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“O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece a 
Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 185 
Amazônia”* 
Edna Castro e Wilson Nogueira** 
A socióloga Edna Maria Ramos de Castro disse, no 1°. Encontro da 
Região Norte da Sociedade Brasileira de Sociologia, realizado em Manaus (AM), 
no período de 16 a 19 deste mês (julho de 2008), que o Brasil revive as práticas 
desenvolvimentistas das décadas de 1960 e 1970, cujas conseqüências foram 
desastrosas para a Amazônia. A região, segundo ela, mantém-se no centro das 
discussões mundiais, mas sempre sob pressão de idéias que não consideram 
o modo de viver, de produzir e de pensar das sociedades que nela vivem. O 
Brasil, para ela, ainda se orienta por uma visão colonialista-evolucionista e por 
isso planeja suas políticas de desenvolvimento baseadas na dualidade progresso 
versus atraso. Edna Castro é doutora em Sociologia e professora na Universidade 
Federal do Pará. Confira a entrevista da socióloga ao também sociólogo Wilson 
Nogueira. 
* Entrevista publicada no jornal www.textobr.com na segunda-feira, 22 de setembro de 2008. 
** Edna Maria Ramos de Castro é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2; possui graduação em 
Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará (1969), mestrado em em Sociologia - Ecole des Hautes Etudes 
en Sciences Sociales (1978) e doutorado em Ciências Sociais - Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1983). 
Atualmente é professora adjunto iv da Universidade Federal do Pará, coordenadora do Núcleo de Altos Estudos 
Amazônicos e Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. 
Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Desenvolvimento, atuando principalmente 
nos seguintes temas: trabalho, Amazônia, meio ambiente e políticas públicas. Wilson Nogeira é jornalista, mestre 
e doutorando em Sociedade e Cultura na Amazônia.
“O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece...” 
W.N.: A senhora disse, na sua conferência, que a Amazônia vive 
em dois mundos: o da pré-modernidade e o da modernidade. Como lidar 
com essa contradição? 
E.C.: É um dilema, né? O primeiro ponto é uma constatação. A Amazônia é 
falada, é vista, é discutida, é representada no mundo inteiro. É uma região que eles, 
fora daqui, não conhecem, eles percebem a região e o verde, mas não percebem 
muito bem a sociedade, não percebem muito bem a dinâmica da vida social. 
Hoje a Amazônia está no centro de discussão de inúmeros interesses. Podemos 
dizer que esse olhar sobre a Amazônia é o que transforma a representação que 
tem fora da Amazônia. Então, a Amazônia é uma região pós-moderna (para 
quem prefere esse conceito), ela está na pós-modernidade e na modernidade, no 
sentido de que a Amazônia está nas questões fundamentais que o mundo discute 
hoje. Por exemplo: a questão ambiental, que é um tema de angústia internacional, 
é um grande desafio porque diz respeito à própria sobrevivência não só humana, 
mas à sobrevivência do planeta; a Amazônia é um ponto de esperança dentro 
dessa possibilidade de discussão de meio ambiente. A Amazônia também é 
tema central quando se pensa nas possibilidades de recursos naturais, quando o 
mercado pensa na expansão econômica, na integração, em minérios, na pecuária, 
na produção industrial da madeira e dos fitoterápicos. Ela está no debate 
mais avançado, está em questões importantes da coletividade mundial. Nesse 
contexto, ela é uma região globalizada, as decisões que são tomadas são decisões 
globalizadas. Porém, essa mesma Amazônia é pré-moderna no sentido de que as 
grandes questões sociais da pré-modernidade persistem nela. Vejo isso como um 
grande desafio. 
W.N.: Qual o papel das ciências sociais nesse contexto? 
