SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 164
Baixar para ler offline
B699
Bonar, Horatius (1808-1889)
O caminho de santidade de Deus – Horatius
Bonar
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra
Rio de Janeiro, 2021.
164p, 14,8 x 21 cm
1. Teologia. 2. Vida cristã. I. Título
CDD 230
SUMÁRIO
PREFÁCIO:...............................................................................03
CAPÍTULO 1: A Nova Vida................................................05
CAPÍTULO 2: Cristo por nós, o Espírito em
nós...............................................................................................27
CAPÍTULO 3: A Raiz e o Solo da Santidade.............44
CAPÍTULO 4: Uma força contra o pecado..............63
CAPÍTULO 5: A Cruz e Seu Poder...............................74
CAPÍTULO 6: O Santo e a Lei........................................91
CAPÍTULO 7: O Santo e o Sétimo Capítulo
dos Romanos.......................................................................116
CAPÍTULO 8: O verdadeiro credo e a
verdadeira vida..................................................................129
CAPÍTULO 9: Conselhos e advertências..............146
2
PREFÁCIO
O caminho da paz e o caminho da santidade
estão lado a lado, ou melhor, eles são um. Aquilo
que concede um comunica o outro; e aquele que
pega um leva o outro também.
O Espírito de paz é o Espírito de santidade.
O Deus de paz é o Deus de santidade.
Se a qualquer momento esses caminhos
parecerem se separar, deve haver algo errado -
errado no ensino que os faz parecer deixar a
companhia, ou errado no estado do homem em
cuja vida eles têm feito isso. Eles começam juntos,
ou pelo menos quase juntos que nenhum olho,
exceto o divino pode marcar a diferença. No
entanto, falando propriamente, a paz precede a
santidade e é seu pai. Isso é o que os teólogos
chamam de "prioridade na natureza, embora não
no tempo", o que significa substancialmente isso,
que a diferença em tais começos quase idênticos
é muito pequeno em um ponto de tempo para ser
percebido por nós, mas não é nessa conta menos
distinto e real.
Os dois não são independentes. Existe comunhão
entre eles, comunhão vital, cada um sendo o
ajudante do outro. a comunhão não é mera
coincidência, como no caso de estranhos que por
3
acaso se encontram no mesmo caminho, nem de
arbitrária nomeação, como no caso de duas
estradas paralelas, mas de ajuda mútua e simpatia
- como a comunhão de cabeça e coração, ou de
dois membros de um corpo, a paz sendo
indispensável para a produção ou causação da
santidade, e a santidade indispensável à
manutenção e aprofundamento da paz. Aquele
que afirma que tem paz, enquanto vive em
pecado, é "um mentiroso, e a verdade não está
nele. "Aquele que pensa que tem santidade,
embora ele não tem paz, deveria questionar se ele
entendeu bem o que a Bíblia quer dizer com um
ou outro; para, como a essência da santidade é o
estado correto da alma em relação a Deus, não
parece possível que um homem possa ser santo,
enquanto não houver reconciliação consciente
entre Deus e ele. (Nota do tradutor: A guerra entre
o homem e Deus tem que acabar primeiro por
meio da justificação pela fé, pois é dito em Rom 5
que “justificados pela graça mediante a fé, temos
paz com Deus.) Pode haver uma santidade
espúria, fundada em uma paz espúria, ou em
nenhuma paz afinal; mas a verdadeira santidade
deve partir de uma paz verdadeira e autêntica.
4
CAPÍTULO 1 - A nova vida
É para uma nova vida que Deus nos chama; não
para alguns novos passos em vida, alguns novos
hábitos ou maneiras ou motivos ou perspectivas,
mas para uma nova vida. Para a produção desta
nova vida o eterno Filho de Deus tomou nossa
carne, morreu, foi sepultado e ressuscitou. Não
era vida produzindo vida, uma vida inferior
elevando-se a uma superior, mas a vida se
enraizando em seu oposto, a vida produzida a
partir da morte, pela morte do "Príncipe da vida".
Donova criação, como da velha, Ele é o autor. Para
a operação disso, o Espírito Santo desceu em
poder, entra nas almas dos homens e mora lá, que
a partir do velho pode trazer o novo. Aquilo que
Deus chama de novo deve ser verdade. Pois a
Bíblia significa o que diz, como sendo, de todos os
livros, não apenas o mais verdadeiro em
pensamento, mas o mais preciso na fala.
Grandiosa então e autêntica deve ser aquela
"coisa nova na terra" que Deus "cria", para a qual
Ele nos chama, e o que Ele faz por meios tão
estupendos e a tal custo. Mais odiosa também
deve ser aquela nossa velha vida para Ele, quando,
a fim de aboli-la, entrega Seu Filho; e mais
querido, devemos estar à sua vista quando, a fim
de nos resgatar da velha vida, e nos tornar
participantes da nova, Ele traz todos os recursos
5
divinos de amor, poder e sabedoria, para atender
às exigências de um caso que, de outra forma,
teria sido totalmente perdido. O homem de quem
a velha vida saiu, e para quem uma nova vida
chegou, ainda é o mesmo indivíduo. O mesmo
sendo que antes estava "sob a lei" agora está "sob a
graça". Suas feições e membros ainda são os
mesmos; seu intelecto, imaginação, capacidades e
responsabilidades ainda são os mesmos. Mas
ainda assim as coisas velhas passaram longe;
todas as coisas se tornaram novas. O velho está
morto; o novo homem vive. Não é apenas a velha
vida retocada e feita mais graciosa, defeitos
riscados, rugosidade suavizada, graças presas
aqui e ali. Não é uma coluna quebrada reparada,
uma imagem suja limpa, uma inscrição
desfigurada preenchida, um templo não varrido
branqueado. É mais do que tudo isso, do contrário
Deus não a chamaria de nova criação, nem o
Senhor teria afirmado com tal terrível
explicitação, como Ele faz em sua conferência
com Nicodemos, a lei divina de exclusão e entrada
no reino de Deus (João 3: 3). No entanto, quão
poucos em nossos dias acreditam que "aquilo que
nasce da carne é carne; e o que é nascido do
Espírito é espírito" (João 3: 6). Ouça como Deus
fala! Ele nos chama de "bebês recém-nascidos" (1
Pedro 2: 2),"novas criaturas" (Gal. 6:15), uma "nova
massa" (1 Cor 5: 9), um "novo homem" (Efésios
2:15), cumpridores de um "novo mandamento" (1
João 2: 8), herdeiros de "um novo nome" e uma
6
nova cidade (Apocalipse 2:17; 3:12), com
expectativa de "novos céus e uma nova terra" (2
Pedro 3:13). Este novo ser, tendo iniciado em um
novo nascimento, desdobra-se em “novidade de
espírito "(Rom. 7: 6), de acordo com uma "nova
aliança" (Heb. 8: 8), caminha ao longo de um
"novo e vivo caminho", (Hb 10:20), e termina no
"novo cântico" e na "Nova Jerusalém" (Ap. 5: 9; 21:
2).
Não é algo exterior, feito de moralidades e
benevolências ostentosas, ou ritos pitorescos e
rotina graciosa de devoção, ou sentimentalismos
brilhantes ou sombrios, ou declarações religiosas
à medida de ocasiões, quanto à grandeza da
antiguidade, ou graça sacramental, ou a grandeza
da criatura, ou a nobreza da humanidade, ou a
paternidade universal de Deus. É algo mais
profundo, mais verdadeiro e mais genial do que
aquilo que se chama profundo, verdadeiro e
genial em filosofia religiosa moderna. Suas
afinidades são com as coisas de cima; suas
simpatias são divinas; está do lado de Deus em
tudo; isto não tem nada, além de algumas
expressões, em comum com superficialidades e
falsidades que, sob o nome de religião, são
comuns entre as multidões que chamam a Cristo
de "Senhor" e "Mestre". Um cristão é aquele que
foi "crucificado com Cristo", que tem morrido
com Ele, foi sepultado com Ele, ressuscitou com
Ele, ascendeu com Ele, e está sentado " nos
lugares celestiais" com Ele (Rom. 6: 3-8; Gal 2:20;
7
Ef. 2: 5,6; Colossenses 3: 1-3). Como tal, ele se
considera morto para o pecado, mas vivo para
Deus (Rom. 6:11). Como tal, ele não cede seus
membros como instrumentos de injustiça para o
pecado, mas ele entrega-se a Deus, vivo dentre os
mortos, e seus membros como instrumentos de
justiça para Deus. Como tal, ele busca "as coisas
que estão acima", e coloca sua afeição nas coisas
acima, mortificando seus membros que estão na
terra; fornicação, impureza, afeição excessiva,
concupiscência má e cobiça, que é idolatria
(Colossenses 3: 1-5).
Essa novidade é abrangente, tanto em sua
exclusão do mal como em sua inclusão do bem. É
resumida pelo apóstolo em duas coisas: justiça e
santidade. "Despoje-se", diz ele, "do velho, que é
corrupto, de acordo com as concupiscências
enganosas; e seja renovado no espírito de sua
mente; ... revista-se do novo homem, que segundo
Deus é criado em justiça e verdadeira santidade,"
(Ef 4: 22-24), literalmente "justiça e santidade da
verdade", isto é, descansando na verdade. O novo
homem, então, deve ser justo e santo, interior e
exteriormente, perante Deus e o homem, no que
diz respeito à Lei e ao evangelho, e isso por meio
da verdade. Pois como aquilo que é falso ("a
mentira" verso 25) só pode produzir injustiça e
impiedade, então a verdade produz justiça e
santidade por meio do poder do Espírito Santo. O
erro fere, a verdade cura; o erro é a raiz do
pecado, a verdade é a raiz de pureza e perfeição. É
8
então para uma nova posição ou estado, um novo
caráter moral, uma nova vida, uma nova alegria,
um novo trabalho, uma nova esperança, que
somos chamados. Aquele que pensa que a religião
compreende nada menos do que isso nada
conhece ainda como ele deveria saber. Para
aquilo que o homem chama de "piedade", menos
pode ser suficiente; mas para nenhuma religião
que não em algum grau abrace estes, pode o
reconhecimento divino ser concedido. Estas são
palavras importantes do apóstolo: "Nós somos
feitura dele." Dele, e por meio dele, e para ele são
todas as coisas que pertencem para nós.
Escolhido, chamado, vivificado, lavado,
santificado e justificado pelo próprio Deus, de
forma alguma somos nossos próprios
libertadores. A pedreira a partir da qual o
mármore vem é Sua; o mármore em si é dEle, o
cavar, cortar e polir são Seus; Ele é o escultor e
nós a estátua.“Nós somos sua feitura”, diz o
apóstolo. Mas isto não é tudo. Nós somos,
acrescenta ele, "criados em Cristo Jesus para as
boas obras, que Deus antes ordenou para que
andássemos nelas." O plano, a seleção dos
materiais, o modelo, o trabalhador, o
acabamento, são todos divinos; e embora ainda
não apareça o que seremos, sabemos que
seremos "como Ele", Sua imagem reproduzida em
nós, sendo ele próprio representado por nós, pois
somos "renovados em entendimento segundo a
imagem daquele que nos criou” (Colossenses
9
3:10). Não é, entretanto, mármore morto e frio que
deve ser trabalhado. Esse é um trabalho simples,
exigindo apenas uma determinada quantidade de
habilidade. Mas a remodelação da alma é
indescritivelmente mais difícil e requer muitos
aparelhos mais complexos. As influências no
trabalho em oposição - interna e externa,
espiritual, legal, física - são muitas; e igualmente
numerosas devem ser as influências trazidas em
jogo para atender a tudo isso, e realizar o desígnio.
O trabalho não é mecânico, mas moral e
espiritual (físico em certo sentido, como lidar
com a natureza das coisas, mas mais
verdadeiramente, moral e espiritual).
