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Conceitos fundamentais em
Mecânica dos Fluidos
PME3238
Fenômenos de Transporte
Aula 01
Prof. Dr. Bruno Souza Carmo
Mecânica dos fluidos
•  Mecânica: ramo do física que lida com movimento,
energia e forças
•  A Mecânica dos Fluidos trata do comportamento
dos fluidos em repouso (estática) e em movimento
(dinâmica)
•  Aplicações: transporte, propulsão, forças fluidas
em estruturas, máquinas de fluxo, lubrificação,
engenharia biomédica, esportes, geração de energia,
refrigeração, aquecimento, dispersão de poluentes,
etc.
Definição de fluido
Um fluido é uma substância que se deforma
continuamente sob a aplicação de uma tensão de
cisalhamento (tangencial) de qualquer valor
Compreendem as fases líquida e gasosa da matéria
O fluido como meio contínuo I
•  Na Mecânica dos Fluidos clássica, o fluido é
considerado um meio contínuo, isto é, as
dimensões características do sistema são muito
maiores do que o livre caminho médio das
moléculas (≈10-9 m para gases e ≈10-10 m para
líquidos).
•  Sendo assim, assumimos que as propriedades
dos fluidos variam continuamente no espaço,
permitindo o uso do Cálculo Diferencial na sua
análise.
O fluido como meio contínuo II
Ex: massa específica ρ
(massa por unidade de volume)
m
V
V
V
=
V V
m
V
Massa específica
•  A massa específica depende da temperatura.
•  Para gases, também depende da pressão e pode
ser calculada, na maioria das situações, pela
equação de estado dos gases ideais
p = ρRT
•  A massa específica pode, a princípio, variar no
espaço e no tempo. Portanto sua representação
completa é como um campo escalar:
ρ = ρ(x, y, z, t)
Densidade e peso específico
•  A densidade relativa, ou apenas densidade,
SG, é a razão entre a massa específica do fluido e
a massa específica da água a 4 °C (1000 kg/m3):
SG = ρ / ρágua
•  O peso específico, γ, é o peso da substância
por unidade de volume:
γ = mg / V = ρg
Forças e campo de tensão
•  Tipos de força
▫  Forças de superfície (pressão, atrito)
▫  Forças de campo ou corpo (gravidade, magnética)
•  Tensões são geradas por forças de superfície
atuando sobre uma partícula fluida
Tensão = Força / Área
•  As tensões num fluido são majoritariamente
geradas por movimento (num sólido são geradas
por deflexão).
Tipos de tensão
Tensão de cisalhamento:
n =
An 0
Fn
An
Tensão normal:
n =
An 0
Ft
An
Campo de tensões I
Um elemento de volume fluido está submetido a
um campo de tensões que pode ser baseado num
sistema de coordenadas arbitrário
xy
direção
normal do plano de atuação
O sinal da tensão é o produto
dos sinais da direção da
tensão e da normal da
superfície onde ela atua
Campo de tensões II
O campo de
tensões é uma
grandeza tensorial
xx xy xz
yx yy yz
zx zy zz
Viscosidade – Vídeo
Viscosidade
•  Num fluido, as tensões de cisalhamento
aparecem devido ao escoamento viscoso e estão
relacionadas à taxa de deformação.
•  A viscosidade é uma propriedade do fluido que
fornece esta relação entre tensão de
cisalhamento e taxa de deformação.
•  Para um fluido em repouso, não existirá tensão
de cisalhamento.
Taxa de deformação I
Num intervalo δt, o elemento fluido é deformado
de MNOP para M’NOP’. A taxa de deformação é
dada por:
t 0 t
=
t
Taxa de deformação II
Tomando o limite:
Vamos expressá-la com grandezas mais fáceis de
medir. Relacionamos o comprimento δl com a
velocidade δu: δl = δuδt
Igualando as expressões de δl, sendo y a direção
normal à velocidade δu:
u t = y
t
=
u
y
t
=
u
y
Fluidos newtonianos
São fluidos nos quais a
tensão de cisalhamento é
diretamente proporcional
à taxa de deformação:
Exemplos: ar, água, boa
parte dos óleos.
xy
u
y
Viscosidade dinâmica
A constante de proporcionalidade da equação
anterior é a viscosidade dinâmica, µ, que é
uma propriedade do fluido.
Esta equação é a Lei de Newton da viscosidade.
Dimensão de µ: Unidades:
xy = µ
u
y
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L2
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M
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A viscosidade depende
fortemente da temperatura.
