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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
THOMAS BOINA DALVI
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA
POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
VITÓRIA
2010
THOMAS BOINA DALVI
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA
POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Monografia apresentada ao Departamento
de Administração do Centro de Ciências
Jurídicas e Econômicas da Universidade
Federal do Espírito Santo como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Administração.
Orientadora: Profª. Drª. Márcia Prezotti
Palassi.
VITÓRIA
2010
THOMAS BOINA DALVI
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA
POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Monografia apresentada ao Departamento de Administração do Centro de Ciências
Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração.
Aprovada em ____ de _________ de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Profª. Drª. Márcia Prezotti Palassi
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientadora
_________________________________
Prof. Dr. Eloísio Moulin de Souza
Universidade Federal do Espírito Santo
_________________________________
Prof. Dr. Alfredo Rodrigues Leite da Silva
Universidade Federal do Espírito Santo
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais por sempre estarem ao meu lado me apoiando em tudo o
que eu faço, por todo o carinho, atenção e paciência e por sempre acreditarem em
mim.
À professora Márcia Prezotti pela excelente orientação e ajuda tão necessária para a
realização deste trabalho.
Aos meus amigos Leonardo, Rovena e Lorena que tanto me apoiaram e estiveram
ao meu lado, ajudando no que fosse preciso.
E a todos que indiretamente ajudaram para a realização deste trabalho.
“Escrevo algumas palavras ainda me
recuperando do impacto que me
causou a leitura.”
Fiódor Dostoiévski
RESUMO
O presente trabalho busca mostrar as semelhanças e diferenças entre os Estudos
Organizacionais e a Psicologia Política, partindo do fato de que ambas apresentam
uma semelhança quanto aos temas estudados por serem áreas multidisciplinares
que se utilizam de várias fontes teóricas diferentes. A metodologia utilizada foi o
levantamento bibliográfico, realizando-se uma leitura das principais publicações
destas áreas e uma análise dos Handbooks de Psicologia Política e de Estudos
Organizacionais. Encontraram-se muitas semelhanças nos estudos sobre liderança,
tomada de decisões, emoções nas organizações entre outras, com a principal
diferença identificada nos estudos sobre preconceito e minorias. Como consideração
final, viu-se que a Psicologia Política pode contribuir com os Estudos
Organizacionais na compreensão de algumas questões ainda não muito bem
tratadas pelos administradores como, por exemplo, questões relacionadas com o
preconceito contra as minorias presentes dentro das organizações.
Palavras-Chave: Psicologia Política, Estudos Organizacionais, Administração.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................7
2. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................9
3. PSICOLOGIA POLÍTICA.......................................................................................10
4 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS............................................................................15
5. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS...............................................................................21
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................28
REFERÊNCIAS.........................................................................................................30
7
1. INTRODUÇÃO
As organizações estão presentes em nossa sociedade, atingindo todos os aspectos
da vida humana e demandando tempo e energia de numerosas pessoas. Elas são
altamente especializadas e interdependentes e constituem a forma de instituição
predominante na sociedade atual. As organizações possuem uma estrutura interna e
interagem com outras organizações e com o meio em que está inserida, adquirindo
assim, um conceito de sistema altamente complexo, caracterizado pela utilização de
metodologia específica apropriada à característica de cada organização.
(CHIAVENATO, 2004)
Dada a característica da organização como um sistema complexo, esta possui uma
performance de sistema baseado na premissa de que o todo é maior que a soma
das partes, com comportamento de difícil prognóstico, além de uma complexidade
emergente ao relacionar o todo com as partes, a qual deve receber energia
constante para não perder o equilíbrio, ter capacidade de auto-organização, ser um
sistema aberto, flexível e adaptativo.
Diante dessas características, as organizações são concebidas como sistemas
vivos, que existem em um ambiente amplo, dependendo da satisfação de suas
várias necessidades, abandonando a ciência mecânica e inspirando-se na biologia
como uma fonte de idéias para refletir às organizações como sistemas complexos.
(MORGAN, 1996)
Com a evolução das teorias administrativas, os psicólogos começaram a mostrar
como as estruturas burocráticas, os estilos de liderança e a organização do trabalho
em ambientes formais e informais poderiam ser modificados para criar um ambiente
enriquecido, motivado e democrático, surgindo como alternativa à orientação
autoritária gerada pela administração científica.
Partindo da reflexão sobre a complexidade das organizações, a multidisciplinaridade
passa a ser considerada para desmistificar a administração das organizações. Uma
das disciplinas que pode contribuir neste processo é a Psicologia Política que tem
por objetivo a ligação da psicologia com os diferentes temas da política,
8
principalmente no que tange ao comportamento humano como, liderança política,
socialização política, ação política, comunicação política etc.
Por ser a organização um sistema vivo, o principal recurso a ser tratado neste
contexto são as pessoas, que interagem nos sistemas organizacionais e acabam na
maioria das vezes “socializando” seus problemas indiscriminadamente, não se
dando conta do despreparo de quem está ouvindo.
Portanto, a Psicologia Política é uma disciplina relevante para a compreensão de
vários problemas inerentes aos fenômenos comportamentais e psicológicos da
coletividade, tais como: ambição, poder, exclusão, privação, competição, fuga da
realidade, machismo, compensação do complexo de inferioridade ou desejo de
superioridade, desespero por fatos, mitos e ritos emocionais.
Esta problematização aponta para a necessidade de visualização da administração
como uma prática interdisciplinar. Sendo assim, este trabalho parte do pressuposto
que a psicologia política pode oferecer novas perspectivas de análise para temas de
interesses dos Estudos Organizacionais, uma vez que as organizações são
formadas por interações coletivas. Portanto, o objetivo deste trabalho é verificar as
semelhanças e diferenças entre os Estudos Organizacionais e a Psicologia Política,
para que o leitor possa visualizar como a psicologia política contribui com os estudos
organizacionais.
Sendo assim, neste primeiro tópico apresentamos o problema de pesquisa, o
objetivo do trabalho, justificamos a relevância teórica e social e a estrutura do
trabalho. No segundo tópico apresentamos o tipo de pesquisa adotado para a
realização deste trabalho. No terceiro tópico, descrevemos um breve histórico,
conceito e principais temas estudados na Psicologia Política e no quarto tópico
fizemos o mesmo em relação dos Estudos Organizacionais. No quinto tópico
apontamos as principais semelhanças e diferenças entre a Psicologia Política e os
Estudos Organizacionais. E, por fim, no sexto tópico tecemos as considerações
finais deste texto, apontando as contribuições do estudo, limitações e sugestões
para futuras pesquisas.
9
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
Esse estudo é uma pesquisa bibliográfica desenvolvida com base em material
científico já elaborado (GIL, 2002). Foram analisados artigos publicados sobre o
objetivo, histórico e temas abordados em cada uma das áreas citadas na introdução,
nos anais dos Encontros de Estudos Organizacionais – EnEO da Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração - ANPAD e da Revista
Psicologia Política da Associação Brasileira de Psicologia Política – ABPP, bem
como a leitura e comparação dos Handbooks de Estudos Organizacionais e de
Psicologia Política.
A leitura dos Handbooks, que funcionam como uma espécie de manual das áreas,
possibilitou maior conhecimento sobre os autores, história, desenvolvimento,
principais temas estudados e temas emergentes em ambas as áreas, tornando
viável a identificação das semelhanças e diferenças entre elas, a fim de atingir o
objetivo proposto.
As análises dos resultados foram realizadas em duas etapas. Primeiro realizamos
uma leitura das principais publicações na área de Estudos Organizacionais e de
Psicologia Política, para entender no que essas áreas consistem, como se
desenvolveram e o que estudam. Em seguida, estabelecemos uma comparação
entre os Handbooks, a fim de facilitar a identificação das semelhanças e diferenças,
cujos resultados encontram-se descritos a seguir.
10
3. PSICOLOGIA POLÍTICA
A Psicologia Política é uma área de pesquisa multidisciplinar com enfoque nos
estudos de poder, personalidade política, atitudes políticas, liderança,
comportamento eleitoral, conflitos internacionais e movimentos sociais (AIZPURÚA,
2002), que surgiu formalmente na década de 1970 devido à necessidade de se
formalizar em uma única e nova disciplina, a enorme variedade de trabalhos que
relacionam os distintos processos psicológicos com diferentes temáticas políticas.
(SABUCEDO, 1996)
A partir da segunda metade do século XIX já começam a aparecer inúmeras
investigações relacionando os processos políticos aos psicológicos, que mais tarde
ajudariam a dar corpo à disciplina. Em 1910, com a publicação da obra “La
Psicología Política y la defensa social”, Le Bon observa a aplicação de
conhecimentos psicológicos no âmbito dos fenômenos políticos. Ele foi um dos
primeiros a tratar de temas centrais da disciplina, tais quais: relação entre líderes e
liderados e a característica das massas (SABUCEDO, 1996). Da década de 1930
até o momento da institucionalização, ocorrida na década de 1970, ocorrem uma
série de investigações que serviram de base para a formação da Psicologia Política
como disciplina, sendo Lasswell um dos autores que contribuiu de forma mais
decisiva para o seu desenvolvimento, abordando em seus trabalhos temas como o
poder, a relação entre elite e as massas, liderança política e os mecanismos de
influência, entre outros.
Os estudos da década de 1970 que ajudaram a promover de fato a formação da
disciplina são basicamente apoiados em três grandes temas que são segundo
Seoane (1988): o estudo das atitudes sociais; os estudos sobre a Segunda Guerra
Mundial, que buscavam entender e analisar o nazismo e o genocídio e; a
investigação sobre as dimensões psicológicas da conduta do voto. Além disso, a
criação dos primeiros manuais (1973) e a criação em 1978 da Sociedade
Internacional de Psicologia Política, ajudaram em sua institucionalização acadêmica.
Sabucedo (1996) afirma que a Psicologia Política possui uma vocação para integrar
e convocar investigadores, acadêmicos e profissionais de diversas áreas o que
11
possibilita, dada à complexidade das questões estudadas pela disciplina, uma maior
pluralidade de enfoques e perspectivas.
A Psicologia Política tem o objetivo de realizar, segundo Aizpurúa (2002, p. 40)
“análises psicológicas à compreensão e resolução de problemas políticos [...]”, e é
uma área de pesquisa que busca entender como os fatores psicológicos influenciam
na conduta política e o efeito que os processos políticos têm sobre os processos
psicológicos (SABUCEDO, 1996). Assim, para Sears, Huddy e Jervis (2003), não
existe uma única Psicologia Política, mas sim um número de fenômenos políticos
que foram investigados utilizando uma aproximação psicológica e fazendo uso de
diferentes teorias psicológicas, logo existem diferentes tipos de Psicologia Política,
cada uma usando a teoria que é mais apropriada ao fenômeno estudado.
Embora tenha surgido apenas recentemente com este nome, já existiam no
passado, vários protótipos de uma Psicologia Política, não com a pretensão de se
tornar uma disciplina, mas sim como uma forma de estudar os temas políticos que
eram, de certa forma, relegados pela Psicologia Geral (SEOANE, 1988). Assim,
como afirma Sabucedo (1996) é ingênuo pensar que o interesse pelas dimensões
psicológicas das condutas políticas ou pelas conseqüências psicológicas de
determinado sistema sociopolítico tenham surgido apenas após a instituição formal
da disciplina.
Apesar da Psicologia Política já ser uma disciplina formalmente instituída, assim
como ocorre em diversas outras áreas de estudos, conceituá-la não é algo fácil, e
existem divergências de acordo com os diferentes posicionamentos dos
investigadores em seus trabalhos. Tais divergências, ao invés de travar os estudos,
servem na verdade para desenvolver a disciplina, possibilitando diferentes visões
acerca dos temas estudados.
