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1
IDENTIDADE NACIONAL E CULTURA POPULAR
O nacional e o popular na cultura brasileira
Estudos sobre identidade nacional: categorias
como povo, cultura popular e etnia
RAÇA E MESTIÇAGEM
Cultura popular: constitutiva do sujeito
antropológico que povoa o imaginário nacional
Principais autores: Silvio Romero
Câmara Cascudo
Euclides da Cunha
Nina Rodrigues
Gilberto Freyre
Perspectiva de análise:
SINCRETISMO
MESTIÇAGEM
POVO MESTIÇO
2
SÉCULO XIX: necessidade de construção de uma
identidade nacional
Estado nacional(séc. XVIII, Europa): elemento
de coesão e coerção social
Sentimento de nacionalidade
SÉCULO XIX: necessidade de construção de uma
identidade nacional
Estado nacional(séc. XVIII, Europa): elemento
de coesão e coerção social
Sentimento de nacionalidade
Nação, folclore e cultura popular
Eric Hobsbawm, define o ano de 1830 como marco do
aparecimento do termo nação no vocabulário político.
Em sua periodização ele divisa três etapas:
de 1830 a 1880 como "princípio de nacionalidade"
momento em que se estabelece primordialmente a relação
de nação e território cujo discurso se ligava à economia
política liberal;
a segunda etapa de 1880 a 1918 se estabelecia a "idéia
nacional" onde nação se ligava a língua e cujos discursos
provinham dos intelectuais pequeno-burgueses;
e por último o período de 1918 a 1950/1960 momento da
"questão nacional" associada a consciência nacional e
lealdades políticas defendidas pelos estados e partidos
políticos
Eric Hobsbawm, define o ano de 1830 como marco do
aparecimento do termo nação no vocabulário político.
Em sua periodização ele divisa três etapas:
de 1830 a 1880 como "princípio de nacionalidade"
momento em que se estabelece primordialmente a relação
de nação e território cujo discurso se ligava à economia
política liberal;
a segunda etapa de 1880 a 1918 se estabelecia a "idéia
nacional" onde nação se ligava a língua e cujos discursos
provinham dos intelectuais pequeno-burgueses;
e por último o período de 1918 a 1950/1960 momento da
"questão nacional" associada a consciência nacional e
lealdades políticas defendidas pelos estados e partidos
políticos
3
Caráter nacional- princípio de nacionalidade
Caráter nacional: "disposição natural de um povo e sua
expressão cultural” (Marilena Chauí)
“O conceito de caráter é em princípio compreensivo,
cobrindo todos os traços de um indivíduo ou grupo;
ele é auto-suficiente, não necessitando de
referência externa para sua definição; e é mutável,
permitindo modificações parciais ou gerais”
(Chauí,2000:21)
Identifica um viés ideológico nesta perspectiva, que
percebe a realidade brasileira de forma totalizante e
definitiva
A questão da identidade ainda não estava colocada.
Caráter nacional: "disposição natural de um povo e sua
expressão cultural” (Marilena Chauí)
“O conceito de caráter é em princípio compreensivo,
cobrindo todos os traços de um indivíduo ou grupo;
ele é auto-suficiente, não necessitando de
referência externa para sua definição; e é mutável,
permitindo modificações parciais ou gerais”
(Chauí,2000:21)
Identifica um viés ideológico nesta perspectiva, que
percebe a realidade brasileira de forma totalizante e
definitiva
A questão da identidade ainda não estava colocada.
Século XIX início do debate em torno do caráter
brasileiro,
intelectuais brasileiros envolvidos com essas
formulações estavam muito influenciados pelas teses
"racialistas" e evolucionistas, tão em evidência
naquele momento.
Três autores são arrolados para serem definidos
como fundadores das Ciências Sociais no Brasil. São
eles: Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Nina
Rodrigues.
Século XIX início do debate em torno do caráter
brasileiro,
intelectuais brasileiros envolvidos com essas
formulações estavam muito influenciados pelas teses
"racialistas" e evolucionistas, tão em evidência
naquele momento.
Três autores são arrolados para serem definidos
como fundadores das Ciências Sociais no Brasil. São
eles: Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Nina
Rodrigues.
4
binômio raça/clima, se constituiu para esses
três pensadores como um verdadeiro
paradigma orientador de suas teses.
binômio raça/clima, se constituiu para esses
três pensadores como um verdadeiro
paradigma orientador de suas teses.
Necessidade de superação do Romantismo:
Gonçalves Dias, José de Alencar- modelo de índio
civilizado; domesticação; silenciamento sobre o elemento
africano.
“Influências científicas”: o positivismo,
o darwinismo social
evolucionismo de Spencer
Importação da teoria evolucionista: dificuldade de
explicação do caso brasileiro nestes termos.
Como formar uma nação(o estado nacional) dentro de um
quadro de “atraso” ?
Como explicar o “atraso”?
Desafio para os intelectuais da época: compreender ou
explicar a defasagem entre teoria e realidade social.
Como identificar o “caráter nacional”?
