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Os monjes e a cultura
A entrada dos povos vindos do Norte da Europa para Sul, irá dar uma nova
dimensão social na sociedade europeia, sobretudo na cultura e na religião.
A Europa encontra-se então num novo processo da sua História. Novas formas
de Governo, novas formas de repovoamento, novas formas de cultura e um mudança na
mentalidade à qual a Fé não passa despercebida. Para esta época os mosteiros são um
pólo decisivo na construção de uma “nova-Europa”.
Os monjes viviam separados do mundo, foram homens do seu tempo, mesmo
não podendo influir na sociedade dada a sua especificidade de monjes, eram membros
activos da sociedade da qual ao mesmo tempo se separavam voluntariamente.
Os mosteiros eram bastiões de cultura e de memória, o que fazia destes locais,
como locais de ensino e educação. Ali se guardavam os grandes clássicos greco-
romanos. Em torno aos mosteiros se geraram várias escolas que formavam novos
quadros sociais para os mais diversos sectores da sociedade. Redesenha-se uma nova
sociedade.
Mas a vida dos monjes não girava principalmente em torno das bibliotecas, mas
também em torno da Igreja e dos campos – ora et labora. Em torno destes locais de
Deus foram também se redefinindo novos campos de cultivo para as populações que por
sua vez se fixam junto a estes, quer pelas questões de trabalho, quer por questões de
cultura. Começam-se assim a definir novas aldeias, vilas e mais tarde cidades.
Porém, os mosteiros convertem-se em locais de arte com a pretensão de fazer o
invisível em visível. Na verdade, na arte religiosa monacal há toda uma dimensão
catequética e pedagógica que importa colocar em relevo. Por isso, com razão se
chamava às Igrejas, às catedrais, às esculturas, a “Biblia dos Pobres”, porque em tudo
eles sabiam decifrar uma verdadeira mensagem de salvação. A iconografia
testemunhava as verdades que ensinavam os teólogos e os exegetas.
A sociedade vai-se estruturando e cristalizando nas suas funções: em primeiro
lugar estão os oratores, que rezam pelo povo, os bellatores que defendem os povos pelas
armas e os laboratores que trabalham a terra, para que os monjes e os guerreiros tenham
o seu pão de cada dia. Seria uma nova Europa e uma nova sociedade que emergia
depois dos ventos que emanaram do Norte.
Estamos diante de uma sociedade, profundamente enraizada na fé, por isso a
cultura medieval está em grande medida impregnada de fé, porque é a fé a base onde
repousa a vida do homem medieval. Em bom rigor, a sociedade medieval estava
inteiramente dominada pela Igreja, porque os homens medievais eram homens crentes.
A política, a vida social, a economia, a vida moral, a arte, a inteligência tudo estava
ordenado e regulado pela fé cristã até nos seus mais pequenos detalhes.
Os mosteiros eram centros de vida espiritual mais intensa e também de vida
cultural mais florescente, o que resulta que toda a cultura medieval fica devedora a
uma cultura monástica, até ao ponto de que se pode afirmar que somente a partir do
século XII a cultura se diversifica em dois grandes blocos: a cultura monástica e a
cultura secular.
Como é demonstrado os mosteiros desempenharam durante a Idade Média um
papel decisivo na formação da Europa.
Em bom rigor, os mosteiros não só foram locais de guarda da Fé Cristã, bem
como locais de guarda de uma cultura que imprimiu uma nova sociedade na Europa e as
bases para uma nova civilização ocidental, e que à sua sombra muitas foram as aldeias,
vilas e cidades que se constituíram e hoje constituem o “Velho-Continente.”

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Os monjes e a cultura

  • 1. Os monjes e a cultura A entrada dos povos vindos do Norte da Europa para Sul, irá dar uma nova dimensão social na sociedade europeia, sobretudo na cultura e na religião. A Europa encontra-se então num novo processo da sua História. Novas formas de Governo, novas formas de repovoamento, novas formas de cultura e um mudança na mentalidade à qual a Fé não passa despercebida. Para esta época os mosteiros são um pólo decisivo na construção de uma “nova-Europa”. Os monjes viviam separados do mundo, foram homens do seu tempo, mesmo não podendo influir na sociedade dada a sua especificidade de monjes, eram membros activos da sociedade da qual ao mesmo tempo se separavam voluntariamente. Os mosteiros eram bastiões de cultura e de memória, o que fazia destes locais, como locais de ensino e educação. Ali se guardavam os grandes clássicos greco- romanos. Em torno aos mosteiros se geraram várias escolas que formavam novos quadros sociais para os mais diversos sectores da sociedade. Redesenha-se uma nova sociedade. Mas a vida dos monjes não girava principalmente em torno das bibliotecas, mas também em torno da Igreja e dos campos – ora et labora. Em torno destes locais de Deus foram também se redefinindo novos campos de cultivo para as populações que por sua vez se fixam junto a estes, quer pelas questões de trabalho, quer por questões de cultura. Começam-se assim a definir novas aldeias, vilas e mais tarde cidades. Porém, os mosteiros convertem-se em locais de arte com a pretensão de fazer o invisível em visível. Na verdade, na arte religiosa monacal há toda uma dimensão catequética e pedagógica que importa colocar em relevo. Por isso, com razão se chamava às Igrejas, às catedrais, às esculturas, a “Biblia dos Pobres”, porque em tudo eles sabiam decifrar uma verdadeira mensagem de salvação. A iconografia testemunhava as verdades que ensinavam os teólogos e os exegetas. A sociedade vai-se estruturando e cristalizando nas suas funções: em primeiro lugar estão os oratores, que rezam pelo povo, os bellatores que defendem os povos pelas armas e os laboratores que trabalham a terra, para que os monjes e os guerreiros tenham o seu pão de cada dia. Seria uma nova Europa e uma nova sociedade que emergia depois dos ventos que emanaram do Norte. Estamos diante de uma sociedade, profundamente enraizada na fé, por isso a cultura medieval está em grande medida impregnada de fé, porque é a fé a base onde repousa a vida do homem medieval. Em bom rigor, a sociedade medieval estava inteiramente dominada pela Igreja, porque os homens medievais eram homens crentes. A política, a vida social, a economia, a vida moral, a arte, a inteligência tudo estava ordenado e regulado pela fé cristã até nos seus mais pequenos detalhes.
  • 2. Os mosteiros eram centros de vida espiritual mais intensa e também de vida cultural mais florescente, o que resulta que toda a cultura medieval fica devedora a uma cultura monástica, até ao ponto de que se pode afirmar que somente a partir do século XII a cultura se diversifica em dois grandes blocos: a cultura monástica e a cultura secular. Como é demonstrado os mosteiros desempenharam durante a Idade Média um papel decisivo na formação da Europa. Em bom rigor, os mosteiros não só foram locais de guarda da Fé Cristã, bem como locais de guarda de uma cultura que imprimiu uma nova sociedade na Europa e as bases para uma nova civilização ocidental, e que à sua sombra muitas foram as aldeias, vilas e cidades que se constituíram e hoje constituem o “Velho-Continente.”