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GRACILIANO RAMOS
Graciliano Ramos (1892-1953)
Graciliano Ramos (1892-1953) foi um escritor
brasileiro. O romance "Vidas Secas" foi sua obra de
maior destaque. É considerado o melhor ficcionista
do Modernismo e o prosador mais importante da
Segunda Fase do Modernismo.
Suas obras embora tratem de problemas sociais do
Nordeste brasileiro apresentam uma visão crítica das
relações humanas, que as tornam de interesse
universal.
Características da obra de Graciliano Ramos
Graciliano é considerado o mais importante ficcionista do
Modernismo, fez parte do grupo de escritores que inaugurou o
realismo crítico, representando os problemas brasileiros, em geral ou
específicos, de determinada região.
Trata-se de uma literatura que traz para a reflexão problemas sociais
marcantes do momento em que os romances foram escritos. Literatura
destinada a provocar a conscientização, o romance regionalista tem
como lema criticar para denunciar uma questão social.
A preocupação com a linguagem é o traço peculiar do escritor. O
interesse de sua narrativa está centrado na problemática do homem. O
interesse está diretamente voltado para o comportamento, atitudes e
conduta humana, e a descrição da paisagem nasce da própria
caracterização psicológica dos personagens:
CAETÉS (1933)
Caetés, romance de estreia de Graciliano Ramos. O
enredo se passa em Palmeiras dos Índios, cidade onde o
autor viveu durante um período de sua vida, e conta a
história de João Valério, um jovem guarda-livros,
introspectivo e sonhador, que deseja ascender
socialmente. Ele se envolve com Luísa Teixeira, esposa
de seu chefe, e vê aí uma oportunidade de crescer. A
narrativa em primeira pessoa vai além da história de
amor e seus desdobramentos, mostrando as aspirações do
protagonista em ser reconhecido como escritor e seu
esforço para vencer o bloqueio criativo que o impende de
escrever um romance histórico sobre os índios Caetés.
SÃO BERNARDO (1934)
Capitalismo - Alienação do trabalho - ciúmes - sentimento de posse e a cultura do estupro.
A obra conta a história de Paulo Honório, um menino órfão criado por uma
mulher negra doceira. Para conseguir sobreviver na infância, Paulo vendia
doces e ajudava cegos em troca de alguns trocados, depois passou a trabalhar na
roça até completar 18 anos. Nesse período, Paulo cometeu seu primeiro crime,
então ele é detido, com ajuda de outro preso, aprende a ler e começa a pensar
apenas em juntar dinheiro. Quando, finalmente, deixa a prisão, começa a
encontrar maneiras de juntar dinheiro, para voltar a sua cidade natal e comprar a
fazenda de São Bernardo. Paulo, ao longo do seu objetivo, não poupa esforços
para conseguir o que deseja. Assim, o protagonista entra na vida de muitas
pessoas, inclusive de Madalena, o seu grande amor, que sofre muito por conta
de toda a ambição dele. A história segue tendo muitos desfechos, onde sentimos
ódio pelo protagonista, que em apenas breves momentos apresenta um pouco de
bondade. A trama encerra-se com a própria narrativa do protagonista na fazenda
de São Bernardo.
ANGÚSTIA (1936)
Narrado por Luís da Silva, um funcionário público e escritor
frustrado, Angústia é um romance caracterizado pela
autoanálise e pelo encadeamento narrativo centrado na
interioridade do protagonista. Luís volta-se ao passado
buscando reestabelecer o desarranjo interior causado pelo
rompimento de seu noivado com Marina, agora comprometida
com Julião Tavares. Entretanto a insatisfação permanente com o
presente recupera do passado apenas conclusões amargas a
respeito de si mesmo, dos outros personagens e do mundo em
geral. Emergem-se na narrativa lembranças de uma infância de
afetos distantes, de frustrações sexuais e profissionais,
delineando uma completa falta de horizonte e um desencanto
perpétuo do personagem com relação a si mesmo e ao estado de
coisas. Luís tentou êxito profissional no Rio de Janeiro, mas,
diante do fracasso, fixa-se em Maceió, espaço da narrativa.
VIDAS SECAS (1938)
Fabiano, sua mulher e os filhos fogem da seca no
sertão nordestino até encontrarem uma fazenda
abandonada. Sem condições de continuar a viagem,
eles se instalam nela. Poucos dias depois, a chuva
chega ao sertão. O dono da fazenda aparece e Fabiano
é contratado como vaqueiro.
Durante este período, Fabiano é preso, sua esposa
Sinhá Vitória sonha com uma cama de amarração de
couro, o menino mais velho pergunta sobre palavras e
o menino mais novo tenta montar em um cabrito.
A vida de vaqueiro segue até que a próxima seca os
expulsa novamente. A família deixa a fazenda e parte
para o sul em busca de sobrevivência.
INSÔNIA (1947)
É, essencialmente, uma coletânea de contos que
falam sobre o tempo. O desespero de ver o tempo
passar com a insônia; o desejo de crescer logo; o
tempo no hospital; aquele amigo de infância que,
hoje, não te reconhece mais; a pessoa que percebe
seus ideais políticos virando algo obsoleto.
MEMÓRIAS DO CÁRCERE (1953)
Graciliano Ramos foi preso em março de 1936, acusado de
ligação com o Partido Comunista. Prisão sem processo,
mas que não evitou a deportação do acusado, num porão de
navio, para o Rio, onde permaneceu encarcerado. Foi
demitido do cargo de Diretor da Instrução Pública e levado
a diversos presídios, até Janeiro de 1937, quando foi
libertado. Dessa experiência resultou a obra Memórias do
Cárcere, publicada postumamente em 1953. A obra não é o
relato puro e simples do sofrimento e humilhações do
homem Graciliano Ramos; é a análise da prepotência que
marcou a ditadura Vargas e que, em última análise, marca
qualquer ditadura. É um dos depoimentos mais tensos da
literatura brasileira.

