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A Ética do Sermão do Monte




                                                           Aula 1
Escola Bíblica Dominical – 1º semestre/ 2013 – Igreja Presbiteriana da Mooca
                Professores: João Eduardo e Ricardo Bressan
O Sermão do Monte: Evangelho de Mateus, cap. 5, 6 e 7




Sermão de Jesus de Nazaré proferido no primeiro ano da sua pregação (30 d.C.),
provavelmente num monte ou colina nas proximidades do Mar da Galileia, perto da
cidade de Cafarnaum.
                                                 Imagem do filme “Bem-Hur” (1959)
Livros-textos:

Martyn Lloyd-Jones             John Stott
    1899 - 1981                1921 - 2011
O Sermão do Monte, se me for dado usar
   essa comparação, assemelha-se a uma
   grandiosa composição musical, a uma
sinfonia, digamos assim. O efeito inteiro do
  conjunto é maior que a coleção de suas
 partes constituintes, e jamais deveríamos
perder de vista esta inteireza.[...] Não hesito
  em dizer que a menos que tenhamos a
perfeita consciência das bem-aventuranças,
 não deveríamos prosseguir no estudo do           Martin Lloyd-Jones
  sermão. Não temos mesmo o direito de
                 continuar.
O Sermão do Monte é o esboço mais
 completo, em todo o Novo Testamento, da
   contracultura cristã. Eis aí um sistema de
    valores cristãos, um padrão ético, uma
  devoção religiosa, uma atitude para com o
 dinheiro, uma ambição, um estilo de vida e
      uma teia de relacionamentos: tudo
completamente diferente do mundo que não
 é cristão. E esta contracultura cristã é a vida   John Sttot
     do reino de Deus, uma vida humana
 realmente plena, mas vivida sob o governo
                     divino.
A proposta do nosso estudo é entender a ÉTICA do Sermão do
Monte.

Então, primeiramente, vamos entender o que significa o termo
ÉTICA:

 http://michaelis.uol.com.br:
(gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios
ideais da conduta humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia
prática. 2 Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de
uma profissão.

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica:
Ética é a parte da filosofia dedicada aos estudos dos valores morais e princípios
ideais do comportamento humano. A palavra "ética" é derivada do
grego ἠθικόσ, e significa aquilo que pertence ao ἦθοσ, ao caráter.

Diferencia-se da moral, pois, enquanto esta se fundamenta na obediência a
costumes e hábitos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações
morais exclusivamente pela razão.
Ok, discorremos sobre o sentido da palavra ÉTICA e agora veremos que o
Reino de Deus tem sua própria ética que é essencialmente diferente dos
valores do mundo que está sob domínio do pecado, através do homem
em seu estado pecaminoso e através da influência e atuação diabólica
que distorcem toda noção que se possa ter sobre verdade, justiça, amor
e bem por parte da humanidade que desconhece Cristo.

Por isso afirmamos que o Sermão do Monte apresenta uma contracultura
cristã, ou seja, o Reino de Deus inaugurado por Cristo confronta a cultura
mundana, não se ajusta a ela e anuncia seu fim para que se evidencie o
modo de viver em conformidade com a vontade de Deus, e esse é modo
de vida para o qual fomos criados e onde somos verdadeiramente felizes.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso
culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. ”
                                                         Romanos 12:1-2
A ÉTICA DO SERMÃO DO MONTE
1.    Bem-aventuranças: quem é o cristão?
2.    Bem-aventuranças: Justiça e Opressão
3.    O cristão e o Mundo: identidade e missão
4.    A Lei e o Cristão: ampliando horizontes
5.    Casamento e divôrcio
6.    O crente e os juramentos
7.    Vingança e Perdão: A vida na perspectiva da misericórdia
8.    Boas obras ou Obras boas? A Compaixão na perspectiva de Cristo
9.    Práticas devocionais: Oração e Jejum
10.   Dinheiro: Qual é o seu lugar na vida cristã?
11.   Ansiedade: A resposta da Fé
12.   Juízo e Justiça: Tirando a trave dos olhos
13.   Desejos e Necessidades: Oração e Justiça
14.   Cultura do Prazer: a porta e o caminho estreitos
15.   Falsos ensinos: que tenho eu com isso?
16.   A falsa paz: olhando no espelho
17.   Saber e viver: a Fé que edifica na rocha.
Visão Geral do Sermão

                     Mostrar as
 Estabelecer o
                   impossibilidades
padrão do Reino
                      humanas

  Apontar a
                     Evidenciar a
necessidade de
                    Dependência do
 intervenção
                       Espírito
    divina
Mateus cap5. v. 1 a 9 – As bem-aventuranças:

1. E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se,
aproximaram-se dele os seus discípulos;
2. E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:

3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
céus;
4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles
serão fartos;
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia;
8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus...
O termo “Bem-aventurados” é repetido 9 vezes logo no início do famoso
sermão proferido por Jesus em 9 afirmações aparentemente
antagônicas. Após essas declarações iniciais o Senhor discorre sobre a
prática cristã nas diversas esferas da vida. Por isso é importante
mantermos em mente a unidade de todo esse sermão para uma correta
compreensão acerca dos seus ensinos.

O que significa o termo “Bem-aventurado”?
(Termo em grego = μακαριοι [makarioi] = abençoado)

http://michaelis.uol.com.br:
adj Muito feliz. sm 1 O que tem a felicidade do Céu. 2 Santo. Pl: bem-
aventurados.

Catecismo Maior de Westminster

1. Qual é o fim supremo e principal do homem?
Resposta. O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e
gozá-lo para sempre.
Rom. 11:36; 1 Cor. 10:31; Sal. 73:24-26; João 17:22-24.
Vamos discorrer sobre cada uma das 7 primeiras bem-aventuranças,
   que se referem à felicidade plena para a qual fomos feitos e,
  portanto, à Glória que de Deus podemos celebrar e desfrutar.

                             Bem-aventurados:
                        1.   Os pobres de espírito;
                        2.   Os que choram;
                        3.   Os mansos;
                        4.   Os que têm fome e sede de justiça;
                        5.   Os misericordiosos;
                        6.   Os limpos de coração;
                        7.   Os pacificadores.

As outras 2 bem-aventuranças (os que sofrem perseguição por causa da justiça e
                  “vocês”) serão estudados na próxima aula.
3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
céus...

O que faz de alguém que reconhece seu estado de pobreza espiritual feliz é o fato
de que Deus lhe dá (ou dará) o seu Reino. Trata-se de uma felicidade condicional
pois o Reino é dado a quem possui certa característica oposta ao orgulho, à
vaidade e à soberba (Tg. 4.6, 1 Pe. 5. 5) e essa sentença confronta o espírito
ganancioso humano e mundano.

O antagonismo dessa afirmação está em 2 fatos:
1 – pobreza de espírito, para o mundo, não pode ser sinônimo de felicidade.
Normalmente pobreza é sinônimo de infelicidade. Mas para Deus um certo tipo de
pobreza resulta numa felicidade que marca a história de uma vida.
2 – no mundo os pobres não herdam reinos e não são pessoas nobres, mas são
dignas de descarte. Para Cristo os pobres são nobres (Mt. 11. 5)

Pobres de espírito todos nós somos, mas somente os que se reconhecem assim
podem ser felizes, pois esse tipo de postura nos faz desapegados de coisas
efêmeras e mais atentos à providência que sustenta a vida.
4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados...

A felicidade do sofrimento, do choro, está na promessa de consolação.
Deus está atento aos quebrantados (Sl. 51. 17) e é evidente que nem todo choro
produz a consolação divina. Esse choro deve ser justo, um tipo de choro cometido
por alguém que é pobre de espírito e que por isso não ocorre por motivos tolos,
egoístas, pecaminosos. É o choro de quem anseia por misericórdia e justiça e que
sabe que carece da consolação que pode vir somente de Deus e essa declaração
confronta a forma humana de lidar com suas fraquezas, buscando consolação em
prazeres mundanos e materiais e disfarçando seu estado miserável com
aparências falsas de fortaleza carnal.

O antagonismo nessa afirmação está no fato de que temos a ideia de que para
sermos felizes não devemos sofrer, não devemos chorar. Evitamos a dor a todo
custo e para evitarmos a dor evitamos nos envolver em causas justas, ou com a
causa de quem sofre a fim de nos pouparmos. A auto-preservação é um ato
egoísta e para Jesus feliz é quem sofre, quem se dá, quem se lança às causas em
que a consolação divina é necessária. Afinal, todos sofremos e todos devemos
chorar por nosso estado pecaminoso miserável pois somente este é o caminho da
consolação divina.
5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra...

A mansidão é a virtude encontrada naqueles que hão de herdar a terra e nesse
caso a felicidade se concretizará no futuro. Mansidão aqui é mais do que um
comportamento contrário à agressividade, mas também a postura de quem se
reconhece pobre de espírito e que conhece a consolação divina e que por isso se
sente satisfeito com o cuidado de Deus. Essa pessoa é agradecida e a inquietude
humana que é comum nos corações das pessoas que procuram se satisfazer com
as coisas do mundo, no caso do manso, essa inquietude está satisfeita em Deus.
Essa afirmação confronta a postura agressiva humana de conquistas e, por
conseqüência, revela o quão fraca é a força humana. Releva também que o
contentamento em Deus permanecerá em oposição das ambições humanas.