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A viscosidade cinemática,
ν, é a razão entre µ e ρ:
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µ L2
t
Fluidos não newtonianos – vídeo
Fluidos não newtonianos
A relação entre τxy e du/dy
pode ser representada por um
modelo exponencial para
pseudoplásticos (n<1) e
dilatantes (n>1):
Plásticos de Bingham
comportam-se como sólido até
uma tensão limítrofe.
xy = k
u
y
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xy = l + µp
u
y
Condição de não escorregamento
•  Na fronteira com um sólido, a velocidade
relativa ao sólido é nula.
•  Essa é uma característica de todos os
escoamentos viscosos.
•  Ela se deve a interações moleculares e equilíbrio
de quantidade de movimento.
•  Também conhecida como princípio da aderência
completa.
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Hipótese de perfil linear de
velocidades
Podemos admitir que o perfil de velocidades é
linear quando as seguintes condições forem
simultaneamente satisfeitas:
•  O fluido for viscoso;
•  O escoamento for laminar;
•  O escoamento acontecer entre superfícies planas
ou cilíndricas paralelas e próximas entre si;
•  Não houver gradiente de pressão na direção do
escoamento.
Exercício 1
Uma placa de vidro quadrada de 0,6 m de lado
desliza sobre um plano inclinado também de
vidro. Sabendo-se que a placa pesa 30 N e que
adquire uma velocidade constante de 5 cm/s
quando o plano tem inclinação de 30° em relação
à horizontal, determinar a viscosidade dinâmica
da película lubrificante de 0,1 mm, que está entre
as duas placas.
Exercício 2
Um eixo de 30 mm de diâmetro gira em um
mancal de 30,1 mm de diâmetro interno e 60 mm
de comprimento com a frequência de 5000 rpm. A
essa frequência pode-se supor que a
excentricidade seja nula.
O lubrificante utilizado
é o óleo SAE-30 a 60 °C
(µ = 0,04 kg/(m·s)).
Qual é a potência
absorvida pelo
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Tensão superficial - vídeo 1
Tensão superficial
•  É uma propriedade que resulta de forças
atrativas entre as moléculas.
•  Quando um líquido está em contato com outro
fluido imiscível, uma interface se desenvolve
agindo como uma membrana elástica esticada.
Características da tensão superficial
•  Duas características:
ângulo de contato θ e
o modulo da tensão
superficial σ [F/L]
•  Dependem do próprio
líquido e das
substância com as
quais faz a interface.
Tensão superficial – vídeo 2
Subida de fluido em tubo capilar
Pressão de vapor
•  É a pressão resultante das moléculas na fase
gasosa quando há um equilíbrio entre o
transporte de moléculas da fase líquida para a
gasosa e vice-versa.
•  Difere de um líquido para outro e é altamente
dependente da pressão e da temperatura.
•  A ebulição acontece quando a pressão de vapor é
igual à pressão ambiente.
Cavitação
•  Pode ocorrer em escoamentos de líquidos onde a
pressão local atinge valores menores que a
pressão de vapor.
•  Formam-se bolhas que podem ser transportadas
para regiões de pressão mais elevadas,
colapsando e criando picos de pressão locais.
•  Estes picos podem danificar as paredes sólidas
de hélices ou válvulas.
Cavitação em hélice
Classificação de escoamentos
Escoamento viscoso vs não viscoso
•  Escoamentos não viscosos são chamados de
ideais.
•  Condição de não escorregamento não se aplica a
escoamentos não viscosos.
•  A única força de superfície em escoamentos não
viscosos são forças de pressão (normais).
•  Não ocorrem perdas em escoamentos não
viscosos.
Escoamento laminar vs turbulento
Escoamento compressível vs
incompressível
•  Escoamentos incompressíveis são aqueles nos
quais as variações de massa específica são
desprezíveis.
•  Escoamentos de líquidos, no geral, podem ser
tratados como incompressíveis.
•  Módulo de compressibilidade:
Ev
p
( / )
Velocidade do som
•  Perturbações de pressão se propagam no meio
fluido com a velocidade do som, c.
•  Para gases ideais, c = (kRT)1/2, onde k é a razão
entre os calores específicos a pressão constante e
a volume constante.
•  Definição do número de Mach, Ma: Ma = V / c.
•  O escoamento de um gás com Ma < 0,3 pode ser
considerado incompressível (ρ varia menos que
5%).
