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Clarice Lispector
Biografia
 “Que há de se fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um
pouco só”.
 “Passei a vida inteira tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de
acertar”.
 1926 - Nasce na Ucrânia e recém-nascida vem para o Brasil com a família;
 1934 – Muda-se de Recife para o Rio de Janeiro;
 1943 – Forma-se na faculdade de Direito da Universidade do Brasil;
 1944 – Casada com um diplomata brasileiro passa alguns anos fora do Brasil
(Itália, Suíça e EUA)
 • 1959 – Separa-se do marido e volta ao Rio de Janeiro com os dois filhos;
 • 1977 – Morre de câncer, em dezembro, um dia antes de seu aniversário.
Principais obras
 Perto do Coração Selvagem (1944)
 A paixão segundo G.H. (1961)
 A hora da estrela (1977)
 Laços de Família (1960)
 A Legião Estrangeira (1964)
 Felicidade Clandestina (1971)
 Escreveu também crônicas e literatura infantil
 A culpa é minha
 A hora da estrela
 Ela que se arranje
 O direito ao grito
 Quanto ao futuro
 Lamento de um blue
 Ela não sabe gritar
 Uma sensação de perda
 Assovio no vento escuro
 Eu não posso fazer nada
 Registro dos fatos antecedentes
 História lacrimogênica de cordel
 Saída discreta pela porta dos fundos
A abertura do romance A hora da estrela é feita de maneira inusitada por
meio de uma sequência de treze títulos nos quais o autor Rodrigo teria
pensado antes de escolher um deles:
Os títulos podem ser agrupados em quatro
conjuntos:
• O primeiro: A culpa é minha; Ela que se arranje; Ela não sabe gritar; Eu não posso
fazer nada e Saída discreta pela porta dos fundos. É a tematização do
sentimento de culpa.
• O segundo: O direito ao grito; Quanto ao futuro; Uma sensação de perda e
Assovio no vento escuro. É a descrição da personagem oprimida.
• O terceiro refere-se à forma e temor da narrativa, que na busca de clareza
correria o risco de ser trivial, mantendo-se popular: Lamento de um blue;
Registro dos fatos antecedentes; Histórias lacrimogênicas de cordel.
• Finalmente, há um quarto conjunto. Refere-se a um instante íntimo da
personagem – a morte. Mesmo numa condição abjeta e mesmo que seja
penoso dizer isso, Macabéa tem, afinal, a sua Hora da Estrela.
Características da obra
 Emprego dos fluxos de consciência.
 Sondagem psicológica ( analisa profundamente a alma das
personagens).
 Emprego do monólogo interior: ( o narrador conversa consigo
mesmo).
 Emprego da metalinguagem.
 Epifania (Revelação).
Estrutura da obra
 A hora da estrela, publicado em 1977, é o último romance de
Clarice Lispector. Nele, a metalinguagem, o questionamento
sobre a criação literária, as indagações sobre o ato de existir
(a questão filosófica da existência, sintetizada na questão
“Quem sou?”) e a existência de um ser absolutamente
alienado da própria vida constituem os temas centrais da
narrativa. O livro possui três narrativas que confluem: o
drama de Rodrigo S.M., um escritor limitado que deseja
narrar a história de Macabéa; a narrativa da vida de Macabéa
e a história da própria composição da narrativa
(metalinguagem). É importante saber que não ocorre o
predomínio de uma história sobre a outra. Elas acontecem
simultaneamente.
Os três narradores
 Rodrigo S. M., o narrador, é um escritor que não usufrui de prestígio ou de
sucesso e deseja escrever um história simples, com enredo linear e
vocabulário também simples. No afã de conhecer melhor sua
personagem, a alagoana Macabéa, Rodrigo S. M. procura se identificar
com ela e, para isso, deixa de tomar banho e fazer a barba, quase não
dorme, o que lhe confere um aspecto de cansaço; abandona qualquer
atividade que lhe proporcione prazer. Acredita que agindo assim
conseguirá descer até sua personagem, conseguirá atravessar o nojo do
contato, para finalmente identificar e compreender a personagem e a si
mesmo. Para ele, conhecer o outro é provar ainda mais da náusea, do
asco que irmana todos nessa vida. Assim, o narrador informa ao leitor que
escrever é sempre uma atividade dolorosa e que falar do outro é sempre
uma forma de conhecer a si mesmo.
