Os conceitos apresentados por Kramer, a partir de seus estudos sobre o vínculo mamãe e bebê é conteúdo que precisa, por exemplo, ser conhecido e refletido por todos desde a família enquanto membros da comunidade civil a todos os profissionais e pesquisadores envolvidos no poder público ou privado.
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Bebê e Mamãe: Primeiro vinculo social - Claudinéia da Silva Barbosa - 22.07.2013
1. Bebê e Mamãe: Primeiro Vínculo Social1
Psicologia Escolar na Educação Infantil
Claudinéia da Silva Barbosa2
azulestrelar@yahoo.com.br
A primeira linguagem do ser humano é configurada através das expressões e vínculos
afetivos. No texto o “Bebê é inteligente”, Kramer apresenta o que o título já diz, reconhecendo
de fato que o bebê é uma pessoa. Ainda nos instiga quando questiona: “[...] Será que um bebê
é de algumas semanas é capaz de ligar uma manifestação isolada (o som da voz, por
exemplo) a um todo (uma pessoa)?” (p. 40- 41). E vai mais profundo ainda, com a questão:
“Como ele poderá comunicar a urgência e a natureza de seus desejos e necessidades a outro,
prevendo que esse outro será capaz de reconhecê-los, aceitá-los e depois satisfazê-los?”
(p.46). São reflexões altamente relevantes para compreendermos como se dar o
desenvolvimento do ser infante desde os seus primeiros meses de vida, e que precisam ser
considerados em todas as áreas de atuação que envolve o atendimento ao ser humano. E de
acordo com teoria sistêmica não estamos isolados, mas nos desenvolvemos através de uma
interação dinâmica e interdependente a partir de diversos fatores que compõem um sistema
social.
Kramer desenvolve ao longo de seu texto, a concepção sobre o desenvolvimento social
do bebê em quanto sujeito que interage primeiro com a figura materna. É o vínculo mãe-bebê
que estabelece a construção de uma comunicação que vai se maturando através das trocas,
desenvolvendo o que Freud chamou de vínculo simbiótico – acontece quando mãe e bebê são
próximos – e a figura materna sabe distinguir os sinais emitidos pelo filho (choros) e o acolhe,
correspondendo seus desejos. Estabelece-se aí a comunicação. Que vai se maturando ou
como menciona Kramer, “ampliando o vocabulário”. Essa comunicação é alimentada pelo nível
de relação afetiva que é construído. E em nível de relação e comunicação estão inteiramente
dependentes os aspectos que fazem parte do desenvolvimento infantil.
A figura materna é essencialmente importante para a constituição do bebê enquanto ser
social. Pois é esta a primeira referência de outro que o bebê constrói. Quando em determinada
etapa de seu desenvolvimento, compartilham o que Kramer chamou de “sintonia interacional”
(p.48) quando estabelecem as interações e intenções. As atitudes da mãe em resposta aos
gestos do bebê, ver se aí a comunicação e a estimulação que já se configura com novos
elementos além da voz e do toque, mas com a imagem e expressões faciais, mímicas. O que
provavelmente evoluirão para cantigas, movimentos corporais mais amplos.
1
Analise crítica do texto “O Bebê é Inteligente” de Kramer, relacionando aspectos do texto com experiência
pessoal, profissional, fatos, pesquisas, questões culturais, opiniões pessoais; com atividade do curso Psicologia
Escolar na Educação Infantil. Coordenado pela Psicóloga Ms. Vivien Rose Bock. Centro de Aperfeiçoamento em
Psicologia Escolar – CAPE / Núcleo de Educação à Distância.
2
Pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB (2012) e Especialista em Educação Infantil pela
Universidade Internacional de Curitiba – UNINTER (2013).
2. Segundo autora, para que o bebê esteja sensível às mensagens da mãe. Estas
mensagens precisam ser repetidas e que eles tenham estabelecido um vínculo. O que nem
sempre foi considerado. Esta é uma concepção recente. Aliás, a concepção sobre infâncias,
sobre crianças num processo educativo, por exemplo, ainda são relativamente recentes na sua
historia e trajetória. Houve um momento na historia que as crianças eram consideradas adultas
em miniaturas. Não eram compreendidas em suas especificidades na perspectiva de
desenvolvimento. As concepções vêm passando por mudanças a cada época. Atualmente, por
exemplo, a experiência educacional com crianças é responsabilidade que precisa ser
compartilhada com a família e a sociedade. Os eixos que fundamentam a educação para as
infâncias são as brincadeiras e interações, pautadas na indissociabilidade das dimensões
cuidar e educar.
Entre outras discussões mais recente ainda, esta primeira etapa da educação básica,
precisa ter um currículo específico organizado e que atenda as demandas de acordo com o
contexto em que está inserido. Ou seja, há um novo olhar sobre o desenvolvimento infantil que
precisa ser redimensionado na formação do profissional que atua diretamente com as
infâncias. Sobretudo com a primeira infância, esta fase delicada e extremamente importante no
desenvolvimento do ser humano, a qual Kramer, apresenta a figura e vínculo materno como
elemento essencial para o desenvolvimento do bebê.
Considerando as observações e pesquisas que tenho feito na minha prática, estudos e
interatividade com as crianças, profissionais docentes e coordenadores pedagógicos das
Instituições de Educação Infantil da rede municipal, através do acompanhamento e apoio
técnico pedagógico da Secretaria de Educação em que trabalho, e também meu olhar sensível
às necessidades que apresentam, considera que ainda há muitas possibilidades de
conhecimento e práticas que precisam ser garantidos e que os desafios a serem superados.
A começar pela sensibilização e atuação do sistema público ampliando o que já oferece
como de formação continuada e acompanhamento das ações. Sistematizando os saberes e
monitorando as práticas. Formando a equipe multidisciplinar, disponibilizando por exemplo, de
profissionais como Psicólogo Escolar, Assistente Social, Nutricionista, Pediatra, entre outros
ligados ao atendimento às infâncias. Efetivando assim, o que chamamos de atendimento de
qualidade. Investir na formação dos profissionais de órgão central, para que estes possam
promover a formação e o acompanhamento das ações aos profissionais da própria rede.
Promover um acompanhamento e orientação familiar mais próximo. Efetivando de fato a
responsabilidade social de cada profissional do setor público.
Com isso, é possível considerar que cada nível de atendimento estaria mais bem
habilitado e envolvido ao que compete a sua pesquisa, estudo e atuação social. Os conceitos
apresentados por Kramer, a partir de seus estudos sobre o vínculo mamãe e bebê é conteúdo
que precisa, por exemplo, ser conhecido e refletido por todos desde a família enquanto
membros da comunidade civil à todos os profissionais e pesquisadores envolvidos no poder
público ou privado. Porque se trata de um novo paradigma. Um novo conceito sobre bebê, que
como um ser social não deve ser considerado isolado, e, portanto, está sobre a nossa
responsabilidade.