Onipotência não é mero poder físico ilimitado,
operando, como na matéria inanimada, por mera
intensidade de vontade; mas poder que, com
recursos ilimitados ao seu comando, exibe sua
grandeza por regular suas saídas de acordo com
as circunstâncias morais, produzindo seus
maiores resultados por influências morais
indiretas, desenvolvendo-se em conformidade
com a lei e soberania, e santo amor por um lado, e
por outro com a culpa humana, e
responsabilidade da criatura e livre arbítrio. As
complexidades, portanto introduzidas são
infinitas, e as "quantidades variáveis", se assim
podemos falar, são tão peculiares e tão
inumeráveis, que não podemos encontrar
fórmula para nos ajudar na solução do problema;
ficamos confusos em especular sobre os
10
processos pelos quais a onipotência lida com
seres morais, seja em sua pecaminosidade ou em
sua santidade. Aqui, vamos também notar a
dualidade ou duplicidade da verdade divina, o
esquecimento do qual ocasionou muitas
controvérsias infrutíferas e originou muitas
falsidades. A verdade não é, de fato, bilateral, mas
multifacetada, como um cristal bem lapidado. Em
um sentido mais geral, no entanto, é realmente
dupla; com uma face celestial e uma terrestre,
uma divina e um lado ou aspecto humano. É na
linha onde esses dois se encontram que o maior
ajuste é necessário e, portanto, é aqui, que essas
teologias divergentes entraram especialmente
em conflito. Os aspectos da verdade em direção ao
céu e à terra devem ser cuidadosamente distintos
- aquele que se encaixa no outro, aquele que tem
contrapartida no outro. Deus é Soberano absoluto;
é esse lado. O homem tem vontade própria e não é
uma máquina ou uma pedra; esse é o outro. Deus
escolhe e atrai de acordo com o bom prazer de
Sua vontade; ainda assim, ele não impede
nenhum homem de vir ou de estar disposto. Deus
é o doador de fé, mas "a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela Palavra de Deus" (Rom. 10:17). Daí a
dificuldade de acreditar não é da ausência de
faculdades adequadas, mas da perturbação
destas, e a conversão é a restauração de Deus
destas à sua natureza original. A fé não é uma joia
estrangeira importada para a alma, distinta de
todos os nossos poderes originais; é
11
simplesmente o homem crendo, em
consequência de sua alma ser corrigida pelo
Santo Espírito, mas ele acredita e descrê da
mesma forma que antes. Isto não é o intelecto, ou
a mente, ou as afeições que acreditam; isto é o
homem, o homem total, o mesmo homem inteiro
que antigamente era descrente. Muito absurdo e
não filosófico (para não dizer anti-bíblico) foram
as questões levantadas quanto à sede da fé, seja no
intelecto, ou na vontade, ou no coração. Fé é o
homem crente, assim como o amor é o homem
que ama. Em Romanos 10: 9, o apóstolo não está
contrastando o coração com a mente, mas com a
boca; em outras palavras, o homem interno com o
externo. Deus opera em nós tanto o querer como
o fazer, mas nos ordena que trabalhemos nossa
salvação com temor e tremor. É Deus que nos
santifica, mas é pela "verdade" que somos
santificados (João 17:17). É Deus quem purifica
(Tito 2:14), mas é pela fé que nossos corações são
purificados (Atos 15: 9). É Deus que nos enche de
alegria e paz, e ainda assim "em acreditar". Essa
dualidade é a chave para a solução de muitas
controvérsias difíceis. Os movimentos do
intelecto do homem não é substituído por Deus,
mas assumido e regulado; o intelecto em si não é
subjugado e forçado, mas é liberado para fazer
seu verdadeiro trabalho realmente.
[2] As "coisas celestiais" e "coisas terrenas" são
distintas, mas não separadas; sempre para serem
vistas em conexão comum um ao outro, mas não
12
confuso; porque confusão aqui é
misticismo,superstição e falsa doutrina. "Existem
corpos celestes, e corpos terrestres; mas a glória
do celestial é uma, e a glória do terrestre é outra"
(1 Cor. 15:40). Em cada verdade bíblica existem
dois elementos, o divino e o humano; mas o
elemento divino é uma coisa, o humano outra. A
teologia que incorpora mais verdade é aquela que
sabe como reconhecer ambos, sem confusão, mas
sem isolamento ou antagonismo, e que se recusa
a fundir o divino no humano ou o humano no
divino.
[3]Daí a necessidade de nos limitarmos à Palavra,
e ao perigo de introduzir a metafísica humana em
questões conectadas com a mudança espiritual
operada em nós. É Deus quem trabalha; isto é, nós
que somos trabalhados; e tudo que é preciso ser
conhecido em conexão com esta obra é revelado
no registro divino. Nós damos este pensamento
teve alguma proeminência por causa da
tendência com muitos para magnificar a
humanidade, e subestimar a grandeza dessa
mudança que dá início ao curso e caráter cristão.
Sem elevação do sabor natural, sem infusão de
religião ou benevolente seriedade, nenhum
cultivo do intelecto, pode preencher a descrição
que nos foi dada na palavra de alguém "que teme a
Deus" e é "chamado de acordo com o Seu
propósito", "gerado novamente para uma
esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos” (1 Pedro 1: 3). Pedimos isso com
13
mais decisão porque, como é o começo, também é
o meio e o fim. Uma ideia falsa ou um passo
divergente no início pode levar a uma religião
falsa ao longo da vida, a uma imperfeita e
bondade superficial, como uma figura incorreta
ou sinal em uma equação falsifica o processo e o
resultado. Se a junta deslocada não é configurada
corretamente, ele nunca mais funcionará
confortavelmente; e se a ferida é apenas esfolada,
a doença pode estar tomando seu próprio
caminho por baixo, ainda mais fatal porque é
suposto ter sido removida.
Como o Espírito Santo opera na produção da
novidade da qual nós falamos, não sabemos; mas
ainda sabemos que Ele não destrói ou inverte as
faculdades do homem; Ele as renova também
para que cumpram os verdadeiros fins para os
quais foram dadas. Como Ele não faz da mão o pé,
nem do olho o ouvido, então Ele não faz do
coração o intelecto, nem da vontade o
julgamento. Cada corpo docente permanece o
mesmo no final e uso como antes, apenas
purificado e configurado corretamente para
funcionar. Nem o Espírito Santo substitui o uso de
nossas faculdades por Sua habitação. Em vez
disso, esta habitação torna estas mais úteis, mais
enérgicas, cada uma fazendo seu trabalho
adequado e cumprindo seu devido ofício;
enquanto todo o homem, corpo, alma e espírito,
em vez de ser colocado sob restrição mecânica, é
tornado mais verdadeiramente livre, nunca mais
14
completamente ele mesmo do que quando
preenchido com o Espírito Santo. Pois o resultado
da habitação do Espírito é a liberdade; não
escravidão, ou a produção de um caráter artificial.
Assim, embora nenhuma violência seja feita ao
nosso ser na regeneração (novo nascimento pelo
Espírito), a onipotência está em ação em todos os
pontos. Nosso novo ser não é o resultado de um
processo mecânico, mas é o produto do poder
divino. Deus o reivindica como uma "criação" e
como obra de Suas próprias mãos. "Ora, foi o
próprio Deus quem nos preparou para isto,
outorgando-nos o penhor do Espírito." (2 Cor. 5: 5),
onde a palavra implica a elaboração completa de
alguma peça difícil de se trabalhar. "É Deus que
opera em nós tanto o querer como o fazer de
acordo com sua boa vontade" (Fp 2:13), onde as
expressões indicam uma operação que influencia
nossa vontade, bem como nosso fazer, eisso por
causa de estar "satisfeito" com Cristo (Mt 3:17) e
com Seu próprio desígnio eterno. "Cultivo de
Deus" (1 Cor. 3: 9) é o Seu nome para nós quando
falamos como lavradores,"Edifício de Deus" (ou
tecido), Seu nome quando fala como um
arquiteto. É para a imagem de Seu Filho que Ele
nos predestinou para sermos conformados, para
que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos
(Rom. 8:29), tendo "nos escolhido nEle antes da
fundação do mundo, que devemos ser santos e
sem culpa diante dEle em amor" (Efésios 1: 4). É,
então, para a santidade que Deus está nos
15
chamando (1 Tes. 4: 7); que nós devemos ter nosso
"fruto para santidade" (Rom. 6:22), que nossos
corações devem ser estabelecidos
"irrepreensíveis em santidade" (1 Tes. 3:13); que
devemos abundar em "todo santo procedimento e
piedade" (2 Pe 3:11); que devemos ser "um santo
sacerdócio" (1 Pedro 2: 5); "piedosos em todas as
formas de conduta" (1 Pedro 1:15);" chamados com
uma santa vocação" (2 Tim. 1: 9); "santos e
irrepreensíveis diante dEle em amor" (Efésios 1:
4), apresentando não apenas nossas almas, mas
nossos corpos como um sacrifício santo a Deus
(Rom. 12: 1); não, lembrando que esses corpos não
são apenas "um sacrifício", mas um "templo do
Espírito Santo" (1 Coríntios 6:19).
Santidade é semelhança com Deus, com Aquele
que é o Santo de Israel, com Aquele a quem eles
louvam no céu, como "Santo, Santo, Santo" (Ap 4:
8). Isto é a semelhança com Cristo, com "aquele
ente sagrado" que nasceu da virgem, para Aquele
que era "santo, inofensivo, imaculado, separado
de pecadores" (Heb. 7:26). Não é apenas uma
disjunção do mal e do mundo mau; mas é
separação para Deus e Seu serviço. Isto é
separação sacerdotal, para serviço sacerdotal. É
uma distinção como aquilo que marcava o
tabernáculo e todos os seus vasos, separação de
cada uso comum: separação por sangue "o sangue
doaliança eterna," este sangue (ou o que ele
significa, a saber, morte) sendo interposto entre
nós e todas as coisas comuns, de modo que
16
estamos mortos para o pecado, mas vivos para
Deus, vivos para a justiça, tendo morrido e
ressuscitado naquele cujo sangue nos fez o que
somos, santos. Esta santidade ou consagração se
estende a todas as partes de nossas pessoas,
preenche o nosso ser, espalha-se pela nossa vida,
influencia tudo o que fazemos, ou pensamos, ou
falamos, ou planejamos, pequeno ou grande,
exterior ou interior, negativo ou positivo, nosso
amor, nosso ódio, nossa tristeza, nossa alegria,
nossas recreações, nosso negócio, nossas
amizades, nossos relacionamentos, nosso
silêncio, nossa fala, nossa leitura, nossa escrita,
nosso sair e entrar - todo o nosso homem em cada
movimento de espírito, alma e corpo. Na casa, no
santuário, na câmara, no mercado, na loja, no
balcão, na rodovia, tem que ver que a nossa éuma
vida consagrada.
Em um aspecto, a santificação é um ato, algo feito
de uma vez, como a justificação. No momento em
que o sangue nos toca, isto é, assim que
acreditamos no testemunho de Deus sobre o
sangue - estamos "limpos" (João15: 3),
"santificado", separado para Deus. É neste
cerimonial ou sentido sacerdotal de que a palavra
é usada na Epístola aos Hebreus; pois como isso
aos Romanos nos leva ao fórum e lida com nossa
situação legal, para que os hebreus nos levem
para o templo, e trata de nossa posição sacerdotal.
Como os vasos do santuário foram imediatamente
separados para Deus e Seu serviço, no momento
17
em que o sangue os tocou, nós também. Isso não
implicava que esses vasos não exigiam ablução
diária depois, então nem nossa consagração
íntima de que não precisamos de santificação
diária, nem de interior processo para se livrar do
pecado. A consagração iniciática através do
sangue é uma coisa, e a santificação contínua pelo
poder do Espírito Santo é outrs. O primeiro é o
primeiro passo,a introdução ao último; não,
absolutamente indispensável para qualquer
progresso no último; ainda assim não o substitui,
mas o torna bastante uma necessidade maior.
Para este fim, somos consagrados pelo sangue,
para que possamos ser purificados interiormente
pelo Espírito Santo; e aquele que faria da
integridade do primeiro ato um substituto para o
último processo, ou uma razão para negligenciá-
lo, ainda precisa aprender o que significa
consagração, qual é a importância do sangue que
consagra, e para que fim fomos escolhidos em
Cristo e chamados por Sua graça (Efésios 1: 4).