Sabucedo (1996) e Seoane (1988) destacam alguns dos principais conceitos
teóricos, como, os de Stone, Hermann e Deutsch, que entendem a Psicologia
Política como uma interação entre processos psicológicos e fenômenos políticos e
dos efeitos psicológicos dos sistemas e acontecimento políticos. Para Greenstein
(apud SEOANE, 1988), a atividade política possui aspectos psicológicos cujo estudo
12
pertence à Psicologia. Dessa forma, a Psicologia Política seria, na verdade, a
aplicação de um corpo de conhecimentos já estabelecidos.
Knutson (apud Seoane, 1988), afirma que a Psicologia Política se trata de um
esforço interdisciplinar onde o conhecimento obtido pelas ciências da conduta se
concentra nas necessidades humanas críticas, podendo, dessa forma, realizar-se a
promessa política de possibilitar uma vida satisfatória. Já para Sabucedo (1996, p.
22):
[...] a Psicologia Política consiste no estudo das crenças, representações ou
sentido comum que os cidadãos têm sobre a política, e os comportamentos
destes que, por ação ou omissão, tratem de incidir ou contribuam à
manutenção ou mudança de uma determinada ordem sócio-política. Com
esta aproximação à Psicologia Política não trata de eliminar a referência a
conduta política institucional (partidos, governos, conduta de voto), mas de
ampliar seu significado para dar lugar a outros importantes fenômenos da
vida política. (Tradução nossa)
Partindo para a análise do objeto de estudo da Psicologia Política, Sabucedo (1996)
cita Martin Baró, que afirma que uma das formas para se entender a política é tomar
como base de definição um dos aspectos fundamentais da vida social, qual seja: o
poder. Assim, segundo o autor, a conduta política é aquela em que se intervêm
alguma forma de poder e que todo comportamento interpessoal ou intergrupal supõe
algum grau de poder, sendo, portanto, um comportamento político.
Quanto aos principais temas estudados pela disciplina, Sabucedo (1996) e Aizpurúa
(2002) fizeram um amplo levantamento dos assuntos mais recorrentes. Tem-se, por
exemplo, o estudo do indivíduo como ator político, que aborda questões como a
socialização política e a participação; a análise dos movimentos políticos, onde se
busca entender como os indivíduos interagem para promover, controlar ou evitar
mudanças; a formação da personalidade política, buscando entender como os
indivíduos são influenciados pela sociedade, moldando assim a personalidade
política dos líderes e dos liderados; a coalizão e estruturas políticas, que buscam
entender o que liga os liderados aos seus líderes; as relações entre grupos políticos,
que visa o entendimento entre unidades políticas, entre nações e estuda
principalmente os conflitos internacionais e; os processos políticos, que tem como
finalidade realizar uma análise dos processos individuais e coletivos implícitos, no
13
comportamento das entidades políticas, estudando o que as afetam e pelo que são
afetados, abordando temas como percepção e cognição, tomada de decisões,
persuasão e aprendizagem.
Além desses temas, Seoane (1994) afirma que um tema de grande importância e
que se mantêm constante, independente das diferenças teóricas e de interesses dos
investigadores da Psicologia Política, é o estudo da adaptação dos cidadãos às
mudanças políticas e sociais, que ele denomina de “adequação cognitiva”. Segundo
o autor, essa adequação cognitiva busca entender os problemas de adaptação que
uma determinada comunidade enfrenta frente a uma nova ordem social, cultural e
política. O papel da “adequação cognitiva” é, portanto, o de
[...] minimizar o efeito da crise diante da mudança, promover a adaptação
individual e coletiva face à nova ordem social, evitando assim – ou ao menos
reduzindo – o sofrimento que gera a ruptura e a desorientação, antecipando
na medida do possível o futuro de pessoas, grupos e instituições. (SEOANE,
1994, p. 60. Tradução nossa)
Dessa forma, frente às mudanças cada fez mais freqüentes e mais rápidas que
ocorrem nas sociedades atuais e pós-modernas, o papel da “adequação cognitiva” é
de máximo interesse para os estudos da Psicologia Política, ajudando a antecipar e
predizer as mudanças, podendo proporcionar uma melhor adaptação aos efeitos das
crises de ruptura que ocorrem durante mudanças na organização social.
Outros temas importantes estudados pela Psicologia Política e que estão tendo sua
importância recuperada referem-se à xenofobia e a discriminação, que voltaram a
acontecer principalmente na Europa (SABUCEDO, 1996). Seoane (1994) citando
trabalho realizado por McGuire, mostra uma classificação de três etapas do passado
da Psicologia Política, e uma possível quarta etapa onde entram as futuras
tendências de abordagem da disciplina.
A primeira etapa, que se encontra nas décadas de 1940 e 1950, foram denominadas
de etapa da “personalidade e cultura”, marcada pelos estudos sobre pensamentos,
sentimentos e ações políticas de acordo com o determinismo ambiental. Na segunda
etapa, que abrange as décadas 1960 e 1970, os temas mais estudados são as
atitudes políticas e a conduta do voto, desenvolvidos sob pressupostos racionalistas.
14
Já a terceira etapa, que vai das décadas de 1980 a 1990, foi intitulada de etapa da
ideologia e decisão, a qual possui orientação cognitiva e se dedica principalmente ao
estudo dos sistemas de crenças que fundamentam as tomadas de decisões
políticas. Por fim, segundo McGuire, as novas tendências para o futuro da disciplina
passariam do estudo de temas intrapessoais como personalidade, atitudes e
ideologias, para o estudo de processos interpessoais e intergrupais, como relações
internacionais e políticas internacionais.
De acordo com o exposto, observamos que a Psicologia Política possui um caráter
multidisciplinar e, conforme o objetivo deste estudo que é o de confrontar a
Psicologia Política com os Estudos Organizacionais, apresentamos a seguir uma
breve descrição sobre os estudos organizacionais.
15
4 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Os Estudos Organizacionais têm sua origem a partir dos escritos de vários
pensadores do século XIX, como Saint-Simon, que tentaram entender e antecipar as
transformações ideológicas e estruturais criadas pelo capitalismo industrial (REED,
2006). Segundo Motta (2003), os Estudos Organizacionais são uma evolução da
teoria da administração, que se deu a partir da Segunda Guerra Mundial, e surgiu
devido às preocupações com a produtividade que apareceram com o advento da
Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII.
Em um contexto em que “imperavam as formas de produção e administração em
pequena escala” (REED, 2006, p. 61), tal revolução gerou mudanças no contexto
político, econômico e social da época, devido à modernização instigada pelo
capitalismo, onde as empresas cresceram e ficaram mais complexas, exigindo,
assim, novas formas de gestão.
Em um primeiro momento, o estudo das organizações teve por base os processos
científicos e racionais, onde a organização transformaria a irracionalidade humana
em comportamentos racionais (WOLIN apud REED, 2006), como ficou claro nos
trabalhos de alguns pioneiros dos estudos organizacionais, por exemplo, Taylor,
Fayol, Gulick, Urwick. Os trabalhos nessa época eram voltados para a
racionalização dos métodos de trabalho buscando uma maior eficiência e eficácia.
Diante da existência de novos problemas que não conseguiam ser solucionados
pela perspectiva mecanicista, novos estudiosos organizacionais começaram a
considerar os aspectos informais e psicológicos existentes dentro das organizações,
como destacam Clegg e Hardy (2006) ao mostrar que os trabalhos surgidos na
década de 1970 enfatizavam questões como conflito, poder, resistência entre outros.
Assim, os Estudos Organizacionais sofrem uma evolução, passando a agregar
outros campos de conhecimento, por exemplo, a engenharia, a psicologia, a política,
a econômica, a antropologia, a biologia, entre outros (FADUL e SILVA 2009),
adotando conceitos e teorias desses campos e exigindo “a criação ou recriação de
parâmetros de referência que norteassem as pesquisas, de modo a dar conta das
16
crises e contradições presentes no contexto das organizações” (LEAL e ROCHA,
2008, p. 1). Dessa forma, os Estudos Organizacionais recorrem “a uma perspectiva
multidisciplinar para compreender a realidade organizacional, e assim através de
distintos olhares disciplinares, [...] possibilitar maior compreensão do papel
gerencial” (LEAL e ROCHA, 2008, p. 1).
Partindo, então, da existência de uma multidisciplinaridade e de um grande número
de teorias e abordagens diferentes, Clegg e Hardy (2006) conceituam os Estudos
Organizacionais como sendo uma série de conversações entre teorias e
perspectivas diferentes sobre determinados assuntos dentro da organização
(CLEGG e HARDY, 2006). Isso se dá, porque
[...] as organizações são locais de ação social, mais ou menos abertas a
conhecimentos de disciplinas formais e explicitamente organizadas como
marketing, produção e assim por diante. Estão também relativamente abertas
às práticas de conversações sobre temas que permeiam o amplo tecido
social, como gênero, etnia e outras relações sociais culturalmente definidas,
todos eles assuntos potenciais para conhecimentos disciplinares formalmente
organizados, como antropologia, sociologia ou, mesmo, estudos
organizacionais [...]. (CLEGG e HARDY, 2006, p. 34)
Assim, essas conversações possibilitam aos gestores entender e explicar, de melhor
forma, certos problemas e fatos dentro das organizações que muitas vezes não são
tão bem respondidos pelas teorias organizacionais vigentes. Como afirmam
Rodrigues e Carrieri (2001),
[...] o uso do termo conversações para identificar o processo de construção
social do campo dos estudos organizacionais induz idéias de troca,
participação, pluralismo e, portanto, carrega um significado de inclusão.
Admite a interpretação de que a inclusão de novas perspectivas e
participantes pode resultar num melhor entendimento acerca das
organizações e suas particularidades locais. (RODRIGUES e CARRIERI,
2001, p. 84)
Já Reed (2006) afirma que a “teoria das organizações é um campo de conflitos
históricos em que diferentes línguas, abordagens e filosofias lutam por
reconhecimento e aceitação” (REED, 2006, p. 64), ou seja, ela se desenvolve por
meio de conflitos intelectuais históricos e consideram “as inter-relações entre os
fatores processuais e contextuais em torno dos quais essa área do conhecimento
emergiu” (MORGAN e STANLEY, apud REED, 2006, p. 66). Sendo assim, o campo
17
dos Estudos Organizacionais é formado por uma série de controvérsias teóricas e
conflitos ideológicos que giram em torno de temas sobre como a organização deve
ser (REED, 2006).
Para Morgan (1996), as explicações sobre a vida organizacional estão baseadas em
metáforas. Segundo ele, as pessoas se utilizam das metáforas toda vez que tentam
compreender um elemento da experiência humana em face de outro. Por exemplo,
as teorias clássicas viam a organização sob a metáfora da máquina, ou seja, as
organizações, para essas teorias, funcionam como verdadeiros autômatos, sendo,
portanto, organizadas como tal. Depois se vê a organização como sendo
organismos vivos, que sofrem interação constante com o ambiente onde se
encontram, dentre outras metáforas, que Morgan procurou identificar como sendo as
dominantes dentro de cada paradigma (BURRELL, 2006). Portanto, através da
utilização de diferentes metáforas, é possível entender o caráter paradoxal e
complexo da vida organizacional, possibilitando administrar e planejar as
organizações de formas não pensadas como possíveis anteriormente (MORGAN,
1996). Dada essa grande variedade de enfoques, perspectivas e teorias existentes
dentro dos Estudos Organizacionais, muitos e distintos são os temas tratados pelos
estudiosos das organizações.
Como já mencionado, o campo organizacional se desenvolveu a partir de autores da
escola científica e clássica da administração, representados principalmente por
Taylor e Fayol, que abordavam os aspectos racionais do trabalho.
