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Filosofia da Educação
Modos de Conhecer o Mundo
Senso Comum
Preconceitos
Prof. Donizete Soares
PRECONCEITO
(textos selecionados pelo professor)
1. Discriminação e Preconceito 2
2. Preconceito contra a mulher na língua portuguesa 3
3. Cada um envelhece do seu jeito! 4
4. Preconceito piora desempenho de alunos, diz pesquisa 5
5. As faces do preconceito 6
6. As consequências da discriminação e do preconceito no ambiente escolar e na sociedade 7
7. Atitude, Preconceito e Estereótipo 8
8. Preconceito e Discriminação 10
9. Endo e exogrupo 10
10. Música, preconceito e discriminação 11
11. Norma social torna a discriminação mais velada à medida que as crianças crescem 12
12. Estereótipo da violência 14
13. Escola: berço do preconceito 14
14. Sou sim, e daí? 15
15. Investigando a posição do sujeito cego na história 16
16. Origens do racismo negro 17
17. Prostituta x Preconceito 18
18. Preconceito afeta tratamento de depressão em idosos 19
19. Definição de Preconceito Cultural 20
20. Onde você guarda seu preconceito? 21
21. Inclassificáveis 21
22. Travestis: rejeição, preconceito, discriminação… Uma vida nada fácil! 22
23. Jovens acham que prostituta é saco de pancada 23
24. Preconceito é maior rival na relação de mulher mais velha com homem jovem 24
25. Mulher, AIDS e preconceito 25
26. Pesquisa inédita aponta que preconceito no ambiente escolar vem 'de casa' 26
27. Polícia e preconceito racial 1 26
28. Estudantes negros são as maiores vítimas de agressões nas escolas públicas 27
29. Polícia e preconceito racial 2 27
30. Gênero é o maior motivo de discriminação nas escolas brasileiras 28
31. Bullying: estudo revela que o preconceito é alto entre adultos e crianças. 29
32. Educação sexual, prazer ou biologia? 29
33. Bissexualidade e preconceito 30
34. A mulher negra 31
Discriminação e Preconceito
Nilton Salvador
Preconceito é a ideia.
Discriminação é a ideia colocada em "prática".
Um exemplo: em algum momento você pode não gostar de uma pessoa com determinada
característica, feia ou bonita, bizarra ou estigmatizada, esse é um preconceito.
A partir do momento que você passa a insultá-los ou qualquer outro tipo de atitude pejorativa, é a
discriminação.
Aprendemos que o preconceito leva à discriminação, quando deficientes da mente, como os autistas,
são considerados inferiores e excluídos por aqueles que se consideram “melhores” como acontece
em divulgações por jornalistas, principalmente por autoridades e políticos midiáticos.
O preconceito e a discriminação variam pela maneira com que cada cronista, colunista, apresentador
de rádio ou televisão se expressa e, principalmente quando exterioriza o desprezo por determinados
grupos portadores de alguma deficiência, da mente ou não, encontrado em determinada situação.
Discriminação é um conceito mais amplo e dinâmico do que o preconceito.
A discriminação pode ser provocada por indivíduos e por instituições, enquanto que o preconceito,
só pelo indivíduo.
A imprensa, sem generalizar é claro, principalmente a televisão que precisa manter a sanha
comercial mascarada de imparcialidade, não se preocupa com o conhecimento da causa que leva a
reportar.
Um jornalista, em nome da ética profissional, muitas vezes pressionado pelo manual de redação e
ainda o fantasma do desemprego, embora bem intencionado, acaba cometendo equívocos
lamentáveis por falta de conhecimento, partindo do princípio de que a sua fictícia missão de bem
informar, o impede pelo menos de saber o significado do que está falando.
Até onde a internet atingiu ainda se fala da Suzan Boyle, a solteirona escocesa de 47 anos,
desempregada, desleixada e desmazelada, que morava sozinha com seu gato e mais, que nunca
teria sido beijada, tornando-se um recorde de audiência indireto do canal de televisão que a revelou,
no mundo inteiro.
Como assisti ao vídeo várias vezes, observei que ela ao responder sobre sua idade, disse também
que tinha alguma coisa a mais naquele corpo, e balançou, pois não chegou a rebolar, provocando o
espanto inicial aos seus julgadores e o início da avassaladora onda de repercussão de audiência
mundial.
O exercício de pensamento que fiz a respeito sobre o que Suzan tinha a mais no corpo importa a
mim, mas questiono o modo como o mundo que leio e vejo revelou e continua debatendo até o
esgotamento, seu pensamento a respeito do seu biótipo e perfil, julgando aparências.
As discussões de todos os tipos, até onde acompanhei, tiveram como principais comentários sobre a
caloura escocesa, já como vitima de preconceito, idade e aparência, os seus estereótipos, até com
carimbo de alguns jornalistas e comentaristas bem intencionados exemplificando que nunca
devemos julgar um livro pela capa.
Julgamentos rápidos são muito perigosos. Suzan diz que “não há nada que se possa fazer a
respeito, é o modo como as pessoas são e como pensam”.
A Psicologia diz que os “estereótipos são vistos como “um mecanismo necessário para entendimento
da informação".
Por uma inexplicável falta de conhecimento, como é o que acontece especificamente com o “autista”,
que em nome da cultura do “achismo” algumas pessoas públicas, da imprensa e principalmente no
meio político, por achar a palavra incomum, sem ao menos buscar a realidade do que é, falam,
rotulam e citam pejorativamente provocando ferimentos difíceis de cicatrizar em quem nada tem a
ver com a sua desinformação.
Rotular qualquer pessoa, não importa quem, representa ignorância, é um caso de covardia e
crueldade.
Devemos aprender levar espiritualidade para nossa vida, antes que modismos descartáveis eliminem
até os conceitos de família.
2
Barack Obama contrariou os estereótipos negativos a respeito dos negros, mas algumas pessoas
contrárias a qualquer tipo de inclusão social, já estão criando um subtipo de negros - profissionais
negros - em vez de contestar o estereótipo geral, neutralizando noções preconcebidas como fizeram
com caloura Suzan Boyle.
“A deficiência, não, faz parte da pessoa” porque "se uma pessoa é bonita ou simpática, as outras
riem das piadas dela, e interagem com ela, de uma forma que facilita a interação social". "Se uma
pessoa não é atraente, é mais difícil conseguir todas estas coisas porque as outras pessoas não a
procuram".
A caloura já passou a categoria de profissional. Outros discriminados por situações parecidas foram
extintos do meio artístico.
Agora as preocupações do mundo se voltam para a influenza H1N1, mais conhecida como "gripe
suína".
O porco que nada tem a ver com resfriado ou gripe, em muitos países está deixando de ser
alimento.
Está sendo discriminado, banido ou morto.
É preconceito.
http://www.artigonal.com/psicologia-artigos/discriminacao-e-preconceito-1073550.html
Preconceito contra a mulher na língua portuguesa...
Deus: O Criador do universo, cuja divindade transmitiu ao seu filho homem
Deusa: Ser mitológico de culturas obsoletas e esquecidas, entidades ligadas à superstição
Herói: O protagonista das vitórias; modelo de conduta; salvador
Heroína: Uma droga pesada
Cão: O melhor amigo do homem.
Cadela: Uma meretriz, rameira, fêmea promíscua.
Sogro: aquele que apóia (obrigado, amigo sogro...)
Sogra: pessoa má
Aventureiro: homem valente, corajoso, audaz e destemido
Aventureira: aproveitadora, de vida fácil
Machista: macho pra caramba
Feminista: sapatão
Touro: um forte
Vaca: mulher feia, chata, meretriz, piranha
Patrimônio: Conjunto de bens
Matrimônio: Conjunto de males
Homem Público: Homem conhecido e importante, que desenvolve atividade pública ou política
Mulher Pública: Prostituta
Ambicioso e Competitivo: Bom partido, com objetivos, empreendedor, vencedor
Ambiciosa e Competitiva: Interesseira, chupa-sangue, golpista, calculista, oportunista
Zorro: Hábil, inteligente, audaz, defensor dos fracos e oprimidos
Zorra: Bagunça, zona
Atrevido: Ousado e valente
Atrevida: Insolente e mal educada
Solteiro: Bon-vivant
Solteira: Desesperada
http://www.casadamaite.com/node/3292
3
Cada um envelhece do seu jeito!
Arthur Moreira da Silva Neto
Considerando a etimologia grega de estereótipo (sterós, sólido týpos, tipo), podemos afirmar que
estereotipar trata-se de uma tendência a rotular ou etiquetar alguém ou um grupo, de maneira dura
e rígida. O estereótipo nada mais é do que um padrão de comportamento, previsto, que acredita-se
característico e esperado em relação a determinada pessoa individualmente ou a todos membros de
um grupo social, cultural, profissional ou etário.
O estereótipo seria um conjunto de características, positivas e/ou negativas, que atribuímos a um
grupo de pessoas de maneira generalizada, ou seja, consideram que todos os elementos de um
grupo agem/são da mesma forma. Como toda generalização é perigosa, ao estereotipar um
determinado grupo pode-se julgar ou avaliar pessoas de maneira preconcebida e errónea.
O estereótipo também pode ser uma forma simplista e redutiva de retratar uma pessoa ou um
determinado grupo, instituição ou cultura. Alguém pode achar que uma pessoa, por ser idosa, agirá
de uma determinada maneira. O que necessariamente não acontece, uma vez que há inúmeros tipos
de idosos, cada qual com a sua personalidade e singularidades.
Em geral o envelhecimento é ainda pintado com cores sombrias, quer pelos mais
novos quer pelos próprios idosos (Barros, 2005, p. 25).
Ao utilizarmos um estereótipo, muitas vezes, estamos desprezando algo de capital importância nos
seres humanos que são as diferenças individuais. Cada um possui uma personalidade,
temperamento, aptidões, percepções, experiências e vivências. Como generalizar comportamentos e
características de seres humanos tão distintos?
Segundo Russ (1991, p. 94) o termo estereótipo significa opinião já feita; clichê; convicção
preconcebida, devida à acção que o meio social exerce. Para Ander-Egg (1997, p.77) estereótipo
representa um conjunto de características que se atribuem a um grupo humano para generalizar seu
comportamento, seu aspecto, sua cultura, seus costumes, etc, conforme representações prefixadas
e socialmente compartilhadas sobre o grupo considerado.
Em se tratando especificamente dos estereótipos sobre os idosos, encontramos uma abordagem um
pouco mais rigorosa em Martins e Rodrigues (2004, p. 250), quando afirmam que a valorização dos
estereótipos projecta sobre a velhice uma representação social gerontofóbica e contribui para a
imagem que estes têm de si próprios, bem como das condições e circunstâncias que envolvem a
velhice, pela perturbação que causam uma vez que negam o processo de desenvolvimento.
É bom deixar claro que nem todos estereótipos sobre o envelhecimento são negativos. Há também
os positivos, tais como: a sabedoria, a amabilidade, a generosidade, a solidariedade, a bondade,
etc.
Não temos que temer a velhice nem ignorá-la, já que faz parte do desenvolvimento humano, da
mesma forma que as outras faixas etárias. Durante muito tempo os teóricos e estudiosos do
comportamento humano esqueceram-se da idade adulta e, mais ainda, dos idosos. Talvez seja este
um dos motivos para que existam tantos estereótipos negativos acerca dos idosos ainda hoje.
Precisamos enfrentar e olhar o envelhecimento como ele é, sem mitos, preconceitos ou ideias
preestabelecidas. O envelhecimento ocorre de maneira diversificada e plural; não devemos
generalizá-lo e/ou estandardizá-lo.
Concluímos, concordando com o autor, quando diz: o envelhecimento é um processo ou fenómeno
vivo que suporta a diversidade e a contradição. E não há uma maneira única de envelhecer, senão
que cada idoso envelhece a seu modo, sem prejuízo de algumas tendências gerais (Barros, 2005, p.
62). É óbvio que há determinadas características e tendências gerais, mas cada ser humano é um.
Logo, há várias maneiras de envelhecer e vivenciar a maturidade humana! Lembramos também
daquilo que Beauvoir (1982, p. 502) chamou de estupidez: uma maneira de sufocar a vida e suas
alegrias com preconceitos, rotinas, falsas aparências, prescrições vãs. Não devemos padronizar
nossos idosos, mas sim permitir que cada um seja o que é, e da sua singularidade tirarmos o
máximo de proveito para as nossas vidas!
http://www.webartigos.com/articles/1008/1/estereotipos-na-velhice/pagina1.html
4
Preconceito piora desempenho de alunos, diz pesquisa
MARIANA BARROS
Segundo estudo feito pela Fipe, vítimas mais frequentes de práticas discriminatórias são negros,
pobres e homossexuais
Prática de bullying, em que alunos humilham colegas, é uma das experiências que mais prejudicam
a nota dos estudantes
Alunos zombando de outros alunos, de professores ou de funcionários do local onde estudam é,
mais do que brincadeira de mau gosto, sinal de pior rendimento escolar.
Uma pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a pedido do MEC
(Ministério da Educação) demonstrou que, quanto mais preconceito e práticas discriminatórias
existem em uma escola pública, pior é o desempenho de seus estudantes.
Entre as experiências mais nocivas vividas por esses jovens está o bullying, que é a humilhação
perante colegas por motivo de intolerância.
As consequências na performance estudantil são mais graves quando as vítimas de zombaria são os
professores. Entre os alunos, os principais alvos são, respectivamente, negros, pobres e
homossexuais.
Para chegar a essa associação entre o grau de intolerância e o desempenho escolar, o estudo
considerou os resultados da Prova Brasil de 2007, exame de habilidades de português e matemática
realizado por quem cursa da 4ª à 8ª série do ensino fundamental da rede pública.
A conclusão foi que as escolas com notas mais baixas registraram maior aversão ao que é diferente.
O MEC não informou que medidas pretende tomar a respeito dessa constatação.
"A conjectura que podemos fazer é que o bullying gera um ambiente que não é propício ao
aprendizado", afirma o economista José Afonso Mazzon, coordenador da pesquisa.
"Não é uma questão de política educacional, mas de governo, de Estado. O indivíduo que nasce
negro, pobre e homossexual está com um carimbo muito sério pela vida toda", diz Mazzon, para
quem o preconceito vem normalmente da própria família. "Para alterar uma situação como essa
acredito que levará gerações."
Foram entrevistadas 18.600 pessoas, entre alunos, pais, diretores, professores e funcionários de
501 escolas de todo o Brasil. Entre os estudantes, participaram da pesquisa os que cursam a 7ª ou a
8ª série do ensino fundamental, a 3ª ou a 4ª série do ensino médio e o antigo supletivo, o EJA
(Educação para Jovens e Adultos). Do total estudantil, 70% têm menos de 20 anos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1806200920.htm
5
As faces do preconceito
"Pesquisadores de Sídnei, Austrália, enviaram questionários a um grupo multirracial de menores, de
9 a 13 anos, permitindo que eles expressassem seus sentimentos para com as pessoas de outras
raças. Embora alguns dos menores australianos brancos expressassem preconceito para com
algumas minorias, “os menores, de todos os grupos étnicos, revelaram-se tão preconceituosos para
com outros grupos étnicos quanto os menores australianos, e muitas vezes, ainda mais que eles”. —
“The Journal of Psychology” (Revista de Psicologia).
OS JOVENS não são imunes ao preconceito racial. “Na minha escola”, afirma Lucy, de 17 anos, “a
maioria dos jovens brancos comem em um refeitório, e todos os negros em outro”.
Exatamente que sentimentos você nutre para com pessoas de outras raças? Embora talvez saiba, no
íntimo, que o preconceito é uma tolice, que é injusto e obsoleto, talvez ainda tenha alguns
sentimentos dúbios a respeito disso. Conforme os pesquisadores Jane Norman e Myron W. Harris,
Ph.D., observaram: “A ampla maioria de . . . adolescentes brancos e não-brancos concorda que não
desejam ter preconceito. Mas, mostram-se cautelosos e, muitas vezes, desconfiados uns dos outros.
Estão também cônscios de que seus amigos e pais talvez se mostrem hostis se cultivarem íntimos
contatos com pessoas de outras raças.” Similares tensões raciais existem em muitas terras.
Ter preconceito significa prejulgar. Quem tem preconceito racial está assim condenando outros sem
um julgamento. Tal pessoa conclui que todo membro de certa raça automaticamente possui
determinados hábitos, características ou atitudes indesejáveis. Alimenta seu preconceito até mesmo
diante de fatos que claramente contradizem suas noções. A pessoa pode, por exemplo, acreditar que
todos os membros de certo grupo sejam ‘preguiçosos’, ou ‘curtos de inteligência’. Quando tal pessoa
depara com alguém desse grupo que é laborioso — ou até mesmo brilhante — ela conclui que
aquele indivíduo tem de ser uma “exceção”. Infelizmente, fica cega para com as qualidades
individuais.
O preconceito, porém, não é inato. Afirma The Encyclopedia of Human Behavior (Enciclopédia do
Comportamento Humano): “Observações feitas em todo o mundo mostram que as crianças brincam
indiscriminadamente com membros de outros grupos étnicos, e que não se mostram cônscias das
óbvias diferenças físicas, ou as aceitam como coisa normal.” Prossegue a enciclopédia: “Os
preconceitos são . . . inteiramente devidos à aprendizagem, e são adquiridos primariamente através
da interação com outras pessoas.” Os pais, os professores e os colegas parecem cooperar na
transmissão de preconceitos raciais. Às vezes, confrontos desagradáveis com membros de outra
raça servem para reforçar tal preconceito.
Muitos de nós, por conseguinte, assimilaram, inconscientemente, atitudes e conceitos eivados de
preconceitos. E, não raro, é preciso que a pessoa sonde realmente sua alma para que ela
honestamente encare seus sentimentos neste respeito. À guisa de exemplo, você talvez tenha
amigos de outras raças. Mas será que faz comentários depreciativos, que incluem aspectos raciais,
pelas costas deles? Quando conversa com estes amigos, mantém em destaque a questão racial,
talvez sempre sublinhando as diferenças raciais, ou soltando piadas de mau gosto, depreciativas?
Comenta o livro The Nature of Prejudice (A Natureza do Preconceito): “Mesmo quando as piadas
parecem amigáveis, elas podem, às vezes, mascarar uma genuína hostilidade.” Ademais, sente-se
acanhado e desconfortável de ser visto em público com amigos de outra raça? Presume
automaticamente que os membros de outra raça possuem certos talentos — ou falhas?
“Sinto tanta raiva de mim mesmo por nutrir tais sentimentos”, lamentava-se um jovem que
honestamente confrontava seus próprios preconceitos, “mas, de alguma forma, parece que não
consigo sufocá-los”."
http://www.1000imagens.com/foto.asp?idautor=72&idfoto=206&t=14&g=&p=
6
Triste época! É mais fácil desintegrar um
átomo do que um preconceito. (Einstein)
As consequências da discriminação e do preconceito no
ambiente escolar e na sociedade
Degmar Augusta
O preconceito nem sempre vem acompanhado de uma agressão, em sua maioria são as maneiras
sutis, que comprovam a sua existência no subconsciente do individuo, o que gera a ilusão de um
convívio harmônico com as diferenças.
“o preconceito prepara a ação de exclusão do mais frágil, por aqueles que não podem viver a sua
fragilidade, em uma cultura que privilegia a força.”Crochík ( 1995)
Dentre as várias consequências vistas em vítimas de atos discriminatórios estão à depressão, baixa
autoestima, agressividade, desvios comportamentais, formação debilitada da identidade, além de
dificuldades na aprendizagem. O desconhecimento das consequências do preconceito gera
passividade em relação ao tema.
A escola sendo um ambiente social interativo, necessita de atitudes que visem à formação de
cidadãos com valores, de forma a respeitarem as pessoas e suas diferenças.
“o preconceito está pautado em um forte componente emocional que faz com que os sujeitos se
distanciem da razão. O afeto que se liga ao preconceito é uma fé irracional, algo vivido como crença,
com poucas possibilidades de modificação. O preconceito difere do juízo provisório, já que este
último é passível de reformulação quando os fatos objetivos demonstram sua incoerência, enquanto
os preconceitos permanecem inalterados, mesmo após comprovações contrárias.” Heler ( 1988)
O preconceito afeta a própria consciência da vitima, uma vez que se vê refletido na imagem
preconceituosa apresentada.
“Nesse momento, o preconceito cumpre o seu papel, mobilizando nas suas vítimas sentimentos
de fracasso e impotência, impedindo-as de desenvolver autoconfiança e auto-estima” (Ferreira,
2000).
Dentre as inúmeras as consequências advindas do preconceito para os alunos, estão a dificuldade de
se relacionar, atitudes de competição, agressão e violência no cotidiano escolar, comprometimento
do senso crítico e ético, sentimento de inferioridade e superioridade, inadequação social, potencial
comprometido e fracasso escolar.
O preconceito tem o poder de atingir as mais diversas classes e camadas e diante do seu efeito
bumerangue as consequências são absorvidas por toda a sociedade, uma vez que, a existência de
racismo, preconceito e discriminação cultural na sociedade e no cotidiano escolar prejudica, direta
ou indiretamente, todos os indivíduos. Os preconceitos de gênero, etnia, a extensão social e cultural
no cotidiano escolar, deixam cicatrizes para todos que interagem nesse cotidiano.
“a posição de cada indivíduo estaria definida conforme o espaço a ele destinado em um
determinado ambiente sociocultural (...). Muito da sua dificuldade de inserção social e de
expansão de seus horizontes de realização decorre do seu enquadramento num espaço ínfimo
para ele reservado e por ele ocupado no cenário social” (CMARQUES, 2001, p. 34).
Alunos que se formam em um ambiente escolar preconceituoso propagam o preconceito em suas
famílias, em seu circulo de amizades, em seu trabalho, enfim perpetuam o preconceito em suas
vidas.
A formação de indivíduos preconceituosos, a perpetuação de ideologias racistas, a permanência das
desigualdades sociais e culturais, a violência no espaço escolar e ainda potenciais subaproveitados,
são algumas das consequências que a sociedade suporta, ao permitir através de ação ou omissão o
preconceito no ambiente escolar.
Portanto a instituição escolar, os professores e a sociedade – uma vez que são extremamente
afetados – devem reavaliar os impactos futuros e preparam-se para a educação sem fronteiras.
http://www.soartigos.com/articles/941/1/AS-CONSEQUENCIAS-DA-DISCRIMINACAO-E-DO-
PRECONCEITO-NO-AMBIENTE-ESCOLAR-E-NA-SOCIEDADE/Page1.html
7
Atitude, Preconceito e Estereótipo
Regina Célia de Souza
Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude baseado
nos estudos da Psicologia Social.
ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos
relacionados com um objeto ou evento particular.
Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo - crenças e ideias, valores afetivos associados
de sentimentos e emoções que por sua vez levam a uma série de tendências comportamentais –
predisposições.
Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo e um
comportamental:
a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se uma
atitude em relação à que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma
instituição social.
o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que por sua vez gera uma atitude
positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas.
o comportamento –a predisposição : sentimentos negativos levam a aproximação e negativos ao
esquivamento ou escape.
