O documento discute vários tipos de produtos de seguros disponíveis para investidores para minimizar riscos, como seguro de crédito para proteger investimentos em títulos de dívida contra inadimplência, seguro de fusões e aquisições para proteger compradores de passivos ocultos, e seguro all risks para proteger obras de arte de colecionadores contra diferentes riscos. Corretores especializados podem ajudar investidores a encontrar as melhores soluções de acordo com seus perfis de risco.
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Revista Apólice - Para cada investidor uma solução
1. 18
produto | investimentos
Para cada investidor,
uma solução
O mercado de
investimentos é
arriscado, mas pode
contar com alguns
produtos de seguro
para minimizar seus
impactos
Amanda Cruz
2. 19
e Aquisições da Marsh Brasil.
Esse produto está disponível apenas
para o comprador, cobrindo o passivo
oculto da empresa comprada. “Caso surja
um processo pós fechamento, referente
a um ato desconhecido no momento da
operação, o comprador será reembolsado”,
afirma Bruna. Essa apólice foi desenhada
semelhante ao que é oferecido nos EUA
e na Europa, o que falta é a expansão que
contemple uma apólice para o vendedor e
também para contingências, cláusulas que
já estão disponíveis lá fora.
Ainda existem poucas apólices de
proteção para fusões e aquisições e o mer-
cado brasileiro não apresenta exclusões
específicas. “Porém, com a crise política
no País, as últimas cotações foram apre-
sentadas com exclusão para reclamações
relacionadas à corrupção”, esclarece
Bruna. Mesmo assim, a executiva afirma
que essa não é uma exclusão padrão e que
poderá ser renegociada.
Semelhante a essa iniciativa estão os
produtos da Chubb voltados para proteger
os gestores de investimento e as entidades
responsáveis envolvidas nessa gestão. A
apólice oferece cobertura em casos de
responsabilizaçãodosadministradorespor
questõesrelacionadascomagestão(D&O)
e cobertura em casos de responsabilização
das entidades envolvidas e dos seus gesto-
res por questões relacionadas à prestação
de serviços de investimento (E&O). “O
IMI - Investment Menagement Insurance
é um seguro de responsabilidade civil à
base de reclamação. Um produto voltado
❙❙Luciano Mendonça, da Euler Hermes
A preocupação está no core business.
As empresas precisam focar no objeto
principal de sua existência e por isso
preferem deixar as avaliações de crédito,
análises de clientes potenciais e o moni-
toramento dos créditos nas mãos de um
especialista.
Mendonça alerta para o fato de que os
empresários costumam segurar veículos,
imóvel, vida dos funcionários etc, mas a
carteira das vendas a prazo é deixada sem
qualquer proteção, ainda que represente
40% dos ativos de uma empresa. “Imagine
uma empresa na qual a margem de vendas
é bastante apertada: 5%. Se houver um
calote, em uma venda de R$100, deve-se
vender 20 vezes o mesmo valor para equa-
lizar aquela perda. Assim, proteção contra
calote é essencial para uma empresa que
quer se manter competitiva no mercado”,
aponta o executivo da Euler Hermes.
Entre empresas
Outra preocupação, que ultrapassa a
área de atividade de uma empresa e pre-
ocupa todas de maneira geral, é investir
em uma fusão ou aquisição e mais tarde
encontrar irregularidades ou graves pro-
blemas que possam atingir sua reputação
e seu capital financeiro. Há dois anos,
uma seguradora trouxe ao Brasil um pro-
duto que quer proteger essas transações.
“Apesar do mercado da América Latina
ser novo, a demanda por esse produto
vem crescendo consistentemente, por isso
acreditamos que essa tendência continue
nos próximos anos”, aposta Bruna Reis,
líder da prática de Private Equity e Fusões
O
s investidores do mercado
financeiro estão sempre ro-
deados de apostas, riscos, in-
vestimentos que nem sempre
têm um retorno garantido. Alguns mais
conservadores, outros mais agressivos.