 Macabéa nasceu no sertão de Alagoas e ficou órfã aos dois anos de
idade. Foi criada por uma tia beata que a castigava constantemente. Aos
dezenove anos veio para o Rio de Janeiro e conseguiu um emprego de
datilógrafa, embora mal soubesse escrever. Divide um quarto alugado
com mais quatro moças, e seus raros momentos de prazer resumem-se a
ir ao cinema uma vez por mês e a pintar as unhas de vermelho. Como
passatempo, Macabéa escuta na madrugada a Rádio Relógio Federal,
que dá a hora certa e informações sobre os mais diversos assuntos, e
costuma recortar anúncios de jornais. O anúncio de que ela mais gosta é
o de um creme de beleza e imagina que, se um dia pudesse comprá-lo,
ela não o passaria pelo corpo – iria comê-lo. Sonha também em ser uma
estrela de cinema, como a atriz Marylin Monroe. Daí o título do livro e a
ironia que ele contém, pois o momento culminante da vida de Macabéa (a
hora de estrela) não tem nenhum glamour. Pelo contrário, será o
momento de uma morte involuntária e sem nenhum brilho.
 A terceira narrativa é de caráter metalinguístico, pois procura desvendar
os segredos da criação literária. A começar pela “Dedicatória do Autor (Na
verdade Clarice Lispector),” a autora procura apresentar para o leitor os
processos de construção do texto literário. Clarice abandona sua
identidade social para assumir a identidade do narrador, revelando, desse
modo, os caminhos que um escritor percorre para compor sua história.
Daí o fato de o narrador Rodrigo S.M. expor ao leitor, a todo instante, as
agruras que enfrenta para poder construir sua narrativa. Afirma que a
escolha de uma linguagem simples e de um enredo linear é a melhor
solução para abordar a vida de uma moça pobre. Contudo, embora afirme
logo no começo da história que dará início à narrativa da vida de
Macabéa, ele faz antes uma série de observações sobre o processo de
construção do texto, adiando a história da nordestina.
Narrador
• O romance é narrado por Rodrigo S.M., um narrador interposto, que
reflete a sua vida ao personagem ao projetar-se na protagonista.
• Narrador onisciente e onipotente (ele está presente em tudo: apresenta-
se como autor da obra, funciona como uma transfiguração da verdadeira
autora).
• O narrador projeta seus pensamentos sobre literatura, desejos e decisões
a respeito do destino da protagonista.
Tempo
A época retratada é dos anos posteriores a 1950,
percebendo aí a paixão da protagonista (Macabéa)
pelas atrizes mais famosas de Hollywood, como
Greta Garbo e Marylin Monroe. O tempo da narrativa
está voltado mais para o psicológico.
Espaço
A ação se passa no Rio de Janeiro, por
umas poucas referências externas de
ruas e locais característicos.
Ação
O enredo não segue propriamente uma narrativa linear. Existem
três polos que podem ser formados de certa forma como
estruturas narrativas e que se misturam todo o tempo para
formar narrativa.
1- Rodrigo conta a história de Macabéa.
2- Rodrigo conta sua própria história.
3- Rodrigo tece as artimanhas da própria narrativa para explicar
criação, montagem e apresentação do próprio texto.
Personagens
As personagens de Clarice Lispector são seres
em busca da revelação de mundos
desconhecidos dentro de si mesmos.