Desta forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um indivíduo está
predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado grupo de uma forma negativa
previsível.
CARACTERÍSTICAS DO PRECONCEITO:
É um fenômeno histórico e difuso;
A sua intensidade leva a uma justificativa e legitimação de seus atos;
Há grande sentimento de impotência ao se tentar mudar alguém com forte preconceito.
Vemos nos outros e raramente em nós mesmos.
EU SOU EXCÊNTRICO, VOCÊ É LOUCO!
Eu sou brilhante; você é tagarela; ele é bêbado.
Eu sou bonito; você tem boas feições; ela não tem boa aparência.
Eu sou exigente; você é nervoso; ele é uma velha.
Eu reconsiderei; você mudou de opinião; ele voltou atrás na palavra dada.
Eu tenho em volta de mim algo de sutil, misterioso, de fragrância do oriente; você exagerou
no perfume e ele cheira mal.
CAUSAS DO PRECONCEITO:
Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças; sentimentos e
tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos.
Segundo Allport(1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em
determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se
sentem exploradas e oprimidas frequentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo
identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais
“baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação.
Já, para Adorno(1950) a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante.
Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas
e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a
autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar
para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana,
temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam
deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.
Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que
tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação exagerada
8
leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação.
Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas
fazem para se conformar(conformidade social). Se nos relacionamos com pessoas que expressam
preconceitos, é mais provável que as aceitemos do eu resistamos a elas. As pressões para a
conformidade social ajudam a explicar porque as crianças absorvem de maneira rápida os
preconceitos e seus pais e colegas muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base
na experiência. A pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de
determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos
sociais.
REDUÇÃO DO PRECONCEITO:
A convivência, através de uma atitude comunitária é , talvez a forma mais adequada de se reduzir o
preconceito.
COMO FUNCIONA O ESTEREÓTIPO:
É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma
categoria social. É um esquema simplista mas mantido de maneira muito intensa e que não se
baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto
distintivo de uma pessoa – idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é
associada.
Quando nossa primeira impressão sobre uma pessoa é orientada por um estereótipo, tendemos a
deduzir coisas sobre a pessoa de maneira seletiva ou imprecisa, perpetuando, assim, nosso
estereótipo inicial.
RACISMO:
É a crença na inferioridade nata dos membros de determinados grupos étnicos e raciais. Os racistas
acreditam que a inteligência, a engenhosidade, a moralidade e outros traços valorizados são
determinados biologicamente e, portanto, não podem ser mudados. O racismo leva ao pensamento
ou/ou:ou você é um de nós ou é um deles.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
McDavid, John e Harari, Herbert. Psicologia e comportamento social. Ed. Interciência. RJ. 1974.
Morris, Charles G. e Maisto, Albert A. . Introdução à Psicologia. Ed. Pearson e Prentice Hall. SP. 2004.
http://www.brasilescola.com/psicologia/atitude-preconceito-estereotipo.htm
9
Preconceito e Discriminação
Sérgio Lagoa
Embora o conceito de raça seja moderno, o preconceito e a discriminação são uma constante da
história universal e é necessário, antes do mais, fazer a distinção entre as duas ideias.
O PRECONCEITO refere-se a opiniões ou atitudes partilhadas por membros de um grupo acerca de
outro. As ideias preconceituosas são, muitas vezes, baseadas mais em rumores do que em provas
claras; opiniões que resistem à mudança mesmo face a novas informações. As pessoas podem ter
preconceitos favoráveis relativos aos grupos com os quais se identificam e preconceitos negativos
face a outros. Alguém que tem preconceitos contra determinado grupo recusará atender
imparcialmente os seus membros.
A Discriminação diz respeito ao comportamento tido em relação a outro grupo. Pode detectar-se em
ações que negam aos membros de um grupo oportunidades que são dadas a outros, como, por
exemplo, quando a um negro é recusado um emprego disponível para um branco. Embora o
preconceito esteja frequentemente na base da discriminação, os dois podem existir separadamente.
As pessoas podem ter ideias preconceituosas e não agir em conformidade. Também é igualmente
importante ter em conta que a discriminação não deriva necessária e diretamente do preconceito.
Por exemplo, uma pessoa branca que queira comprar uma casa pode inibir-se de adquirir a
propriedade em bairros predominantemente negros, não por causa de atitudes hostis que possa
sentir em relação às pessoas que vivem nesses bairros, mas em função da sua preocupação com a
desvalorização da propriedade nessas áreas. Neste caso, as atitudes de preconceito influenciam a
discriminação, mas de uma forma indireta.
http://semibreve.wordpress.com/2008/10/13/texto-011-preconceito-e-discriminacao/
Endo e exogrupo
A diferenciação entre endogrupo e exogrupo não apenas contribui para a promoção do preconceito,
como também é um elemento decisivo na eclosão de comportamentos discriminatórios. As pessoas
tendem a se identificar com os grupos aos quais pertencem, incorporando-os ao seu auto-conceito.
Desta forma, elas geralmente avaliam o próprio grupo de uma forma mais positiva, aderindo a uma
estratégia que favorece à preservação do auto-conceito. Esta avaliação positiva do próprio grupo é
correlata à avaliação negativa dos grupos externos. Esse viés na avaliação do endogrupo e do
exogrupo parece ser um componente fundamental na constituição da identidade social e tende a se
manifestar quando ocorre qualquer diferenciação, por mínima que seja, entre o endogrupo e o
exogrupo. A explicação para este fenômeno assenta-se na suposição de que as pessoas em geral
mantém contatos bem mais intensos com os membros do próprio grupo, o que faz com que
desenvolvam uma visão bem mais complexa a respeito dos que grupos em que transitam do que
sobre os grupos externos. Assim, quando é requerido um julgamento de uma situação em que
estejam envolvidos membros dos próprio grupo, ele tende a ser bem mais moderado, pois as
informações novas porventura presentes são consideradas apenas após uma cuidadosa comparação
com os aspectos positivos e negativos do comportamento inerentes aos membros do próprio grupo.
No caso dos grupos externos, os contatos são bem mais reduzidos e, consequentemente, a
representação disponível sobre o grupo ou sobre os membros do grupo tende a ser menos
complexa, o que propicia a formulação de julgamentos mais extremados. Nesse caso, as
informações novas exercem um efeito bem mais poderoso, uma vez que as informações anteriores a
respeito do grupo externo são menos circunstanciadas e a avaliação tende a ser realizada de acordo
com a representação estereotipada que se possui do exogrupo.
http://estereotipos.net/2007/11/28/endogrupo-e-exogrupo/
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Enquanto a cor da pele for mais importante que o
brilho dos olhos, haverá guerra. (Bob Marley)
Música, preconceito e discriminação
Edgar Nascimento
Também a música pode sofrer com algum tipo de preconceito e discriminação. Aqui não se vai
analisar a questão vista do lado dos músicos, compositores e intérpretes, mas sob o ponto de vista
do grande público, pois se aqueles de certo modo são prejudicados pelo preconceito e pela
discriminação, é o público que acaba muitas vezes privado do bem que a música poderia lhe
proporcionar caso essas duas pragas não andassem por perto. E quem não tem ou cultiva um
pouquinho que seja de preconceito? A seguir, um exemplo de preconceito em relação ao tempo em
que a música foi feita ou interpretada:
O raciocínio de um jovem poderia seguir mais ou menos assim: “Meu avô gosta das músicas do
Nelson Gonçalves e do Orlando Silva e vive me dizendo que aquilo sim é que era música, não essa
barulheira sem sentido que existe hoje em dia. Bem, eu ouvi algumas vezes meu avô escutando as
músicas dele no rádio e não gostei delas.” Logo, conclui o jovem, nenhuma música que esses dois
cantores interpreta é boa e, por extensão, nenhuma música dessa época é boa. Então, não vale a
pena perder tempo ouvindo músicas feitas antes de 1960.
O avô pergunta ao jovem:
— E você, de que músicas gosta?”
— Ah, eu gosto de rap, de pop rock, heavy metal… — Claro que o avô não sabe do quê o neto está
falando.
Qual dos dois está agindo de modo preconceituoso? Acertou quem respondeu “os dois”. O neto,
porque formou um conceito sobre a música das gerações anteriores baseado unicamente na
experiência de ter ouvido uma ou outra vez seu avô escutando Orlando Silva e Nelson Gonçalves
num radinho de pilha. E o avô porque, além de ter parado no tempo, se apegado às próprias
memórias e por isso mesmo não conseguir compreender o mundo atual, desqualificou o gosto do
neto. E, como se diz que gosto não se discute (esta afirmação é discutível), o diálogo pára por aí.
O resultado desse preconceito é a discriminação. Ou seja, a pessoa passa a selecionar, a discriminar
as músicas que escuta partir de ideias pré-concebidas adotando o critério: “não ouvi, não gostei”. E
assim, priva-se voluntariamente de um bem que sequer conhece, quando o conveniente seria
simplesmente antes conhecer para depois rejeitar ou não. E é bom ter sempre presente que, para se
conhecer uma música, dependendo de sua complexidade, às vezes é preciso ouvir mais de uma vez,
sem preconceito, com a mente aberta e o espírito desarmado, a fim de a compreender. O resultado
dessa prática costuma ser surpreendente.
É assim que muitos jovens são apaixonados pela música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e que,
pela mesma razão, não pouca gente em torno dos 60 anos curte os raps de Gabriel O Pensador e a
interpretação cheia de vida de Ana Carolina.
Enquanto não conseguimos acabar com o jabá, praga que, por razões puramente econômicas, dita
quais músicas serão tocadas nas emissoras de rádio e televisão e, conseqüentemente, as que serão
sucesso certo nas baladas e no som a todo volume de alguns (poucos, ainda bem!) carros, podemos
ao menos tentar nos livrar dos preconceitos que ainda temos e assim ser mais livres para apreciar a
música de todos os tempos que o mundo tem a nos oferecer hoje.
http://www.edgarnascimento.mus.br/art70110.htm
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"O preconceito é uma opinião sem julgamento.
Assim em toda terra inspiram-se às crianças todas as
opiniões que se desejam antes que elas as possam
julgar." (Voltaire)
Norma social torna a discriminação mais velada à medida que as crianças
crescem
Patrícia Mariuzzo
Certo dia, quando estava no maternal, Luana, então com três anos de idade, chegou em casa
chorosa porque um coleguinha não a deixava brincar chamando-a de negrinha. A mãe lhe disse:
"mas teu pai também te chama de minha negrinha". A menina respondeu: "mas é de um jeito
diferente". Embora o preconceito racial seja um tema amplamente discutido na sociedade atual, a
ponto do governo federal ter criado uma secretaria especialmente dedicada ao tema: a Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o preconceito étnico entre crianças é
tema de poucas pesquisas. Uma das mais recentes foi realizada pela pesquisadora Sheyla
Fernandes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Faculdade Pio Décimo, de Sergipe. Ela fez
um estudo com crianças de cinco a oito anos de idade onde o problema fica evidenciado.
Participaram do estudo 19 crianças de uma cidade do interior sergipano, 11 meninos e 8 meninas,
com idade de cinco a oito anos. Todas brancas. Foi solicitado que desenhassem duas crianças, uma
branca e outra negra. Através dos desenhos os pequenos responderam a questões sobre escolhas e
preferências em relação a cinco categorias: riqueza, beleza, inteligência, proximidade e contato. Os
resultados revelaram alto nível de preconceito. A criança negra foi fortemente rejeitada e na faixa
etária de 7 e 8 anos é onde estava os maiores índices de preconceito. A discussão sugere que o
efeito da norma social de igualdade apenas aparece após os oito anos de idade, por isso é natural
para elas expressar preconceito racial.
Para a pesquisadora, o que vem ocorrendo são modificações na forma pelas quais as pessoas
expressam o preconceito. Face ao reconhecimento público crescente dos princípios democráticos de
igualdade e liberdade, as pessoas começaram a expressar o preconceito de maneira mais contida e
sutil, inclusive as crianças. "Mostrar-se como preconceituoso se tornou antiquado e reprovável", diz.
Ela explica que antes tínhamos a expressão do preconceito aberta e direta; hoje, isso é mais velado.
As crianças viam na TV, no dia-a-dia, em suas casas e escolas cenas e evidências de preconceito
abertas e, portanto, as repetiam como sendo a norma comum e aceitável do grupo. Hoje os
pequenos não veem mais isso, logo, agem de acordo com o que aprendem. "Não se espera
atualmente que uma criança ou qualquer pessoa discrimine abertamente o outro por ele ser negro,
por exemplo. Podemos chamar isso de avanço, porém não temos subsídios para prever se isso
implicará necessariamente na total erradicação do preconceito, porém há, de fato, uma tendência à
diminuição", afirma Sheyla.
PRECONCEITO CONTRA PRECONCEITO
Um determinante muito forte para o preconceito são as normas sociais. Dependendo da cultura, da
época e do que as normas dos grupos pregam como correto, os níveis de preconceito são maiores
ou menores. A pesquisadora ressalta que, a partir de alguns acontecimentos importantes como as
guerras mundiais, a Revolução Francesa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos entre outros,
se começou a repensar as diferenças sociais. Surgiram novas representações e significados de
civilidade, de igualdade e de liberdade. "Assim, embora possamos observar que o preconceito ainda
existe, sua expressão tomou, com esses avanços, outros contornos. Ninguém quer se mostrar
contrário às normas sociais, pois seria discriminado também. Temos leis que coíbem a demonstração
do preconceito. Com isso, expressões discriminatórias, seja contra negros, homossexuais, mulheres
ou qualquer minoria social, se tornou velada. O alto nível de preconceito encontrado em crianças
pode ser justificado, de um modo geral, pela falta de discernimento em virtude de não terem
internalizado tais normas sociais", considera Sheyla.
Por volta dos três anos de idade as crianças não percebem ou não representam as diferenças entre
as pessoas. Elas brincam com outras mais pobres, negras, deficientes, diferentes delas mesmas,
como brincariam com as crianças de seu próprio grupo. Por volta dos cinco anos começa um
processo de amadurecimento que faz com que elas vejam que existem grupos diferentes. "É nesse
momento que elas costumam discriminar de forma aberta o que consideram fora dos padrões de seu
grupo, ou dos padrões sociais em geral. Percebe-se, nas escolas, esse fenômeno de forma clara,
com os apelidos ou o bullying, nomenclatura utilizada para referir agressão e discriminação entre
escolares", exemplifica. Segundo Sheyla, as crianças podem apresentar comportamentos bastante
cruéis e rudimentares, não escondendo o que sentem. "Mais tarde, por volta dos oito anos de idade,
pode-se dizer que as normas sociais já fazem parte de seu repertório representacional. As crianças
estão agora 'civilizadas', ou seja, introjetaram os sentidos e significados de uma vida em sociedade,
de modo primário ainda, mas esse fenômeno faz com que uma mudança brusca ocorra em termos
das maneiras de perceber as outras pessoas e as coisas", complementa. Então, aparentemente há
maior aceitação do diferente, porém os estudos mais recentes mostram que as crianças passam a
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camuflar os sentimentos que julgam não serem os politicamente corretos em sua cultura e, mais
especificamente, em seu grupo de convivência.
SENTIMENTO DE INFERIORIDADE
Em 1947, uma pesquisa semelhante à da professora Sheyla Fernandes foi realizada nos Estados
Unidos pelos psicólogos Kenneth e Mamie Clark. Eles mostravam bonecos de plástico idênticos,
exceto pela cor, para crianças negras com idades entre três e sete anos e pediam que fizessem uma
identificação racial e indicassem sua preferência. Quase todas as crianças identificaram racialmente
as bonecas com facilidade e, a maioria, atribuiu às bonecas brancas atributos positivos. Além disso,
as crianças também foram solicitadas a pintar desenhos de crianças de acordo com a cor da sua
pele. As negras pintavam os desenhos com giz branco ou amarelo. Os pesquisadores concluíram que
o preconceito, a discriminação e a segregação faziam com que as crianças negras desenvolvessem
um senso de inferioridade em relação às demais.
Pesquisas na área da psicologia infantil demonstram a importância, positiva ou negativa, das marcas
emocionais advindas da infância. De acordo com a pedagoga Marilene Leal Pare, as experiências
com preconceito nas relações fora da família, em parques, festinhas ou na pré-escola, farão com
que ela desenvolva mecanismos de defesa conforme a intensidade do racismo sofrido. "Um dos
mecanismos mais fortes que observamos é o de negação: para a criança dói muito sentir que o
coleguinha ou a professora a rejeita por causa da cor da sua pele", diz ela. Por isso ela passa a não
querer admitir a rejeição, como se ela não existisse. "Estes serão aqueles adultos negros que dirão
nunca terem sofrido preconceito em suas vidas", completa. Marilene trabalha na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde faz pesquisas sobre autoimagem e autoestima da
criança negra no ambiente escolar. Ela explica ainda que a criança negra, ao se deparar com
atitudes preconceituosas na pré-escola e nas primeiras séries do ensino fundamental, tende a isolar-
se, juntar-se com outros da mesma etnia ou desenvolver atitudes para agradar os colegas e, então,
ser aceito. "É comum crianças negras, em seus primeiros anos na escola, verbalizarem que não
gostariam de ser negras", lamenta.
Nos anos 1960, a antropóloga norte-americana Jane Elliot aplicou um exercício de discriminação
baseada na cor dos olhos das crianças, em sua sala da terceira série. As crianças negras,
previamente instruídas, discriminaram as brancas, que não sabiam que tudo havia sido combinado.
O exercício deu origem a dois documentários: The eye of the storm (1968) e Olhos azuis (Blue eyed,
1996). Nos dois filmes, fica evidente a mudança de comportamento das crianças vítimas de
preconceito. "O que antes era um ser humano, normal e feliz, transforma-se, no dia seguinte, em
uma criança assustada, vulnerável, intimidada, ameaçada quando colocamos uma cor e dizemos que
ela é inferior. Imagine o que é viver uma vida inteira assim", diz Elliot em um trecho do
documentário Olhos azuis.
MAIS SEMELHANÇAS DO QUE DIFERENÇAS
Nesse contexto, reflexos negativos no desempenho escolar não tardam a surgir. Um exemplo disso
está nas pesquisas de Marilene Pare, da UFRGS, em escolas públicas e privadas de Porto Alegre,
onde ela observou níveis mais altos de evasão e repetência entre os estudantes negros. "Em
entrevista com esses alunos eu pude detectar problemas ligados à discriminação racial, baixa
autoestima, e a escola mantendo silêncio em torno dos fatos sem saber lidar com o problema", diz.
Na opinião da pedagoga a escola brasileira não tem sido competente no trato com a cultura dos seus
educandos, especialmente com o grande contingente de origem africana que compõe a maioria da
população do país. De acordo com uma projeção feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), em 2010 o Brasil terá a maioria de sua população negra. Para ela, é necessário efetivar a
inclusão da questão racial nos currículos escolares, reconhecendo a identidade étnica dos alunos
negros e a valorização de suas potencialidades, a partir da ancestralidade africana.
Já foi comprovado que o contato interpessoal entre grupos diferentes promove a mudança de
estereótipos. Para Sheyla Fernandes, a discussão de temas que remetam à igualdade social ajuda a
diminuir o preconceito. Isso inclui o uso de livros paradidáticos e, para as crianças menores, a
leitura de contos e fábulas que trabalhem o preconceito e a igualdade. "Sabemos que é um processo
lento e de difícil solução, mas estamos caminhando para o desenvolvimento de pessoas mais
voltadas para a norma da igualdade. Há uma tendência de que as próximas gerações apresentem
valores e comportamentos mais tolerantes frente o outro", acredita.
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252009000200004&script=sci_arttext
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Estereótipo da violência
“Pessoas com esquizofrenia tendem a ser violentas. ”
Transtornos mentais e violência estão intimamente ligados na mente do público. O relato
sensacionalista da mídia (alguma vez você já leu a manchete: "Homem São Mata uma Família de
Quatro Pessoas?) tem grande fatia de culpa, assim como a televisão e as representações
cinematográficas de assassinos enlouquecidos. Outro fator contribuinte é o uso popularmente
incorreto de termos psiquiátricos como "psicótico" e "psicopata". O estereótipo do doente mental
violento causa temor no público e faz com que todos procurem evitá-lo.
Pessoas com doenças mentais, em geral não são mais perigosas do que indivíduos sadios da mesma
população. Indivíduos com esquizofrenia mostram uma taxa levemente maior de crimes de
violência, mas tais atos são quase sempre cometidos por aqueles que não estão recebendo
tratamento médico adequado. Na verdade, pessoas com esquizofrenia são muito mais prováveis de
serem violentas consigo mesmas do que com os outros. Quarenta a cinqüenta por cento das pessoas
com esquizofrenia tentam suicídio; dez por cento são bem sucedidas.
Oito coisas a lembrar sobre o estereótipo da violência:
1. O tratamento reduz drasticamente o risco de violência. O tratamento precoce também pode
ajudar a melhorar a confusão e o sofrimento decorrentes de um surto psicótico completo.
2. O risco de violência não se deve necessariamente à esquizofrenia, mas sim a uma combinação de
transtornos.
3. A contribuição de pessoas com esquizofrenia para a incidência geral de crimes é relativamente
pequena.
4. A violência associada à esquizofrenia é mais comumente direcionada a um membro da família e,
na verdade, a probabilidade maior é que o doente machuque a si próprio.
5. Pessoas com esquizofrenia não representam um risco para as crianças.
6. O risco de violência em pessoas com esquizofrenia parece ser muito similar ao da população
sadia, quando o abuso de substâncias é desconsiderado.
7. O risco de ofensas sexuais associados à esquizofrenia é baixo.
8. Apenas uma pequena porcentagem das pessoas com esquizofrenia é responsável pelo
comportamento violento que ocorre em decorrência do transtorno.
http://www.openthedoors.com/portuguese/03_12.html
Escola: berço do preconceito!
O preconceito está presente entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas
brasileiras. As pessoas com deficiência, principalmente mental, seguidas de negros e pardos são as
que mais sofrem com esse tipo de manifestação.
Foi comprovada pela primeira vez uma relação entre preconceito e o desempenho na Prova Brasil,
cujas notas mais baixas estão onde há maior hostilidade ao professor. Essas conclusões estão no
estudo feito a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, órgãos do Ministério da Educação.
Os dados deste estudo inédito foi realizado em 501 escolas com 18.599 estudantes, pais e mães,
professores e funcionários da rede pública de todos os Estados do País. A principal conclusão foi de
que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de
manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades especiais,
homossexuais, pobres e negros. Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com
deficiência e 94,2% na questão racial.
"A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola
também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa
cultura", afirma o responsável pela pesquisa, o economista José Afonso Mazzon, professor da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA).
Segundo Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da secretaria, os resultados vão
embasar projetos que possam combater preconceitos que a escola não consegue desconstruir. "É
possível pensarmos em cursos específicos para a equipe escolar. Mas são ações que demoram para
ter resultados efetivos." ( http://psiolhospensantes.blogspot.com/2009/06/escola-berco-do-preconceito.html )
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Sou sim, e daí?