Embora os engravatados de Wall Street
ou da Bovespa não tenham um seguro que
cubra os riscos de suas grandes apostas,
o mercado de investimentos, no Brasil
e fora dele, pode contar com diferentes
produtos, para diferentes perfis, que
auxiliam transações de pessoa física ou
jurídica e evitam que grandes perdas
sejam desastrosas. Caso saibam apostar
bem, claro.
Brincadeira de gente grande
À parte dos investimentos prazero-
sos, feitos para o lazer, existem aqueles
que são motivo de tensão para seus
investidores.
Os seguros podem não fazer com
que seu investimento aumente, nem
promete garantias financeiras além dos
valores estabelecidos para indenização
de sinistro, mas esses dois mercados são
muito próximos. “O seguro impede que
investimentos feitos em ativos se percam
por ocorrência de força maior, uma ca-
tástrofe, um acidente”, aponta Luciano
Mendonça, da Euler Hermes.
O melhor exemplo de risco entre
investidores que pode contar com um
seguro de crédito são os chamados rece-
bíveis à prazo, como é o caso de títulos
de dívida e ativos que venham da venda
de mercadorias, serviços prestados que
financiam os sacados e antecipam recur-
sos aos cedentes. “Os recebíveis podem
não ser honrados pelos sacados na data
de vencimento e, assim, os investidores
podem se proteger deste risco comprando
uma apólice de seguro de crédito, que vai
garantir o recebimento do título em caso
demoraouinsolvênciadosacado”,explica
Mendonça.
Ou seja, o seguro de crédito ajuda a
cobrir os danos causados por inadimplên-
cia. Mendonça explica que quem procura
por esse tipo de cobertura no mercado são,
na maioria das vezes, empresas manufa-
tureiras que possuem margens menores
e precisam buscar novos clientes para
alavancar essas vendas. ❙❙Bruna Reis, da Marsh Brasil
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para fundos de investimento que tem
como principal característica o fato de
ser a junção de dois produtos: D&O e
E&O”, explica Rafael Domingues, diretor
de Financial Lines da companhia.
Esses fundos, chamados FIDC –
Fundo de Investimentos em direitos
creditórios – funcionam da seguinte
maneira: eles compram os direitos dos
créditos que um portador tem sobre de-
terminados títulos da dívida quem vêm
de vendas de mercadorias ou prestação
de serviços. Esses compradores têm,
portanto, seus títulos segurados contra
eventuais inadimplências. Mendonça,
da Euler Hermes, explica que “embora
não haja proteção para a taxa de retorno
– yield - que um investidor espera de um
fundo de crédito desse tipo, há proteção
para os ativos que o compõem. Isso acaba
mitigando o risco de perda do fundo que
pode ser causado pelo calote”, elucida.
Já no caso de seguro de fusões
e aquisições, as empresas de Private
Equity podem vender suas alavancadas
e precisar encerrar esses fundos. Bruna,
da Marsh, afirma que a apólice dá a ga-
rantia ao comprador sem precisar deixar
os recursos da empresa bloqueados. Isso
faz com que exista um fluxo do capital
adquirido, com o qual o comprador po-
derá contar assim que fizer a aquisição.
Olhar ao seguro de crédito
As equações são complexas mas
abrangem qualquer empresário, do mais
entendido de captação de recursos e in-
vestimento até aquele que decide colocar
uma máquina de cartão de crédito em sua
loja de varejo e vender a prazo.
Uma boa maneira de entender como
funciona esse mercado de compra, venda,
investimentos e título de crédito é o fil-
me norte-americano The Big Short – A
Grande Aposta – de 2014. Ele trata sobre
a grande bolha imobiliária que surgiu
no mercado dos EUA após o país liberar
uma quantia grandiosa de crédito à popu-
lação sem verificação de perfil, sem saber
se elas poderiam arcar com suas dívidas
– os chamados subprime. Com essa rea-
lidade, havia muitos imóveis com preços
muito baixos. Ao não conseguirem arcar
com as hipotecas, os norte-americanos
abandonaram suas dívidas e aqueles
que detinham os títulos dessas dívidas
ficaram com um grande rombo financeiro
em suas mãos. Muitos deles estavam
segurados, mas devido ao tamanho da
crise, perderam seu valor e até mesmo
as seguradoras não tinham como arcar
com esses gigantescos sinistros.