Como construir a identidade nacional dentro deste
quadro?
MEIO E RAÇA
Importação da teoria evolucionista: dificuldade de
explicação do caso brasileiro nestes termos.
Como formar uma nação(o estado nacional) dentro de um
quadro de “atraso” ?
Como explicar o “atraso”?
Desafio para os intelectuais da época: compreender ou
explicar a defasagem entre teoria e realidade social.
Como identificar o “caráter nacional”?
Como construir a identidade nacional dentro deste
quadro?
MEIO E RAÇA
5
Sílvio Romero: faz uso das análises historiador inglês
Buckle, para quem as civilizações se definiam a partir
de fatores como calor, umidade, fertilidade da terra
etc. Porém reforça a questão da raça na sua
explicação.
Meio e raça articulados comporiam a particularidade
da população brasileira
Alguns pensadores chegaram ao ponto de afirmar que
a incapacidade civilizatória do Brasil devia-se a um
tipo de vento que tínhamos por aqui: os ventos alísios.
Sílvio Romero: faz uso das análises historiador inglês
Buckle, para quem as civilizações se definiam a partir
de fatores como calor, umidade, fertilidade da terra
etc. Porém reforça a questão da raça na sua
explicação.
Meio e raça articulados comporiam a particularidade
da população brasileira
Alguns pensadores chegaram ao ponto de afirmar que
a incapacidade civilizatória do Brasil devia-se a um
tipo de vento que tínhamos por aqui: os ventos alísios.
Euclides da Cunha- “Os sertões”; reforça a idéia da
relação meio/raça
Nordestino sobreviveria em um lugar no qual o
europeu não conseguiria sobreviver.
Euclides da Cunha- “Os sertões”; reforça a idéia da
relação meio/raça
Nordestino sobreviveria em um lugar no qual o
europeu não conseguiria sobreviver.
Gobineau, Agassiz è pesquisadores franceses
afirmavam que a mestiçagem seria um caminho
para o degeneracionismo da espécie.
6
Nina Rodrigues: vinculação entre características
psíquicas e meio. Formação da personalidade do
africano e do mestiço.
Nina Rodrigues: vinculação entre características
psíquicas e meio. Formação da personalidade do
africano e do mestiço.
Perspectiva evolucionista aliada à relação
meio/raça constituía o paradigma de
interpretação do Brasil na virada do século
XIX para o século XX.
Perspectiva evolucionista aliada à relação
meio/raça constituía o paradigma de
interpretação do Brasil na virada do século
XIX para o século XX.
“O sertanejo é antes
de tudo um forte."
Euclides da Cunha,
em "Os Sertões
7
século XIX:
Ideal de um Brasil formado pela fusão de 3 raças:
o branco, o negro e o índio
Porém...
Há um predomínio da ideologia de supremacia racial do
mundo branco
O branco era situado em uma posição de superioridade na
construção da civilização brasileira.
século XIX:
Ideal de um Brasil formado pela fusão de 3 raças:
o branco, o negro e o índio
Porém...
Há um predomínio da ideologia de supremacia racial do
mundo branco
O branco era situado em uma posição de superioridade na
construção da civilização brasileira.
Nesta perspectiva...
Questão racial aparece como elemento necessário
para pensar o progresso da humanidade.
Negro e índio como entraves ao processo
civilizatório
Sincretismo como incapacidade do negro de
assimilação da cultura do branco.
Sincretismo como algo negativo- atesta a
disparidade entre as raças.
Nesta perspectiva...
Questão racial aparece como elemento necessário
para pensar o progresso da humanidade.
Negro e índio como entraves ao processo
civilizatório
Sincretismo como incapacidade do negro de
assimilação da cultura do branco.
Sincretismo como algo negativo- atesta a
disparidade entre as raças.
8
Processo de ressignificação da mestiçagem:
Entendida como “aclimatação” da civilização
européia aos trópicos.
Necessidade de elaboração real e simbólica de um
elemento local, genuíno.
Mestiçoè encerra em si os defeitos e taras
transmitidos pela herança biológica.
Apatia, imprevidência, desequilíbrio moral e
intelectual,
Processo de ressignificação da mestiçagem:
Entendida como “aclimatação” da civilização
européia aos trópicos.
Necessidade de elaboração real e simbólica de um
elemento local, genuíno.
Mestiçoè encerra em si os defeitos e taras
transmitidos pela herança biológica.
Apatia, imprevidência, desequilíbrio moral e
intelectual,
Por conseguinte, quando os selvagens de qualquer raça
foram constrangidos inesperadamente a mudar de modo de
vida, tornaram-se mais ou menos estéreis e a saúde de seus
filhos ficou afetada da mesma maneira e pelas mesmas
causas que a dos elefantes e do leopardo da Índia, de
muitos símios americanos e de uma quantidade de animais
de todos os tipos, arrancados de suas condições naturais...