Macabéa: É a protagonista do romance, moça
nordestina e humilde que enfrenta a vida na
cidade grande – Rio de janeiro – Orgulha-se de
ser datilógrafa (embora medíocre) ; virgem, semi-
analfabeta, gosta de goiabada com queijo e
coca-cola. Quer ser estrela de cinema. Ouve
notícias da Rádio – Relógio e não sabe empregá-
las na conversação.
• Rodrigo S.M.: É o narrador da história de Macabéa. Afirma que é escritor rico.
Sente grande dificuldade para escrever e não consegue dar a sua personagem
um destino melhor.
• Olímpico: É nordestino ambicioso e cheio de ilusões, possuidor de um passado
sujo, vem também para a cidade em busca de ascensão social. Rouba os próprios
colegas de trabalho. Foi namorado de Macabéa antes de conhecer Glória. Matou
um homem antes de vir para o Rio. Gosta de fazer discursos e mentir. Quer ser
deputado, o que acaba acontecendo segundo o narrador.
• Glória: É colega de Macabéa na firma. Cheia de Carne. Apesar de branca e
cabelos oxigenados, não consegue esconder sua origem mulata. Rouba o
namorado da colega, mas por se sentir culpada, aconselha a amiga a ir a busca
de uma cartomante, emprestando-lhe dinheiro.
• Madame Carlota: É a cartomante que já foi prostituta e dona de bordel. Abusa da
boa fé das pessoas lendo a sorte e predizendo o futuro. Serve de instrumento de
felicidade para a protagonista por uns breves momentos.
• Outros Personagens: Seu Raimundo (chefe de Macabéa), as colegas de quarto
de Macabéa e o Médico.
Sobre Macabéa
 a) Os primeiros aspectos definidores de Macabéa são os de sua modesta origem social
(“Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num
quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa”). Órfã, criada por um tia repressora, ela é
feia, virgem, gosta de coca-cola, passa um pouco de fome e trabalha como datilógrafa no
Rio de Janeiro. No entanto, o aspecto predominante de sua medíocre personalidade é o seu
despreparo para a vida inteligente. É tão tola que sorri para as pessoas na rua, mas
ninguém lhe responde ao sorriso porque sequer a olham. Sua própria cara expressa tanta
pobreza mental que parece pedir para ser esbofeteada. Em síntese, trata-se de um ser
ínfimo, de uma “alma rala”.
 b) A principal característica de Macabéa é a sua completa alienação. Ela não sabe nada de
nada.
 A palavra realidade não lhe dizia nada. (...)
 Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. (...)
 Nenhuma coisa importante jamais acontecera em sua vida:
 Mas vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manhã.
(...).
 Domingo ela acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada. (...)
 A sua inconsciência não resulta apenas da ignorância do mundo. Ela se
desconhece: “Quando acordava não sabia mais quem era”. Às vezes, diante do
espelho, não se enxergava, como se a sua tivesse sumido. A todo instante,
Rodrigo S. M. registra a alienação de Macabéa, a sua incapacidade de percepção.
Por isso, a jovem nordestina vive a dimensão do não-ser.
 Algumas delimitações que Rodrigo S.M. elabora para Macabéa são tragicamente
líricas:
Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim. (...)
Tornara-se apenas vivente em sua forma primária. (...) Era apenas fina matéria
orgânica. Existia. Só isto.
c) Quase nula é a compreensão de Macabéa a respeito da existência, seja a sua,
seja a da humanidade em geral.
 Ao ser atropelada, Macabéa descobre a sua essência:“Hoje, pensou ela, hoje é o
primeiro dia de minha vida: nasci”. Há uma situação paradoxal: ela só nasce, ou
seja, só chega a ter consciência de si mesma, na hora de sua morte. Por isso
antes de morrer repete sem cessar: “Eu sou, eu sou, eu sou, eu sou”.
Silêncio.
Se um dia Deus vier à terra haverá silêncio grande.
O silêncio é tal que nem o pensamento pensa.
O final foi bastante grandiloquente para a vossa necessidade? Morrendo ela virou ar. Ar enérgico?