Maitê Schneider
Muito se fala sobre homossexualidade, mas a hipocrisia e os preconceitos da sociedade, mesmo que
velados, ainda são uma barreira para quem decide assumir, com todas as letras e cores, sua opção
sexual.
Preconceito: substantivo masculino que dilacera homens, mulheres, gays, lésbicas, travestis,
transexuais, bissexuais, negros, judeus e todos os que são fora do paradigma vigente imposto pela
sociedade. É ele, o maldito, o verdadeiro MAL do SÉCULO.
O preconceito dói, machuca e por vezes acaba matando gente como a gente. Gente que vive e quer
viver. Gente que faz e que constrói.... Gente que é gente. O pior dos preconceitos é o contra a
orientação sexual de uma pessoa, haja visto que é o mais visado e o mais odiado pela grande
"maioria", que se diz pensante.
Expliquemos:
- O pior castigo para um pai negro é ter um "filho travesti";
- O pior castigo para um pai judeu é ter um "filho gay";
- O pior castigo para uma mulher é ter uma "filha lésbica";
- O pior castigo para um homossexual é não poder viver e ser ele(a) mesmo(a).
Esse não é tema novo. Surge na antiguidade, com os regimes escravistas e presos de guerra. Passa
pelos indígenas e negros, que são as vítimas do Novo Mundo e segue com os judeus, os cristãos
novos e os homossexuais, todos exterminados por "Hitlers" da vida, que encontramos no nosso
cotidiano.
Preconceito é crime, simplesmente por ir contra a norma máxima da Constituição Brasileira de que
todos são iguais. Já se pode, dessa forma, enquadrar a discriminação como crime, sem que para
isso precisem ser criadas jurisprudências ou leis complementares.
É importante também que notemos a diferença entre preconceito e discriminação. Muitas vezes
usamos estas palavras como sinônimas, mas não são. O preconceito é de foro íntimo e trata-se do
conjunto de princípios e verdades negativas e não comprovadas por experiência própria, que
trazemos e são inerentes à nossa pessoa. Essas 'verdades' nos são trazidas por educação familiar e
escolar, amigos, mídia e outros meios. Já a discriminação é a exteriorização do preconceito. É o
conjunto de atos e atitudes que extravasamos para o nosso cotidiano, interferindo negativamente na
vida do nosso próximo.
O preconceito deve ser mudado através de uma educação de base e de uma construção positiva no
sentido da igualdade, respeitando sempre a diversidade. No caso da discriminação, a penalização
deve ser o mais imediata possível e devem ser considerados esses atos como crimes, sejam eles
comissivos ou omissivos.
Todos temos preconceito, mas em diferentes graus. Não temos como fugir. Eles vêm arraigados com
a nossa cultura. Entretanto, reconhecer isso é a principal arma que temos para lutar contra ele. E se
não é uma coisa positiva em nossas vidas, pior quando é em relação a si, é realmente muito
depreciativo. Devemos arrebentar as algemas que nos prendem a ter pena de nós mesmos, a
sermos sempre vítimas de algo que não nos é passível de mudança. Devemos ser felizes em
essência, e essa felicidade não pode e não deve estar condicionada à alguém ou a alguma coisa.
Temos que ser felizes hoje, no momento presente. Lógico que o momento é de lutas, brigas e
muitas batalhas, contudo a visão de um futuro sem injustiças (sejam elas quais forem), sem
discriminação e sem valorização do ter, em contrapartida com o ser, é próximo e não significa mais
uma utopia, na vida de pessoas que acreditam nesse mundo melhor.
http://www.bolsademulher.com/estilo/sou_sim_e_dai-1257-2.html
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"Os preconceitos têm raízes mais profundas que
os princípios." (Nicolau Maquiavel)
Investigando a posição do sujeito cego na história
Lívia Maria Villela de Mello Motta
Desde a antiguidade, a cegueira vem sendo considerada como algo de difícil compreensão. As
pessoas cegas, segundo Lorimer (2000), foram sempre consideradas como incapazes e
dependentes, maltratadas e negligenciadas, sendo que algumas civilizações chegavam mesmo a
eliminá-las. Somente há 200 anos atrás é que a sociedade começou a perceber que as pessoas
cegas e com baixa visão poderiam ser educadas e viver independentemente. Este percurso histórico
e a forma como a cegueira era considerada e tratada em diversas regiões do mundo, o que será
apresentado abaixo, ajudam-nos a compreender as razões pelas quais a sociedade, em geral, ainda
associa algumas profissões, mitos e ideias pré-concebidas às pessoas cegas.
Na China, a cegueira era comum entre os moradores do deserto. A música era uma alternativa para
se ganhar a vida e, para isto, os cegos precisavam exercitar o ouvido e a memória. Os japoneses,
desde os tempos mais remotos, desenvolveram uma atitude mais positiva com relação às
necessidades das pessoas cegas, enfatizando a independência e a auto-ajuda. Além da música,
poesia e religião, o trabalho com massagem foi encorajado. Muitos cegos se transformaram em
contadores de história e historiadores, gravando na memória os anais do império, os feitos dos
grandes homens e das famílias tradicionais, sendo encarregados de contar isto para outras pessoas,
perpetuando, assim, a tradição.
O Egito era conhecido na antiguidade como o país dos cegos, tal a incidência da cegueira, devido ao
clima quente e à poeira. Referências à cegueira e às doenças nos olhos foram encontradas em
papirus e os médicos que cuidavam dos olhos se tornaram famosos na região mediterrânea.
Na Grécia, algumas pessoas cegas eram veneradas como profetas, porque o desenvolvimento dos
outros sentidos era considerado como miraculoso. Em Roma, alguns cegos se tornaram pessoas
letradas, advogados, músicos e poetas. Cícero, por exemplo, orador e escritor romano, aprendeu
Filosofia e Geometria com um tutor cego chamado Diodotus. Entretanto, a grande maioria vivia na
mais completa penúria, recebendo alimentos e roupas como esmola. Os meninos se tornavam
escravos e as meninas prostitutas.
No Reino Unido, as primeiras referências às pessoas cegas datam do século XII, e mencionam um
refúgio para homens cegos, perto de Londres, aberto por William Elsing. Os cegos eram geralmente
mendigos que viviam da caridade alheia.
Na Idade Média, mais atenção foi dada às pessoas pobres e deficientes, principalmente devido à lei -
"The Poor Law Act", lavrada em 1601, que mencionava, explicitamente, os pobres, os incapazes e os
cegos, prevendo abrigo e suporte para estas pessoas. Desta data em diante e por mais uns
duzentos anos, os cegos viveram em suas casas ou em instituições, os chamados "asylums",
contando com algum suporte dos governantes.
Na Bíblia, a cegueira é sinônimo de escuridão, de pecado. Deus é luz, é claridade. O pecado é a
escuridão, a ausência de Deus. Segundo Hull (2000), a Bíblia foi escrita por pessoas que enxergam e
os textos bíblicos traduzem imagens negativas da cegueira e da deficiência. A cegueira é símbolo da
ignorância, de pecado e falta de fé. Além disto, é considerada como um castigo enviado por Deus. A
cura do cegos, na Bíblia, está sempre ligada à remissão dos pecados, à confissão dos pecados. De
uma certa forma, conforme comentado por Barasch (2001), a Bíblia reflete o pensamento cultural da
antiguidade em relação à cegueira, tendo grande influência sobre artistas e escritores da época e
também colaborando para manter o círculo vicioso do preconceito.
Em suma, a história, as lendas, a literatura e a própria Bíblia contribuíram para perpetuar as ideias
negativas, os mitos sobre o efeito da falta da visão na vida das pessoas. A falta de conhecimento e
entendimento sobre o tema, segundo Hutchinson et al (1997), acaba resultando em uma limitação
das oportunidades que são oferecidas às pessoas cegas e com baixa visão. A cegueira e a baixa
visão não deveriam ser barreiras para uma participação maior na sociedade e na escola. Estas
barreiras são, na grande maioria, construídas pela própria sociedade, sendo traduzidas na linguagem
utilizada para descrever as pessoas com deficiência pela cultura da normalidade, que discuto a
seguir.
http://www.bengalalegal.com/deficienciavisual.php
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Origens do racismo negro
João Pedrosa
No caso do Brasil, onde estão as raízes da brutal discriminação racial? Primeiro temos que
compreender que por trás da origem do preconceito racial existe a questão política e econômica. O
branco dominador e colonizador explorando historicamente o negro escravo.
O Brasil se caracteriza por uma diversidade étnica que é produto do processo histórico que misturou
num mesmo território três grupos distintos: portugueses, índios e negros de origem africana. Esse
contato possibilitou a formação de uma cultura plural, levando à construção de um país
inegavelmente miscigenado. País este construído na base da exploração humana sob o regime da
escravidão, inicialmente com os índios e posteriormente com os escravos negros africanos que eram
capturados e traficados da África (1548). A classe dominante formada pelo branco colonizador
português construiu uma hierarquia de classes que deixava evidente a distância social entre
senhores e escravos. Os índios e os negros permaneceram em situação de desigualdade,
marginalidade e exclusão social. Esta situação era necessária para se manter a escravidão e a
exploração.
Para Heler (1988), o preconceito está pautado em um forte componente emocional que faz com que
os sujeitos se distanciem da razão. Ele era necessário para manter a exploração econômica,
apresentado o negro como uma raça inferior, incapaz e desprovida de qualidades que só o homem
branco possuía.
A justificativa sustentada pela “biologia do branco colonizador” apresentava a raça branca como
sendo naturalmente mais pura, saudável, superior, nobre, esteticamente mais bonita, de inteligência
e sabedoria elevadas. Evidentemente que este raciocínio é estúpido, anticientífico e errôneo. Porém,
eficaz o suficiente para reproduzir a ideologia dominante e manter as diferenças, a exploração e os
privilégios. Consolidou-se culturalmente a suposta superioridade do homem branco. O negro escravo
passou a ser uma “criatura humanamente inferior”.
É nesta conjuntura socioeconômica que surge o racismo, arquitetado racionalmente para garantir à
dominação do branco. A raiz do preconceito é sobretudo baseada na exploração econômica. Hoje, a
dor do negro vítima do preconceito foi alicerçada na humilhação, nos sentimentos de medo e
inferioridade que lhes foram inculcados durante séculos.
http://www.armariox.com.br/conteudos/colunistas/pedrosa/negrogay.php
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Prostituta x Preconceito
Landa Costa
No passado a figura da prostituta era muito valorizada pelos homens. A maioria dos rapazes perdia a
virgindade com essas profissionais e recorriam a ela antes e até depois do casamento. Hoje em dia
não são tão requisitadas pelos mesmos motivos, é uma profissão que nunca mais vai acabar, porém,
a tendência e que se diminua cada vez mais o mercado. O mercado irá diminuir não pelo fato do
aumento do pudor da sociedade, mas, pela facilidade com que hoje os homens conseguem sexo.
Como um rapaz de 13 – 15 anos, por exemplo, iria conseguir transar com suas coleguinhas de
turma no passado? Posso afirmar categoricamente que era quase impossível! As mulheres se
casavam virgens! Poucas eram “perdidas” um termo muito comum no passado.
Certamente o tabu da virgindade foi quebrado, sexo antes do casamento é algo totalmente normal e
está totalmente “na moda”. Sexo sem compromisso não é conseguido apenas com prostitutas…
A prostituição vem tomando fôlego com o turismo sexual, esse sim está em alta, apesar de não ser
um tipo de turismo bem visto por nenhum governo.
Meu questionamento é…
Porque jovens de classe média alta espancariam uma mulher e se achariam com razão se ela fosse
uma prostituta?
Já ouvi coisas do tipo:
“Deve ser um bando de gays enrustidos.”
Gays enrustidos??? Vou ser bem sincero e direto. A maioria dos gays não são violentos, não tem
preconceitos contra prostitutas, ou qualquer outro tipo de raça, cor ou condição social… Sério… Essa
é mais que furada!
“A família não deu educação!.”
Acho meio injusto condenar uma família pelos erros praticados pelos filhos. Já foi provado há muito
tempo que o homem não é fruto do meio. Se a família dos adolescentes fosse recheada de bandidos
e animais eles estariam com razão ou teriam motivo para praticar a barbárie?
“São filhinhos de papai!”
Essa eu posso até concordar que ser “filhinho de papai” pode subir a cabeça, porém, não é uma
justificativa porque jovens que não são filhinhos de papai também cometem crimes como esse.
“Se acham machões.”
É… Pelo que sei, se fossem machões mesmo contratariam as prostitutas ao invés de espancarem!
A impunidade tem grande parcela de culpa mas mesmo onde as pessoas são punidas com rigor
ainda ocorrem problemas com a lei! Acho que o principal motivo é a falta de amor próprio, amor
pelos outros e falta de valor que esses jovens estão dando a vida!
E você o que pensa sobre esse assunto?
http://www.nomegratis.com/prostituta-x-preconceito.html
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Preconceito afeta tratamento de depressão em idosos
USP Online
Nos últimos 20 anos, a expectativa de vida da população aumentou, aproximadamente, 11%. Se em
1984 as pessoas atingiam por volta de 64 anos, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) calcula que se viva, atualmente, em torno de 71 anos e as projeções para 2024 indicam
aumento da expectativa de vida para 77 anos. Mas com o envelhecimento dos brasileiros, cresce
também a incidência e a visibilidade de doenças que atingem especificamente esta população. Entre
estas doenças está a depressão em idosos.
Principalmente devido ao preconceito e à falta de atenção familiar, muitos idosos desenvolvem esta
doença e não procuram tratamento adequado, o que pode agravar o quadro clínico de outras
doenças, como a demência. ?Por preconceito as pessoas ainda acham que desânimo, fraqueza e
falta de disposição são sintomas característicos da velhice, o que não é verdade?, afirma o psiquiatra
do ProTer (Projeto Terceira Idade) do Hospital das Clínicas da USP, Alberto Stoppe Júnior.
Entre os fatores que podem levar à depressão estão a predisposição genética, situações
extremamente traumáticas e pontuais, como a perda de um ente querido, ou uma série de
mudanças na vida que levam à insatisfação e à falta de prazer nas atividades rotineiras. No caso dos
idosos, a depressão está mais relacionada com uma série de mudanças na rotina de vida destas
pessoas.
Os principais sintomas depressivos são perda de prazer e interesse pelas atividades, fraqueza
brusca, irritabilidade, alteração no sono (insônia ou o excesso de sono), perda de memória, dores no
corpo e alterações na alimentação (comer exageradamente ou falta de apetite). Nos quadros
considerados graves há incidência de todos estes fatores. No entanto, segundo Botino, estes casos
são mais raros na população idosa. O problema está em pessoas que apresentam apenas alguns
destes sintomas, mas não procuram tratamento.
Apesar disso, tem aumentado, segundo o também psiquiatra do Projeto Terceira Idade (ProTer) do
Hospital das Clínicas da USP, Cássio Botino, o número de pessoas que apresentam apenas alguns
destes sintomas e não procuram tratamento adequado. ?É crescente o número de idosos que não
identificam sintomas depressivos e portanto não se tratam, o que é um grave problema, já que a
depressão, que era leve, pode tornar-se mais severa e afetar outras atividades?, explica Botino.
http://www4.usp.br/index.php/saude/2213
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"Uma receita de bolo
não é um bolo,
O molde de um vestido
não é um vestido,
Um mapa-mundi não é
um mundo,
E a gramática não é a
língua".
Marcos Bagno
Guilherme Pilla
http://mnocelli.blog.uol.com.br/arch2009-02-15_2009-02-21.html
Definição de Preconceito Cultural
Jamille Veiga
Preconceito cultural é uma conduta que vem se disseminando entre as mais diversas camadas
sociais. Consiste na discriminação de uma pessoa pela sua origem ou mesmo por associações
pejorativas e, na aceitação, por parte de outros, de uma visão deturpada de determinada cultura.
Por constituir-se num grave problema, o preconceito cultural vem sendo abordado como crime.
Nesse sentido, tem-se como exemplo o deputado Maurício Rabelo, que objetiva combater esse tipo
de preconceito: “Para erradicar o preconceito cultural existente no país, o parlamentar propôs uma
mudança no Código Penal, incluindo como passível de punição qualquer discriminação envolvendo a
cultura ou os valores culturais.”
Preconceito Cultural no Brasil
Não é preciso ir tão longe para encontrar quadros de preconceito cultural. Apesar de nós, brasileiros,
sermos considerados uma nação pobre, sem identidade, comportamento duvidoso, é possível
encontrar pessoas que têm conceitos errados em relação aos seus semelhantes aqui mesmo, no
Brasil.
Temos como exemplo a errônea ideia que se faz de um gaúcho, a associação que se faz da preguiça
com o baiano, ou da “burrice” com o goiano, também temos a visão primitiva e subdesenvolvida que
se tem da região norte, dentre outros.
É fato que o povo Brasileiro não tem uma boa representação no exterior. Normalmente, quando se
ouve falar em Brasil, está relacionado a mulatas, samba, Rio de Janeiro (“pontos positivos”), ou a
violência, assalto, esperteza, ignorância, subdesenvolvimento (“pontos negativos”). Tais
características fazem dos brasileiros alvos do preconceito cultural.
Infelizmente, deparamo-nos com um povo que não se conhece e que, portanto, não tem como
passar uma imagem positiva a outros países, nem reclamar o reconhecimento de suas qualidades.
“Limpeza étnica” na Iugoslávia: um caso de preconceito cultural
Na antiga Iugoslávia, algo chama muito a atenção, lá está localizado o Centro de Descontaminação
Cultural (CDC), fundado em Belgrado, no ano de 1994. Este Centro tem como objetivo combater os
efeitos nocivos do governo do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic. A instituição desenvolve
um forte trabalho contra a xenofobia, a intolerância, o ódio entre as nações.
Então surge uma dúvida: Qual o motivo da criação de um centro de descontaminação? Para quem
não sabe, a Iugoslávia era, até a fragmentação de sua extensão territorial, um verdadeiro caldeirão
étnico, abrigando nações que se odiavam. Sabe-se que a principal razão para os conflitos era a
questão territorial, entretanto, os ataques a Kosovo e a Bósnia, pretextando uma “limpeza étnica”,
demonstrando uma postura de preconceito cultural, como relata uma das fundadoras do CDC, Borka
Pavcevic: “A guerra era também uma consequência da contaminação feita pelas palavras, pela
propaganda, por entrevistas, fotografias, preconceitos, mitos, pela falsa interpretação ou re-
interpretação da história, por emoções étnicas e religiosas com objetivos políticos a fim de destruir e
separar as pessoas de acordo com a etnia. As razões residem no preconceito cultural e no discurso
sobre cultura ‘limpa’ no período de formação dos novos Estados e da devastação da ex-Iugoslávia.”
Discussão: Preconceito Cultural X Etnocentrismo
Qual a diferença entre etnocentrismo e preconceito cultural? Certamente não é uma dúvida comum,
entretanto, vale à pena discutir.
As principais diferenças então nos seguintes aspectos: o preconceito, de um modo geral, é a
formação de uma ideia pré-concebida sobre algo desconhecido, que se torna fixa, portanto, ter
preconceito com a cultura e os valores de certo grupo social é acreditar nos mitos que o envolvem.
Já o etnocentrismo está mais ligado a supervalorização da própria cultua, em detrimento da cultura
alheia, usando o próprio padrão de valores, para analisar os outros.
Dicas de sites para aprofundamento:
http://www.pittyquepariu.blogger.com.br/2003_11_01_archive.htm/
http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2003/07/Projeto_combate_preconceito_cu.shtml
http://www.parceria.nl/especiais/esp061211_estadosfrageis/ef061213_respostas
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_jun1999/pag16.html
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Onde você guarda seu preconceito?
Flávio Herculano
Onde está o seu preconceito? Num gesto intolerante, de fúria e agressão, tipo “ataque neonazista”?
Ou numa ação velada, na piada intransigente contada entre os conhecidos, em meio a um ambiente
amistoso, como se fosse um gesto ocasional e sem consequências? Ou, ainda, está guardado num
fio do subconsciente, disfarçado de uma falsa “aceitação” às minorias? Onde ele estiver, qualquer
que seja a medida do seu preconceito, livre-se dele.
Com causas históricas e culturais, o preconceito nunca se extingue. Em algumas situações pode ate
se atenuar, como no caso do racismo, do machismo e da homofobia, hoje considerados retrógrados,
inaceitáveis em muitos ambientes. Mas, enraizado, o preconceito se desdobra, ganhando novas
formas, de acordo com os valores vigentes na sociedade. Na era do consumo e das vaidades, se
insurge contra os pobres e contra aqueles que não se enquadram em padrões estéticos cada dia
mais estreitos... E por ai prossegue, formando um rosário de intolerância e rejeição.
Vivemos nos renegando, virando as costas uns para os outros. São sulistas contra nordestinos,
moralistas contra libertários, direitistas contra esquerdistas. Subjugamos o próximo mais por uma
necessidade de auto-afirmação que, propriamente, por uma atitude de desprezo. É o branco que, ao
julgar o negro inferior, se coloca um patamar acima, se sentindo mais confortável diante do
infortúnio alheio. É o homem que, ao oprimir a mulher, conquistava mais espaços nos ambientes
sociais e trabalhistas.
Mas bem que poderia ser o contrário, a começar pelas próprias minorias. O negro, que conhece a
dor do racismo, acolhendo o pobre. O pobre, por sua vez, acolhendo o negro e a mulher. A mulher
acolhendo o negro, o pobre e o homossexual... Daí por diante, de modo que o branco, o rico e o
macho heterossexual reconhecessem essa harmonia, se integrando a ela, mesmo que por uma
imposição cultural, de enquadramento numa nova ordem das relações sociais.
E quando falo em “acolher”, me refiro a algo muito superior à aceitação. Pois, quando nos propomos
a aceitar o outro, também nos colocamos um degrau acima, mas ser estender a mão, para que ele
alcance o mesmo nível. É, também, uma necessidade de auto-afirmação. Nos sentimos altruístas e,
ante as demais pessoas, nos julgamos mais à frente e abertos as diferenças. Contudo, trata-se mais
de um gesto de falsa ¨piedade¨ que de harmonia nas relações pessoais.
E você, quais os seus preconceitos e qual a dimensão deles? Reconheça-os, para pode livrar-se
destas limitações. Aprenda a julgar as pessoas pelo caráter de cada um, e não por ranços sociais.
( http://www.overmundo.com.br/banco/onde-voce-guarda-seu-preconceito-artigo )
Inclassificáveis
Arnaldo Antunes
que preto, que branco, que índio o
quê?
que branco, que índio, que preto o
quê?
que índio, que preto, que branco o
quê?
que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?
aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes
orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs
somos o que somos
inclassificáveis
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não há sol a sós
aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias
tupinamboclos
americarataís yorubárbaros.
somos o que somos
inclassificáveis
que preto, que branco, que índio o
quê?
que branco, que índio, que preto o
quê?
que índio, que preto, que branco o
quê?
