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DIDÁTICA: UMA RETROSPECTIVA HISTORICA
                                              Simone Helen Drumond Ischkanian
                                       http://simonehelendrumond.blogspot.com
                                                 simone_drumond@hotmail.com

    A retrospecção histórica da didática compreende dois elementos: o papel
da disciplina antes de sua inclusão nos cursos de formação de professores a
nível superior, compreendendo o período que vai de 1549 até 1930 e o
artifício que procura reconstituir a trajetória da Didática a partir da década de
30 até a atualidade.
    Os aspectos sócio-econômicos, políticos e educacionais, servem de face
para indicar as propostas pedagógicas recentes na educação, bem como os
aspectos do papel da Didática.
    Atuando no Brasil, por volta de 1549 a 1759, os basais educadores de
quase todo o período colonial, foram os Jesuítas. A tarefa educativa estava
voltada para a catequese e instrução dos indígenas, porém, a elite colonial,
recebia uma educação diferenciada.
    O grau de ensino era consubstanciado no Ratio Studiorum, cuja utopia
era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se
inquietava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e
desatento à realidade da vida de colônia.
    A obra pedagógica dos jesuítas foi distinguida pelos formatos dogmáticas
do pensamento, contra o pensamento crítico. Privilegiado o exercício da
memória e a ampliação do raciocínio; destinavam atenção ao aparelhamento
dos padres-mestres, dando destaque à formação do caráter e sua concepção
psicológica para conhecimento de si mesmo e do aluno.
    O ponto de vista da metodologia dos alunos está localizado no seu
caráter puramente formal, tendo por base o raciocínio e a informação. É
caracterizado pela visão essencialista do homem, o procedimento de ensino é
entendido como um contíguo de regras e normas prescritivas visando à
orientação da instrução e do estudo.
Após a proposta pedagógica dos Jesuítas, não ocorreu no país grandes
movimentos pedagógicos. Escassas foram transformações apanhadas pela
sociedade colonial e durante o Império e a República. A nova organização
instituída pelo Marques de Pombal, pedagogicamente, concebeu um atraso.
Educadores     laicos   foram   admitidos   para   ministrar   as   “aulas-régias”
introduzidas pela reforma pombalina.
    Em meados de 1870, o Brasil vive o seu período de “Iluminismo”.
Segundo SAVIANI (1984, p. 275), “tomam corpo movimentos cada vez mais
independentes da influência religiosa”.
    No tablado educacional, suprime-se o ensino religioso nas escolas
públicas, passando o Estado a assumir a laicidade. É aprovada a reforma de
Benjamin Constant (1890) sob a influência do positivismo. A escola busca
disseminar uma visão burguesa de mundo e sociedade, a fim de garantir a
consolidação da burguesia industrial como classe dominante.
    O declive laico da Pedagogia Tradicional, mantém a visão essencialista
de homem, não como criação divina, mas aliada à noção de natureza
humana, fundamentalmente racional. Essa vertente infundiu a criação da
escola pública, laica, universal e gratuita. SAVIANI (1984, p. 274).
    A saliência da pedagogia tradicional leiga está centrada no intelecto, na
essência, atribuindo um caráter dogmático aos conteúdos. Os métodos são
princípios universais e lógicos; o educador é visto como o centro do processo
de aprendizagem, idealizado o educando como um ser receptivo e inerte. A
disciplina é a forma de garantir a atenção, o silêncio e a ordem.
    A didática é abrangida como: um contíguo de leis, propendo e
certificando aos futuros tutores os nortes necessárias ao trabalho docente. A
atividade docente é percebida como absolutamente autônoma face à política,
dissociada das questões entre escola e sociedade. Uma Didática que aparta
teoria de prática.
A admissão da Didática como disciplina em cursos de formação de
professores para o então ensino secundário, ocorreu aproximadamente um
século após, ou consistentemente em 1934.
     Na década de 30, a coletividade brasileira sofre densas modificações,
determinadas essencialmente pela alteração do padrão sócio-econômico.
Paralelamente, desencadea-se o movimento de reorganização das forças
econômicas e políticas o que resultou em um conflito: a revolução de 30
marco comumente empregado para indicar o início de uma nova fase na
história da República do Brasil e no âmbito educacional, durante o governo
revolucionário de 1930, Vargas constitui o Ministério de Educação e Saúde
Pública. Em 1932 é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova,
preconizando a reconstrução social da escola na sociedade urbana e
industrial.
     Dentre os anos de 1931 e 1932 concretizou-se a reforma Francisco
Campos. Estabelece-se a educação mercantil; adota-se o regime universitário
para o ensino superior, bem como se organiza a primeira universidade
brasileira.