E.C.: Elas têm papel fundamental. Penso que a Sociologia deve uma 
leitura mais crítica, mais comprometida e mais original sobre a sociedade 
amazônica. Esse desafio não foi cumprido. Há uma série de colegas que estão 
186 Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008
Edna Castro / Wilson Nogueira 
trabalhando nesse sentido, mas esse fato é um desafio e, ao mesmo tempo, 
uma aposta que a Sociologia e as Ciências Sociais devem fazer para que o 
entendimento da região ou a representação dessa região, produzida dessa (nova) 
forma, atravesse a sociedade brasileira, porque o Brasil não conhece o Brasil, o 
Brasil não conhece a Amazônia. Não conhece e não tem consciência de que não 
o conhece. Por isso, as instituições e pessoas que pensam o planejamento e as 
políticas públicas para a Amazônia – o Senado, a Câmara Federal, o Congresso 
Nacional e outros segmentos do Legislativo, Executivo, os intelectuais e as 
elites dominantes – representam, influenciam e definem políticas absolutamente 
dentro de estereótipos, dentro de interesses pessoais que não dizem respeito à 
realidade dessa região. Nós não podemos impedir essas representações. A mídia, 
por exemplo, reproduz uma representação espetaculosa da Amazônia, e ela 
influencia os circuitos de conhecimentos que vão sendo produzidos, repassados 
e se refazendo também, porque eles são dinâmicos. Não temos como atravessar 
essa representação de outra forma, a não ser pela produção de conhecimento 
mais aprofundado, mais comprometido e que rompa (com a atual situação), 
um conhecimento que tenha comprometimento, que tenha coragem de fazer 
ruptura com essas formas de interpretação e de representação da Amazônia que 
acabam sendo prejudiciais à vida social aqui, à vida social, à vida ecou5mica, à 
historia, à memória da região, à diversidade das etnias. Esse é um grande projeto 
para as ciências sociais. 
W.N.: Qual a causa da falta desse entendimento por parte das elites 
Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 187 
políticas, econômicas e intelectuais? 
E.C.: Eu não diria uma causa. A sociedade brasileira é atravessada por 
uma mentalidade colonial, evolucionista, linear e dualista que vê o moderno 
versus o atrasado, que vê ricos versus pobres, que vê desenvolvimento versus 
subdesenvolvimento. Isso está na cabeça dessas pessoas, faz parte de uma 
racionalidade e de uma mentalidade brasileira. Essa mentalidade colonialista não
“O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece...” 
reconhece o outro; ela funciona na lógica da invisibilidade, ela não vê o outro, 
ela não o vê, mas ela recria, a partir da sua imagem e de seus interesses, um 
projeto, por exemplo, de ocupação e de aproveitamento do que existe aqui, do 
que aquela outra sociedade, do que aquela outra região tem para lhe dar. Essa 
mentalidade colonial, que é reproduzida no Brasil, essa mentalidade dualista vê a 
Amazônia como subdesenvolvida. No fundo, o projeto que eles elaboram é um 
projeto Ocidental de desenvolver uma região subdesenvolvida, o que significa 
desenvolver sob a imagem criaram, porque eles não podem se contrapor a essa 
imagem, eles não têm outra imagem da Amazônia. Por isso, diria que não se trata 
de uma causa, mas de um sistema de conhecimento, de uma estrutura colonial que 
atravessa a sociedade brasileira e que acaba percebendo, na Amazônia, o que ela 
tem de recursos. Também é uma mentalidade da busca do europeu, do espanhol, 
do português, da busca do outro, as mesmas bandeiras que desbravaram o sertão 
em busca também de recursos. Acho que é essa a mentalidade que prevalece. 
W.N.: Como reverter esse problema? 
E.C.: A única forma de se contrapor a esse conhecimento é produzindo 
outro conhecimento. Isso significa produzir conhecimentos e interpretações e 
torná-los visíveis, como vocês fazem, por exemplo, numa mídia comprometida, 
num jornalismo comprometido com essas preocupações. Existem vários 
profissionais na Amazônia fazendo isso. Isso significa romper com esse tipo de 
interpretação, mas tendo algo para colocar como interpretação a partir de uma 
visão amazônica. 
“A bandeira ambiental, a meu ver, é consistente e coerente, mas não 
pode ser separada de um entendimento da sociedade”. 