Não sei. Morreu em um instante. O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro
correndo em alta velocidade toca no chão e depois toca mais e depois toca de novo.
Etc. etc. etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada. Eu vos
pergunto:
– Qual é o peso da luz?
E agora – agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei
que a gente morre. Mas – mas eu também?
Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.
Sim.
Rodrigo S.M. afirma que morre com Macabéa e mais uma vez coloca o leitor como seu interlocutor,
questionando-o sobre a grandiloquência do final da narrativa. O narrador faz uma descoberta e a
compartilha com o leitor: o destino humano é igual para todos. É a consciência da morte que nos
torna conscientes da vida.
“Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.” Seria o “por enquanto” o tempo da vida e
o “tempo de morangos” as possíveis delicadezas que podemos colher na vida? Não importa a
resposta, o importante, parece insinuar o narrador, é que sejamos capazes de formular as
perguntas.
Resumo da obra
 Para quem está acostumado com resumos tradicionais, não é fácil fazer a síntese
de A Hora da Estrela. Isso porque, aparentemente, nada acontece. Logo nas
primeiras linhas, o que se percebe é a presença de um autor – o escritor Rodrigo
S. M. – às voltas com certos impasses de sua carreira, tentando dar início à
narrativa da história da nordestina Macabéa em sua vida cotidiana no Rio de
Janeiro.
 Rodrigo S. M. declara: “Pensar é um ato. Sentir é um fato” – e essas frases
podem ser entendidas como uma apresentação da obra. De fato, as reflexões e
os sentimentos registrados pelo escritor constituem parte da narrativa. Portanto,
se o leitor espera algo acontecer para começar a fazer a sua síntese do romance,
é bom se apressar, porque a história já começou.
 Macabéa é introduzida aos poucos na narrativa, sobressaindo-se das reflexões
de Rodrigo S. M. Ele se depara com ela em uma rua do Rio de Janeiro, quando,
por intermédio de uma simples troca de olhares, a história da moça lhe é
revelada. Alagoana, Macabéa perde os pais ainda muito criança e é criada por
uma tia, que, no intuito de educá-la, dá-lhe constantes pancadas da cabeça com
os nós dos dedos. Frequenta escola apenas até o terceiro ano primário e escreve
muito mal. Mesmo assim, consegue levar adiante um curso de datilografia.
 A tia muda-se para o Rio de Janeiro e Macabéa a acompanha. Arranja emprego como
datilógrafa. Depois da morte da mãe de criação, passa a dividir um quarto de pensão
com quatro moças que trabalham como balconistas. Pouco convive com elas, que
chegam muito cansadas à noite e dormem logo, enquanto Macabéa fica ouvindo a
Rádio Relógio ao longo das madrugadas.
 Certo dia, resolve faltar ao trabalho e sair para um passeio. Encontra-se então com
Olímpico de Jesus, metalúrgico nordestino. Ele a chama de “senhorinha” e a convida
para um passeio. Para ela, é o começo de um namoro. Em suas conversas, ela
exibe, sempre de forma precária, o conhecimento adquirido com as audições da Rádio
Relógio, enquanto ele afirma sua disposição de crescer e ser alguém na vida.
 Em uma visita a Macabéa no local de trabalho, Olímpico conhece Glória, colega da
namorada. Interessa-se por ela e abandona Macabéa. Sem ter exata noção do quanto
isso a faz sofrer, Macabéa recolhe-se ao banheiro do escritório e passa com força o
batom vermelho nos lábios, para se sentir uma estrela de cinema.
 Constrangida por lhe roubar o namorado, Glória dá dinheiro a Macabéa e aconselha
que ela procure uma cartomante. Macabéa acata a ideia e vai até Madama Carlota,
que lhe prevê um futuro brilhante e o encontro próximo de um grande amor. Ao sair da
cartomante...
