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ARTIGO DE REVISÃO
Alergia a Medicamentos
Alergic reactions to drugs
Prof. Dr. Luiz Antonio Guerra Bernd*
Resumo
Reações alérgicas e pseudo-alérgicas correspondem a apro-
ximadamente 25% das reações adversas a medicamentos e
são observadas com freqüência nos ambulatórios de alergia
clinica. As reações podem acometer exclusivamente a pele ou
também afetar simultaneamente diversos tecidos. Não existem
métodos laboratoriais ou testes cutâneos eficientes na identifi-
cação da maioria das reações. Desta forma, se acentua a im-
portância da dedicação e habilidade do investigador. História
clínica e exames minuciosos são de vital importância na ava-
liação diagnóstica. Neste artigo fazemos uma revisão dos me-
canismos e das principais formas de apresentação clínica das
reações a medicamentos. As condutas diagnósticas são abor-
dadas de forma sucinta, procurando orientar a alergista a con-
duzir com segurança este tipo de avaliação no consultório.
Rev. bras. alerg. imunopatol. 2005; 28(3):125-132 Alergia
a medicamentos, testes cutâneos, reações adversas a drogas
Abstract
Allergic and pseudo-allergic reactions account for 25% of
the adverse reactions to drugs and are frequently observed at
allergist's offices. Such reactions may affect solely the skin or
also many tissues simultaneously. In most of the cases there
are no effective in vivo or in vitro methods to make a causal
diagnosis. So the outcome of the medical evaluation resides on
the skill of the clinician. A detailed physical examination and a
meticulous history of the reaction are the hallmarks of a
successful investigation. This paper reviews the mechanisms
and the most common clinical presentations of allergic drug
reactions. The existing methods for making clinical diagnoses
are addressed briefly so that the allergist can safely make a
proper diagnosis.
Rev. bras. alerg. imunopatol. 2005; 28(3):125-132 Drug
allergy, skin test, adverse drug reactions
Introdução
Reações adversas a medicamentos são ocorrências fre-
qüentes na prática diária de Alergia Clínica. Estima-se a
prevalência de reações a medicamentos entre 2% e 6%
das internações hospitalares. No momento, se desconhece
a prevalência na população em geral entre pacientes inter-
nados.
Existem várias formas de apresentação do paciente em
consultório: para esclarecer episódio recente, pacientes
com história de reação no passado e algumas vezes, indi-
víduos ansiosos sem manifestações e estimulados a pes-
quisar eventuais sensibilizações a medicamentos. Para
qualquer destas situações o aspecto mais importante no
diagnóstico é a história clínica do paciente.
A definição da Organização Mundial da Saúde (OMS)
diz: "Reação adversa a medicamento é qualquer efeito não
terapêutico nas doses habitualmente empregadas para
prevenção, diagnóstico ou tratamento de doenças"1
. Rea-
ções a drogas podem ser classificadas como previsíveis -
comuns, que podem ocorrer em qualquer indivíduo-, ou,
reações imprevisíveis – incomuns, não relacionadas à ativi-
dade farmacológica da droga2
. Reações previsíveis são as
mais freqüentes, caracterizando os efeitos colaterais mais
comuns das medicações, tais como: sonolência, cefaléia,
desconforto abdominal, etc. As reações imprevisíveis estão
associadas à suscetibilidade individual, como na intolerân-
cia, idiossincrasia e nas reações de hipersensibilidade (rea-
ções alérgicas e pseudo-alérgicas). As reações de hipersen-
sibilidade respondem por aproximadamente 25% do total
das reações adversas a medicamentos3
.
A World Allergy Organization (WAO) propôs recente-
mente algumas alterações na nomenclatura das condições
alérgicas. Nesta proposta, denomina-se de hipersensibili-
dade qualquer reação iniciada por estímulo definido e que
pode ser reproduzida. Alergia é a hipersensibilidade pro-
vocada por mecanismo imunológico, podendo ser mediada
por anticorpos (humoral) ou por células (celular). Reações
a drogas que surgem em conseqüência de reação imunoló-
gica são chamadas de alergia a drogas, acrescentando-se
o tipo de mecanismo da reação, por exemplo, alergia a
droga mediada por IgE. A maior parte das reações a
medicamentos não se enquadra nesta categoria uma vez
que não são provocadas por mecanismo imunológico. As-
sim, pela proposta da WAO, estas reações devem ser con-
sideradas como reações por hipersensibilidade não-a-
lérgica (antes caracterizadas como reações pseudo-alér-
gicas ou, ainda, reações por hipersensibilidade não-imune).
Classificação
Através da classificação de Gell e Coombs é possível
estabelecer os fundamentos para melhor compreender as
reações de hipersensibilidade alérgica (quadro 1)5
. O tipo I
(anafilático) ocorre pela formação de anticorpos IgE para
fármacos ou seus metabólitos (haptenos). A ligação de
antígeno (fármaco associado à proteína carregadora) com
anticorpos IgE fixados à membrana de mastócitos determi-
na a ativação destas células e conseqüente liberação de
substâncias com atividade em vasos, musculatura lisa,
glândulas e terminações nervosas. Esta situação é típica
das reações alérgicas agudas clássicas, como urticária/an-
gioedema e anafilaxia. Todavia, deve ser ressaltado que a
maior parte das reações agudas com medicamentos não é
decorrência da presença de IgE, mas conseqüência da ati-
vação dessas células por outros mecanismos.
*Professor Titular da Disciplina de Imunologia e Imunopatologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre
Artigo submetido em 01.06.2005, aceito em 10.07.2005.
05/28-03/125
Rev. bras. alerg. imunopatol.
Copyright © 2005 by ASBAI
125
Quadro 1 - Reações imunológicas provocadas por medicamentos
Tipo Mecanismo efetor Características clínicas
I - Anafilático
IgE,
mastócitos e basófilos
Anafilaxia, urticária, angioedema, broncoespasmo
II - Citotoxicidade
IgM, IgG,
complemento, fagocitose
Nefrites, citopenias, pneumonites
III – Complexos imunes
IgG, IgM,
complemento, fagocitose
Doença do soro, febre, urticária, glomerulonefrites,
vasculopatias
IV- Hipersensibilidade tardia
Linfócitos T, citocinas, mononucleares,
cels. de langerhans
Eczema de contato, erupções maculopapulares,
fotoalergias, eritema pigmentar fixo
O tipo II (citotóxico) é caracterizada pela ação de anti-
corpos IgG ou IgM específicos para drogas ou seus frag-
mentos adsorvidos na membrana de células ou para se-
qüências antigênicas da membrana celular alteradas pela
droga. A ativação deste mecanismo determina a destruição
da célula alvo e a perda da função celular e tecidual. Ane-
mias, leucopenias e trombocitopenia são as manifestações
clínicas associadas a este mecanismo de hipersensibilidade.
O tipo III (complexos imunes) de Gell e Coombs iden-
tifica a reação que ocorre pela formação e deposição teci-
dual de complexos formados entre antígeno e anticorpo. A
subseqüente ativação do sistema do complemento deter-
mina atração e ativação de polimorfonucleares e mononu-
cleares, provocando lesão tecidual. Exemplo desta situação
é a doença do soro, caracterizada por quadro urticariano,
acompanhada de manifestações sistêmicas, como febre e
artralgia.
O tipo IV (hipersensibilidade tardia) é mediado por
linfócitos T e seus produtos solúveis. Exemplo clássico é a
dermatite de contato alérgica. Os exantemas morbiliformes
parecem estar associados à participação de linfócitos T e
citocinas.
Grande parte das reações de hipersensibilidade não-
-alérgicas (ou não-imunes) simula clinicamente as rea-
ções mediadas por IgE. Essas reações podem ocorrer atra-
vés de vários mecanismos, como: 1) ativação direta de
mastócitos (codeína, morfina, etc.); 2) alteração do meta-
bolismo do ácido araquidônico (AAS, dipirona, antiinflama-
tórios não hormonais [AINH]); 3) ativação do sistema do
complemento (sulfas, contrastes radiológicos, soros hete-
rólogos); 4) acúmulo de bradicinina (inibidores da enzima
conversora da angiotensina [ECA]).
Epidemiologia
Reações adversas a medicamentos são muito freqüen-
tes. Metanálise de 39 estudos prospectivos nos EUA verifi-
cou a incidência de 2,1% de reações adversas graves em
pacientes hospitalizados6
. Levantamento recente em dois
hospitais britânicos determinou que a reação adversa a
medicamentos é responsável por 5-6% do total das hospi-
talizações em pacientes maiores de 16 anos7
. A incidência
real das reações adversas na população é praticamente
impossível de ser determinada visto que grande parte das
reações não é notificada7,8
.
Manifestações Clínicas
Reações de hipersensibilidade a medicamentos podem
ter várias apresentações clínicas. A pele geralmente é afe-
tada, de forma isolada ou acompanhando outras manifes-
tações. Acometimento específico de determinados órgãos é
menos comum9-12
. O quadro 2 apresenta as diversas apre-
sentações clínicas comumente associadas às reações de hi-
persensibilidade a drogas. A seguir analisamos algumas
formas mais comuns ou freqüentes de reação a medica-
mentos.
Quadro 2 - Manifestações clínicas, desencadeantes e tratamento das reações a drogas
Manifestação Desencadeantes comuns Tratamento
Urticária e angioedema AAS, AINH, antibióticos Anti-histamínicos (anti-H1, ± anti-H2), corticosteróides VO
Angioedema AINH, Inibidores da ECA Anti-histamínicos
Anafilaxia
Antibióticos, relaxantes
musculares
Adrenalina, anti-histamínico, corticosteróide, beta2-agonista, etc.
Erupção morbiliforme Antibióticos Anti-histamínico (?), medicação tópica
Eritema fixo Tetraciclina, AINH Medicação tópica.
Eritema multiforme, Síndrome de
Stevens-Johnson e necrólise
epidérmica tóxica
Sulfas AINH, anticonvulsivantes
Medicação tópica, reposição líquidos, anti-histamínicos,
corticosteróides VO (conforme a extensão das lesões).