Seguramente as raças civilizadas podem suportar
mudanças de todos os gêneros muito melhor do que os
selvagens e sob este aspecto fazem lembrar os animais
domésticos, pois embora estes últimos às vezes sejam
prejudicados em seu estado físico (ex. o cão europeu na
Índia), só raramente se tornam estéreis. (Darwin,1871/
1974, p. 226-227).
Por conseguinte, quando os selvagens de qualquer raça
foram constrangidos inesperadamente a mudar de modo de
vida, tornaram-se mais ou menos estéreis e a saúde de seus
filhos ficou afetada da mesma maneira e pelas mesmas
causas que a dos elefantes e do leopardo da Índia, de
muitos símios americanos e de uma quantidade de animais
de todos os tipos, arrancados de suas condições naturais...
Seguramente as raças civilizadas podem suportar
mudanças de todos os gêneros muito melhor do que os
selvagens e sob este aspecto fazem lembrar os animais
domésticos, pois embora estes últimos às vezes sejam
prejudicados em seu estado físico (ex. o cão europeu na
Índia), só raramente se tornam estéreis. (Darwin,1871/
1974, p. 226-227).
9
O sertanejo
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo
exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a
estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo,
reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem
firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a
translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura
normalmente abatida, num manifestar-se de displicência que lhe
dá um caráter de humildade deprimente.
O sertanejo
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo
exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a
estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo,
reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem
firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a
translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura
normalmente abatida, num manifestar-se de displicência que lhe
dá um caráter de humildade deprimente.
Tropical, Anita Malfatti
A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro
umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal
para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo
sobre os estribos, descansando sobre a espenda da sela.
Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória
retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear
característico, de que parecem ser o traço geométrico os
meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo
motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro,
ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo - cai é o
termo - de cócoras, atravessando largo tempo numa posição
de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso
pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares,
com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.”
(Euclides da Cunha, Os Sertões – O Homem )
A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro
umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal
para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo
sobre os estribos, descansando sobre a espenda da sela.
Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória
retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear
característico, de que parecem ser o traço geométrico os
meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo
motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro,
ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo - cai é o
termo - de cócoras, atravessando largo tempo numa posição
de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso
pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares,
com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.”
(Euclides da Cunha, Os Sertões – O Homem )
10
No campo, as elites burguesas estão longe do estágio de civilização e
de desenvolvimento mental característico da raça européia, o mesmo
ocorrendo com as massas mestiças de onde emerge o jagunço,
intelectualmente inferior e movido por instintos primitivos herdados de
seus antepassados. Esta era a etapa evolutiva por que passavam as
populações sertanejas, guerreiras e nômades.
Nos sertões travava-se uma luta entre os que detinham o poder e
aqueles que o almejavam. Pelo próprio estágio evolutivo em que se
encontravam, os jagunços eram, religiosamente falando-se, politeístas.
Tais especificidades caracterizavam a crise social e religiosa que
atravessavam.
Em ambiente propício, surgiu a loucura de Antônio Conselheiro,
decorrente de uma predisposição hereditária, pois descendia de uma
família com recursos, porém belicosa.
Sua loucura provocou a contaminação das massas, geradora de
condições para a emergência das qualidades atávicas dos jagunços, ou
seja, o espaço para a satisfação dos instintos guerreiros. (Nina
Rodrigues)
No campo, as elites burguesas estão longe do estágio de civilização e
de desenvolvimento mental característico da raça européia, o mesmo
ocorrendo com as massas mestiças de onde emerge o jagunço,
intelectualmente inferior e movido por instintos primitivos herdados de
seus antepassados. Esta era a etapa evolutiva por que passavam as
populações sertanejas, guerreiras e nômades.
Nos sertões travava-se uma luta entre os que detinham o poder e
aqueles que o almejavam. Pelo próprio estágio evolutivo em que se
encontravam, os jagunços eram, religiosamente falando-se, politeístas.
Tais especificidades caracterizavam a crise social e religiosa que
atravessavam.
Em ambiente propício, surgiu a loucura de Antônio Conselheiro,
decorrente de uma predisposição hereditária, pois descendia de uma
família com recursos, porém belicosa.
Sua loucura provocou a contaminação das massas, geradora de
condições para a emergência das qualidades atávicas dos jagunços, ou
seja, o espaço para a satisfação dos instintos guerreiros. (Nina
Rodrigues)
Ideal nacional: só pode se realizar quando forem
“superadas” as falhas da mestiçagem.
Projeto de branqueamento da população: parte do processo
evolutivo que pressupõe a eliminação das raças inferiores
Estado nacional como um projeto para o futuro.
Operários, Tarsila do Amaral, 1933
11
Manuel Bonfim e o parasitismo social
Uma apropriação particular das explicações biológicas
para o mundo social
Situa a problemática brasileira como parte de um
sistema mais amplo: O atraso latino americano
relações América Latina x Europa
Perspectiva internacionalista: perspectiva política das
relações entre países avançados e atrasados.
