidente) porém se fizeram sete assembléias e a  decisão final foi da não permanencia do casal dentro da comunidade • Tendo em vista essa decisão da comunidade percebe-se que não há uma abertura para pessoas vindas de fora, e que não seja de descendência ou propriamente japonesa de  fixar moradia na comunidade. Pessoas de outras descendências/nacionalidades são  aceitas para passar um tempo na comunidade, tendo a mesma vivência do dia-a-dia da  comunidade , porém nunca em definitivo, somente como “turistas”.  Comunidade Yuba
  • 61. • 3.3.5 “CAIXA-COMUM” •  O “caixa-comum” é uma conta bancária, em que é depositada o dinheiro provindo das  vendas da maioria das produções da Comunidade , e de onde é retirado o dinheiro para  pagar contas e para cumprir os compromissos firmados com terceiros.  • responsabilidade do tesoureiro. Ele é quem faz o controle do dinheiro que entra e que  sai na Comunidade. E decide o que pode ou não ser comprado... No dia-a-dia. • Já as coisas que requerem um gasto de dinheiro um pouco maior (como compra de um  maquinário novo, ou viagens para o Japão por exemplo) é decidido em reunião com a  diretoria. Porém em assembléia geral feita todo ano na comunidade a movimentação  do caixa-comum é apresentado para os demais integrantes da comunidade. • o “caixa-comum” existe e funciona, porém com alguns problemas, pois após a morte de  Issamu Yuba foram-se constituindo outros “caixas” individuais. Isto ocorreu quando  algumas pessoas  foram tendo total controle sobre o dinheiro provindo das vendas  destes produtos, contribuindo assim somente esporadicamente para o caixa-comum. • Quanto as aposentadorias, cada aposentado fica com o valor total para gastar com o  que quiser Comunidade Yuba
  • 62. • Melhorias • através dos relatos todos afirmaram que depois da criação da associação e da mudança  do sistema administrativo houve uma melhoria em todos os aspectos. • Administração menos centralizada: com a criação da associação é a diretoria  (presidente, tesoureiro e secretário) na maioria das vezes, é que decidem em conjunto  os rumos da comunidade, conversando e discutindo idéias, fato que não existia antes  com Issamu e Tetsuhiko. • Abertura maior para os jovens: conforme depoimentos podemos perceber uma maior  abertura e participação dos jovens nos rumos da comunidade com alguns inclusive  fazendo parte de cargos na diretoria. • Maior entrada de dinheiro: com a mudança da comercialização que antes era feita  para sacolões como CEASA – CEAGESP, para ser vendida diretamente para  supermercados e quitandas, a renda provinda dessas vendas aumentaram.  • Maior número de pessoas que recebem aposentadoria: o numero de pessoas que  recebem aposentadorias na comunidade é de cerca de 15 idosos, e esse dinheiro é de  posse exclusiva do aposentado podendo gastar onde considera melhor. Comunidade Yuba
  • 63. • FUTURO estratégias •  Em conversa com o tesoureiro da comunidade ele nos informou que em breve a  comunidade irá instalar uma pequena industria de fazer polpa, doce caseiro e alimentos em conserva: • A mudança na maneira de retribuição pelo trabalho também já é um assunto que foi  levantado por Flávio Yuba: •  ...tava pensando assim, na industria de polpa pagar um salário, salário mínimo né. E porcentagem né, pagar porcentagem pra pessoa que produz né. •  Compra e revenda • Devido a diminuição de jovens e consequentemente o aumento de pessoas mais velhas  vivendo na comunidade acaba gerando um menor emprego na força de trabalho.  Portanto, outra estratégia que nos chama a atenção é a compra de produtos para a  revenda como é o caso do abacaxi, limão e milho verde. Comunidade Yuba