Escoamento interno vs externo
•  Escoamentos internos são aqueles confinados
por fronteiras sólidas. Ex: escoamento no
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Conceitos Mecânica Fluidos

  • 1. Conceitos fundamentais em Mecânica dos Fluidos PME3238 Fenômenos de Transporte Aula 01 Prof. Dr. Bruno Souza Carmo
  • 2. Mecânica dos fluidos •  Mecânica: ramo do física que lida com movimento, energia e forças •  A Mecânica dos Fluidos trata do comportamento dos fluidos em repouso (estática) e em movimento (dinâmica) •  Aplicações: transporte, propulsão, forças fluidas em estruturas, máquinas de fluxo, lubrificação, engenharia biomédica, esportes, geração de energia, refrigeração, aquecimento, dispersão de poluentes, etc.
  • 3. Definição de fluido Um fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento (tangencial) de qualquer valor Compreendem as fases líquida e gasosa da matéria
  • 4. O fluido como meio contínuo I •  Na Mecânica dos Fluidos clássica, o fluido é considerado um meio contínuo, isto é, as dimensões características do sistema são muito maiores do que o livre caminho médio das moléculas (≈10-9 m para gases e ≈10-10 m para líquidos). •  Sendo assim, assumimos que as propriedades dos fluidos variam continuamente no espaço, permitindo o uso do Cálculo Diferencial na sua análise.
  • 5. O fluido como meio contínuo II Ex: massa específica ρ (massa por unidade de volume) m V V V = V V m V
  • 6. Massa específica •  A massa específica depende da temperatura. •  Para gases, também depende da pressão e pode ser calculada, na maioria das situações, pela equação de estado dos gases ideais p = ρRT •  A massa específica pode, a princípio, variar no espaço e no tempo. Portanto sua representação completa é como um campo escalar: ρ = ρ(x, y, z, t)
  • 7. Densidade e peso específico •  A densidade relativa, ou apenas densidade, SG, é a razão entre a massa específica do fluido e a massa específica da água a 4 °C (1000 kg/m3): SG = ρ / ρágua •  O peso específico, γ, é o peso da substância por unidade de volume: γ = mg / V = ρg
  • 8. Forças e campo de tensão •  Tipos de força ▫  Forças de superfície (pressão, atrito) ▫  Forças de campo ou corpo (gravidade, magnética) •  Tensões são geradas por forças de superfície atuando sobre uma partícula fluida Tensão = Força / Área •  As tensões num fluido são majoritariamente geradas por movimento (num sólido são geradas por deflexão).
  • 9. Tipos de tensão Tensão de cisalhamento: n = An 0 Fn An Tensão normal: n = An 0 Ft An
  • 10. Campo de tensões I Um elemento de volume fluido está submetido a um campo de tensões que pode ser baseado num sistema de coordenadas arbitrário xy direção normal do plano de atuação O sinal da tensão é o produto dos sinais da direção da tensão e da normal da superfície onde ela atua
  • 11. Campo de tensões II O campo de tensões é uma grandeza tensorial xx xy xz yx yy yz zx zy zz
  • 13. Viscosidade •  Num fluido, as tensões de cisalhamento aparecem devido ao escoamento viscoso e estão relacionadas à taxa de deformação. •  A viscosidade é uma propriedade do fluido que fornece esta relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação. •  Para um fluido em repouso, não existirá tensão de cisalhamento.
  • 14. Taxa de deformação I Num intervalo δt, o elemento fluido é deformado de MNOP para M’NOP’. A taxa de deformação é dada por: t 0 t = t
  • 15. Taxa de deformação II Tomando o limite: Vamos expressá-la com grandezas mais fáceis de medir. Relacionamos o comprimento δl com a velocidade δu: δl = δuδt Igualando as expressões de δl, sendo y a direção normal à velocidade δu: u t = y t = u y t = u y
  • 16. Fluidos newtonianos São fluidos nos quais a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à taxa de deformação: Exemplos: ar, água, boa parte dos óleos. xy u y
  • 17. Viscosidade dinâmica A constante de proporcionalidade da equação anterior é a viscosidade dinâmica, µ, que é uma propriedade do fluido. Esta equação é a Lei de Newton da viscosidade. Dimensão de µ: Unidades: xy = µ u y Ft L2 = M Lt · ·
  • 18. Mais sobre a viscosidade... A viscosidade depende fortemente da temperatura. Gases: # T, # µ Líquidos: # T, $ µ A viscosidade cinemática, ν, é a razão entre µ e ρ: = µ L2 t
  • 20. Fluidos não newtonianos A relação entre τxy e du/dy pode ser representada por um modelo exponencial para pseudoplásticos (n<1) e dilatantes (n>1): Plásticos de Bingham comportam-se como sólido até uma tensão limítrofe. xy = k u y n xy = l + µp u y
  • 21. Condição de não escorregamento •  Na fronteira com um sólido, a velocidade relativa ao sólido é nula. •  Essa é uma característica de todos os escoamentos viscosos. •  Ela se deve a interações moleculares e equilíbrio de quantidade de movimento. •  Também conhecida como princípio da aderência completa.
