O documento discute elementos da hidrologia, incluindo umidade, temperatura e pressão de vapor. A umidade é medida pela umidade relativa e pela pressão de saturação de vapor. A temperatura é afetada pela posição geográfica e topografia e atinge máximos após o meio-dia.
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
Fatores climáticos na hidrologia
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1. INTRODUÇÃO
A hidrologia de uma região depende principalmente de seu clima e secundariamente de sua topografia
e geologia. A topografia influencia a precipitação, a ocorrência de lagos, pântanos e a velocidade do
escoamento superficial. A geologia, além de influenciar a topografia, define o local de armazenamento
da água proveniente da precipitação, ou seja, na superfície (rios e lagos) ou no subsolo (escoamento
subterrâneo ou confinada em aqüíferos).
O clima de uma região é altamente dependente de sua posição geográfica em relação à superfície
terrestre. Os fatores climáticos mais importantes são a precipitação e o seu modo de ocorrência,
umidade, temperatura e ventos, os quais diretamente afetam a evaporação e a transpiração. Neste
capítulo serão abordados os três últimos, uma vez que à precipitação se dedicará um capítulo a parte.
2. UMIDADE
Existe sempre alguma água, na forma de vapor, misturado com o ar por toda a atmosfera. A
condensação deste vapor é que origina a maioria dos fenômenos do tempo: nuvens, chuva, neve,
nevoeiro, orvalho e etc., assim a compreensão do estudo do vapor d’água na atmosfera é de grande
importância para a hidrologia. A quantidade de vapor d’água no ar expressa-se simplesmente pela
relação peso/volume (ex.: gramas/m3
)
Existe um limite para a quantidade de vapor d’água que um dado volume de ar pode suportar, e
quando esse limite é alcançado, diz-se que o ar está saturado. O ar quente pode suportar mais vapor
do que o ar frio, para cada grau de elevação da temperatura, verifica-se, também um aumento do
conteúdo do vapor d’água para a saturação.
A pressão atmosférica decorre de uma composição de pressões parciais exercidas pelos gases que a
constituem. A parcela de pressão devida a presença do vapor d’água é denominada pressão de vapor
d’água (e). Suponha uma superfície de água em evaporação, em um sistema fechado, envolta em ar.
Notas de Aula – Profa
. Ticiana Marinho de Carvalho Studart
2. 2Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
Sob a ação de uma fonte de calor, a água vai sendo evaporada até o estado de equilíbrio, quando o
ar está saturado de vapor e não pode mais absorvê-lo. As moléculas de vapor d’água exercerão
então uma pressão, denominada pressão de saturação de vapor d’água (es), para determinada
temperatura do sistema.
O valor de es muda com a temperatura como mostra a Figura 1.
Figura 3.1 – Pressão de saturação de vapor (Fonte: Varejão-Silva, 2001)
A Figura 3.1 mostra que ocorre com a parcela de ar P, com pressão de vapor “e” e temperatura “t”.
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3. 3Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
Uma vez que o ponto “P” se encontra abaixo da curva de pressão de saturação de vapor, está claro
que a massa de ar pode absorver mais umidade. Teoricamente a saturação do ar pode se dar por três
processos básicos:
1. Processo isotérmico – a temperatura é mantida constante e o vapor d’água é
incorporado ao ar para suprir sua deficiência de umidade (ds).
ds = es – e (3.1)
2. Processo isobárico – a pressão é conservada constante e o ar é submetido a um
resfriamento até interceptar a curva de saturação de vapor. Está temperatura corresponde a
temperatura do ponto de orvalho (td).
3. Livre saturação – se a água evapora livremente dentro da massa de ar, a saturação é
atingida a pressão e temperaturas diferentes das que tinha inicialmente, uma vez que a
evaporação necessita de calor (calor latente de evaporação), que é retirado do próprio ar.
Assim a medida que a umidade e a pressão aumentam, a temperatura diminui. O ponto P irá
se mover na diagonal até atingir a curva de saturação a uma temperatura tw denominada de
“temperatura do bulbo úmido”.
2.1. Umidade Relativa
Em geral o ar não está saturado; contém apenas uma fração do vapor d’água possível. Essa fração,
expressa em percentagem, é denominada umidade relativa (ur).
( )%100
s
r
e
e
u =
Tabela 3.1 – Conteúdo de vapor d’água no ar em várias umidades relativas (Fonte: Forsdyke, 1969)
Conteúdo de vapor d’água (g/m3
)
Temperatura
59,3 34,0 18,7 9,8 4,9
40°C 100% 57% 31% 17% 8%
30°C --- 100% 55% 29% 14%
20°C --- --- 100% 52% 26%
10°C --- --- --- 100% 50%
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. Ticiana Marinho de Carvalho Studart
4. 4Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
0°C --- --- --- --- 100%
O Psicrômetro é o instrumento empregado para a medição da umidade atmosférica. Ele consiste de
dois termômetros – o de bulbo úmido e o de bulbo seco.
Figura 3.2 – Diagrama de um psicrômetro, mostrando o princípio do termômetro de bulbo úmido.