O antagonismo nessa afirmação está no fato de que, especialmente em tempos
passados, a terra era conquistada a força pela ambição humana vista em impérios
e exércitos e esse modo humano de agir, de conquistar seu território à força é
efêmero, pois Deus dará a terra aos que se satisfazem nEle. Normalmente os
homens mansos, os que se contentam, não conseguem conquistar terra nenhuma
num contexto de disputas de forças, mas para Jesus não é assim que as coisas
funcionam, pois os fortes aos olhos do mundo serão destituídos.
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles
serão fartos...
Quem tem fome ou sede não é feliz, mas desesperado e muito infeliz. Mas para Jesus, os
que desejam a justiça (a manifestação divina que soluciona os males que sofremos e que
corresponde aos anseios humanos por salvação) como quem deseja o alimento necessário
à vida, esse é feliz aos olhos do Senhor. Os que entendem que a justiça é necessária e a
tratam como prioridade esses se saciarão, serão fartos. Esse comportamento mostra que
ser manso não significa apatia e condescendência, mas significa que suas ações são
canalizadas para fins justos. Essa pessoa se reconhece pobre, chora, é mansa mas age
corretamente por motivos que Deus considera justos (e bons). Trata-se de alguém
realmente útil nas mãos de Deus como agente de transformação e de justiça num mundo
injusto e suas ações o farão felizes na medida em que no tempo de Deus eles serão fartos.
Essa afirmação coloca os verdadeiros discípulos de Jesus em confronto com o modo injusto
em que a humanidade vive e confronta a ideia equivocada de que cada pessoa deve cuidar
de si mesma, alimentando-se apenas com suprimentos para seu próprio viver sem
considerarem a justiça e a misericórdia divinas ou as necessidades dos seus semelhantes.

O antagonismo nessa afirmação está no fato de que sentimos fome daquilo que
precisamos, mas Cristo requer que sintamos a mesma fome onde a justiça for necessária e
essa fome, esse desejo por justiça não nos permite ficar neutros ou apáticos diante de uma
necessidade de justiça, onde essa necessidade se mostrar a nós.
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia...
Misericórdia gera misericórdia.

Quem se reconhece pobre, chora, é manso e deseja a justiça é também misericordioso e
isso implica em ser solícito, em estender as mãos, em dar do que tiver e que for necessário
para socorrer alguém, implica em perdoar, em orar, em empenhar-se e até mesmo
sacrificar-se para reproduzir a misericórdia que de Deus foi recebida com outras pessoas.
E quem age assim pode contar com a garantia de que a misericórdia nunca lhe faltará (Sl.
23. 6) e isso é motivo de felicidade, essa pessoa viveu bem sua vida.
Ser misericordioso não invalida o desejo pela justiça, pelo contrário, essa é a melhor
maneira de se viver de acordo com a justiça que é precedida pela Graça, pela qual a
imputação da justiça do Cristo é feita naqueles que nEle verdadeiramente creem, e isso faz
com que sejam justos (Rm. 5. 1).

Essa afirmação confronta a presunção humana daqueles que acreditam que não precisam
de misericórdia ou que não a merecem e confronta a ideia de meritocracia nos atos de
misericórdia. Por mais misericordiosos que sejamos ainda dependeremos da misericórdia
divina e nunca alcançaremos méritos pessoais que nos livrem dessa dependência.
A Ética do Sermão do Monte




                                                           Aula 3
Escola Bíblica Dominical – 1º semestre/ 2013 – Igreja Presbiteriana da Mooca
                Professores: João Eduardo e Ricardo Bressan
ROTEIRO DE AULAS
Aula 1 – Introdução – Ética/ Bem-aventuranças: pobres de espírito,
os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça (17/
02 – João)

Aula 2 - Bem-aventuranças: Misericordiosos, limpos de coração,
pacificadores (24/ 02 - Bressan)

Aula 3 - Justiça e opressão – perseguidos e injuriados (03/03 –
João)
8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a
Deus...
Há alguém que seja limpo de coração ou que tenha um coração permanentemente puro?
(Mt 15. 1 – 20; Mc 7. 15 – 23; Jr 15. 9)
Cristo purifica nossos corações (1 Jo. 1. 7; Hb. 10. 22), mas ainda assim nós pecamos e o
sujamos novamente! (Rm. 7. 24)

Será que ninguém terá a felicidade de ter a recompensa mais sublime de todas: ver a Deus?
(Sl 24. 4; Jo 1. 18, Ex 33. 20) Se considerarmos nossa natureza pecaminosa e nossa fraqueza
e teimosia de incorrer em pecado mesmo depois de termos sido alcançados por Cristo, será
que podemos deduzir que essa bem-aventurança está perdida? (Hb 1. 3; 12. 2; 1 Tm 2. 5)

Contudo, o ensino de Cristo aponta não para a impossibilidade, seu foco está na
possibilidade: sim, podemos ter essa felicidade, a de contemplar a glória de Deus!
Mas essa bem-aventurança somente pode ser alcançada pela transformação que o Espírito
Santo opera em nós (1 Pe 1. 22) e que passa pela purificação de pecados em Cristo (1 Jo. 1.
9; Hb. 10. 22; Ap. 22.11) por meio de um arrependimento eficaz (Ez 18. 31).

Essa promessa feita por Jesus confronta o mundo, pois não pode ser alcançada por méritos
humanos – Cristo se faz sempre necessário como meio (por Ele) e como finalidade (para
Ele) na nossa reconciliação com Deus (Rm 11. 36; 2 Co 5. 17 - 19)
9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus...
Considerando que as bem-aventuranças apontam para um tipo de valor praticado por
aqueles que são felizes aos olhos de Deus e que esses são os valores do Reino de Cristo, ser
pacificador implica em não apenas apaziguar as tendências de inimizade entre perdidos,
mas sim em promover a paz entre os homens e Deus, pois é aí que está instaurada uma
guerra resultante da incompatibilidade entre a santidade e a justiça de Deus e o pecado
humano (Tg. 4. 4 ; Ef 2. 16; Rm 8. 7).

É feliz quem milita na pacificação entre esses inimigos porque foram dados a eles os meios
necessários à realização da verdadeira paz por meio da evangelização e somente os filhos
de Deus podem fazer isso eficientemente (Is. 52. 7; Rm. 10. 15; Ef. 6.15).

Mais uma vez a sentença confronta o mundo porque enaltece aqueles que são
comissionados por Deus como anunciadores da sua Palavra ao mais elevado de todos os
status, pois ser transformado de inimigo para filho de Deus é a maior de todas as bem-
aventuranças (Lc. 15. 31) e essa deve ser a maior ambição humana: ser filho e servir aos
propósitos do Pai celestial.
Além disso, essa declaração aponta não para o isolamento da igreja, mas para a sua
interação missionária com o mundo (Is. 52).
Mateus 5:10-12

10 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus;

11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos
céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
1 - Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
2 - Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
3 - Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
4 - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
5 - Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
6 - Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
7 - Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
8 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é
o reino dos céus;

        Até aqui as bem-aventuranças têm endereço incerto. Quem é?

9 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós por minha causa.

        No verso 11, a 9ª bem-aventurança encontra seu “endereço”, mas é
        condicional – quando acontecer algo bastante específico.
        As 8ª e 9ª bem-aventuranças são correlatas.
                                                                 Mateus 5:3-11
As 8 1ªs bem-aventuranças não se aplicam, ao menos não em sua totalidade e
não necessariamente, a todos ouvintes do sermão proferido por Jesus. Pode ser
que para alguns os valores por Ele apontados possam parecer demasiadamente
elevados e impraticáveis e esse é um ponto importante que o sermão aborda: a
falência do gênero humano e sua degradação perante os valores do Reino de
Deus.

Nossa 1ª tendência ao lermos o sermão do monte é de tentarmos encontrar
formas de como podemos cumpri-lo com nossas capacidades, esforços e méritos.

Assim tendemos a transformar os valores do Reino de Deus em normas religiosas
e morais, regras de comportamento a serem exteriorizadas numa religiosidade
mais preocupada com o que se vê do que com a verdadeira relação pessoal com
Deus.
Ao longo do sermão vemos que Jesus condena a religiosidade de aparências, algo
imposto às pessoas com suas regras de comportamento e rituais enquanto a
essência humana continua comprometida pelo pecado.

Os Fariseus, religiosos criticados por Jesus, é quem interpretavam a Lei desse
modo: “Somos capazes de cumpri-la e somos elogiáveis por isso!”
“Vejam que belos exemplos de religiosidade nós somos!”

Para os crentes comuns, os Fariseus impunham o seu padrão de piedade,
baseados na glória moral e alta dedicação por eles empreendida.

Mas nenhum esforço humano é capaz de livrar o homem de sua miséria
intrínseca: ele é pecador e nada pode fazer contra esse mal impregnado à sua
natureza.