Manuel Bonfim e o parasitismo social
Uma apropriação particular das explicações biológicas
para o mundo social
Situa a problemática brasileira como parte de um
sistema mais amplo: O atraso latino americano
relações América Latina x Europa
Perspectiva internacionalista: perspectiva política das
relações entre países avançados e atrasados.
Paradigma positivista:
Analogia entre sociedades humanas e organismos
biológicos
Esquema de análise evolucionista elaborado por
Bonfim:
1- as sociedades são organismos similares aos
biológicos;
2- existem leis orgânicas que determinam a evolução;
3- a análise da nacionalidade depende da relação
entre meio e passado.
Paradigma positivista:
Analogia entre sociedades humanas e organismos
biológicos
Esquema de análise evolucionista elaborado por
Bonfim:
1- as sociedades são organismos similares aos
biológicos;
2- existem leis orgânicas que determinam a evolução;
3- a análise da nacionalidade depende da relação
entre meio e passado.
12
Sociedade = organismo biológico doença
Inadaptação do organismo atraso
História da doença: causa dos males no passado
Teoria do imperialismo = parasitismo social: fase de depredação;
fase parasitária; fase de atrofia e degeneração.
Relação parasita(colonizador)-parasitado(colonizado):
1- expansão agressiva(pilhagem/depredação):
2-fixação sedentária: regime de dominação/poder
3- degeneração
Teoria do imperialismo = parasitismo social: fase de depredação;
fase parasitária; fase de atrofia e degeneração.
Relação parasita(colonizador)-parasitado(colonizado):
1- expansão agressiva(pilhagem/depredação):
2-fixação sedentária: regime de dominação/poder
3- degeneração
“lutas contínuas, trabalho escravo, Estado tirânico
e espoliador – qual será o efeito de tudo isto sobre
o caráter das novas nacionalidades? Perversão do
senso moral, horror ao trabalho livre e à vida
pacífica, ódio ao governo, desconfiança das
autoridades, desenvolvimento dos instintos
agressivos.”(Manuel Bonfim, América latina: males
de origem, p.176)
“lutas contínuas, trabalho escravo, Estado tirânico
e espoliador – qual será o efeito de tudo isto sobre
o caráter das novas nacionalidades? Perversão do
senso moral, horror ao trabalho livre e à vida
pacífica, ódio ao governo, desconfiança das
autoridades, desenvolvimento dos instintos
agressivos.”(Manuel Bonfim, América latina: males
de origem, p.176)
Relação colonizado-colonizador: as mazelas do parasita
são transmitidas hereditariamente ao parasitado:
conservadorismo e falta de espírito de observação
Supera a perspectiva racialista de inferioridade dos povos
não europeus.
Relação colonizado-colonizador: as mazelas do parasita
são transmitidas hereditariamente ao parasitado:
conservadorismo e falta de espírito de observação
Supera a perspectiva racialista de inferioridade dos povos
não europeus.
13
As apropriações locais das teorias estrangeiras e a lógica
da “imitação”
Escolhas/seleções que os “cientistas sociais” brasileiros
fazem das perspectivas teóricas européias.
Caráter sincrético: relação entre elementos locais e
estrangeirosèseleção dos aspectos que remetem à uma
matriz ou referência do pesquisador.
Esquema de análise:
1- escolha entre os diferentes objetos a serem
sincretizados, entre as teorias disponíveis.
2- seleção nestas teorias dos elementos tidos como
pertinentes pelo sistema-partida(no caso, a problemática
nacional)
As apropriações locais das teorias estrangeiras e a lógica
da “imitação”
Escolhas/seleções que os “cientistas sociais” brasileiros
fazem das perspectivas teóricas européias.
Caráter sincrético: relação entre elementos locais e
estrangeirosèseleção dos aspectos que remetem à uma
matriz ou referência do pesquisador.
Esquema de análise:
1- escolha entre os diferentes objetos a serem
sincretizados, entre as teorias disponíveis.
2- seleção nestas teorias dos elementos tidos como
pertinentes pelo sistema-partida(no caso, a problemática
nacional)
MEMÓRIA COLETIVA X IDEOLOGIA
CULTURA POPULAR E IDENTIDADE NACIONAL
MITO (MEMÓRIA COLETIVA E CULTURA
POPULAR)
IDEOLOGIA (CULTURA DE ELITE,
PENSAMENTO CIENTÍFICO, IDENTIDADE
NACIONAL, ESTADO)
MITO (MEMÓRIA COLETIVA E CULTURA
POPULAR)
IDEOLOGIA (CULTURA DE ELITE,
PENSAMENTO CIENTÍFICO, IDENTIDADE
NACIONAL, ESTADO)
14
RAÇA E CULTURA:
O papel da mestiçagem na
construção da identidade
brasileira nas primeiras décadas
do século XX.
a transformação do tipo mestiço:
da degeneração para o cerne da
identidade nacional
Ideologia da “democracia racial”:
O mito das 3 raças
Transição: passagem da economia
escravista para o capitalismo.