- Erupção morbiliforme é uma das formas mais fre-
qüentes de reação a medicamentos. A erupção maculopa-
pular é caracterizada por pequenas máculas eritematosas
que surgem no tronco e membros poupando a face. O as-
pecto é semelhante aos exantemas virais. Esta manifesta-
ção surge após alguns dias de uso da medicação e, muitas
vezes, após a suspensão da droga. Pode ser confundida
com infecção viral o que dificulta o diagnóstico. O mecanis-
mo não está esclarecido, acreditando-se que ocorra a par-
ticipação dos linfócitos T (hipersensibilidade tardia). Este
tipo de reação é com muita freqüência associado ao uso de
amoxicilina. É importante notar que não ocorre sensibiliza-
ção imunológica. Portanto, não estaria contra-indicado o
uso da medicação no futuro.
126 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos
- Eritema pigmentar fixo é caracterizado pelo apareci-
mento de erupção eritemato-violácea que evolui se tornan-
do acastanhada. Estas placas surgem isoladas ou em pe-
queno número e desaparecem após alguns dias. É caracte-
rística dessa condição que em cada novo contato com a
droga ocorra reativação das lesões anteriores com ou sem
o surgimento de novas lesões. Os AINH são freqüentes
causadores de eritema pigmentar fixo.
- Urticária é uma das apresentações mais comuns de
reação a drogas. É caracterizada pela formação de placas
edemaciadas, com bordos irregulares, pruriginosas, surgin-
do em vários locais, simultaneamente ou não. Nos quadros
agudos, as placas urticadas são evanescentes desapare-
cendo em minutos a poucas horas. Muitas vezes a urticária
é acompanhada de angioedema, caracterizado pelo edema
de partes moles, como pálpebras, lábios e órgãos genitais.
Nas crises agudas de urticária sempre devemos pesquisar
reação a medicamentos. Urticária pode surgir tanto pela
presença de anticorpos IgE para a droga, como por hiper-
sensibilidade não-alérgica (reação pseudo-alérgica). Anal-
gésicos e AINH são os principais agentes causais de crises
de urticária em nosso meio. Antibióticos e a associação
sulfametoxazol-trimetoprim também são agentes comuns
dessa condição.
- Angioedema, com freqüência, acompanha os casos
de urticária. No contexto de reações a drogas, a ocorrência
de angioedema isolado ou a sucessão de episódios de ede-
ma palpebral ou labial deve suscitar o esclarecimento so-
bre o consumo de analgésicos e AINH. Na última década
também se caracterizou que os anti-hipertensivos inibido-
res da ECA (p. ex.: enalapril, captopril, etc.) podem causar
crises de angioedema, mesmo após longos períodos de uso
bem tolerados. Esta reação também pode ser provocada
pelos inibidores da ECA tipo II (losartan, etc.).
- Eritema multiforme, Síndrome de Stevens-John-
son e necrólise epidérmica tóxica (doença de Lyell)
constituem os quadros de maior potencial de gravidade
entre as reações cutâneas de hipersensibilidade a medica-
mentos. Duas formas são consideradas: eritema multifor-
me minor e eritema multiforme major. O eritema multifor-
me é caracterizado por placas urticadas parecendo um al-
vo, com o centro claro e as bordas eritematosas, algumas
vezes com vesículas. As lesões surgem gradualmente, de
forma simétrica, até duas semanas após a suspensão da
medicação. Existe a possibilidade de evolução para quadro
de maior extensão como a Síndrome de Stevens-Johnson.
Nessa condição, além das lesões cutâneas em alvo e for-
mação de bolhas mais extensas, há envolvimento de mu-
cosas e comprometimento do estado geral, o que agrava o
prognóstico. Estes quadros podem ser considerados como
variantes de intensidade com o mesmo mecanismo imuno-
patológico.
- Anafilaxia é condição clínica grave, por ser de instala-
ção rápida e inesperada e também, por afetar vários ór-
gãos e sistemas simultaneamente. A liberação maciça de
mediadores inflamatórios de mastócitos determina o surgi-
mento abrupto de manifestações cutâneas, respiratórias,
gastrintestinais e cardiovasculares. A reação anafilática
pode representar sensibilização alérgica verdadeira com
formação de anticorpos IgE ou ocorrer na ausência de sen-
sibilização mediada por IgE. O quadro clínico se expressa
poucos minutos após o contato com o agente desencade-
ante. Quanto mais precoce a reação, maior o potencial de
gravidade do episódio. Urticária e angioedema são mani-
festações presentes em cerca de 90% dos pacientes. Difi-
culdade para respirar por edema de laringe assim como si-
bilância podem ocorrer. Alguns pacientes apresentam cóli-
cas abdominais, náuseas e vômitos. Nos quadros de maior
gravidade existe perda de controle de esfíncteres e perda
da consciência em conseqüência da vasodilatação periférica
e da queda da pressão arterial.
- Fotossensibilidade. Algumas drogas podem induzir
reação cutânea dependente da exposição solar. Esta situa-
ção surge como eritema, eczema, erupção urticariforme ou
bolhosa que afeta somente áreas expostas ao sol como a
face, mãos e região supra-esternal. As reações podem ser
muito intensas, porém respondem rapidamente à suspen-
são da droga e à medicação antialérgica.
Avaliação e diagnóstico
A hipótese de alergia medicamentosa deve ser levanta-
da frente a manifestações clínicas sugestivas, como as aci-
ma assinaladas. Muitas vezes é difícil identificar o agente
causal. Nesses casos a etiologia é presumida, consideran-
do-se o quadro clínico e o tipo de medicamentos utilizados
pelo paciente9, 13
. Alguns aspectos são peculiares às rea-
ções alérgicas. Existe um período de indução necessário
para a sensibilização (a reação não ocorre no primeiro
contato com a droga); a reação pode ocorrer com doses
menores que as necessárias para induzir efeito terapêuti-
co; é comum reação cruzada entre fármacos com estrutu-
ras similares e, a resolução do quadro clínico ocorre poucos
dias após a suspensão do medicamento causador. Como
grande parte das reações a medicamentos não é provocada
por mecanismo imunológico, não exigem sensibilização
prévia, podendo surgir no primeiro contato com a medica-
ção. De modo geral, no entanto, a pessoa faz uso da medi-
cação diversas vezes antes de vir a apresentar alguma rea-
ção de hipersensibilidade.
O aspecto mais importante na investigação é a história
clínica. Características do inicio do episódio, o tipo da ma-
nifestação clínica inicial e sua evolução devem ser bem
detalhados. O paciente deve informar toda a medicação
utilizada antes do surgimento do quadro clínico, inclusive
drogas de uso contínuo, como anti-hipertensivos, hipogli-
cemiantes, anticonvulsivantes, ansiolíticos, etc., além das
drogas de uso esporádico, como analgésicos, antiinflama-
tórios, vitaminas, fitoterápicos, homeopatias, etc.9, 10, 13
.
Quando é possível estabelecer relação temporal entre a
ingestão de determinada droga e o surgimento de mani-
festação clínica existe maior chance de identificar o agente
desencadeante.
A história clínica pregressa do paciente pode fornecer
dados importantes como reações prévias a medicamentos,
hábitos de consumo de drogas, entre outros. Certas mani-
festações são muito sugestivas de reação a medicamentos,
como por exemplo, urticária, eritema fixo e eritema multi-
forme.
Estabelecer uma rotina de investigação favorece a efi-
cácia da avaliação. Ter um questionário padronizado pode
ser de grande valia na investigação de alergia a medica-
mentos14
.
O exame físico deve ser cuidadoso. Lesões cutâneas são
comuns e a pele deve ser examinada minuciosamente9
. Na
fase aguda é possível coletar soro (até uma hora após a
crise alérgica) para avaliar a ativação de mastócitos atra-
vés da determinação do nível de triptase. Técnicas ainda
experimentais para a determinação de ativação de basófi-
los, como as moléculas CD63 e CD203c15
parecem promis-
soras.
- Testes cutâneos e IgE sérica específica
Os testes cutâneos de leitura imediata podem ter indica-
ção para identificação da presença de anticorpos IgE. Isto
somente é possível quando o alérgeno é substância de alto
peso molecular, como hormônios e enzimas, por exem-
plo16
. Para substâncias de baixo peso molecular os testes
cutâneos não podem ser aplicados17
, com exceção de peni-
cilina e relaxantes musculares.
Drogas que estão envolvidas em quadros de eritema
multiforme ou suas variações clínicas devem ser evitadas
de forma definitiva. Não se deve expor o paciente a novo
Alergia a medicamentos Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 127
contato com fármaco possivelmente causador destes qua-
dros dermatológicos.
O método ideal para investigação de alergia a medica-
mentos deveria ser realizado in vitro, evitando com isso a
exposição do paciente a risco de nova reação. Como, de
modo geral, se desconhece o fragmento reativo das drogas
é impossível obter material para aplicar nas técnicas in
vitro, como o RAST3
. Comercialmente, é disponível a pes-
quisa de IgE específica para os determinantes principais de
penicilina.
- Prova de reintrodução
A reintrodução de medicamento pode ter indicação na
investigação de hipersensibilidade não-imune a medica-
mentos, isto é, nas reações pseudo-alérgicas. O exemplo
mais comum da aplicação desta técnica é na avaliação de
reações aos anestésicos locais. Existem condutas padroni-
zadas que permitem esclarecer o caso diminuindo os riscos
do paciente17-19
.
Recentemente Gruchala et al caracterizaram as quanti-
dades de medicamentos que podem ser aplicadas sem pro-
vocar reações irritativas locais20, 21
. As provas de reintrodu-
ção devem ser controladas, avaliando surgimento de qual-
quer manifestação clinica sugestiva de hipersensibilidade e
monitorando os sinais vitais do paciente durante o procedi-
mento.
- Dessensibilização
A dessensibilização consiste na introdução gradativa de
doses crescentes de medicamento em paciente reconheci-
damente sensível até atingir a dose plena indicada para o
tratamento. Este procedimento somente se justifica em
situações extremas, como infecções graves sem outras
opções terapêuticas.
Existem protocolos padronizados para a dessensibiliza-
ção à penicilina que estão adaptados para aplicação por via
oral ou parenteral17,22
. Outros medicamentos também po-
dem ter indicação para dessensibilização, como: sulfame-
toxazol-trimetropim em pacientes aidéticos, AAS em paci-
entes com alterações da agregação plaquetária e sem re-
cursos para utilização de medicações mais onerosas, por
exemplo.
Situações especiais
Penicilina
A penicilina origina dois grupos de metabólitos chama-
dos determinantes maiores (ou principais, grupo peniciloil)
e determinantes menores (ou secundários, benzilpenicili-
na). As reações urticarianas e aceleradas são provocadas
por sensibilização às moléculas determinantes maiores. A
reação imediata, anafilática, é determinada pela formação
de IgE para as moléculas determinantes menores3,17,18
.