Conclusão
Assim, A Hora da Estrela assume a inventividade
artística como metáfora da própria aventura
existencial. Uma aventura renovada pelo leitor a
cada novo ato de leitura. Fazendo da narrativa um
jogo que incorpora a voz do outro, a transfiguração
de identidade.

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A hora-da-estrela (1)

  • 2. Biografia  “Que há de se fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só”.  “Passei a vida inteira tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar”.  1926 - Nasce na Ucrânia e recém-nascida vem para o Brasil com a família;  1934 – Muda-se de Recife para o Rio de Janeiro;  1943 – Forma-se na faculdade de Direito da Universidade do Brasil;  1944 – Casada com um diplomata brasileiro passa alguns anos fora do Brasil (Itália, Suíça e EUA)  • 1959 – Separa-se do marido e volta ao Rio de Janeiro com os dois filhos;  • 1977 – Morre de câncer, em dezembro, um dia antes de seu aniversário.
  • 3.
  • 4. Principais obras  Perto do Coração Selvagem (1944)  A paixão segundo G.H. (1961)  A hora da estrela (1977)  Laços de Família (1960)  A Legião Estrangeira (1964)  Felicidade Clandestina (1971)  Escreveu também crônicas e literatura infantil
  • 5.  A culpa é minha  A hora da estrela  Ela que se arranje  O direito ao grito  Quanto ao futuro  Lamento de um blue  Ela não sabe gritar  Uma sensação de perda  Assovio no vento escuro  Eu não posso fazer nada  Registro dos fatos antecedentes  História lacrimogênica de cordel  Saída discreta pela porta dos fundos A abertura do romance A hora da estrela é feita de maneira inusitada por meio de uma sequência de treze títulos nos quais o autor Rodrigo teria pensado antes de escolher um deles:
  • 6.
  • 7. Os títulos podem ser agrupados em quatro conjuntos: • O primeiro: A culpa é minha; Ela que se arranje; Ela não sabe gritar; Eu não posso fazer nada e Saída discreta pela porta dos fundos. É a tematização do sentimento de culpa. • O segundo: O direito ao grito; Quanto ao futuro; Uma sensação de perda e Assovio no vento escuro. É a descrição da personagem oprimida. • O terceiro refere-se à forma e temor da narrativa, que na busca de clareza correria o risco de ser trivial, mantendo-se popular: Lamento de um blue; Registro dos fatos antecedentes; Histórias lacrimogênicas de cordel. • Finalmente, há um quarto conjunto. Refere-se a um instante íntimo da personagem – a morte. Mesmo numa condição abjeta e mesmo que seja penoso dizer isso, Macabéa tem, afinal, a sua Hora da Estrela.
  • 8. Características da obra  Emprego dos fluxos de consciência.  Sondagem psicológica ( analisa profundamente a alma das personagens).  Emprego do monólogo interior: ( o narrador conversa consigo mesmo).  Emprego da metalinguagem.  Epifania (Revelação).
  • 10.  A hora da estrela, publicado em 1977, é o último romance de Clarice Lispector. Nele, a metalinguagem, o questionamento sobre a criação literária, as indagações sobre o ato de existir (a questão filosófica da existência, sintetizada na questão “Quem sou?”) e a existência de um ser absolutamente alienado da própria vida constituem os temas centrais da narrativa. O livro possui três narrativas que confluem: o drama de Rodrigo S.M., um escritor limitado que deseja narrar a história de Macabéa; a narrativa da vida de Macabéa e a história da própria composição da narrativa (metalinguagem). É importante saber que não ocorre o predomínio de uma história sobre a outra. Elas acontecem simultaneamente.