O mito não se realiza em práticas
rituais, portanto não se
concretiza
RAÇA E CULTURA:
O papel da mestiçagem na
construção da identidade
brasileira nas primeiras décadas
do século XX.
a transformação do tipo mestiço:
da degeneração para o cerne da
identidade nacional
Ideologia da “democracia racial”:
O mito das 3 raças
Transição: passagem da economia
escravista para o capitalismo.
O mito não se realiza em práticas
rituais, portanto não se
concretiza
O mestiço, óleo sobre
tela, Cândido Portinari
Questão para discussão:
Reúna-se com mais 2 ou 3 colegas e construa um perfil do
brasileiro, a partir nas representações que o grupo tem
sobre a “brasilidade” e sobre a cultura popular.
Em seguida apresente ao grande grupo as conclusões do
seu grupo para discussão sobre as possibilidades de
construção de uma identidade nacional a partir do popular

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Identidade Nacional e Cultura Popular no Brasil do Século XIX

  • 1. 1 IDENTIDADE NACIONAL E CULTURA POPULAR O nacional e o popular na cultura brasileira Estudos sobre identidade nacional: categorias como povo, cultura popular e etnia RAÇA E MESTIÇAGEM Cultura popular: constitutiva do sujeito antropológico que povoa o imaginário nacional Principais autores: Silvio Romero Câmara Cascudo Euclides da Cunha Nina Rodrigues Gilberto Freyre Perspectiva de análise: SINCRETISMO MESTIÇAGEM POVO MESTIÇO
  • 2. 2 SÉCULO XIX: necessidade de construção de uma identidade nacional Estado nacional(séc. XVIII, Europa): elemento de coesão e coerção social Sentimento de nacionalidade SÉCULO XIX: necessidade de construção de uma identidade nacional Estado nacional(séc. XVIII, Europa): elemento de coesão e coerção social Sentimento de nacionalidade Nação, folclore e cultura popular Eric Hobsbawm, define o ano de 1830 como marco do aparecimento do termo nação no vocabulário político. Em sua periodização ele divisa três etapas: de 1830 a 1880 como "princípio de nacionalidade" momento em que se estabelece primordialmente a relação de nação e território cujo discurso se ligava à economia política liberal; a segunda etapa de 1880 a 1918 se estabelecia a "idéia nacional" onde nação se ligava a língua e cujos discursos provinham dos intelectuais pequeno-burgueses; e por último o período de 1918 a 1950/1960 momento da "questão nacional" associada a consciência nacional e lealdades políticas defendidas pelos estados e partidos políticos Eric Hobsbawm, define o ano de 1830 como marco do aparecimento do termo nação no vocabulário político. Em sua periodização ele divisa três etapas: de 1830 a 1880 como "princípio de nacionalidade" momento em que se estabelece primordialmente a relação de nação e território cujo discurso se ligava à economia política liberal; a segunda etapa de 1880 a 1918 se estabelecia a "idéia nacional" onde nação se ligava a língua e cujos discursos provinham dos intelectuais pequeno-burgueses; e por último o período de 1918 a 1950/1960 momento da "questão nacional" associada a consciência nacional e lealdades políticas defendidas pelos estados e partidos políticos
  • 3. 3 Caráter nacional- princípio de nacionalidade Caráter nacional: "disposição natural de um povo e sua expressão cultural” (Marilena Chauí) “O conceito de caráter é em princípio compreensivo, cobrindo todos os traços de um indivíduo ou grupo; ele é auto-suficiente, não necessitando de referência externa para sua definição; e é mutável, permitindo modificações parciais ou gerais” (Chauí,2000:21) Identifica um viés ideológico nesta perspectiva, que percebe a realidade brasileira de forma totalizante e definitiva A questão da identidade ainda não estava colocada. Caráter nacional: "disposição natural de um povo e sua expressão cultural” (Marilena Chauí) “O conceito de caráter é em princípio compreensivo, cobrindo todos os traços de um indivíduo ou grupo; ele é auto-suficiente, não necessitando de referência externa para sua definição; e é mutável, permitindo modificações parciais ou gerais” (Chauí,2000:21) Identifica um viés ideológico nesta perspectiva, que percebe a realidade brasileira de forma totalizante e definitiva A questão da identidade ainda não estava colocada. Século XIX início do debate em torno do caráter brasileiro, intelectuais brasileiros envolvidos com essas formulações estavam muito influenciados pelas teses "racialistas" e evolucionistas, tão em evidência naquele momento. Três autores são arrolados para serem definidos como fundadores das Ciências Sociais no Brasil. São eles: Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Nina Rodrigues. Século XIX início do debate em torno do caráter brasileiro, intelectuais brasileiros envolvidos com essas formulações estavam muito influenciados pelas teses "racialistas" e evolucionistas, tão em evidência naquele momento. Três autores são arrolados para serem definidos como fundadores das Ciências Sociais no Brasil. São eles: Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Nina Rodrigues.