A penicilina e seus derivados amoxicilina, cefalospori-
nas, monolactâmicos e outros constituem o principal gru-
po de fármacos associados à indução de quadros alérgicos
mediados por IgE ou por outros mecanismos imunes. Le-
vantamentos indicam a ocorrência de 1,2 casos de anafila-
xia para cada 10.000 aplicações de penicilina. Apesar de
rara, a penicilina é a causa mais comum de anafilaxia nos
EUA sendo responsável por 75% das mortes nestas cir-
cunstâncias18
.
Alergia a penicilina pode ser avaliada através de testes
cutâneos utilizando-se as moléculas determinantes maiores
(benzilpeniciloil) e determinantes menores (penicilina G ou
mistura de determinantes menores). Estudos recentes su-
gerem que além do anel beta-lactâmico as cadeias laterais
podem induzir sensibilização. Os testes cutâneos com de-
terminantes maiores usam como reagente o grupo benzil-
peniciloil agregado a uma cadeia polipeptídica (peniciloil-
-polilisina, PPL). O teste cutâneo com PPL permite prevenir
as reações urticarianas e aceleradas.
Não é disponível comercialmente reagente contendo as
moléculas determinantes menores ou secundárias. Estas
devem ser preparadas em cada local que se dedique a in-
vestigar alergia à penicilina. Na impossibilidade de prepa-
rar estes reagentes, alguns autores preconizam o teste cu-
tâneo com Penicilina G cristalina diluída recentemente. A
utilização de penicilina G para teste cutâneo não apresenta
a mesma sensibilidade das preparações purificadas de de-
terminantes menores3,17,18
.
O teste cutâneo positivo indica que o paciente apresenta
anticorpos IgE para a penicilina e, portanto, pode desen-
volver reação alérgica imediata se entrar em contato com a
droga. O teste cutâneo negativo indica o oposto, isto é, au-
sência de sensibilização mediada por IgE. O valor preditivo
de teste negativo é muito alto3,13
. O teste in vitro (RAST)
não tem valor preditivo eficaz (quadro 3). Os testes in vitro
para penicilina caracterizam a presença de anticorpos con-
tra determinantes maiores, isto é, não permitem identificar
pacientes sujeitos aos quadros mais graves.
Frente a paciente com necessidade de uso de antibiótico
e que tenha história convincente de reação à penicilina, é
mais prudente usar antibiótico não beta-lactâmico se não
for possível avaliá-lo de forma adequada (quadro 4).
Quadro 3 - Testes cutâneos com beta-lactâmicos13
Reagente Via Diluição
Peniciloil-polilisina epicutâneo e intradérmico não diluído (0,035 mg/mL)
Penicilina, mistura de determinantes menores epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (1,1 mg/mL)
Benzilpenicilina (Pen G) epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (20 – 25.000 U/mL)
Amoxicilina epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (20-25 mg/mL)
Outras penicilinas epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (20-25 mg/mL)
Cefalosporinas epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (10 mg/mL)
128 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos
Quadro 4 - Atitude em pacientes suspeitos de alergia a penicilina, ampicilina, cefalosporinas e similares3
Penicilina
História positiva Teste positivo Chance maior que 50% de apresentar reação
História positiva Teste negativo
Aplicar penicilina com cautela. Pode ser recomendável usar dose inicial com
penicilina oral
Positiva ou negativa Teste positivo Utilizar outro antibiótico
Positiva ou negativa Teste negativo
Pode usar penicilina com pequeno risco. Pode ser recomendável usar dose inicial
com penicilina oral
Positiva ou negativa
Negativo com
Pen G
Aplicar 1/100 da dose. Aguardar 1 hora. Se não apresentar reação aplicar a dose
total indicada
Ampicilina, amoxicilina
Reação anterior com
amoxicilina, diferente do
rash maculopapular
Indicação de
penicilina
Fazer teste cutâneo com penicilina: se o teste for negativo, prosseguir como
recomendado para penicilina. Teste positivo: indicar outro antibiótico
Cefalosporinas
Muitas reações às cefalosporinas são específicas para as cadeias laterais e não para o anel beta-lactâmico. Paciente com história
de reação à penicilina tem risco reduzido de reação às cefalosporinas, porém é maior do que aqueles que não têm história de
reação à penicilina. Caso necessário, procurar usar cefalosporinas mais recentes.
Aplicar sem
teste
Menos de 1% dos pacientes podem apresentar reação em 24 horas. Pode ocorrer
anafilaxia
Teste negativo Aplicar a cefalosporinaHistória de reação à
penicilina
Teste positivo
1- use outra droga, ou
2- use reintrodução gradativa com cefalosporina, ou
3- dessensibilização à cefalosporina
Teste com
penicilina
negativo
Aplicar penicilinaAplicação de penicilina a
paciente com história de
reação à cefalosporina
Teste positivo
1- aplicar droga alternativa, ou
2- dessensibilizar à penicilina
Aplicar sem
teste
Usar cefalosporina que apresente outro tipo de cadeia lateral
Negativo Aplicar de forma gradual ou dessensibilizarUso de cefalosporina em
paciente com história de
reação à cefalosporina
Teste cutâneo
com a nova
cefalosporina na
conc. de 3
mg/mL (técnica
não
padronizada)
Positivo
1- use droga alternativa, ou
2- dessensibilizar à cefalosporina
- Anestésicos locais
É comum o relato das mais variadas formas de reação
durante procedimentos que empregam anestésicos locais.
As queixas principais são: mal estar, náusea, tontura,
aperto no peito ou na garganta, sensação de sufocação,
eritema facial e eventualmente, desmaio. Estes sintomas
podem surgir em conjunto ou nas suas várias combina-
ções. Estas reações resolvem sem necessidade de medica-
ção e é digno de nota a ausência de manifestações cutâ-
neas (prurido ou urticária). Vale recordar que dermatites
surgem em 80-90% dos casos de reações alérgicas ou
pseudo-alérgicas.
Assim, as reações associadas aos anestésicos locais su-
gerem mecanismo vasovagal, sendo raras as reações ver-
dadeiramente alérgicas ou com mecanismo imunológico.
Berkun et al avaliaram por testes cutâneos 236 pacientes
com história de reação a anestésicos locais e não encontra-
ram qualquer reação positiva23
. Em outro grupo de 177 pa-
cientes foram identificadas três reações aos testes cutâ-
neos, sendo duas imediatas. Quando estes dois pacientes
foram submetidos à reintrodução não apresentaram rea-
ção24
.
Apesar da pequena probabilidade de reação de hiper-
sensibilidade aos anestésicos locais é necessário esclarecer
com segurança, tanto ao paciente como ao cirurgião-den-
tista. Assim, pode ser recomendável aplicar testes cutâ-
neos e de reintrodução com anestésicos locais. Utilizando-
se protocolos bem formulados, como o de DeSwarte e
Patterson, é possível avaliar com precisão esse grupo de
pacientes17
.
- Analgésicos e antiinflamatórios não-hormonais
(AINH)
Urticária e angioedema são as formas mais comuns de
apresentação de reações a analgésicos e a AINH. Ácido
acetilsalicílico (AAS), dipirona e AINH são os agentes mais
comuns de urticária e angioedema em nosso meio. A reati-
Alergia a medicamentos Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 129
vidade pode se expressar isoladamente a um desses medi-
camentos ou a vários deles. É freqüente que as pessoas
desenvolvam reação sucessivamente ao AAS, dipirona e
AINH.
O mecanismo dessas reações urticarianas não envolve a
formação de anticorpos IgE. Nesses pacientes ocorre blo-
queio da atividade da enzima ciclooxigenase, provocando
diminuição dos níveis de PGE2 e perda da sua atividade
protetora sobre mastócitos. Estas células, uma vez ativa-
das, liberam histamina e outros mediadores inflamatórios
na pele e diversos tecidos provocando as manifestações
clínicas características18,25
.
É comum ocorrer “reação cruzada” entre AAS e os vá-
rios AINH. Os inibidores preferenciais da ciclooxigenase-2
(COX-2) podem ser úteis neste grupo de pacientes. Toda-
via, também se registram reações com estes produtos,
tanto em pacientes previamente sensíveis a AAS como na-
queles que nunca haviam apresentado reação a analgési-
cos26
. A tabela 1 contém dados sobre a possibilidade de
reação por AAS e vários tipos de analgésicos e AINH.
Quadro 5 – “Reação cruzada” entre ácido acetilsalicílico e antiinflamatórios não-hormonais27
Drogas que inibem preferencialmente COX-1 e apresentam “reação
cruzada” com AAS
Piroxicam, indometacina, sulindic, tolmetin, ibuprofeno, naproxeno,
fenoprofen, meclofenamato, ácido mefenâmico, diclofenaco, etc.
Drogas que são inibidores fracos da COX-1 e somente am altas
concentrações
Paracetamol, salicitato
Drogas que inibem preferencialmente COX-2, mas também inibem
COX-1 em altas concentrações
NImesulide, meloxicam
Inibidores seletivos de COX-2, não inibem COX-1; não ocorre reação
cruzada
Celecoxib, rofecoxib, valdecoxib
- Contrastes radiológicos
São comuns as reações adversas a contrastes radiológi-
cos. As reações podem ser vasomotoras, vasovagais ou
anafilatiformes. O desenvolvimento de produtos com me-
nor osmolaridade e não-iônicos determinou efetiva redução
na prevalência desses eventos. Segundo Hagan a freqüên-
cia de reações com produtos iônicos é de 11% a 12% e
com os não-iônicos é de 0,2%28
.
Alguns centros de diagnósticos preconizam a utilização
de pré-medicação com anti-histamínicos e corticosteróides
para todo paciente com historia de atopia ou de reações
prévias a medicamentos. São fatores de risco para reações
aos contrastes: asma brônquica, reação prévia a contraste
e história de atopia. O uso de betabloqueadores, de AAS e
de AINH pode contribuir para aumentar o risco de reações
a esses produtos.
Não existe método diagnóstico para a prevenção de rea-
ções aos contrastes. Em certas ocasiões há indicação de
medicar o paciente antes do procedimento29
. Premedicação
com esquemas empregando corticosteróides, drogas anti-
-H1 (associadas ou não a anti-H2) tem conseguido impedir
ou diminuir a extensão de reações aos contrastes.