(Fonte: Villela, 1975)
O valor de “e” para uma dada temperatura é obtido pela equação:
( ) ( )ww ttee −=− γ (3.2)
Onde:
tw – Temperatura do termômetro de bulbo úmido
t – Temperatura do termômetro de bulbo seco
ew – Pressão de vapor correspondente a temperatura tw (Tabela 3.2)
γ – Constante do psicrômetro (γ = 0,6, se e (mb), t (°C) e velocidade do ar entre os bulbos
de 3m/s e γ = 0,485 se e (mmHg) )
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7. 7Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
A Figura 3.4 mostra o mapa da umidade relativa média anual no Brasil, medida pelo INMET, no
período de 1930 a 1990 (Normais Climatológicas).
Figura 3.4 – Umidade relativa anual (Fonte: INMET(http://www.inmet.gov.br/produtos)
3. TEMPERATURA
Geograficamente, há uma tendência de elevação de temperatura a medida que se aproxima do
Equador. Verifica-se, entretanto, que a topografia e a vegetação pode comprometer este
comportamento.
Durante o dia, a incidência da radiação solar provoca o aquecimento da superfície, que alcança sua
temperatura máxima algumas horas após o sol ter alcançado o seu zênite. As camadas inferiores da
atmosfera são aquecidas pela radiação de onda longa emitida pela superfície terrestre.
Devido a diversos processos de troca de calor no sistema Terra-Atmosfera, existe uma distribuição de
temperatura também segundo a direção vertical, conhecida como gradiente vertical de temperatura (-
0,65°C/100m). O estudo desse gradiente é importante para a influência da estabilidade atmosférica.
Associados aos processos de evolução do ar, são definidos três gradientes teóricos:
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8. 8Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
1. Gradiente de temperatura adiabática seca (αd)
• Parcela de ar ascendente
• Expande-se devido ao decréscimo de pressão
• Temperatura decresce (-1°C/100m)
2. Gradiente de temperatura adiabática saturada (αs)
• Quando a parcela de ar em ascensão atinge o nível de condensação, a
pressão continua decrescente.
• Gradiente menor (-0,54°C/100m)
3. Gradiente de temperatura pseudo-adiabático
Figura 3.4 – Formas de precipitação. (Fonte: Raudikivi, 1979).
3.1. Estabilidade e Instabilidade Convectiva
Uma vez que ar aquecido decresce em densidade, ele tende a se tornar mais leve. Entretanto a
superfície terrestre não é homogênea e faz com que o ar seja aquecido de forma desigual, o que
resulta no aparecimento de camadas de ar com diferentes densidades; surgem então forças
ascendentes que elevam o ar mais quente (mais leve) através do ar vizinho mais frio (mais denso).
Obviamente, o gradiente de temperatura dentro de uma camada atmosférica é diferente daqueles
referentes a adiabática seca e a adiabática saturada. A relação entre o gradiente e a temperatura do
ambiente atmosférico (γ) e o gradiente da adiabática seca é que determina a umidade convectiva do
ar. Seja, por hipótese, que uma partícula de ar seco em equilíbrio térmico com o meio ambiente seja
levada, por algum motivo, a uma altitude maior que a inicial. O movimento ascendente da partícula
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9. 9Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
não modifica a estrutura da atmosfera circunvizinha. Como a parcela sob verticalmente, ela esfria a
uma taxa (Γ) (adiabática seca), enquanto que a temperatura ambiente decresce a uma taxa ( γ ).
a) Se Γ<γ :
Γ (parcela) γ (ambiente)
tparc < tamb mais frio, mais denso, parcela desce (estável)
b) Se Γ>γ :
γ (ambiente) Γ (parcela)
tparc > tamb mais quente, menos densa, parcela sobe (instável)
Figura 3.5 – Estabilidade e Instabilidade Convectiva (Fonte: VILLELA,1975)
Caso a parcela não esteja saturada, começará, no inicio a comportar-se como ar seco em ascensão
(αd). Entretanto, em um dado momento, chegará à temperatura de ponto de orvalho e passará a
comporta-se como ar saturado (αs). A umidade que foi condensada do ar resfriado em ascensão torna-
se visível como nuvem, sendo a sua base representativa do nível de condensação. O topo da nuvem
continua a se desenvolver até alcançar uma camada estável.
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10. 10Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
Figura 3.6 – Nuvem cumulonimbus (Fonte: INMET)
4. Vento
O ar está em movimento e isto é sentido como vento. Ele influencia processos hidrometeorológicos,
uma vez que, ao retirar a camada de ar saturado próxima ao solo e substituí-la por uma com menos
umidade, faz com que o processo de evaporação seja contínuo.
São necessários dois fatores para especificar o vento: direção e velocidade. Os instrumentos utilizados
para medida destas grandezas são os anemômetros, que medem a velocidade do vento (em m/s) e,
em alguns tipos, também a direção (em graus), e os anemógrafos, que registram continuamente a
direção (em graus) e a velocidade instantânea do vento (em m/s), a distância total (em km) percorrida
pelo vento com relação ao instrumento e as rajadas (em m/s).
Figura 3.7 – Anemômetro
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11. 11Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
Figura 3.8 – Anemógrafo
Devido a sua posição em relação a circulação geral da atmosfera, o Nordeste tem vento prevalecentes
do sudeste, que podem se tornar mais zonais de acordo com a época do ano (estação chuvosa).
Figura 3.9 – Direção média dos ventos de superfície em janeiro. (Fonte: Raudikivi, 1979)
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12. 12Capítulo 1 Hidrologia Aplicada
Figura 3.10 – Campos de umidade relativa, movimento
vertical (500mb) e campos de vento
(200mb e 850mb) (Fonte: NMC/SAD).
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