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,
não há sol a sós
egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol
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Travestis: rejeição, preconceito, discriminação… Uma vida nada fácil!
Bruno Rosa e Glauco Faria (Revista Fórum)
“Em nenhum momento eu soube que era travesti. Eu sou completamente heterossexual e acho que
isso não tem dúvida.” Era assim que o jogador de futebol Ronaldo justificava, no programa
Fantástico, da Rede Globo, o fato de ter ido a um motel com três travestis. O foco de discussão da
mídia se concentrava justamente na questão do atleta ter supostamente tido relações
homossexuais. Uma forma velada de homofobia que escancara um dos segmentos mais excluídos da
sociedade brasileira: as transgêneros.
Embora haja controvérsias sobre o tema, pode-se dizer que, de forma geral, transgêneros são
pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico. Isso se expressa desde o hábito de usar
roupas do gênero oposto, fazer tratamentos hormonais e cirurgias estéticas ou mesmo operações de
mudança de sexo. Neste último caso, estariam as transexuais, que rejeitam ou não sentem prazer
com seus órgão genitais, enquanto com as travestis isso não necessariamente ocorre.
O fato é que ambas enfrentam o estranhamento e a intolerância no seu dia-a-dia, sendo muitas
vezes discriminadas, até mesmo por homossexuais. “De modo geral, muitas transexuais e travestis
são postas para fora de casa pelos seus próprios familiares, por volta dos 13 ou 14 anos.
Normalmente, neste período é que começa a busca pela nossa verdadeira identidade sexual”, explica
a transexual pernambucana Aleika Barros, vice-campeã do Miss International Queen 2007 e
coordenadora da Articulação e Movimento de Transgêneros em Pernambuco (Amotrans-PE). “Este
ato de exclusão já contribui bastante para que estas pessoas sintam na pele a intolerância”, garante.
Estudos e pesquisas vão ao encontro da realidade contada Aleika. É nos dois ambientes mais
importantes para crianças e adolescentes, o próprio lar e a escola, que travestis e transexuais
sentem pela primeira vez o estigma e a discriminação que em geral as acompanham pelo resto da
vida. Com isso, a saída de casa e o precoce contato com a prostituição acabam se tornando algo
comum a muitas delas, com o quase simultâneo abandono da vida escolar. De acordo com o estudo
Travestis profissionais do sexo: vulnerabilidades a partir de comportamentos sexuais, que coletou
dados por meio de entrevistas individuais com 100 travestis profissionais do sexo da cidade de
Uberlândia (MG), 53% têm até o ensino fundamental incompleto e nenhuma possuía ensino
superior.
“A baixa escolaridade deste segmento é enorme. E mesmo quem consegue ultrapassar essa
barreira, acaba excluída devido ao preconceito”, conta Majorie Marchi, presidente licenciada da
Associação de Transgêneros do Rio de Janeiro (Astra-Rio), organização que conta com 1.300
associadas em todo o estado. “A escola é o lugar das primeiras rejeições vividas na infância, mesmo
as que não usam trajes, quando emanam um sinal de sexualidade fora dos padrões, acabam saindo,
não há o reconhecimento da identidade”, relata ela, que é travesti desde os 13 anos e viveu da
prostituição dos 14 aos 28. Atualmente, participa da Câmara Técnica de Elaboração do programa
estadual Rio sem Homofobia.
Majorie tem sido uma das vozes mais ativas do movimento GLBT na contestação ao tratamento que
a mídia deu ao caso Ronaldo. Em nota oficial da associação, ela reivindica que “as travestis e
transexuais sejam respeitadas na sua identidade de gênero, que é feminina, e que sejam
identificadas por seus nomes sociais, e não pelos nomes de registro”. E prossegue: “Infelizmente, a
maior parte da mídia não tem observado esse princípio, que faz parte de um direito humano
fundamental, preservando a dignidade das pessoas, que têm o direito de ser tratadas como se
reconhecem.” Em outra nota, ela protesta contra a apresentadora Ana Maria Braga, que teria dito
em uma entrevista com o “Fenômeno”, que ele “deveria dormir mais cedo em vez de se envolver em
situações como essa e com esse tipo de gente”.
“O senso comum não vê a transexualidade como uma visão possível de sexualidade”, aponta a
cientista social Larissa Pelucio, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade de
Campinas (Pagu/Unicamp). Para ela, a imprensa tem dificuldade em reconhecer a travesti como um
tipo de expressão de gênero distinto da caricatura usual que se faz delas. Larissa realizou um
trabalho etnográfico com travestis, em especial da cidade de São Carlos (SP), e, segundo ela, um
dos pontos mais importantes desse trabalho foi “ver a dimensão humana e as estratégias que elas
têm que desenvolver para enfrentar o preconceito”.
Durante o período em que conviveu com travestis, Larissa conta que presenciou não somente as
agressões físicas, algo tristemente normal para aquelas que trabalham nas ruas, mas a violência
velada, só visível para quem é alvo dela. “São atos como impedir que a travesti entre em algum
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lugar. É um mal-estar constante. Nem sempre a violência física é o ato mais brutal, mas o riso no
supermercado, os olhares na fila do banco, no circular”, observa. “A travesti desafia os catálogos
identitários, não é homem, nem mulher, nem gay, segmentos que ainda têm um grau de aceitação
maior na sociedade”, analisa o psicólogo Marcos Garcia, autor da tese de doutorado Dragões:
gênero, corpo, trabalho e violência na formação da identidade entre travestis de baixa renda.
Ele ressalta a dificuldade que elas enfrentam para sair da condição de profissional do sexo, em
especial as que ganham menos. “Uma mulher que trabalha na prostituição, quando envelhece, tem
a oportunidade de mudar de profissão e esconder seu passado. Já a travesti tem muito mais
dificuldade por conta do estigma”, esclarece.
http://www.lotecultural.com/22/08/2008/travestis-rejeicao-preconceito-discriminacao-uma-vida-nada-facil/
Jovens acham que prostituta é saco de pancada
Glauco Araújo
Declaração é da presidente da Rede Brasileira de Prostitutas, Gabriela Leite.
A violência contra prostitutas no Brasil está crescendo diariamente e grande parte dos agressores
são jovens de classe média. O problema, segundo a presidente da Rede Brasileira de Prostitutas
(RBP), Gabriela Leite, ficou evidenciado nos últimos 12 dias, com o registro três casos no Rio de
Janeiro e em São Paulo.
Um dos casos envolve o ator Rômulo Arantes Neto, que interpreta André em "Malhação". Ele é
acusado de agressão e roubo por uma garota de programa. O caso ocorreu no Rio de Janeiro, na
quarta-feira (4). Ele nega o crime.
Em São Paulo, um jovem de 24 anos foi preso sob suspeita de atear fogo a uma garota de programa
em São José dos Campos, a 91 km da Capital. A vítima, de acordo com a polícia, teve queimaduras
de 1º e 2º graus do joelho para baixo.
Em outro caso, no Rio de Janeiro, rapazes que espancaram uma empregada doméstica em um ponto
de ônibus, na madrugada de 23 de junho, tentaram justificar a violência afirmando que acharam
que se tratava de uma prostituta. Na mesma madrugada, uma prostituta foi agredida em outro
ponto de ônibus. Um dos rapazes que espancou a doméstica também foi reconhecido pela prostituta
como um de seus agressores.
"O preconceito interfere na interpretação dos jovens de hoje. Eles acham que as prostitutas são
sacos de pancada. A violência sempre aconteceu, mas sempre foi muito pouco denunciada, pois,
quando se faz a denúncia, a própria polícia condiciona a agressão ao fato da vítima ser prostituta",
diz Gabriela.
Ela afirma que esse tipo de violência sempre existiu no país. "Começa pela violência policial. Essa
visão que órgãos de segurança têm de achar que a prostituição é crime só ajuda a reforçar o
problema do preconceito. A violência vai desde o cliente até a sociedade em si. É a tal história de
'joga pedra na Geni', cantada por Chico Buarque. O preconceito é muito grande. As prostitutas são
vítimas desde que Maria Madalena foi apedrejada, como está na Bíblia."
http://www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_content&task=view&id=221&Itemid=29
23
O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que
precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é
conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa
quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais
se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.
Charles Bukowski
Preconceito é maior rival na relação de mulher mais velha com homem
jovem
Daniella Clark
Na contramão das celebridades, muitas têm receio de assumir namoro. Em meio às dificuldades,
esse tipo de união cresceu 36%, segundo IBGE.
Se, para os homens, a escolha de parceiras mais jovens é vista por muitos como um sinônimo de
virilidade, as mulheres que hoje seguem pelo mesmo caminho ainda carregam uma bagagem extra:
o preconceito.
Famosas como Madonna, Susana Vieira, Elza Soares e Demi Moore - que namoram e se casam com
homens até 40 anos mais novos – são, em geral, as primeiras a dizer que paixão não tem idade.
Fora das páginas de revistas e sites de fofoca, no entanto, especialistas contam que muitas ainda
hesitam em assumir esse tipo de relacionamento.
“Já atendi mulheres que ficaram com medo de assumir o relacionamento. Uma mulher de 40 anos
com um homem de 30 tinha vergonha de contar para os filhos. Os artistas são os primeiros, eles
vão na frente. É importante que eles tenham coragem de fazer isso porque abre caminho para muita
gente”, explica a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, que tem uma teoria para o fato de a
sociedade a torcer o nariz quando a juventude masculina e a maturidade feminina se unem.
“Há milênios, o homem tinha que se casar com mulheres muito mais novas porque queria ter muitos
filhos para mão de obra. Há uma mentalidade patriarcal, que está entre a gente há cinco mil anos. O
mundo mudou, mas o problema é que as pessoas ainda repetem essa mentalidade”.
Medo de rejeição
Para a antropóloga Mirian Goldemberg, autora de “Coroas - Corpo, envelhecimento, casamento e
infidelidade” (Editora Record), muitas não assumem o relacionamento com homens mais jovens por
insegurança e medo de se sentirem rejeitadas.
“É uma fase em que as mulheres têm uma crise, em função da decadência do corpo, da dificuldade
de encontrar um parceiro, não se permitem olhar para alguém mais novo ou inferior. Elas não
conseguem enfrentar os próprios preconceitos”, conta.
Prova disso foi uma enquete feita pelo G1 nas ruas do Centro do Rio: as mulheres foram as que
mais reprovaram o relacionamento das mais velhas com homens mais jovens (veja no vídeo acima),
citando desde o medo de ser traída à dificuldade de o namoro dar certo, com o passar do tempo.
Hebe já deu declaração polêmica
Em 2007, a apresentadora Hebe Camargo causou polêmica ao dizer em seu programa, às vésperas
do casamento de Ana Maria Braga com Marcelo Frisoni, 21 anos mais novo, que “menininho que
namora velhinha está interessado no dinheirinho da velhinha”. Hebe depois se desculpou, afirmou
que o comentário nada tinha a ver com o relacionamento da amiga, mas a frase acabou traduzindo
o pensamento daqueles que, mesmo que veladamente, não apostam suas fichas nesse tipo de
relacionamento.
“O que surpreende as pessoas é o fato de o homem que poderia escolher entre qualquer mulher
fazer sua escolha por uma mulher mais velha. Surpreende porque foge dos padrões”, explica o
psicanalista Alberto Goldin, que não acredita na possibilidade dessas uniões darem certo com o
passar dos anos. “Acho que não. Tende a ficar mais difícil com o passar do tempo”.
Goldin, no entanto, refuta a tese de muitos de que, nesses casos, há mais interesse do que amor.
Ele cita o modelo Jesus Luz, de 20 anos, que ganhou fama após se tornar o affair da popstar
Madonna, 50 anos, em sua passagem pelo Rio.
“Esse camarada que ficou com a Madonna até amava ela. São mulheres poderosas e isso é um fator
essencial. Ama a riqueza, ama a fama”, diz o psicanalista.
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1055282-5606,00.html
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Mulher, AIDS e preconceito
Thiago Nassa
Pesquisa da UNESP revela que a mulher portadora do vírus HIV sofre mais preconceito
e está menos preparada para enfrentar a doença do que o homem
Até na condição de portadora do vírus HIV a mulher está em desvantagem em relação ao homem. É
o que revela uma pesquisa de comportamento, que traçou o perfil de 132 pacientes do Ambulatório
Especial da Faculdade de Medicina (FM), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), de Botucatu,
com indivíduos provenientes de várias regiões do País. O estudo, feito com 82 homens e 50
mulheres, mostra que o sexo feminino, além de sofrer mais preconceitos, enfrenta maior dificuldade
para lidar com a doença por causa da sua condição sócio-econômica e pela falta de informação.
O comportamento da família e do companheiro diante da revelação do diagnóstico é um exemplo
dos obstáculos que a mulher enfrenta. Na pesquisa, 12% das entrevistadas afirmaram que foram
rejeitadas pela família e 10% deixadas pelo companheiro. Enquanto que entre os homens, esta
percentagem foi de apenas 3,6% e 1,2%, respectivamente.
Segundo a coordenadora do trabalho, a professora Marli Teresinha Gimenez Galvão, da Faculdade de
Enfermagem da FM, o desamparo da mulher é agravado pela dependência econômica e pelo baixo
nível de escolaridade. Das 50 entrevistadas, mais da metade (54%) eram donas de casa,
contrastando com apenas 8,5% dos homens, que não tinham emprego. O abismo também foi
grande na avaliação do grau de instrução, pois 68% das portadoras só cursaram algumas série do
1º grau, enquanto que entre os homens mais da metade (61%) havia chegado ao 2º ou ao 3º
graus.
Atitude passiva
Na hora de cuidar da saúde, a mulher também mostrou-se menos preparada do que o homem.
Quase a metade das entrevistadas (44%) não fez nada para controlar a evolução da doença,
enquanto que entre os homens esta conduta foi verificada em menor percentagem, em 25,6% dos
casos. Além disso, os homens são os que mais usam medicamentos, preocupam-se com o equilíbrio
emocional, mudam seus hábitos e querem melhorar sua condição física. "Até na procura por
tratamentos alternativos, eles têm mais iniciativa", conta a pesquisadora.
Para a professora, o comportamento passivo da mulher pode representar uma tentativa de negar o
problema, fato que pode ser agravado pela imaturidade, pois a maioria das entrevistadas era mais
jovem do que o sexo masculino. O melhor desempenho dos homens também pode estar relacionado
ao fato de que boa parte dos entrevistados era homossexual ou bissexual. "O espírito de luta contra
os preconceitos, especialmente dos homossexuais, torna-se um fator positivo na hora de enfrentar a
doença", explica.
Conduta sexual
Diante do aumento da proporção de mulheres infectadas no Brasil, a pior constatação, segundo a
pesquisadora, foi o fato de que 38% das entrevistadas não faziam nada para evitar a transmissão da
doença, enquanto que entre os homens este percentual cai para 10,9% dos casos.
Ela ressalta, entretanto, que o grau de desinformação é significativo em ambos os sexos. Entre as
medidas adotadas para evitar o contágio da doença, por exemplo, 40,2% dos entrevistados citaram
a camisinha como a principal medida de prevenção. Poucos (13%), no entanto, lembraram que não
doar sangue ou órgão também é um meio de evitar a transmissão da AIDS. Por outro lado, as
medidas que trariam pouca ou nenhuma prevenção, como não compartilhar talheres, por exemplo,
foram frequentemente citadas.
Para a pesquisadora, a mulher ficou em desvantagem em quase todos os aspectos avaliados na
pesquisa. E como se não bastasse o preconceito, o abismo sócio-econômico e a falta de informação,
o sexo feminino também não pode contar com a honestidade do parceiro. É que na hora de contar a
verdade, um pouco mais da metade dos homens (58,6%) teve a coragem de revelar o diagnóstico à
parceira, enquanto que entre as mulheres este índice foi quase absoluto: 82%
http://proex.reitoria.unesp.br/informativo/WebHelp/2002/edi__o05/edi05_arq08.htmhttp://proex.re
itoria.unesp.br/informativo/WebHelp/2002/edi__o05/edi05_arq08.htm
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Pesquisa inédita aponta que preconceito no ambiente escolar vem 'de casa'
Estudo foi realizado pela Fipe para o Ministério da Educação.
'Era chamada de macaca pelos meus colegas', diz estudante.
Aos 23 anos, Juliana Queiroz dos Santos lembra bem de como se sentia quando era xingada de
"macaca" e "neguinha fedorenta" pelos próprios colegas da escola estadual onde estudava. "Eu
estava no primário. Era muito humilhante, mas, como eu era nova, não sabia nem como reagir",
conta.
Assim como acontecia com Juliana, que hoje é universitária, a maior parte (83,8%) das atitudes
preconceituosas e de discriminação no ambiente escolar é explicada por preconceitos dos próprios
alunos. Esse dado faz parte de uma pesquisa inédita realizada em escolas públicas de todo o país e
divulgada nesta quarta-feira (17). Ainda segundo o estudo, 99,3% dos entrevistados, entre pais,
alunos e funcionários de escolas, têm algum nível de preconceito. Além disso, os resultados
apontam que escolas com nível de preconceito maior têm desempenho escolar menor.
"A pesquisa nos mostra que o preconceito vem de casa, da formação farmiliar, e o trabalho para
acabar com a discriminação transcende a atuação da escola", afirma José Afonso Mazzon, professor
da FEA e coordenador do trabalho. "O que preocupa é que esses alunos serão, no futuro, pais de
família e passarão isso aos seus filhos."
O estudo foi realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido do Ministério
da Educação (MEC). Foram entrevistadas 18.599 pessoas, entre estudantes a partir dos 14 anos de
idade, professores, diretores e funcionários de escolas e pais e mães de alunos de 501 escolas em
26 estados e no Distrito Federal.
Foram analisados preconceitos de diversas naturezas: racial, sócio-econômico, de gênero, de
orientação sexual, geracional, territorial e o relacionado a pessoas com necessidades especiais
(física e mental). Alunos negros (19%), seguidos de pobres (18,2%) e homossexuais (17,4%)
fazem parte dos grupos que sofrem mais ações discriminatórias nas escolas.
Os resultados da pesquisa ainda serão analisados pelo MEC para elaborar políticas educacionais
nesse sentido. "O preconceito não é algo exclusivo das escolas, portanto os municípios têm que
envolver os conselhos escolares, a comunidade local e as famílias para melhorar o ambiente
escolar", afirma Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC.
Na avaliação de Mazzon, as "mudanças necessárias para acabar com o preconceito na escola levarão
gerações para surtirem efeito".
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1197797-5604,00-
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Polícia e preconceito racial 1
O policial que age com truculência ou leniência diante de um fato, motivado pela cor da pessoa
envolvida, não aprendeu essa atitude na Corporação. Ele já alimentava esses sentimentos e, usando
uma farda da polícia, encontrou lugar para ampliar, injustificadamente os seus sentimentos e
atitudes.
Por isso, creio que não podemos falar de preconceito racial praticado pela Instituição Policial, e sim,
por alguns de seus membros, isoladamente. O preconceito racial, assim como um câncer, é um mal
que acaba eclodindo em todos os sistemas e instituições da sociedade. Ele ganha lugar no coração e
na mente do homem. Como as instituições são formadas por pessoas, são elas as responsáveis por
propagar ou debelar os preconceitos de todos os matizes.
Assim, talvez de uma maneira romântica e utópica, creio que o grande desafio da sociedade, no
sentido de desarraigar o preconceito racial, é o estabelecimento de um pacto que envolva o processo
educativo, cultural, social e econômico, tendo como alvo o lugar onde nasce o preconceito: o
coração e a mente de cada homem e mulher. Em arremate, este é um desafio para a Polícia, a
Universidade, a Escola, a Família, a Igreja, em suma, para aqueles que não perderam a capacidade
de ouvir os ecos do passado e se aventuram na construção de um mundo novo, a começar pelo seu
mundo interior.
*José Carlos Vaz é policial militar, poeta, especialista em Comunicação Social com Ênfase em Ouvidoria (UNEB – 2006) e
Especialista em Polícia Comunitária (UNISUL – Santa Catarina – 2009).
26
Estudantes negros são as maiores vítimas de agressões nas escolas
públicas, diz pesquisa
Negros, pobres e homossexuais estão entre as principais vítimas de bullying (prática discriminatória
de um grupo de alunos contra um determinado colega, que se caracteriza por agressões físicas,
acusações injustas e humilhações) nas escolas públicas, segundo a Pesquisa sobre Preconceito e
Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe), a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
divulgada nesta quarta-feira(17) em São Paulo.
Segundo a pesquisa, o grau de conhecimento de práticas de bullying chega a 19% contra alunos
negros, 18,2% contra pobres, 17,4% contra homossexuais. Em seguida, 10,9% estiveram nessa
situação por ser mulher e 10,4% por morarem na periferia ou em favelas.
O estudo também mostrou que os professores, funcionários, idosos, pessoas com algum tipo de
deficiência física ou mental, idosos, índios e ciganos também foram vítimas de agressão nas escolas
pesquisadas.
De acordo com o coordenador do trabalho, o professor José Afonso Mazzon, da Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), a pesquisa
revelou que 30% das diferenças observadas na Prova Brasil entre as escolas pesquisadas foram
explicadas por níveis de preconceito e discriminação.
“Nas escolas onde se observou o maior conhecimento de práticas de bullying envolvendo professores
e funcionários, as avaliações na Prova Brasil foram as menores, assim como nas escolas onde os
alunos apresentaram maior nível de preconceito”, afirmou.
A pesquisa ouviu cerca de 10,5% dos 18.599 alunos, pais, diretores, professores e funcionários de
501 escolas públicas do país, entre outubro e novembro do ano passado. Ainda de acordo com os
dados, 5,3% dos entrevistados presenciaram os professores sofrendo agressões e 4,9% viram os
funcionários das escolas. (Fonte: Agência Brasil - Publicado em 17.06.2009, às 18h42 )
Polícia e Preconceito Racial 2
O Brasil tem uma dívida incalculável com a questão histórica do preconceito racial e, embora haja
algumas ações afirmativas das várias instâncias governamentais, tudo ainda é muito tímido no
sentido de reparar uma ferida que permanece aberta, sendo magoada constantemente pelos
contornos sociais estigmatizantes.
É certo que os navios negreiros não singram mais os mares, porém, os negros continua sendo
tratados como escravos, alijados dos processos sociais, amontoados nos guetos onde o poder
público não chega, onde o amparo à saúde é quase nulo e onde cultura, educação e lazer, são
artigos de luxo, nem sonhados por aquela parte da população.
Há uma frase do poeta Carlos Drummond de Andrade, a qual tomo emprestada para o meu
raciocínio: “As flores não nascem da lei”. Creio que mais do que leis que promovam cotas para os
negros nas Universidade, que estabelecem ações afirmativas, precisamos de uma mudança íntima
na nossa forma de pensar e agir. O preconceito, não apenas o racial, mas em seus vários prismas,
nasce do entediamento deturpado de que “fulano” é superior a “beltrano” por conta de sua cor, de
sua opção sexual, de seu status social, e tantos outros parâmetros usados para medir e justificar a
opressão e a dor imposta ao outro, ao diferente.