Aquilo que o homem chama de pecado pode ser
facilmente obliterado ou atenuado para baixo em
bondade. Não mereceria expulsão do Paraíso,
nem dilúvio, nem fogo de Sodoma; é uma coisa
que as chamas do Sinai grandemente exageram, e
da qual a história de Israel apresenta um
excepcional cenário. É um dos percalços da
humanidade, cuja enormidade tem sido mal
avaliada pelos teólogos, e a história de que, nas
Escrituras, deve ser lido com reduções e devidas
18
permissões para colorir oriental! Não é coisa do
juiz, mas para o médico; não uma coisa para
condenação, mas para piedade. Isto não merece
inferno, nenhuma ira divina, nenhuma sentença
legal; não precisa de expiação, nem sangue, nem
cruz, nem substituição de vida por vida; mera
encarnação como a expressão do amor divino ao
infeliz, e a sugestão para o universo da
compreensão de Deus a paternidade e a união de
Adão com Deus serão suficientes. Mas o que Deus
chama de pecado é algo infinitamente terrível,
longe além de nossas idéias de infortúnio e
doença, algo para o qual até mesmo Sodoma e
Sinai mostraram apenas uma expressão débil. É
algo que a lei amaldiçoa e o juiz condena; algo que
precisa de um perdão justo, um Salvador divino e
um Espírito todo-poderoso; algo que pode
destruir uma alma e arruinar um mundo, que
pode, de uma única gota, transbordar a terra por
seis mil anos e preencher o inferno eternamente.
É aquele de cujo ódio o sangue e a fumaça e o fogo
do altar fala, que é "excessivamente pecaminoso",
cujo salário é a morte, a primeira e a segunda
morte, e de cuja perversidade a escuridão eterna
é a testemunha.
Aquele que deseja conhecer a santidade deve
compreender o pecado: e aquele que veria o
pecado como Deus o vê, e pensaria nele como
Deus o vê, deve olhar a cruz e sepultura do Filho
de Deus, e deve conhecer o significado de
Getsêmani e Gólgota. Devo pensar no pecado
19
como Deus pensa? Certamente. Eu não teria
liberdade de pensar de outra forma? Nenhuma.
Você pode fazer isso, se quiser arriscar, mas as
consequências são terríveis, pois o erro é pecado.
Nós não somos obrigados a pensar como o
homem pensa. A este respeito, temos toda
liberdade; não tradição, mas o pensamento livre
pode ser nossa fórmula aqui. Mas somos
obrigados a pensar como Deus pensa, não em
uma coisa, mas em tudo. Ai daquele que presume
ser diferente de Deus, ou considera uma questão
leve ser uma mente com Ele, ou tentar provar que
a Bíblia é imprecisa ou ininteligível, ou apenas
metade inspirada, a fim de se libertar da
responsabilidade de receber toda a verdade de
Deus e dar-lhe licença para acreditar ou descrer a
seu bel-prazer, livre das amarras de uma
revelação fixa. A tendência dos dias atuais é
subestimar o pecado e compreender mal sua
natureza. Da cruz de Cristo os homens partem dos
próprios elementos que revelam a opinião divina
sobre seu mal. Pecado é admitido como um mal,
maior ou menor de acordo com as circunstâncias;
um veneno hereditário, do qual o tempo e a
seriedade trabalharão a Constituição; um apetite
incontrolável, mas inevitável, que deve ser
corrigido gradualmente pela disciplina moral e
dietas intelectuais saudáveis, tornadas medicinais
por uma infusão moderada do "elemento
religioso"; uma dor nauseante, às vezes na
consciência, às vezes no coração, que deve ser
20
acalmado pelo misticismo sonhador, que, agindo
como clorofórmio espiritual, embota a
inquietação sem tocar em seu assento; Isso é
tudo! Por que um Deus amoroso deveria, por um
mal tão leve e curável, ter entregue ao nosso
mundo por seis mil anos a tal tristeza, dor,
lágrimas, cansaço, doença e morte, que
transbordaram de terrível dilúvio, é uma questão
que tal teoria do mal deixa sem resposta. No
entanto, tais são as representações do pecado
com as quais nós encontramos uma grande
quantidade de literatura e religião penetrando em
nossos dias.
A humanidade está lutando para se erguer,
nobremente autossuficiente! A raça está se
elevando (pois a teoria darwiniana encontrou seu
caminho na religião); e o Cristianismo é uma
ajuda útil neste processo de autorregeneração!
Assim, muitos profetas falam de paz onde não há
nenhuma, empenhado em "curar a dor" pela
negação de sua letalidade. De que adianta chamar
o mal de bem e o bem de mal, este colocando
trevas por luz e luz por trevas, este amargo
colocado por doce e doce por amargo, será no
grande dia do ajuste de contas, uma hora que vem
mostrar. “Acordai para a justiça e não pequeis”, é
a mensagem de Deus para nós (1Cor. 15:34). “Sede
santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:16).
"Apresentem os seus corpos como sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus” (Rom. 12: 1).“Expurgai o
fermento velho, para que sejais massa nova” (1
21
Coríntios 5: 7). "Que todo aquele que se chama
pelo nome de Cristo se afaste da iniquidade" (2
Timóteo 2:19). "Negando a impiedade e as luxúrias
mundanas, ... viva sobriamente, justamente e
piedosamente, neste mundo presente." (Tito 2:12).
"Sede diligentes para que sejais achados nele em
paz, sem mancha e irrepreensíveis" (2 Pedro 3:14).
"Vivei, acima de tudo, por modo digno do
evangelho de Cristo" (Fp 1:27). "E não sejais
cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes,
porém, reprovai-as.” (Efésios 5:11). "mas revesti-
vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para
a carne no tocante às suas concupiscências."
(Rom. 13:14). "Amados, exorto-vos, como
peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes
das paixões carnais, que fazem guerra contra a
alma," (1 Pedro 2:11).
Do pecado, então, em todos os sentidos e
aspectos, Deus está nos chamando. Como
excessivamente pecaminosa, a coisa abominável
que Ele odeia e deseja vingar, Ele nos avisa contra
isso. Ele fala conosco como "moldado em
iniquidade e concebido em pecado ", carregando o
mal conosco, não, preenchido com ele e
embebido nele; não apenas como doente e
exigindo remédio, ou infeliz e exigindo pena, mas
como culpado, sob a lei, sob sentença, morto em
delitos e pecados, com inevitável julgamento
diante de nós. Ele não palia nem agrava nosso
caso, mas calmamente nos diz o pior; nos
mostrando o que somos, antes de alertar a nós
22
para sermos o que Ele se propôs a nos tornar. De
toda impiedade, de toda impureza, de toda
injustiça, de toda corrupção, de todos os
caminhos tortuosos, de toda desobediência, de
toda imundície da carne e do espírito, Ele está nos
chamando, em Cristo Jesus, Seu Filho.
(Nota do Tradutor: Como o autor escreveu em
meados do século XIX, quando muitas das
invenções tecnológicas sequer haviam sido
imaginadas, e em que todo este mundo de mídia e
virtual em que vivemos não se encontrava
presente, com o poder de influência que exerce
sobre as vidas de todos nós, considerei oportuno
abrir esta nota para falar neste capítulo relativo à
nova vida, ou nova criatura em Cristo, para
enfocar que maior é a dificuldade para que isto
seja processado nos presentes dias, a par de toda a
divulgação do evangelho em todo o mundo, do
que nos dias passados, com a apresentação das
principais razões para isto.
Antes de tudo, deve ser considerado que sendo o
chamado à conversão a Cristo, algo que deve ser
obrigatoriamente feito no mundo real e segundo
a verdade revelada nas Escrituras, a a maior
dificuldade reside justamente neste ponto porque
o mundo pós-moderno não é dado a investigar e
mostrar interesse pela verdade divina, e de fato
por qualquer tipo de verdade, uma vez que há um
exagerado consumo de coisas que são em sua
natureza virtuais e não verdadeiras, não que elas
23
não sejam reais naquilo que apresentam, pois
retratram a realidade que é conforme uma mera
especulação imaginativa não pertencente ao
mundo real das coisas, ou então que seja
pertencente ao mesmo.
Então, correu em paralelo a isto a formação do
hábito de se aceitar e aprovar como coisas lícitas e
agradáveis até mesmo aquilo que se fosse vivido
no mundo real, causaria espanto e fuga das
mesmas. Por exemplo, a exibição de cenas em
vídeos, de assassinatos brutais, de crueldades
contra animais e pessoas, de exibições de ideias
fantasiosas em filmes de horror e violência em
que os personagens são destruidores de alto
potencial. Simplesmente houve uma adaptação
geral a tal estado cultural que a noção de afeto,
amor, cuidado, proteção, caíram no
esquecimento no consciente coletivo, tendo o
homem se tornado algo como um ser frio, uma
mera extensão de uma grande máquina
tecnológica, sem sentimentos e juízo crítico
fundados em valores que são eternos e
verdadeiros conforme eles se encontram em
Deus e foram a nós comunicados pela Sua Palavra.
Não admira o grande avanço da iniquidade, da
violência, da corrupção, da impureza em todo o
mundo. Da destruição do conceito de família
nuclear. Do respeito pelas tradições lícitas. O
pecado ganhou uma nova e grande força com este
combustível moderno que põe em relevo o virtual
24
e fantasioso, no lugar do real e verdadeiro. Então
qual seria o interesse que se poderia encontrar
naqueles que desejam se voltar para Deus e à Sua
verdade, senão apenas naqueles que o próprio
Deus atrair para isto, livrando-os destas correntes
poderosas que amarraram suas mentes ao que é
vil, falso, diabólico?
Jesus disse que nos últimos dias seria este o
quadro reinante, pelo aumento multiplicado da
iniquidade, e do grande número de falsos
profetas, pastores, mestres e cristos, para
desviarem nos próprios assuntos do verdadeiro
evangelho os professantes religiosos para aquilo
que não passa de ensino de demônios e de
homens pervertidos. O resultado disso seria uma
grande apostasia que assolaria o mundo inteiro,
especialmente o dito cristianizado, conforme se
vê disto de forma profunda na Europa
presentemente.
Como não há interesse na verdade da sã doutrina,
mas na mentira, no falso ensino, o próprio Deus
tem entregue a humanidade a ser enlaçada por
estes falsos ensinadores em que eles têm
colocado a sua confiança e esperança.
Fala-se muito de se combater fake-news, ou seja,
notícias falsas. Mas é interessante observar que o
bloco político que mais defende esta bandeira é
justamente aquele que mais espalha a mentira
pelo mundo no combate aferrado que eles fazem
contra Deus e o evangelho de Jesus, porque suas
25
más obras são condenadas pela Bíblia. Então tudo
o que for de cunho verdadeiramente conservador
será consderado tóxico para a humanidade e uma
fake-news em face da nova verdade que eles estão
apresentando com o seu chamado
“progressismo” com bandeiras favoráveis ao
aborto, à ideologia de gêneros, às uniões
homoafetivas e a tudo aquilo que a Palavra de
Deus condena expressamente. O mundo quer
mais do que liberalismo, libertinagem, e isto não
pode ser garantido de modo algum pelo
Evangelho, senão pelo mundo que se sujeita ao
governo e o domínio de Satanás.
Mas, em todo o caso, quando se fala de coisas
reais e verdadeiras, deve ser considerado que
mesmo as que são naturais, deste mundo, desta
criação, são fadadas a uma dissolução, de modo
que é dito que a aparência deste mundo passa; e
com ela toda a forma de glória que há na natureza,
pois a erva seca e cai a sua flor, a qual é sua glória.
Somente Deus e a verdade expressa em Sua
Palavra permanecerão para sempre, sendo deste
modo a única realidade em que deveríamos
realmente investir com vistas ao nosso bem
eterno.
Pois, o que adianta o homem ganhar o mundo
inteiro se vier a perder a sua alma. Qual vantagem
há na realidade de ter um espírito que não pode
ser aniquilado mas que viverá para sempre no
inferno de fogo? Escolhamos pois a boa parte.)