No Sermão do Monte Jesus faz ruir toda pretensão humana de religiosidade
baseada em seus próprios méritos, ainda que suas bases estejam em valores
éticos que a Graça comum nos permite conhecer. E nos faz atentar para a única
forma de bem-aventurança possível:
1º) - Quem é o bem-aventurado completo desse sermão?
1.   Quem fez-se pobre de espírito, recusando sua glória para se fazer pequeno?
     (Fp. 2. 5 – 11; Hb. 2. 9)
2.   Quem chorou pelas misérias humanas? (Lc. 19. 41; 23. 34)
3.   Quem foi manso até a morte? (At. 8. 32)
4.   Quem teve fome e sede de justiça? (Jo. 4. 34; Mt. 4. 4)
5.   Quem foi misericordioso? (Mt. 9. 13; 12. 7; Lc. 18. 38)
6.   Quem foi limpo de coração e vê a Deus? (1 Pe. 2. 22; Hb. 9. 24; 1 Tm. 2. 5)
7.   E quem é o pacificador? (Cl. 1. 20; Mt 3. 17)
8.   Quem sofreu por causa da justiça? (Is 53)
9.   Quem foi injuriado com base em mentiras? (Mt 26. 59 – 68; 27. 22, 23)

                               Jesus Cristo
               Ele é o mais bem-aventurado em toda humanidade!

             E cabe a nós imitá-lo com a força que Ele mesmo nos dá!

“E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita
tribulação, com gozo do Espírito Santo.” (1 Ts. 1. 6)
Nosso Senhor é o bem-aventurado perfeito e é nosso modelo.

Assim, Ele não nos submete a uma condição que Ele mesmo não a tenha
vivenciado.

Ser bem-aventurado é servir ao Reino de Cristo em conformidade com nosso
modelo, Rei e Senhor Jesus Cristo.

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. ” (Mt 11:28-30)

“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada
dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9:2)

“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam
comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes
da fundação do mundo.” (Jo 17:24)
2º) – Nós como bem-aventurados!
         Jesus Cristo é o perfeito cumpridor das bem-aventuranças e faz de nós
bem-aventurados também quando o temos como Senhor de nossas vidas. Isso faz
de nós peregrinos num mundo hostil aos seus valores pois nos insere no seu Reino
(Jo 17. 15; 1 Pe 2. 11; Hb 11. 13; Ef 2. 19).

9 – “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós por minha causa.”

        Nós somos bem-aventurados quando somos injustamente perseguidos por
causa de Cristo (1 Pe 3. 14; 4. 14). Eis um sinal de que a vida está sendo vivida de
acordo com a ética do Reino de Deus e não de acordo com a moral deste mundo!

Embora Jesus Cristo seja o perfeito cumpridor das bem-aventuranças, Ele não é o
único! Ao nos tornarmos seus discípulos, recebemos dele a capacitação necessária
para sermos suas testemunhas e agentes do seu Reino neste mundo (At 1. 8). Somos
continuamente transformados pelo Espírito Santo para cumprirmos a vontade de
Deus enquanto vivermos. Jesus nos “insere” na lista das bem-aventuranças quando
o reconhecemos como Senhor.
2º) – Nós como bem-aventurados!

Ser injustiçado ou perseguido por causa de Cristo ou por causa dos valores do Reino
de Deus não deve ser motivo de tristeza, lamento ou frustração. Pelo contrário,
Cristo nos exorta à alegria e à exultação porque essas hostilidades que sofremos por
sua causa, se sofridas com integridade de testemunho cristão, certamente se
reverterão em galardão celestial, num tipo de recompensa eterna com Deus e isso
nos equipara aos heróis da fé do passado que por meio dos seus sofrimentos e
martírios foram poderosos instrumentos usados por Deus para a transformação do
mundo, para a salvação de pessoas e, acima de tudo, para a glória de Deus. Coisas
que se revertem numa bem-aventurança eterna.

Nossa época valoriza muito a segurança, a individualidade, o direito e o prazer e
muitos buscam na fé suporte para essas coisas. O sermão do monte destrói esse tipo
de perspectiva e nos obriga a olhar para a eternidade em detrimento do atual
estado de coisas. Nos desperta para o que realmente vale o empenho das nossas
efêmeras vidas.
E a vontade de Deus inclui as bem-aventuranças
                              (relações entre as bem-aventuranças)
3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus;
11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem
todo o mal contra vós por minha causa.
12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim
perseguiram os profetas que foram antes de vós.
O empobrecido vê a realidade miserável que os envaidecidos não conseguem ver e
lamentam as misérias humanas. Ele se satisfaz em Deus e tem seus impulsos
domados e passa a desejar aquilo que realmente importa. Passa então a agir de
acordo com o que vê, sente e sabe para acudir os miseráveis motivado pela Graça de
Deus. Sua alma se desapega do mau e seu coração é purificado na sujeição e no
exercício do serviço a Deus. Seu empenho é na salvação dos perdidos e ele sofre as
conseqüências hostis por parte desse mundo à Graça de Cristo, alcançando grande
êxito na carreira cristã. Suas motivações começam e terminam na eternidade.
ROTEIRO DE AULAS
Aula 1 – Introdução – Ética/ Bem-aventuranças: pobres de espírito, os que
choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça (17/ 02 – João)

Aula 2 - Bem-aventuranças: Misericordiosos, limpos de coração, pacificadores
(24/ 02 - Bressan)

Aula 3 - Justiça e opressão – perseguidos e injuriados (03/03 – João)

Aula 4 - O cristão e o mundo: identidade e missão (10/03 – João)
ROTEIRO DO DISCURSO:
Continuaremos nossa análise do Sermão do Monte sob a perspectiva da unidade
desse discurso.

Na abordagem inicial Jesus fala sobre a vida verdadeiramente feliz, baseando-se
em valores que são conhecidos, mas que são praticáveis somente no Reino de
Deus a partir da fé em Cristo.

As bem-aventuranças são encontradas em quem é perseguido e injustiçado por
causa da justiça e por causa de Cristo – Cristo e justiça são sinônimos nesse ponto
do sermão e constituem a “chave”, o único meio possível de se vivenciar a
felicidade aspirada pela humanidade mas impossível de ser vivida de acordo com
os valores pecaminosos deste mundo.

A partir do apontamento de que “nós” (ou “vós” no discurso, pois Jesus está
falando com seus ouvintes – vocês – outras pessoas, e isso nos inclui) somos bem-
aventurados, ele segue seu raciocínio afirmando que essas mesmas pessoas têm
qualificações e missões especiais.
Aula 4 – O cristão e o mundo: identidade e missão
                         Mateus 5. 13 - 16

13. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de
salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser
pisado pelos homens.
14. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte;
15. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas
no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos
céus.
Quem são o sal e a luz?

A) “Vós” – as pessoas que estão, efetivamente, escutando o discurso
   de Jesus;
B) São as mesmas que são (serão) perseguidas e injustiçadas por
   causa da justiça e por causa de Cristo;
C) São as pessoas que absorvem e vivenciam a mensagem proferida e
   que seguem a Cristo, assumindo todas as conseqüências desse
   modo de vida num mundo hostil a Cristo, à sua mensagem e que é
   totalmente incompatível com seu Reino.

As expressões sal e luz estão relacionadas com a última bem-
    aventurança – repetem-se os pronomes e os tempos verbais nos
    textos/ falas de Jesus. Portanto, é assumindo a Cristo e a justiça
    incluída em sua mensagem e obra que se evidencia neste mundo
    certas qualidades que Ele caracteriza como sal e como luz. Jesus
    está falando da pública manifestação da fé cristã quando Ele
    menciona as alegorias sal e luz.
O quê significam os termos sal e a luz?

1) Jesus começa a falar da missão de suas testemunhas recorrendo à
    figura do SAL.

13. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de
salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado
pelos homens.
 13.υμεισ εςτε το αλας τησ γησ εαν δε το αλασ μωρανθη εν τινι αλιςθηςεται εισ ουδεν ιςχυει ετι ει
 μη βληθηναι εξω και καταπατειςθαι υπο των ανθρωπων
Αλας
Sal gema – o sal da terra
A principal fonte de sal é a água do mar. Porém ele também
pode ser encontrada em jazidas subterrâneas, fontes e
lagos salgados.
O significado do sal na antiguidade.