W.N.: O ambientalismo se apresenta como includente, mas essa 
questão pode ser vista como fundamental às incompreensões a respeito 
da Amazônia? 
188 Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008
Edna Castro / Wilson Nogueira 
E.C.: O ambientalismo ou o debate, ou a militância em torno da 
problemática ambiental precisa também ser vista no que há de diferente. Não 
se trata de uma coisa homogênea: há grupos diferentes que se filiam, digamos, 
dentro de um determinado ambientalismo. Tem-se uma empresa que é poluidora, 
mas que está falando de responsabilidade social. Temos que distinguir sobre o 
que estamos falando. A bandeira ambiental, a meu ver, é consistente e coerente, 
mas não pode ser separada de um entendimento da sociedade, porque já se 
incorreu no erro de se pensar a Amazônia simplesmente pelo verde, que é pensar 
a Amazônia apenas como meio ambiente. Essa é uma forma de invisibilizar 
ainda mais as dinâmicas sociais, culturais, étnicas das sociedades que vivem 
aqui há milênios, que construíram sistemas de conhecimento, que construíram 
formas e modelos de sobrevivência autênticos e originais. Essas sociedades 
devem provocar esse debate sobre meio ambiente; e não nós adotarmos modelos 
ambientalistas alienígenas. O primeiro esforço é o de separar esses discursos, 
porque eles aparecem como homogêneos, mas eles não são homogêneos. 
Depende muito de quem formula a idéia e de quem pratica esse ambientalismo, e 
como a sociedade é uma sociedade de classes, torna-se, também, uma sociedade 
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que ver que essas propostas ambientalistas também são propostas múltiplas, de 
acordo com os atores e sujeitos que trazem essa proposta. Esse é o primeiro 
ponto. O segundo ponto é que a questão ambiental é central, ela tem uma 
centralidade nas discussões da sociedade regional. Não dá para se deslocar da 
Amazônia esse debate ambiental, mas dá para problematizá-lo e enriquecê-lo a 
partir de quê? A partir das percepções, a partir do conhecimento dessa região 
que foi produzida pelos diversos grupos sociais aqui existentes e, também, pela 
sociedade nacional. Nesse caso há uma aliança de grupos que se dá em nível 
nacional, não se dá apenas em nível regional. Essa dimensão nacional precisa ser 
resgatada na importância que ela tem. 
Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 189
“O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece...” 
W.N.: São recorrentes os vários pontos de tensão entre a Amazônia e 
Brasil. As decisões ou indecisões sobre elas têm destinos definidos na política... 
E.C.: Entra aí a relação Estado versus sociedade e a produção do 
conhecimento científico. O primeiro ponto é que temos que ampliar a nossa 
capacidade institucional de fazer pesquisa. Temos que tomar em mãos um pouco 
isso: institutos de pesquisas, produção de conhecimento, recursos para pesquisa, 
porque a Amazôinia sempre ficou mal servida dos recursos públicos para a área 
da pesquisa, e esse campo tem que avançar, aumentar os programas de pós-grad 
uação e abrir novos campos de produção de conhecimento na região. Isso me 
parece que é um ponto fundamental, sobretudo porque as políticas públicas de 
desenvolvimento para a região trabalham numa abordagem que volta um pouco 
aos anos sessenta, de uma perspectiva desenvolvimentista, de desenvolvimento de 
infra-estrutura, de grandes projetos e muitas vezes esses projetos deixam de fora 
toda a dimensão social. Pensam mais numa dimensão econômica, achando que o 
econômico, a médio termo, vai acabar resolvendo os problemas da sociedade, os 
problemas de infra-estrutura, os problemas de falta de recursos para a educação, 
para a saúde, melhoria das cidades, enfim, que são problemas cruciais que a 
Amazônia tem em todos os seus estados. Sabe-se que os índices de IDH dos 
Estados da Amazônia e dos municípios da Amazônia são os mais baixos do Brasil. 