Olhando agora para a instituição Policia Militar, é preciso se perceber que as ações individuais de
seus membros, ainda que recorrentes, não são institucionalizadas, ou seja, não são passadas nos
cursos de formação, nas regras de conduta interna. Muito pelo contrário, baseado na Constituição
Cidadã, os regramentos internos das Polícias, estabelecem que todo policial deve “tratar a todos com
urbanidade, independente do credo, da cor, da opção sexual…”. Então, por que as cenas de violência
contra negros praticadas por policiais? Por que esse sentimento de repulsa à Polícia cantada em
versos e prosas? Creio que pela natureza cerceadora da atividade policial, ela, a Instituição, acaba
sendo identificada como “algoz que domina a chibata”. Esse sentimento histórico é ampliado pelas
ações desastrosas e eivadas de preconceitos de alguns de seus integrantes, que, desmerecendo a
Corporação e o juramento que realizaram, no qual prometeram “proteger a sociedade (sem
discriminações), mesmo com o risco da própria vida…”, maculam o nobre papel de protetora e
guardiã da comunidade.
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PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
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apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
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Preconceito

  • 1. Filosofia da Educação Modos de Conhecer o Mundo Senso Comum Preconceitos Prof. Donizete Soares PRECONCEITO (textos selecionados pelo professor) 1. Discriminação e Preconceito 2 2. Preconceito contra a mulher na língua portuguesa 3 3. Cada um envelhece do seu jeito! 4 4. Preconceito piora desempenho de alunos, diz pesquisa 5 5. As faces do preconceito 6 6. As consequências da discriminação e do preconceito no ambiente escolar e na sociedade 7 7. Atitude, Preconceito e Estereótipo 8 8. Preconceito e Discriminação 10 9. Endo e exogrupo 10 10. Música, preconceito e discriminação 11 11. Norma social torna a discriminação mais velada à medida que as crianças crescem 12 12. Estereótipo da violência 14 13. Escola: berço do preconceito 14 14. Sou sim, e daí? 15 15. Investigando a posição do sujeito cego na história 16 16. Origens do racismo negro 17 17. Prostituta x Preconceito 18 18. Preconceito afeta tratamento de depressão em idosos 19 19. Definição de Preconceito Cultural 20 20. Onde você guarda seu preconceito? 21 21. Inclassificáveis 21 22. Travestis: rejeição, preconceito, discriminação… Uma vida nada fácil! 22 23. Jovens acham que prostituta é saco de pancada 23 24. Preconceito é maior rival na relação de mulher mais velha com homem jovem 24 25. Mulher, AIDS e preconceito 25 26. Pesquisa inédita aponta que preconceito no ambiente escolar vem 'de casa' 26 27. Polícia e preconceito racial 1 26 28. Estudantes negros são as maiores vítimas de agressões nas escolas públicas 27 29. Polícia e preconceito racial 2 27 30. Gênero é o maior motivo de discriminação nas escolas brasileiras 28 31. Bullying: estudo revela que o preconceito é alto entre adultos e crianças. 29 32. Educação sexual, prazer ou biologia? 29 33. Bissexualidade e preconceito 30 34. A mulher negra 31
  • 2. Discriminação e Preconceito Nilton Salvador Preconceito é a ideia. Discriminação é a ideia colocada em "prática". Um exemplo: em algum momento você pode não gostar de uma pessoa com determinada característica, feia ou bonita, bizarra ou estigmatizada, esse é um preconceito. A partir do momento que você passa a insultá-los ou qualquer outro tipo de atitude pejorativa, é a discriminação. Aprendemos que o preconceito leva à discriminação, quando deficientes da mente, como os autistas, são considerados inferiores e excluídos por aqueles que se consideram “melhores” como acontece em divulgações por jornalistas, principalmente por autoridades e políticos midiáticos. O preconceito e a discriminação variam pela maneira com que cada cronista, colunista, apresentador de rádio ou televisão se expressa e, principalmente quando exterioriza o desprezo por determinados grupos portadores de alguma deficiência, da mente ou não, encontrado em determinada situação. Discriminação é um conceito mais amplo e dinâmico do que o preconceito. A discriminação pode ser provocada por indivíduos e por instituições, enquanto que o preconceito, só pelo indivíduo. A imprensa, sem generalizar é claro, principalmente a televisão que precisa manter a sanha comercial mascarada de imparcialidade, não se preocupa com o conhecimento da causa que leva a reportar. Um jornalista, em nome da ética profissional, muitas vezes pressionado pelo manual de redação e ainda o fantasma do desemprego, embora bem intencionado, acaba cometendo equívocos lamentáveis por falta de conhecimento, partindo do princípio de que a sua fictícia missão de bem informar, o impede pelo menos de saber o significado do que está falando. Até onde a internet atingiu ainda se fala da Suzan Boyle, a solteirona escocesa de 47 anos, desempregada, desleixada e desmazelada, que morava sozinha com seu gato e mais, que nunca teria sido beijada, tornando-se um recorde de audiência indireto do canal de televisão que a revelou, no mundo inteiro. Como assisti ao vídeo várias vezes, observei que ela ao responder sobre sua idade, disse também que tinha alguma coisa a mais naquele corpo, e balançou, pois não chegou a rebolar, provocando o espanto inicial aos seus julgadores e o início da avassaladora onda de repercussão de audiência mundial. O exercício de pensamento que fiz a respeito sobre o que Suzan tinha a mais no corpo importa a mim, mas questiono o modo como o mundo que leio e vejo revelou e continua debatendo até o esgotamento, seu pensamento a respeito do seu biótipo e perfil, julgando aparências. As discussões de todos os tipos, até onde acompanhei, tiveram como principais comentários sobre a caloura escocesa, já como vitima de preconceito, idade e aparência, os seus estereótipos, até com carimbo de alguns jornalistas e comentaristas bem intencionados exemplificando que nunca devemos julgar um livro pela capa. Julgamentos rápidos são muito perigosos. Suzan diz que “não há nada que se possa fazer a respeito, é o modo como as pessoas são e como pensam”. A Psicologia diz que os “estereótipos são vistos como “um mecanismo necessário para entendimento da informação". Por uma inexplicável falta de conhecimento, como é o que acontece especificamente com o “autista”, que em nome da cultura do “achismo” algumas pessoas públicas, da imprensa e principalmente no meio político, por achar a palavra incomum, sem ao menos buscar a realidade do que é, falam, rotulam e citam pejorativamente provocando ferimentos difíceis de cicatrizar em quem nada tem a ver com a sua desinformação. Rotular qualquer pessoa, não importa quem, representa ignorância, é um caso de covardia e crueldade. Devemos aprender levar espiritualidade para nossa vida, antes que modismos descartáveis eliminem até os conceitos de família. 2
  • 3. Barack Obama contrariou os estereótipos negativos a respeito dos negros, mas algumas pessoas contrárias a qualquer tipo de inclusão social, já estão criando um subtipo de negros - profissionais negros - em vez de contestar o estereótipo geral, neutralizando noções preconcebidas como fizeram com caloura Suzan Boyle. “A deficiência, não, faz parte da pessoa” porque "se uma pessoa é bonita ou simpática, as outras riem das piadas dela, e interagem com ela, de uma forma que facilita a interação social". "Se uma pessoa não é atraente, é mais difícil conseguir todas estas coisas porque as outras pessoas não a procuram". A caloura já passou a categoria de profissional. Outros discriminados por situações parecidas foram extintos do meio artístico. Agora as preocupações do mundo se voltam para a influenza H1N1, mais conhecida como "gripe suína". O porco que nada tem a ver com resfriado ou gripe, em muitos países está deixando de ser alimento. Está sendo discriminado, banido ou morto. É preconceito. http://www.artigonal.com/psicologia-artigos/discriminacao-e-preconceito-1073550.html Preconceito contra a mulher na língua portuguesa... Deus: O Criador do universo, cuja divindade transmitiu ao seu filho homem Deusa: Ser mitológico de culturas obsoletas e esquecidas, entidades ligadas à superstição Herói: O protagonista das vitórias; modelo de conduta; salvador Heroína: Uma droga pesada Cão: O melhor amigo do homem. Cadela: Uma meretriz, rameira, fêmea promíscua. Sogro: aquele que apóia (obrigado, amigo sogro...) Sogra: pessoa má Aventureiro: homem valente, corajoso, audaz e destemido Aventureira: aproveitadora, de vida fácil Machista: macho pra caramba Feminista: sapatão Touro: um forte Vaca: mulher feia, chata, meretriz, piranha Patrimônio: Conjunto de bens Matrimônio: Conjunto de males Homem Público: Homem conhecido e importante, que desenvolve atividade pública ou política Mulher Pública: Prostituta Ambicioso e Competitivo: Bom partido, com objetivos, empreendedor, vencedor Ambiciosa e Competitiva: Interesseira, chupa-sangue, golpista, calculista, oportunista Zorro: Hábil, inteligente, audaz, defensor dos fracos e oprimidos Zorra: Bagunça, zona Atrevido: Ousado e valente Atrevida: Insolente e mal educada Solteiro: Bon-vivant Solteira: Desesperada http://www.casadamaite.com/node/3292 3
  • 4. Cada um envelhece do seu jeito! Arthur Moreira da Silva Neto Considerando a etimologia grega de estereótipo (sterós, sólido týpos, tipo), podemos afirmar que estereotipar trata-se de uma tendência a rotular ou etiquetar alguém ou um grupo, de maneira dura e rígida. O estereótipo nada mais é do que um padrão de comportamento, previsto, que acredita-se característico e esperado em relação a determinada pessoa individualmente ou a todos membros de um grupo social, cultural, profissional ou etário. O estereótipo seria um conjunto de características, positivas e/ou negativas, que atribuímos a um grupo de pessoas de maneira generalizada, ou seja, consideram que todos os elementos de um grupo agem/são da mesma forma. Como toda generalização é perigosa, ao estereotipar um determinado grupo pode-se julgar ou avaliar pessoas de maneira preconcebida e errónea. O estereótipo também pode ser uma forma simplista e redutiva de retratar uma pessoa ou um determinado grupo, instituição ou cultura. Alguém pode achar que uma pessoa, por ser idosa, agirá de uma determinada maneira. O que necessariamente não acontece, uma vez que há inúmeros tipos de idosos, cada qual com a sua personalidade e singularidades. Em geral o envelhecimento é ainda pintado com cores sombrias, quer pelos mais novos quer pelos próprios idosos (Barros, 2005, p. 25). Ao utilizarmos um estereótipo, muitas vezes, estamos desprezando algo de capital importância nos seres humanos que são as diferenças individuais. Cada um possui uma personalidade, temperamento, aptidões, percepções, experiências e vivências. Como generalizar comportamentos e características de seres humanos tão distintos? Segundo Russ (1991, p. 94) o termo estereótipo significa opinião já feita; clichê; convicção preconcebida, devida à acção que o meio social exerce. Para Ander-Egg (1997, p.77) estereótipo representa um conjunto de características que se atribuem a um grupo humano para generalizar seu comportamento, seu aspecto, sua cultura, seus costumes, etc, conforme representações prefixadas e socialmente compartilhadas sobre o grupo considerado. Em se tratando especificamente dos estereótipos sobre os idosos, encontramos uma abordagem um pouco mais rigorosa em Martins e Rodrigues (2004, p. 250), quando afirmam que a valorização dos estereótipos projecta sobre a velhice uma representação social gerontofóbica e contribui para a imagem que estes têm de si próprios, bem como das condições e circunstâncias que envolvem a velhice, pela perturbação que causam uma vez que negam o processo de desenvolvimento. É bom deixar claro que nem todos estereótipos sobre o envelhecimento são negativos. Há também os positivos, tais como: a sabedoria, a amabilidade, a generosidade, a solidariedade, a bondade, etc. Não temos que temer a velhice nem ignorá-la, já que faz parte do desenvolvimento humano, da mesma forma que as outras faixas etárias. Durante muito tempo os teóricos e estudiosos do comportamento humano esqueceram-se da idade adulta e, mais ainda, dos idosos. Talvez seja este um dos motivos para que existam tantos estereótipos negativos acerca dos idosos ainda hoje. Precisamos enfrentar e olhar o envelhecimento como ele é, sem mitos, preconceitos ou ideias preestabelecidas. O envelhecimento ocorre de maneira diversificada e plural; não devemos generalizá-lo e/ou estandardizá-lo. Concluímos, concordando com o autor, quando diz: o envelhecimento é um processo ou fenómeno vivo que suporta a diversidade e a contradição. E não há uma maneira única de envelhecer, senão que cada idoso envelhece a seu modo, sem prejuízo de algumas tendências gerais (Barros, 2005, p. 62). É óbvio que há determinadas características e tendências gerais, mas cada ser humano é um. Logo, há várias maneiras de envelhecer e vivenciar a maturidade humana! Lembramos também daquilo que Beauvoir (1982, p. 502) chamou de estupidez: uma maneira de sufocar a vida e suas alegrias com preconceitos, rotinas, falsas aparências, prescrições vãs. Não devemos padronizar nossos idosos, mas sim permitir que cada um seja o que é, e da sua singularidade tirarmos o máximo de proveito para as nossas vidas! http://www.webartigos.com/articles/1008/1/estereotipos-na-velhice/pagina1.html 4
  • 5. Preconceito piora desempenho de alunos, diz pesquisa MARIANA BARROS Segundo estudo feito pela Fipe, vítimas mais frequentes de práticas discriminatórias são negros, pobres e homossexuais Prática de bullying, em que alunos humilham colegas, é uma das experiências que mais prejudicam a nota dos estudantes Alunos zombando de outros alunos, de professores ou de funcionários do local onde estudam é, mais do que brincadeira de mau gosto, sinal de pior rendimento escolar. Uma pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a pedido do MEC (Ministério da Educação) demonstrou que, quanto mais preconceito e práticas discriminatórias existem em uma escola pública, pior é o desempenho de seus estudantes. Entre as experiências mais nocivas vividas por esses jovens está o bullying, que é a humilhação perante colegas por motivo de intolerância. As consequências na performance estudantil são mais graves quando as vítimas de zombaria são os professores. Entre os alunos, os principais alvos são, respectivamente, negros, pobres e homossexuais. Para chegar a essa associação entre o grau de intolerância e o desempenho escolar, o estudo considerou os resultados da Prova Brasil de 2007, exame de habilidades de português e matemática realizado por quem cursa da 4ª à 8ª série do ensino fundamental da rede pública. A conclusão foi que as escolas com notas mais baixas registraram maior aversão ao que é diferente. O MEC não informou que medidas pretende tomar a respeito dessa constatação. "A conjectura que podemos fazer é que o bullying gera um ambiente que não é propício ao aprendizado", afirma o economista José Afonso Mazzon, coordenador da pesquisa. "Não é uma questão de política educacional, mas de governo, de Estado. O indivíduo que nasce negro, pobre e homossexual está com um carimbo muito sério pela vida toda", diz Mazzon, para quem o preconceito vem normalmente da própria família. "Para alterar uma situação como essa acredito que levará gerações." Foram entrevistadas 18.600 pessoas, entre alunos, pais, diretores, professores e funcionários de 501 escolas de todo o Brasil. Entre os estudantes, participaram da pesquisa os que cursam a 7ª ou a 8ª série do ensino fundamental, a 3ª ou a 4ª série do ensino médio e o antigo supletivo, o EJA (Educação para Jovens e Adultos). Do total estudantil, 70% têm menos de 20 anos. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1806200920.htm 5
  • 6. As faces do preconceito "Pesquisadores de Sídnei, Austrália, enviaram questionários a um grupo multirracial de menores, de 9 a 13 anos, permitindo que eles expressassem seus sentimentos para com as pessoas de outras raças. Embora alguns dos menores australianos brancos expressassem preconceito para com algumas minorias, “os menores, de todos os grupos étnicos, revelaram-se tão preconceituosos para com outros grupos étnicos quanto os menores australianos, e muitas vezes, ainda mais que eles”. — “The Journal of Psychology” (Revista de Psicologia). OS JOVENS não são imunes ao preconceito racial. “Na minha escola”, afirma Lucy, de 17 anos, “a maioria dos jovens brancos comem em um refeitório, e todos os negros em outro”. Exatamente que sentimentos você nutre para com pessoas de outras raças? Embora talvez saiba, no íntimo, que o preconceito é uma tolice, que é injusto e obsoleto, talvez ainda tenha alguns sentimentos dúbios a respeito disso. Conforme os pesquisadores Jane Norman e Myron W. Harris, Ph.D., observaram: “A ampla maioria de . . . adolescentes brancos e não-brancos concorda que não desejam ter preconceito. Mas, mostram-se cautelosos e, muitas vezes, desconfiados uns dos outros. Estão também cônscios de que seus amigos e pais talvez se mostrem hostis se cultivarem íntimos contatos com pessoas de outras raças.” Similares tensões raciais existem em muitas terras. Ter preconceito significa prejulgar. Quem tem preconceito racial está assim condenando outros sem um julgamento. Tal pessoa conclui que todo membro de certa raça automaticamente possui determinados hábitos, características ou atitudes indesejáveis. Alimenta seu preconceito até mesmo diante de fatos que claramente contradizem suas noções. A pessoa pode, por exemplo, acreditar que todos os membros de certo grupo sejam ‘preguiçosos’, ou ‘curtos de inteligência’. Quando tal pessoa depara com alguém desse grupo que é laborioso — ou até mesmo brilhante — ela conclui que aquele indivíduo tem de ser uma “exceção”. Infelizmente, fica cega para com as qualidades individuais. O preconceito, porém, não é inato. Afirma The Encyclopedia of Human Behavior (Enciclopédia do Comportamento Humano): “Observações feitas em todo o mundo mostram que as crianças brincam indiscriminadamente com membros de outros grupos étnicos, e que não se mostram cônscias das óbvias diferenças físicas, ou as aceitam como coisa normal.” Prossegue a enciclopédia: “Os preconceitos são . . . inteiramente devidos à aprendizagem, e são adquiridos primariamente através da interação com outras pessoas.” Os pais, os professores e os colegas parecem cooperar na transmissão de preconceitos raciais. Às vezes, confrontos desagradáveis com membros de outra raça servem para reforçar tal preconceito. Muitos de nós, por conseguinte, assimilaram, inconscientemente, atitudes e conceitos eivados de preconceitos. E, não raro, é preciso que a pessoa sonde realmente sua alma para que ela honestamente encare seus sentimentos neste respeito. À guisa de exemplo, você talvez tenha amigos de outras raças. Mas será que faz comentários depreciativos, que incluem aspectos raciais, pelas costas deles? Quando conversa com estes amigos, mantém em destaque a questão racial, talvez sempre sublinhando as diferenças raciais, ou soltando piadas de mau gosto, depreciativas? Comenta o livro The Nature of Prejudice (A Natureza do Preconceito): “Mesmo quando as piadas parecem amigáveis, elas podem, às vezes, mascarar uma genuína hostilidade.” Ademais, sente-se acanhado e desconfortável de ser visto em público com amigos de outra raça? Presume automaticamente que os membros de outra raça possuem certos talentos — ou falhas? “Sinto tanta raiva de mim mesmo por nutrir tais sentimentos”, lamentava-se um jovem que honestamente confrontava seus próprios preconceitos, “mas, de alguma forma, parece que não consigo sufocá-los”." http://www.1000imagens.com/foto.asp?idautor=72&idfoto=206&t=14&g=&p= 6 Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. (Einstein)
  • 7. As consequências da discriminação e do preconceito no ambiente escolar e na sociedade Degmar Augusta O preconceito nem sempre vem acompanhado de uma agressão, em sua maioria são as maneiras sutis, que comprovam a sua existência no subconsciente do individuo, o que gera a ilusão de um convívio harmônico com as diferenças. “o preconceito prepara a ação de exclusão do mais frágil, por aqueles que não podem viver a sua fragilidade, em uma cultura que privilegia a força.”Crochík ( 1995) Dentre as várias consequências vistas em vítimas de atos discriminatórios estão à depressão, baixa autoestima, agressividade, desvios comportamentais, formação debilitada da identidade, além de dificuldades na aprendizagem. O desconhecimento das consequências do preconceito gera passividade em relação ao tema. A escola sendo um ambiente social interativo, necessita de atitudes que visem à formação de cidadãos com valores, de forma a respeitarem as pessoas e suas diferenças. “o preconceito está pautado em um forte componente emocional que faz com que os sujeitos se distanciem da razão. O afeto que se liga ao preconceito é uma fé irracional, algo vivido como crença, com poucas possibilidades de modificação. O preconceito difere do juízo provisório, já que este último é passível de reformulação quando os fatos objetivos demonstram sua incoerência, enquanto os preconceitos permanecem inalterados, mesmo após comprovações contrárias.” Heler ( 1988) O preconceito afeta a própria consciência da vitima, uma vez que se vê refletido na imagem preconceituosa apresentada. “Nesse momento, o preconceito cumpre o seu papel, mobilizando nas suas vítimas sentimentos de fracasso e impotência, impedindo-as de desenvolver autoconfiança e auto-estima” (Ferreira, 2000). Dentre as inúmeras as consequências advindas do preconceito para os alunos, estão a dificuldade de se relacionar, atitudes de competição, agressão e violência no cotidiano escolar, comprometimento do senso crítico e ético, sentimento de inferioridade e superioridade, inadequação social, potencial comprometido e fracasso escolar. O preconceito tem o poder de atingir as mais diversas classes e camadas e diante do seu efeito bumerangue as consequências são absorvidas por toda a sociedade, uma vez que, a existência de racismo, preconceito e discriminação cultural na sociedade e no cotidiano escolar prejudica, direta ou indiretamente, todos os indivíduos. Os preconceitos de gênero, etnia, a extensão social e cultural no cotidiano escolar, deixam cicatrizes para todos que interagem nesse cotidiano. “a posição de cada indivíduo estaria definida conforme o espaço a ele destinado em um determinado ambiente sociocultural (...). Muito da sua dificuldade de inserção social e de expansão de seus horizontes de realização decorre do seu enquadramento num espaço ínfimo para ele reservado e por ele ocupado no cenário social” (CMARQUES, 2001, p. 34). Alunos que se formam em um ambiente escolar preconceituoso propagam o preconceito em suas famílias, em seu circulo de amizades, em seu trabalho, enfim perpetuam o preconceito em suas vidas. A formação de indivíduos preconceituosos, a perpetuação de ideologias racistas, a permanência das desigualdades sociais e culturais, a violência no espaço escolar e ainda potenciais subaproveitados, são algumas das consequências que a sociedade suporta, ao permitir através de ação ou omissão o preconceito no ambiente escolar. Portanto a instituição escolar, os professores e a sociedade – uma vez que são extremamente afetados – devem reavaliar os impactos futuros e preparam-se para a educação sem fronteiras. http://www.soartigos.com/articles/941/1/AS-CONSEQUENCIAS-DA-DISCRIMINACAO-E-DO- PRECONCEITO-NO-AMBIENTE-ESCOLAR-E-NA-SOCIEDADE/Page1.html 7