     O tempo situado entre 1930 e 1945 é caracterizado pela    estabilização
entre as autoridades da concepção humanista tradicional (concebida pelos
católicos) e humanista moderna (bancada pelos pioneiros). Para SAVIANI
(1985, p. 276) a concepção humanista moderna se baseia em uma “visão de
homem centrada na existência, na vida, na atividade”. Há predomínio do
aspecto psicológico sobre o lógico. O escolanovismo propõe um novo tipo de
homem, defende os princípios democráticos, isto é, todos têm direito a assim
se desenvolverem. No entanto, isso é feito em uma sociedade dividida em
classes, onde são evidentes as diferenças entre o dominador e as classes
subalternas. A característica mais marcante do escolanovismo é a valorização
da criança, vista como ser dotado de poderes individuais, cuja liberdade,
iniciativa, autonomia e interesses devem ser respeitados. O movimento
escolanovista preconizava a solução de problemas educacionais em uma
perspectiva interna da escola, sem considerar a realidade brasileira nos seus
aspectos político, econômico e social.
    Devido à predominância da autoridade da Pedagogia Nova na legislação
educacional e nos cursos de formação para o magistério, o educador
submergiu o seu ideário.
    A Didática igualmente sofreu influencias, transpondo a aguçar o caráter
prático-técnico do processo ensino-aprendizagem, onde teoria e pratica são
justaposta. Propiciou a formação de um novo perfil de professor: o técnico.
    A educação é arquitetada como um procedimento de pesquisa, partindo
da conjetura de que os assuntos de que tratam o ensino são problemas.
    Por volta de 1945 a 1960 surgiu o predomínio das novas idéias , esse
período correspondeu à aceleração e diversificação do processo de
substituição de importações e à penetração do capital estrangeiro. O modelo
político é baseado nos princípios da democracia liberal com crescente
participação das massas. É o estado populista – desenvolvimentalista,
representando uma aliança entre o empresariado e setores populares, contra
a oligarquia. No fim do período, começa a delinear uma polarização, deixando
entrever dois caminhos para o desenvolvimento: o de tendência populista e o
de tendência antipopulista.
    A política educacional, que caracteriza essa fase, reflete muito bem a
“ambivalência dos grupos de poder”.
    No período de 1948 a 1961 as lutas ideológicas entre: escolas
particulares e defensores das escolas públicas tornaram-se latentes. Nesse
contexto conflituoso as escolas católicas inseriram-se no movimento
renovador, difundindo o método de Maria Montessori e Lubienska. Por meio
dessa inserção, outros indícios renovadores começaram a ser disseminados,
entre os quais destacam-se Ginásio Orientado para o Trabalho (GOT), os
Ginásios Pluracurriculares, os Ginásios Vocacionais, entre outros. Essa
renovação culminou com as reformas promovidas no sistema escolar
brasileiro no período de 1968 a 1971.
Ressalto que nessa fase a Didática era inspirada no liberalismo e no
pragmatismo, acentuando a predominância dos processos metodológicos em
predominância dos processos metodológicos em detrimento da própria
aquisição do conhecimento.
    Os descaminhos da didática ocorreram pós 1964.
    O período de 1960 e 1968 foi marcado pela crise da Pedagogia Nova e
articulação da Tendência Tecnicista, assumida pelo grupo militar e tecnocrata.
A finalidade entre as duas encontra-se, não no plano das conseqüências, mas
no plano dos pressupostos de objetividade, racionalidade e neutralidade.
Nesse contexto a Didática apresenta como pano d fundo uma perspectiva
realmente ingênua de neutralidade científica.
    A partir de 1974, surgiram estudos empenhados em fazer a critica da
educação dominante, evidenciando as funções reais da política educacional,
acobertada    pelo    discurso   político-pedagogico   oficial.   Esse   estudos
denominaram-se “teorias critico-reprodutivistas”. Essa teoria contribuiu para
acentuar uma postura de pessimismo, por outro lado, a atitude critica passou
a ser exigida pelos alunos e os professores procuraram rever sua própria
pratica pedagógica.
    Na década de 80 delineiam-se os iniciais estudos em busca de
alternativas para a Didática, a partir dos pressupostos da Pedagogia Critica.
    No processo de politização do futuro professor, a Didática critica busca
superar o intelectualismo formal do enfoque tradicional, para compreender,
analisar e da um sentido real a educação brasileira, porém ainda é necessário
uma Didática que proponha mudanças significativas no modo de pensar e agir
do educador e que este tenha presente a necessidade de democratizar o
ensino. Não resta duvida que essa tomada de consciência e o envolvimento
dinâmico de todos que permeiam o campo educacional, irá promover uma
transcendência evolutiva coesa da Didática critica, contextualizada ao
socialmente com a formação continua do educador.