  • 11. Os três narradores  Rodrigo S. M., o narrador, é um escritor que não usufrui de prestígio ou de sucesso e deseja escrever um história simples, com enredo linear e vocabulário também simples. No afã de conhecer melhor sua personagem, a alagoana Macabéa, Rodrigo S. M. procura se identificar com ela e, para isso, deixa de tomar banho e fazer a barba, quase não dorme, o que lhe confere um aspecto de cansaço; abandona qualquer atividade que lhe proporcione prazer. Acredita que agindo assim conseguirá descer até sua personagem, conseguirá atravessar o nojo do contato, para finalmente identificar e compreender a personagem e a si mesmo. Para ele, conhecer o outro é provar ainda mais da náusea, do asco que irmana todos nessa vida. Assim, o narrador informa ao leitor que escrever é sempre uma atividade dolorosa e que falar do outro é sempre uma forma de conhecer a si mesmo.
  • 12.  Macabéa nasceu no sertão de Alagoas e ficou órfã aos dois anos de idade. Foi criada por uma tia beata que a castigava constantemente. Aos dezenove anos veio para o Rio de Janeiro e conseguiu um emprego de datilógrafa, embora mal soubesse escrever. Divide um quarto alugado com mais quatro moças, e seus raros momentos de prazer resumem-se a ir ao cinema uma vez por mês e a pintar as unhas de vermelho. Como passatempo, Macabéa escuta na madrugada a Rádio Relógio Federal, que dá a hora certa e informações sobre os mais diversos assuntos, e costuma recortar anúncios de jornais. O anúncio de que ela mais gosta é o de um creme de beleza e imagina que, se um dia pudesse comprá-lo, ela não o passaria pelo corpo – iria comê-lo. Sonha também em ser uma estrela de cinema, como a atriz Marylin Monroe. Daí o título do livro e a ironia que ele contém, pois o momento culminante da vida de Macabéa (a hora de estrela) não tem nenhum glamour. Pelo contrário, será o momento de uma morte involuntária e sem nenhum brilho.
  • 13.  A terceira narrativa é de caráter metalinguístico, pois procura desvendar os segredos da criação literária. A começar pela “Dedicatória do Autor (Na verdade Clarice Lispector),” a autora procura apresentar para o leitor os processos de construção do texto literário. Clarice abandona sua identidade social para assumir a identidade do narrador, revelando, desse modo, os caminhos que um escritor percorre para compor sua história. Daí o fato de o narrador Rodrigo S.M. expor ao leitor, a todo instante, as agruras que enfrenta para poder construir sua narrativa. Afirma que a escolha de uma linguagem simples e de um enredo linear é a melhor solução para abordar a vida de uma moça pobre. Contudo, embora afirme logo no começo da história que dará início à narrativa da vida de Macabéa, ele faz antes uma série de observações sobre o processo de construção do texto, adiando a história da nordestina.
  • 14. Narrador • O romance é narrado por Rodrigo S.M., um narrador interposto, que reflete a sua vida ao personagem ao projetar-se na protagonista. • Narrador onisciente e onipotente (ele está presente em tudo: apresenta- se como autor da obra, funciona como uma transfiguração da verdadeira autora). • O narrador projeta seus pensamentos sobre literatura, desejos e decisões a respeito do destino da protagonista.
  • 15. Tempo A época retratada é dos anos posteriores a 1950, percebendo aí a paixão da protagonista (Macabéa) pelas atrizes mais famosas de Hollywood, como Greta Garbo e Marylin Monroe. O tempo da narrativa está voltado mais para o psicológico.
  • 16. Espaço A ação se passa no Rio de Janeiro, por umas poucas referências externas de ruas e locais característicos.
  • 17. Ação O enredo não segue propriamente uma narrativa linear. Existem três polos que podem ser formados de certa forma como estruturas narrativas e que se misturam todo o tempo para formar narrativa. 1- Rodrigo conta a história de Macabéa. 2- Rodrigo conta sua própria história. 3- Rodrigo tece as artimanhas da própria narrativa para explicar criação, montagem e apresentação do próprio texto.