De modo bastante genérico, as idéias desses pioneiros poderiam ser
resumidas na afirmação de que alguém será um bom administrador à medida
que planejar cuidadosamente todos os seus passos, organizar e coordenar
as atividades de seus subordinados e comandar e controlar seu desempenho
(MOTTA, 2001, p. 6)
Nessa perspectiva mecanicista, o homem era visto como um ser racional e que
conhecia todas as possibilidades de ações possíveis nos processos de tomada de
decisões. Os aspectos informais e psicológicos dos indivíduos não eram
considerados. A partir dos trabalhos de Elton Mayo, surge uma nova corrente de
estudos administrativos que viam o homem como um ser social, que não pode ser
18
reduzido a comportamentos mecanicistas e é movido por necessidades de
segurança, autor-realização, aprovação social e afeto.
Essa corrente que inaugurou o pensamento organicista e baseava-se na crença de
que o racionalismo fornecia uma visão limitada e enganadora da realidade (REED,
2006), ficou conhecida como Escola de Relações Humanas. Dialogava, portanto,
com teorias psicológicas para estudar o comportamento dos grupos informais dentro
das organizações, passando a exercer grande influência no desenvolvimento de
teorias posteriores, pois lidava pela primeira vez com os aspectos psicossociais
neste campo (MOTTA, 2001).
A partir do final da década de 1940 e início da década de 1950, a concepção das
organizações como sistemas sociais que sofriam influência e influenciavam o meio
em que se encontravam, deu origem à teoria geral dos sistemas, tornando-se um
modelo teórico dominante na análise organizacional (REED, 2006). Esse modelo
teve origem na biologia e foi adaptado aos estudos organizacionais. Assim, o tema
principal nessa época era voltado para um “foco interno” no projeto organizacional,
como uma preocupação “externa voltada para a incerteza ambiental” (THOMPSON
apud REED, 2006, p. 71), para que dessa forma houvesse uma maneira da
organização sobreviver frente aos desafios ambientais em que ela estava inserida.
Depois, uma nova tendência dentro dos Estudos Organizacionais foi a teoria da
contingência, que pode ser entendida como um “conjunto de conhecimentos,
derivados de diversos empreendimentos de pesquisa de campo, que procuraram
delimitar a validade dos princípios gerais da administração e organização a
situações específicas” (MOTTA, 2001, p. 25). Essa teoria baseia-se em dois tipos de
organizações consideradas ideais e estariam presentes nos extremos de um
continuun, onde em uma extremidade mostrava-se o “sistema mecânico” e na outra
o “sistema orgânico” (MOTTA, 2001). Esta corrente utilizava-se de trabalhos
referentes a diferentes formas estruturais e processuais derivadas de várias áreas
contextuais, tais como tecnologia, cultura e objetivos organizacionais, propriedade e
controle, localização e recursos utilizados.
19
Outro tema bastante importante dentro dos Estudos Organizacionais é o poder na
análise organizacional. Este é fundamentado na sociologia de dominação weberiana
e na sua análise da burocracia e burocratização (REED, 2006). Essa análise do
poder é baseada na visão do poder
como recurso ou capacidade distribuídos de forma diferenciada e que, se
empregado com o devido grau de habilidade estratégica e tática pelos atores
sociais, produz e reproduz relações hierarquicamente estruturadas de
autonomia e dependência (CLEEG e WRONG apud REED, 2006, p. 75).
Além dessas abordagens, muitas outras surgiram no campo dos Estudos
Organizacionais, por exemplo: a Cultura Organizacional na década de 1980, que
buscava entender o sucesso das empresas japonesas e o declínio das indústrias
automobilísticas ocidentais; a Psicanálise e a Organização, que estabelecia uma
relação entre a história organizacional e mudanças de valores com aspectos
afetivos, com base em uma linha psicológica e psicoanalítica, onde os indivíduos
utilizam as organizações para fortalecer sua defesa contra a ansiedade depressiva;
as Teorias Ambientais, que se baseiam na teoria do sistemas abertos e
contingenciais ou as questionam; a Seleção Natural, pautada na adaptação ao
ambiente e na seleção natural de Charles Darwin e; as abordagens Neoclássicas
que buscam um enxugamento da burocracia (MOTTA, 2001).
Porém, além dessa diversidade de assuntos inerentes aos Estudos Organizacionais,
Reed (2006) aponta alguns temas que estão praticamente ausentes nos trabalhos
de teoria das organizações, como, as questões de gênero, raça e etnicidade e
preconceito contra as minorias. Embora exista a chamada Gestão da Diversidade
(COSTA e FERREIRA, 2006), que se deu pela heterogeneidade dentro das
organizações com a inserção das multinacionais em outros países e da mulher no
mercado de trabalho, poucos são os trabalhos realizados que tratam estes temas,
principalmente àqueles relacionados ao racismo e a xenofobia, como apontado por
Costa e Ferreira (2006).
Diante do que foi exposto, observamos que as organizações são sistemas vivos e
que aprendem. Portanto, são consideradas altamente complexas, sendo a sua rede
de significados e interesses dinamicamente reconstruída ao longo do surgimento de
20
novos estudos organizacionais. Sendo assim, as teorias organizacionais apresentam
em seus estudos a multidisciplinaridade/interdisciplinaridade que tendem a
convergir, sendo formadas pelo individual e pelo coletivo, e que dentro desta
contextualização surge a necessidade da aplicação da ciência psicológica, podendo
assim estar alinhada a todas as áreas da psicologia, como a psicologia política.
Conhecidos os pressupostos básicos dos estudos da Psicologia Política e dos
Estudos Organizacionais, no tópico seguinte, analisamos as semelhanças e
diferenças entre essas duas disciplinas, conforme objetivo proposto deste estudo.
21
5. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Após a leitura dos Handbooks de Psicologia Política e Estudos Organizacionais,
pôde-se perceber uma grande semelhança entre os temas abordados por ambas as
disciplinas. Embora possuam diferentes objetos de estudo, com os Estudos
Organizacionais focando as organizações e a Psicologia Política a esfera política da
sociedade, essa semelhança de abordagens pode ser entendida pelo fato de que as
organizações são formadas por pessoas e grupos que se relacionam buscando
poder e a consecução de seus objetivos, sendo, portanto, essas relações
caracterizadas como políticas.
Dessa forma, muitos dos temas de interesse da Psicologia Política estão presentes
dentro das organizações, fazendo com que as análises da esfera política da
sociedade se encaixem perfeitamente no âmbito da análise organizacional.
Outra semelhança encontrada entre ambos os campos de estudos refere-se às
teorias utilizadas para explicar e estudar os temas abordados nestas duas áreas.
Isto pode ser explicado pelo fato de que ambas têm como principal característica a
multidisciplinaridade, ou seja, tomam emprestadas teorias de diversas áreas de
conhecimento. Essa similaridade de temas pode ser entendida também como tendo
surgido, principalmente, após o advento, nos Estudos Organizacionais, da Escola de
Relações Humanas, que passou a focar os aspectos psicológicos e subjetivos do
indivíduo dentro das organizações. Dentre os temas tratados pela Psicologia Política
e que possuem semelhança com os Estudos Organizacionais podemos destacar a
seguir, alguns dentre os mais relevantes.
Primeiro, a Psicologia Política surgiu tentando entender a personalidade autoritária
das lideranças européias e que culminou no fascismo na década de 1930-1940. A
partir daí, os estudiosos passaram a estudar a formação das lideranças políticas,
estudando suas características, o tipo de relação entre líderes e seguidores, suas
tarefas e os tipos de líderes existentes (SABUCEDO, 1996).
22
Essa preocupação também se encontra presente nos Estudos Organizacionais
tendo como ponto de partida as mesmas teorias utilizadas pela Psicologia Política.
De acordo com McFarland (apud SABUCEDO, 1996, p. 58), “o líder é o que faz com
que aconteçam coisas que de outra forma não aconteceriam” (tradução nossa) e
“fornece um senso de direção e de propósitos por meio da articulação de uma visão
de mundo convincente” (BRYMAN, 2004, p. 258). Ou seja, o líder é um dos
principais responsáveis para que os grupos se sintam motivados a atingir as metas e
objetivos organizacionais. Bryman (2004), ao fazer um levantamento dos estudos
sobre liderança no campo organizacional, afirma que as novas abordagens sobre
liderança, como, a liderança carismática, a visionária, etc., surgiram de estudos
sobre a liderança política.
Porém, os estudos organizacionais sobre liderança preocupam-se mais em como
encontrar um líder que faça com que os resultados organizacionais sejam atingidos,
enquanto a Psicologia Política está mais preocupada em entender a influência das
lideranças políticas sobre a população e suas conseqüências.
Outro tema que aparece com destaque em ambas as áreas é a tomada de decisão.
Analisando os processos de tomada de decisão nos estudos da Psicologia Política,
Lau (2003) faz um apanhado geral das teorias, desde o modelo racional até os
modelos de racionalidade limitada, assim como os aspectos e fatores que
influenciam a escolha da melhor estratégia a ser usada na tomada de decisões.
Essas escolhas são baseadas nos contextos sociais e políticos que os cidadãos,
líderes e instituições governamentais estão inseridos. Esse tema é de grande
importância também para as organizações, uma vez que os indivíduos e as
lideranças nas organizações necessitam tomar decisões o tempo todo, sobre como,
onde e em que investir, fazendo deste um tema central, tanto para os
administradores como para os psicólogos políticos. Mais uma vez, a diferença dos
estudos reside no objeto da análise, uma vez que os estudiosos da Psicologia
Política estudam principalmente a tomada de decisão das pessoas em relação ao
voto.
Outro tema interessante nos estudos da Psicologia Política e que também foi
considerado após o já citado advento da Escola de Relações Humanas é o estudo
23
das emoções e seus impactos sobre os indivíduos. Fineman (2001) em sua revisão
sobre a literatura dos estudos sobre emoção nas organizações afirma que somente
há pouco tempo os estudiosos começaram a admitir o efeito das emoções e
sentimentos dentro das organizações. Partindo do mito do ator organizacional
racional, o autor destaca três perspectivas para o estudo das emoções.
Uma perspectiva acredita que as emoções interferem na racionalidade fazendo com
que as pessoas parem de pensar corretamente e falhem em agir racionalmente e,
por isso, as emoções devem ser extirpadas. Esta perspectiva, como afirma Marcus
(2003), é a perspectiva tradicional na literatura de tomada de decisão. Outra
perspectiva defende que as emoções servem à racionalidade, ou seja, são elas que
orientam os julgamentos que os tomadores de decisão fazem sobre o que é
relevante ou não no processo de tomada de decisão. Por fim, a terceira perspectiva
afirma que as emoções e a racionalidade se entrelaçam, sendo o auto-interesse
racional completamente imbuído de emoção, ou seja, emoção e racionalidade não
podem ser separadas.
Essas mesmas perspectivas são citadas por Marcus (2003) em seu levantamento
sobre os estudos da emoção na Psicologia Política. O autor aponta ainda, outra
perspectiva, a de que a emoção não precisa, nem pode ser eliminada, mas que a
razão deve permanecer soberana. De acordo com o autor, são as emoções que
levam as pessoas à ação, mas a razão freia as ações impulsivas provocadas pela
emoção. Marcus termina seu levantamento, mostrando uma nova perspectiva no
estudo das emoções, baseada na neurociência, ao mencionar a influência dos
aspectos biológicos e fisiológicos do cérebro. Conclui seu estudo afirmando que a
razão necessita das emoções, não apenas para recrutar suas habilidades, mas
também para executar suas conclusões.
Outro tema interessante que já foi citado na seção sobre Psicologia Política é o da
“adequação cognitiva”. Esse tema também se faz presente nos Estudos
Organizacionais, uma vez que as organizações, além de afetar, também são
afetadas pelo ambiente onde estão inseridas. Então, da mesma forma que a
“adequação cognitiva” na Psicologia Política busca tentar prever as possíveis
mudanças que poderão ocorrer no ambiente para preparar as pessoas para o
24
estresse causado pela ruptura do status quo, as organizações também se
preocupam em tentar prever, através de sinais, as mudanças que ocorrerão tanto no
ambiente em que se encontram quanto nas mudanças intraorganizacionais, como as
provocadas pela “gestão” da cultura organizacional.