“Proteção contra esta variação do
preço de mercado dos ativos é uma coisa
que muitas empresas buscam, mas não
existe proteção de apólice de seguro que
cubra essa diferença”, explica Mendonça,
que completa: “geralmente, esse tipo de
proteção está ligada aos investimentos que
flutuamnacontra-mãodatendênciadestes
ativos. Aparece aqui a figura importante
do corretor para buscar a melhor solução”.
Hoje, os corretores que vendem esses
tipos de seguro são, em sua maioria, alta-
mente especializados e capacitados para
lidar com essas complexidades.
Para Domingues, da Chubb, esses
produtos constituem uma ótima oportu-
nidade para o profissional da corretagem.
“É um mercado em franco desenvolvi-
mento e ainda com poucos corretores
atuando nesse nicho. Os corretores de
seguro que buscam o conhecimento
podem colher bons frutos, já que há uma
demanda represada, além de já existirem
seguradoras com apetite para aceitar esse
tipo de risco”, aponta.
Cada um a seu modo
Nem todos os investidores vivem de
comprar e vender ações na bolsa. Alguns
são pessoas com outras profissões que
trazemosnegócioscomoinvestimento,es-
>>> investimentos
❙❙Rafael Domingues, da Chubb
4. colhendo imóveis ou fundos com retornos
menores, mas com ganhos certos, outros
ainda praticam o investimento também
como hobby. É o caso daqueles que optam
por ter como patrimônio obras de arte.
Obras consagradas são leiloadas
e vendidas aos colecionadores que sa-
bem que o valor artístico e histórico de
algumas peças é imensurável, mas que
fazem questão de tê-las em suas paredes.
Nessa questão, o mercado de seguros
aposta na cobertura All Risks, ou seja,
que qualquer tipo de risco que a obra
corra estará coberto caso o investidor
tenha uma apólice, conforme explica
Midiã Borges, consultora em Riscos e
Seguros para Entretenimento e Obras
de Arte da Aon Brasil. “A cobertura é
mundial, a partir do período que as obras
são retiradas dos locais até o seu retorno
ao lugar de origem ou o local indicado
pelo proprietário”, explica. Exposição
doméstica e internacional, transporte e
até terremotos e furacões fazem parte
dos riscos cobertos.
Obra de arte não é apenas um quadro
ou escultura de um artista famoso; anti-
guidades, prataria e objetos de estanho,
jóias, tapetes antigos, livros raros, manus-
critos e fotografias, moedas e medalhas
entram no escopo de bens segurados. A
apólice, geralmente, custa 2% do valor
dos bens e conta com flexibilidade para
se adequar à realidade e necessidade
do colecionador, que pode ser discutida
com um bom corretor de seguros. “A
consultoria adequada para garantir a co-
bertura de seguros para as obras de arte
é um dos desafios desse mercado, que já
é bem mais maduro em outros países. É
preciso uma equipe especializada, com
conhecimento técnico e rápido retorno”,
opina a executiva.
A evolução para esses investidores
está em acompanhar o mercado lá fora.
Midiã conta que em mercados como o
dos EUA, que têm um produto chamado
Art Plus para acervos de museus que
atendem o pacote completo de seguros, o
patrimônio, responsabilidade civil, D&O,
crime, entre outros.
Os seguros podem ser desenhados
de acordo com a necessidade ou caracte-
rística, cobrindo coleções particulares e
corporativas através de uma apólice anual
até exposições temporárias onde o seguro
garante a cobertura chamada prego a
prego incluindo a cobertura de RCTRC,
de Seguro Transporte, que é obrigatória.
De uma forma ou de outra, os corre-
tores podem ter grande papel de destaque
dentro desse nicho. A consultoria especia-
lizada é importante em qualquer carteira,
mas é mais fácil de ser percebida nesta
por sua elevada necessidade de conhe-
cimento dos pormenores que envolvem
cada apólice e cada operação de crédito.
Os corretores são responsáveis por levar
soluções de prevenção e cobertura de risco
enquanto investidores são completamente
avessos a qualquer possibilidade de perdas
em investimentos.