                                 Em todas as sociedades o sal ganhou um valor que
                                 excedia em muito o contido em suas propriedades
                                 naturais.
                                 A principal fonte dessa substância é a água do mar,
                                 porém ela também pode ser encontrada em jazidas
                                 subterrâneas, fontes e lagos salgados.
                                 Além de cair bem ao nosso paladar, o sal é uma
                                 necessidade vital. Sem sódio, o organismo seria
                                 incapaz de transportar nutrientes ou oxigênio,
                                 transmitir impulsos nervosos ou mover músculos –
                                 inclusive o coração.
                                 Um corpo adulto tem, em média, 250 gramas de sal.
                                 Mas, como o perdemos constantemente, pela urina,
                                 pelo suor ou pelas lágrimas, é essencial repô-lo.
                                 O homem sempre buscou complementar sua
 Sal: Uma História do Mundo
Mark Kurlansky - Editora Senac   alimentação com sal.
O significado do sal na antiguidade.
                       A arqueologia revela o apreço de civilizações antigas
                       pelo sal. Os egípcios foram pioneiros no uso do sal
                       para conservar a carne.
                       Sem o sal, não seria possível estocar uma série de
                       alimentos em um mundo sem geladeiras. Altas
                       concentrações salinas inibem a proliferação de
                       microorganismos na comida, conservando-a em boas
                       condições de consumo por um tempo bem maior. Por
                       esse motivo, o sal passou a ser indispensável em
                       qualquer sociedade e passou a ter valor de moeda.
                       Os chineses foram os primeiros a encarar a produção
                       de sal como um negócio de grandes proporções.
                       Desde o século XIX a.C., eles obtinham cristais de sal
                       fervendo água do mar em vasilhas de barro. Essa
                       técnica se espalharia pelo mundo ocidental e, um
                       milênio depois, no Império Romano, ainda seria a
                       mais disseminada. Quando o mar estava longe, o jeito
                       era cavar a terra em busca do sal.
O significado do sal na antiguidade.
                        Da mesma forma que deveria estar disponível para o
                        cidadão comum, o sal era imprescindível para os
                        legionários que conquistavam e mantinham o
                        gigantesco império. Tanto que os soldados chegavam
                        a ser pagos em sal, de onde vêm as palavras “salário”,
                        “soldo” (pagamento em sal) e “soldado” (aquele que
                        recebeu o pagamento em sal).
                        O sal, que Platão chamava de “uma graça especial dos
                        deuses”, figura com freqüência nos rituais religiosos
                        desde a antigüidade.
                        O sal fazia parte dos ritos para os sacrifícios judaicos.

                        “E todas as tuas ofertas dos teus alimentos
                        temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta
                        de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as
                        tuas ofertas oferecerás sal. ” Levítico 2:13
O significado do sal na antiguidade.
A geologia moderna – que facilitou a prospecção do sal-gema – e a modernização das
salinas derrubaram os preços do sal no século passado.
Contam-se pelo menos 14 000 utilidades para o sal, sobretudo na indústria
farmacêutica.




Jazida de sal.
Valendo-se da importância do sal em seu tempo, Jesus viu nesse ingrediente uma
eficiente ilustração sobre a atuação dos seus seguidores na sociedade:

Assim como o sal, os seguidores de Jesus:

São necessários à sociedade – comunicam e mantém a vida. A ausência de sal
impede a continuidade da vida e a ausência de atuação cristã impede que a
salvação seja proclamada no mundo.
Impedem o completo apodrecimento do mundo – “guerra espiritual” (devastação
do pecado X ministério da igreja). A atuação cristã comunica graça, influencia a
sociedade e propaga santidade enquanto que a ausência dessa atuação faz com
que a sociedade progrida no sentido oposto a Deus, mergulhando cada vez mais
fundo na devassidão do pecado (é preciso considerar a possibilidade de, se o
pecado está cada vez mais institucionalizado, pode ser porque a igreja tem sido
cada vez mais apática em sua atuação).
Possuem alto e relativo valor (1 Co 6. 20;Lc 13. 6) condicionado à sua eficácia – se
não salga não presta para outra coisa senão ser jogado fora e ser pisado pelos
homens. De grande valor o sal passa a não ter nenhum valor se não prestar. De
precioso torna-se em lixo digno de pisaduras. De igual modo se um “seguidor” de
Jesus não evidenciá-lo, segue-se que essa pessoa não é seguidora de Jesus, é falsa
e digna da sua reprovação.
Seria esse um exemplo de sal insípido sendo pisado pelos homens?
E quem é sal?

Quem assumiu Cristo de verdade perante o mundo e o evidencia aberta e
claramente, despertando em alguns a sede por Cristo (Jo 4. 14) a ponto de ser
perseguido e odiado com base em mentiras e injustiças a fim de que sua voz seja
calada.

Por quê perseguições baseadas em mentiras?

Porque nesta declaração Jesus separa os bons dos maus testemunhos cristãos.
Algumas pessoas causam escândalos à fé cristã por causa da sua perseverança no
pecado (Lc 17. 1) e esses, se sofrem alguma perseguição foi porque a provocaram.
Mas outras pessoas evidenciam a Graça de Cristo e isso não é benquisto num
mundo corrompido pelo pecado. E como o testemunho de um verdadeiro seguidor
de Cristo é justo, baseado no amor de Deus e na realidade miserável do mundo, e
aponta para a plena satisfação existencial em Deus e para as coisas que realmente
importam nessa vida e na vindoura, a única forma de impedir esse tipo de
ministério é por meio de calúnias, mentiras e injustiças porque contra a correta
atuação cristã não podem existir acusações, contra estas coisas não há lei (Gl 5.23)
e para que possa existir alguma acusação recorre-se à fraude.
O quê significam os termos sal e a luz?

2) O significado da LUZ na Teologia bíblica.
14. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte;
15. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no
velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam
as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
 14.υμεισ εςτε το φως του κοςμου ου δυναται πολισ κρυβηναι επανω ορουσ κειμενη
 15.ουδε καιουςιν λυχνον και τιθεαςιν αυτον υπο τον μοδιον αλλ επι την λυχνιαν και λαμπει παςιν
 τοισ εν τη οικια
 16.ουτωσ λαμψατω το φωσ υμων εμπροςθεν των ανθρωπων οπωσ ιδωςιν υμων τα καλα εργα και
 δοξαςωςιν τον πατερα υμων τον εν τοισ ουρανοισ
A Luz na Bíblia
 Em Jesus está a vida, que é a luz dos homens e Ele foi recusado por grande parte
 da humanidade que Ele mesmo criou.

João 1:1-14
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que
crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade.”
A Luz na Bíblia
 O surgimento da luz foi ordenado por Deus no 1º dia da criação .
“No princípio criou Deus os céus e a terra.
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se
movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.”
 Gn 1.1-5
 Jesus é a luz do mundo enquanto nele estiver.
“Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.” Jo 9. 5
“Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto
tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para
onde vai.” Jo 12.35; Jo 8. 12; 12.46

 A luz como regra de fé e de prática.
 “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
 sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” 1 Jo 1.7

 “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sl 119.105
A Luz na Bíblia
A luz é resultado de uma ordem direta de Deus, a ordem para que haja elucidação
e conhecimento da verdade (a vontade divina), separação das trevas
(santificação) e seja concedida vida (eternidade e filiação) àqueles que receberem
seu filho Jesus, que era a própria luz de Deus enquanto viveu neste mundo de
trevas que rebeldemente não compreendeu a oferta divina. Essa função Jesus
repassa aos seus seguidores, os discípulos continuadores do seu trabalho de
redenção e de louvor ao Criador.

Aqueles que recebem Cristo e assumem seu testemunho diante desse mundo
passam a ser luzeiros com dupla função:
1) Apontam a Graça de Deus e seu Cristo para a humanidade;
2) Manifestam o estado da humanidade e deste mundo à sua geração.

A luz é reveladora, faz conhecida a verdade de Deus e a miséria humana e
     provoca separação das trevas, comunica vida e conhecimento de Deus.
A Luz na Bíblia
Sobre a metáfora da luz, Jesus usa mais palavras do que usou para a ilustração do
sal. Ele faz 2 advertências após a afirmação “vocês são a luz do mundo...”

1) não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte...
2) não se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire (sacola para
     transporte de cereais)... v. 14 e 15

A luz, se realmente existe, não pode ser escondida ou impedida de irradiar-se e a
     função da luz é manifestar o que está ao seu redor afetando positiva ou
     negativamente a postura (reação) das pessoas que são tocadas por seu
     brilho. Se uma hipotética luz consegue se esconder, ela não é luz, mas trevas
     (Lc 11. 35; 1 Jo 2. 9), pois alguém pode estar equivocado acerca de ser luz. Ela
     não pode agir contra sua brilhante natureza. Luz que não é vista não é luz e a
     verdadeira luz não pode compactuar com as trevas (Ef 5. 11; Rm 13. 12; 2 Co
     6. 14; 1 Jo 1. 5).

Quando Deus ordena que haja luz, ela vem à existência, se impõe e cumpre o seu
   papel de luz. Quando Deus ordena vida (salvação), ela se manifesta com as
   mesmas propriedades da luz.
A Luz na Bíblia
Junto com a ordem da vida (daqueles que assumem Cristo diante do mundo),
Cristo ordena também a sua Glória sobre os crentes (Jo 17. 22)

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas
obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” v. 16


A vida que recebemos de Cristo é focada na Glória de Deus somente e suas obras
têm esse caráter, que é notado pelas pessoas deste mundo e, alguns destes, se
renderão à glória proclamada pelo viver (testemunho cristão e proclamação
verbal) dos verdadeiros crentes em Jesus, unindo-se a eles no Reino e família de
Cristo (1 Pe 2. 9).