  • 18. Personagens As personagens de Clarice Lispector são seres em busca da revelação de mundos desconhecidos dentro de si mesmos. Macabéa: É a protagonista do romance, moça nordestina e humilde que enfrenta a vida na cidade grande – Rio de janeiro – Orgulha-se de ser datilógrafa (embora medíocre) ; virgem, semi- analfabeta, gosta de goiabada com queijo e coca-cola. Quer ser estrela de cinema. Ouve notícias da Rádio – Relógio e não sabe empregá- las na conversação.
  • 19. • Rodrigo S.M.: É o narrador da história de Macabéa. Afirma que é escritor rico. Sente grande dificuldade para escrever e não consegue dar a sua personagem um destino melhor. • Olímpico: É nordestino ambicioso e cheio de ilusões, possuidor de um passado sujo, vem também para a cidade em busca de ascensão social. Rouba os próprios colegas de trabalho. Foi namorado de Macabéa antes de conhecer Glória. Matou um homem antes de vir para o Rio. Gosta de fazer discursos e mentir. Quer ser deputado, o que acaba acontecendo segundo o narrador. • Glória: É colega de Macabéa na firma. Cheia de Carne. Apesar de branca e cabelos oxigenados, não consegue esconder sua origem mulata. Rouba o namorado da colega, mas por se sentir culpada, aconselha a amiga a ir a busca de uma cartomante, emprestando-lhe dinheiro. • Madame Carlota: É a cartomante que já foi prostituta e dona de bordel. Abusa da boa fé das pessoas lendo a sorte e predizendo o futuro. Serve de instrumento de felicidade para a protagonista por uns breves momentos. • Outros Personagens: Seu Raimundo (chefe de Macabéa), as colegas de quarto de Macabéa e o Médico.
  • 20. Sobre Macabéa  a) Os primeiros aspectos definidores de Macabéa são os de sua modesta origem social (“Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa”). Órfã, criada por um tia repressora, ela é feia, virgem, gosta de coca-cola, passa um pouco de fome e trabalha como datilógrafa no Rio de Janeiro. No entanto, o aspecto predominante de sua medíocre personalidade é o seu despreparo para a vida inteligente. É tão tola que sorri para as pessoas na rua, mas ninguém lhe responde ao sorriso porque sequer a olham. Sua própria cara expressa tanta pobreza mental que parece pedir para ser esbofeteada. Em síntese, trata-se de um ser ínfimo, de uma “alma rala”.  b) A principal característica de Macabéa é a sua completa alienação. Ela não sabe nada de nada.  A palavra realidade não lhe dizia nada. (...)  Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. (...)  Nenhuma coisa importante jamais acontecera em sua vida:  Mas vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manhã. (...).  Domingo ela acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada. (...)
  • 21.  A sua inconsciência não resulta apenas da ignorância do mundo. Ela se desconhece: “Quando acordava não sabia mais quem era”. Às vezes, diante do espelho, não se enxergava, como se a sua tivesse sumido. A todo instante, Rodrigo S. M. registra a alienação de Macabéa, a sua incapacidade de percepção. Por isso, a jovem nordestina vive a dimensão do não-ser.  Algumas delimitações que Rodrigo S.M. elabora para Macabéa são tragicamente líricas: Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim. (...) Tornara-se apenas vivente em sua forma primária. (...) Era apenas fina matéria orgânica. Existia. Só isto. c) Quase nula é a compreensão de Macabéa a respeito da existência, seja a sua, seja a da humanidade em geral.  Ao ser atropelada, Macabéa descobre a sua essência:“Hoje, pensou ela, hoje é o primeiro dia de minha vida: nasci”. Há uma situação paradoxal: ela só nasce, ou seja, só chega a ter consciência de si mesma, na hora de sua morte. Por isso antes de morrer repete sem cessar: “Eu sou, eu sou, eu sou, eu sou”.