  • 23. Hipótese de perfil linear de velocidades Podemos admitir que o perfil de velocidades é linear quando as seguintes condições forem simultaneamente satisfeitas: •  O fluido for viscoso; •  O escoamento for laminar; •  O escoamento acontecer entre superfícies planas ou cilíndricas paralelas e próximas entre si; •  Não houver gradiente de pressão na direção do escoamento.
  • 24. Exercício 1 Uma placa de vidro quadrada de 0,6 m de lado desliza sobre um plano inclinado também de vidro. Sabendo-se que a placa pesa 30 N e que adquire uma velocidade constante de 5 cm/s quando o plano tem inclinação de 30° em relação à horizontal, determinar a viscosidade dinâmica da película lubrificante de 0,1 mm, que está entre as duas placas.
  • 25. Exercício 2 Um eixo de 30 mm de diâmetro gira em um mancal de 30,1 mm de diâmetro interno e 60 mm de comprimento com a frequência de 5000 rpm. A essa frequência pode-se supor que a excentricidade seja nula. O lubrificante utilizado é o óleo SAE-30 a 60 °C (µ = 0,04 kg/(m·s)). Qual é a potência absorvida pelo mecanismo?
  • 27. Tensão superficial •  É uma propriedade que resulta de forças atrativas entre as moléculas. •  Quando um líquido está em contato com outro fluido imiscível, uma interface se desenvolve agindo como uma membrana elástica esticada.
  • 28. Características da tensão superficial •  Duas características: ângulo de contato θ e o modulo da tensão superficial σ [F/L] •  Dependem do próprio líquido e das substância com as quais faz a interface.
  • 30. Subida de fluido em tubo capilar
  • 31. Pressão de vapor •  É a pressão resultante das moléculas na fase gasosa quando há um equilíbrio entre o transporte de moléculas da fase líquida para a gasosa e vice-versa. •  Difere de um líquido para outro e é altamente dependente da pressão e da temperatura. •  A ebulição acontece quando a pressão de vapor é igual à pressão ambiente.
  • 32. Cavitação •  Pode ocorrer em escoamentos de líquidos onde a pressão local atinge valores menores que a pressão de vapor. •  Formam-se bolhas que podem ser transportadas para regiões de pressão mais elevadas, colapsando e criando picos de pressão locais. •  Estes picos podem danificar as paredes sólidas de hélices ou válvulas.
  • 35. Escoamento viscoso vs não viscoso •  Escoamentos não viscosos são chamados de ideais. •  Condição de não escorregamento não se aplica a escoamentos não viscosos. •  A única força de superfície em escoamentos não viscosos são forças de pressão (normais). •  Não ocorrem perdas em escoamentos não viscosos.
  • 36. Escoamento laminar vs turbulento
  • 37. Escoamento compressível vs incompressível •  Escoamentos incompressíveis são aqueles nos quais as variações de massa específica são desprezíveis. •  Escoamentos de líquidos, no geral, podem ser tratados como incompressíveis. •  Módulo de compressibilidade: Ev p ( / )
  • 38. Velocidade do som •  Perturbações de pressão se propagam no meio fluido com a velocidade do som, c. •  Para gases ideais, c = (kRT)1/2, onde k é a razão entre os calores específicos a pressão constante e a volume constante. •  Definição do número de Mach, Ma: Ma = V / c. •  O escoamento de um gás com Ma < 0,3 pode ser considerado incompressível (ρ varia menos que 5%).
  • 39. Escoamento interno vs externo •  Escoamentos internos são aqueles confinados por fronteiras sólidas. Ex: escoamento no interior de um tubo. •  Escoamentos externos são aqueles que acontecem ao redor de um corpo imerso na corrente fluida. Ex: escoamento ao redor de um avião.