  • 4. 4 binômio raça/clima, se constituiu para esses três pensadores como um verdadeiro paradigma orientador de suas teses. binômio raça/clima, se constituiu para esses três pensadores como um verdadeiro paradigma orientador de suas teses. Necessidade de superação do Romantismo: Gonçalves Dias, José de Alencar- modelo de índio civilizado; domesticação; silenciamento sobre o elemento africano. “Influências científicas”: o positivismo, o darwinismo social evolucionismo de Spencer Importação da teoria evolucionista: dificuldade de explicação do caso brasileiro nestes termos. Como formar uma nação(o estado nacional) dentro de um quadro de “atraso” ? Como explicar o “atraso”? Desafio para os intelectuais da época: compreender ou explicar a defasagem entre teoria e realidade social. Como identificar o “caráter nacional”? Como construir a identidade nacional dentro deste quadro? MEIO E RAÇA Importação da teoria evolucionista: dificuldade de explicação do caso brasileiro nestes termos. Como formar uma nação(o estado nacional) dentro de um quadro de “atraso” ? Como explicar o “atraso”? Desafio para os intelectuais da época: compreender ou explicar a defasagem entre teoria e realidade social. Como identificar o “caráter nacional”? Como construir a identidade nacional dentro deste quadro? MEIO E RAÇA
  • 5. 5 Sílvio Romero: faz uso das análises historiador inglês Buckle, para quem as civilizações se definiam a partir de fatores como calor, umidade, fertilidade da terra etc. Porém reforça a questão da raça na sua explicação. Meio e raça articulados comporiam a particularidade da população brasileira Alguns pensadores chegaram ao ponto de afirmar que a incapacidade civilizatória do Brasil devia-se a um tipo de vento que tínhamos por aqui: os ventos alísios. Sílvio Romero: faz uso das análises historiador inglês Buckle, para quem as civilizações se definiam a partir de fatores como calor, umidade, fertilidade da terra etc. Porém reforça a questão da raça na sua explicação. Meio e raça articulados comporiam a particularidade da população brasileira Alguns pensadores chegaram ao ponto de afirmar que a incapacidade civilizatória do Brasil devia-se a um tipo de vento que tínhamos por aqui: os ventos alísios. Euclides da Cunha- “Os sertões”; reforça a idéia da relação meio/raça Nordestino sobreviveria em um lugar no qual o europeu não conseguiria sobreviver. Euclides da Cunha- “Os sertões”; reforça a idéia da relação meio/raça Nordestino sobreviveria em um lugar no qual o europeu não conseguiria sobreviver. Gobineau, Agassiz è pesquisadores franceses afirmavam que a mestiçagem seria um caminho para o degeneracionismo da espécie.
  • 6. 6 Nina Rodrigues: vinculação entre características psíquicas e meio. Formação da personalidade do africano e do mestiço. Nina Rodrigues: vinculação entre características psíquicas e meio. Formação da personalidade do africano e do mestiço. Perspectiva evolucionista aliada à relação meio/raça constituía o paradigma de interpretação do Brasil na virada do século XIX para o século XX. Perspectiva evolucionista aliada à relação meio/raça constituía o paradigma de interpretação do Brasil na virada do século XIX para o século XX. “O sertanejo é antes de tudo um forte." Euclides da Cunha, em "Os Sertões
  • 7. 7 século XIX: Ideal de um Brasil formado pela fusão de 3 raças: o branco, o negro e o índio Porém... Há um predomínio da ideologia de supremacia racial do mundo branco O branco era situado em uma posição de superioridade na construção da civilização brasileira. século XIX: Ideal de um Brasil formado pela fusão de 3 raças: o branco, o negro e o índio Porém... Há um predomínio da ideologia de supremacia racial do mundo branco O branco era situado em uma posição de superioridade na construção da civilização brasileira. Nesta perspectiva... Questão racial aparece como elemento necessário para pensar o progresso da humanidade. Negro e índio como entraves ao processo civilizatório Sincretismo como incapacidade do negro de assimilação da cultura do branco. Sincretismo como algo negativo- atesta a disparidade entre as raças. Nesta perspectiva... Questão racial aparece como elemento necessário para pensar o progresso da humanidade. Negro e índio como entraves ao processo civilizatório Sincretismo como incapacidade do negro de assimilação da cultura do branco. Sincretismo como algo negativo- atesta a disparidade entre as raças.