Quando pensarmos em política, por exemplo, temos que pensar num quadro 
que temos: as duas metrópoles da Amazônia, porque eu considero Manaus 
também como uma metrópole, estão entre as dez primeiras em situação de 
maior precariedade do Brasil, e Belém é a terceira. Quando pensarmos em 
desenvolvimento, temos que pensar nisso, isso é fundamental. Não é só o 
desenvolvimento de estruturas empresariais e econômicas, porque, muitas 
vezes, como no caso da Jari, deixa muito pouco de desenvolvimento regional. 
Quer dizer: tem uma grande empresa de fábrica produzindo celulose e grandes 
plantações de melina, pinos etc. e, por outro lado, tem-se um beiradão com uma 
população enorme vivendo em péssimas condições. A mesma coisa é termos um 
190 Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008
Edna Castro / Wilson Nogueira 
imenso projeto de mineração, Carajás, e ter-se uma pobreza em volta dele. Então, 
no conceito de desenvolvimento, tem que estar contida a solução para esses 
problemas gravíssimos que a população tem. Nesse início de século, voltamos, 
portanto, a questões cruciais que, para as Ciências Sociais, conduziram os debates 
dos anos sessenta. Um dos temas mais marcantes do debate nas Ciências Sociais, 
na Economia, na Sociologia, na Política, na Antropologia e na Geografia era o 
desenvolvimento e o subdesenvolvimento, e sobre como encontrar um modelo 
mais adequado para a Amazônia. Hoje estamos no início de outro século, mas nós 
estamos voltando às políticas, pelo menos as que nos avizinham, de perspectiva 
mais desenvolvimentista, que recupera uma dimensão e uma lógica dos anos 
sessenta, cujas conseqyências nós as conhecemos muito bem. Isso não me deixa 
desconhecer que há muitas políticas sociais no atual governo. Para fechar essa 
pergunta, quero dizer o seguinte: desenvolvimento de ciência e tecnologia não 
é uma coisa neutra que paira acima dos mortais; ciência e tecnologia é uma 
coisa muito concreta. Quando se faz ciência e tecnologia tem-se que saber para 
o que se faz. Portanto, pensar ciência e tecnologia para o desenvolvimento é 
pensá-la para o desenvolvimento do conjunto da sociedade e que todos tenham 
o direito de acesso aos resultados desse conhecimento; e os resultados desse 
conhecimento não podem beneficiar apenas algumas empresas ou algumas 
regiões em detrimento da maioria da sociedade. Isso significa colocar no centro 
da discussão o direito, os direitos sociais, a noção de justiça, a noção de eqüidade 
como fundamentais dentro de um modelo mais avançado de desenvolvimento. 
Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 191

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O brasil não conhece o brasil, o brasil não conhece a

  • 1. “O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece a Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 185 Amazônia”* Edna Castro e Wilson Nogueira** A socióloga Edna Maria Ramos de Castro disse, no 1°. Encontro da Região Norte da Sociedade Brasileira de Sociologia, realizado em Manaus (AM), no período de 16 a 19 deste mês (julho de 2008), que o Brasil revive as práticas desenvolvimentistas das décadas de 1960 e 1970, cujas conseqüências foram desastrosas para a Amazônia. A região, segundo ela, mantém-se no centro das discussões mundiais, mas sempre sob pressão de idéias que não consideram o modo de viver, de produzir e de pensar das sociedades que nela vivem. O Brasil, para ela, ainda se orienta por uma visão colonialista-evolucionista e por isso planeja suas políticas de desenvolvimento baseadas na dualidade progresso versus atraso. Edna Castro é doutora em Sociologia e professora na Universidade Federal do Pará. Confira a entrevista da socióloga ao também sociólogo Wilson Nogueira. * Entrevista publicada no jornal www.textobr.com na segunda-feira, 22 de setembro de 2008. ** Edna Maria Ramos de Castro é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2; possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará (1969), mestrado em em Sociologia - Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1978) e doutorado em Ciências Sociais - Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1983). Atualmente é professora adjunto iv da Universidade Federal do Pará, coordenadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos e Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Desenvolvimento, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, Amazônia, meio ambiente e políticas públicas. Wilson Nogeira é jornalista, mestre e doutorando em Sociedade e Cultura na Amazônia.