26
CAPÍTULO 2 - Cristo por nós, o Espírito em nós
Percebemos, em nosso último capítulo, a
diferença entre o lado divino e o humano da
verdade bíblica; gostaríamos, neste, de anunciar
outra distinção, não menos importante, aquela
entre trabalhar por nós e a obra do Espírito Santo
em nós; entre o legal ou substitutivo e o moral ou
curativo. Esta não é a distinção entre um
elemento divino e um humano, mas entre dois
elementos que são igualmente divinos, mas cada
um deles, à sua maneira, atua diretamente sobre
o pecador. As duas coisas às vezes são colocadas
em outra forma, Cristo por nós, e Cristo em nós. O
significado, no entanto, é o mesmo em ambos os
casos, pois Cristo em nós (Colossenses 1:27) é
também o Espírito Santo em nós, Cristo tendo o
Espírito sem medida para si mesmo (João 3:34), e
para nós de acordo com nossa necessidade. Um
Cristo que habita e um Espírito que habita são,
embora não sejam a mesma coisa, ainda coisas
equivalentes. Quem tem o Filho tem o Espírito, e o
Pai também (João 14:23). Cristo para nós é nosso
único lugar de descanso. Nem obras, nem
sentimentos, nem amor, mesmo que seja a
criação do Espírito em nós; não estes em qualquer
sentido; não, nem ainda fé, seja como um ato de
nossa mente, ou como a produção do Espírito, ou
como um substituto para a justiça; nenhum
desses pode ser nosso local de descanso.
27
Esta grande verdade é bem revelada em uma
correspondência entre Lutero, Melancthon e
Brentius no ano de 1531, que nós traduzimos e
resumimos. Brentius ficou muito perplexo com o
sujeito da fé. Isso o intrigou. Cristo justifica; a fé
justifica; como é isto? A fé é um mérito? É um
trabalho? Tem alguma virtude justificativa em si?
Isso justifica porque é o dom de Deus e a obra do
Espírito Santo? Perplexo com essas questões, ele
escreveu para Melancthon e Lutero. As respostas
de ambos ainda existem, nenhuma delas longa,
Lutero é muito curto. Eles vão direto ao ponto, e
merecem ser citados como declarações claras da
verdade, e como espécimes da maneira como
esses homens poderiam lidar com os espíritos
sobrecarregados de seu tempo. "Entendo",
escreve Melancthon, "o que está incomodando
você sobre a fé. Você se apega à fantasia de
Agostinho, que, embora certo em rejeitar a justiça
da razão humana, imagina que somos justificados
por aquele cumprimento da lei que o Espírito
Santo trabalha em nós. Então você imagina que os
homens são justificados por fé, porque é pela fé
que recebemos o Espírito, que depois podemos
ser capazes de ser justos pelo cumprimento da lei
que o Espírito opera. Esta imaginação coloca
justificação em nosso cumprimento da lei, em
nossa pureza ou perfeição, embora esta
renovação deva seguir a fé. Mas você desvia seus
olhos dessa renovação, e da lei completamente,
para a promessa e para Cristo, e penso que é por
28
conta de Cristo que nos tornamos justos, isto é,
aceitos diante de Deus, e é assim que obtemos paz
de consciência, e não sobre a conta dessa
renovação. Pois mesmo esta renovação é
insuficiente (para a justificação). Somos
justificados somente pela fé, não porque seja uma
raiz, como você escreve, mas porque apreende
Cristo, por conta de quem somos aceitos. Esta
renovação, embora necessariamente segue, mas
não apazigua a consciência. Portanto, nem
mesmo amor, embora seja o cumprimento da lei,
justifica, mas somente a fé; não porque é alguma
excelência em nós, mas apenas porque se apodera
de Cristo. Somos justificados, não por causa do
amor, não por causa do cumprimento da lei, não
por conta da nossa renovação, embora estes
sejam dons do Espírito Santo, mas por causa de
Cristo; e nEle nós o seguramos somente pela fé."
"Acredite em mim, meu Brentius, essa polêmica a
respeito da justiça pela fé é poderosa e pouco
entendida. Você só pode compreender
corretamente transportando seus olhos
inteiramente longe da lei e da ideia de Agostinho
sobre nosso cumprimento da lei, e fixando-os
totalmente na livre promessa, de modo a ver que
é por conta dessa promessa e por amor de Cristo,
que somos justificados, isto é, aceitos e obtemos
Paz. Esta é a verdadeira doutrina, e aquilo que
glorifica a Cristo e eleva maravilhosamente a
consciência. Eu me esforcei para explicar isso em
minhas desculpas, mas por conta das deturpações
29
de adversários, não poderia falar tão livremente
como faço agora com vocês, embora dizendo a
mesma coisa. Quando a consciência poderia ter
paz e esperança garantida, se não formos
justificados até que a nossa renovação seja
aperfeiçoada? O que é isso senão ser justificado
pela lei, e não pela promessa gratuita? Naquela
discussão eu disse isso para atribuir nossa
justificação para amar é atribuí-lo ao nosso
próprio trabalho, entendendo por isso, uma obra
feita em nós pelo Espírito Santo. Pois a fé justifica,
não porque é uma nova obra do Espírito em nós,
mas porque apreende Cristo, por causa de quem
somos aceitos, e não sobre a conta dos dons do
Espírito Santo em nós. Vire as costas para a ideia
de Agostinho, e você verá facilmente a razão
disso; e eu espero que nosso pedido de desculpas
o ajude de alguma forma, embora eu fale
respeitando cautelosamente questões tão
grandes, que são apenas para serem
compreendidas no conflito da consciência. Por
todos os meios pregue a lei e arrependimento ao
povo, mas não deixe esta verdadeira doutrina do
evangelho ser esquecida. "Na mesma linha,
Lutero escreve: "Estou acostumado, meu
Brentius, para o melhor entendimento deste
ponto, para conceber essa ideia, que não há
qualidade em meu coração, chame-a de fé ou
caridade; mas, em vez disso, coloco o próprio
Cristo, e digo que este é a minha justiça. Ele é
minha qualidade e minha retidão formal, como
30
eles o chamam, de modo a me libertar de olhar
para a lei ou as obras; não, de olhar para o próprio
Cristo como um professor ou doador. Mas eu olho
para Ele como dom e como doutrina para mim,
em si mesmo, para que nele eu tenha todas as
coisas. Ele diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a
vida". Ele não diz: "Eu te dou o caminho, a verdade
e a vida", como se Ele fosse trabalhar em mim de
fora. Em todas essas coisas Ele deve estar em
mim, permanecendo, vivendo e falando em mim,
não através de mim ou para mim, que podemos
ser "a justiça de Deus nEle" (2 Coríntios 5:21); não
em amor, nem nos dons e graças que se seguem."
A essas cartas Brentius responde, desdobrando
seus conflitos para seu amado Philip. "Não é a
própria fé uma obra? O Senhor não diz, "Esta é a
obra de Deus que vocês acreditem?" A justificação
então não pode ser pelas obras ou pela fé. É
assim? Portanto, a justificação deve ser por causa
de Cristo somente, e não da excelência de nossas
obras. Mas como pode ser tudo isso? Desde a
infância não fui capaz de limpar meus
pensamentos sobre esses pontos. Sua carta e a de
Lutero mostraram a verdade ... A justificação vem
a nós nem por causa de nosso amor nem da nossa
fé, mas apenas por conta de Cristo: e ainda assim
vem através (por meio de) fé. A fé não justifica
como obra de bondade, mas simplesmente como
um receptor da misericórdia prometida ... Nós não
temos mérito; nós apenas obtemos justificação. A
fé é apenas o órgão, o instrumento, o meio; Só
31
Cristo é a satisfação e o mérito. Obras não são
satisfação, nem mérito, nem instrumento; elas
são a declaração de uma justificação já recebida
pela fé." O discípulo expõe a carta do mestre e, em
seguida, adiciona alguns pensamentos próprios.
Ele teme que, como o amor pervertido do papado,
a reforma pode vir a perverter a fé, colocando-a
no lugar de Cristo, como obra ou mérito ou
qualidade, algo em si. Tendo terminado a carta
para seu "mais amado Philip" e a assinnado, "seu
Brentius", ele começa outro pensamento e
adiciona um pós-escrito que vale a pena traduzir:
"Assim que estava terminando minha carta, eu
me lembrei de um argumento seu sobre obras, no
sentido de que se somos justificados pelo amor,
nunca podemos ter certeza porque nós nunca
podemos amar como devemos. Da mesma
maneira, argumento a respeito da fé como uma
obra; se a justificação vier a nós através da fé
como uma obra, ou mérito, ou excelência, nunca
podemos ter certeza sobre isso, porque nós nunca
podemos acreditar como devemos."
Demos algum espaço a esses extratos, porque a
importância da verdade que eles contêm
dificilmente pode ser superestimada. Eles não
apenas exibem a distinção entre a obra de Cristo e
a do Espírito funcionando, mas o fazem com
referência especial ao ponto em que muitas vezes
eles são feitos para se chocarem, para o
escurecimento de muitas mentes e a confusão de
toda a teologia da Reforma. Por quantas vezes
32
Lutero reiterou essa afirmação: "A fé não nos
justifica, nem mesmo como um dom do Espírito
Santo, mas apenas por causa de sua referência a
Cristo ... a fé não justifica por si mesma, ou por
causa de qualquer virtude inerente pertencente a
ela." Enquanto essa confusão existir, enquanto os
homens não distinguirem entre as obras e a obra
do Espírito, contanto que coloquem qualquer
ênfase na qualidade ou quantidade de seu ato de
fé, não pode haver apenas nenhuma paz de
consciência, mas nem progresso na santidade,
nem trazer à luz boas obras.
Desta confusão, o Arminianismo, em sua forma
mais sutil, é a descendência necessária. Enquanto
os homens pensarem ser justificados pela fé
como uma obra, ou como um ato de sua mente,
ou como um dom do Espírito, eles estão buscando
a justificação por algo inerente, não por algo
imputado. Negar que seja inerente, porque
infundido para eles pelo Espírito, é simplesmente
enganar-se com uma peça em palavras, e para
enganar-se ainda mais eficazmente, porque
professa honrar o Espírito, atribuindo a Ele a
qualidade infundida ou ato, do qual procuram
extrair sua justificação. Na busca de justificação
ou paz de consciência de algo operado neles pelo
Espírito, eles estão buscando esses daquilo que é
confessadamente imperfeito, e que Deus nunca
deu para tal propósito; não, eles estão rejeitando a
justiça perfeita do Substituto, evitando assim a
possibilidade de sua realização de qualquer
33
trabalho aceitável em tudo. Pois se "a justiça da
Lei pode se cumprir em nós", como fruto da nossa
aceitação da justiça imputada do Filho de Deus,
então não pode haver coisas justas feitas por nós
até que tenhamos percebido a posição dos
homens aos quais a grande verdade de "Cristo por
nós", "Jeová, nossa justiça",tornar-se a base de toda
reconciliação com Deus. Esta forma de erro é o
mais sutil porque suas vítimas não estão andando
em pecado, mas fazendo todas as formas de
serviço externo, e exibindo bondade externa em
muitas formas, a respeito das quais diremos
apenas que não são agradáveis a Deus, e como
"eles não são feitos como Deus quis e ordenou que
fossem feitos, não temos dúvidas, senão que eles
têm a natureza do pecado" (Artigo 13 da Igreja da
Inglaterra). Alguns dos teólogos cristãos mais
sólidos deixaram em registro suas reclamações
quanto aos erros nesta questão de fé
prevalecentes em seus dias, e quanto à acusação
de antinomianismo contra aqueles que, ao
declarar a justificação, se recusam a qualificar a
fórmula apostólica, "para aquele que não trabalha,
mas crê." Traill assim escreveu, agora quase dois
séculos atrás, "Se dissermos que a fé em Jesus
Cristo nem é trabalho, nem condição, nem
qualificação na justificação, e que em seu próprio
ato é uma renúncia de todas as coisas, mas o dom
de graça, o fogo está aceso; para que chegue a este
ponto, que aquele que não vai ser anticristão deve
ser chamado de antinomiano. Quão fortemente
34
este mesmo teólogo afirma a verdade em outro
lugar. Ao se dirigir a um inquiridor perplexo, ele
diz: "Se ele disser quenão pode acreditar em Jesus
Cristo ... você diga a ele que acreditar em Jesus
Cristo não é obra, mas um descanso em Jesus
Cristo." Quão nitidamente é que ele repreende
aqueles que misturam o imputado e o infundido".