  • 8. Atitude, Preconceito e Estereótipo Regina Célia de Souza Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude baseado nos estudos da Psicologia Social. ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular. Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo - crenças e ideias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções que por sua vez levam a uma série de tendências comportamentais – predisposições. Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo e um comportamental: a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se uma atitude em relação à que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social. o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que por sua vez gera uma atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas. o comportamento –a predisposição : sentimentos negativos levam a aproximação e negativos ao esquivamento ou escape. Desta forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado grupo de uma forma negativa previsível. CARACTERÍSTICAS DO PRECONCEITO: É um fenômeno histórico e difuso; A sua intensidade leva a uma justificativa e legitimação de seus atos; Há grande sentimento de impotência ao se tentar mudar alguém com forte preconceito. Vemos nos outros e raramente em nós mesmos. EU SOU EXCÊNTRICO, VOCÊ É LOUCO! Eu sou brilhante; você é tagarela; ele é bêbado. Eu sou bonito; você tem boas feições; ela não tem boa aparência. Eu sou exigente; você é nervoso; ele é uma velha. Eu reconsiderei; você mudou de opinião; ele voltou atrás na palavra dada. Eu tenho em volta de mim algo de sutil, misterioso, de fragrância do oriente; você exagerou no perfume e ele cheira mal. CAUSAS DO PRECONCEITO: Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos. Segundo Allport(1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas frequentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação. Já, para Adorno(1950) a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita. Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação exagerada 8
  • 9. leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação. Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas fazem para se conformar(conformidade social). Se nos relacionamos com pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos do eu resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos sociais. REDUÇÃO DO PRECONCEITO: A convivência, através de uma atitude comunitária é , talvez a forma mais adequada de se reduzir o preconceito. COMO FUNCIONA O ESTEREÓTIPO: É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma categoria social. É um esquema simplista mas mantido de maneira muito intensa e que não se baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa – idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é associada. Quando nossa primeira impressão sobre uma pessoa é orientada por um estereótipo, tendemos a deduzir coisas sobre a pessoa de maneira seletiva ou imprecisa, perpetuando, assim, nosso estereótipo inicial. RACISMO: É a crença na inferioridade nata dos membros de determinados grupos étnicos e raciais. Os racistas acreditam que a inteligência, a engenhosidade, a moralidade e outros traços valorizados são determinados biologicamente e, portanto, não podem ser mudados. O racismo leva ao pensamento ou/ou:ou você é um de nós ou é um deles. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: McDavid, John e Harari, Herbert. Psicologia e comportamento social. Ed. Interciência. RJ. 1974. Morris, Charles G. e Maisto, Albert A. . Introdução à Psicologia. Ed. Pearson e Prentice Hall. SP. 2004. http://www.brasilescola.com/psicologia/atitude-preconceito-estereotipo.htm 9
  • 10. Preconceito e Discriminação Sérgio Lagoa Embora o conceito de raça seja moderno, o preconceito e a discriminação são uma constante da história universal e é necessário, antes do mais, fazer a distinção entre as duas ideias. O PRECONCEITO refere-se a opiniões ou atitudes partilhadas por membros de um grupo acerca de outro. As ideias preconceituosas são, muitas vezes, baseadas mais em rumores do que em provas claras; opiniões que resistem à mudança mesmo face a novas informações. As pessoas podem ter preconceitos favoráveis relativos aos grupos com os quais se identificam e preconceitos negativos face a outros. Alguém que tem preconceitos contra determinado grupo recusará atender imparcialmente os seus membros. A Discriminação diz respeito ao comportamento tido em relação a outro grupo. Pode detectar-se em ações que negam aos membros de um grupo oportunidades que são dadas a outros, como, por exemplo, quando a um negro é recusado um emprego disponível para um branco. Embora o preconceito esteja frequentemente na base da discriminação, os dois podem existir separadamente. As pessoas podem ter ideias preconceituosas e não agir em conformidade. Também é igualmente importante ter em conta que a discriminação não deriva necessária e diretamente do preconceito. Por exemplo, uma pessoa branca que queira comprar uma casa pode inibir-se de adquirir a propriedade em bairros predominantemente negros, não por causa de atitudes hostis que possa sentir em relação às pessoas que vivem nesses bairros, mas em função da sua preocupação com a desvalorização da propriedade nessas áreas. Neste caso, as atitudes de preconceito influenciam a discriminação, mas de uma forma indireta. http://semibreve.wordpress.com/2008/10/13/texto-011-preconceito-e-discriminacao/ Endo e exogrupo A diferenciação entre endogrupo e exogrupo não apenas contribui para a promoção do preconceito, como também é um elemento decisivo na eclosão de comportamentos discriminatórios. As pessoas tendem a se identificar com os grupos aos quais pertencem, incorporando-os ao seu auto-conceito. Desta forma, elas geralmente avaliam o próprio grupo de uma forma mais positiva, aderindo a uma estratégia que favorece à preservação do auto-conceito. Esta avaliação positiva do próprio grupo é correlata à avaliação negativa dos grupos externos. Esse viés na avaliação do endogrupo e do exogrupo parece ser um componente fundamental na constituição da identidade social e tende a se manifestar quando ocorre qualquer diferenciação, por mínima que seja, entre o endogrupo e o exogrupo. A explicação para este fenômeno assenta-se na suposição de que as pessoas em geral mantém contatos bem mais intensos com os membros do próprio grupo, o que faz com que desenvolvam uma visão bem mais complexa a respeito dos que grupos em que transitam do que sobre os grupos externos. Assim, quando é requerido um julgamento de uma situação em que estejam envolvidos membros dos próprio grupo, ele tende a ser bem mais moderado, pois as informações novas porventura presentes são consideradas apenas após uma cuidadosa comparação com os aspectos positivos e negativos do comportamento inerentes aos membros do próprio grupo. No caso dos grupos externos, os contatos são bem mais reduzidos e, consequentemente, a representação disponível sobre o grupo ou sobre os membros do grupo tende a ser menos complexa, o que propicia a formulação de julgamentos mais extremados. Nesse caso, as informações novas exercem um efeito bem mais poderoso, uma vez que as informações anteriores a respeito do grupo externo são menos circunstanciadas e a avaliação tende a ser realizada de acordo com a representação estereotipada que se possui do exogrupo. http://estereotipos.net/2007/11/28/endogrupo-e-exogrupo/ 10 Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra. (Bob Marley)
  • 11. Música, preconceito e discriminação Edgar Nascimento Também a música pode sofrer com algum tipo de preconceito e discriminação. Aqui não se vai analisar a questão vista do lado dos músicos, compositores e intérpretes, mas sob o ponto de vista do grande público, pois se aqueles de certo modo são prejudicados pelo preconceito e pela discriminação, é o público que acaba muitas vezes privado do bem que a música poderia lhe proporcionar caso essas duas pragas não andassem por perto. E quem não tem ou cultiva um pouquinho que seja de preconceito? A seguir, um exemplo de preconceito em relação ao tempo em que a música foi feita ou interpretada: O raciocínio de um jovem poderia seguir mais ou menos assim: “Meu avô gosta das músicas do Nelson Gonçalves e do Orlando Silva e vive me dizendo que aquilo sim é que era música, não essa barulheira sem sentido que existe hoje em dia. Bem, eu ouvi algumas vezes meu avô escutando as músicas dele no rádio e não gostei delas.” Logo, conclui o jovem, nenhuma música que esses dois cantores interpreta é boa e, por extensão, nenhuma música dessa época é boa. Então, não vale a pena perder tempo ouvindo músicas feitas antes de 1960. O avô pergunta ao jovem: — E você, de que músicas gosta?” — Ah, eu gosto de rap, de pop rock, heavy metal… — Claro que o avô não sabe do quê o neto está falando. Qual dos dois está agindo de modo preconceituoso? Acertou quem respondeu “os dois”. O neto, porque formou um conceito sobre a música das gerações anteriores baseado unicamente na experiência de ter ouvido uma ou outra vez seu avô escutando Orlando Silva e Nelson Gonçalves num radinho de pilha. E o avô porque, além de ter parado no tempo, se apegado às próprias memórias e por isso mesmo não conseguir compreender o mundo atual, desqualificou o gosto do neto. E, como se diz que gosto não se discute (esta afirmação é discutível), o diálogo pára por aí. O resultado desse preconceito é a discriminação. Ou seja, a pessoa passa a selecionar, a discriminar as músicas que escuta partir de ideias pré-concebidas adotando o critério: “não ouvi, não gostei”. E assim, priva-se voluntariamente de um bem que sequer conhece, quando o conveniente seria simplesmente antes conhecer para depois rejeitar ou não. E é bom ter sempre presente que, para se conhecer uma música, dependendo de sua complexidade, às vezes é preciso ouvir mais de uma vez, sem preconceito, com a mente aberta e o espírito desarmado, a fim de a compreender. O resultado dessa prática costuma ser surpreendente. É assim que muitos jovens são apaixonados pela música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e que, pela mesma razão, não pouca gente em torno dos 60 anos curte os raps de Gabriel O Pensador e a interpretação cheia de vida de Ana Carolina. Enquanto não conseguimos acabar com o jabá, praga que, por razões puramente econômicas, dita quais músicas serão tocadas nas emissoras de rádio e televisão e, conseqüentemente, as que serão sucesso certo nas baladas e no som a todo volume de alguns (poucos, ainda bem!) carros, podemos ao menos tentar nos livrar dos preconceitos que ainda temos e assim ser mais livres para apreciar a música de todos os tempos que o mundo tem a nos oferecer hoje. http://www.edgarnascimento.mus.br/art70110.htm 11 "O preconceito é uma opinião sem julgamento. Assim em toda terra inspiram-se às crianças todas as opiniões que se desejam antes que elas as possam julgar." (Voltaire)
  • 12. Norma social torna a discriminação mais velada à medida que as crianças crescem Patrícia Mariuzzo Certo dia, quando estava no maternal, Luana, então com três anos de idade, chegou em casa chorosa porque um coleguinha não a deixava brincar chamando-a de negrinha. A mãe lhe disse: "mas teu pai também te chama de minha negrinha". A menina respondeu: "mas é de um jeito diferente". Embora o preconceito racial seja um tema amplamente discutido na sociedade atual, a ponto do governo federal ter criado uma secretaria especialmente dedicada ao tema: a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o preconceito étnico entre crianças é tema de poucas pesquisas. Uma das mais recentes foi realizada pela pesquisadora Sheyla Fernandes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Faculdade Pio Décimo, de Sergipe. Ela fez um estudo com crianças de cinco a oito anos de idade onde o problema fica evidenciado. Participaram do estudo 19 crianças de uma cidade do interior sergipano, 11 meninos e 8 meninas, com idade de cinco a oito anos. Todas brancas. Foi solicitado que desenhassem duas crianças, uma branca e outra negra. Através dos desenhos os pequenos responderam a questões sobre escolhas e preferências em relação a cinco categorias: riqueza, beleza, inteligência, proximidade e contato. Os resultados revelaram alto nível de preconceito. A criança negra foi fortemente rejeitada e na faixa etária de 7 e 8 anos é onde estava os maiores índices de preconceito. A discussão sugere que o efeito da norma social de igualdade apenas aparece após os oito anos de idade, por isso é natural para elas expressar preconceito racial. Para a pesquisadora, o que vem ocorrendo são modificações na forma pelas quais as pessoas expressam o preconceito. Face ao reconhecimento público crescente dos princípios democráticos de igualdade e liberdade, as pessoas começaram a expressar o preconceito de maneira mais contida e sutil, inclusive as crianças. "Mostrar-se como preconceituoso se tornou antiquado e reprovável", diz. Ela explica que antes tínhamos a expressão do preconceito aberta e direta; hoje, isso é mais velado. As crianças viam na TV, no dia-a-dia, em suas casas e escolas cenas e evidências de preconceito abertas e, portanto, as repetiam como sendo a norma comum e aceitável do grupo. Hoje os pequenos não veem mais isso, logo, agem de acordo com o que aprendem. "Não se espera atualmente que uma criança ou qualquer pessoa discrimine abertamente o outro por ele ser negro, por exemplo. Podemos chamar isso de avanço, porém não temos subsídios para prever se isso implicará necessariamente na total erradicação do preconceito, porém há, de fato, uma tendência à diminuição", afirma Sheyla. PRECONCEITO CONTRA PRECONCEITO Um determinante muito forte para o preconceito são as normas sociais. Dependendo da cultura, da época e do que as normas dos grupos pregam como correto, os níveis de preconceito são maiores ou menores. A pesquisadora ressalta que, a partir de alguns acontecimentos importantes como as guerras mundiais, a Revolução Francesa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos entre outros, se começou a repensar as diferenças sociais. Surgiram novas representações e significados de civilidade, de igualdade e de liberdade. "Assim, embora possamos observar que o preconceito ainda existe, sua expressão tomou, com esses avanços, outros contornos. Ninguém quer se mostrar contrário às normas sociais, pois seria discriminado também. Temos leis que coíbem a demonstração do preconceito. Com isso, expressões discriminatórias, seja contra negros, homossexuais, mulheres ou qualquer minoria social, se tornou velada. O alto nível de preconceito encontrado em crianças pode ser justificado, de um modo geral, pela falta de discernimento em virtude de não terem internalizado tais normas sociais", considera Sheyla. Por volta dos três anos de idade as crianças não percebem ou não representam as diferenças entre as pessoas. Elas brincam com outras mais pobres, negras, deficientes, diferentes delas mesmas, como brincariam com as crianças de seu próprio grupo. Por volta dos cinco anos começa um processo de amadurecimento que faz com que elas vejam que existem grupos diferentes. "É nesse momento que elas costumam discriminar de forma aberta o que consideram fora dos padrões de seu grupo, ou dos padrões sociais em geral. Percebe-se, nas escolas, esse fenômeno de forma clara, com os apelidos ou o bullying, nomenclatura utilizada para referir agressão e discriminação entre escolares", exemplifica. Segundo Sheyla, as crianças podem apresentar comportamentos bastante cruéis e rudimentares, não escondendo o que sentem. "Mais tarde, por volta dos oito anos de idade, pode-se dizer que as normas sociais já fazem parte de seu repertório representacional. As crianças estão agora 'civilizadas', ou seja, introjetaram os sentidos e significados de uma vida em sociedade, de modo primário ainda, mas esse fenômeno faz com que uma mudança brusca ocorra em termos das maneiras de perceber as outras pessoas e as coisas", complementa. Então, aparentemente há maior aceitação do diferente, porém os estudos mais recentes mostram que as crianças passam a 12
  • 13. camuflar os sentimentos que julgam não serem os politicamente corretos em sua cultura e, mais especificamente, em seu grupo de convivência. SENTIMENTO DE INFERIORIDADE Em 1947, uma pesquisa semelhante à da professora Sheyla Fernandes foi realizada nos Estados Unidos pelos psicólogos Kenneth e Mamie Clark. Eles mostravam bonecos de plástico idênticos, exceto pela cor, para crianças negras com idades entre três e sete anos e pediam que fizessem uma identificação racial e indicassem sua preferência. Quase todas as crianças identificaram racialmente as bonecas com facilidade e, a maioria, atribuiu às bonecas brancas atributos positivos. Além disso, as crianças também foram solicitadas a pintar desenhos de crianças de acordo com a cor da sua pele. As negras pintavam os desenhos com giz branco ou amarelo. Os pesquisadores concluíram que o preconceito, a discriminação e a segregação faziam com que as crianças negras desenvolvessem um senso de inferioridade em relação às demais. Pesquisas na área da psicologia infantil demonstram a importância, positiva ou negativa, das marcas emocionais advindas da infância. De acordo com a pedagoga Marilene Leal Pare, as experiências com preconceito nas relações fora da família, em parques, festinhas ou na pré-escola, farão com que ela desenvolva mecanismos de defesa conforme a intensidade do racismo sofrido. "Um dos mecanismos mais fortes que observamos é o de negação: para a criança dói muito sentir que o coleguinha ou a professora a rejeita por causa da cor da sua pele", diz ela. Por isso ela passa a não querer admitir a rejeição, como se ela não existisse. "Estes serão aqueles adultos negros que dirão nunca terem sofrido preconceito em suas vidas", completa. Marilene trabalha na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde faz pesquisas sobre autoimagem e autoestima da criança negra no ambiente escolar. Ela explica ainda que a criança negra, ao se deparar com atitudes preconceituosas na pré-escola e nas primeiras séries do ensino fundamental, tende a isolar- se, juntar-se com outros da mesma etnia ou desenvolver atitudes para agradar os colegas e, então, ser aceito. "É comum crianças negras, em seus primeiros anos na escola, verbalizarem que não gostariam de ser negras", lamenta. Nos anos 1960, a antropóloga norte-americana Jane Elliot aplicou um exercício de discriminação baseada na cor dos olhos das crianças, em sua sala da terceira série. As crianças negras, previamente instruídas, discriminaram as brancas, que não sabiam que tudo havia sido combinado. O exercício deu origem a dois documentários: The eye of the storm (1968) e Olhos azuis (Blue eyed, 1996). Nos dois filmes, fica evidente a mudança de comportamento das crianças vítimas de preconceito. "O que antes era um ser humano, normal e feliz, transforma-se, no dia seguinte, em uma criança assustada, vulnerável, intimidada, ameaçada quando colocamos uma cor e dizemos que ela é inferior. Imagine o que é viver uma vida inteira assim", diz Elliot em um trecho do documentário Olhos azuis. MAIS SEMELHANÇAS DO QUE DIFERENÇAS Nesse contexto, reflexos negativos no desempenho escolar não tardam a surgir. Um exemplo disso está nas pesquisas de Marilene Pare, da UFRGS, em escolas públicas e privadas de Porto Alegre, onde ela observou níveis mais altos de evasão e repetência entre os estudantes negros. "Em entrevista com esses alunos eu pude detectar problemas ligados à discriminação racial, baixa autoestima, e a escola mantendo silêncio em torno dos fatos sem saber lidar com o problema", diz. Na opinião da pedagoga a escola brasileira não tem sido competente no trato com a cultura dos seus educandos, especialmente com o grande contingente de origem africana que compõe a maioria da população do país. De acordo com uma projeção feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2010 o Brasil terá a maioria de sua população negra. Para ela, é necessário efetivar a inclusão da questão racial nos currículos escolares, reconhecendo a identidade étnica dos alunos negros e a valorização de suas potencialidades, a partir da ancestralidade africana. Já foi comprovado que o contato interpessoal entre grupos diferentes promove a mudança de estereótipos. Para Sheyla Fernandes, a discussão de temas que remetam à igualdade social ajuda a diminuir o preconceito. Isso inclui o uso de livros paradidáticos e, para as crianças menores, a leitura de contos e fábulas que trabalhem o preconceito e a igualdade. "Sabemos que é um processo lento e de difícil solução, mas estamos caminhando para o desenvolvimento de pessoas mais voltadas para a norma da igualdade. Há uma tendência de que as próximas gerações apresentem valores e comportamentos mais tolerantes frente o outro", acredita. http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252009000200004&script=sci_arttext 13
  • 14. Estereótipo da violência “Pessoas com esquizofrenia tendem a ser violentas. ” Transtornos mentais e violência estão intimamente ligados na mente do público. O relato sensacionalista da mídia (alguma vez você já leu a manchete: "Homem São Mata uma Família de Quatro Pessoas?) tem grande fatia de culpa, assim como a televisão e as representações cinematográficas de assassinos enlouquecidos. Outro fator contribuinte é o uso popularmente incorreto de termos psiquiátricos como "psicótico" e "psicopata". O estereótipo do doente mental violento causa temor no público e faz com que todos procurem evitá-lo. Pessoas com doenças mentais, em geral não são mais perigosas do que indivíduos sadios da mesma população. Indivíduos com esquizofrenia mostram uma taxa levemente maior de crimes de violência, mas tais atos são quase sempre cometidos por aqueles que não estão recebendo tratamento médico adequado. Na verdade, pessoas com esquizofrenia são muito mais prováveis de serem violentas consigo mesmas do que com os outros. Quarenta a cinqüenta por cento das pessoas com esquizofrenia tentam suicídio; dez por cento são bem sucedidas. Oito coisas a lembrar sobre o estereótipo da violência: 1. O tratamento reduz drasticamente o risco de violência. O tratamento precoce também pode ajudar a melhorar a confusão e o sofrimento decorrentes de um surto psicótico completo. 2. O risco de violência não se deve necessariamente à esquizofrenia, mas sim a uma combinação de transtornos. 3. A contribuição de pessoas com esquizofrenia para a incidência geral de crimes é relativamente pequena. 4. A violência associada à esquizofrenia é mais comumente direcionada a um membro da família e, na verdade, a probabilidade maior é que o doente machuque a si próprio. 5. Pessoas com esquizofrenia não representam um risco para as crianças. 6. O risco de violência em pessoas com esquizofrenia parece ser muito similar ao da população sadia, quando o abuso de substâncias é desconsiderado. 7. O risco de ofensas sexuais associados à esquizofrenia é baixo. 8. Apenas uma pequena porcentagem das pessoas com esquizofrenia é responsável pelo comportamento violento que ocorre em decorrência do transtorno. http://www.openthedoors.com/portuguese/03_12.html Escola: berço do preconceito! O preconceito está presente entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas brasileiras. As pessoas com deficiência, principalmente mental, seguidas de negros e pardos são as que mais sofrem com esse tipo de manifestação. Foi comprovada pela primeira vez uma relação entre preconceito e o desempenho na Prova Brasil, cujas notas mais baixas estão onde há maior hostilidade ao professor. Essas conclusões estão no estudo feito a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, órgãos do Ministério da Educação. Os dados deste estudo inédito foi realizado em 501 escolas com 18.599 estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os Estados do País. A principal conclusão foi de que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros. Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com deficiência e 94,2% na questão racial. "A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa cultura", afirma o responsável pela pesquisa, o economista José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA). Segundo Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da secretaria, os resultados vão embasar projetos que possam combater preconceitos que a escola não consegue desconstruir. "É possível pensarmos em cursos específicos para a equipe escolar. Mas são ações que demoram para ter resultados efetivos." ( http://psiolhospensantes.blogspot.com/2009/06/escola-berco-do-preconceito.html ) 14