- Reação a múltiplas drogas
Nos últimos anos têm surgido pacientes que relatam
reações a inúmeras medicações e que tem receio de usar
medicamentos em geral. Este grupo de pacientes é um
verdadeiro desafio para o alergista clínico30
.
Referência de sensibilidade a vários antibióticos pode
dificultar o manejo clínico de pacientes internados e tam-
bém em atendimento ambulatorial. Se este tipo de hiper-
sensibilidade representa uma síndrome clínica – síndrome
de reação a múltiplas drogas – é fato a ser confirmado.
Existem fatores que parecem estar associados à maior
incidência de reações a medicamentos, como: reação pré-
via à penicilina, hipersensibilidade a AAS e AINH, urticária
crônica e via de aplicação da medicação. Por outro lado,
parece claro que o estado psíquico do paciente pode facili-
tar maior referência a reações adversas a medicamen-
tos30,31
No manejo deste tipo de paciente é necessário seguir a
rotina clássica de investigação de alergia a medicamentos,
estabelecendo história precisa da(s) reação(ões) prévia(s),
medicamentos associados ao evento, via de aplicação,
etc31
. Seguir uma conduta padronizada assegura confiança
ao paciente e maior possibilidade de obter sucesso na ava-
liação (quadro 6). Conforme a avaliação pode ser aconse-
lhável trocar a prescrição atual, recorrer à pré-medicação
ou efetuar reintrodução gradativa controlada.
- Infecção pelo HIV
Pacientes infectados com HIV apresentam freqüência
muito alta de reações a medicamentos. Isto inicialmente
foi notado com sulfametoxazol-trimetropim. A seguir, se
manifestou com as drogas antiretrovirais. As manifestações
variam de intensidade e de repercussão clínica. Muitos des-
ses pacientes se beneficiam com a dessensibilização ou
com a reintrodução gradativa de medicamentos
Relaxantes musculares
Entre as diversas drogas usadas em anestesia geral os
relaxantes musculares (suxametonium, atracurium, vevu-
ronium, etc.) apresentam o maior risco de induzir reações
graves. Segundo Vervloet ocorre uma reação em cada
10.000 anestesias, sendo que 10% destas reações são fa-
tais. Algumas podem não ser mediadas por IgE.
O diagnóstico de sensibilização pode ser feito por testes
cutâneos intradérmicos com a concentração apropriada da
medicação.
Vacinas imunogênicas
Reações de hipersensibilidade a vacinas não são fre-
qüentes. São comuns reações no local da aplicação do
imunógeno, com dor, eritema e edema e também pode
ocorrer febre.
As reações de hipersensibilidade estão relacionadas aos
constituintes das vacinas. Segundo Madaan e Maddox34
as
reações mais comuns são: 1) reações relacionadas aos
antígenos de ovo, 2) sensibilidade ao mercúrio presente
em algumas preparações, 3) reações a antibióticos conti-
dos nas vacinas, e 4) reação a outros componentes, como
gelatina e agentes infecciosos.
130 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos
Quadro 6 - Elementos essenciais para uma avaliação efetiva em
pacientes com sensibilidade a múltiplos antibióticos32
- Coletar os dados abaixo para cada antibiótico associado
com reação adversa:
1) Tipo de infecção para a qual foi usado
2) Exposição prévia com e/ou sem reação
3) Via de administração e dose na última reação
4) Número de doses antes e após a última reação
5) Características da reação adversa
6) Duração dos sintomas
7) Tratamento recebido e resposta ao mesmo
8) Presença de seqüelas permanentes
9) Provas diagnósticas realizadas
- Coletar os dados abaixo para cada antibiótico tolerado
1) Tipo de infecção para a qual foi usado
2) Dose da última exposição
3) Via de administração da última exposição
4) Exposições prévias sem reação
- Outros aspectos importantes da história
1) Listar todas as drogas associadas com reações adversas e a
data da última exposição
2) Investigar e documentar, se presentes, os seguintes fatores
de risco: urticária crônica, dermografismo, intolerância a
AINH, doença hepática, doença renal, imunodeficiência,
infecção pelo HIV, fibrose cística
- Possibilidades para um plano de tratamento efetivo ao
final da avaliação
1) Antibiótico pode ser usado se tiver indicação clínica
2) Antibiótico deve se evitado
3) Antibiótico pode ser usado com pré-tratamento (estabelecer
um plano de pré-tratamento)
4) Antibiótico pode ser usado se tolerar teste de reintrodução
(estabelecer plano de reintrodução)
5) Antibiótico somente pode ser usado com dessensibilização
prévia (estabelecer plano de dessensibilização)
Tratamento e prevenção
Frente a quadro clínico sugestivo de reação a medica-
mento a primeira atitude é suspender o seu uso. Erupções
exantemáticas podem melhorar espontaneamente, sem
medicação. Ocorrendo prurido há indicação de anti-hista-
mínicos da 2ª geração (não-sedantes ou pouco sedantes),
como cetirizina, desloratadina e fexofenadina. Nos surtos
de urticária e angioedema o uso de anti-histamínicos é
mandatório. O tempo de uso será determinado pela evolu-
ção clínica. Em casos de maior intensidade pode haver ne-
cessidade de corticosteróides por via oral por alguns dias
para controle dos sintomas. Os quadros dermatológicos
mais graves podem requerer internação hospitalar. Quanto
mais precoce a intervenção com o uso de medicação antia-
lérgica melhor o prognóstico e a rapidez da melhora clínica.
Prevenção
Uma das etapas mais importantes no manejo das rea-
ções de hipersensibilidade a drogas (imunes ou não-imu-
nes) é a orientação após a fase aguda, isto é, a prevenção
de novos episódios. O paciente deve receber toda informa-
ção sobre a condição clinica que apresentou: nome de
agente desencadeante (genérico e de marcas proprietá-
rias); drogas com possibilidade de reação cruzada; o risco
se vier a sofrer novas reações; e as medicações opcionais
com a mesma indicação terapêutica.
Se houver possibilidade de ingestão inadvertida do me-
dicamento e risco de manifestações agudas, como urticária
e anafilaxia, o paciente deve dispor da medicação de emer-
gência (anti-histamínico, corticosteróide, adrenalina, be-
ta2-agonista, por exemplo) e saber aplicá-la na eventuali-
dade de nova crise. O paciente deve saber os locais de
atendimento de emergência na sua cidade e em outros
locais que venha a freqüentar.
Habitualmente se sugere que o paciente adote um car-
tão de identificação alertando sobre a sua condição e infor-
mando as drogas a que é sensível. Sempre que necessitar
de assistência médica o paciente deve alertar o médico as-
sistente sobre o seu passado alérgico. É função do médico
alergista estar disponível para prestar informações sobre a
história alérgica do paciente.
Quando houver indicação de uso de alguma medicação
potencialmente capaz de induzir reações (contrates radio-
lógicos, por exemplo) aconselha-se que o paciente seja
medicado previamente com corticosteróides e anti-histamí-
nicos (anti-H1 ou associação de anti-H1 + anti-H2). Exis-
tem vários protocolos para aplicação nestas situações.
Deve se enfatizar a orientação para evitar medicamen-
tos sem prescrição médica e sempre preferir medicamen-
tos via oral, deixando medicações injetáveis somente para
uso hospitalar. Por outro lado, frente a paciente que infor-
me ter apresentado reação de hipersensibilidade a deter-
minado medicamento no passado é mais seguro, para o
paciente e também para o médico, evitar a droga em ques-
tão, mesmo que a história não seja convincente. É difícil
não existir opção terapêutica possível em pacientes aten-
didos em ambiente ambulatorial.
Perspectivas
Hipersensibilidade a medicamentos comum na prática
ambulatorial. É possível prever aumento da incidência des-
sas reações nos próximos anos em conseqüência da dispo-
nibilização de novos medicamentos e da utilização de pro-
dutos biológicos, como anticorpos monoclonais, citocinas, e
outros.
Apesar da extraordinária evolução do conhecimento e
das técnicas diagnósticas nas últimas décadas pouco se
modificou no diagnóstico da alergia a medicamentos. Os
métodos de investigação permanecem deficientes uma vez
que se desconhece as moléculas imunogênicas das drogas
e não existem meios de identificar as pessoas genetica-
mente suscetíveis.
O empenho constante em aprimorar técnicas diagnósti-
cas deveria ser dirigido a aumentar o conhecimento do me-
tabolismo das drogas e desenvolver técnicas que permitis-
sem identificar pacientes com maior risco de sofrer rea-
ções a drogas. Desta forma estaríamos prevenindo as sen-
sibilizações e as primeiras reações34
.
Referências
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S461-78.