Outro tema refere-se à resolução de conflitos. No Handbook de Estudos
Organizacionais, este tema não se apresenta em um capítulo específico sobre os
estudos existentes nessa área, embora conflitos estejam presentes dentro das
organizações e nos livros sobre comportamento organizacional. Robbins (2004)
apresenta em seu livro um apanhando geral das formas de conflito e negociação nas
organizações apresentando teorias mais voltadas para conflitos grupais e
intraorganizacionais.
Kelman e Fisher (2003) analisam de forma aprofundada as teorias sobre análise e
resolução de conflitos no Handbook de Psicologia Política. Os autores dedicam-se a
análise de conflitos internacionais. Porém, muitas teorias apresentadas por eles,
também podem ser utilizadas para estudar os conflitos dentro dos grupos e entre
grupos organizacionais. Os autores apresentam os motivos por que e como os
conflitos surgem, como as elites e os governos atuam promovendo o aumento e a
perpetuação desses conflitos através da mobilização das lealdades de grupo,
criando barreiras para soluções e acordos. Analisam ainda como as pressões e
situações de estresse influenciam os processos de tomada de decisão dos
indivíduos. Por fim, os autores apresentam uma forma diferente de resolução de
conflitos, por meio da Resolução de Conflito Interativa, onde representantes de
ambas as partes conflituosas se encontram com uma terceira parte neutra, para
expor todos os seus problemas, sentimentos e percepções, não com o objetivo de
chegarem a um acordo, mas sim com o objetivo de mostrar para as partes
envolvidas como cada um realmente se sente. Isso, de acordo com os autores, pode
facilitar no entendimento do que ambas as partes sentem, e possibilitar a existência
de um acordo entre elas. Este tipo de resolução de conflito também pode ser
adotado na solução de conflitos organizacionais, por exemplo, entre empresas e
sindicatos ou entre empresas e governos ou entre governos e organizações da
sociedade civil organizada.
25
Outra abordagem interessante sobre conflitos é a Teoria da Imagem mencionada
por Herrmann (2003) na Psicologia Política. Através dessa teoria, explica-se como a
imagem e a existência de estereótipos que uma parte atribui à outra e vice-versa,
influenciam na percepção dos conflitos, das atitudes e durante processos de
negociação e tomadas de decisão. Por exemplo, se uma parte vê a outra como
sendo vil e trapaceira, toda e qualquer tentativa da outra parte em chegar a um
acordo vai sofrer uma desconfiança e um viés da parte que atribui tal imagem,
podendo, dessa forma, atrapalhar e criar barreiras na resolução de conflitos.
Um último tema a ser apontado neste tópico é o tema que trata das diversidades e
minorias existentes dentro das organizações. Este tema é de extrema relevância
atualmente nos Estudos Organizacionais devido à globalização e a inserção de
empresas multinacionais em outros países. Além disso, a ocupação de postos de
trabalhos nas organizações pelas mulheres e imigrantes provenientes de países
diferentes, também suscitam discussões sobre como lidar com a enormidade de
fatos e problemas derivados dessa diversidade. Calás e Smircich (2006) apontam,
por exemplo, as principais abordagens de cunho feminista presentes nos estudos
organizacionais, onde são criticadas as formas de poder masculino dentro das
organizações, revelando uma busca tanto por igualdade como por uma revolução
feminista nas empresas.
Nkomo e Cox (2006) realizam um apanhado geral sobre a diversidade e identidade
dentro das organizações. Segundo os autores, essa abordagem surgiu após as
políticas afirmativas de inclusão dos negros nos postos de trabalho nos Estados
Unidos e a existência de uma força de trabalho mais diversa devido à vinda dos
imigrantes estrangeiros. Porém, os trabalhos associados ao estudo da diversidade,
acabam ficando presos somente a Gestão da Diversidade, em que se busca a
melhor forma das empresas lidarem com as diferenças existentes criando uma
vantagem competitiva para a organização. Entretanto, esse é um tema muito
complexo, pois devem ser considerados problemas relativos ao preconceito, ao
racismo e a xenofobia, os quais podem surgir a partir da presença dessa força de
trabalho diversa dentro das organizações.
26
Nota-se que esse assunto é mais debatido e estudado pela Psicologia Política.
Duckitt (2003, p. 559), ao citar os principais estudos sobre preconceito e hostilidade
intergrupal, aponta que o preconceito pode ser visto como uma “atitude intergrupal
negativa”, que envolve tanto a categorização social, quando um grupo categoriza o
outro como sendo um grupo onde as atitudes negativas podem ser levantadas
contra eles, como a estrutura e dimensionalidade dessas atitudes intergrupais
negativas. Segundo o autor, existem três dimensões que levam ao preconceito: os
estereótipos negativos; os sentimentos negativos e; inclinações comportamentais
negativas, como o distanciamento social destes grupos ou até a violência física.
Duckitt cita ainda outras formas de preconceito existentes. Uma forma que pode ser
enquadrada nas políticas afirmativas de inclusão de minorias e negros nas
organizações é o chamado preconceito paternalista. Neste tipo de preconceito, não
existe ódio racial entre um grupo e o outro. O grupo preconceituoso sente pena do
outro por achar que o outro sofreu muito e dada a sua inferioridade e seu sofrimento
durante anos, não é capaz de alcançar os cargos e posições que o grupo
preconceituoso atingiu. O autor destaca também, diversas formas sutis de
preconceito que não são demonstradas pelas pessoas, mas que são percebidas em
suas atitudes e maneira de se expressar.
Estes fatos também podem existir dentro das organizações constituídas por um
quadro de pessoal diverso, justificando trabalhos que vão além do reconhecimento
das diferenças e a gestão dessas diferenças para alcançar uma vantagem
competitiva qualquer. Costa e Ferreira (2006) afirmam em seu levantamento sobre
os Estudos Organizacionais que tem como objetivo a xenofobia, o racismo, a
homofobia e o preconceito em geral, que estes estudos são muito poucos ou
inexistentes na academia brasileira. Isso pode acontecer, segundo as autoras, pelo
fato de no Brasil existir um preconceito velado, com o brasileiro tendo uma visão
muito ambígua sobre o preconceito, uma vez que dificilmente o brasileiro se declara
preconceituoso, além de se sentir orgulhoso por sua origem diversificada. Esse
tema, portanto, acaba se tornando um tabu nos Estudos Organizacionais,
diminuindo o interesse dos pesquisadores sobre o assunto. Dentre os temas
tratados nos Handbooks de Psicologia Política e Estudos Organizacionais, este é o
tema que mais diverge quanto ao objetivo do estudo.
27
Este tópico realizou uma comparação das semelhanças e diferenças das
abordagens temáticas dos Estudos Organizacionais e da Psicologia Política, devido
a multidisciplinaridade e semelhanças entre os temas estudados por ambas as
áreas. No próximo tópico, consolidaremos a comparação entre ambas, enfatizando
as implicações do estudo, suas delimitações e objetos para novos estudos.
28
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As organizações são um campo rico de processos psicológicos e psicossociais
essenciais à própria constituição do fenômeno organizacional e com profundos
impactos sobre o trabalho, pessoas e a sociedade. A evolução das diferentes
escolas organizacionais revela as transformações na visão do mundo e da ciência
que geraram reflexos em várias disciplinas, inclusive na psicologia. Tais escolas de
pensamento podem ser comparadas e alinhadas às diferentes teorias que moldam a
ciência psicológica, dessa forma podem existir relações com a área da Psicologia
Política, pois a organização é considerada uma entidade política.
Descrever sobre Psicologia Política e Estudos Organizacionais para buscar uma
aproximação e distanciamento entre essas duas disciplinas não é tarefa fácil,
principalmente pela escassez de bibliografias. Ao mesmo tempo pode-se perceber
que existe um grande estreitamento entre as duas, visto que ambas estudam temas
semelhantes, como pode ser visto na comparação dos Handbooks e que foi descrito
no tópico cinco deste estudo.
As organizações possuem um cenário muito semelhante àqueles estudados na
disciplina de Psicologia Política. Isso se dá porque elas possuem as mesmas
características de administração encontradas na esfera pública. Grande parte dos
problemas enfrentados pelos governos e sociedades, como poder, conflitos,
racismo, xenofobia entre outros, estão também presentes dentro das organizações.
Por isso, viu-se que se pode buscar nos estudos da Psicologia Política, alternativas
aplicáveis a resolução desses problemas dentro das organizações.
Porém, percebeu-se que, apesar das semelhanças, é pouco presente a aplicação
desta disciplina aos Estudos Organizacionais, talvez por ela ser ainda muito recente
e pouco conhecida pelos acadêmicos da Administração, assim como uma área
minoritária na psicologia.
As principais semelhanças percebidas entre as duas disciplinas foram em relação
aos estudos sobre formação e característica das lideranças, tomada de decisão,
resolução de conflitos, influência das emoções nos indivíduos e busca de adaptação
29
às mudanças. A principal diferença se deu no estudo das minorias e das relações de
preconceito existentes entre os grupos.
As temáticas reveladas importantes à Psicologia Política podem sinalizar alguns
campos interessantes de investigação aos Estudos Organizacionais. Podem-se
aprofundar os estudos nas áreas ainda pouco exploradas no meio acadêmico pela
Administração, como a do preconceito paternalista, a xenofobia, o racismo, a
homofobia, a posição da mulher no enfoque de trabalho nas organizações e o
preconceito em geral, que estão cada vez mais presentes nas organizações, dada a
globalização e consequente existência de organizações multi e transnacionais.
Desta forma, a principal contribuição da Psicologia Política para os Estudos
Organizacionais se dá na busca do entendimento sobre como surgem os conflitos
entre os grupos, quais suas causas e como evitá-las ou trabalhá-las para que sejam
evitados conflitos negativos, que gerem ineficiências nas organizações.
A Psicologia Política busca estudar e entender como os preconceitos são formados
entre os grupos e as formas de superá-los. Neste cenário, os Estudos
Organizacionais, valendo-se de tais teorias, podem reconstruir seus valores de
forma mais dinâmica, adaptando a organização às mudanças mais rapidamente. No
nosso entender, como a Psicologia Política abarca o macro sistema, são os Estudos
Organizacionais que mais poderão tirar proveito deste campo de estudo, pois o
subsistema – organização – trata-se de uma projeção do sistema maior.
Portanto, divulgar a Psicologia Política para os estudiosos e profissionais da área de
Estudos Organizacionais, pode vir a resultar em um significado mais profundo de
produção de conhecimento, pois ela constitui uma série de estudos que podem ser
implementados nas organizações contribuindo para a resolução dos conflitos de
caráter político presentes nas organizações, criando assim uma participação mais
representativa e igualitária dos indivíduos da organização.
30
REFERÊNCIAS
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Monografia Thomas Boina Dalvi

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO THOMAS BOINA DALVI SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS VITÓRIA 2010
  • 2. THOMAS BOINA DALVI SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Monografia apresentada ao Departamento de Administração do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientadora: Profª. Drª. Márcia Prezotti Palassi. VITÓRIA 2010
  • 3. THOMAS BOINA DALVI SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Monografia apresentada ao Departamento de Administração do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Aprovada em ____ de _________ de 2010. COMISSÃO EXAMINADORA _________________________________ Profª. Drª. Márcia Prezotti Palassi Universidade Federal do Espírito Santo Orientadora _________________________________ Prof. Dr. Eloísio Moulin de Souza Universidade Federal do Espírito Santo _________________________________ Prof. Dr. Alfredo Rodrigues Leite da Silva Universidade Federal do Espírito Santo
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais por sempre estarem ao meu lado me apoiando em tudo o que eu faço, por todo o carinho, atenção e paciência e por sempre acreditarem em mim. À professora Márcia Prezotti pela excelente orientação e ajuda tão necessária para a realização deste trabalho. Aos meus amigos Leonardo, Rovena e Lorena que tanto me apoiaram e estiveram ao meu lado, ajudando no que fosse preciso. E a todos que indiretamente ajudaram para a realização deste trabalho.