Eles parecem ter ciúmes de que a graça de Deus e
a justiça de Cristo têm muito espaço, e os homens
trabalham muito pouco no negócio de
justificação. "Veja toda a carta de Traill sobre
"Justificação da acusação de antinomianismo." Um
velho escritor anônimo, um pouco depois de
Traill, usa esta expressão: "As Escrituras
consideram a fé não como uma obra nossa, mas
em oposição a todas as obras, seja do corpo ou da
mente: "Para aquele que não trabalha, mas crê". "O
fato de acreditarmos pela graça que a fé é um dom
de Deus não para provar que a fé é uma obra
nossa, não mais do que a ressurreição de Lázaro
por Cristo provou que a ressurreição é uma obra
do homem morto. A infusão divina de vida em um
caso, e a transmissão divina de fé no outro, longe
de mostrar que deve haver uma obra nossa
também indica muito claramente que não
poderia haver tal coisa.
A obra vem depois da crença e como fruto dela.
"Fé trabalha pelo amor", isto é, a alma crente
mostra sua fé pelas obras do amor. Sim, a fé opera;
o mesmo acontece com o amor e a esperança.
Tudo isso trabalha, e lemos sobre "a obra da fé",
35
isto é, obra para a qual nos avisa; o "trabalho de
amor", isto é, a labuta a que o amor nos impele; a
"paciência da esperança", isto é, a paciência que
espera e nos permite praticar exercícios. Mas a fé
é uma obra porque funciona? É uma labuta
porque labuta? É esperança paciência porque nos
faz pacientes? O olhar de Israel para a serpente de
bronze foi uma cessação de todos os remédios, e
deixando a saúde fluir para o corpo pelos olhos.
Abrir o olho foi uma obra? O evangelho não
comanda que façamos qualquer coisa para obter
vida, mas nos manda viver por isso que outro fez;
e o conhecimento de sua verdade vivificante não
é trabalhe, mas descanse - descanso da alma -
descanso que é a raiz de toda verdade no trabalho;
pois ao receber a Cristo não trabalhamos para
descansar, mas descansamos para trabalhar. Ao
acreditar, deixamos de trabalhar pelo perdão,para
que possamos trabalhar a partir dele; e qual
incentivo para trabalhar, como bem como a
alegria em trabalhar, pode ser maior do que um
determinado perdão realizado? Que há obras
feitas antes da fé, sabemos, mas a respeito delas
sabemos que eles não aproveitam nada, “pois sem
fé é impossível agradar a Deus." Que as obras são
feitas pela fé, também sabemos,e são agradáveis a
Deus, pois são as obras de homens crentes. Mas,
como para qualquer trabalho intermediário entre
esses dois, A Escritura está em silêncio; e contra
transformar a fé em uma obra a toda a teologia da
Reforma protestou, tanto como um inútil sofisma
36
verbal ou como os resquícios mais sutis do
papado. A verdadeira fé vem de Deus. A revelação
em que acreditamos, e o poder de acreditar nessa
revelação, são ambos divinos. O Santo Espírito
escreveu as Escrituras e as enviou a nós para que
acreditássemos para a salvação; a fé vem pelo
ouvir e ouvir pela Palavra de Deus. Ele vivifica a
alma morta para que acredite; e então é depois de
acreditar que Ele entra e habita. Portanto, dizem
que recebemos o Espírito pelo "ouvir da fé" (Gal. 3:
2). Ele abre nossa mão para receber o dom, e Ele o
coloca em nossas mãos quando assim abertas por
ele mesmo. Nunca nos esqueçamos que enquanto
a fé é o resultado da obra do Espírito em nós, é tão
verdadeiramente o receptor dEle quanto oEspírito
que habita, e que em proporção à nossa fé será a
medida do Espírito que possuiremos. Esta é outra
de muitas verdades ou processos da Escritura: o
Espírito trabalha para capacitar-nos a acreditar, e
nós, ao acreditar, recebemos a Ele e todos os seus
dons, em maior ou menor abundância, de acordo
com nossa fé. Este aspecto duplo, às vezes triplo,
de uma verdade não deve nos deixar perplexos;
ainda menos deveria nos levar a magnificar um
destes às custas dos outros, ou para tentar uma
reconciliação dos três por uma negação de um, e
uma explicação dos textos que estão em nossa
maneira. Vamos admitir o todo e aceitar as
passagens como estão. Às vezes, por exemplo,
nossa renovação está conectada com o Espírito
(Tito 3: 5), às vezes com a ressurreição de Cristo (1
37
Pedro 1: 3), às vezes com a palavra da verdade (Ef
1:13), e às vezes com a fé (João 1:12). Às vezes é
chamado de obra de Deus (Salmos 51:10), às vezes
como nossa (Eze. 18:31; Ef. 4:24), às vezes como
obra de ministros (Filemom 10), às vezes como o
efeito do evangelho (1 Coríntios 4:15). Assim é com
a conversão, com a salvação e com a santificação.
Tudo isso é falado em conexão com Deus, com
Cristo, com o Espírito, com a Palavra, com fé, com
esperança; e cada um desses aspectos deve ser
estudado, não evitado.
João Calvino não hesita em falar de regeneração e
arrependimento sendo o resultado da fé, (Inst. B.
III., iii 1. Ver todo o terceiro livro). E Latimer
escreve: "Nós nascemos de novo. Como? Não por
uma semente mortal, mas por uma imortal. O que
é esta semente imortal? A Palavra do Deus vivo.
Assim vem nosso novo nascimento.
Ao declarar um lado da verdade, esses teólogos
não deixaram de lado o outro. Eles ensinaram
renovação, pela verdade e pela fé, e eles também
ensinaram renovação pelo poder do Espírito
Santo. Eles ensinaram a necessidade do Espírito
do homem para a fé, e eles também proclamaram
o dom do Espírito como resultado da fé. Porém,
por mais múltiplos que sejam esses aspectos,
todos eles se referem a nós pessoalmente,
afetando direta ou indiretamente e realizando
nossa vivificação, nossa cura, nossa alegria, nosso
conforto e nossa santidade. Não há especulação
38
em qualquer um deles, e é verdade, não opinião,
que eles apresentam para nós. Qualquer que seja
a quantidade de religião irreal que possa haver
em nós, é não por causa de qualquer defeito na
Palavra, qualquer nebulosidade no evangelho,
qualquer escassez ou estreiteza na liberalidade
divina, e falta na plenitude daquele em quem
aprouve ao Pai que toda plenitu deve habitar, a
saber, Jesus. Ele providenciou para que nos
tornássemos Ele mesmo e, portanto, nos chama a
esta semelhança. O padrão é alto, mas não admite
ser rebaixado. O modelo é divino, mas assim é a
força dada para conformidade com ele. Nossa
responsabilidade de ser santo é grande, mas não
maior do que os meios fornecidos para sua
realização plena. Em Cristo habita corporalmente
toda a plenitude da Divindade. Ele tem o Santo
Espírito por nós, e esse Espírito Ele dá livre e
abundantemente; por isso que recebemos "graça
de acordo com a medida do dom de Cristo."
Os primeiros santos estavam "cheios de alegria e
do Santo Espírito" (Atos 13:52), e devemos ser
"cheios do Espírito" (Ef5:18), pois é o próprio
Espírito Santo, não certas influências que são
dados a nós (Rom. 5: 5). Ele cai sobre nós (Atos
8:16; 11:15); Ele é derramado sobre nós (Atos 2:33;
10:45; Eze. 39:29); somos batizados com o Espírito
Santo (Atos 11:16). Ele é o penhor de nossa herança
(Ef 1:14); Ele nos sela (Efésios 1:13), imprimindo em
nós a imagem divina e a inscrição; Ele ensina (1
Cor. 2:13); Ele revela (1 Cor. 2:10); Ele reprova (João
39
16: 8); Ele fortalece (Ef 3:16); Ele nos torna
frutíferos (Gl 5:22); Ele pesquisa (1 Coríntios 2:10);
Ele se esforça (Gênesis 6: 3); Ele santifica (1
Cor.6:11); Ele lidera (Rom. 8:14; Sl 143: 3); Ele
instrui (Neemias 9:20); Ele fala (1 Tim. 4: 1; Ap. 2:
7); Ele demonstra (ou prova) (1 Cor.2: 4); Ele
intercede (Rom. 8; 26); Ele vivifica (Rom. 8:11); Ele
dá enunciado (Atos 2: 4); Ele cria (Salmo 104: 30);
Ele conforta (Jo 14:26); Ele derrama o amor de
Deus em nossos corações (Rom. 5: 5); Ele renova
(Tito 3: 5). Ele é o Espírito de santidade (Rom. 1: 4),
o Espírito de sabedoria e compreensão (Isaías 11: 2;
Efésios 1:17), o Espírito da verdade (João 14:17), o
Espírito de conhecimento (Isaías 11: 2), o Espírito
da graça (Heb. 10:29), o Espírito de glória (1 Pedro
4:14), o Espírito de nosso Deus (1 Coríntios 6:11), o
Espírito do Deus vivo (2 Coríntios 3: 3), o bom
Espírito (Ne 9:20), o Espírito de Cristo (1 Pedro
1:11), o Espírito de adoção (Rom. 8:15), o Espírito de
vida (Apocalipse 11:11), e o Espírito de Seu Filho
(Gal. 4: 6). Tal é o Espírito Santo pelo qual somos
santificados (2 Tes 2:13), "o Espírito eterno" por
quem "Cristo se ofereceu sem mancha a Deus"
(Hb 9:14). Tal é o Espírito Santo, pelo qual somos
"selados para o dia da redenção" (Ef 4:30), o
Espírito que faz em nós Sua habitação (Ef 2:22),
que habita em nós (2 Timóteo 1:14), por quem
olhamos e procuramos por Cristo e por quem
somos feitos para "ter muita esperança" (Rom.
15:13). No direito de receber e entreter este
Convidado celestial, muito de uma vida santa
40
depende. Vamos dar-lhe as boas-vindas - não
irritados, nem resistindo, nem lamentando, nem
extinguindo-O, mas amando-O edeleitando-se em
Seu amor ("o amor do Espírito", Rom. 15:30), de
modo que nossa vida possa ser um viver no
Espírito (Gal. 5:25), um andar no Espírito (Gal.
5:16), uma oração no Espírito (Judas 20).
(Nota do Tradutor: A verdade e realidade a que
nos referimos em nossa nota anterior, são aqui
expressadas em seu caráter eterno, conforme
fora planejado por Deus para toda a criação desde
antes da fundação do mundo. Tudo o mais
passará, mas a verdade e realidade aqui citadas,
que são alcançadas por alguns por meio da fé em
Jesus, é o que permanecerá para sempre em um
estado de glória e honra. Isto procede porque a
santificação sem a qual ninguém verá o Senhor é
procedente da verdade real e eterna que se
conforma ao propósito divino, e assim, todos
aqueles que forem achados fora desta verdade
santa devem ser punidos eternamente no lago de
fogo.)
Enquanto distinguindo a obra de Cristo por nós e
a obra do Espírito em nós, e preservando assim o
nosso perdão consciente ininterrupto, mas não
vamos separar os dois por qualquer intervalo; mas
permitindo que ambos façam seu trabalho, vamos
"seguir a paz com todos os homens e a
santificação, sem a qual nenhum homem verá o
Senhor" (Hb 12:14), mantendo nossos corações "na
41
comunhão do Espírito" (Fp 2: 1), e deleitando-nos
na "comunhão do Espírito Santo” (2 Coríntios
13:14). A dupla forma de expressão, trazendo à
tona a mútua ou a recíproca habitação de Cristo e
do Espírito em nós, é digna de nota especial.