  • 64. • A COMUNIDADE YUBA COMO RESISTÊNCIA • Histórico dos dados populacionais da comunidade em comparação com seu entorno Comunidade Yuba Tabela 1: Evolução populacional da mesorregião de Araçatuba Ano Urbana Rural Total Variação(% ) Rural 1970 292032 189700 481723 - 1980 384836 106556 491392 - 43,82 1991 505417 72193 577610 - 32,24 2000 580749 54790 635539 - 24,10 2007 610046 51136 661183 - 6,66 Tabela 2: Evolução populacional do município de Mirandópolis Ano Urbana Rural Total Variação (%) Rural 1950 5563 21403 26866 - 1960 8554 17276 25830 - 19,28 1970 12295 11254 23549 - 34,85 1980 13973 7557 21530 - 32,85 1991 19476 4957 24433 - 34,40 2000 22287 3649 25936 - 26,38 2007 22258 3271 25849 - 10,35
  • 65. Comunidade Yuba Tabela 3: Evolução populacional de origem japonesa e/ou descendentes no Bairro das Alianças* Ano Total Variação (%) 1934 4120 - 1938 5161 25,26 1941 5400 4,63 1950 4879 - 9,64 1960 5081 4,14 1970 3788 - 25,44 1980 2928 - 22,70 1993 775 - 73,53 2001 644 - 16,90 2003 625 - 2,95 2008 509 - 18,56 Tabela 4: Evolução populacional da Comunidade Yuba Ano Total de habitantes Variação (%) 1935 25 - 1950 250 (auge) 900 1956 200* - 20,0 1960 110** - 45,0 1970 105*** - 4,54 1980 100 - 4,76 1992 90 - 10,0 1998 80 - 11,11 2003 69 - 13,75 2006 61 - 11,59 2010 57 -6,55
  • 66. Comunidade Yuba 0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 1970 1980 1991 2000 2007 Total Urbana Rural 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007 Total Urbana Rural 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 1934 1938 1941 1950 1960 1970 1980 1993 2000 2003 2008 Total 0 50 100 150 200 250 300 1935 1950 1956 1960 1970 1980 1992 1998 2003 2006 2011 Total
  • 67. • A perda da população rural em 37 anos (1970-2007) na mesorregião de Araçatuba foi  de 73,04%. Comparado com o mesmo período a Comunidade Yuba perdeu 41,90% de  sua população.  • No município de Mirandópolis essa perda em 57 anos (1950-2007) foi de 84,71%. No  mesmo período a Comunidade Yuba perdeu 75,60% de seus integrantes, lembrando  que este período remete ao auge da comunidade. • No bairro das Alianças perdeu-se em 67 anos (1941-2008) 90,57% da população, Já a  comunidade Yuba no período de seu auge (1950) até hoje (2010) passados 61 anos  perdeu 77,20% de seus integrantes. • se levarmos em conta somente o período pós-divisão da Comunidade Yuba a perda de  população em 55 anos (1960-2011) foi de 48,18% ficando muito abaixo das regiões  comparados que praticamente no mesmo período ficaram com: Mesorregião (73,04%); Mirandópolis (81,06%); Alianças (89,98%).  • EM TODOS OS CASOS A COMUNIDADE YUBA TEVE UMA MENOR PERDA DE POPULAÇÃO Comunidade Yuba
  • 68. “E será ainda pelo trabalho em comum da terra que as sociedades libertarias acharão de novo a sua unidade e [...] podendo desde já conceber a solidariedade, esse poder imenso que centuplica a energia e as forças criadoras do homem, a sociedade nova marchará à conquista do futuro com todo o vigor da mocidade [...] procurando no próprio seio precisões e gostos a satisfazer, a sociedade assegurará largamente a vida e o bem-estar a cada um dos seus membros, ao mesmo tempo que a satisfação moral que dá o trabalho livremente escolhido e livremente executado a alegria de poder viver sem esbarrar na vida dos outros. Inspirados numa nova audácia alimentada pelo sentimento de solidariedade, todos marcharão juntos à conquista dos altos gozos do saber e da criação artística” Kropotkin em A Conquista do Pão