Aqui, Jesus faz um contraponto entre as reações que os crentes sofrem por causa
do seu testemunho. Ao mesmo tempo em que são felizes por causa da
perseguição causada pela intolerância a Cristo por parte de alguns, por parte de
outros, esse mesmo testemunho provoca conversões e glórias a Deus.
Vocês serão sal da terra e luz do mundo quando o
  mundo reconhecer em vocês o testemunho de
Cristo. E vocês serão odiados por isso e esse será o
 sinal de que vocês servem ao Reino de Deus e de
                     que são felizes.
Note que quando Jesus fala sobre as metáforas sal
   e luz, Ele não diz “vocês serão”, mas diz “vocês
       são”, trata-se de uma realidade presente.
        Esta declaração garante que esses bem-
  aventurados crentes em Jesus glorificam a Deus
   por meio do seu testemunho e isso também é
      instrumento para conversões. Esses são as
           testemunhas eficientes de Cristo!
A Ética do Sermão do Monte




                                                              Fim
Escola Bíblica Dominical – 1º semestre/ 2013 – Igreja Presbiteriana da Mooca
                Professores: João Eduardo e Ricardo Bressan

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Apresentação com estudos sobre a ética do sermão do monte

  • 1. A Ética do Sermão do Monte Aula 1 Escola Bíblica Dominical – 1º semestre/ 2013 – Igreja Presbiteriana da Mooca Professores: João Eduardo e Ricardo Bressan
  • 2. O Sermão do Monte: Evangelho de Mateus, cap. 5, 6 e 7 Sermão de Jesus de Nazaré proferido no primeiro ano da sua pregação (30 d.C.), provavelmente num monte ou colina nas proximidades do Mar da Galileia, perto da cidade de Cafarnaum. Imagem do filme “Bem-Hur” (1959)
  • 3. Livros-textos: Martyn Lloyd-Jones John Stott 1899 - 1981 1921 - 2011
  • 4. O Sermão do Monte, se me for dado usar essa comparação, assemelha-se a uma grandiosa composição musical, a uma sinfonia, digamos assim. O efeito inteiro do conjunto é maior que a coleção de suas partes constituintes, e jamais deveríamos perder de vista esta inteireza.[...] Não hesito em dizer que a menos que tenhamos a perfeita consciência das bem-aventuranças, não deveríamos prosseguir no estudo do Martin Lloyd-Jones sermão. Não temos mesmo o direito de continuar.
  • 5. O Sermão do Monte é o esboço mais completo, em todo o Novo Testamento, da contracultura cristã. Eis aí um sistema de valores cristãos, um padrão ético, uma devoção religiosa, uma atitude para com o dinheiro, uma ambição, um estilo de vida e uma teia de relacionamentos: tudo completamente diferente do mundo que não é cristão. E esta contracultura cristã é a vida John Sttot do reino de Deus, uma vida humana realmente plena, mas vivida sob o governo divino.
  • 6. A proposta do nosso estudo é entender a ÉTICA do Sermão do Monte. Então, primeiramente, vamos entender o que significa o termo ÉTICA: http://michaelis.uol.com.br: (gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão. http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica: Ética é a parte da filosofia dedicada aos estudos dos valores morais e princípios ideais do comportamento humano. A palavra "ética" é derivada do grego ἠθικόσ, e significa aquilo que pertence ao ἦθοσ, ao caráter. Diferencia-se da moral, pois, enquanto esta se fundamenta na obediência a costumes e hábitos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão.
  • 7.
  • 8. Ok, discorremos sobre o sentido da palavra ÉTICA e agora veremos que o Reino de Deus tem sua própria ética que é essencialmente diferente dos valores do mundo que está sob domínio do pecado, através do homem em seu estado pecaminoso e através da influência e atuação diabólica que distorcem toda noção que se possa ter sobre verdade, justiça, amor e bem por parte da humanidade que desconhece Cristo. Por isso afirmamos que o Sermão do Monte apresenta uma contracultura cristã, ou seja, o Reino de Deus inaugurado por Cristo confronta a cultura mundana, não se ajusta a ela e anuncia seu fim para que se evidencie o modo de viver em conformidade com a vontade de Deus, e esse é modo de vida para o qual fomos criados e onde somos verdadeiramente felizes. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. ” Romanos 12:1-2
  • 9. A ÉTICA DO SERMÃO DO MONTE 1. Bem-aventuranças: quem é o cristão? 2. Bem-aventuranças: Justiça e Opressão 3. O cristão e o Mundo: identidade e missão 4. A Lei e o Cristão: ampliando horizontes 5. Casamento e divôrcio 6. O crente e os juramentos 7. Vingança e Perdão: A vida na perspectiva da misericórdia 8. Boas obras ou Obras boas? A Compaixão na perspectiva de Cristo 9. Práticas devocionais: Oração e Jejum 10. Dinheiro: Qual é o seu lugar na vida cristã? 11. Ansiedade: A resposta da Fé 12. Juízo e Justiça: Tirando a trave dos olhos 13. Desejos e Necessidades: Oração e Justiça 14. Cultura do Prazer: a porta e o caminho estreitos 15. Falsos ensinos: que tenho eu com isso? 16. A falsa paz: olhando no espelho 17. Saber e viver: a Fé que edifica na rocha.
  • 10. Visão Geral do Sermão Mostrar as Estabelecer o impossibilidades padrão do Reino humanas Apontar a Evidenciar a necessidade de Dependência do intervenção Espírito divina
  • 11. Mateus cap5. v. 1 a 9 – As bem-aventuranças: 1. E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; 2. E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: 3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; 4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus...
  • 12. O termo “Bem-aventurados” é repetido 9 vezes logo no início do famoso sermão proferido por Jesus em 9 afirmações aparentemente antagônicas. Após essas declarações iniciais o Senhor discorre sobre a prática cristã nas diversas esferas da vida. Por isso é importante mantermos em mente a unidade de todo esse sermão para uma correta compreensão acerca dos seus ensinos. O que significa o termo “Bem-aventurado”? (Termo em grego = μακαριοι [makarioi] = abençoado) http://michaelis.uol.com.br: adj Muito feliz. sm 1 O que tem a felicidade do Céu. 2 Santo. Pl: bem- aventurados. Catecismo Maior de Westminster 1. Qual é o fim supremo e principal do homem? Resposta. O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Rom. 11:36; 1 Cor. 10:31; Sal. 73:24-26; João 17:22-24.
  • 13. Vamos discorrer sobre cada uma das 7 primeiras bem-aventuranças, que se referem à felicidade plena para a qual fomos feitos e, portanto, à Glória que de Deus podemos celebrar e desfrutar. Bem-aventurados: 1. Os pobres de espírito; 2. Os que choram; 3. Os mansos; 4. Os que têm fome e sede de justiça; 5. Os misericordiosos; 6. Os limpos de coração; 7. Os pacificadores. As outras 2 bem-aventuranças (os que sofrem perseguição por causa da justiça e “vocês”) serão estudados na próxima aula.
  • 14. 3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus... O que faz de alguém que reconhece seu estado de pobreza espiritual feliz é o fato de que Deus lhe dá (ou dará) o seu Reino. Trata-se de uma felicidade condicional pois o Reino é dado a quem possui certa característica oposta ao orgulho, à vaidade e à soberba (Tg. 4.6, 1 Pe. 5. 5) e essa sentença confronta o espírito ganancioso humano e mundano. O antagonismo dessa afirmação está em 2 fatos: 1 – pobreza de espírito, para o mundo, não pode ser sinônimo de felicidade. Normalmente pobreza é sinônimo de infelicidade. Mas para Deus um certo tipo de pobreza resulta numa felicidade que marca a história de uma vida. 2 – no mundo os pobres não herdam reinos e não são pessoas nobres, mas são dignas de descarte. Para Cristo os pobres são nobres (Mt. 11. 5) Pobres de espírito todos nós somos, mas somente os que se reconhecem assim podem ser felizes, pois esse tipo de postura nos faz desapegados de coisas efêmeras e mais atentos à providência que sustenta a vida.
  • 15. 4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados... A felicidade do sofrimento, do choro, está na promessa de consolação. Deus está atento aos quebrantados (Sl. 51. 17) e é evidente que nem todo choro produz a consolação divina. Esse choro deve ser justo, um tipo de choro cometido por alguém que é pobre de espírito e que por isso não ocorre por motivos tolos, egoístas, pecaminosos. É o choro de quem anseia por misericórdia e justiça e que sabe que carece da consolação que pode vir somente de Deus e essa declaração confronta a forma humana de lidar com suas fraquezas, buscando consolação em prazeres mundanos e materiais e disfarçando seu estado miserável com aparências falsas de fortaleza carnal. O antagonismo nessa afirmação está no fato de que temos a ideia de que para sermos felizes não devemos sofrer, não devemos chorar. Evitamos a dor a todo custo e para evitarmos a dor evitamos nos envolver em causas justas, ou com a causa de quem sofre a fim de nos pouparmos. A auto-preservação é um ato egoísta e para Jesus feliz é quem sofre, quem se dá, quem se lança às causas em que a consolação divina é necessária. Afinal, todos sofremos e todos devemos chorar por nosso estado pecaminoso miserável pois somente este é o caminho da consolação divina.