  • 15. Sou sim, e daí? Maitê Schneider Muito se fala sobre homossexualidade, mas a hipocrisia e os preconceitos da sociedade, mesmo que velados, ainda são uma barreira para quem decide assumir, com todas as letras e cores, sua opção sexual. Preconceito: substantivo masculino que dilacera homens, mulheres, gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais, negros, judeus e todos os que são fora do paradigma vigente imposto pela sociedade. É ele, o maldito, o verdadeiro MAL do SÉCULO. O preconceito dói, machuca e por vezes acaba matando gente como a gente. Gente que vive e quer viver. Gente que faz e que constrói.... Gente que é gente. O pior dos preconceitos é o contra a orientação sexual de uma pessoa, haja visto que é o mais visado e o mais odiado pela grande "maioria", que se diz pensante. Expliquemos: - O pior castigo para um pai negro é ter um "filho travesti"; - O pior castigo para um pai judeu é ter um "filho gay"; - O pior castigo para uma mulher é ter uma "filha lésbica"; - O pior castigo para um homossexual é não poder viver e ser ele(a) mesmo(a). Esse não é tema novo. Surge na antiguidade, com os regimes escravistas e presos de guerra. Passa pelos indígenas e negros, que são as vítimas do Novo Mundo e segue com os judeus, os cristãos novos e os homossexuais, todos exterminados por "Hitlers" da vida, que encontramos no nosso cotidiano. Preconceito é crime, simplesmente por ir contra a norma máxima da Constituição Brasileira de que todos são iguais. Já se pode, dessa forma, enquadrar a discriminação como crime, sem que para isso precisem ser criadas jurisprudências ou leis complementares. É importante também que notemos a diferença entre preconceito e discriminação. Muitas vezes usamos estas palavras como sinônimas, mas não são. O preconceito é de foro íntimo e trata-se do conjunto de princípios e verdades negativas e não comprovadas por experiência própria, que trazemos e são inerentes à nossa pessoa. Essas 'verdades' nos são trazidas por educação familiar e escolar, amigos, mídia e outros meios. Já a discriminação é a exteriorização do preconceito. É o conjunto de atos e atitudes que extravasamos para o nosso cotidiano, interferindo negativamente na vida do nosso próximo. O preconceito deve ser mudado através de uma educação de base e de uma construção positiva no sentido da igualdade, respeitando sempre a diversidade. No caso da discriminação, a penalização deve ser o mais imediata possível e devem ser considerados esses atos como crimes, sejam eles comissivos ou omissivos. Todos temos preconceito, mas em diferentes graus. Não temos como fugir. Eles vêm arraigados com a nossa cultura. Entretanto, reconhecer isso é a principal arma que temos para lutar contra ele. E se não é uma coisa positiva em nossas vidas, pior quando é em relação a si, é realmente muito depreciativo. Devemos arrebentar as algemas que nos prendem a ter pena de nós mesmos, a sermos sempre vítimas de algo que não nos é passível de mudança. Devemos ser felizes em essência, e essa felicidade não pode e não deve estar condicionada à alguém ou a alguma coisa. Temos que ser felizes hoje, no momento presente. Lógico que o momento é de lutas, brigas e muitas batalhas, contudo a visão de um futuro sem injustiças (sejam elas quais forem), sem discriminação e sem valorização do ter, em contrapartida com o ser, é próximo e não significa mais uma utopia, na vida de pessoas que acreditam nesse mundo melhor. http://www.bolsademulher.com/estilo/sou_sim_e_dai-1257-2.html 15 "Os preconceitos têm raízes mais profundas que os princípios." (Nicolau Maquiavel)
  • 16. Investigando a posição do sujeito cego na história Lívia Maria Villela de Mello Motta Desde a antiguidade, a cegueira vem sendo considerada como algo de difícil compreensão. As pessoas cegas, segundo Lorimer (2000), foram sempre consideradas como incapazes e dependentes, maltratadas e negligenciadas, sendo que algumas civilizações chegavam mesmo a eliminá-las. Somente há 200 anos atrás é que a sociedade começou a perceber que as pessoas cegas e com baixa visão poderiam ser educadas e viver independentemente. Este percurso histórico e a forma como a cegueira era considerada e tratada em diversas regiões do mundo, o que será apresentado abaixo, ajudam-nos a compreender as razões pelas quais a sociedade, em geral, ainda associa algumas profissões, mitos e ideias pré-concebidas às pessoas cegas. Na China, a cegueira era comum entre os moradores do deserto. A música era uma alternativa para se ganhar a vida e, para isto, os cegos precisavam exercitar o ouvido e a memória. Os japoneses, desde os tempos mais remotos, desenvolveram uma atitude mais positiva com relação às necessidades das pessoas cegas, enfatizando a independência e a auto-ajuda. Além da música, poesia e religião, o trabalho com massagem foi encorajado. Muitos cegos se transformaram em contadores de história e historiadores, gravando na memória os anais do império, os feitos dos grandes homens e das famílias tradicionais, sendo encarregados de contar isto para outras pessoas, perpetuando, assim, a tradição. O Egito era conhecido na antiguidade como o país dos cegos, tal a incidência da cegueira, devido ao clima quente e à poeira. Referências à cegueira e às doenças nos olhos foram encontradas em papirus e os médicos que cuidavam dos olhos se tornaram famosos na região mediterrânea. Na Grécia, algumas pessoas cegas eram veneradas como profetas, porque o desenvolvimento dos outros sentidos era considerado como miraculoso. Em Roma, alguns cegos se tornaram pessoas letradas, advogados, músicos e poetas. Cícero, por exemplo, orador e escritor romano, aprendeu Filosofia e Geometria com um tutor cego chamado Diodotus. Entretanto, a grande maioria vivia na mais completa penúria, recebendo alimentos e roupas como esmola. Os meninos se tornavam escravos e as meninas prostitutas. No Reino Unido, as primeiras referências às pessoas cegas datam do século XII, e mencionam um refúgio para homens cegos, perto de Londres, aberto por William Elsing. Os cegos eram geralmente mendigos que viviam da caridade alheia. Na Idade Média, mais atenção foi dada às pessoas pobres e deficientes, principalmente devido à lei - "The Poor Law Act", lavrada em 1601, que mencionava, explicitamente, os pobres, os incapazes e os cegos, prevendo abrigo e suporte para estas pessoas. Desta data em diante e por mais uns duzentos anos, os cegos viveram em suas casas ou em instituições, os chamados "asylums", contando com algum suporte dos governantes. Na Bíblia, a cegueira é sinônimo de escuridão, de pecado. Deus é luz, é claridade. O pecado é a escuridão, a ausência de Deus. Segundo Hull (2000), a Bíblia foi escrita por pessoas que enxergam e os textos bíblicos traduzem imagens negativas da cegueira e da deficiência. A cegueira é símbolo da ignorância, de pecado e falta de fé. Além disto, é considerada como um castigo enviado por Deus. A cura do cegos, na Bíblia, está sempre ligada à remissão dos pecados, à confissão dos pecados. De uma certa forma, conforme comentado por Barasch (2001), a Bíblia reflete o pensamento cultural da antiguidade em relação à cegueira, tendo grande influência sobre artistas e escritores da época e também colaborando para manter o círculo vicioso do preconceito. Em suma, a história, as lendas, a literatura e a própria Bíblia contribuíram para perpetuar as ideias negativas, os mitos sobre o efeito da falta da visão na vida das pessoas. A falta de conhecimento e entendimento sobre o tema, segundo Hutchinson et al (1997), acaba resultando em uma limitação das oportunidades que são oferecidas às pessoas cegas e com baixa visão. A cegueira e a baixa visão não deveriam ser barreiras para uma participação maior na sociedade e na escola. Estas barreiras são, na grande maioria, construídas pela própria sociedade, sendo traduzidas na linguagem utilizada para descrever as pessoas com deficiência pela cultura da normalidade, que discuto a seguir. http://www.bengalalegal.com/deficienciavisual.php 16
  • 17. Origens do racismo negro João Pedrosa No caso do Brasil, onde estão as raízes da brutal discriminação racial? Primeiro temos que compreender que por trás da origem do preconceito racial existe a questão política e econômica. O branco dominador e colonizador explorando historicamente o negro escravo. O Brasil se caracteriza por uma diversidade étnica que é produto do processo histórico que misturou num mesmo território três grupos distintos: portugueses, índios e negros de origem africana. Esse contato possibilitou a formação de uma cultura plural, levando à construção de um país inegavelmente miscigenado. País este construído na base da exploração humana sob o regime da escravidão, inicialmente com os índios e posteriormente com os escravos negros africanos que eram capturados e traficados da África (1548). A classe dominante formada pelo branco colonizador português construiu uma hierarquia de classes que deixava evidente a distância social entre senhores e escravos. Os índios e os negros permaneceram em situação de desigualdade, marginalidade e exclusão social. Esta situação era necessária para se manter a escravidão e a exploração. Para Heler (1988), o preconceito está pautado em um forte componente emocional que faz com que os sujeitos se distanciem da razão. Ele era necessário para manter a exploração econômica, apresentado o negro como uma raça inferior, incapaz e desprovida de qualidades que só o homem branco possuía. A justificativa sustentada pela “biologia do branco colonizador” apresentava a raça branca como sendo naturalmente mais pura, saudável, superior, nobre, esteticamente mais bonita, de inteligência e sabedoria elevadas. Evidentemente que este raciocínio é estúpido, anticientífico e errôneo. Porém, eficaz o suficiente para reproduzir a ideologia dominante e manter as diferenças, a exploração e os privilégios. Consolidou-se culturalmente a suposta superioridade do homem branco. O negro escravo passou a ser uma “criatura humanamente inferior”. É nesta conjuntura socioeconômica que surge o racismo, arquitetado racionalmente para garantir à dominação do branco. A raiz do preconceito é sobretudo baseada na exploração econômica. Hoje, a dor do negro vítima do preconceito foi alicerçada na humilhação, nos sentimentos de medo e inferioridade que lhes foram inculcados durante séculos. http://www.armariox.com.br/conteudos/colunistas/pedrosa/negrogay.php 17
  • 18. Prostituta x Preconceito Landa Costa No passado a figura da prostituta era muito valorizada pelos homens. A maioria dos rapazes perdia a virgindade com essas profissionais e recorriam a ela antes e até depois do casamento. Hoje em dia não são tão requisitadas pelos mesmos motivos, é uma profissão que nunca mais vai acabar, porém, a tendência e que se diminua cada vez mais o mercado. O mercado irá diminuir não pelo fato do aumento do pudor da sociedade, mas, pela facilidade com que hoje os homens conseguem sexo. Como um rapaz de 13 – 15 anos, por exemplo, iria conseguir transar com suas coleguinhas de turma no passado? Posso afirmar categoricamente que era quase impossível! As mulheres se casavam virgens! Poucas eram “perdidas” um termo muito comum no passado. Certamente o tabu da virgindade foi quebrado, sexo antes do casamento é algo totalmente normal e está totalmente “na moda”. Sexo sem compromisso não é conseguido apenas com prostitutas… A prostituição vem tomando fôlego com o turismo sexual, esse sim está em alta, apesar de não ser um tipo de turismo bem visto por nenhum governo. Meu questionamento é… Porque jovens de classe média alta espancariam uma mulher e se achariam com razão se ela fosse uma prostituta? Já ouvi coisas do tipo: “Deve ser um bando de gays enrustidos.” Gays enrustidos??? Vou ser bem sincero e direto. A maioria dos gays não são violentos, não tem preconceitos contra prostitutas, ou qualquer outro tipo de raça, cor ou condição social… Sério… Essa é mais que furada! “A família não deu educação!.” Acho meio injusto condenar uma família pelos erros praticados pelos filhos. Já foi provado há muito tempo que o homem não é fruto do meio. Se a família dos adolescentes fosse recheada de bandidos e animais eles estariam com razão ou teriam motivo para praticar a barbárie? “São filhinhos de papai!” Essa eu posso até concordar que ser “filhinho de papai” pode subir a cabeça, porém, não é uma justificativa porque jovens que não são filhinhos de papai também cometem crimes como esse. “Se acham machões.” É… Pelo que sei, se fossem machões mesmo contratariam as prostitutas ao invés de espancarem! A impunidade tem grande parcela de culpa mas mesmo onde as pessoas são punidas com rigor ainda ocorrem problemas com a lei! Acho que o principal motivo é a falta de amor próprio, amor pelos outros e falta de valor que esses jovens estão dando a vida! E você o que pensa sobre esse assunto? http://www.nomegratis.com/prostituta-x-preconceito.html 18
  • 19. Preconceito afeta tratamento de depressão em idosos USP Online Nos últimos 20 anos, a expectativa de vida da população aumentou, aproximadamente, 11%. Se em 1984 as pessoas atingiam por volta de 64 anos, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula que se viva, atualmente, em torno de 71 anos e as projeções para 2024 indicam aumento da expectativa de vida para 77 anos. Mas com o envelhecimento dos brasileiros, cresce também a incidência e a visibilidade de doenças que atingem especificamente esta população. Entre estas doenças está a depressão em idosos. Principalmente devido ao preconceito e à falta de atenção familiar, muitos idosos desenvolvem esta doença e não procuram tratamento adequado, o que pode agravar o quadro clínico de outras doenças, como a demência. ?Por preconceito as pessoas ainda acham que desânimo, fraqueza e falta de disposição são sintomas característicos da velhice, o que não é verdade?, afirma o psiquiatra do ProTer (Projeto Terceira Idade) do Hospital das Clínicas da USP, Alberto Stoppe Júnior. Entre os fatores que podem levar à depressão estão a predisposição genética, situações extremamente traumáticas e pontuais, como a perda de um ente querido, ou uma série de mudanças na vida que levam à insatisfação e à falta de prazer nas atividades rotineiras. No caso dos idosos, a depressão está mais relacionada com uma série de mudanças na rotina de vida destas pessoas. Os principais sintomas depressivos são perda de prazer e interesse pelas atividades, fraqueza brusca, irritabilidade, alteração no sono (insônia ou o excesso de sono), perda de memória, dores no corpo e alterações na alimentação (comer exageradamente ou falta de apetite). Nos quadros considerados graves há incidência de todos estes fatores. No entanto, segundo Botino, estes casos são mais raros na população idosa. O problema está em pessoas que apresentam apenas alguns destes sintomas, mas não procuram tratamento. Apesar disso, tem aumentado, segundo o também psiquiatra do Projeto Terceira Idade (ProTer) do Hospital das Clínicas da USP, Cássio Botino, o número de pessoas que apresentam apenas alguns destes sintomas e não procuram tratamento adequado. ?É crescente o número de idosos que não identificam sintomas depressivos e portanto não se tratam, o que é um grave problema, já que a depressão, que era leve, pode tornar-se mais severa e afetar outras atividades?, explica Botino. http://www4.usp.br/index.php/saude/2213 19 "Uma receita de bolo não é um bolo, O molde de um vestido não é um vestido, Um mapa-mundi não é um mundo, E a gramática não é a língua". Marcos Bagno Guilherme Pilla http://mnocelli.blog.uol.com.br/arch2009-02-15_2009-02-21.html
  • 20. Definição de Preconceito Cultural Jamille Veiga Preconceito cultural é uma conduta que vem se disseminando entre as mais diversas camadas sociais. Consiste na discriminação de uma pessoa pela sua origem ou mesmo por associações pejorativas e, na aceitação, por parte de outros, de uma visão deturpada de determinada cultura. Por constituir-se num grave problema, o preconceito cultural vem sendo abordado como crime. Nesse sentido, tem-se como exemplo o deputado Maurício Rabelo, que objetiva combater esse tipo de preconceito: “Para erradicar o preconceito cultural existente no país, o parlamentar propôs uma mudança no Código Penal, incluindo como passível de punição qualquer discriminação envolvendo a cultura ou os valores culturais.” Preconceito Cultural no Brasil Não é preciso ir tão longe para encontrar quadros de preconceito cultural. Apesar de nós, brasileiros, sermos considerados uma nação pobre, sem identidade, comportamento duvidoso, é possível encontrar pessoas que têm conceitos errados em relação aos seus semelhantes aqui mesmo, no Brasil. Temos como exemplo a errônea ideia que se faz de um gaúcho, a associação que se faz da preguiça com o baiano, ou da “burrice” com o goiano, também temos a visão primitiva e subdesenvolvida que se tem da região norte, dentre outros. É fato que o povo Brasileiro não tem uma boa representação no exterior. Normalmente, quando se ouve falar em Brasil, está relacionado a mulatas, samba, Rio de Janeiro (“pontos positivos”), ou a violência, assalto, esperteza, ignorância, subdesenvolvimento (“pontos negativos”). Tais características fazem dos brasileiros alvos do preconceito cultural. Infelizmente, deparamo-nos com um povo que não se conhece e que, portanto, não tem como passar uma imagem positiva a outros países, nem reclamar o reconhecimento de suas qualidades. “Limpeza étnica” na Iugoslávia: um caso de preconceito cultural Na antiga Iugoslávia, algo chama muito a atenção, lá está localizado o Centro de Descontaminação Cultural (CDC), fundado em Belgrado, no ano de 1994. Este Centro tem como objetivo combater os efeitos nocivos do governo do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic. A instituição desenvolve um forte trabalho contra a xenofobia, a intolerância, o ódio entre as nações. Então surge uma dúvida: Qual o motivo da criação de um centro de descontaminação? Para quem não sabe, a Iugoslávia era, até a fragmentação de sua extensão territorial, um verdadeiro caldeirão étnico, abrigando nações que se odiavam. Sabe-se que a principal razão para os conflitos era a questão territorial, entretanto, os ataques a Kosovo e a Bósnia, pretextando uma “limpeza étnica”, demonstrando uma postura de preconceito cultural, como relata uma das fundadoras do CDC, Borka Pavcevic: “A guerra era também uma consequência da contaminação feita pelas palavras, pela propaganda, por entrevistas, fotografias, preconceitos, mitos, pela falsa interpretação ou re- interpretação da história, por emoções étnicas e religiosas com objetivos políticos a fim de destruir e separar as pessoas de acordo com a etnia. As razões residem no preconceito cultural e no discurso sobre cultura ‘limpa’ no período de formação dos novos Estados e da devastação da ex-Iugoslávia.” Discussão: Preconceito Cultural X Etnocentrismo Qual a diferença entre etnocentrismo e preconceito cultural? Certamente não é uma dúvida comum, entretanto, vale à pena discutir. As principais diferenças então nos seguintes aspectos: o preconceito, de um modo geral, é a formação de uma ideia pré-concebida sobre algo desconhecido, que se torna fixa, portanto, ter preconceito com a cultura e os valores de certo grupo social é acreditar nos mitos que o envolvem. Já o etnocentrismo está mais ligado a supervalorização da própria cultua, em detrimento da cultura alheia, usando o próprio padrão de valores, para analisar os outros. Dicas de sites para aprofundamento: http://www.pittyquepariu.blogger.com.br/2003_11_01_archive.htm/ http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2003/07/Projeto_combate_preconceito_cu.shtml http://www.parceria.nl/especiais/esp061211_estadosfrageis/ef061213_respostas http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_jun1999/pag16.html 20
  • 21. Onde você guarda seu preconceito? Flávio Herculano Onde está o seu preconceito? Num gesto intolerante, de fúria e agressão, tipo “ataque neonazista”? Ou numa ação velada, na piada intransigente contada entre os conhecidos, em meio a um ambiente amistoso, como se fosse um gesto ocasional e sem consequências? Ou, ainda, está guardado num fio do subconsciente, disfarçado de uma falsa “aceitação” às minorias? Onde ele estiver, qualquer que seja a medida do seu preconceito, livre-se dele. Com causas históricas e culturais, o preconceito nunca se extingue. Em algumas situações pode ate se atenuar, como no caso do racismo, do machismo e da homofobia, hoje considerados retrógrados, inaceitáveis em muitos ambientes. Mas, enraizado, o preconceito se desdobra, ganhando novas formas, de acordo com os valores vigentes na sociedade. Na era do consumo e das vaidades, se insurge contra os pobres e contra aqueles que não se enquadram em padrões estéticos cada dia mais estreitos... E por ai prossegue, formando um rosário de intolerância e rejeição. Vivemos nos renegando, virando as costas uns para os outros. São sulistas contra nordestinos, moralistas contra libertários, direitistas contra esquerdistas. Subjugamos o próximo mais por uma necessidade de auto-afirmação que, propriamente, por uma atitude de desprezo. É o branco que, ao julgar o negro inferior, se coloca um patamar acima, se sentindo mais confortável diante do infortúnio alheio. É o homem que, ao oprimir a mulher, conquistava mais espaços nos ambientes sociais e trabalhistas. Mas bem que poderia ser o contrário, a começar pelas próprias minorias. O negro, que conhece a dor do racismo, acolhendo o pobre. O pobre, por sua vez, acolhendo o negro e a mulher. A mulher acolhendo o negro, o pobre e o homossexual... Daí por diante, de modo que o branco, o rico e o macho heterossexual reconhecessem essa harmonia, se integrando a ela, mesmo que por uma imposição cultural, de enquadramento numa nova ordem das relações sociais. E quando falo em “acolher”, me refiro a algo muito superior à aceitação. Pois, quando nos propomos a aceitar o outro, também nos colocamos um degrau acima, mas ser estender a mão, para que ele alcance o mesmo nível. É, também, uma necessidade de auto-afirmação. Nos sentimos altruístas e, ante as demais pessoas, nos julgamos mais à frente e abertos as diferenças. Contudo, trata-se mais de um gesto de falsa ¨piedade¨ que de harmonia nas relações pessoais. E você, quais os seus preconceitos e qual a dimensão deles? Reconheça-os, para pode livrar-se destas limitações. Aprenda a julgar as pessoas pelo caráter de cada um, e não por ranços sociais. ( http://www.overmundo.com.br/banco/onde-voce-guarda-seu-preconceito-artigo ) Inclassificáveis Arnaldo Antunes que preto, que branco, que índio o quê? que branco, que índio, que preto o quê? que índio, que preto, que branco o quê? que preto branco índio o quê? branco índio preto o quê? índio preto branco o quê? aqui somos mestiços mulatos cafuzos pardos mamelucos sararás crilouros guaranisseis e judárabes orientupis orientupis ameriquítalos luso nipo caboclos orientupis orientupis iberibárbaros indo ciganagôs somos o que somos inclassificáveis não tem um, tem dois, não tem dois, tem três, não tem lei, tem leis, não tem vez, tem vezes, não tem deus, tem deuses, não há sol a sós aqui somos mestiços mulatos cafuzos pardos tapuias tupinamboclos americarataís yorubárbaros. somos o que somos inclassificáveis que preto, que branco, que índio o quê? que branco, que índio, que preto o quê? que índio, que preto, que branco o quê? não tem um, tem dois, não tem dois, tem três, não tem lei, tem leis, não tem vez, tem vezes, não tem deus, tem deuses, não tem cor, tem cores, não há sol a sós egipciganos tupinamboclos yorubárbaros carataís caribocarijós orientapuias mamemulatos tropicaburés chibarrosados mesticigenados oxigenados debaixo do sol 21