  • 2. “O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece...” W.N.: A senhora disse, na sua conferência, que a Amazônia vive em dois mundos: o da pré-modernidade e o da modernidade. Como lidar com essa contradição? E.C.: É um dilema, né? O primeiro ponto é uma constatação. A Amazônia é falada, é vista, é discutida, é representada no mundo inteiro. É uma região que eles, fora daqui, não conhecem, eles percebem a região e o verde, mas não percebem muito bem a sociedade, não percebem muito bem a dinâmica da vida social. Hoje a Amazônia está no centro de discussão de inúmeros interesses. Podemos dizer que esse olhar sobre a Amazônia é o que transforma a representação que tem fora da Amazônia. Então, a Amazônia é uma região pós-moderna (para quem prefere esse conceito), ela está na pós-modernidade e na modernidade, no sentido de que a Amazônia está nas questões fundamentais que o mundo discute hoje. Por exemplo: a questão ambiental, que é um tema de angústia internacional, é um grande desafio porque diz respeito à própria sobrevivência não só humana, mas à sobrevivência do planeta; a Amazônia é um ponto de esperança dentro dessa possibilidade de discussão de meio ambiente. A Amazônia também é tema central quando se pensa nas possibilidades de recursos naturais, quando o mercado pensa na expansão econômica, na integração, em minérios, na pecuária, na produção industrial da madeira e dos fitoterápicos. Ela está no debate mais avançado, está em questões importantes da coletividade mundial. Nesse contexto, ela é uma região globalizada, as decisões que são tomadas são decisões globalizadas. Porém, essa mesma Amazônia é pré-moderna no sentido de que as grandes questões sociais da pré-modernidade persistem nela. Vejo isso como um grande desafio. W.N.: Qual o papel das ciências sociais nesse contexto? E.C.: Elas têm papel fundamental. Penso que a Sociologia deve uma leitura mais crítica, mais comprometida e mais original sobre a sociedade amazônica. Esse desafio não foi cumprido. Há uma série de colegas que estão 186 Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008
  • 3. Edna Castro / Wilson Nogueira trabalhando nesse sentido, mas esse fato é um desafio e, ao mesmo tempo, uma aposta que a Sociologia e as Ciências Sociais devem fazer para que o entendimento da região ou a representação dessa região, produzida dessa (nova) forma, atravesse a sociedade brasileira, porque o Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece a Amazônia. Não conhece e não tem consciência de que não o conhece. Por isso, as instituições e pessoas que pensam o planejamento e as políticas públicas para a Amazônia – o Senado, a Câmara Federal, o Congresso Nacional e outros segmentos do Legislativo, Executivo, os intelectuais e as elites dominantes – representam, influenciam e definem políticas absolutamente dentro de estereótipos, dentro de interesses pessoais que não dizem respeito à realidade dessa região. Nós não podemos impedir essas representações. A mídia, por exemplo, reproduz uma representação espetaculosa da Amazônia, e ela influencia os circuitos de conhecimentos que vão sendo produzidos, repassados e se refazendo também, porque eles são dinâmicos. Não temos como atravessar essa representação de outra forma, a não ser pela produção de conhecimento mais aprofundado, mais comprometido e que rompa (com a atual situação), um conhecimento que tenha comprometimento, que tenha coragem de fazer ruptura com essas formas de interpretação e de representação da Amazônia que acabam sendo prejudiciais à vida social aqui, à vida social, à vida ecou5mica, à historia, à memória da região, à diversidade das etnias. Esse é um grande projeto para as ciências sociais. W.N.: Qual a causa da falta desse entendimento por parte das elites Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 187 políticas, econômicas e intelectuais? E.C.: Eu não diria uma causa. A sociedade brasileira é atravessada por uma mentalidade colonial, evolucionista, linear e dualista que vê o moderno versus o atrasado, que vê ricos versus pobres, que vê desenvolvimento versus subdesenvolvimento. Isso está na cabeça dessas pessoas, faz parte de uma racionalidade e de uma mentalidade brasileira. Essa mentalidade colonialista não