  • 5. “Escrevo algumas palavras ainda me recuperando do impacto que me causou a leitura.” Fiódor Dostoiévski
  • 6. RESUMO O presente trabalho busca mostrar as semelhanças e diferenças entre os Estudos Organizacionais e a Psicologia Política, partindo do fato de que ambas apresentam uma semelhança quanto aos temas estudados por serem áreas multidisciplinares que se utilizam de várias fontes teóricas diferentes. A metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico, realizando-se uma leitura das principais publicações destas áreas e uma análise dos Handbooks de Psicologia Política e de Estudos Organizacionais. Encontraram-se muitas semelhanças nos estudos sobre liderança, tomada de decisões, emoções nas organizações entre outras, com a principal diferença identificada nos estudos sobre preconceito e minorias. Como consideração final, viu-se que a Psicologia Política pode contribuir com os Estudos Organizacionais na compreensão de algumas questões ainda não muito bem tratadas pelos administradores como, por exemplo, questões relacionadas com o preconceito contra as minorias presentes dentro das organizações. Palavras-Chave: Psicologia Política, Estudos Organizacionais, Administração.
  • 7. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................7 2. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................9 3. PSICOLOGIA POLÍTICA.......................................................................................10 4 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS............................................................................15 5. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS...............................................................................21 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................28 REFERÊNCIAS.........................................................................................................30
  • 8. 7 1. INTRODUÇÃO As organizações estão presentes em nossa sociedade, atingindo todos os aspectos da vida humana e demandando tempo e energia de numerosas pessoas. Elas são altamente especializadas e interdependentes e constituem a forma de instituição predominante na sociedade atual. As organizações possuem uma estrutura interna e interagem com outras organizações e com o meio em que está inserida, adquirindo assim, um conceito de sistema altamente complexo, caracterizado pela utilização de metodologia específica apropriada à característica de cada organização. (CHIAVENATO, 2004) Dada a característica da organização como um sistema complexo, esta possui uma performance de sistema baseado na premissa de que o todo é maior que a soma das partes, com comportamento de difícil prognóstico, além de uma complexidade emergente ao relacionar o todo com as partes, a qual deve receber energia constante para não perder o equilíbrio, ter capacidade de auto-organização, ser um sistema aberto, flexível e adaptativo. Diante dessas características, as organizações são concebidas como sistemas vivos, que existem em um ambiente amplo, dependendo da satisfação de suas várias necessidades, abandonando a ciência mecânica e inspirando-se na biologia como uma fonte de idéias para refletir às organizações como sistemas complexos. (MORGAN, 1996) Com a evolução das teorias administrativas, os psicólogos começaram a mostrar como as estruturas burocráticas, os estilos de liderança e a organização do trabalho em ambientes formais e informais poderiam ser modificados para criar um ambiente enriquecido, motivado e democrático, surgindo como alternativa à orientação autoritária gerada pela administração científica. Partindo da reflexão sobre a complexidade das organizações, a multidisciplinaridade passa a ser considerada para desmistificar a administração das organizações. Uma das disciplinas que pode contribuir neste processo é a Psicologia Política que tem por objetivo a ligação da psicologia com os diferentes temas da política,
  • 9. 8 principalmente no que tange ao comportamento humano como, liderança política, socialização política, ação política, comunicação política etc. Por ser a organização um sistema vivo, o principal recurso a ser tratado neste contexto são as pessoas, que interagem nos sistemas organizacionais e acabam na maioria das vezes “socializando” seus problemas indiscriminadamente, não se dando conta do despreparo de quem está ouvindo. Portanto, a Psicologia Política é uma disciplina relevante para a compreensão de vários problemas inerentes aos fenômenos comportamentais e psicológicos da coletividade, tais como: ambição, poder, exclusão, privação, competição, fuga da realidade, machismo, compensação do complexo de inferioridade ou desejo de superioridade, desespero por fatos, mitos e ritos emocionais. Esta problematização aponta para a necessidade de visualização da administração como uma prática interdisciplinar. Sendo assim, este trabalho parte do pressuposto que a psicologia política pode oferecer novas perspectivas de análise para temas de interesses dos Estudos Organizacionais, uma vez que as organizações são formadas por interações coletivas. Portanto, o objetivo deste trabalho é verificar as semelhanças e diferenças entre os Estudos Organizacionais e a Psicologia Política, para que o leitor possa visualizar como a psicologia política contribui com os estudos organizacionais. Sendo assim, neste primeiro tópico apresentamos o problema de pesquisa, o objetivo do trabalho, justificamos a relevância teórica e social e a estrutura do trabalho. No segundo tópico apresentamos o tipo de pesquisa adotado para a realização deste trabalho. No terceiro tópico, descrevemos um breve histórico, conceito e principais temas estudados na Psicologia Política e no quarto tópico fizemos o mesmo em relação dos Estudos Organizacionais. No quinto tópico apontamos as principais semelhanças e diferenças entre a Psicologia Política e os Estudos Organizacionais. E, por fim, no sexto tópico tecemos as considerações finais deste texto, apontando as contribuições do estudo, limitações e sugestões para futuras pesquisas.
  • 10. 9 2. METODOLOGIA DA PESQUISA Esse estudo é uma pesquisa bibliográfica desenvolvida com base em material científico já elaborado (GIL, 2002). Foram analisados artigos publicados sobre o objetivo, histórico e temas abordados em cada uma das áreas citadas na introdução, nos anais dos Encontros de Estudos Organizacionais – EnEO da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração - ANPAD e da Revista Psicologia Política da Associação Brasileira de Psicologia Política – ABPP, bem como a leitura e comparação dos Handbooks de Estudos Organizacionais e de Psicologia Política. A leitura dos Handbooks, que funcionam como uma espécie de manual das áreas, possibilitou maior conhecimento sobre os autores, história, desenvolvimento, principais temas estudados e temas emergentes em ambas as áreas, tornando viável a identificação das semelhanças e diferenças entre elas, a fim de atingir o objetivo proposto. As análises dos resultados foram realizadas em duas etapas. Primeiro realizamos uma leitura das principais publicações na área de Estudos Organizacionais e de Psicologia Política, para entender no que essas áreas consistem, como se desenvolveram e o que estudam. Em seguida, estabelecemos uma comparação entre os Handbooks, a fim de facilitar a identificação das semelhanças e diferenças, cujos resultados encontram-se descritos a seguir.
  • 11. 10 3. PSICOLOGIA POLÍTICA A Psicologia Política é uma área de pesquisa multidisciplinar com enfoque nos estudos de poder, personalidade política, atitudes políticas, liderança, comportamento eleitoral, conflitos internacionais e movimentos sociais (AIZPURÚA, 2002), que surgiu formalmente na década de 1970 devido à necessidade de se formalizar em uma única e nova disciplina, a enorme variedade de trabalhos que relacionam os distintos processos psicológicos com diferentes temáticas políticas. (SABUCEDO, 1996) A partir da segunda metade do século XIX já começam a aparecer inúmeras investigações relacionando os processos políticos aos psicológicos, que mais tarde ajudariam a dar corpo à disciplina. Em 1910, com a publicação da obra “La Psicología Política y la defensa social”, Le Bon observa a aplicação de conhecimentos psicológicos no âmbito dos fenômenos políticos. Ele foi um dos primeiros a tratar de temas centrais da disciplina, tais quais: relação entre líderes e liderados e a característica das massas (SABUCEDO, 1996). Da década de 1930 até o momento da institucionalização, ocorrida na década de 1970, ocorrem uma série de investigações que serviram de base para a formação da Psicologia Política como disciplina, sendo Lasswell um dos autores que contribuiu de forma mais decisiva para o seu desenvolvimento, abordando em seus trabalhos temas como o poder, a relação entre elite e as massas, liderança política e os mecanismos de influência, entre outros. Os estudos da década de 1970 que ajudaram a promover de fato a formação da disciplina são basicamente apoiados em três grandes temas que são segundo Seoane (1988): o estudo das atitudes sociais; os estudos sobre a Segunda Guerra Mundial, que buscavam entender e analisar o nazismo e o genocídio e; a investigação sobre as dimensões psicológicas da conduta do voto. Além disso, a criação dos primeiros manuais (1973) e a criação em 1978 da Sociedade Internacional de Psicologia Política, ajudaram em sua institucionalização acadêmica. Sabucedo (1996) afirma que a Psicologia Política possui uma vocação para integrar e convocar investigadores, acadêmicos e profissionais de diversas áreas o que
  • 12. 11 possibilita, dada à complexidade das questões estudadas pela disciplina, uma maior pluralidade de enfoques e perspectivas. A Psicologia Política tem o objetivo de realizar, segundo Aizpurúa (2002, p. 40) “análises psicológicas à compreensão e resolução de problemas políticos [...]”, e é uma área de pesquisa que busca entender como os fatores psicológicos influenciam na conduta política e o efeito que os processos políticos têm sobre os processos psicológicos (SABUCEDO, 1996). Assim, para Sears, Huddy e Jervis (2003), não existe uma única Psicologia Política, mas sim um número de fenômenos políticos que foram investigados utilizando uma aproximação psicológica e fazendo uso de diferentes teorias psicológicas, logo existem diferentes tipos de Psicologia Política, cada uma usando a teoria que é mais apropriada ao fenômeno estudado. Embora tenha surgido apenas recentemente com este nome, já existiam no passado, vários protótipos de uma Psicologia Política, não com a pretensão de se tornar uma disciplina, mas sim como uma forma de estudar os temas políticos que eram, de certa forma, relegados pela Psicologia Geral (SEOANE, 1988). Assim, como afirma Sabucedo (1996) é ingênuo pensar que o interesse pelas dimensões psicológicas das condutas políticas ou pelas conseqüências psicológicas de determinado sistema sociopolítico tenham surgido apenas após a instituição formal da disciplina. Apesar da Psicologia Política já ser uma disciplina formalmente instituída, assim como ocorre em diversas outras áreas de estudos, conceituá-la não é algo fácil, e existem divergências de acordo com os diferentes posicionamentos dos investigadores em seus trabalhos. Tais divergências, ao invés de travar os estudos, servem na verdade para desenvolver a disciplina, possibilitando diferentes visões acerca dos temas estudados. Sabucedo (1996) e Seoane (1988) destacam alguns dos principais conceitos teóricos, como, os de Stone, Hermann e Deutsch, que entendem a Psicologia Política como uma interação entre processos psicológicos e fenômenos políticos e dos efeitos psicológicos dos sistemas e acontecimento políticos. Para Greenstein (apud SEOANE, 1988), a atividade política possui aspectos psicológicos cujo estudo
  • 13. 12 pertence à Psicologia. Dessa forma, a Psicologia Política seria, na verdade, a aplicação de um corpo de conhecimentos já estabelecidos. Knutson (apud Seoane, 1988), afirma que a Psicologia Política se trata de um esforço interdisciplinar onde o conhecimento obtido pelas ciências da conduta se concentra nas necessidades humanas críticas, podendo, dessa forma, realizar-se a promessa política de possibilitar uma vida satisfatória. Já para Sabucedo (1996, p. 22): [...] a Psicologia Política consiste no estudo das crenças, representações ou sentido comum que os cidadãos têm sobre a política, e os comportamentos destes que, por ação ou omissão, tratem de incidir ou contribuam à manutenção ou mudança de uma determinada ordem sócio-política. Com esta aproximação à Psicologia Política não trata de eliminar a referência a conduta política institucional (partidos, governos, conduta de voto), mas de ampliar seu significado para dar lugar a outros importantes fenômenos da vida política. (Tradução nossa) Partindo para a análise do objeto de estudo da Psicologia Política, Sabucedo (1996) cita Martin Baró, que afirma que uma das formas para se entender a política é tomar como base de definição um dos aspectos fundamentais da vida social, qual seja: o poder. Assim, segundo o autor, a conduta política é aquela em que se intervêm alguma forma de poder e que todo comportamento interpessoal ou intergrupal supõe algum grau de poder, sendo, portanto, um comportamento político. Quanto aos principais temas estudados pela disciplina, Sabucedo (1996) e Aizpurúa (2002) fizeram um amplo levantamento dos assuntos mais recorrentes. Tem-se, por exemplo, o estudo do indivíduo como ator político, que aborda questões como a socialização política e a participação; a análise dos movimentos políticos, onde se busca entender como os indivíduos interagem para promover, controlar ou evitar mudanças; a formação da personalidade política, buscando entender como os indivíduos são influenciados pela sociedade, moldando assim a personalidade política dos líderes e dos liderados; a coalizão e estruturas políticas, que buscam entender o que liga os liderados aos seus líderes; as relações entre grupos políticos, que visa o entendimento entre unidades políticas, entre nações e estuda principalmente os conflitos internacionais e; os processos políticos, que tem como finalidade realizar uma análise dos processos individuais e coletivos implícitos, no
  • 14. 13 comportamento das entidades políticas, estudando o que as afetam e pelo que são afetados, abordando temas como percepção e cognição, tomada de decisões, persuasão e aprendizagem. Além desses temas, Seoane (1994) afirma que um tema de grande importância e que se mantêm constante, independente das diferenças teóricas e de interesses dos investigadores da Psicologia Política, é o estudo da adaptação dos cidadãos às mudanças políticas e sociais, que ele denomina de “adequação cognitiva”. Segundo o autor, essa adequação cognitiva busca entender os problemas de adaptação que uma determinada comunidade enfrenta frente a uma nova ordem social, cultural e política. O papel da “adequação cognitiva” é, portanto, o de [...] minimizar o efeito da crise diante da mudança, promover a adaptação individual e coletiva face à nova ordem social, evitando assim – ou ao menos reduzindo – o sofrimento que gera a ruptura e a desorientação, antecipando na medida do possível o futuro de pessoas, grupos e instituições. (SEOANE, 1994, p. 60. Tradução nossa) Dessa forma, frente às mudanças cada fez mais freqüentes e mais rápidas que ocorrem nas sociedades atuais e pós-modernas, o papel da “adequação cognitiva” é de máximo interesse para os estudos da Psicologia Política, ajudando a antecipar e predizer as mudanças, podendo proporcionar uma melhor adaptação aos efeitos das crises de ruptura que ocorrem durante mudanças na organização social. Outros temas importantes estudados pela Psicologia Política e que estão tendo sua importância recuperada referem-se à xenofobia e a discriminação, que voltaram a acontecer principalmente na Europa (SABUCEDO, 1996). Seoane (1994) citando trabalho realizado por McGuire, mostra uma classificação de três etapas do passado da Psicologia Política, e uma possível quarta etapa onde entram as futuras tendências de abordagem da disciplina. A primeira etapa, que se encontra nas décadas de 1940 e 1950, foram denominadas de etapa da “personalidade e cultura”, marcada pelos estudos sobre pensamentos, sentimentos e ações políticas de acordo com o determinismo ambiental. Na segunda etapa, que abrange as décadas 1960 e 1970, os temas mais estudados são as atitudes políticas e a conduta do voto, desenvolvidos sob pressupostos racionalistas.