  • 8. 8 Processo de ressignificação da mestiçagem: Entendida como “aclimatação” da civilização européia aos trópicos. Necessidade de elaboração real e simbólica de um elemento local, genuíno. Mestiçoè encerra em si os defeitos e taras transmitidos pela herança biológica. Apatia, imprevidência, desequilíbrio moral e intelectual, Processo de ressignificação da mestiçagem: Entendida como “aclimatação” da civilização européia aos trópicos. Necessidade de elaboração real e simbólica de um elemento local, genuíno. Mestiçoè encerra em si os defeitos e taras transmitidos pela herança biológica. Apatia, imprevidência, desequilíbrio moral e intelectual, Por conseguinte, quando os selvagens de qualquer raça foram constrangidos inesperadamente a mudar de modo de vida, tornaram-se mais ou menos estéreis e a saúde de seus filhos ficou afetada da mesma maneira e pelas mesmas causas que a dos elefantes e do leopardo da Índia, de muitos símios americanos e de uma quantidade de animais de todos os tipos, arrancados de suas condições naturais... Seguramente as raças civilizadas podem suportar mudanças de todos os gêneros muito melhor do que os selvagens e sob este aspecto fazem lembrar os animais domésticos, pois embora estes últimos às vezes sejam prejudicados em seu estado físico (ex. o cão europeu na Índia), só raramente se tornam estéreis. (Darwin,1871/ 1974, p. 226-227). Por conseguinte, quando os selvagens de qualquer raça foram constrangidos inesperadamente a mudar de modo de vida, tornaram-se mais ou menos estéreis e a saúde de seus filhos ficou afetada da mesma maneira e pelas mesmas causas que a dos elefantes e do leopardo da Índia, de muitos símios americanos e de uma quantidade de animais de todos os tipos, arrancados de suas condições naturais... Seguramente as raças civilizadas podem suportar mudanças de todos os gêneros muito melhor do que os selvagens e sob este aspecto fazem lembrar os animais domésticos, pois embora estes últimos às vezes sejam prejudicados em seu estado físico (ex. o cão europeu na Índia), só raramente se tornam estéreis. (Darwin,1871/ 1974, p. 226-227).
  • 9. 9 O sertanejo O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar-se de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. O sertanejo O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar-se de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. Tropical, Anita Malfatti A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre os estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo - cai é o termo - de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.” (Euclides da Cunha, Os Sertões – O Homem ) A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre os estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo - cai é o termo - de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.” (Euclides da Cunha, Os Sertões – O Homem )
  • 10. 10 No campo, as elites burguesas estão longe do estágio de civilização e de desenvolvimento mental característico da raça européia, o mesmo ocorrendo com as massas mestiças de onde emerge o jagunço, intelectualmente inferior e movido por instintos primitivos herdados de seus antepassados. Esta era a etapa evolutiva por que passavam as populações sertanejas, guerreiras e nômades. Nos sertões travava-se uma luta entre os que detinham o poder e aqueles que o almejavam. Pelo próprio estágio evolutivo em que se encontravam, os jagunços eram, religiosamente falando-se, politeístas. Tais especificidades caracterizavam a crise social e religiosa que atravessavam. Em ambiente propício, surgiu a loucura de Antônio Conselheiro, decorrente de uma predisposição hereditária, pois descendia de uma família com recursos, porém belicosa. Sua loucura provocou a contaminação das massas, geradora de condições para a emergência das qualidades atávicas dos jagunços, ou seja, o espaço para a satisfação dos instintos guerreiros. (Nina Rodrigues) No campo, as elites burguesas estão longe do estágio de civilização e de desenvolvimento mental característico da raça européia, o mesmo ocorrendo com as massas mestiças de onde emerge o jagunço, intelectualmente inferior e movido por instintos primitivos herdados de seus antepassados. Esta era a etapa evolutiva por que passavam as populações sertanejas, guerreiras e nômades. Nos sertões travava-se uma luta entre os que detinham o poder e aqueles que o almejavam. Pelo próprio estágio evolutivo em que se encontravam, os jagunços eram, religiosamente falando-se, politeístas. Tais especificidades caracterizavam a crise social e religiosa que atravessavam. Em ambiente propício, surgiu a loucura de Antônio Conselheiro, decorrente de uma predisposição hereditária, pois descendia de uma família com recursos, porém belicosa. Sua loucura provocou a contaminação das massas, geradora de condições para a emergência das qualidades atávicas dos jagunços, ou seja, o espaço para a satisfação dos instintos guerreiros. (Nina Rodrigues) Ideal nacional: só pode se realizar quando forem “superadas” as falhas da mestiçagem. Projeto de branqueamento da população: parte do processo evolutivo que pressupõe a eliminação das raças inferiores Estado nacional como um projeto para o futuro. Operários, Tarsila do Amaral, 1933
  • 11. 11 Manuel Bonfim e o parasitismo social Uma apropriação particular das explicações biológicas para o mundo social Situa a problemática brasileira como parte de um sistema mais amplo: O atraso latino americano relações América Latina x Europa Perspectiva internacionalista: perspectiva política das relações entre países avançados e atrasados. Manuel Bonfim e o parasitismo social Uma apropriação particular das explicações biológicas para o mundo social Situa a problemática brasileira como parte de um sistema mais amplo: O atraso latino americano relações América Latina x Europa Perspectiva internacionalista: perspectiva política das relações entre países avançados e atrasados. Paradigma positivista: Analogia entre sociedades humanas e organismos biológicos Esquema de análise evolucionista elaborado por Bonfim: 1- as sociedades são organismos similares aos biológicos; 2- existem leis orgânicas que determinam a evolução; 3- a análise da nacionalidade depende da relação entre meio e passado. Paradigma positivista: Analogia entre sociedades humanas e organismos biológicos Esquema de análise evolucionista elaborado por Bonfim: 1- as sociedades são organismos similares aos biológicos; 2- existem leis orgânicas que determinam a evolução; 3- a análise da nacionalidade depende da relação entre meio e passado.
