Este artigo discute as interfaces entre estudos antropológicos de gênero e sexualidade no Brasil e como os movimentos feministas e pela diversidade sexual influenciaram esses estudos. A autora descreve a evolução desses campos de estudo, desde a naturalização da diferença sexual biológica até a construção contemporânea de gêneros múltiplos e identidades fluidas. O artigo também reflete sobre como os saberes feministas e a perspectiva dos direitos humanos e culturais influenciam os estudos de gênero e sexualidade
2. Sobre a autora:
Doutorado em Sociologia - USP (1980). Professora Titular de
Antropologia da Universidade de Brasília. Ex-Conselheira do Conselho
Nacional dos Diretos das Mulher e ex-membro de comitê de
monitoramento da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, ex
Vice Presidente da Associação Brasileira de Antropologia. Tem
experiência na área de Antropologia, com ênfase em Teoria Antropológica,
atuando principalmente nos seguintes temas: violência contra a mulher,
saúde e direitos reprodutivos, violencia domestica, gênero e família,
antropologia do gênero, antropologia das políticas públicas de saúde e
segurança, práticas jurídicas.
3. Objetivo do artigo
Refletir e analisar as interfaces entre estudos
antropológicos de gênero e sexualidade no Brasil, e as
implicações da circulação no campo acadêmico das
reinvindicações por direitos pelos movimentos
feministas e pelos movimentos pela diversidade
sexual.
4. Contextualização
• Últimas duas décadas - relevância na circulação de
conceitos teóricos entre campos de estudos de
gêneroesexualidade.
• Diversidade cultural reivindicada: os interditos
sexuais e os lugares das mulheres são postos pelos
costumeseporleisecódigosreligiosos.
5. Naturalização biológica da diferença
sexual à construção dos gêneros
• Antes do feminismo anos 70: diferença de sexo posta no
biológico–inferioridadedosexofeminino;
• EUA – anos 60 e 70: com o impacto do feminismo,
movimento da igualdade é feito em nome das mulheres,
reivindicandoodeterminismobiológico;
6. • Movimento pela liberação das Mulheres na França
(anos 70): feminismo igualitarista e o feminismo
diferencialista.
8. As construções das categorias múltiplas de gênero e
sexualidade e as identificações políticas por alianças
• Na concepção Hodierna: os estudos de gênero e de
sexualidade - as fronteiras de gênero ultrapassam as
diferençasdehomensemulheres,entreheterossexuaise
homossexuais.
• A busca daigualdade não é a busca da identidade única,
é a busca da igualdade política de direitos e respeito à
diversidade.
9. • Constituiçãodegênero(JudithButler,1990):proliferação
de gêneros, homens e mulheres, heterossexuais e
homossexuais, lésbicas, gays, travestis, transexuais,
transgêneroseváriasoutrascategorias.
• Há uma proliferação, segundos os estudos de gênero, de
formasdesere deseconstruir.
10. • Conceito de gênero - construção cultural transformável,
torna-se evidente que não há identidades, mas
identificações em processo, jamais identidades eternas e
uniformatadas.
11. Inflexões e contraste
• Saberes Feministas: consideração dos saberes situados
dos pesquisadores e dos saberes dos sujeitos em foco –
posições no contexto interacional e de relações de poder
ouhierarquia.
Trêspontosdeinflexão
Primeiro ponto: posição paradigmática dos estudos
feministasdegênero
12. • Propõe que a perspectiva feminista dos estudo de gênero
possairalémdobinômio:resistênciaousubordinação.
Segundo ponto de inflexão: forma de tratar
metodologicamente da diversidade cultural, entendida
comodiversidadesocietária.
Terceiro ponto de inflexão: a forma que o autor/a se
situardiantedossujeitospesquisados
13. • Os direitos coletivos: vinculados ao direito à diversidade
culturaldogrupooupovocomoumtodo.
• Os direitos individuais: vinculados ao cuidado de
implicarefocarseutrabalhoemrelaçãoaosdireitospela
igualdadedegênerooupeladiversidadesexual.
Observação: “Ninguém pode invocar a diversidade cultural para
justificar a violação dos direitos humanos garantidos pelo direito
internacional(...)”.
14. Referência:
MACHADO, L. Z. (2014). Interfaces e deslocamentos:
feminismos, direitos, sexualidades e antropologia. Dossiê
Antropologia, gênero e sexualidade no Brasil: Balanços e
Perspectivas,p.13-46,2014.