O documento discute vários aspectos da produção artesanal de livros, incluindo formatos, ilustrações, encadernações e a relação entre leitor e livro. É descrito o processo de desenvolvimento de vários livros experimentais com formatos e abordagens diferentes para estabelecer novas relações entre texto e imagem. A importância da estrutura física do livro e como ela pode integrar o leitor é também enfatizada.
impressões, dobras e costuras do livro feito à mão
1. SURYARA BERNARDI e PETER O SAGAE
impressões, dobras e costuras
do livro feito à mão
Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo – FAU
6 de dezembro de 2019
2. GRAÇA LIMA, ROGER MELLO E ANGELA LAGO
O LIVRO tem uma tensão interna, tem seu ritmo, tem a
força de suas palavras e tem, principalmente, a sua
beleza. (O design gráfico do livro brasileiro, 1999)
DIZER livro ilustrado é uma
redundância como dizer água
molhada! (Da arquitetura do livro
e suas possibilidades, 2019)
NÃO DESEJARIA entrar em polêmica, mas quero que vocês
acreditem que o leitor é coautor, pelo simples fato de
virar a página--. O livro não é um objeto plano como um
quadro. O ângulo de abertura do livro varia e modifica
a maneira como vemos o desenho. Deste modo, ao abrir e
movimentar a página,o leitor acentua a composição.
(Minha gramática visual, 2011)
3. THE BOOK IS ON THE TABLE... OR MIND?
PUBLICAÇÕES COM O TAMANHO DE UM POSTAL – Grafatório e Miríade Edições,
Cuadernos de Matera, Tremeterra, Conspire Edições, Avá Editora Artesanal,
Tinta de Raposa, Cia. Mafagafos, Editora Caseira e Nik Neves
4. THE BOOK IS ON THE TABLE... OR MIND?
Nossa primeira intenção foi uma publicação extremamente barata, um livro de
bem poucas páginas para folhear e caber na palma da mão: Tamanho A6 fechado!
De saída, eliminando a página de rosto para entrar abruptamente na história.
5. O formato pequeno induzia a imagem a planos muito reduzidos em CLOSE UP, ao
buscar equilíbrio e novas proporções para manchas gráficas pesadas e o
destaque a uma frase de efeito mais dramático, mas--.
THE BOOK IS ON THE TABLE... OR MIND?
6. THE BOOK IS ON THE TABLE... OR MIND?
Os espaços do texto verbal e a presença dos personagens começaram a brigar no
DESENHO DAS PÁGINAS: a estrutura está bipartida em página esquerda e direita,
com um andamento bastante tímido--. ou sem ritmo!
7. Realmente parece difícil guardar um bicho-papão dentro de espaço tão exíguo!
Os personagens não se mostram pela ação, a imagem visual fica à reboque das
palavras, subordinada a elas, SEM LUGAR PARA O LEITOR se integrar ao livro.
THE BOOK IS ON THE TABLE... OR MIND?
8. O desejo de contraste – respiros, realces, o ritmo entre as páginas e entre
informação gráfica e o branco do papel, TUDO que um livro pode apresentar,
ainda não era satisfatório em 16 páginas de um miolo costurado à mão--.
THE BOOK IS ON THE TABLE... OR MIND?
9. num é melhor desenrolar essa
história doutro jeito?
10.
11. Formato afetivo e efetivo do livro: tamanho, horizontalidade, capas
internas vermelhas, papel off-white, a tipografia (década 60), dobras do
papel X posicionamento do Bartolo: todo livro é um objeto tridimensional.
BARTOLO BURTOPELO
12. A dobra igualmente assinala o antagonismo entre os dois personagens;
enquanto o narrador diz que o menino não tirava o olho do bicho-papão--.
Temos aí a quebra da quarta parede, incluindo o leitor na trama!
BARTOLO BURTOPELO
13. Ah, e os grampos? Adoro grampos! Articulação do livro durante a leitura.
BARTOLO BURTOPELO
14. A abertura total do livro em 15 x 40 cm oferece uma visão panorâmica a ser
explorada pela ilustração e o personagem é reduzido a um pontinho verde.
BARTOLO BURTOPELO
15. BARTOLO BURTOPELO
Aqui está o conto, nada mais.
É a verdadeira história do bicho-papão
que mora em cima do telhado. Ou não!
21. NO ALTO VERDE
PLAQUETE – livro em formato reduzido com produção artesanal que nos permite
publicar textos curtos de modo experimental, onde se desdobra esse trem
chamado imaginação-..
22. QUEM PUXOU O MEU LENÇOL?
UM LIVRO-CENÁRIO
novas relações palavra/imagem.
23. QUEM PUXOU O MEU LENÇOL?
UM LIVRO-CENÁRIO
novas relações palavra/imagem.
39. UM DIA, O DIABO APRENDE
Cadernos e costura secreta belga
40. UM DIA, O DIABO APRENDE
No entanto,
podemos jogar
com a escolha
da tipografia,
a mancha
gráfica
assumindo a
forma de seta,
bulbo
ou lâmpada,
mais algumas
figuras soltas.
A ilustração
deve ajeitar-se
totalmente
na estrutura
da página
sem se sobrepor
ao fluxo verbal
- este é
o conceito
da ilustração
italiana.
41. O espaço
tridimensional
da abertura
das páginas
como um
teatro, voca a
ilusão dos
personagens
movendo-se por
um palco: este
é o desígnio
do livro
encenado.
UM DIA, O DIABO APRENDE
Talvez, a maior
ilustração que
temos de um
livro ainda
seja
sua estrutura,
sua arquitetura
– uma parede
onde abrimos
janelas e
intrigas.
45. UM DIA, O DIABO APRENDE
CONVERSA VAI, CONVERSA VEM
46. UM DIA, O DIABO APRENDE
O PERSONAGEM COMO ESPECTADOR
47. Quadros e
requadros:
molduras,
portas,
janelas
– tudo o que
há dentro de
cada um e
dos vários
espaços
extrapolando
seus
limites. Entre a
tradição e
o nosso
presente,
jogamos com
a reprodução
de xilogravuras
e a colagem
digital:
sem limites.
UM DIA, O DIABO APRENDE
48. DESDOBRAR O LIVRO COMO UMA VIAGEM AO PASSADO--. OU NÃO?
UM DIA, O DIABO APRENDE
49. KHOLSTOMÉR, UM LIVRO DE IMAGEM
DO PAPEL AO ACETATO E--. AO POLICLORETO DE VINILA!
50. KHOLSTOMÉR, UM LIVRO DE IMAGEM
DO PAPEL AO ACETATO E--. AO POLICLORETO DE VINILA!
51. -- Para onde vai esta menininha tão só? –– era o que me perguntava
o desenho, inaugurando a possibilidade de uma história a ser contada.
Havia uma estranheza na figura e essa sensação ficou pelo ar,
por muitos anos, de modo que aquela pergunta, sempre presente ao retomar
o livro, foi sendo respondida de várias maneiras, até um dia eu perceber
que o movimento sugerido pela figura me fazia imaginar nem tanto
uma história, cena ou paisagem em particular, mas um acontecimento
mais inesperado: a criança ali representada, com movimento muito sutil,
estava, justamente como eu, prestes a entrar no livro. Fazia parte
daquele universo — o miolo do livro era sua morada e seu território.
(Imagem narrativa, 2008)
CIÇA FITTIPALDI