  • 12. 12 Sociedade = organismo biológico doença Inadaptação do organismo atraso História da doença: causa dos males no passado Teoria do imperialismo = parasitismo social: fase de depredação; fase parasitária; fase de atrofia e degeneração. Relação parasita(colonizador)-parasitado(colonizado): 1- expansão agressiva(pilhagem/depredação): 2-fixação sedentária: regime de dominação/poder 3- degeneração Teoria do imperialismo = parasitismo social: fase de depredação; fase parasitária; fase de atrofia e degeneração. Relação parasita(colonizador)-parasitado(colonizado): 1- expansão agressiva(pilhagem/depredação): 2-fixação sedentária: regime de dominação/poder 3- degeneração “lutas contínuas, trabalho escravo, Estado tirânico e espoliador – qual será o efeito de tudo isto sobre o caráter das novas nacionalidades? Perversão do senso moral, horror ao trabalho livre e à vida pacífica, ódio ao governo, desconfiança das autoridades, desenvolvimento dos instintos agressivos.”(Manuel Bonfim, América latina: males de origem, p.176) “lutas contínuas, trabalho escravo, Estado tirânico e espoliador – qual será o efeito de tudo isto sobre o caráter das novas nacionalidades? Perversão do senso moral, horror ao trabalho livre e à vida pacífica, ódio ao governo, desconfiança das autoridades, desenvolvimento dos instintos agressivos.”(Manuel Bonfim, América latina: males de origem, p.176) Relação colonizado-colonizador: as mazelas do parasita são transmitidas hereditariamente ao parasitado: conservadorismo e falta de espírito de observação Supera a perspectiva racialista de inferioridade dos povos não europeus. Relação colonizado-colonizador: as mazelas do parasita são transmitidas hereditariamente ao parasitado: conservadorismo e falta de espírito de observação Supera a perspectiva racialista de inferioridade dos povos não europeus.
  • 13. 13 As apropriações locais das teorias estrangeiras e a lógica da “imitação” Escolhas/seleções que os “cientistas sociais” brasileiros fazem das perspectivas teóricas européias. Caráter sincrético: relação entre elementos locais e estrangeirosèseleção dos aspectos que remetem à uma matriz ou referência do pesquisador. Esquema de análise: 1- escolha entre os diferentes objetos a serem sincretizados, entre as teorias disponíveis. 2- seleção nestas teorias dos elementos tidos como pertinentes pelo sistema-partida(no caso, a problemática nacional) As apropriações locais das teorias estrangeiras e a lógica da “imitação” Escolhas/seleções que os “cientistas sociais” brasileiros fazem das perspectivas teóricas européias. Caráter sincrético: relação entre elementos locais e estrangeirosèseleção dos aspectos que remetem à uma matriz ou referência do pesquisador. Esquema de análise: 1- escolha entre os diferentes objetos a serem sincretizados, entre as teorias disponíveis. 2- seleção nestas teorias dos elementos tidos como pertinentes pelo sistema-partida(no caso, a problemática nacional) MEMÓRIA COLETIVA X IDEOLOGIA CULTURA POPULAR E IDENTIDADE NACIONAL MITO (MEMÓRIA COLETIVA E CULTURA POPULAR) IDEOLOGIA (CULTURA DE ELITE, PENSAMENTO CIENTÍFICO, IDENTIDADE NACIONAL, ESTADO) MITO (MEMÓRIA COLETIVA E CULTURA POPULAR) IDEOLOGIA (CULTURA DE ELITE, PENSAMENTO CIENTÍFICO, IDENTIDADE NACIONAL, ESTADO)
  • 14. 14 RAÇA E CULTURA: O papel da mestiçagem na construção da identidade brasileira nas primeiras décadas do século XX. a transformação do tipo mestiço: da degeneração para o cerne da identidade nacional Ideologia da “democracia racial”: O mito das 3 raças Transição: passagem da economia escravista para o capitalismo. O mito não se realiza em práticas rituais, portanto não se concretiza RAÇA E CULTURA: O papel da mestiçagem na construção da identidade brasileira nas primeiras décadas do século XX. a transformação do tipo mestiço: da degeneração para o cerne da identidade nacional Ideologia da “democracia racial”: O mito das 3 raças Transição: passagem da economia escravista para o capitalismo. O mito não se realiza em práticas rituais, portanto não se concretiza O mestiço, óleo sobre tela, Cândido Portinari Questão para discussão: Reúna-se com mais 2 ou 3 colegas e construa um perfil do brasileiro, a partir nas representações que o grupo tem sobre a “brasilidade” e sobre a cultura popular. Em seguida apresente ao grande grupo as conclusões do seu grupo para discussão sobre as possibilidades de construção de uma identidade nacional a partir do popular