  • 4. “O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece...” reconhece o outro; ela funciona na lógica da invisibilidade, ela não vê o outro, ela não o vê, mas ela recria, a partir da sua imagem e de seus interesses, um projeto, por exemplo, de ocupação e de aproveitamento do que existe aqui, do que aquela outra sociedade, do que aquela outra região tem para lhe dar. Essa mentalidade colonial, que é reproduzida no Brasil, essa mentalidade dualista vê a Amazônia como subdesenvolvida. No fundo, o projeto que eles elaboram é um projeto Ocidental de desenvolver uma região subdesenvolvida, o que significa desenvolver sob a imagem criaram, porque eles não podem se contrapor a essa imagem, eles não têm outra imagem da Amazônia. Por isso, diria que não se trata de uma causa, mas de um sistema de conhecimento, de uma estrutura colonial que atravessa a sociedade brasileira e que acaba percebendo, na Amazônia, o que ela tem de recursos. Também é uma mentalidade da busca do europeu, do espanhol, do português, da busca do outro, as mesmas bandeiras que desbravaram o sertão em busca também de recursos. Acho que é essa a mentalidade que prevalece. W.N.: Como reverter esse problema? E.C.: A única forma de se contrapor a esse conhecimento é produzindo outro conhecimento. Isso significa produzir conhecimentos e interpretações e torná-los visíveis, como vocês fazem, por exemplo, numa mídia comprometida, num jornalismo comprometido com essas preocupações. Existem vários profissionais na Amazônia fazendo isso. Isso significa romper com esse tipo de interpretação, mas tendo algo para colocar como interpretação a partir de uma visão amazônica. “A bandeira ambiental, a meu ver, é consistente e coerente, mas não pode ser separada de um entendimento da sociedade”. W.N.: O ambientalismo se apresenta como includente, mas essa questão pode ser vista como fundamental às incompreensões a respeito da Amazônia? 188 Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008
  • 5. Edna Castro / Wilson Nogueira E.C.: O ambientalismo ou o debate, ou a militância em torno da problemática ambiental precisa também ser vista no que há de diferente. Não se trata de uma coisa homogênea: há grupos diferentes que se filiam, digamos, dentro de um determinado ambientalismo. Tem-se uma empresa que é poluidora, mas que está falando de responsabilidade social. Temos que distinguir sobre o que estamos falando. A bandeira ambiental, a meu ver, é consistente e coerente, mas não pode ser separada de um entendimento da sociedade, porque já se incorreu no erro de se pensar a Amazônia simplesmente pelo verde, que é pensar a Amazônia apenas como meio ambiente. Essa é uma forma de invisibilizar ainda mais as dinâmicas sociais, culturais, étnicas das sociedades que vivem aqui há milênios, que construíram sistemas de conhecimento, que construíram formas e modelos de sobrevivência autênticos e originais. Essas sociedades devem provocar esse debate sobre meio ambiente; e não nós adotarmos modelos ambientalistas alienígenas. O primeiro esforço é o de separar esses discursos, porque eles aparecem como homogêneos, mas eles não são homogêneos. Depende muito de quem formula a idéia e de quem pratica esse ambientalismo, e como a sociedade é uma sociedade de classes, torna-se, também, uma sociedade de interesses diferentes; é, do mesmo modo, uma sociedade múltipla; nós temos que ver que essas propostas ambientalistas também são propostas múltiplas, de acordo com os atores e sujeitos que trazem essa proposta. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é que a questão ambiental é central, ela tem uma centralidade nas discussões da sociedade regional. Não dá para se deslocar da Amazônia esse debate ambiental, mas dá para problematizá-lo e enriquecê-lo a partir de quê? A partir das percepções, a partir do conhecimento dessa região que foi produzida pelos diversos grupos sociais aqui existentes e, também, pela sociedade nacional. Nesse caso há uma aliança de grupos que se dá em nível nacional, não se dá apenas em nível regional. Essa dimensão nacional precisa ser resgatada na importância que ela tem. Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 189