Correspondência:
Dr. Luiz Antonio Guerra Bernd
Rua Mariante, 257; conj. 105
90430-181 – Porto Alegre – RS
132 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos

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Alergia a medicamentos

  • 1. ARTIGO DE REVISÃO Alergia a Medicamentos Alergic reactions to drugs Prof. Dr. Luiz Antonio Guerra Bernd* Resumo Reações alérgicas e pseudo-alérgicas correspondem a apro- ximadamente 25% das reações adversas a medicamentos e são observadas com freqüência nos ambulatórios de alergia clinica. As reações podem acometer exclusivamente a pele ou também afetar simultaneamente diversos tecidos. Não existem métodos laboratoriais ou testes cutâneos eficientes na identifi- cação da maioria das reações. Desta forma, se acentua a im- portância da dedicação e habilidade do investigador. História clínica e exames minuciosos são de vital importância na ava- liação diagnóstica. Neste artigo fazemos uma revisão dos me- canismos e das principais formas de apresentação clínica das reações a medicamentos. As condutas diagnósticas são abor- dadas de forma sucinta, procurando orientar a alergista a con- duzir com segurança este tipo de avaliação no consultório. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2005; 28(3):125-132 Alergia a medicamentos, testes cutâneos, reações adversas a drogas Abstract Allergic and pseudo-allergic reactions account for 25% of the adverse reactions to drugs and are frequently observed at allergist's offices. Such reactions may affect solely the skin or also many tissues simultaneously. In most of the cases there are no effective in vivo or in vitro methods to make a causal diagnosis. So the outcome of the medical evaluation resides on the skill of the clinician. A detailed physical examination and a meticulous history of the reaction are the hallmarks of a successful investigation. This paper reviews the mechanisms and the most common clinical presentations of allergic drug reactions. The existing methods for making clinical diagnoses are addressed briefly so that the allergist can safely make a proper diagnosis. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2005; 28(3):125-132 Drug allergy, skin test, adverse drug reactions Introdução Reações adversas a medicamentos são ocorrências fre- qüentes na prática diária de Alergia Clínica. Estima-se a prevalência de reações a medicamentos entre 2% e 6% das internações hospitalares. No momento, se desconhece a prevalência na população em geral entre pacientes inter- nados. Existem várias formas de apresentação do paciente em consultório: para esclarecer episódio recente, pacientes com história de reação no passado e algumas vezes, indi- víduos ansiosos sem manifestações e estimulados a pes- quisar eventuais sensibilizações a medicamentos. Para qualquer destas situações o aspecto mais importante no diagnóstico é a história clínica do paciente. A definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) diz: "Reação adversa a medicamento é qualquer efeito não terapêutico nas doses habitualmente empregadas para prevenção, diagnóstico ou tratamento de doenças"1 . Rea- ções a drogas podem ser classificadas como previsíveis - comuns, que podem ocorrer em qualquer indivíduo-, ou, reações imprevisíveis – incomuns, não relacionadas à ativi- dade farmacológica da droga2 . Reações previsíveis são as mais freqüentes, caracterizando os efeitos colaterais mais comuns das medicações, tais como: sonolência, cefaléia, desconforto abdominal, etc. As reações imprevisíveis estão associadas à suscetibilidade individual, como na intolerân- cia, idiossincrasia e nas reações de hipersensibilidade (rea- ções alérgicas e pseudo-alérgicas). As reações de hipersen- sibilidade respondem por aproximadamente 25% do total das reações adversas a medicamentos3 . A World Allergy Organization (WAO) propôs recente- mente algumas alterações na nomenclatura das condições alérgicas. Nesta proposta, denomina-se de hipersensibili- dade qualquer reação iniciada por estímulo definido e que pode ser reproduzida. Alergia é a hipersensibilidade pro- vocada por mecanismo imunológico, podendo ser mediada por anticorpos (humoral) ou por células (celular). Reações a drogas que surgem em conseqüência de reação imunoló- gica são chamadas de alergia a drogas, acrescentando-se o tipo de mecanismo da reação, por exemplo, alergia a droga mediada por IgE. A maior parte das reações a medicamentos não se enquadra nesta categoria uma vez que não são provocadas por mecanismo imunológico. As- sim, pela proposta da WAO, estas reações devem ser con- sideradas como reações por hipersensibilidade não-a- lérgica (antes caracterizadas como reações pseudo-alér- gicas ou, ainda, reações por hipersensibilidade não-imune). Classificação Através da classificação de Gell e Coombs é possível estabelecer os fundamentos para melhor compreender as reações de hipersensibilidade alérgica (quadro 1)5 . O tipo I (anafilático) ocorre pela formação de anticorpos IgE para fármacos ou seus metabólitos (haptenos). A ligação de antígeno (fármaco associado à proteína carregadora) com anticorpos IgE fixados à membrana de mastócitos determi- na a ativação destas células e conseqüente liberação de substâncias com atividade em vasos, musculatura lisa, glândulas e terminações nervosas. Esta situação é típica das reações alérgicas agudas clássicas, como urticária/an- gioedema e anafilaxia. Todavia, deve ser ressaltado que a maior parte das reações agudas com medicamentos não é decorrência da presença de IgE, mas conseqüência da ati- vação dessas células por outros mecanismos. *Professor Titular da Disciplina de Imunologia e Imunopatologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre Artigo submetido em 01.06.2005, aceito em 10.07.2005. 05/28-03/125 Rev. bras. alerg. imunopatol. Copyright © 2005 by ASBAI 125
  • 2. Quadro 1 - Reações imunológicas provocadas por medicamentos Tipo Mecanismo efetor Características clínicas I - Anafilático IgE, mastócitos e basófilos Anafilaxia, urticária, angioedema, broncoespasmo II - Citotoxicidade IgM, IgG, complemento, fagocitose Nefrites, citopenias, pneumonites III – Complexos imunes IgG, IgM, complemento, fagocitose Doença do soro, febre, urticária, glomerulonefrites, vasculopatias IV- Hipersensibilidade tardia Linfócitos T, citocinas, mononucleares, cels. de langerhans Eczema de contato, erupções maculopapulares, fotoalergias, eritema pigmentar fixo O tipo II (citotóxico) é caracterizada pela ação de anti- corpos IgG ou IgM específicos para drogas ou seus frag- mentos adsorvidos na membrana de células ou para se- qüências antigênicas da membrana celular alteradas pela droga. A ativação deste mecanismo determina a destruição da célula alvo e a perda da função celular e tecidual. Ane- mias, leucopenias e trombocitopenia são as manifestações clínicas associadas a este mecanismo de hipersensibilidade. O tipo III (complexos imunes) de Gell e Coombs iden- tifica a reação que ocorre pela formação e deposição teci- dual de complexos formados entre antígeno e anticorpo. A subseqüente ativação do sistema do complemento deter- mina atração e ativação de polimorfonucleares e mononu- cleares, provocando lesão tecidual. Exemplo desta situação é a doença do soro, caracterizada por quadro urticariano, acompanhada de manifestações sistêmicas, como febre e artralgia. O tipo IV (hipersensibilidade tardia) é mediado por linfócitos T e seus produtos solúveis. Exemplo clássico é a dermatite de contato alérgica. Os exantemas morbiliformes parecem estar associados à participação de linfócitos T e citocinas. Grande parte das reações de hipersensibilidade não- -alérgicas (ou não-imunes) simula clinicamente as rea- ções mediadas por IgE. Essas reações podem ocorrer atra- vés de vários mecanismos, como: 1) ativação direta de mastócitos (codeína, morfina, etc.); 2) alteração do meta- bolismo do ácido araquidônico (AAS, dipirona, antiinflama- tórios não hormonais [AINH]); 3) ativação do sistema do complemento (sulfas, contrastes radiológicos, soros hete- rólogos); 4) acúmulo de bradicinina (inibidores da enzima conversora da angiotensina [ECA]). Epidemiologia Reações adversas a medicamentos são muito freqüen- tes. Metanálise de 39 estudos prospectivos nos EUA verifi- cou a incidência de 2,1% de reações adversas graves em pacientes hospitalizados6 . Levantamento recente em dois hospitais britânicos determinou que a reação adversa a medicamentos é responsável por 5-6% do total das hospi- talizações em pacientes maiores de 16 anos7 . A incidência real das reações adversas na população é praticamente impossível de ser determinada visto que grande parte das reações não é notificada7,8 . Manifestações Clínicas Reações de hipersensibilidade a medicamentos podem ter várias apresentações clínicas. A pele geralmente é afe- tada, de forma isolada ou acompanhando outras manifes- tações. Acometimento específico de determinados órgãos é menos comum9-12 . O quadro 2 apresenta as diversas apre- sentações clínicas comumente associadas às reações de hi- persensibilidade a drogas. A seguir analisamos algumas formas mais comuns ou freqüentes de reação a medica- mentos. Quadro 2 - Manifestações clínicas, desencadeantes e tratamento das reações a drogas Manifestação Desencadeantes comuns Tratamento Urticária e angioedema AAS, AINH, antibióticos Anti-histamínicos (anti-H1, ± anti-H2), corticosteróides VO Angioedema AINH, Inibidores da ECA Anti-histamínicos Anafilaxia Antibióticos, relaxantes musculares Adrenalina, anti-histamínico, corticosteróide, beta2-agonista, etc. Erupção morbiliforme Antibióticos Anti-histamínico (?), medicação tópica Eritema fixo Tetraciclina, AINH Medicação tópica. Eritema multiforme, Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica Sulfas AINH, anticonvulsivantes Medicação tópica, reposição líquidos, anti-histamínicos, corticosteróides VO (conforme a extensão das lesões). - Erupção morbiliforme é uma das formas mais fre- qüentes de reação a medicamentos. A erupção maculopa- pular é caracterizada por pequenas máculas eritematosas que surgem no tronco e membros poupando a face. O as- pecto é semelhante aos exantemas virais. Esta manifesta- ção surge após alguns dias de uso da medicação e, muitas vezes, após a suspensão da droga. Pode ser confundida com infecção viral o que dificulta o diagnóstico. O mecanis- mo não está esclarecido, acreditando-se que ocorra a par- ticipação dos linfócitos T (hipersensibilidade tardia). Este tipo de reação é com muita freqüência associado ao uso de amoxicilina. É importante notar que não ocorre sensibiliza- ção imunológica. Portanto, não estaria contra-indicado o uso da medicação no futuro. 126 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos
  • 3. - Eritema pigmentar fixo é caracterizado pelo apareci- mento de erupção eritemato-violácea que evolui se tornan- do acastanhada. Estas placas surgem isoladas ou em pe- queno número e desaparecem após alguns dias. É caracte- rística dessa condição que em cada novo contato com a droga ocorra reativação das lesões anteriores com ou sem o surgimento de novas lesões. Os AINH são freqüentes causadores de eritema pigmentar fixo. - Urticária é uma das apresentações mais comuns de reação a drogas. É caracterizada pela formação de placas edemaciadas, com bordos irregulares, pruriginosas, surgin- do em vários locais, simultaneamente ou não. Nos quadros agudos, as placas urticadas são evanescentes desapare- cendo em minutos a poucas horas. Muitas vezes a urticária é acompanhada de angioedema, caracterizado pelo edema de partes moles, como pálpebras, lábios e órgãos genitais. Nas crises agudas de urticária sempre devemos pesquisar reação a medicamentos. Urticária pode surgir tanto pela presença de anticorpos IgE para a droga, como por hiper- sensibilidade não-alérgica (reação pseudo-alérgica). Anal- gésicos e AINH são os principais agentes causais de crises de urticária em nosso meio. Antibióticos e a associação sulfametoxazol-trimetoprim também são agentes comuns dessa condição. - Angioedema, com freqüência, acompanha os casos de urticária. No contexto de reações a drogas, a ocorrência de angioedema isolado ou a sucessão de episódios de ede- ma palpebral ou labial deve suscitar o esclarecimento so- bre o consumo de analgésicos e AINH. Na última década também se caracterizou que os anti-hipertensivos inibido- res da ECA (p. ex.: enalapril, captopril, etc.) podem causar crises de angioedema, mesmo após longos períodos de uso bem tolerados. Esta reação também pode ser provocada pelos inibidores da ECA tipo II (losartan, etc.). - Eritema multiforme, Síndrome de Stevens-John- son e necrólise epidérmica tóxica (doença de Lyell) constituem os quadros de maior potencial de gravidade entre as reações cutâneas de hipersensibilidade a medica- mentos. Duas formas são consideradas: eritema multifor- me minor e eritema multiforme major. O eritema multifor- me é caracterizado por placas urticadas parecendo um al- vo, com o centro claro e as bordas eritematosas, algumas vezes com vesículas. As lesões surgem gradualmente, de forma simétrica, até duas semanas após a suspensão da medicação. Existe a possibilidade de evolução para quadro de maior extensão como a Síndrome de Stevens-Johnson. Nessa condição, além das lesões cutâneas em alvo e for- mação de bolhas mais extensas, há envolvimento de mu- cosas e comprometimento do estado geral, o que agrava o prognóstico. Estes quadros podem ser considerados como variantes de intensidade com o mesmo mecanismo imuno- patológico. - Anafilaxia é condição clínica grave, por ser de instala- ção rápida e inesperada e também, por afetar vários ór- gãos e sistemas simultaneamente. A liberação maciça de mediadores inflamatórios de mastócitos determina o surgi- mento abrupto de manifestações cutâneas, respiratórias, gastrintestinais e cardiovasculares. A reação anafilática pode representar sensibilização alérgica verdadeira com formação de anticorpos IgE ou ocorrer na ausência de sen- sibilização mediada por IgE. O quadro clínico se expressa poucos minutos após o contato com o agente desencade- ante. Quanto mais precoce a reação, maior o potencial de gravidade do episódio. Urticária e angioedema são mani- festações presentes em cerca de 90% dos pacientes. Difi- culdade para respirar por edema de laringe assim como si- bilância podem ocorrer. Alguns pacientes apresentam cóli- cas abdominais, náuseas e vômitos. Nos quadros de maior gravidade existe perda de controle de esfíncteres e perda da consciência em conseqüência da vasodilatação periférica e da queda da pressão arterial. - Fotossensibilidade. Algumas drogas podem induzir reação cutânea dependente da exposição solar. Esta situa- ção surge como eritema, eczema, erupção urticariforme ou bolhosa que afeta somente áreas expostas ao sol como a face, mãos e região supra-esternal. As reações podem ser muito intensas, porém respondem rapidamente à suspen- são da droga e à medicação antialérgica. Avaliação e diagnóstico A hipótese de alergia medicamentosa deve ser levanta- da frente a manifestações clínicas sugestivas, como as aci- ma assinaladas. Muitas vezes é difícil identificar o agente causal. Nesses casos a etiologia é presumida, consideran- do-se o quadro clínico e o tipo de medicamentos utilizados pelo paciente9, 13 . Alguns aspectos são peculiares às rea- ções alérgicas. Existe um período de indução necessário para a sensibilização (a reação não ocorre no primeiro contato com a droga); a reação pode ocorrer com doses menores que as necessárias para induzir efeito terapêuti- co; é comum reação cruzada entre fármacos com estrutu- ras similares e, a resolução do quadro clínico ocorre poucos dias após a suspensão do medicamento causador. Como grande parte das reações a medicamentos não é provocada por mecanismo imunológico, não exigem sensibilização prévia, podendo surgir no primeiro contato com a medica- ção. De modo geral, no entanto, a pessoa faz uso da medi- cação diversas vezes antes de vir a apresentar alguma rea- ção de hipersensibilidade. O aspecto mais importante na investigação é a história clínica. Características do inicio do episódio, o tipo da ma- nifestação clínica inicial e sua evolução devem ser bem detalhados. O paciente deve informar toda a medicação utilizada antes do surgimento do quadro clínico, inclusive drogas de uso contínuo, como anti-hipertensivos, hipogli- cemiantes, anticonvulsivantes, ansiolíticos, etc., além das drogas de uso esporádico, como analgésicos, antiinflama- tórios, vitaminas, fitoterápicos, homeopatias, etc.9, 10, 13 . Quando é possível estabelecer relação temporal entre a ingestão de determinada droga e o surgimento de mani- festação clínica existe maior chance de identificar o agente desencadeante. A história clínica pregressa do paciente pode fornecer dados importantes como reações prévias a medicamentos, hábitos de consumo de drogas, entre outros. Certas mani- festações são muito sugestivas de reação a medicamentos, como por exemplo, urticária, eritema fixo e eritema multi- forme. Estabelecer uma rotina de investigação favorece a efi- cácia da avaliação. Ter um questionário padronizado pode ser de grande valia na investigação de alergia a medica- mentos14 . O exame físico deve ser cuidadoso. Lesões cutâneas são comuns e a pele deve ser examinada minuciosamente9 . Na fase aguda é possível coletar soro (até uma hora após a crise alérgica) para avaliar a ativação de mastócitos atra- vés da determinação do nível de triptase. Técnicas ainda experimentais para a determinação de ativação de basófi- los, como as moléculas CD63 e CD203c15 parecem promis- soras. - Testes cutâneos e IgE sérica específica Os testes cutâneos de leitura imediata podem ter indica- ção para identificação da presença de anticorpos IgE. Isto somente é possível quando o alérgeno é substância de alto peso molecular, como hormônios e enzimas, por exem- plo16 . Para substâncias de baixo peso molecular os testes cutâneos não podem ser aplicados17 , com exceção de peni- cilina e relaxantes musculares. Drogas que estão envolvidas em quadros de eritema multiforme ou suas variações clínicas devem ser evitadas de forma definitiva. Não se deve expor o paciente a novo Alergia a medicamentos Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 127
  • 4. contato com fármaco possivelmente causador destes qua- dros dermatológicos. O método ideal para investigação de alergia a medica- mentos deveria ser realizado in vitro, evitando com isso a exposição do paciente a risco de nova reação. Como, de modo geral, se desconhece o fragmento reativo das drogas é impossível obter material para aplicar nas técnicas in vitro, como o RAST3 . Comercialmente, é disponível a pes- quisa de IgE específica para os determinantes principais de penicilina. - Prova de reintrodução A reintrodução de medicamento pode ter indicação na investigação de hipersensibilidade não-imune a medica- mentos, isto é, nas reações pseudo-alérgicas. O exemplo mais comum da aplicação desta técnica é na avaliação de reações aos anestésicos locais. Existem condutas padroni- zadas que permitem esclarecer o caso diminuindo os riscos do paciente17-19 . Recentemente Gruchala et al caracterizaram as quanti- dades de medicamentos que podem ser aplicadas sem pro- vocar reações irritativas locais20, 21 . As provas de reintrodu- ção devem ser controladas, avaliando surgimento de qual- quer manifestação clinica sugestiva de hipersensibilidade e monitorando os sinais vitais do paciente durante o procedi- mento. - Dessensibilização A dessensibilização consiste na introdução gradativa de doses crescentes de medicamento em paciente reconheci- damente sensível até atingir a dose plena indicada para o tratamento. Este procedimento somente se justifica em situações extremas, como infecções graves sem outras opções terapêuticas. Existem protocolos padronizados para a dessensibiliza- ção à penicilina que estão adaptados para aplicação por via oral ou parenteral17,22 . Outros medicamentos também po- dem ter indicação para dessensibilização, como: sulfame- toxazol-trimetropim em pacientes aidéticos, AAS em paci- entes com alterações da agregação plaquetária e sem re- cursos para utilização de medicações mais onerosas, por exemplo. Situações especiais Penicilina A penicilina origina dois grupos de metabólitos chama- dos determinantes maiores (ou principais, grupo peniciloil) e determinantes menores (ou secundários, benzilpenicili- na). As reações urticarianas e aceleradas são provocadas por sensibilização às moléculas determinantes maiores. A reação imediata, anafilática, é determinada pela formação de IgE para as moléculas determinantes menores3,17,18 . A penicilina e seus derivados amoxicilina, cefalospori- nas, monolactâmicos e outros constituem o principal gru- po de fármacos associados à indução de quadros alérgicos mediados por IgE ou por outros mecanismos imunes. Le- vantamentos indicam a ocorrência de 1,2 casos de anafila- xia para cada 10.000 aplicações de penicilina. Apesar de rara, a penicilina é a causa mais comum de anafilaxia nos EUA sendo responsável por 75% das mortes nestas cir- cunstâncias18 . Alergia a penicilina pode ser avaliada através de testes cutâneos utilizando-se as moléculas determinantes maiores (benzilpeniciloil) e determinantes menores (penicilina G ou mistura de determinantes menores). Estudos recentes su- gerem que além do anel beta-lactâmico as cadeias laterais podem induzir sensibilização. Os testes cutâneos com de- terminantes maiores usam como reagente o grupo benzil- peniciloil agregado a uma cadeia polipeptídica (peniciloil- -polilisina, PPL). O teste cutâneo com PPL permite prevenir as reações urticarianas e