  • 15. 14 Já a terceira etapa, que vai das décadas de 1980 a 1990, foi intitulada de etapa da ideologia e decisão, a qual possui orientação cognitiva e se dedica principalmente ao estudo dos sistemas de crenças que fundamentam as tomadas de decisões políticas. Por fim, segundo McGuire, as novas tendências para o futuro da disciplina passariam do estudo de temas intrapessoais como personalidade, atitudes e ideologias, para o estudo de processos interpessoais e intergrupais, como relações internacionais e políticas internacionais. De acordo com o exposto, observamos que a Psicologia Política possui um caráter multidisciplinar e, conforme o objetivo deste estudo que é o de confrontar a Psicologia Política com os Estudos Organizacionais, apresentamos a seguir uma breve descrição sobre os estudos organizacionais.
  • 16. 15 4 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Os Estudos Organizacionais têm sua origem a partir dos escritos de vários pensadores do século XIX, como Saint-Simon, que tentaram entender e antecipar as transformações ideológicas e estruturais criadas pelo capitalismo industrial (REED, 2006). Segundo Motta (2003), os Estudos Organizacionais são uma evolução da teoria da administração, que se deu a partir da Segunda Guerra Mundial, e surgiu devido às preocupações com a produtividade que apareceram com o advento da Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII. Em um contexto em que “imperavam as formas de produção e administração em pequena escala” (REED, 2006, p. 61), tal revolução gerou mudanças no contexto político, econômico e social da época, devido à modernização instigada pelo capitalismo, onde as empresas cresceram e ficaram mais complexas, exigindo, assim, novas formas de gestão. Em um primeiro momento, o estudo das organizações teve por base os processos científicos e racionais, onde a organização transformaria a irracionalidade humana em comportamentos racionais (WOLIN apud REED, 2006), como ficou claro nos trabalhos de alguns pioneiros dos estudos organizacionais, por exemplo, Taylor, Fayol, Gulick, Urwick. Os trabalhos nessa época eram voltados para a racionalização dos métodos de trabalho buscando uma maior eficiência e eficácia. Diante da existência de novos problemas que não conseguiam ser solucionados pela perspectiva mecanicista, novos estudiosos organizacionais começaram a considerar os aspectos informais e psicológicos existentes dentro das organizações, como destacam Clegg e Hardy (2006) ao mostrar que os trabalhos surgidos na década de 1970 enfatizavam questões como conflito, poder, resistência entre outros. Assim, os Estudos Organizacionais sofrem uma evolução, passando a agregar outros campos de conhecimento, por exemplo, a engenharia, a psicologia, a política, a econômica, a antropologia, a biologia, entre outros (FADUL e SILVA 2009), adotando conceitos e teorias desses campos e exigindo “a criação ou recriação de parâmetros de referência que norteassem as pesquisas, de modo a dar conta das
  • 17. 16 crises e contradições presentes no contexto das organizações” (LEAL e ROCHA, 2008, p. 1). Dessa forma, os Estudos Organizacionais recorrem “a uma perspectiva multidisciplinar para compreender a realidade organizacional, e assim através de distintos olhares disciplinares, [...] possibilitar maior compreensão do papel gerencial” (LEAL e ROCHA, 2008, p. 1). Partindo, então, da existência de uma multidisciplinaridade e de um grande número de teorias e abordagens diferentes, Clegg e Hardy (2006) conceituam os Estudos Organizacionais como sendo uma série de conversações entre teorias e perspectivas diferentes sobre determinados assuntos dentro da organização (CLEGG e HARDY, 2006). Isso se dá, porque [...] as organizações são locais de ação social, mais ou menos abertas a conhecimentos de disciplinas formais e explicitamente organizadas como marketing, produção e assim por diante. Estão também relativamente abertas às práticas de conversações sobre temas que permeiam o amplo tecido social, como gênero, etnia e outras relações sociais culturalmente definidas, todos eles assuntos potenciais para conhecimentos disciplinares formalmente organizados, como antropologia, sociologia ou, mesmo, estudos organizacionais [...]. (CLEGG e HARDY, 2006, p. 34) Assim, essas conversações possibilitam aos gestores entender e explicar, de melhor forma, certos problemas e fatos dentro das organizações que muitas vezes não são tão bem respondidos pelas teorias organizacionais vigentes. Como afirmam Rodrigues e Carrieri (2001), [...] o uso do termo conversações para identificar o processo de construção social do campo dos estudos organizacionais induz idéias de troca, participação, pluralismo e, portanto, carrega um significado de inclusão. Admite a interpretação de que a inclusão de novas perspectivas e participantes pode resultar num melhor entendimento acerca das organizações e suas particularidades locais. (RODRIGUES e CARRIERI, 2001, p. 84) Já Reed (2006) afirma que a “teoria das organizações é um campo de conflitos históricos em que diferentes línguas, abordagens e filosofias lutam por reconhecimento e aceitação” (REED, 2006, p. 64), ou seja, ela se desenvolve por meio de conflitos intelectuais históricos e consideram “as inter-relações entre os fatores processuais e contextuais em torno dos quais essa área do conhecimento emergiu” (MORGAN e STANLEY, apud REED, 2006, p. 66). Sendo assim, o campo
  • 18. 17 dos Estudos Organizacionais é formado por uma série de controvérsias teóricas e conflitos ideológicos que giram em torno de temas sobre como a organização deve ser (REED, 2006). Para Morgan (1996), as explicações sobre a vida organizacional estão baseadas em metáforas. Segundo ele, as pessoas se utilizam das metáforas toda vez que tentam compreender um elemento da experiência humana em face de outro. Por exemplo, as teorias clássicas viam a organização sob a metáfora da máquina, ou seja, as organizações, para essas teorias, funcionam como verdadeiros autômatos, sendo, portanto, organizadas como tal. Depois se vê a organização como sendo organismos vivos, que sofrem interação constante com o ambiente onde se encontram, dentre outras metáforas, que Morgan procurou identificar como sendo as dominantes dentro de cada paradigma (BURRELL, 2006). Portanto, através da utilização de diferentes metáforas, é possível entender o caráter paradoxal e complexo da vida organizacional, possibilitando administrar e planejar as organizações de formas não pensadas como possíveis anteriormente (MORGAN, 1996). Dada essa grande variedade de enfoques, perspectivas e teorias existentes dentro dos Estudos Organizacionais, muitos e distintos são os temas tratados pelos estudiosos das organizações. Como já mencionado, o campo organizacional se desenvolveu a partir de autores da escola científica e clássica da administração, representados principalmente por Taylor e Fayol, que abordavam os aspectos racionais do trabalho. De modo bastante genérico, as idéias desses pioneiros poderiam ser resumidas na afirmação de que alguém será um bom administrador à medida que planejar cuidadosamente todos os seus passos, organizar e coordenar as atividades de seus subordinados e comandar e controlar seu desempenho (MOTTA, 2001, p. 6) Nessa perspectiva mecanicista, o homem era visto como um ser racional e que conhecia todas as possibilidades de ações possíveis nos processos de tomada de decisões. Os aspectos informais e psicológicos dos indivíduos não eram considerados. A partir dos trabalhos de Elton Mayo, surge uma nova corrente de estudos administrativos que viam o homem como um ser social, que não pode ser
  • 19. 18 reduzido a comportamentos mecanicistas e é movido por necessidades de segurança, autor-realização, aprovação social e afeto. Essa corrente que inaugurou o pensamento organicista e baseava-se na crença de que o racionalismo fornecia uma visão limitada e enganadora da realidade (REED, 2006), ficou conhecida como Escola de Relações Humanas. Dialogava, portanto, com teorias psicológicas para estudar o comportamento dos grupos informais dentro das organizações, passando a exercer grande influência no desenvolvimento de teorias posteriores, pois lidava pela primeira vez com os aspectos psicossociais neste campo (MOTTA, 2001). A partir do final da década de 1940 e início da década de 1950, a concepção das organizações como sistemas sociais que sofriam influência e influenciavam o meio em que se encontravam, deu origem à teoria geral dos sistemas, tornando-se um modelo teórico dominante na análise organizacional (REED, 2006). Esse modelo teve origem na biologia e foi adaptado aos estudos organizacionais. Assim, o tema principal nessa época era voltado para um “foco interno” no projeto organizacional, como uma preocupação “externa voltada para a incerteza ambiental” (THOMPSON apud REED, 2006, p. 71), para que dessa forma houvesse uma maneira da organização sobreviver frente aos desafios ambientais em que ela estava inserida. Depois, uma nova tendência dentro dos Estudos Organizacionais foi a teoria da contingência, que pode ser entendida como um “conjunto de conhecimentos, derivados de diversos empreendimentos de pesquisa de campo, que procuraram delimitar a validade dos princípios gerais da administração e organização a situações específicas” (MOTTA, 2001, p. 25). Essa teoria baseia-se em dois tipos de organizações consideradas ideais e estariam presentes nos extremos de um continuun, onde em uma extremidade mostrava-se o “sistema mecânico” e na outra o “sistema orgânico” (MOTTA, 2001). Esta corrente utilizava-se de trabalhos referentes a diferentes formas estruturais e processuais derivadas de várias áreas contextuais, tais como tecnologia, cultura e objetivos organizacionais, propriedade e controle, localização e recursos utilizados.