  • 22. Silêncio. Se um dia Deus vier à terra haverá silêncio grande. O silêncio é tal que nem o pensamento pensa. O final foi bastante grandiloquente para a vossa necessidade? Morrendo ela virou ar. Ar enérgico? Não sei. Morreu em um instante. O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois toca mais e depois toca de novo. Etc. etc. etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada. Eu vos pergunto: – Qual é o peso da luz? E agora – agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas – mas eu também? Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim. Rodrigo S.M. afirma que morre com Macabéa e mais uma vez coloca o leitor como seu interlocutor, questionando-o sobre a grandiloquência do final da narrativa. O narrador faz uma descoberta e a compartilha com o leitor: o destino humano é igual para todos. É a consciência da morte que nos torna conscientes da vida. “Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.” Seria o “por enquanto” o tempo da vida e o “tempo de morangos” as possíveis delicadezas que podemos colher na vida? Não importa a resposta, o importante, parece insinuar o narrador, é que sejamos capazes de formular as perguntas.
  • 24.  Para quem está acostumado com resumos tradicionais, não é fácil fazer a síntese de A Hora da Estrela. Isso porque, aparentemente, nada acontece. Logo nas primeiras linhas, o que se percebe é a presença de um autor – o escritor Rodrigo S. M. – às voltas com certos impasses de sua carreira, tentando dar início à narrativa da história da nordestina Macabéa em sua vida cotidiana no Rio de Janeiro.  Rodrigo S. M. declara: “Pensar é um ato. Sentir é um fato” – e essas frases podem ser entendidas como uma apresentação da obra. De fato, as reflexões e os sentimentos registrados pelo escritor constituem parte da narrativa. Portanto, se o leitor espera algo acontecer para começar a fazer a sua síntese do romance, é bom se apressar, porque a história já começou.  Macabéa é introduzida aos poucos na narrativa, sobressaindo-se das reflexões de Rodrigo S. M. Ele se depara com ela em uma rua do Rio de Janeiro, quando, por intermédio de uma simples troca de olhares, a história da moça lhe é revelada. Alagoana, Macabéa perde os pais ainda muito criança e é criada por uma tia, que, no intuito de educá-la, dá-lhe constantes pancadas da cabeça com os nós dos dedos. Frequenta escola apenas até o terceiro ano primário e escreve muito mal. Mesmo assim, consegue levar adiante um curso de datilografia.
  • 25.  A tia muda-se para o Rio de Janeiro e Macabéa a acompanha. Arranja emprego como datilógrafa. Depois da morte da mãe de criação, passa a dividir um quarto de pensão com quatro moças que trabalham como balconistas. Pouco convive com elas, que chegam muito cansadas à noite e dormem logo, enquanto Macabéa fica ouvindo a Rádio Relógio ao longo das madrugadas.  Certo dia, resolve faltar ao trabalho e sair para um passeio. Encontra-se então com Olímpico de Jesus, metalúrgico nordestino. Ele a chama de “senhorinha” e a convida para um passeio. Para ela, é o começo de um namoro. Em suas conversas, ela exibe, sempre de forma precária, o conhecimento adquirido com as audições da Rádio Relógio, enquanto ele afirma sua disposição de crescer e ser alguém na vida.  Em uma visita a Macabéa no local de trabalho, Olímpico conhece Glória, colega da namorada. Interessa-se por ela e abandona Macabéa. Sem ter exata noção do quanto isso a faz sofrer, Macabéa recolhe-se ao banheiro do escritório e passa com força o batom vermelho nos lábios, para se sentir uma estrela de cinema.  Constrangida por lhe roubar o namorado, Glória dá dinheiro a Macabéa e aconselha que ela procure uma cartomante. Macabéa acata a ideia e vai até Madama Carlota, que lhe prevê um futuro brilhante e o encontro próximo de um grande amor. Ao sair da cartomante...
  • 26. Conclusão Assim, A Hora da Estrela assume a inventividade artística como metáfora da própria aventura existencial. Uma aventura renovada pelo leitor a cada novo ato de leitura. Fazendo da narrativa um jogo que incorpora a voz do outro, a transfiguração de identidade.