Cristo em nós (Colossenses 1:27) é um lado; nós
em Cristo somos o outro (2 Coríntios 5:17; Gal.
2:20). O Espírito Santo em nós (Rom. 8: 9) é um
aspecto; vivemos no Espírito (Gal. 5:25) é o outro.
Não,além disso, esta expressão dupla é usada para
divindade também, nestas palavras notáveis:
"Todo aquele que confessar que Jesus é o Filho de
Deus, Deus está nele, e ele em Deus” (1 João 4:15).
Parece que nenhuma figura, por mais forte e
cheia que seja, poderia expressar adequadamente
a proximidade de contato, a proximidade de
relacionamento, toda a unidade para a qual somos
trazidos, em receber o testemunho divino da
pessoa e obra do Filho deDeus. Não estaremos
então mais fortemente comprometidos com uma
vida de santidade, bem como fornecido com todos
os suprimentos necessários para cuidar dela?
Com tanta força e vida à nossa disposição, que a
responsabilidade é nossa! "Que tipo de pessoas
devemos ser em todo trato piedosos e santo!" E se
a tudo isso adicionarmos as perspectivas
apresentadas a nós, a esperança do advento e do
reino e a glória, nos sentiremos rodeados por
todos os lados com os motivos, materiais e
aparelhos mais adequados para nos tornar o que
devemos ser "um sacerdócio real, uma nação
42
santa, um povo peculiar" (1 Pedro 2: 9), "zelosos
das boas obras" aqui (Tito 2:14),e possuidores de
"glória e honra e imortalidade" daqui em diante
(Rom. 2: 7).
43
CAPÍTULO 3 - A raiz e o solo da santidade
Cada planta deve ter solo e raiz. Sem ambos não
pode haver vida, nem crescimento, nem fruto. A
santidade deve ter isso. A raiz é "paz com Deus"; o
solo em que essa raiz se fere, e da qual tira a seiva
vital, é o amor gratuito de Deus, em Cristo Jesus
nosso Senhor. "Enraizado no amor" é a descrição
do apóstolo de um homem santo. Santidade não é
austeridade ou melancolia; estes são tão
estranhos a ele quanto leviandade. Nem é o fruto
do terror, ou suspense, ou incerteza, mas paz,
consciente paz, e essa paz deve estar enraizada na
graça; deve ser a consequência de termos
verificados, com base em evidências seguras, o
perdão e o amor de Deus. Aquele que quer nos
conduzir à santidade deve “guiar os nossos pés no
caminho da paz” (Lucas 1:79). Ele deve nos
mostrar como nós, "sendo libertados das mãos de
nossos inimigos", podemos servir a Deus "sem
medo, em santidade e justiça diante dEle, todos os
dias de nossa vida" (v. 74,75). Aquele que fizer isso
também deve “dar-nos o conhecimento da
salvação, pela remissão dos pecados”. Ele deve
nos dizer como, por meio "da terna misericórdia
de nosso Deus ... o amanhecer do alto nos visitou,
para dar luz aos que se sentavam nas trevas e na
sombra da morte” (Lucas 1: 78,79). Ao realizar a
grande obra de nos tornar santos, Deus fala
44
conosco, como "o Deus de paz" (Rom. 16:20), "o
próprio Deus de paz" (1 Ts 5:23) e como sendo ele
próprio "a nossa paz" (Efésios 2:14). que aquilo que
recebemos dEle, como tal, não é apenas "paz com
Deus" (Rom. 5: 1), mas "a paz de Deus" (Fp 4: 7), a
coisa que o Senhor chama "minha paz", "minha
alegria" (João 14:27; 15:11). Está dentro da conexão
com a exortação, "Seja perfeito", que o apóstolo
estabelece abaixo a graciosa garantia: "O Deus de
amor e paz será com você" (2 Coríntios 13:11).
"Estas coisas eu quero que você afirme
constantemente", diz o apóstolo, falando da "graça
de Deus que traz a salvação", "a bondade e o amor
de Deus nosso Salvador", “a misericórdia de
Deus", "justificação pela Sua graça", a fim de que
(tal é a força do grego) "aqueles que acreditaram
em Deus possam ter cuidado para manter as boas
obras" (Tito 3: 8). Nesta "paz com Deus" há, é claro,
a salvação contida, perdão, libertação da ira
vindoura. Mas estes, embora preciosos, não são
pontos finais; não términos, mas começos; não o
topo, mas a parte inferior da escada que descansa
seu pé sobre o novo sepulcro onde nunca o
homem foi colocado, e seu topo contra o portão
da cidade santa. Aquele, portanto, que se contenta
com estes, ainda não aprendeu o verdadeiro
significado do evangelho, nem o fim que Deus,
desde a eternidade, teve em vista ao preparar para
nós tal redenção como aquela que Ele realizou
para os filhos dos homens,por meio de seu Filho
unigênito, "que se entregou por nós, para que
45
possa nos redimir de toda iniquidade." Sem eles, a
santidade é impossível, de modo que podemos
dizer isso em menos, é por meio deles que a
santidade se torna praticável, pois a condição
legal do pecador, como sob ira, permaneceu
como uma barreira entre ele e a possibilidade de
santidade. Enquanto ele estava sob condenação, a
Lei proibia a abordagem de tudo isso que o
tornaria santo. A Lei proíbe a salvação, exceto no
cumprimento de suas reivindicações; por isso
impede a santidade, até a grande satisfação às
suas reivindicações terem sido reconhecidas pelo
indivíduo, que é, até que ele tenha acreditado no
testemunho divino para a expiação da cruz, e
assim pessoalmente libertado da condenação. A
lei se pronuncia contra a ideia de santidade em
um homem não perdoado. Ela protesta contra isso
como uma incongruência e como um prejuízo
para a justiça. Se, então, um homem perdoado
permanecer profano parece estranho, muito mais
que um homem santo permanecesse sem perdão.
A posição legal do pecador deve ser definida antes
que sua posição moral possa ser tocada. A
condição é uma coisa; caráter é outra. A posição
do pecador diante de Deus, seja em favor ou
desfavor, seja sob graça ou sob ira, deve primeiro
ser tratada antes que sua renovação possa ser
realizada. O judicial deve preceder o moral.
Portanto, é um perdão que o evangelho fala
primeiro a nós, porque a questão do perdão deve
primeiro ser resolvida antes de prosseguirmos
46
para as outras. O ajuste da relação entre nós e
Deus é uma preliminar indispensável, tanto da
parte de Deus como da nossa. Lá deve haver
amizade entre nós, antes que Ele possa doar ou
recebermos Seu Espírito interior; porque, por um
lado, o Espírito não pode fazer a sua morada no
não perdoado; e por outro, o não perdoado deve
estar tão ocupado com a questão do perdão, que
ele não está à vontade para cuidar de nada até que
isso seja finalmente resolvido em seu favor. O
homem que sabe que a ira de Deus ainda está
sobre ele, ou, o que é praticamente a mesma
coisa, não está certo de ter sido rejeitado ou não,
realmente não está em condições de considerar
outras questões, por mais importantes que sejam,
se ele tiver alguma idéia da magnitude e
terribilidade da raiva daquele que é um fogo
consumidor.
A ordem divina, então, é primeiro perdão, depois
santidade; primeiro paz com Deus, e então
conformidade com a imagem daquele Deus com
quem nós fomos trazidos para estar em paz. Pois à
medida que a semelhança com Deus é produzida
contemplando a Sua glória (2 Coríntios 3:18), e
como não podemos olhar para Ele até que
saibamos que Ele deixou de nos condenar, e como
nós não podemos confiar nEle até que saibamos
que Ele é gracioso; então não podemos ser
transformados em Sua imagem até que tenhamos
recebido perdão em Suas mãos. A reconciliação é
indispensável à semelhança; a amizade pessoal
47
deve começar uma vida santa. Se for esse o caso, o
perdão não pode vir muito cedo, mesmo que a
culpa de um estado não perdoado não seja razão
suficiente para qualquer quantidade de urgência
em obtê-lo sem demora.
Nem podemos insistir muito fortemente sobre a
ordem divina acima referida: primeiro paz, então
santidade - paz como fundamento da santidade,
mesmo no caso do chefe dos pecadores. Alguns
não se opõem a um homem respeitável por obter
paz imediata,mas eles se opõem a um devasso
obtê-la imediatamente! Então sempre foi; a velha
provocação ainda está nos lábios do moderno
fariseu: "Ele se hospedou com um homem que é
pecador", e os Simãos de nossos dias falam
consigo mesmos e dizem: "Este homem, se Ele
fosse um profeta, saberia quem e que tipo de
mulher é esta que o toca, porque ela é pecadora"
(Lucas 7:39). De Manassés, Madalena, Saulo e a
mulher de Sicar, e o carcereiro e os homens de
Jerusalém, cujas mãos estavam vermelhas com
sangue? Eles não receberam a confiança de uma
paz imediata e gratuita? Não fez a própria essência
e força do evangelho curativo e o poder
purificador residir na liberdade, na prontidão, na
certeza da paz que trouxe a esses "principais
pecadores?" "Então você diz que encontrou a
Cristo e tem paz com Deus?" disse alguém que
reivindicou o nome de "evangélico", para um
pobre perdulário que, apenas em poucas semanas
antes, havia sido atraído para a cruz. "Eu
48
realmente tenho," disse o homem. "Eu O
encontrei, tenho paz e sei disso." "Sei!" disse o
teólogo, "e você tem a presunção de me dizer isto?
Tenho sido um membro respeitável de uma igreja
por trinta anos, e não tenho paz nem segurança
ainda, e você, que tem sido um devasso a maior
parte de sua vida, diz que você tem paz com Deus!"
"Sim, eu tenho sido tão ruim quanto um homem
pode ser, mas eu acreditei no evangelho, e esse
evangelho é uma boa notícia para pessoas como
eu; e se eu tiver nenhum direito à paz, é melhor
eu voltar aos meus pecados, pois se eu não
conseguir paz como eu sou, nunca a terei." "É tudo
uma ilusão", disse outro. "Você acha que Deus
daria paz a um pecador como você, e não dar para
mim, que tenho feito tudo que posso para obtê-la
por muitos anos?" "Você é um homem tão
respeitável", disse o outro, em ironia
inconsciente, "que você pode continuar sem paz e
perdão, mas um desgraçado como eu não pode. Se
minha paz é uma ilusão, não pode ser algo ruim,
pois me faz deixar de lado o pecado, e me faz orar
e ler minha Bíblia. Desde que consegui, virei uma
nova página." "Não vai ser último", disse o outro.
"Bem, mas é uma coisa boa enquanto durar,e é
estranho ver você tentando tirar de mim a única
coisa que me fez bem. Parece que você ficaria feliz
em me ver voltando aos meus velhos pecados.
Você nunca tentou me trazer para Cristo, e agora
quando eu vim a Ele, você está fazendo tudo o que
pode para me levar embora. Mas vou ficar com
49
Ele apesar de você. "Alguns falam como se fosse
um perigo para a moralidade deixar o pecador
obter paz imediata com Deus. Se a paz for falsa, a
moralidade pode ser comprometida por homens
que fingem possuir uma paz que ainda não existe.
Mas, nesse caso, o mal de que reclamamos é o
resultadodo vazio, não da rapidez, da paz, e pode
permitir nenhum motivo para contestar a paz
rápida, a menos que a paz rápida seja de
necessidade falsa, e a menos que a mera duração
do processo seja de segurança para a
autenticidade do resultado. A existência de falsa
paz não é argumento contra a verdade, e o que
afirmamos é, que a verdadeira paz não pode ser
muito rápida nem muito segura.