  • 20. 19 Outro tema bastante importante dentro dos Estudos Organizacionais é o poder na análise organizacional. Este é fundamentado na sociologia de dominação weberiana e na sua análise da burocracia e burocratização (REED, 2006). Essa análise do poder é baseada na visão do poder como recurso ou capacidade distribuídos de forma diferenciada e que, se empregado com o devido grau de habilidade estratégica e tática pelos atores sociais, produz e reproduz relações hierarquicamente estruturadas de autonomia e dependência (CLEEG e WRONG apud REED, 2006, p. 75). Além dessas abordagens, muitas outras surgiram no campo dos Estudos Organizacionais, por exemplo: a Cultura Organizacional na década de 1980, que buscava entender o sucesso das empresas japonesas e o declínio das indústrias automobilísticas ocidentais; a Psicanálise e a Organização, que estabelecia uma relação entre a história organizacional e mudanças de valores com aspectos afetivos, com base em uma linha psicológica e psicoanalítica, onde os indivíduos utilizam as organizações para fortalecer sua defesa contra a ansiedade depressiva; as Teorias Ambientais, que se baseiam na teoria do sistemas abertos e contingenciais ou as questionam; a Seleção Natural, pautada na adaptação ao ambiente e na seleção natural de Charles Darwin e; as abordagens Neoclássicas que buscam um enxugamento da burocracia (MOTTA, 2001). Porém, além dessa diversidade de assuntos inerentes aos Estudos Organizacionais, Reed (2006) aponta alguns temas que estão praticamente ausentes nos trabalhos de teoria das organizações, como, as questões de gênero, raça e etnicidade e preconceito contra as minorias. Embora exista a chamada Gestão da Diversidade (COSTA e FERREIRA, 2006), que se deu pela heterogeneidade dentro das organizações com a inserção das multinacionais em outros países e da mulher no mercado de trabalho, poucos são os trabalhos realizados que tratam estes temas, principalmente àqueles relacionados ao racismo e a xenofobia, como apontado por Costa e Ferreira (2006). Diante do que foi exposto, observamos que as organizações são sistemas vivos e que aprendem. Portanto, são consideradas altamente complexas, sendo a sua rede de significados e interesses dinamicamente reconstruída ao longo do surgimento de
  • 21. 20 novos estudos organizacionais. Sendo assim, as teorias organizacionais apresentam em seus estudos a multidisciplinaridade/interdisciplinaridade que tendem a convergir, sendo formadas pelo individual e pelo coletivo, e que dentro desta contextualização surge a necessidade da aplicação da ciência psicológica, podendo assim estar alinhada a todas as áreas da psicologia, como a psicologia política. Conhecidos os pressupostos básicos dos estudos da Psicologia Política e dos Estudos Organizacionais, no tópico seguinte, analisamos as semelhanças e diferenças entre essas duas disciplinas, conforme objetivo proposto deste estudo.
  • 22. 21 5. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A PSICOLOGIA POLÍTICA E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Após a leitura dos Handbooks de Psicologia Política e Estudos Organizacionais, pôde-se perceber uma grande semelhança entre os temas abordados por ambas as disciplinas. Embora possuam diferentes objetos de estudo, com os Estudos Organizacionais focando as organizações e a Psicologia Política a esfera política da sociedade, essa semelhança de abordagens pode ser entendida pelo fato de que as organizações são formadas por pessoas e grupos que se relacionam buscando poder e a consecução de seus objetivos, sendo, portanto, essas relações caracterizadas como políticas. Dessa forma, muitos dos temas de interesse da Psicologia Política estão presentes dentro das organizações, fazendo com que as análises da esfera política da sociedade se encaixem perfeitamente no âmbito da análise organizacional. Outra semelhança encontrada entre ambos os campos de estudos refere-se às teorias utilizadas para explicar e estudar os temas abordados nestas duas áreas. Isto pode ser explicado pelo fato de que ambas têm como principal característica a multidisciplinaridade, ou seja, tomam emprestadas teorias de diversas áreas de conhecimento. Essa similaridade de temas pode ser entendida também como tendo surgido, principalmente, após o advento, nos Estudos Organizacionais, da Escola de Relações Humanas, que passou a focar os aspectos psicológicos e subjetivos do indivíduo dentro das organizações. Dentre os temas tratados pela Psicologia Política e que possuem semelhança com os Estudos Organizacionais podemos destacar a seguir, alguns dentre os mais relevantes. Primeiro, a Psicologia Política surgiu tentando entender a personalidade autoritária das lideranças européias e que culminou no fascismo na década de 1930-1940. A partir daí, os estudiosos passaram a estudar a formação das lideranças políticas, estudando suas características, o tipo de relação entre líderes e seguidores, suas tarefas e os tipos de líderes existentes (SABUCEDO, 1996).
  • 23. 22 Essa preocupação também se encontra presente nos Estudos Organizacionais tendo como ponto de partida as mesmas teorias utilizadas pela Psicologia Política. De acordo com McFarland (apud SABUCEDO, 1996, p. 58), “o líder é o que faz com que aconteçam coisas que de outra forma não aconteceriam” (tradução nossa) e “fornece um senso de direção e de propósitos por meio da articulação de uma visão de mundo convincente” (BRYMAN, 2004, p. 258). Ou seja, o líder é um dos principais responsáveis para que os grupos se sintam motivados a atingir as metas e objetivos organizacionais. Bryman (2004), ao fazer um levantamento dos estudos sobre liderança no campo organizacional, afirma que as novas abordagens sobre liderança, como, a liderança carismática, a visionária, etc., surgiram de estudos sobre a liderança política. Porém, os estudos organizacionais sobre liderança preocupam-se mais em como encontrar um líder que faça com que os resultados organizacionais sejam atingidos, enquanto a Psicologia Política está mais preocupada em entender a influência das lideranças políticas sobre a população e suas conseqüências. Outro tema que aparece com destaque em ambas as áreas é a tomada de decisão. Analisando os processos de tomada de decisão nos estudos da Psicologia Política, Lau (2003) faz um apanhado geral das teorias, desde o modelo racional até os modelos de racionalidade limitada, assim como os aspectos e fatores que influenciam a escolha da melhor estratégia a ser usada na tomada de decisões. Essas escolhas são baseadas nos contextos sociais e políticos que os cidadãos, líderes e instituições governamentais estão inseridos. Esse tema é de grande importância também para as organizações, uma vez que os indivíduos e as lideranças nas organizações necessitam tomar decisões o tempo todo, sobre como, onde e em que investir, fazendo deste um tema central, tanto para os administradores como para os psicólogos políticos. Mais uma vez, a diferença dos estudos reside no objeto da análise, uma vez que os estudiosos da Psicologia Política estudam principalmente a tomada de decisão das pessoas em relação ao voto. Outro tema interessante nos estudos da Psicologia Política e que também foi considerado após o já citado advento da Escola de Relações Humanas é o estudo
  • 24. 23 das emoções e seus impactos sobre os indivíduos. Fineman (2001) em sua revisão sobre a literatura dos estudos sobre emoção nas organizações afirma que somente há pouco tempo os estudiosos começaram a admitir o efeito das emoções e sentimentos dentro das organizações. Partindo do mito do ator organizacional racional, o autor destaca três perspectivas para o estudo das emoções. Uma perspectiva acredita que as emoções interferem na racionalidade fazendo com que as pessoas parem de pensar corretamente e falhem em agir racionalmente e, por isso, as emoções devem ser extirpadas. Esta perspectiva, como afirma Marcus (2003), é a perspectiva tradicional na literatura de tomada de decisão. Outra perspectiva defende que as emoções servem à racionalidade, ou seja, são elas que orientam os julgamentos que os tomadores de decisão fazem sobre o que é relevante ou não no processo de tomada de decisão. Por fim, a terceira perspectiva afirma que as emoções e a racionalidade se entrelaçam, sendo o auto-interesse racional completamente imbuído de emoção, ou seja, emoção e racionalidade não podem ser separadas. Essas mesmas perspectivas são citadas por Marcus (2003) em seu levantamento sobre os estudos da emoção na Psicologia Política. O autor aponta ainda, outra perspectiva, a de que a emoção não precisa, nem pode ser eliminada, mas que a razão deve permanecer soberana. De acordo com o autor, são as emoções que levam as pessoas à ação, mas a razão freia as ações impulsivas provocadas pela emoção. Marcus termina seu levantamento, mostrando uma nova perspectiva no estudo das emoções, baseada na neurociência, ao mencionar a influência dos aspectos biológicos e fisiológicos do cérebro. Conclui seu estudo afirmando que a razão necessita das emoções, não apenas para recrutar suas habilidades, mas também para executar suas conclusões. Outro tema interessante que já foi citado na seção sobre Psicologia Política é o da “adequação cognitiva”. Esse tema também se faz presente nos Estudos Organizacionais, uma vez que as organizações, além de afetar, também são afetadas pelo ambiente onde estão inseridas. Então, da mesma forma que a “adequação cognitiva” na Psicologia Política busca tentar prever as possíveis mudanças que poderão ocorrer no ambiente para preparar as pessoas para o
  • 25. 24 estresse causado pela ruptura do status quo, as organizações também se preocupam em tentar prever, através de sinais, as mudanças que ocorrerão tanto no ambiente em que se encontram quanto nas mudanças intraorganizacionais, como as provocadas pela “gestão” da cultura organizacional. Outro tema refere-se à resolução de conflitos. No Handbook de Estudos Organizacionais, este tema não se apresenta em um capítulo específico sobre os estudos existentes nessa área, embora conflitos estejam presentes dentro das organizações e nos livros sobre comportamento organizacional. Robbins (2004) apresenta em seu livro um apanhando geral das formas de conflito e negociação nas organizações apresentando teorias mais voltadas para conflitos grupais e intraorganizacionais. Kelman e Fisher (2003) analisam de forma aprofundada as teorias sobre análise e resolução de conflitos no Handbook de Psicologia Política. Os autores dedicam-se a análise de conflitos internacionais. Porém, muitas teorias apresentadas por eles, também podem ser utilizadas para estudar os conflitos dentro dos grupos e entre grupos organizacionais. Os autores apresentam os motivos por que e como os conflitos surgem, como as elites e os governos atuam promovendo o aumento e a perpetuação desses conflitos através da mobilização das lealdades de grupo, criando barreiras para soluções e acordos. Analisam ainda como as pressões e situações de estresse influenciam os processos de tomada de decisão dos indivíduos. Por fim, os autores apresentam uma forma diferente de resolução de conflitos, por meio da Resolução de Conflito Interativa, onde representantes de ambas as partes conflituosas se encontram com uma terceira parte neutra, para expor todos os seus problemas, sentimentos e percepções, não com o objetivo de chegarem a um acordo, mas sim com o objetivo de mostrar para as partes envolvidas como cada um realmente se sente. Isso, de acordo com os autores, pode facilitar no entendimento do que ambas as partes sentem, e possibilitar a existência de um acordo entre elas. Este tipo de resolução de conflito também pode ser adotado na solução de conflitos organizacionais, por exemplo, entre empresas e sindicatos ou entre empresas e governos ou entre governos e organizações da sociedade civil organizada.