REFERÊNCIA


DRUMOND, Simone Helen Ischkanian – DIDÁTICA: UMA RETROSPECTIVA HISTORICA
http://simonehelendrumond.blogspot.com


VEIGA, Ilma Passos (Coord.) / Colaboradores Antônia Osima Lopes. Didática: uma
retrospectiva histórica. IN:. Repensando a didática. Campinas, SP, p. 25-40.

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Didatica

  • 1. DIDÁTICA: UMA RETROSPECTIVA HISTORICA Simone Helen Drumond Ischkanian http://simonehelendrumond.blogspot.com simone_drumond@hotmail.com A retrospecção histórica da didática compreende dois elementos: o papel da disciplina antes de sua inclusão nos cursos de formação de professores a nível superior, compreendendo o período que vai de 1549 até 1930 e o artifício que procura reconstituir a trajetória da Didática a partir da década de 30 até a atualidade. Os aspectos sócio-econômicos, políticos e educacionais, servem de face para indicar as propostas pedagógicas recentes na educação, bem como os aspectos do papel da Didática. Atuando no Brasil, por volta de 1549 a 1759, os basais educadores de quase todo o período colonial, foram os Jesuítas. A tarefa educativa estava voltada para a catequese e instrução dos indígenas, porém, a elite colonial, recebia uma educação diferenciada. O grau de ensino era consubstanciado no Ratio Studiorum, cuja utopia era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se inquietava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e desatento à realidade da vida de colônia. A obra pedagógica dos jesuítas foi distinguida pelos formatos dogmáticas do pensamento, contra o pensamento crítico. Privilegiado o exercício da memória e a ampliação do raciocínio; destinavam atenção ao aparelhamento dos padres-mestres, dando destaque à formação do caráter e sua concepção psicológica para conhecimento de si mesmo e do aluno. O ponto de vista da metodologia dos alunos está localizado no seu caráter puramente formal, tendo por base o raciocínio e a informação. É caracterizado pela visão essencialista do homem, o procedimento de ensino é entendido como um contíguo de regras e normas prescritivas visando à orientação da instrução e do estudo.
  • 2. Após a proposta pedagógica dos Jesuítas, não ocorreu no país grandes movimentos pedagógicos. Escassas foram transformações apanhadas pela sociedade colonial e durante o Império e a República. A nova organização instituída pelo Marques de Pombal, pedagogicamente, concebeu um atraso. Educadores laicos foram admitidos para ministrar as “aulas-régias” introduzidas pela reforma pombalina. Em meados de 1870, o Brasil vive o seu período de “Iluminismo”. Segundo SAVIANI (1984, p. 275), “tomam corpo movimentos cada vez mais independentes da influência religiosa”. No tablado educacional, suprime-se o ensino religioso nas escolas públicas, passando o Estado a assumir a laicidade. É aprovada a reforma de Benjamin Constant (1890) sob a influência do positivismo. A escola busca disseminar uma visão burguesa de mundo e sociedade, a fim de garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. O declive laico da Pedagogia Tradicional, mantém a visão essencialista de homem, não como criação divina, mas aliada à noção de natureza humana, fundamentalmente racional. Essa vertente infundiu a criação da escola pública, laica, universal e gratuita. SAVIANI (1984, p. 274). A saliência da pedagogia tradicional leiga está centrada no intelecto, na essência, atribuindo um caráter dogmático aos conteúdos. Os métodos são princípios universais e lógicos; o educador é visto como o centro do processo de aprendizagem, idealizado o educando como um ser receptivo e inerte. A disciplina é a forma de garantir a atenção, o silêncio e a ordem. A didática é abrangida como: um contíguo de leis, propendo e certificando aos futuros tutores os nortes necessárias ao trabalho docente. A atividade docente é percebida como absolutamente autônoma face à política, dissociada das questões entre escola e sociedade. Uma Didática que aparta teoria de prática.