  • 16. 5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra... A mansidão é a virtude encontrada naqueles que hão de herdar a terra e nesse caso a felicidade se concretizará no futuro. Mansidão aqui é mais do que um comportamento contrário à agressividade, mas também a postura de quem se reconhece pobre de espírito e que conhece a consolação divina e que por isso se sente satisfeito com o cuidado de Deus. Essa pessoa é agradecida e a inquietude humana que é comum nos corações das pessoas que procuram se satisfazer com as coisas do mundo, no caso do manso, essa inquietude está satisfeita em Deus. Essa afirmação confronta a postura agressiva humana de conquistas e, por conseqüência, revela o quão fraca é a força humana. Releva também que o contentamento em Deus permanecerá em oposição das ambições humanas. O antagonismo nessa afirmação está no fato de que, especialmente em tempos passados, a terra era conquistada a força pela ambição humana vista em impérios e exércitos e esse modo humano de agir, de conquistar seu território à força é efêmero, pois Deus dará a terra aos que se satisfazem nEle. Normalmente os homens mansos, os que se contentam, não conseguem conquistar terra nenhuma num contexto de disputas de forças, mas para Jesus não é assim que as coisas funcionam, pois os fortes aos olhos do mundo serão destituídos.
  • 17. 6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos... Quem tem fome ou sede não é feliz, mas desesperado e muito infeliz. Mas para Jesus, os que desejam a justiça (a manifestação divina que soluciona os males que sofremos e que corresponde aos anseios humanos por salvação) como quem deseja o alimento necessário à vida, esse é feliz aos olhos do Senhor. Os que entendem que a justiça é necessária e a tratam como prioridade esses se saciarão, serão fartos. Esse comportamento mostra que ser manso não significa apatia e condescendência, mas significa que suas ações são canalizadas para fins justos. Essa pessoa se reconhece pobre, chora, é mansa mas age corretamente por motivos que Deus considera justos (e bons). Trata-se de alguém realmente útil nas mãos de Deus como agente de transformação e de justiça num mundo injusto e suas ações o farão felizes na medida em que no tempo de Deus eles serão fartos. Essa afirmação coloca os verdadeiros discípulos de Jesus em confronto com o modo injusto em que a humanidade vive e confronta a ideia equivocada de que cada pessoa deve cuidar de si mesma, alimentando-se apenas com suprimentos para seu próprio viver sem considerarem a justiça e a misericórdia divinas ou as necessidades dos seus semelhantes. O antagonismo nessa afirmação está no fato de que sentimos fome daquilo que precisamos, mas Cristo requer que sintamos a mesma fome onde a justiça for necessária e essa fome, esse desejo por justiça não nos permite ficar neutros ou apáticos diante de uma necessidade de justiça, onde essa necessidade se mostrar a nós.
  • 18. 7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia... Misericórdia gera misericórdia. Quem se reconhece pobre, chora, é manso e deseja a justiça é também misericordioso e isso implica em ser solícito, em estender as mãos, em dar do que tiver e que for necessário para socorrer alguém, implica em perdoar, em orar, em empenhar-se e até mesmo sacrificar-se para reproduzir a misericórdia que de Deus foi recebida com outras pessoas. E quem age assim pode contar com a garantia de que a misericórdia nunca lhe faltará (Sl. 23. 6) e isso é motivo de felicidade, essa pessoa viveu bem sua vida. Ser misericordioso não invalida o desejo pela justiça, pelo contrário, essa é a melhor maneira de se viver de acordo com a justiça que é precedida pela Graça, pela qual a imputação da justiça do Cristo é feita naqueles que nEle verdadeiramente creem, e isso faz com que sejam justos (Rm. 5. 1). Essa afirmação confronta a presunção humana daqueles que acreditam que não precisam de misericórdia ou que não a merecem e confronta a ideia de meritocracia nos atos de misericórdia. Por mais misericordiosos que sejamos ainda dependeremos da misericórdia divina e nunca alcançaremos méritos pessoais que nos livrem dessa dependência.
  • 19. A Ética do Sermão do Monte Aula 3 Escola Bíblica Dominical – 1º semestre/ 2013 – Igreja Presbiteriana da Mooca Professores: João Eduardo e Ricardo Bressan
  • 20. ROTEIRO DE AULAS Aula 1 – Introdução – Ética/ Bem-aventuranças: pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça (17/ 02 – João) Aula 2 - Bem-aventuranças: Misericordiosos, limpos de coração, pacificadores (24/ 02 - Bressan) Aula 3 - Justiça e opressão – perseguidos e injuriados (03/03 – João)
  • 21. 8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus... Há alguém que seja limpo de coração ou que tenha um coração permanentemente puro? (Mt 15. 1 – 20; Mc 7. 15 – 23; Jr 15. 9) Cristo purifica nossos corações (1 Jo. 1. 7; Hb. 10. 22), mas ainda assim nós pecamos e o sujamos novamente! (Rm. 7. 24) Será que ninguém terá a felicidade de ter a recompensa mais sublime de todas: ver a Deus? (Sl 24. 4; Jo 1. 18, Ex 33. 20) Se considerarmos nossa natureza pecaminosa e nossa fraqueza e teimosia de incorrer em pecado mesmo depois de termos sido alcançados por Cristo, será que podemos deduzir que essa bem-aventurança está perdida? (Hb 1. 3; 12. 2; 1 Tm 2. 5) Contudo, o ensino de Cristo aponta não para a impossibilidade, seu foco está na possibilidade: sim, podemos ter essa felicidade, a de contemplar a glória de Deus! Mas essa bem-aventurança somente pode ser alcançada pela transformação que o Espírito Santo opera em nós (1 Pe 1. 22) e que passa pela purificação de pecados em Cristo (1 Jo. 1. 9; Hb. 10. 22; Ap. 22.11) por meio de um arrependimento eficaz (Ez 18. 31). Essa promessa feita por Jesus confronta o mundo, pois não pode ser alcançada por méritos humanos – Cristo se faz sempre necessário como meio (por Ele) e como finalidade (para Ele) na nossa reconciliação com Deus (Rm 11. 36; 2 Co 5. 17 - 19)
  • 22. 9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus... Considerando que as bem-aventuranças apontam para um tipo de valor praticado por aqueles que são felizes aos olhos de Deus e que esses são os valores do Reino de Cristo, ser pacificador implica em não apenas apaziguar as tendências de inimizade entre perdidos, mas sim em promover a paz entre os homens e Deus, pois é aí que está instaurada uma guerra resultante da incompatibilidade entre a santidade e a justiça de Deus e o pecado humano (Tg. 4. 4 ; Ef 2. 16; Rm 8. 7). É feliz quem milita na pacificação entre esses inimigos porque foram dados a eles os meios necessários à realização da verdadeira paz por meio da evangelização e somente os filhos de Deus podem fazer isso eficientemente (Is. 52. 7; Rm. 10. 15; Ef. 6.15). Mais uma vez a sentença confronta o mundo porque enaltece aqueles que são comissionados por Deus como anunciadores da sua Palavra ao mais elevado de todos os status, pois ser transformado de inimigo para filho de Deus é a maior de todas as bem- aventuranças (Lc. 15. 31) e essa deve ser a maior ambição humana: ser filho e servir aos propósitos do Pai celestial. Além disso, essa declaração aponta não para o isolamento da igreja, mas para a sua interação missionária com o mundo (Is. 52).
  • 23. Mateus 5:10-12 10 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; 11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
  • 24. 1 - Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; 2 - Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 3 - Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 4 - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 5 - Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 6 - Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 7 - Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 8 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Até aqui as bem-aventuranças têm endereço incerto. Quem é? 9 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. No verso 11, a 9ª bem-aventurança encontra seu “endereço”, mas é condicional – quando acontecer algo bastante específico. As 8ª e 9ª bem-aventuranças são correlatas. Mateus 5:3-11
  • 25. As 8 1ªs bem-aventuranças não se aplicam, ao menos não em sua totalidade e não necessariamente, a todos ouvintes do sermão proferido por Jesus. Pode ser que para alguns os valores por Ele apontados possam parecer demasiadamente elevados e impraticáveis e esse é um ponto importante que o sermão aborda: a falência do gênero humano e sua degradação perante os valores do Reino de Deus. Nossa 1ª tendência ao lermos o sermão do monte é de tentarmos encontrar formas de como podemos cumpri-lo com nossas capacidades, esforços e méritos. Assim tendemos a transformar os valores do Reino de Deus em normas religiosas e morais, regras de comportamento a serem exteriorizadas numa religiosidade mais preocupada com o que se vê do que com a verdadeira relação pessoal com Deus.