  • 6. “O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil não conhece...” W.N.: São recorrentes os vários pontos de tensão entre a Amazônia e Brasil. As decisões ou indecisões sobre elas têm destinos definidos na política... E.C.: Entra aí a relação Estado versus sociedade e a produção do conhecimento científico. O primeiro ponto é que temos que ampliar a nossa capacidade institucional de fazer pesquisa. Temos que tomar em mãos um pouco isso: institutos de pesquisas, produção de conhecimento, recursos para pesquisa, porque a Amazôinia sempre ficou mal servida dos recursos públicos para a área da pesquisa, e esse campo tem que avançar, aumentar os programas de pós-grad uação e abrir novos campos de produção de conhecimento na região. Isso me parece que é um ponto fundamental, sobretudo porque as políticas públicas de desenvolvimento para a região trabalham numa abordagem que volta um pouco aos anos sessenta, de uma perspectiva desenvolvimentista, de desenvolvimento de infra-estrutura, de grandes projetos e muitas vezes esses projetos deixam de fora toda a dimensão social. Pensam mais numa dimensão econômica, achando que o econômico, a médio termo, vai acabar resolvendo os problemas da sociedade, os problemas de infra-estrutura, os problemas de falta de recursos para a educação, para a saúde, melhoria das cidades, enfim, que são problemas cruciais que a Amazônia tem em todos os seus estados. Sabe-se que os índices de IDH dos Estados da Amazônia e dos municípios da Amazônia são os mais baixos do Brasil. Quando pensarmos em política, por exemplo, temos que pensar num quadro que temos: as duas metrópoles da Amazônia, porque eu considero Manaus também como uma metrópole, estão entre as dez primeiras em situação de maior precariedade do Brasil, e Belém é a terceira. Quando pensarmos em desenvolvimento, temos que pensar nisso, isso é fundamental. Não é só o desenvolvimento de estruturas empresariais e econômicas, porque, muitas vezes, como no caso da Jari, deixa muito pouco de desenvolvimento regional. Quer dizer: tem uma grande empresa de fábrica produzindo celulose e grandes plantações de melina, pinos etc. e, por outro lado, tem-se um beiradão com uma população enorme vivendo em péssimas condições. A mesma coisa é termos um 190 Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008
  • 7. Edna Castro / Wilson Nogueira imenso projeto de mineração, Carajás, e ter-se uma pobreza em volta dele. Então, no conceito de desenvolvimento, tem que estar contida a solução para esses problemas gravíssimos que a população tem. Nesse início de século, voltamos, portanto, a questões cruciais que, para as Ciências Sociais, conduziram os debates dos anos sessenta. Um dos temas mais marcantes do debate nas Ciências Sociais, na Economia, na Sociologia, na Política, na Antropologia e na Geografia era o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, e sobre como encontrar um modelo mais adequado para a Amazônia. Hoje estamos no início de outro século, mas nós estamos voltando às políticas, pelo menos as que nos avizinham, de perspectiva mais desenvolvimentista, que recupera uma dimensão e uma lógica dos anos sessenta, cujas conseqyências nós as conhecemos muito bem. Isso não me deixa desconhecer que há muitas políticas sociais no atual governo. Para fechar essa pergunta, quero dizer o seguinte: desenvolvimento de ciência e tecnologia não é uma coisa neutra que paira acima dos mortais; ciência e tecnologia é uma coisa muito concreta. Quando se faz ciência e tecnologia tem-se que saber para o que se faz. Portanto, pensar ciência e tecnologia para o desenvolvimento é pensá-la para o desenvolvimento do conjunto da sociedade e que todos tenham o direito de acesso aos resultados desse conhecimento; e os resultados desse conhecimento não podem beneficiar apenas algumas empresas ou algumas regiões em detrimento da maioria da sociedade. Isso significa colocar no centro da discussão o direito, os direitos sociais, a noção de justiça, a noção de eqüidade como fundamentais dentro de um modelo mais avançado de desenvolvimento. Somanlu, ano 8, n. 1, jan./jun. 2008 191