Outros falam como se nenhum pecador
merecesse perdão até que ele sofreu uma certa
quantidade de sofrimento mental preliminar,
mais ou menos em duração e intensidade de
acordo com as circunstâncias. Isto seria perigoso
para os interesses da moralidade deixá-lo obter
um perdão imediato e, especialmente, ter certeza
disso, ou alegrar-se com ele. Se o homem foi
previamente moral em vida, eles não se oporiam a
isso; mas eles questionam o direito do devasso de
apresentar paz, e protestam contra a sua condição
com base na moralidade sutil. Eles argumentam
pelo atraso, para dar-lhe tempo para melhorar
antes que ele se aventure a falar de perdão. Eles
insistem em uma longa temporada de conflito
preparatório, anos de triste suspense e incerteza,
50
a fim de se qualificar o filho pródigo para o abraço
de seu pai, e para prevenir o espetáculo impróprio
de um pecador esta semana regozijando-se no
perdão de seus pecados, que na semana passada
estava chafurdando na lama. Esta temporada de
atraso, durante o qual eles proibiriam o pecador
de garantir-se do amor livre de Deus, eles
consideram a proteção adequada de um
evangelho gratuito e a garantia necessária para
humildade e santidade futuro do pecador. Não é,
então, a posição assumida por esses homens
substancialmente a que foi adotada pelos
escribas, quando murmuraram da graça do
Senhor pela familiaridade com o indigno,
dizendo: "Este homem recebe pecadores,e come
com eles"? E não é em grande medida coincidente
com a opinião dos sacerdotes papistas a respeito
do perigo para a moralidade a doutrina da
justificação imediata por meio da fé simples na
obra justificadora de Cristo? Quando o bispo
Gardiner, o perseguidor papista, estava morrendo
em 1555, o bispo de Chichester, "começou a
confortá-lo", diz Foxe, "com palavras da promessa
de Deus e justificação gratuita pelo sangue de
Cristo." "O quê!", disse o romanista moribundo,
"você abrirá essa lacuna?" significando aquela
entrada do mal. "Para mim e outros no meu caso,
você pode falar disso, mas assim que abrir esta
janela para o povo, então adeus tudo de bom."
Os apóstolos evidentemente tinham grande
confiança no evangelho. Eles jogaram limpo, e
51
falaram com toda a sua franqueza absoluta, como
homens que poderiam confiar nele por sua
influência moral, bem como por seu poder
salvador, e quem sentiu isso mais rapidamente e
certamente são boas notícias fossem percebidas
pelo pecador, mais seria essa influência moral.
Eles não esconderam, nem atrapalharam, nem
cercaram com condições, como se duvidasse da
política de pregá-lo livremente. "Tomai, pois,
irmãos, conhecimento de que se vos anuncia
remissão de pecados por intermédio deste; e, por
meio dele, todo o que crê é justificado de todas as
coisas das quais vós não pudestes ser justificados
pela lei de Moisés." (Atos 13: 38,39). Eles não
tinham receios quanto às suas implicações na
moralidade, nem tinham medo de homens
acreditando nisso cedo demais ou obtendo alívio
imediato demais. A ideia não parece ter passado
por suas cabeças, que os homens poderiam se
entregar a Cristo muito cedo, ou com muita
confiança, ou sem preparação suficiente. Seu
objetivo em pregar era, não induzir os homens a
iniciar um curso de preparação para receber
Cristo, mas para recebê-lo de uma vez e no local;
não liderá-los através da longa avenida de uma
vida gradualmente alterada até a cruz do portador
do pecado, mas para colocá-los imediatamente
em contato com a cruz, que o pecado neles
pudesse ser morto, o velho homem crucificado e
uma vida de verdadeira moralidade iniciada.
Como o motivo mais forte para uma vida santa,
52
eles pregaram a cruz. Eles sabiam que, "A cruz
uma vez vista é a morte para cada vício", e no
interesse da santidade, eles se levantaram e
imploraram com os homens para tomar a paz
oferecida. Não é um desrespeito à moralidade
dizer que boas obras não são o caminho para
Cristo. Não é uma afronta aos sacramentos dizer
que eles não são o lugar de descanso do pecador,
então também não é qualquer depreciação da
devoção, ou arrependimento ou oração, dizer que
elesnão são processos de qualificação que cabem
ao pecador para abordar o Salvador, seja para
tornar o pecador mais aceitável ou Cristo mais
disposto a receber. Ainda menos é depreciativo da
utilidade ou a bem-aventurança desses
exercícios, em seu devido lugar e ofício, dizer que
muitas vezes eles são os refúgios da justiça
própria, pretextos que o pecador faz uso para
desculpar sua culpa em não imediatamente obter
a salvação das mãos de Jesus. Nós não
subestimamos o amor porque dizemos que o
homem não é justificado pelo amor, mas pela fé.
Nós não desencorajamos a oração, porque
pregamos que um homem não é justificado pela
oração, mas pela fé. Quando dizemos que
acreditar não é trabalhr, mas a cessação do
trabalho, não queremos dizer que no crer que o
homem não deve trabalhar, mas que não deve
trabalhar para obter perdão, mas para tomá-lo
livremente, e que ele deve acreditar antes de
trabalhar, pois as obras feitas antes de crer não
53
agradam a Deus. É o caso que o pecador não pode
ser confiável com o evangelho? Em certo sentido,
isso é verdade. Ele não pode ser confiável para
nada. Ele abusa de tudo. Ele transforma tudo em
contas ruins. Ele faz tudo o ministro do pecado.
Mas se ele não pode ser confiável com o
evangelho, ele pode ser confiável com a lei? Se ele
não pode ser confiável com a graça, ele pode ser
confiável com a justiça? Ele não é confiável com
um perdão imediato; ele pode ser confiável com
um atrasado? Ele não pode ser confiável com fé;
ele pode ser confiável com dúvidas? Ele não pode
ser confiável com a paz; ele pode ser confiável
com melancolia e problema? Ele não pode ser
confiável com segurança; ele pode ser confiável
com suspense, e a incerteza fará por ele o que a
certeza não pode? Afinal de contas, ele pode ser
mais confiável no evangelho. Ele abusou dele, ele
pode abusar, mas é menos provável que abuse
dele do que algo mais. Ele apela para mais
profundos, mais fortes e mais numerosos motivos
do que todas as outras coisas juntas. Daí os
apóstolos confiaram no evangelho ao pecador, e o
pecador com o evangelho, tão sem reservas, e
(como muitos em nossos dias diriam) sem
proteção. "Porque aquele que não trabalha, mas
crê, sua fé é considerada justiça", foi uma
declaração ousada. Aquele que tinha grande
confiança no evangelho que ele pregou, que não
teve dúvidas quanto às suas tendências profanas,
se os homens jogariam limpo. Ele mesmo sempre
54
pregou como um que acreditava ser o poder de
Deus para a santidade, não menos que para a
salvação. Que este é o entendimento do Novo
Testamento, a "mente do Espírito", não requer
provas. Poucos iriam em palavras negar que seja
assim; apenas eles declaram o evangelho tão
timidamente, então com cautela, com tantas
condições, termos e reservas, que no momento
em que terminam sua declaração, eles não
deixaram nenhuma boa notícia naquilo que
partiram anunciando como "o evangelho da graça
de Deus." Quanto mais plenamente o evangelho é
pregado, na grande e velha maneira apostólica,
quanto mais é provável que alcance os resultados
que alcançou nos dias apostólicos. O evangelho é
a proclamação do amor livre; a revelação da
caridade sem limites de Deus. Nada menos do que
isso vai se adequar ao nosso mundo; nada mais é
tão provável de tocar o coração, de descer às
profundezas da humanidade depravada, como a
garantia de que o pecador foi amado - amado por
Deus, amado com um amor justo, amado com um
amor livre que não negocia por mérito, ou
aptidão, ou bondade. "Nisto está o amor, não que
nós amemos a Deus, mas que Ele nos amou!" (I
João 4:10). Como o senhor da vinha, após enviar
servo após servo ao lavrador em vão, finalmente
enviou seu "filho, seu bem-amado" (Marcos 12: 6),
então, tendo falhado a Lei, Deus despachou para
nós a mensagem do Seu amor, como aquilo que é
de longe o mais provável de garantir Seus fins.
55
Com nada menos do que este amor livre Ele
confiará em nossa raça caída. Ele não vai confiar a
eles a lei, ou julgamento, ou terror (embora estes
estejam bem em seu lugar), mas Ele vai confiar a
eles o Seu amor! Não com um amor limitado ou
condicional, com meios perdões, ou uma salvação
incerta, ou uma paz tardia, ou um convite
duvidoso, ou uma anistia quase impraticável - não
com estes Ele engana os sobrecarregados; não
com estes Ele vai zombar dos cansados filhos dos
homens. Ele quer que eles sejam santos, bem
como seguros, e Ele sabe que não há nada no céu
ou na terra tão provável de produzir santidade,
sob o ensino do Espírito de santidade, como o
conhecimento de Seu próprio amor livre. Não é
lei, mas "o amor de Cristo, "que constrange!" “A
força do pecado é a lei" (1 Cor 15:56), então a força
da santidade é a libertação da lei (Rom. 7: 6). No
entanto, não estamos "sem lei" (1 Coríntios 9:21),
nem ainda "sob a lei" (Rom. 6:14), mas "sob a
graça", para "servir em novidade de Espírito, e não
na velhice da letra."
Assim, Calvino escreve: "As consciências
obedecem à lei, não são constrangidas pela
necessidade da lei, mas, sendo libertados do jugo
da lei, eles obedecem voluntariamente à vontade
de Deus. Eles estão em terror perpétuo enquanto
estão sob o domínio da Lei, e nunca estão
dispostos a obedecer a Deus com entusiasmo, a
menos que tenham primeiro recebido esta
liberdade" (Inst. Xix. 4). "Não estar sob a lei", diz
56
Lutero "é fazer o bem e se abster do mal, não por
meio da compulsão da lei, mas pelo amor livre e
com alegria." "Se alguém me perguntar,"
dizTyndale, "ver que a fé me justifica, porque
trabalho, respondo, o amor me compele;
enquanto minha alma sentir o amor que Deus
tem me mostrado em Cristo, não posso deixar de
amar a Deus novamente, e sua vontade e
mandamentos, e de amor operá-los; nem podem
parecer difíceis parea mim" (Pref. ao Êxodo).
"Quando a fé banhou o coração de um homem no
sangue de Cristo, é tão apaziguado que
rapidamente se desfaz em lágrimas de tristeza
segundo Deus; de modo que se Cristo apenas se
vire e olhe para ele, oh,então com Pedro ele sai e
chora amargamente. E isso é verdadeluto do
evangelho; este é o arrependimento evangélico
correto" (Fisher"s Medula da Divindade Moderna).
Mas tantos (é dito) daqueles que foram
despertados sob a pregação deste evangelho
muito livre recuaram, que as suspeitas levantam-
se para saber se não pode ser a ultra frieza do
evangelho pregado que produziu o mal. Sugere-se
que, se o evangelho fosse melhor guardado antes,
deveríamos tervisto menos quedas e menos
inconsistência. Para isso, nossa resposta está
pronta. Multidões "voltaram" de nosso Senhor,
mas ninguém poderia culpar Sua pregação.
Houve muitas corrupções graves no início da
igreja, embora não as conectemos com a doutrina
apostólica. Na parábola do semeador o Senhor
57
implica que, por melhor que a semente possa ser,
e cuidado com o semeador; haveria terreno
pedregos de ouvintes e ouvintes de terreno
espinhoso indo até certo ponto e então voltar
atrás, de modo que os retrocessos reclamados são
como os apóstolos experimentaram, como nosso
Senhor nos levou a antecipar, sob a pregação de
Seu próprio evangelho completo.
Além disso, no entanto, acrescentamos que,
embora a pregação de um evangelho guardado
possa não levar a nenhuma apostasia, não vai
realizar despertamentos; para que a pergunta
venha a ser esta: não é melhor ter algumas falhas
quando muitos estão despertados, do que não ter
falhas, porque ninguém foi abalado? A questão se
esse tipo de ensino resulta em menos apostasias
é, sem dúvida, algo importante; mas ainda está
subordinado ao principal: o que a pregação
produz, em geral, o maior número de conversões
e traz mais glória a Deus? As apostasias ocorrerão
na melhor das igrejas, trazendo com elas
escândalo ao nome de Jesus, e suspeita do
evangelho como causa de todo o mal. Mas isso é
uma coisa nova na terra? Não é uma das coisas
que identificam de forma marcante Corinto, e
Sardes, e Laodicéia? Um ministro que nunca teve
seu coração ferido com apostasia, que nada sabe
sobre o desapontamento de esperanças
acalentadas, tem bons motivos para suspeitar que
há algo tristemente errado, e que a razão de não
haver apostasia em seu rebanho, é porque a
58
morte está reinando. Onde tudo é silêncio ou
sono, onde a pregação não abala e penetra, haverá
menos falhas; mas a razão é, que não havia nada
do que cair. "Onde estão seus convertidos agora?"