aceleradas. Não é disponível comercialmente reagente contendo as moléculas determinantes menores ou secundárias. Estas devem ser preparadas em cada local que se dedique a in- vestigar alergia à penicilina. Na impossibilidade de prepa- rar estes reagentes, alguns autores preconizam o teste cu- tâneo com Penicilina G cristalina diluída recentemente. A utilização de penicilina G para teste cutâneo não apresenta a mesma sensibilidade das preparações purificadas de de- terminantes menores3,17,18 . O teste cutâneo positivo indica que o paciente apresenta anticorpos IgE para a penicilina e, portanto, pode desen- volver reação alérgica imediata se entrar em contato com a droga. O teste cutâneo negativo indica o oposto, isto é, au- sência de sensibilização mediada por IgE. O valor preditivo de teste negativo é muito alto3,13 . O teste in vitro (RAST) não tem valor preditivo eficaz (quadro 3). Os testes in vitro para penicilina caracterizam a presença de anticorpos con- tra determinantes maiores, isto é, não permitem identificar pacientes sujeitos aos quadros mais graves. Frente a paciente com necessidade de uso de antibiótico e que tenha história convincente de reação à penicilina, é mais prudente usar antibiótico não beta-lactâmico se não for possível avaliá-lo de forma adequada (quadro 4). Quadro 3 - Testes cutâneos com beta-lactâmicos13 Reagente Via Diluição Peniciloil-polilisina epicutâneo e intradérmico não diluído (0,035 mg/mL) Penicilina, mistura de determinantes menores epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (1,1 mg/mL) Benzilpenicilina (Pen G) epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (20 – 25.000 U/mL) Amoxicilina epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (20-25 mg/mL) Outras penicilinas epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (20-25 mg/mL) Cefalosporinas epicutâneo e intradérmico 1/10, não diluído (10 mg/mL) 128 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos
  • 5. Quadro 4 - Atitude em pacientes suspeitos de alergia a penicilina, ampicilina, cefalosporinas e similares3 Penicilina História positiva Teste positivo Chance maior que 50% de apresentar reação História positiva Teste negativo Aplicar penicilina com cautela. Pode ser recomendável usar dose inicial com penicilina oral Positiva ou negativa Teste positivo Utilizar outro antibiótico Positiva ou negativa Teste negativo Pode usar penicilina com pequeno risco. Pode ser recomendável usar dose inicial com penicilina oral Positiva ou negativa Negativo com Pen G Aplicar 1/100 da dose. Aguardar 1 hora. Se não apresentar reação aplicar a dose total indicada Ampicilina, amoxicilina Reação anterior com amoxicilina, diferente do rash maculopapular Indicação de penicilina Fazer teste cutâneo com penicilina: se o teste for negativo, prosseguir como recomendado para penicilina. Teste positivo: indicar outro antibiótico Cefalosporinas Muitas reações às cefalosporinas são específicas para as cadeias laterais e não para o anel beta-lactâmico. Paciente com história de reação à penicilina tem risco reduzido de reação às cefalosporinas, porém é maior do que aqueles que não têm história de reação à penicilina. Caso necessário, procurar usar cefalosporinas mais recentes. Aplicar sem teste Menos de 1% dos pacientes podem apresentar reação em 24 horas. Pode ocorrer anafilaxia Teste negativo Aplicar a cefalosporinaHistória de reação à penicilina Teste positivo 1- use outra droga, ou 2- use reintrodução gradativa com cefalosporina, ou 3- dessensibilização à cefalosporina Teste com penicilina negativo Aplicar penicilinaAplicação de penicilina a paciente com história de reação à cefalosporina Teste positivo 1- aplicar droga alternativa, ou 2- dessensibilizar à penicilina Aplicar sem teste Usar cefalosporina que apresente outro tipo de cadeia lateral Negativo Aplicar de forma gradual ou dessensibilizarUso de cefalosporina em paciente com história de reação à cefalosporina Teste cutâneo com a nova cefalosporina na conc. de 3 mg/mL (técnica não padronizada) Positivo 1- use droga alternativa, ou 2- dessensibilizar à cefalosporina - Anestésicos locais É comum o relato das mais variadas formas de reação durante procedimentos que empregam anestésicos locais. As queixas principais são: mal estar, náusea, tontura, aperto no peito ou na garganta, sensação de sufocação, eritema facial e eventualmente, desmaio. Estes sintomas podem surgir em conjunto ou nas suas várias combina- ções. Estas reações resolvem sem necessidade de medica- ção e é digno de nota a ausência de manifestações cutâ- neas (prurido ou urticária). Vale recordar que dermatites surgem em 80-90% dos casos de reações alérgicas ou pseudo-alérgicas. Assim, as reações associadas aos anestésicos locais su- gerem mecanismo vasovagal, sendo raras as reações ver- dadeiramente alérgicas ou com mecanismo imunológico. Berkun et al avaliaram por testes cutâneos 236 pacientes com história de reação a anestésicos locais e não encontra- ram qualquer reação positiva23 . Em outro grupo de 177 pa- cientes foram identificadas três reações aos testes cutâ- neos, sendo duas imediatas. Quando estes dois pacientes foram submetidos à reintrodução não apresentaram rea- ção24 . Apesar da pequena probabilidade de reação de hiper- sensibilidade aos anestésicos locais é necessário esclarecer com segurança, tanto ao paciente como ao cirurgião-den- tista. Assim, pode ser recomendável aplicar testes cutâ- neos e de reintrodução com anestésicos locais. Utilizando- se protocolos bem formulados, como o de DeSwarte e Patterson, é possível avaliar com precisão esse grupo de pacientes17 . - Analgésicos e antiinflamatórios não-hormonais (AINH) Urticária e angioedema são as formas mais comuns de apresentação de reações a analgésicos e a AINH. Ácido acetilsalicílico (AAS), dipirona e AINH são os agentes mais comuns de urticária e angioedema em nosso meio. A reati- Alergia a medicamentos Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 129
  • 6. vidade pode se expressar isoladamente a um desses medi- camentos ou a vários deles. É freqüente que as pessoas desenvolvam reação sucessivamente ao AAS, dipirona e AINH. O mecanismo dessas reações urticarianas não envolve a formação de anticorpos IgE. Nesses pacientes ocorre blo- queio da atividade da enzima ciclooxigenase, provocando diminuição dos níveis de PGE2 e perda da sua atividade protetora sobre mastócitos. Estas células, uma vez ativa- das, liberam histamina e outros mediadores inflamatórios na pele e diversos tecidos provocando as manifestações clínicas características18,25 . É comum ocorrer “reação cruzada” entre AAS e os vá- rios AINH. Os inibidores preferenciais da ciclooxigenase-2 (COX-2) podem ser úteis neste grupo de pacientes. Toda- via, também se registram reações com estes produtos, tanto em pacientes previamente sensíveis a AAS como na- queles que nunca haviam apresentado reação a analgési- cos26 . A tabela 1 contém dados sobre a possibilidade de reação por AAS e vários tipos de analgésicos e AINH. Quadro 5 – “Reação cruzada” entre ácido acetilsalicílico e antiinflamatórios não-hormonais27 Drogas que inibem preferencialmente COX-1 e apresentam “reação cruzada” com AAS Piroxicam, indometacina, sulindic, tolmetin, ibuprofeno, naproxeno, fenoprofen, meclofenamato, ácido mefenâmico, diclofenaco, etc. Drogas que são inibidores fracos da COX-1 e somente am altas concentrações Paracetamol, salicitato Drogas que inibem preferencialmente COX-2, mas também inibem COX-1 em altas concentrações NImesulide, meloxicam Inibidores seletivos de COX-2, não inibem COX-1; não ocorre reação cruzada Celecoxib, rofecoxib, valdecoxib - Contrastes radiológicos São comuns as reações adversas a contrastes radiológi- cos. As reações podem ser vasomotoras, vasovagais ou anafilatiformes. O desenvolvimento de produtos com me- nor osmolaridade e não-iônicos determinou efetiva redução na prevalência desses eventos. Segundo Hagan a freqüên- cia de reações com produtos iônicos é de 11% a 12% e com os não-iônicos é de 0,2%28 . Alguns centros de diagnósticos preconizam a utilização de pré-medicação com anti-histamínicos e corticosteróides para todo paciente com historia de atopia ou de reações prévias a medicamentos. São fatores de risco para reações aos contrastes: asma brônquica, reação prévia a contraste e história de atopia. O uso de betabloqueadores, de AAS e de AINH pode contribuir para aumentar o risco de reações a esses produtos. Não existe método diagnóstico para a prevenção de rea- ções aos contrastes. Em certas ocasiões há indicação de medicar o paciente antes do procedimento29 . Premedicação com esquemas empregando corticosteróides, drogas anti- -H1 (associadas ou não a anti-H2) tem conseguido impedir ou diminuir a extensão de reações aos contrastes. - Reação a múltiplas drogas Nos últimos anos têm surgido pacientes que relatam reações a inúmeras medicações e que tem receio de usar medicamentos em geral. Este grupo de pacientes é um verdadeiro desafio para o alergista clínico30 . Referência de sensibilidade a vários antibióticos pode dificultar o manejo clínico de pacientes internados e tam- bém em atendimento ambulatorial. Se este tipo de hiper- sensibilidade representa uma síndrome clínica – síndrome de reação a múltiplas drogas – é fato a ser confirmado. Existem fatores que parecem estar associados à maior incidência de reações a medicamentos, como: reação pré- via à penicilina, hipersensibilidade a AAS e AINH, urticária crônica e via de aplicação da medicação. Por outro lado, parece claro que o estado psíquico do paciente pode facili- tar maior referência a reações adversas a medicamen- tos30,31 No manejo deste tipo de paciente é necessário seguir a rotina clássica de investigação de alergia a medicamentos, estabelecendo história precisa da(s) reação(ões) prévia(s), medicamentos associados ao evento, via de aplicação, etc31 . Seguir uma conduta padronizada assegura confiança ao paciente e maior possibilidade de obter sucesso na ava- liação (quadro 6). Conforme a avaliação pode ser aconse- lhável trocar a prescrição atual, recorrer à pré-medicação ou efetuar reintrodução gradativa controlada. - Infecção pelo HIV Pacientes infectados com HIV apresentam freqüência muito alta de reações a medicamentos. Isto inicialmente foi notado com sulfametoxazol-trimetropim. A seguir, se manifestou com as drogas antiretrovirais. As manifestações variam de intensidade e de repercussão clínica. Muitos des- ses pacientes se beneficiam com a dessensibilização ou com a reintrodução gradativa de medicamentos Relaxantes musculares Entre as diversas drogas usadas em anestesia geral os relaxantes musculares (suxametonium, atracurium, vevu- ronium, etc.) apresentam o maior risco de induzir reações graves. Segundo Vervloet ocorre uma reação em cada 10.000 anestesias, sendo que 10% destas reações são fa- tais. Algumas podem não ser mediadas por IgE. O diagnóstico de sensibilização pode ser feito por testes cutâneos intradérmicos com a concentração apropriada da medicação. Vacinas imunogênicas Reações de hipersensibilidade a vacinas não são fre- qüentes. São comuns reações no local da aplicação do imunógeno, com dor, eritema e edema e também pode ocorrer febre. As reações de hipersensibilidade estão relacionadas aos constituintes das vacinas. Segundo Madaan e Maddox34 as reações mais comuns são: 1) reações relacionadas aos antígenos de ovo, 2) sensibilidade ao mercúrio presente em algumas preparações, 3) reações a antibióticos conti- dos nas vacinas, e 4) reação a outros componentes, como gelatina e agentes infecciosos. 130 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos
  • 7. Quadro 6 - Elementos essenciais para uma avaliação efetiva em pacientes com sensibilidade a múltiplos antibióticos32 - Coletar os dados abaixo para cada antibiótico associado com reação adversa: 1) Tipo de infecção para a qual foi usado 2) Exposição prévia com e/ou sem reação 3) Via de administração e dose na última reação 4) Número de doses antes e após a última reação 5) Características da reação adversa 6) Duração dos sintomas 7) Tratamento recebido e resposta ao mesmo 8) Presença de seqüelas permanentes 9) Provas diagnósticas realizadas - Coletar os dados abaixo para cada antibiótico tolerado 1) Tipo de infecção para a qual foi usado 2) Dose da última exposição 3) Via de administração da última exposição 4) Exposições prévias sem reação - Outros aspectos importantes da história 1) Listar todas as drogas associadas com reações adversas e a data da última exposição 2) Investigar e documentar, se presentes, os seguintes fatores de risco: urticária crônica, dermografismo, intolerância a AINH, doença hepática, doença renal, imunodeficiência, infecção pelo HIV, fibrose cística - Possibilidades para um plano de tratamento efetivo ao final da avaliação 1) Antibiótico pode ser usado se tiver indicação clínica 2) Antibiótico deve se evitado 3) Antibiótico pode ser usado com pré-tratamento (estabelecer um plano de pré-tratamento) 4) Antibiótico pode ser usado se tolerar teste de reintrodução (estabelecer plano de reintrodução) 5) Antibiótico somente pode ser usado com dessensibilização prévia (estabelecer plano de dessensibilização) Tratamento e prevenção Frente a quadro clínico sugestivo de reação a medica- mento a primeira atitude é suspender o seu uso. Erupções exantemáticas podem melhorar espontaneamente, sem medicação. Ocorrendo prurido há indicação de anti-hista- mínicos da 2ª geração (não-sedantes ou pouco sedantes), como cetirizina, desloratadina e fexofenadina. Nos surtos de urticária e angioedema o uso de anti-histamínicos é mandatório. O tempo de uso será determinado pela evolu- ção clínica. Em casos de maior intensidade pode haver ne- cessidade de corticosteróides por via oral por alguns dias para controle dos sintomas. Os quadros dermatológicos mais graves podem requerer internação hospitalar. Quanto mais precoce a intervenção com o uso de medicação antia- lérgica melhor o prognóstico e a rapidez da melhora clínica. Prevenção Uma das etapas mais importantes no manejo das rea- ções de hipersensibilidade a drogas (imunes ou não-imu- nes) é a orientação após a fase aguda, isto é, a prevenção de novos episódios. O paciente deve receber toda informa- ção sobre a condição clinica que apresentou: nome de agente desencadeante (genérico e de marcas proprietá- rias); drogas com possibilidade de reação cruzada; o risco se vier a sofrer novas reações; e as medicações opcionais com a mesma indicação terapêutica. Se houver possibilidade de ingestão inadvertida do me- dicamento e risco de manifestações agudas, como urticária e anafilaxia, o paciente deve dispor da medicação de emer- gência (anti-histamínico, corticosteróide, adrenalina, be- ta2-agonista, por exemplo) e saber aplicá-la na eventuali- dade de nova crise. O paciente deve saber os locais de atendimento de emergência na sua cidade e em outros locais que venha a freqüentar. Habitualmente se sugere que o paciente adote um car- tão de identificação alertando sobre a sua condição e infor- mando as drogas a que é sensível. Sempre que necessitar de assistência médica o paciente deve alertar o médico as- sistente sobre o seu passado alérgico. É função do médico alergista estar disponível para prestar informações sobre a história alérgica do paciente. Quando houver indicação de uso de alguma medicação potencialmente capaz de induzir reações (contrates radio- lógicos, por exemplo) aconselha-se que o paciente seja medicado previamente com corticosteróides e anti-histamí- nicos (anti-H1 ou associação de anti-H1 + anti-H2). Exis- tem vários protocolos para aplicação nestas situações. Deve se enfatizar a orientação para evitar medicamen- tos sem prescrição médica e sempre preferir medicamen- tos via oral, deixando medicações injetáveis somente para uso hospitalar. Por outro lado, frente a paciente que infor- me ter apresentado reação de hipersensibilidade a deter- minado medicamento no passado é mais seguro, para o paciente e também para o médico, evitar a droga em ques- tão, mesmo que a história não seja convincente. É difícil não existir opção terapêutica possível em pacientes aten- didos em ambiente ambulatorial. Perspectivas Hipersensibilidade a medicamentos comum na prática ambulatorial. É possível prever aumento da incidência des- sas reações nos próximos anos em conseqüência da dispo- nibilização de novos medicamentos e da utilização de pro- dutos biológicos, como anticorpos monoclonais, citocinas, e outros. Apesar da extraordinária evolução do conhecimento e das técnicas diagnósticas nas últimas décadas pouco se modificou no diagnóstico da alergia a medicamentos. Os métodos de investigação permanecem deficientes uma vez que se desconhece as moléculas imunogênicas das drogas e não existem meios de identificar as pessoas genetica- mente suscetíveis. O empenho constante em aprimorar técnicas diagnósti- cas deveria ser dirigido a aumentar o conhecimento do me- tabolismo das drogas e desenvolver técnicas que permitis- sem identificar pacientes com maior risco de sofrer rea- ções a drogas. Desta forma estaríamos prevenindo as sen- sibilizações e as primeiras reações34 . Referências 1. 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  • 8. 7. Pirmohamed M, James S, Meakin S, Green C, Scott A, Walley TJ, et al. Adverse drug reactions as cause of admission to hos- pital: prospective analysis of 18 820 patients. BMJ 2004;329: 15–19. 8. Demoly P, Bousquet J. Epidemiology of drug allergy. Curr Opin Allergy Clin Immunol 2001; 1: 305-310. 9. Volcheck GW. Clinical evaluation and management of drug hy- persensitivity. Immunol Allergy Clin N Am 24 (2004) 357– 371 10. Demoly P, Hillaire-Buys D. Classification and epidemiology of hypersensitivity drug reactions. Immunol Allergy Clin N Am 24 (2004) 345- 356. 11. Vervloet D, Durham S. Adverse reactions to drugs. BMJ 316; 1511-1514, 1998. 12. Criado PR, Criado RJ, Vasconcellos C, Ramos RO, Gonçalves AC. Reações cutâneas graves adversas a drogas – aspectos relevantes ao diagnóstico e ao tratamento – Parte I. An Bras Dermatol, Rio de Janeiro, 79 (4); 471-488- jul/ago 2004. 13. Demoly P, Bousquet J. Drug allergy diagnosis work up. Allergy 2002: Volume: 57 (Suppl. 72): 37–40 14. Demoly P, Kropf R, Bircher A, Pichler WJ. Drug hypersensitivi- ty: questionnaire. Allergy 1999, 54, 999- 1003. 15. Demoly P, Arnoux B. Explorations biologiques des allergies médicamenteuses. Revue française d’allergologie et d’immu- nologie clinique 44 (2004) 450–455. 16. Brockow K, Romano A, Blanca M, Ring J, Pichler W, Demoly P. General considerations for skin test procedures in the diagnosis of drug hypersensitivity. Allergy 2002: 57: 45–51. 17. DeSwarte RD, Patterson R. Drug allergy. In: Allergic diseases, diagnosis and management. edited by: Patterson R, Grammer LC, Greenberger PA. Lippincott-Raven, Philadelphia, EUA., 5td ed., 317-412. 18. Gruchalla R. Understanding drug allergies. J Allergy Clin Im- munol 2000;105: S637-44. 19. Aberer W, Bircher A, Romano A, Blanca M, Campi P, Fernandez J, et al. Drug provocation testing in diagnosis of drug hyper- sensitivity- Position paper. Allergy 2003: 58: 854–863 20. Messaad D, Sahla H, Benahmed S, Godard P, Bousquet J, De- moly P. Drug Provocation Tests in Patients with a History Sug- gesting an Immediate Drug Hypersensitivity Reaction. Ann In- tern Med. 2004; 140: 1001-1006. 21. Empedrad R, Darter AL, Earl HS, Gruchalla RS. Nonirritating intradermal skin test concentrations for commonly prescribed antibiotics. J Allergy Clin Immunol. 2003 Sep;112(3):629-30. 22. Turvey SE, Cronin B, Arnold AD, Dioun AF. Antibiotic desensiti- zation for the allergic patient: 5 years of experience and prac- tice. Ann Allergy Asthma Immunol. 2004;92:426- 432. 23. Berkun Y, Ben-Zvi A, Levy Y, Galil D, Shalit M. Evaluation of adverse reactions to local anesthetics: experience with 236 patients. Ann Allergy Asthma Immunol. 2003;91:342–345. 24. Gall H, Kaufmann R, Kalveram CM. Adverse reactions to local anesthetics: Analysis of 197 cases. J Allergy Clin Immunol 1996; 97: 933-937. 25. Sánchez-Borges M, Capriles-Hulett A, Caballero-Fonseca F. Cutaneous Reactions to Aspirin and Nonsteroidal Antiinflam- matory Drugs. Clinical Reviews in Allergy & Immunology 24; 125-135, 2003. 26. Berkes EA. Anaphylactic and Anaphylactoid Reactions to As- pirin and Other NSAIDs. Clinical Reviews in Allergy & Immu- nology 24; 137- 147: 2003. 27. Immunol Allergy Clin N Am 24 (2004); 491-505, Donald D. Stevenson 28. Hagan JB. Anaphylactoid and adverse reactions to radiocon- trast agents. Immunol Allergy Clin N Am 24 (2004) 507– 519. 29. Confino-Cohen R, Goldberg A. Safe administration of contrast media: what do physicians know?. Ann Allergy Asthma Immu- nol. 2004;93:166–170 30. Asero R. Multiple drug allergy syndrome. Current Allergy Re- ports 2001, 1:18–22 31. Macy E. Multiple antibiotic allergy syndrome. Immunol Allergy Clin N Am 24 (2004) 533-543 32. Gruchalla RS. Approach to the patient with multiple antibiotic sensitivities. Allergy Asthma Proc 2000;21(1):39– 44. 33. Vervloet D, Pradal M, Castelain M. Drug Allergy, editada por Pharmacia & Upjohn. 34. Madaan A, Maddox DE. Vaccine allergy: diagnosis and mana- gement. Immunol Allergy Clin N Am 2003; 23: 555– 588. 35. Adkinson NF, Essayan D, Gruchalla R, Haggerty H, Kawabata T, Sandler JD, et al. Task Force Report: Future research needs for the prevention and management of immune-mediated drug hypersensitivity reactions. J Allergy Clin Immunol 2002;109: S461-78. Correspondência: Dr. Luiz Antonio Guerra Bernd Rua Mariante, 257; conj. 105 90430-181 – Porto Alegre – RS 132 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 28, Nº 3, 2005 Alergia a medicamentos