  • 26. Ao longo do sermão vemos que Jesus condena a religiosidade de aparências, algo imposto às pessoas com suas regras de comportamento e rituais enquanto a essência humana continua comprometida pelo pecado. Os Fariseus, religiosos criticados por Jesus, é quem interpretavam a Lei desse modo: “Somos capazes de cumpri-la e somos elogiáveis por isso!” “Vejam que belos exemplos de religiosidade nós somos!” Para os crentes comuns, os Fariseus impunham o seu padrão de piedade, baseados na glória moral e alta dedicação por eles empreendida. Mas nenhum esforço humano é capaz de livrar o homem de sua miséria intrínseca: ele é pecador e nada pode fazer contra esse mal impregnado à sua natureza. No Sermão do Monte Jesus faz ruir toda pretensão humana de religiosidade baseada em seus próprios méritos, ainda que suas bases estejam em valores éticos que a Graça comum nos permite conhecer. E nos faz atentar para a única forma de bem-aventurança possível:
  • 27. 1º) - Quem é o bem-aventurado completo desse sermão? 1. Quem fez-se pobre de espírito, recusando sua glória para se fazer pequeno? (Fp. 2. 5 – 11; Hb. 2. 9) 2. Quem chorou pelas misérias humanas? (Lc. 19. 41; 23. 34) 3. Quem foi manso até a morte? (At. 8. 32) 4. Quem teve fome e sede de justiça? (Jo. 4. 34; Mt. 4. 4) 5. Quem foi misericordioso? (Mt. 9. 13; 12. 7; Lc. 18. 38) 6. Quem foi limpo de coração e vê a Deus? (1 Pe. 2. 22; Hb. 9. 24; 1 Tm. 2. 5) 7. E quem é o pacificador? (Cl. 1. 20; Mt 3. 17) 8. Quem sofreu por causa da justiça? (Is 53) 9. Quem foi injuriado com base em mentiras? (Mt 26. 59 – 68; 27. 22, 23) Jesus Cristo Ele é o mais bem-aventurado em toda humanidade! E cabe a nós imitá-lo com a força que Ele mesmo nos dá! “E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo.” (1 Ts. 1. 6)
  • 28. Nosso Senhor é o bem-aventurado perfeito e é nosso modelo. Assim, Ele não nos submete a uma condição que Ele mesmo não a tenha vivenciado. Ser bem-aventurado é servir ao Reino de Cristo em conformidade com nosso modelo, Rei e Senhor Jesus Cristo. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. ” (Mt 11:28-30) “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9:2) “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.” (Jo 17:24)
  • 29. 2º) – Nós como bem-aventurados! Jesus Cristo é o perfeito cumpridor das bem-aventuranças e faz de nós bem-aventurados também quando o temos como Senhor de nossas vidas. Isso faz de nós peregrinos num mundo hostil aos seus valores pois nos insere no seu Reino (Jo 17. 15; 1 Pe 2. 11; Hb 11. 13; Ef 2. 19). 9 – “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.” Nós somos bem-aventurados quando somos injustamente perseguidos por causa de Cristo (1 Pe 3. 14; 4. 14). Eis um sinal de que a vida está sendo vivida de acordo com a ética do Reino de Deus e não de acordo com a moral deste mundo! Embora Jesus Cristo seja o perfeito cumpridor das bem-aventuranças, Ele não é o único! Ao nos tornarmos seus discípulos, recebemos dele a capacitação necessária para sermos suas testemunhas e agentes do seu Reino neste mundo (At 1. 8). Somos continuamente transformados pelo Espírito Santo para cumprirmos a vontade de Deus enquanto vivermos. Jesus nos “insere” na lista das bem-aventuranças quando o reconhecemos como Senhor.
  • 30. 2º) – Nós como bem-aventurados! Ser injustiçado ou perseguido por causa de Cristo ou por causa dos valores do Reino de Deus não deve ser motivo de tristeza, lamento ou frustração. Pelo contrário, Cristo nos exorta à alegria e à exultação porque essas hostilidades que sofremos por sua causa, se sofridas com integridade de testemunho cristão, certamente se reverterão em galardão celestial, num tipo de recompensa eterna com Deus e isso nos equipara aos heróis da fé do passado que por meio dos seus sofrimentos e martírios foram poderosos instrumentos usados por Deus para a transformação do mundo, para a salvação de pessoas e, acima de tudo, para a glória de Deus. Coisas que se revertem numa bem-aventurança eterna. Nossa época valoriza muito a segurança, a individualidade, o direito e o prazer e muitos buscam na fé suporte para essas coisas. O sermão do monte destrói esse tipo de perspectiva e nos obriga a olhar para a eternidade em detrimento do atual estado de coisas. Nos desperta para o que realmente vale o empenho das nossas efêmeras vidas.
  • 31. E a vontade de Deus inclui as bem-aventuranças (relações entre as bem-aventuranças) 3. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; 4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 10 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; 11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. O empobrecido vê a realidade miserável que os envaidecidos não conseguem ver e lamentam as misérias humanas. Ele se satisfaz em Deus e tem seus impulsos domados e passa a desejar aquilo que realmente importa. Passa então a agir de acordo com o que vê, sente e sabe para acudir os miseráveis motivado pela Graça de Deus. Sua alma se desapega do mau e seu coração é purificado na sujeição e no exercício do serviço a Deus. Seu empenho é na salvação dos perdidos e ele sofre as conseqüências hostis por parte desse mundo à Graça de Cristo, alcançando grande êxito na carreira cristã. Suas motivações começam e terminam na eternidade.
  • 32. ROTEIRO DE AULAS Aula 1 – Introdução – Ética/ Bem-aventuranças: pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça (17/ 02 – João) Aula 2 - Bem-aventuranças: Misericordiosos, limpos de coração, pacificadores (24/ 02 - Bressan) Aula 3 - Justiça e opressão – perseguidos e injuriados (03/03 – João) Aula 4 - O cristão e o mundo: identidade e missão (10/03 – João)
  • 33. ROTEIRO DO DISCURSO: Continuaremos nossa análise do Sermão do Monte sob a perspectiva da unidade desse discurso. Na abordagem inicial Jesus fala sobre a vida verdadeiramente feliz, baseando-se em valores que são conhecidos, mas que são praticáveis somente no Reino de Deus a partir da fé em Cristo. As bem-aventuranças são encontradas em quem é perseguido e injustiçado por causa da justiça e por causa de Cristo – Cristo e justiça são sinônimos nesse ponto do sermão e constituem a “chave”, o único meio possível de se vivenciar a felicidade aspirada pela humanidade mas impossível de ser vivida de acordo com os valores pecaminosos deste mundo. A partir do apontamento de que “nós” (ou “vós” no discurso, pois Jesus está falando com seus ouvintes – vocês – outras pessoas, e isso nos inclui) somos bem- aventurados, ele segue seu raciocínio afirmando que essas mesmas pessoas têm qualificações e missões especiais.
  • 34. Aula 4 – O cristão e o mundo: identidade e missão Mateus 5. 13 - 16 13. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. 14. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
  • 35. Quem são o sal e a luz? A) “Vós” – as pessoas que estão, efetivamente, escutando o discurso de Jesus; B) São as mesmas que são (serão) perseguidas e injustiçadas por causa da justiça e por causa de Cristo; C) São as pessoas que absorvem e vivenciam a mensagem proferida e que seguem a Cristo, assumindo todas as conseqüências desse modo de vida num mundo hostil a Cristo, à sua mensagem e que é totalmente incompatível com seu Reino. As expressões sal e luz estão relacionadas com a última bem- aventurança – repetem-se os pronomes e os tempos verbais nos textos/ falas de Jesus. Portanto, é assumindo a Cristo e a justiça incluída em sua mensagem e obra que se evidencia neste mundo certas qualidades que Ele caracteriza como sal e como luz. Jesus está falando da pública manifestação da fé cristã quando Ele menciona as alegorias sal e luz.
  • 36. O quê significam os termos sal e a luz? 1) Jesus começa a falar da missão de suas testemunhas recorrendo à figura do SAL. 13. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. 13.υμεισ εςτε το αλας τησ γησ εαν δε το αλασ μωρανθη εν τινι αλιςθηςεται εισ ουδεν ιςχυει ετι ει μη βληθηναι εξω και καταπατειςθαι υπο των ανθρωπων
  • 37. Αλας Sal gema – o sal da terra A principal fonte de sal é a água do mar. Porém ele também pode ser encontrada em jazidas subterrâneas, fontes e lagos salgados.
  • 38. O significado do sal na antiguidade. Em todas as sociedades o sal ganhou um valor que excedia em muito o contido em suas propriedades naturais. A principal fonte dessa substância é a água do mar, porém ela também pode ser encontrada em jazidas subterrâneas, fontes e lagos salgados. Além de cair bem ao nosso paladar, o sal é uma necessidade vital. Sem sódio, o organismo seria incapaz de transportar nutrientes ou oxigênio, transmitir impulsos nervosos ou mover músculos – inclusive o coração. Um corpo adulto tem, em média, 250 gramas de sal. Mas, como o perdemos constantemente, pela urina, pelo suor ou pelas lágrimas, é essencial repô-lo. O homem sempre buscou complementar sua Sal: Uma História do Mundo Mark Kurlansky - Editora Senac alimentação com sal.