  • 22. Travestis: rejeição, preconceito, discriminação… Uma vida nada fácil! Bruno Rosa e Glauco Faria (Revista Fórum) “Em nenhum momento eu soube que era travesti. Eu sou completamente heterossexual e acho que isso não tem dúvida.” Era assim que o jogador de futebol Ronaldo justificava, no programa Fantástico, da Rede Globo, o fato de ter ido a um motel com três travestis. O foco de discussão da mídia se concentrava justamente na questão do atleta ter supostamente tido relações homossexuais. Uma forma velada de homofobia que escancara um dos segmentos mais excluídos da sociedade brasileira: as transgêneros. Embora haja controvérsias sobre o tema, pode-se dizer que, de forma geral, transgêneros são pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico. Isso se expressa desde o hábito de usar roupas do gênero oposto, fazer tratamentos hormonais e cirurgias estéticas ou mesmo operações de mudança de sexo. Neste último caso, estariam as transexuais, que rejeitam ou não sentem prazer com seus órgão genitais, enquanto com as travestis isso não necessariamente ocorre. O fato é que ambas enfrentam o estranhamento e a intolerância no seu dia-a-dia, sendo muitas vezes discriminadas, até mesmo por homossexuais. “De modo geral, muitas transexuais e travestis são postas para fora de casa pelos seus próprios familiares, por volta dos 13 ou 14 anos. Normalmente, neste período é que começa a busca pela nossa verdadeira identidade sexual”, explica a transexual pernambucana Aleika Barros, vice-campeã do Miss International Queen 2007 e coordenadora da Articulação e Movimento de Transgêneros em Pernambuco (Amotrans-PE). “Este ato de exclusão já contribui bastante para que estas pessoas sintam na pele a intolerância”, garante. Estudos e pesquisas vão ao encontro da realidade contada Aleika. É nos dois ambientes mais importantes para crianças e adolescentes, o próprio lar e a escola, que travestis e transexuais sentem pela primeira vez o estigma e a discriminação que em geral as acompanham pelo resto da vida. Com isso, a saída de casa e o precoce contato com a prostituição acabam se tornando algo comum a muitas delas, com o quase simultâneo abandono da vida escolar. De acordo com o estudo Travestis profissionais do sexo: vulnerabilidades a partir de comportamentos sexuais, que coletou dados por meio de entrevistas individuais com 100 travestis profissionais do sexo da cidade de Uberlândia (MG), 53% têm até o ensino fundamental incompleto e nenhuma possuía ensino superior. “A baixa escolaridade deste segmento é enorme. E mesmo quem consegue ultrapassar essa barreira, acaba excluída devido ao preconceito”, conta Majorie Marchi, presidente licenciada da Associação de Transgêneros do Rio de Janeiro (Astra-Rio), organização que conta com 1.300 associadas em todo o estado. “A escola é o lugar das primeiras rejeições vividas na infância, mesmo as que não usam trajes, quando emanam um sinal de sexualidade fora dos padrões, acabam saindo, não há o reconhecimento da identidade”, relata ela, que é travesti desde os 13 anos e viveu da prostituição dos 14 aos 28. Atualmente, participa da Câmara Técnica de Elaboração do programa estadual Rio sem Homofobia. Majorie tem sido uma das vozes mais ativas do movimento GLBT na contestação ao tratamento que a mídia deu ao caso Ronaldo. Em nota oficial da associação, ela reivindica que “as travestis e transexuais sejam respeitadas na sua identidade de gênero, que é feminina, e que sejam identificadas por seus nomes sociais, e não pelos nomes de registro”. E prossegue: “Infelizmente, a maior parte da mídia não tem observado esse princípio, que faz parte de um direito humano fundamental, preservando a dignidade das pessoas, que têm o direito de ser tratadas como se reconhecem.” Em outra nota, ela protesta contra a apresentadora Ana Maria Braga, que teria dito em uma entrevista com o “Fenômeno”, que ele “deveria dormir mais cedo em vez de se envolver em situações como essa e com esse tipo de gente”. “O senso comum não vê a transexualidade como uma visão possível de sexualidade”, aponta a cientista social Larissa Pelucio, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade de Campinas (Pagu/Unicamp). Para ela, a imprensa tem dificuldade em reconhecer a travesti como um tipo de expressão de gênero distinto da caricatura usual que se faz delas. Larissa realizou um trabalho etnográfico com travestis, em especial da cidade de São Carlos (SP), e, segundo ela, um dos pontos mais importantes desse trabalho foi “ver a dimensão humana e as estratégias que elas têm que desenvolver para enfrentar o preconceito”. Durante o período em que conviveu com travestis, Larissa conta que presenciou não somente as agressões físicas, algo tristemente normal para aquelas que trabalham nas ruas, mas a violência velada, só visível para quem é alvo dela. “São atos como impedir que a travesti entre em algum 22
  • 23. lugar. É um mal-estar constante. Nem sempre a violência física é o ato mais brutal, mas o riso no supermercado, os olhares na fila do banco, no circular”, observa. “A travesti desafia os catálogos identitários, não é homem, nem mulher, nem gay, segmentos que ainda têm um grau de aceitação maior na sociedade”, analisa o psicólogo Marcos Garcia, autor da tese de doutorado Dragões: gênero, corpo, trabalho e violência na formação da identidade entre travestis de baixa renda. Ele ressalta a dificuldade que elas enfrentam para sair da condição de profissional do sexo, em especial as que ganham menos. “Uma mulher que trabalha na prostituição, quando envelhece, tem a oportunidade de mudar de profissão e esconder seu passado. Já a travesti tem muito mais dificuldade por conta do estigma”, esclarece. http://www.lotecultural.com/22/08/2008/travestis-rejeicao-preconceito-discriminacao-uma-vida-nada-facil/ Jovens acham que prostituta é saco de pancada Glauco Araújo Declaração é da presidente da Rede Brasileira de Prostitutas, Gabriela Leite. A violência contra prostitutas no Brasil está crescendo diariamente e grande parte dos agressores são jovens de classe média. O problema, segundo a presidente da Rede Brasileira de Prostitutas (RBP), Gabriela Leite, ficou evidenciado nos últimos 12 dias, com o registro três casos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Um dos casos envolve o ator Rômulo Arantes Neto, que interpreta André em "Malhação". Ele é acusado de agressão e roubo por uma garota de programa. O caso ocorreu no Rio de Janeiro, na quarta-feira (4). Ele nega o crime. Em São Paulo, um jovem de 24 anos foi preso sob suspeita de atear fogo a uma garota de programa em São José dos Campos, a 91 km da Capital. A vítima, de acordo com a polícia, teve queimaduras de 1º e 2º graus do joelho para baixo. Em outro caso, no Rio de Janeiro, rapazes que espancaram uma empregada doméstica em um ponto de ônibus, na madrugada de 23 de junho, tentaram justificar a violência afirmando que acharam que se tratava de uma prostituta. Na mesma madrugada, uma prostituta foi agredida em outro ponto de ônibus. Um dos rapazes que espancou a doméstica também foi reconhecido pela prostituta como um de seus agressores. "O preconceito interfere na interpretação dos jovens de hoje. Eles acham que as prostitutas são sacos de pancada. A violência sempre aconteceu, mas sempre foi muito pouco denunciada, pois, quando se faz a denúncia, a própria polícia condiciona a agressão ao fato da vítima ser prostituta", diz Gabriela. Ela afirma que esse tipo de violência sempre existiu no país. "Começa pela violência policial. Essa visão que órgãos de segurança têm de achar que a prostituição é crime só ajuda a reforçar o problema do preconceito. A violência vai desde o cliente até a sociedade em si. É a tal história de 'joga pedra na Geni', cantada por Chico Buarque. O preconceito é muito grande. As prostitutas são vítimas desde que Maria Madalena foi apedrejada, como está na Bíblia." http://www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_content&task=view&id=221&Itemid=29 23 O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece. Charles Bukowski
  • 24. Preconceito é maior rival na relação de mulher mais velha com homem jovem Daniella Clark Na contramão das celebridades, muitas têm receio de assumir namoro. Em meio às dificuldades, esse tipo de união cresceu 36%, segundo IBGE. Se, para os homens, a escolha de parceiras mais jovens é vista por muitos como um sinônimo de virilidade, as mulheres que hoje seguem pelo mesmo caminho ainda carregam uma bagagem extra: o preconceito. Famosas como Madonna, Susana Vieira, Elza Soares e Demi Moore - que namoram e se casam com homens até 40 anos mais novos – são, em geral, as primeiras a dizer que paixão não tem idade. Fora das páginas de revistas e sites de fofoca, no entanto, especialistas contam que muitas ainda hesitam em assumir esse tipo de relacionamento. “Já atendi mulheres que ficaram com medo de assumir o relacionamento. Uma mulher de 40 anos com um homem de 30 tinha vergonha de contar para os filhos. Os artistas são os primeiros, eles vão na frente. É importante que eles tenham coragem de fazer isso porque abre caminho para muita gente”, explica a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, que tem uma teoria para o fato de a sociedade a torcer o nariz quando a juventude masculina e a maturidade feminina se unem. “Há milênios, o homem tinha que se casar com mulheres muito mais novas porque queria ter muitos filhos para mão de obra. Há uma mentalidade patriarcal, que está entre a gente há cinco mil anos. O mundo mudou, mas o problema é que as pessoas ainda repetem essa mentalidade”. Medo de rejeição Para a antropóloga Mirian Goldemberg, autora de “Coroas - Corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade” (Editora Record), muitas não assumem o relacionamento com homens mais jovens por insegurança e medo de se sentirem rejeitadas. “É uma fase em que as mulheres têm uma crise, em função da decadência do corpo, da dificuldade de encontrar um parceiro, não se permitem olhar para alguém mais novo ou inferior. Elas não conseguem enfrentar os próprios preconceitos”, conta. Prova disso foi uma enquete feita pelo G1 nas ruas do Centro do Rio: as mulheres foram as que mais reprovaram o relacionamento das mais velhas com homens mais jovens (veja no vídeo acima), citando desde o medo de ser traída à dificuldade de o namoro dar certo, com o passar do tempo. Hebe já deu declaração polêmica Em 2007, a apresentadora Hebe Camargo causou polêmica ao dizer em seu programa, às vésperas do casamento de Ana Maria Braga com Marcelo Frisoni, 21 anos mais novo, que “menininho que namora velhinha está interessado no dinheirinho da velhinha”. Hebe depois se desculpou, afirmou que o comentário nada tinha a ver com o relacionamento da amiga, mas a frase acabou traduzindo o pensamento daqueles que, mesmo que veladamente, não apostam suas fichas nesse tipo de relacionamento. “O que surpreende as pessoas é o fato de o homem que poderia escolher entre qualquer mulher fazer sua escolha por uma mulher mais velha. Surpreende porque foge dos padrões”, explica o psicanalista Alberto Goldin, que não acredita na possibilidade dessas uniões darem certo com o passar dos anos. “Acho que não. Tende a ficar mais difícil com o passar do tempo”. Goldin, no entanto, refuta a tese de muitos de que, nesses casos, há mais interesse do que amor. Ele cita o modelo Jesus Luz, de 20 anos, que ganhou fama após se tornar o affair da popstar Madonna, 50 anos, em sua passagem pelo Rio. “Esse camarada que ficou com a Madonna até amava ela. São mulheres poderosas e isso é um fator essencial. Ama a riqueza, ama a fama”, diz o psicanalista. http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1055282-5606,00.html 24
  • 25. Mulher, AIDS e preconceito Thiago Nassa Pesquisa da UNESP revela que a mulher portadora do vírus HIV sofre mais preconceito e está menos preparada para enfrentar a doença do que o homem Até na condição de portadora do vírus HIV a mulher está em desvantagem em relação ao homem. É o que revela uma pesquisa de comportamento, que traçou o perfil de 132 pacientes do Ambulatório Especial da Faculdade de Medicina (FM), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), de Botucatu, com indivíduos provenientes de várias regiões do País. O estudo, feito com 82 homens e 50 mulheres, mostra que o sexo feminino, além de sofrer mais preconceitos, enfrenta maior dificuldade para lidar com a doença por causa da sua condição sócio-econômica e pela falta de informação. O comportamento da família e do companheiro diante da revelação do diagnóstico é um exemplo dos obstáculos que a mulher enfrenta. Na pesquisa, 12% das entrevistadas afirmaram que foram rejeitadas pela família e 10% deixadas pelo companheiro. Enquanto que entre os homens, esta percentagem foi de apenas 3,6% e 1,2%, respectivamente. Segundo a coordenadora do trabalho, a professora Marli Teresinha Gimenez Galvão, da Faculdade de Enfermagem da FM, o desamparo da mulher é agravado pela dependência econômica e pelo baixo nível de escolaridade. Das 50 entrevistadas, mais da metade (54%) eram donas de casa, contrastando com apenas 8,5% dos homens, que não tinham emprego. O abismo também foi grande na avaliação do grau de instrução, pois 68% das portadoras só cursaram algumas série do 1º grau, enquanto que entre os homens mais da metade (61%) havia chegado ao 2º ou ao 3º graus. Atitude passiva Na hora de cuidar da saúde, a mulher também mostrou-se menos preparada do que o homem. Quase a metade das entrevistadas (44%) não fez nada para controlar a evolução da doença, enquanto que entre os homens esta conduta foi verificada em menor percentagem, em 25,6% dos casos. Além disso, os homens são os que mais usam medicamentos, preocupam-se com o equilíbrio emocional, mudam seus hábitos e querem melhorar sua condição física. "Até na procura por tratamentos alternativos, eles têm mais iniciativa", conta a pesquisadora. Para a professora, o comportamento passivo da mulher pode representar uma tentativa de negar o problema, fato que pode ser agravado pela imaturidade, pois a maioria das entrevistadas era mais jovem do que o sexo masculino. O melhor desempenho dos homens também pode estar relacionado ao fato de que boa parte dos entrevistados era homossexual ou bissexual. "O espírito de luta contra os preconceitos, especialmente dos homossexuais, torna-se um fator positivo na hora de enfrentar a doença", explica. Conduta sexual Diante do aumento da proporção de mulheres infectadas no Brasil, a pior constatação, segundo a pesquisadora, foi o fato de que 38% das entrevistadas não faziam nada para evitar a transmissão da doença, enquanto que entre os homens este percentual cai para 10,9% dos casos. Ela ressalta, entretanto, que o grau de desinformação é significativo em ambos os sexos. Entre as medidas adotadas para evitar o contágio da doença, por exemplo, 40,2% dos entrevistados citaram a camisinha como a principal medida de prevenção. Poucos (13%), no entanto, lembraram que não doar sangue ou órgão também é um meio de evitar a transmissão da AIDS. Por outro lado, as medidas que trariam pouca ou nenhuma prevenção, como não compartilhar talheres, por exemplo, foram frequentemente citadas. Para a pesquisadora, a mulher ficou em desvantagem em quase todos os aspectos avaliados na pesquisa. E como se não bastasse o preconceito, o abismo sócio-econômico e a falta de informação, o sexo feminino também não pode contar com a honestidade do parceiro. É que na hora de contar a verdade, um pouco mais da metade dos homens (58,6%) teve a coragem de revelar o diagnóstico à parceira, enquanto que entre as mulheres este índice foi quase absoluto: 82% http://proex.reitoria.unesp.br/informativo/WebHelp/2002/edi__o05/edi05_arq08.htmhttp://proex.re itoria.unesp.br/informativo/WebHelp/2002/edi__o05/edi05_arq08.htm 25
  • 26. Pesquisa inédita aponta que preconceito no ambiente escolar vem 'de casa' Estudo foi realizado pela Fipe para o Ministério da Educação. 'Era chamada de macaca pelos meus colegas', diz estudante. Aos 23 anos, Juliana Queiroz dos Santos lembra bem de como se sentia quando era xingada de "macaca" e "neguinha fedorenta" pelos próprios colegas da escola estadual onde estudava. "Eu estava no primário. Era muito humilhante, mas, como eu era nova, não sabia nem como reagir", conta. Assim como acontecia com Juliana, que hoje é universitária, a maior parte (83,8%) das atitudes preconceituosas e de discriminação no ambiente escolar é explicada por preconceitos dos próprios alunos. Esse dado faz parte de uma pesquisa inédita realizada em escolas públicas de todo o país e divulgada nesta quarta-feira (17). Ainda segundo o estudo, 99,3% dos entrevistados, entre pais, alunos e funcionários de escolas, têm algum nível de preconceito. Além disso, os resultados apontam que escolas com nível de preconceito maior têm desempenho escolar menor. "A pesquisa nos mostra que o preconceito vem de casa, da formação farmiliar, e o trabalho para acabar com a discriminação transcende a atuação da escola", afirma José Afonso Mazzon, professor da FEA e coordenador do trabalho. "O que preocupa é que esses alunos serão, no futuro, pais de família e passarão isso aos seus filhos." O estudo foi realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido do Ministério da Educação (MEC). Foram entrevistadas 18.599 pessoas, entre estudantes a partir dos 14 anos de idade, professores, diretores e funcionários de escolas e pais e mães de alunos de 501 escolas em 26 estados e no Distrito Federal. Foram analisados preconceitos de diversas naturezas: racial, sócio-econômico, de gênero, de orientação sexual, geracional, territorial e o relacionado a pessoas com necessidades especiais (física e mental). Alunos negros (19%), seguidos de pobres (18,2%) e homossexuais (17,4%) fazem parte dos grupos que sofrem mais ações discriminatórias nas escolas. Os resultados da pesquisa ainda serão analisados pelo MEC para elaborar políticas educacionais nesse sentido. "O preconceito não é algo exclusivo das escolas, portanto os municípios têm que envolver os conselhos escolares, a comunidade local e as famílias para melhorar o ambiente escolar", afirma Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC. Na avaliação de Mazzon, as "mudanças necessárias para acabar com o preconceito na escola levarão gerações para surtirem efeito". http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1197797-5604,00- PESQUISA+INEDITA+APONTA+QUE+PRECONCEITO+NO+AMBIENTE+ESCOLAR+VEM+DE+CASA.html Polícia e preconceito racial 1 O policial que age com truculência ou leniência diante de um fato, motivado pela cor da pessoa envolvida, não aprendeu essa atitude na Corporação. Ele já alimentava esses sentimentos e, usando uma farda da polícia, encontrou lugar para ampliar, injustificadamente os seus sentimentos e atitudes. Por isso, creio que não podemos falar de preconceito racial praticado pela Instituição Policial, e sim, por alguns de seus membros, isoladamente. O preconceito racial, assim como um câncer, é um mal que acaba eclodindo em todos os sistemas e instituições da sociedade. Ele ganha lugar no coração e na mente do homem. Como as instituições são formadas por pessoas, são elas as responsáveis por propagar ou debelar os preconceitos de todos os matizes. Assim, talvez de uma maneira romântica e utópica, creio que o grande desafio da sociedade, no sentido de desarraigar o preconceito racial, é o estabelecimento de um pacto que envolva o processo educativo, cultural, social e econômico, tendo como alvo o lugar onde nasce o preconceito: o coração e a mente de cada homem e mulher. Em arremate, este é um desafio para a Polícia, a Universidade, a Escola, a Família, a Igreja, em suma, para aqueles que não perderam a capacidade de ouvir os ecos do passado e se aventuram na construção de um mundo novo, a começar pelo seu mundo interior. *José Carlos Vaz é policial militar, poeta, especialista em Comunicação Social com Ênfase em Ouvidoria (UNEB – 2006) e Especialista em Polícia Comunitária (UNISUL – Santa Catarina – 2009). 26
  • 27. Estudantes negros são as maiores vítimas de agressões nas escolas públicas, diz pesquisa Negros, pobres e homossexuais estão entre as principais vítimas de bullying (prática discriminatória de um grupo de alunos contra um determinado colega, que se caracteriza por agressões físicas, acusações injustas e humilhações) nas escolas públicas, segundo a Pesquisa sobre Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada nesta quarta-feira(17) em São Paulo. Segundo a pesquisa, o grau de conhecimento de práticas de bullying chega a 19% contra alunos negros, 18,2% contra pobres, 17,4% contra homossexuais. Em seguida, 10,9% estiveram nessa situação por ser mulher e 10,4% por morarem na periferia ou em favelas. O estudo também mostrou que os professores, funcionários, idosos, pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental, idosos, índios e ciganos também foram vítimas de agressão nas escolas pesquisadas. De acordo com o coordenador do trabalho, o professor José Afonso Mazzon, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), a pesquisa revelou que 30% das diferenças observadas na Prova Brasil entre as escolas pesquisadas foram explicadas por níveis de preconceito e discriminação. “Nas escolas onde se observou o maior conhecimento de práticas de bullying envolvendo professores e funcionários, as avaliações na Prova Brasil foram as menores, assim como nas escolas onde os alunos apresentaram maior nível de preconceito”, afirmou. A pesquisa ouviu cerca de 10,5% dos 18.599 alunos, pais, diretores, professores e funcionários de 501 escolas públicas do país, entre outubro e novembro do ano passado. Ainda de acordo com os dados, 5,3% dos entrevistados presenciaram os professores sofrendo agressões e 4,9% viram os funcionários das escolas. (Fonte: Agência Brasil - Publicado em 17.06.2009, às 18h42 ) Polícia e Preconceito Racial 2 O Brasil tem uma dívida incalculável com a questão histórica do preconceito racial e, embora haja algumas ações afirmativas das várias instâncias governamentais, tudo ainda é muito tímido no sentido de reparar uma ferida que permanece aberta, sendo magoada constantemente pelos contornos sociais estigmatizantes. É certo que os navios negreiros não singram mais os mares, porém, os negros continua sendo tratados como escravos, alijados dos processos sociais, amontoados nos guetos onde o poder público não chega, onde o amparo à saúde é quase nulo e onde cultura, educação e lazer, são artigos de luxo, nem sonhados por aquela parte da população. Há uma frase do poeta Carlos Drummond de Andrade, a qual tomo emprestada para o meu raciocínio: “As flores não nascem da lei”. Creio que mais do que leis que promovam cotas para os negros nas Universidade, que estabelecem ações afirmativas, precisamos de uma mudança íntima na nossa forma de pensar e agir. O preconceito, não apenas o racial, mas em seus vários prismas, nasce do entediamento deturpado de que “fulano” é superior a “beltrano” por conta de sua cor, de sua opção sexual, de seu status social, e tantos outros parâmetros usados para medir e justificar a opressão e a dor imposta ao outro, ao diferente. Olhando agora para a instituição Policia Militar, é preciso se perceber que as ações individuais de seus membros, ainda que recorrentes, não são institucionalizadas, ou seja, não são passadas nos cursos de formação, nas regras de conduta interna. Muito pelo contrário, baseado na Constituição Cidadã, os regramentos internos das Polícias, estabelecem que todo policial deve “tratar a todos com urbanidade, independente do credo, da cor, da opção sexual…”. Então, por que as cenas de violência contra negros praticadas por policiais? Por que esse sentimento de repulsa à Polícia cantada em versos e prosas? Creio que pela natureza cerceadora da atividade policial, ela, a Instituição, acaba sendo identificada como “algoz que domina a chibata”. Esse sentimento histórico é ampliado pelas ações desastrosas e eivadas de preconceitos de alguns de seus integrantes, que, desmerecendo a Corporação e o juramento que realizaram, no qual prometeram “proteger a sociedade (sem discriminações), mesmo com o risco da própria vida…”, maculam o nobre papel de protetora e guardiã da comunidade. 27