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  • 3. Características da obra de Graciliano Ramos Graciliano é considerado o mais importante ficcionista do Modernismo, fez parte do grupo de escritores que inaugurou o realismo crítico, representando os problemas brasileiros, em geral ou específicos, de determinada região. Trata-se de uma literatura que traz para a reflexão problemas sociais marcantes do momento em que os romances foram escritos. Literatura destinada a provocar a conscientização, o romance regionalista tem como lema criticar para denunciar uma questão social. A preocupação com a linguagem é o traço peculiar do escritor. O interesse de sua narrativa está centrado na problemática do homem. O interesse está diretamente voltado para o comportamento, atitudes e conduta humana, e a descrição da paisagem nasce da própria caracterização psicológica dos personagens:
  • 4.
  • 5. CAETÉS (1933) Caetés, romance de estreia de Graciliano Ramos. O enredo se passa em Palmeiras dos Índios, cidade onde o autor viveu durante um período de sua vida, e conta a história de João Valério, um jovem guarda-livros, introspectivo e sonhador, que deseja ascender socialmente. Ele se envolve com Luísa Teixeira, esposa de seu chefe, e vê aí uma oportunidade de crescer. A narrativa em primeira pessoa vai além da história de amor e seus desdobramentos, mostrando as aspirações do protagonista em ser reconhecido como escritor e seu esforço para vencer o bloqueio criativo que o impende de escrever um romance histórico sobre os índios Caetés.
  • 6. SÃO BERNARDO (1934) Capitalismo - Alienação do trabalho - ciúmes - sentimento de posse e a cultura do estupro. A obra conta a história de Paulo Honório, um menino órfão criado por uma mulher negra doceira. Para conseguir sobreviver na infância, Paulo vendia doces e ajudava cegos em troca de alguns trocados, depois passou a trabalhar na roça até completar 18 anos. Nesse período, Paulo cometeu seu primeiro crime, então ele é detido, com ajuda de outro preso, aprende a ler e começa a pensar apenas em juntar dinheiro. Quando, finalmente, deixa a prisão, começa a encontrar maneiras de juntar dinheiro, para voltar a sua cidade natal e comprar a fazenda de São Bernardo. Paulo, ao longo do seu objetivo, não poupa esforços para conseguir o que deseja. Assim, o protagonista entra na vida de muitas pessoas, inclusive de Madalena, o seu grande amor, que sofre muito por conta de toda a ambição dele. A história segue tendo muitos desfechos, onde sentimos ódio pelo protagonista, que em apenas breves momentos apresenta um pouco de bondade. A trama encerra-se com a própria narrativa do protagonista na fazenda de São Bernardo.
  • 7. ANGÚSTIA (1936) Narrado por Luís da Silva, um funcionário público e escritor frustrado, Angústia é um romance caracterizado pela autoanálise e pelo encadeamento narrativo centrado na interioridade do protagonista. Luís volta-se ao passado buscando reestabelecer o desarranjo interior causado pelo rompimento de seu noivado com Marina, agora comprometida com Julião Tavares. Entretanto a insatisfação permanente com o presente recupera do passado apenas conclusões amargas a respeito de si mesmo, dos outros personagens e do mundo em geral. Emergem-se na narrativa lembranças de uma infância de afetos distantes, de frustrações sexuais e profissionais, delineando uma completa falta de horizonte e um desencanto perpétuo do personagem com relação a si mesmo e ao estado de coisas. Luís tentou êxito profissional no Rio de Janeiro, mas, diante do fracasso, fixa-se em Maceió, espaço da narrativa.
  • 8. VIDAS SECAS (1938) Fabiano, sua mulher e os filhos fogem da seca no sertão nordestino até encontrarem uma fazenda abandonada. Sem condições de continuar a viagem, eles se instalam nela. Poucos dias depois, a chuva chega ao sertão. O dono da fazenda aparece e Fabiano é contratado como vaqueiro. Durante este período, Fabiano é preso, sua esposa Sinhá Vitória sonha com uma cama de amarração de couro, o menino mais velho pergunta sobre palavras e o menino mais novo tenta montar em um cabrito. A vida de vaqueiro segue até que a próxima seca os expulsa novamente. A família deixa a fazenda e parte para o sul em busca de sobrevivência.
  • 9. INSÔNIA (1947) É, essencialmente, uma coletânea de contos que falam sobre o tempo. O desespero de ver o tempo passar com a insônia; o desejo de crescer logo; o tempo no hospital; aquele amigo de infância que, hoje, não te reconhece mais; a pessoa que percebe seus ideais políticos virando algo obsoleto.
  • 10. MEMÓRIAS DO CÁRCERE (1953) Graciliano Ramos foi preso em março de 1936, acusado de ligação com o Partido Comunista. Prisão sem processo, mas que não evitou a deportação do acusado, num porão de navio, para o Rio, onde permaneceu encarcerado. Foi demitido do cargo de Diretor da Instrução Pública e levado a diversos presídios, até Janeiro de 1937, quando foi libertado. Dessa experiência resultou a obra Memórias do Cárcere, publicada postumamente em 1953. A obra não é o relato puro e simples do sofrimento e humilhações do homem Graciliano Ramos; é a análise da prepotência que marcou a ditadura Vargas e que, em última análise, marca qualquer ditadura. É um dos depoimentos mais tensos da literatura brasileira.