  • 39. O significado do sal na antiguidade. A arqueologia revela o apreço de civilizações antigas pelo sal. Os egípcios foram pioneiros no uso do sal para conservar a carne. Sem o sal, não seria possível estocar uma série de alimentos em um mundo sem geladeiras. Altas concentrações salinas inibem a proliferação de microorganismos na comida, conservando-a em boas condições de consumo por um tempo bem maior. Por esse motivo, o sal passou a ser indispensável em qualquer sociedade e passou a ter valor de moeda. Os chineses foram os primeiros a encarar a produção de sal como um negócio de grandes proporções. Desde o século XIX a.C., eles obtinham cristais de sal fervendo água do mar em vasilhas de barro. Essa técnica se espalharia pelo mundo ocidental e, um milênio depois, no Império Romano, ainda seria a mais disseminada. Quando o mar estava longe, o jeito era cavar a terra em busca do sal.
  • 40. O significado do sal na antiguidade. Da mesma forma que deveria estar disponível para o cidadão comum, o sal era imprescindível para os legionários que conquistavam e mantinham o gigantesco império. Tanto que os soldados chegavam a ser pagos em sal, de onde vêm as palavras “salário”, “soldo” (pagamento em sal) e “soldado” (aquele que recebeu o pagamento em sal). O sal, que Platão chamava de “uma graça especial dos deuses”, figura com freqüência nos rituais religiosos desde a antigüidade. O sal fazia parte dos ritos para os sacrifícios judaicos. “E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal. ” Levítico 2:13
  • 41. O significado do sal na antiguidade. A geologia moderna – que facilitou a prospecção do sal-gema – e a modernização das salinas derrubaram os preços do sal no século passado. Contam-se pelo menos 14 000 utilidades para o sal, sobretudo na indústria farmacêutica. Jazida de sal.
  • 42. Valendo-se da importância do sal em seu tempo, Jesus viu nesse ingrediente uma eficiente ilustração sobre a atuação dos seus seguidores na sociedade: Assim como o sal, os seguidores de Jesus: São necessários à sociedade – comunicam e mantém a vida. A ausência de sal impede a continuidade da vida e a ausência de atuação cristã impede que a salvação seja proclamada no mundo. Impedem o completo apodrecimento do mundo – “guerra espiritual” (devastação do pecado X ministério da igreja). A atuação cristã comunica graça, influencia a sociedade e propaga santidade enquanto que a ausência dessa atuação faz com que a sociedade progrida no sentido oposto a Deus, mergulhando cada vez mais fundo na devassidão do pecado (é preciso considerar a possibilidade de, se o pecado está cada vez mais institucionalizado, pode ser porque a igreja tem sido cada vez mais apática em sua atuação). Possuem alto e relativo valor (1 Co 6. 20;Lc 13. 6) condicionado à sua eficácia – se não salga não presta para outra coisa senão ser jogado fora e ser pisado pelos homens. De grande valor o sal passa a não ter nenhum valor se não prestar. De precioso torna-se em lixo digno de pisaduras. De igual modo se um “seguidor” de Jesus não evidenciá-lo, segue-se que essa pessoa não é seguidora de Jesus, é falsa e digna da sua reprovação.
  • 43. Seria esse um exemplo de sal insípido sendo pisado pelos homens?
  • 44. E quem é sal? Quem assumiu Cristo de verdade perante o mundo e o evidencia aberta e claramente, despertando em alguns a sede por Cristo (Jo 4. 14) a ponto de ser perseguido e odiado com base em mentiras e injustiças a fim de que sua voz seja calada. Por quê perseguições baseadas em mentiras? Porque nesta declaração Jesus separa os bons dos maus testemunhos cristãos. Algumas pessoas causam escândalos à fé cristã por causa da sua perseverança no pecado (Lc 17. 1) e esses, se sofrem alguma perseguição foi porque a provocaram. Mas outras pessoas evidenciam a Graça de Cristo e isso não é benquisto num mundo corrompido pelo pecado. E como o testemunho de um verdadeiro seguidor de Cristo é justo, baseado no amor de Deus e na realidade miserável do mundo, e aponta para a plena satisfação existencial em Deus e para as coisas que realmente importam nessa vida e na vindoura, a única forma de impedir esse tipo de ministério é por meio de calúnias, mentiras e injustiças porque contra a correta atuação cristã não podem existir acusações, contra estas coisas não há lei (Gl 5.23) e para que possa existir alguma acusação recorre-se à fraude.
  • 45. O quê significam os termos sal e a luz? 2) O significado da LUZ na Teologia bíblica. 14. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. 14.υμεισ εςτε το φως του κοςμου ου δυναται πολισ κρυβηναι επανω ορουσ κειμενη 15.ουδε καιουςιν λυχνον και τιθεαςιν αυτον υπο τον μοδιον αλλ επι την λυχνιαν και λαμπει παςιν τοισ εν τη οικια 16.ουτωσ λαμψατω το φωσ υμων εμπροςθεν των ανθρωπων οπωσ ιδωςιν υμων τα καλα εργα και δοξαςωςιν τον πατερα υμων τον εν τοισ ουρανοισ
  • 46. A Luz na Bíblia Em Jesus está a vida, que é a luz dos homens e Ele foi recusado por grande parte da humanidade que Ele mesmo criou. João 1:1-14 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
  • 47. A Luz na Bíblia O surgimento da luz foi ordenado por Deus no 1º dia da criação . “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” Gn 1.1-5 Jesus é a luz do mundo enquanto nele estiver. “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.” Jo 9. 5 “Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.” Jo 12.35; Jo 8. 12; 12.46 A luz como regra de fé e de prática. “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” 1 Jo 1.7 “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sl 119.105
  • 48. A Luz na Bíblia A luz é resultado de uma ordem direta de Deus, a ordem para que haja elucidação e conhecimento da verdade (a vontade divina), separação das trevas (santificação) e seja concedida vida (eternidade e filiação) àqueles que receberem seu filho Jesus, que era a própria luz de Deus enquanto viveu neste mundo de trevas que rebeldemente não compreendeu a oferta divina. Essa função Jesus repassa aos seus seguidores, os discípulos continuadores do seu trabalho de redenção e de louvor ao Criador. Aqueles que recebem Cristo e assumem seu testemunho diante desse mundo passam a ser luzeiros com dupla função: 1) Apontam a Graça de Deus e seu Cristo para a humanidade; 2) Manifestam o estado da humanidade e deste mundo à sua geração. A luz é reveladora, faz conhecida a verdade de Deus e a miséria humana e provoca separação das trevas, comunica vida e conhecimento de Deus.
  • 49. A Luz na Bíblia Sobre a metáfora da luz, Jesus usa mais palavras do que usou para a ilustração do sal. Ele faz 2 advertências após a afirmação “vocês são a luz do mundo...” 1) não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte... 2) não se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire (sacola para transporte de cereais)... v. 14 e 15 A luz, se realmente existe, não pode ser escondida ou impedida de irradiar-se e a função da luz é manifestar o que está ao seu redor afetando positiva ou negativamente a postura (reação) das pessoas que são tocadas por seu brilho. Se uma hipotética luz consegue se esconder, ela não é luz, mas trevas (Lc 11. 35; 1 Jo 2. 9), pois alguém pode estar equivocado acerca de ser luz. Ela não pode agir contra sua brilhante natureza. Luz que não é vista não é luz e a verdadeira luz não pode compactuar com as trevas (Ef 5. 11; Rm 13. 12; 2 Co 6. 14; 1 Jo 1. 5). Quando Deus ordena que haja luz, ela vem à existência, se impõe e cumpre o seu papel de luz. Quando Deus ordena vida (salvação), ela se manifesta com as mesmas propriedades da luz.
  • 50. A Luz na Bíblia Junto com a ordem da vida (daqueles que assumem Cristo diante do mundo), Cristo ordena também a sua Glória sobre os crentes (Jo 17. 22) “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” v. 16 A vida que recebemos de Cristo é focada na Glória de Deus somente e suas obras têm esse caráter, que é notado pelas pessoas deste mundo e, alguns destes, se renderão à glória proclamada pelo viver (testemunho cristão e proclamação verbal) dos verdadeiros crentes em Jesus, unindo-se a eles no Reino e família de Cristo (1 Pe 2. 9). Aqui, Jesus faz um contraponto entre as reações que os crentes sofrem por causa do seu testemunho. Ao mesmo tempo em que são felizes por causa da perseguição causada pela intolerância a Cristo por parte de alguns, por parte de outros, esse mesmo testemunho provoca conversões e glórias a Deus.
  • 51. Vocês serão sal da terra e luz do mundo quando o mundo reconhecer em vocês o testemunho de Cristo. E vocês serão odiados por isso e esse será o sinal de que vocês servem ao Reino de Deus e de que são felizes. Note que quando Jesus fala sobre as metáforas sal e luz, Ele não diz “vocês serão”, mas diz “vocês são”, trata-se de uma realidade presente. Esta declaração garante que esses bem- aventurados crentes em Jesus glorificam a Deus por meio do seu testemunho e isso também é instrumento para conversões. Esses são as testemunhas eficientes de Cristo!
  • 52. A Ética do Sermão do Monte Fim Escola Bíblica Dominical – 1º semestre/ 2013 – Igreja Presbiteriana da Mooca Professores: João Eduardo e Ricardo Bressan