  • 3. A admissão da Didática como disciplina em cursos de formação de professores para o então ensino secundário, ocorreu aproximadamente um século após, ou consistentemente em 1934. Na década de 30, a coletividade brasileira sofre densas modificações, determinadas essencialmente pela alteração do padrão sócio-econômico. Paralelamente, desencadea-se o movimento de reorganização das forças econômicas e políticas o que resultou em um conflito: a revolução de 30 marco comumente empregado para indicar o início de uma nova fase na história da República do Brasil e no âmbito educacional, durante o governo revolucionário de 1930, Vargas constitui o Ministério de Educação e Saúde Pública. Em 1932 é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, preconizando a reconstrução social da escola na sociedade urbana e industrial. Dentre os anos de 1931 e 1932 concretizou-se a reforma Francisco Campos. Estabelece-se a educação mercantil; adota-se o regime universitário para o ensino superior, bem como se organiza a primeira universidade brasileira. O tempo situado entre 1930 e 1945 é caracterizado pela estabilização entre as autoridades da concepção humanista tradicional (concebida pelos católicos) e humanista moderna (bancada pelos pioneiros). Para SAVIANI (1985, p. 276) a concepção humanista moderna se baseia em uma “visão de homem centrada na existência, na vida, na atividade”. Há predomínio do aspecto psicológico sobre o lógico. O escolanovismo propõe um novo tipo de homem, defende os princípios democráticos, isto é, todos têm direito a assim se desenvolverem. No entanto, isso é feito em uma sociedade dividida em classes, onde são evidentes as diferenças entre o dominador e as classes subalternas. A característica mais marcante do escolanovismo é a valorização da criança, vista como ser dotado de poderes individuais, cuja liberdade, iniciativa, autonomia e interesses devem ser respeitados. O movimento escolanovista preconizava a solução de problemas educacionais em uma
  • 4. perspectiva interna da escola, sem considerar a realidade brasileira nos seus aspectos político, econômico e social. Devido à predominância da autoridade da Pedagogia Nova na legislação educacional e nos cursos de formação para o magistério, o educador submergiu o seu ideário. A Didática igualmente sofreu influencias, transpondo a aguçar o caráter prático-técnico do processo ensino-aprendizagem, onde teoria e pratica são justaposta. Propiciou a formação de um novo perfil de professor: o técnico. A educação é arquitetada como um procedimento de pesquisa, partindo da conjetura de que os assuntos de que tratam o ensino são problemas. Por volta de 1945 a 1960 surgiu o predomínio das novas idéias , esse período correspondeu à aceleração e diversificação do processo de substituição de importações e à penetração do capital estrangeiro. O modelo político é baseado nos princípios da democracia liberal com crescente participação das massas. É o estado populista – desenvolvimentalista, representando uma aliança entre o empresariado e setores populares, contra a oligarquia. No fim do período, começa a delinear uma polarização, deixando entrever dois caminhos para o desenvolvimento: o de tendência populista e o de tendência antipopulista. A política educacional, que caracteriza essa fase, reflete muito bem a “ambivalência dos grupos de poder”. No período de 1948 a 1961 as lutas ideológicas entre: escolas particulares e defensores das escolas públicas tornaram-se latentes. Nesse contexto conflituoso as escolas católicas inseriram-se no movimento renovador, difundindo o método de Maria Montessori e Lubienska. Por meio dessa inserção, outros indícios renovadores começaram a ser disseminados, entre os quais destacam-se Ginásio Orientado para o Trabalho (GOT), os Ginásios Pluracurriculares, os Ginásios Vocacionais, entre outros. Essa renovação culminou com as reformas promovidas no sistema escolar brasileiro no período de 1968 a 1971.
  • 5. Ressalto que nessa fase a Didática era inspirada no liberalismo e no pragmatismo, acentuando a predominância dos processos metodológicos em predominância dos processos metodológicos em detrimento da própria aquisição do conhecimento. Os descaminhos da didática ocorreram pós 1964. O período de 1960 e 1968 foi marcado pela crise da Pedagogia Nova e articulação da Tendência Tecnicista, assumida pelo grupo militar e tecnocrata. A finalidade entre as duas encontra-se, não no plano das conseqüências, mas no plano dos pressupostos de objetividade, racionalidade e neutralidade. Nesse contexto a Didática apresenta como pano d fundo uma perspectiva realmente ingênua de neutralidade científica. A partir de 1974, surgiram estudos empenhados em fazer a critica da educação dominante, evidenciando as funções reais da política educacional, acobertada pelo discurso político-pedagogico oficial. Esse estudos denominaram-se “teorias critico-reprodutivistas”. Essa teoria contribuiu para acentuar uma postura de pessimismo, por outro lado, a atitude critica passou a ser exigida pelos alunos e os professores procuraram rever sua própria pratica pedagógica. Na década de 80 delineiam-se os iniciais estudos em busca de alternativas para a Didática, a partir dos pressupostos da Pedagogia Critica. No processo de politização do futuro professor, a Didática critica busca superar o intelectualismo formal do enfoque tradicional, para compreender, analisar e da um sentido real a educação brasileira, porém ainda é necessário uma Didática que proponha mudanças significativas no modo de pensar e agir do educador e que este tenha presente a necessidade de democratizar o ensino. Não resta duvida que essa tomada de consciência e o envolvimento dinâmico de todos que permeiam o campo educacional, irá promover uma transcendência evolutiva coesa da Didática critica, contextualizada ao socialmente com a formação continua do educador.
  • 6. REFERÊNCIA DRUMOND, Simone Helen Ischkanian – DIDÁTICA: UMA RETROSPECTIVA HISTORICA http://simonehelendrumond.blogspot.com VEIGA, Ilma Passos (Coord.) / Colaboradores Antônia Osima Lopes. Didática: uma retrospectiva histórica. IN:. Repensando a didática. Campinas, SP, p. 25-40.