  • 26. 25 Outra abordagem interessante sobre conflitos é a Teoria da Imagem mencionada por Herrmann (2003) na Psicologia Política. Através dessa teoria, explica-se como a imagem e a existência de estereótipos que uma parte atribui à outra e vice-versa, influenciam na percepção dos conflitos, das atitudes e durante processos de negociação e tomadas de decisão. Por exemplo, se uma parte vê a outra como sendo vil e trapaceira, toda e qualquer tentativa da outra parte em chegar a um acordo vai sofrer uma desconfiança e um viés da parte que atribui tal imagem, podendo, dessa forma, atrapalhar e criar barreiras na resolução de conflitos. Um último tema a ser apontado neste tópico é o tema que trata das diversidades e minorias existentes dentro das organizações. Este tema é de extrema relevância atualmente nos Estudos Organizacionais devido à globalização e a inserção de empresas multinacionais em outros países. Além disso, a ocupação de postos de trabalhos nas organizações pelas mulheres e imigrantes provenientes de países diferentes, também suscitam discussões sobre como lidar com a enormidade de fatos e problemas derivados dessa diversidade. Calás e Smircich (2006) apontam, por exemplo, as principais abordagens de cunho feminista presentes nos estudos organizacionais, onde são criticadas as formas de poder masculino dentro das organizações, revelando uma busca tanto por igualdade como por uma revolução feminista nas empresas. Nkomo e Cox (2006) realizam um apanhado geral sobre a diversidade e identidade dentro das organizações. Segundo os autores, essa abordagem surgiu após as políticas afirmativas de inclusão dos negros nos postos de trabalho nos Estados Unidos e a existência de uma força de trabalho mais diversa devido à vinda dos imigrantes estrangeiros. Porém, os trabalhos associados ao estudo da diversidade, acabam ficando presos somente a Gestão da Diversidade, em que se busca a melhor forma das empresas lidarem com as diferenças existentes criando uma vantagem competitiva para a organização. Entretanto, esse é um tema muito complexo, pois devem ser considerados problemas relativos ao preconceito, ao racismo e a xenofobia, os quais podem surgir a partir da presença dessa força de trabalho diversa dentro das organizações.
  • 27. 26 Nota-se que esse assunto é mais debatido e estudado pela Psicologia Política. Duckitt (2003, p. 559), ao citar os principais estudos sobre preconceito e hostilidade intergrupal, aponta que o preconceito pode ser visto como uma “atitude intergrupal negativa”, que envolve tanto a categorização social, quando um grupo categoriza o outro como sendo um grupo onde as atitudes negativas podem ser levantadas contra eles, como a estrutura e dimensionalidade dessas atitudes intergrupais negativas. Segundo o autor, existem três dimensões que levam ao preconceito: os estereótipos negativos; os sentimentos negativos e; inclinações comportamentais negativas, como o distanciamento social destes grupos ou até a violência física. Duckitt cita ainda outras formas de preconceito existentes. Uma forma que pode ser enquadrada nas políticas afirmativas de inclusão de minorias e negros nas organizações é o chamado preconceito paternalista. Neste tipo de preconceito, não existe ódio racial entre um grupo e o outro. O grupo preconceituoso sente pena do outro por achar que o outro sofreu muito e dada a sua inferioridade e seu sofrimento durante anos, não é capaz de alcançar os cargos e posições que o grupo preconceituoso atingiu. O autor destaca também, diversas formas sutis de preconceito que não são demonstradas pelas pessoas, mas que são percebidas em suas atitudes e maneira de se expressar. Estes fatos também podem existir dentro das organizações constituídas por um quadro de pessoal diverso, justificando trabalhos que vão além do reconhecimento das diferenças e a gestão dessas diferenças para alcançar uma vantagem competitiva qualquer. Costa e Ferreira (2006) afirmam em seu levantamento sobre os Estudos Organizacionais que tem como objetivo a xenofobia, o racismo, a homofobia e o preconceito em geral, que estes estudos são muito poucos ou inexistentes na academia brasileira. Isso pode acontecer, segundo as autoras, pelo fato de no Brasil existir um preconceito velado, com o brasileiro tendo uma visão muito ambígua sobre o preconceito, uma vez que dificilmente o brasileiro se declara preconceituoso, além de se sentir orgulhoso por sua origem diversificada. Esse tema, portanto, acaba se tornando um tabu nos Estudos Organizacionais, diminuindo o interesse dos pesquisadores sobre o assunto. Dentre os temas tratados nos Handbooks de Psicologia Política e Estudos Organizacionais, este é o tema que mais diverge quanto ao objetivo do estudo.
  • 28. 27 Este tópico realizou uma comparação das semelhanças e diferenças das abordagens temáticas dos Estudos Organizacionais e da Psicologia Política, devido a multidisciplinaridade e semelhanças entre os temas estudados por ambas as áreas. No próximo tópico, consolidaremos a comparação entre ambas, enfatizando as implicações do estudo, suas delimitações e objetos para novos estudos.
  • 29. 28 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS As organizações são um campo rico de processos psicológicos e psicossociais essenciais à própria constituição do fenômeno organizacional e com profundos impactos sobre o trabalho, pessoas e a sociedade. A evolução das diferentes escolas organizacionais revela as transformações na visão do mundo e da ciência que geraram reflexos em várias disciplinas, inclusive na psicologia. Tais escolas de pensamento podem ser comparadas e alinhadas às diferentes teorias que moldam a ciência psicológica, dessa forma podem existir relações com a área da Psicologia Política, pois a organização é considerada uma entidade política. Descrever sobre Psicologia Política e Estudos Organizacionais para buscar uma aproximação e distanciamento entre essas duas disciplinas não é tarefa fácil, principalmente pela escassez de bibliografias. Ao mesmo tempo pode-se perceber que existe um grande estreitamento entre as duas, visto que ambas estudam temas semelhantes, como pode ser visto na comparação dos Handbooks e que foi descrito no tópico cinco deste estudo. As organizações possuem um cenário muito semelhante àqueles estudados na disciplina de Psicologia Política. Isso se dá porque elas possuem as mesmas características de administração encontradas na esfera pública. Grande parte dos problemas enfrentados pelos governos e sociedades, como poder, conflitos, racismo, xenofobia entre outros, estão também presentes dentro das organizações. Por isso, viu-se que se pode buscar nos estudos da Psicologia Política, alternativas aplicáveis a resolução desses problemas dentro das organizações. Porém, percebeu-se que, apesar das semelhanças, é pouco presente a aplicação desta disciplina aos Estudos Organizacionais, talvez por ela ser ainda muito recente e pouco conhecida pelos acadêmicos da Administração, assim como uma área minoritária na psicologia. As principais semelhanças percebidas entre as duas disciplinas foram em relação aos estudos sobre formação e característica das lideranças, tomada de decisão, resolução de conflitos, influência das emoções nos indivíduos e busca de adaptação
  • 30. 29 às mudanças. A principal diferença se deu no estudo das minorias e das relações de preconceito existentes entre os grupos. As temáticas reveladas importantes à Psicologia Política podem sinalizar alguns campos interessantes de investigação aos Estudos Organizacionais. Podem-se aprofundar os estudos nas áreas ainda pouco exploradas no meio acadêmico pela Administração, como a do preconceito paternalista, a xenofobia, o racismo, a homofobia, a posição da mulher no enfoque de trabalho nas organizações e o preconceito em geral, que estão cada vez mais presentes nas organizações, dada a globalização e consequente existência de organizações multi e transnacionais. Desta forma, a principal contribuição da Psicologia Política para os Estudos Organizacionais se dá na busca do entendimento sobre como surgem os conflitos entre os grupos, quais suas causas e como evitá-las ou trabalhá-las para que sejam evitados conflitos negativos, que gerem ineficiências nas organizações. A Psicologia Política busca estudar e entender como os preconceitos são formados entre os grupos e as formas de superá-los. Neste cenário, os Estudos Organizacionais, valendo-se de tais teorias, podem reconstruir seus valores de forma mais dinâmica, adaptando a organização às mudanças mais rapidamente. No nosso entender, como a Psicologia Política abarca o macro sistema, são os Estudos Organizacionais que mais poderão tirar proveito deste campo de estudo, pois o subsistema – organização – trata-se de uma projeção do sistema maior. Portanto, divulgar a Psicologia Política para os estudiosos e profissionais da área de Estudos Organizacionais, pode vir a resultar em um significado mais profundo de produção de conhecimento, pois ela constitui uma série de estudos que podem ser implementados nas organizações contribuindo para a resolução dos conflitos de caráter político presentes nas organizações, criando assim uma participação mais representativa e igualitária dos indivíduos da organização.
  • 31. 30 REFERÊNCIAS AIZPURÚA, Romina Iebra. Psicologia política: principais contribuições Norte- Americanas no século XX (décadas 30-70). In. Revista de Psicologia Política, vol.2. nº.1, 137-160: São Paulo, 2002. BRYMAN, Alan; Liderança nas organizações. In Handbook de Estudos Organizacionais. CALDAS, Miguel Pinto; CLEGG, Stewart R.; FACHIN, Roberto.; FISCHER, Tânia.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs.). São Paulo: Atlas, 2004. pp 437-460, v.3. BURRELL, Gibson. Ciência normal, paradigmas, metáforas, discursos e genealogia da análise. In. Handbook de Estudos Organizacionais. CALDAS, Miguel Pinto; CLEGG, Stewart R.; FACHIN, Roberto.; FISCHER, Tânia.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs.). São Paulo: Atlas, 2006. pp 437-460, v.1. CALÁS, Marta B. e SMIRCICH, Linda. Do ponto de vista da mulher: abordagens feministas em estudos organizacionais. In. Handbook de Estudos Organizacionais. CALDAS, Miguel Pinto; CLEGG, Stewart R.; FACHIN, Roberto.; FISCHER, Tânia.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs.). São Paulo: Atlas, 2006. pp 273-327, v.1. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Campus, 2004. CLEGG, Stewart R.; HARDY, Cynthia. Introdução: organização e estudos organizacionais. In. Handbook de Estudos Organizacionais. CALDAS, Miguel Pinto; CLEGG, Stewart R.; FACHIN, Roberto.; FISCHER, Tânia.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs.). São Paulo: Atlas, 2006. pp 29-58, v.1. COSTA, Silvia Generali da; FERREIRA, Carolina da Silva. Diversidade e minorias nos estudos organizacionais brasileiros: presença e lacunas na última década. In. ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS DA ANPAD, 4, 2006, Porto Alegre.
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  • 33. 32 MARCUS, Geoger E.; The psychology of emotions and politics. In . Oxford handbook of political psychology. SEARS, David O.; HUDDY, Leonie; JERVIS, Robert. (orgs.) New York: Oxford University Press, 2003, pp 182-221. MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996 MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria das organizações: evolução e crítica. 2. ed. - Sao Paulo: Pioneira, 2001. NKOMO, Stella M. e COX, Taylor Jr. Diversidade e identidade nas organizações. In Handbook de Estudos Organizacionais. CALDAS, Miguel Pinto; CLEGG, Stewart R.; FACHIN, Roberto.; FISCHER, Tânia.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs.). São Paulo: Atlas, 2006. pp 332-358, v.1. REED, Michael. Teorização organizacional: um campo historicamente contestado. In. CALDAS, Miguel Pinto; CLEGG, Stewart R.; FACHIN, Roberto.; FISCHER, Tânia.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs.). São Paulo: Atlas, 2006. pp 61-97, v.1. ROBBINS, Stephen Paul. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2004. RODRIGUES, Suzana Braga; CARRIERI, Alexandre de Pádua. A tradição anglo- saxônica nos estudos organizacionais brasileiros. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 5, n. spe, 2001 Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415- 65552001000500005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 19 abr. 2010. SABUCEDO CAMESELLE, José Manuel. Psicología política. Madrid: Sintesis Psicología, 1996. SEARS, David O.; HUDDY, Leonie; JERVIS, Robert. The Psychologies underlying political psychology. In. Oxford handbook of political psychology. SEARS, David
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