Foi a pergunta feita a um ministro fiel que teve
que lamentar a queda de alguns que outrora
correram bem." "Exatamente onde estavam:a
verdade ainda se mantém firme; o falso se
mostrando." Foi pretendido ser uma provocação,
mas era uma provocação que poderia ter sido
lançada aos apóstolos. Era uma provocação que
trazia conforto, como uma lembrança ao fiel
ministro da decepção apostólica, e assim trazendo
ele em comunhão com o próprio Paulo, e como
relembrando o abençoado fato de que embora
alguns tivessem caído, outros estavam de pé.
Toda a igreja da Galácia caiu em erro e pecado.
Como vai o apóstolo curar o mal? Esgrimindo ou
reduzindo o evangelho, e tornando-o menos
gratuito? Não, mas reiterando sua liberdade; não,
afirmando isso mais livremente do que nunca.
Quão livre ele o representa na epístola! Por isso
Lutero o escolheu para comentário, como o que
melhor se adequava a si mesmo.
Alguns fazem a pergunta: "não é um sinal suspeito
do seu evangelho, que qualquer um dos ouvintes
diga: "Que possamos continuar no pecado, para
que a graça possa abundar?" "Pelo contrário, é um
sinal seguro disso. Não era muito parecido com o
evangelho de Paulo, não teria levado à mesma
indagação com a qual a pregação do apóstolo foi
59
respondida. O restrito, evangelho guardado e
condicional, que alguns nos dão, como ultimato
de suas boas notícias, não teria sugerido tal
pensamento que o sexto capítulo de Romanos foi
escrito para evitar o argumento do apóstolo, em
tal caso, torna-se sem sentido e supérfluo, e,
portanto, aquela declaração que leva a alguns
questionamentos como fazer a pergunta:
"Devemos pecar, porque não estamos sob a Lei,
mas sob a graça?" (Rom. 6:15) não é improvável
que seja o autêntico evangelho paulino, a genuína
doutrina apostólica da antiguidade.
(Nota do Tradutor: Por vários anos seguidos fui
um expositor da graça operando
instantaneamente para a conversão do pecador,
porque a justificação e a regeneração são
instantâneas e permanentes para aquele que
confessa o nome de Jesus e que se arrepende dos
seus pecados. Isto é uma verdade, mas tive pouca
eficácia, e fui testemunha de muitas decisões de
professantes de recuarem na fé e voltarem ao
mundo, a par de terem confessado a Cristo e
serem batizados nas águas e participado por
algum tempo da comunhão dos santos. Como
poderia a verdade falhar? No que estava errando?
Hoje, posso ver claramente que apesar de a
mensagem ser a mesma, de o evangelho ser o
mesmo, no entanto as gerações diferem umas das
outras. Os que viveram nos dias dos reformadores
e dos puritanos por exemplo, tinham não apenas
um conhecimento geral bíblico aprofundado, e
60
tinham expectativas de um verdadeiro
conhecimento da verdade e da salvação. Este era o
mesmo quadro nos dias de Jesus, quando muitos
se achegaram ao próprio João Batista para serem
lavados de seus pecados pela confissão deles em
seu batismo nas águas. Muitos dos seus discípulos
chegaram ao conhecimento de Jesus, porque
estavam cansados e sobrecarregados com o
sentimento de seus próprios pecados, e sabiam
que somente pela fé nEle poderiam achar
descanso para suas almas. Mas hoje, o quadro é
bastante diferente. Não são poucos os que
professam a Jesus para os fins mais diferentes,
sendo eles em sua maioria carnais e mundanos.
Mesmo quando se lhes prega sobre a necessidade
de arrependimento, não se permitem serem
convencidos pelo Espírito Santo quanto à
profundidade do seu pecado, e pensam que uma
lavagem superficial de alguns maus hábitos
adquiridos será suficiente para que sejam aceitos
por Jesus (e não é raro que retornem a estes
hábitos depois de tê-lo confessado). A pregação do
evangelho superficial destes nossos dias que
aponta apenas para prosperidade material e
coisas diferentes da salvação da alma para a sua
santificação, tem contribuído muito para a
existência deste quadro. Então, de um lado, se um
ministro fiel pretender conduzir pessoas a uma
conversão real, ele terá que levar em conta que
este engano de se ter encontrado realmente a
Cristo, é algo sempre presente, contra o qual
61
deverá lutar para levar todo pensamento cativo à
verdade da Palavra, sobretudo em seu ensino de
que Jesus não é ministro do pecado, mas da
santidade de vida. Mas, uma coisa é certa, se por
um lado este é o quadro dominante, todavia há
aqueles que se convertem verdadeiramente ao
Senhor, e estes são impulsionados a buscar a
santificação de suas vidas nEle, e dentre estes,
pouco se verá o recuo na profissão a que nos
referimos anteriormente.
Foi tendo isto em conta que Paulo se antecipou
em seu ensino sobre a graça invencível de Jesus
para a conversão, para evitar uma compreensão
errada por parte de seus leitores, que não estar
sob a lei e sim sob a graça não significava que eles
poderiam pecar para que a graça fosse mais
abundante. Isto está claramente exposto em
fortes argumentos em todo o sexto capítulo de sua
epístola aos Romanos. Por desconsiderarem esta
verdade não são poucos os professantes que em
nossos dias argumentam que já como estão salvos
pela graça de Jesus, então não importa como eles
vivam em seus vícios e outras transgressões da lei
de Deus, porque sabem que basta confessar e
serão perdoados. Mas isto os torna santificados,
ou eles permanecem carnais e mundanos como
sempre? A experiência prática tem demonstrado
que a segunda condição é a regra geral. Então há
necessidade de que os crentes sejam ensinados
de que todo aquele que professa o nome do
Senhor deve se afastar da iniquidade.)
62
CAPÍTULO 4 - Uma força contra o pecado
Os homens vivem em pecado, e ainda assim têm
o pensamento secreto de que não deveria ser
assim, que eles devem se livrar dele. Mesmo
aqueles que não têm a lei, a este respeito "são uma
lei em si", para "o trabalho da lei [isto é, cada coisa
que a lei nos ordena fazer] está escrita em seus
corações; sua consciência também
testemunhando, e seus pensamentos lutando uns
com os outros, acusando-os ou desculpando"
(Rom. 2:15). O gemido da humanidade, bem como
o gemido da criação, em razão do pecado, é
profundo e longo. Nem sempre alto;
frequentemente um tom subentendido, mais
frequentemente se afogou em risadas, mas ainda
terrivelmente real. Pecado como doença,
infeccioso e hereditário, pecado como culpa,
inferindo a condenação divina foi reconhecido; e
junto com o reconhecimento, a triste consciência
existiu de que a corrida não foi feita para o
pecado, e que o próprio homem, não Deus, tinha
errado. Homens de todas as idades e de todas as
religiões têm alguma forma pobre, para colocar
em seu protesto contra o pecado, "conhecendo o
julgamento de Deus, que aqueles que cometem
tais coisas são dignos de morte" (Rom. 1:32). Os
filhos caídos de Adão, embora odiassem a Deus e
Sua lei (Rom. 1:30), tornaram-se assim
63
inconscientemente testemunhas contra si
mesmos e, sem querer, tomaram partido de Deus
e de Sua lei. Ao longo dos tempos, esta luta
continuou entre o amor e o pavor do pecado, o
prazer da luxúria e a sensação de degradação por
causa disso; homens segurando o manto
envenenado, mas desejando rasgá-lo fora; sua
vida impregnada de maldade, mas suas palavras
tantas vezes esbanjaram sobre o bem. Com muito
calor, a antiga sabedoria pagã da Grécia e Roma se
pronuncia contra o vício, com reflexão profunda
às vezes descrevendo o conflito consigo mesmo, e
a vitória sobre a vontade indisciplinada e o apetite
irregular. Mas não sugeriu remédio e prometeu
aquilo que não tem poder em ajuda. Só poderia
dizer: "Continue lutando". A filosofia estava
indefesa em seus encontros com o mal humano, e
em sua simpatia com tristeza terrena. Olhou e
falou muitas palavras verdadeiras, mas não
trouxe cura, não curou feridas, não erradicou
nenhum pecado. isso foi a exibição de fraqueza,
não de poder, o mero grito de desamparo.Devotos
romanos, com jejuns e flagelações, além de
palavras sinceras, tentaram extirpar o mal e
nutrir o certo. Procurando a justiça, mas sem
saber o que justiça é, nem como vem para nós,
eles próprios construíram em justiça própria.
Professando buscar santidade, sem compreender
sua natureza, eles se enredaram em delírios que
não trazem pureza. Curvou-se, como dizem, a
"mortificar a carne, "identificando falsamente" a
64
carne "com o mero corpo, e trabalhando na
teologia que ensina que é o corpo que arruína a
alma, eles colocam grande ênfase no
enfraquecimento e maceração da estrutura
corporal, sem saber que estão alimentando o
pecado, fomentando o orgulho, tornando o corpo
menos apto para ser o ajudante da alma, e assim
produzindo a impiedade do tipo mais sombrio aos
olhos de Deus. Por regras de nenhum tipo gentil:
pelo terror, pela dor, por visões da morte e do
túmulo, por imagens de um inferno ferozmente
flamejante, pela negação de toda certeza no
perdão, eles têm procurado aterrorizar ou forçar-
se em bondade. Por longas orações, por práticas
amargas de abnegação, por cantos lentos à meia-
noite ou de manhã cedo na penumbra de
catedrais, por sacramentos frequentes, pelo
estudo profundo dos velhos pais, pelo frio da
solidão invernal, por atos multiplicados de mérito
e vontade na adoração, eles pensaram em
expulsar o demônio e erradicar "a mancha
indelével do pecado." Mas o sucesso não veio
desta forma. O empreendimento foi alto, mas
temeroso e os homens não sabiam o quão terrível
era. Eles tinham subestimado o poder do inimigo,
ao mesmo tempo que superestimavam o seu
próprio. Os recursos dos dois lados eram
realmente desiguais. Nem Leônidas contra as
miríades da Pérsia, nem os antigos três romanos
que seguraram a ponte contra a hoste etrusca
pode ser comparado a estes. Pode parecer apenas
65
as débeis aberrações de um pobre coração
humano com o qual eles estavam lidando, mas
eles não sabiam o que estes indicavam - qual é o
poder de uma vontade humana para o mal; o que
é resultante da hostilidade do homem a Deus;
qual é a vitalidade do pecado; o que é a
exasperante tendência da lei nua e crua, e a
elasticidade do mal sob a compressão; qual é a
tenacidade da resistência do homem ao bem e
para a lei da bondade; o que todos esses juntos
devem ser quando alimentados por baixo e
apoiados pelos recursos do inferno. Em tudo isso
não há um pensamento de graça ou amor divino
livre, não reconhecimento do perdão como raiz
da santidade. A filosofia do homeme a religião do
homem nunca sugeriu isso. Parece que o homem
não podia confiar em si mesmo com isso, e não
podia acreditar que Deus confiaria nele. Ele não
tem ideia das barreiras contra o pecado, exceto na
forma de paredes, correntes e barras de ferro, de
tortura, ameaças e ira. Só com isso ele confia. Ele
é lento para aprender que todos os impedimentos
legais são irritantes em sua própria natureza, sem
poder para produzir ou impor qualquer coisa,
exceto um externalismo restrito. A interposição
do amor perdoador, em plenitude e absoluta
franqueza, é resistida como um encorajamento
para o mal; e, na maioria, apenas em uma forma
muito condicional e restrita é permitida a graça
para entrar em jogo. A dinâmica da graça nunca
foi reduzida a uma fórmula; eles são considerados
66
incapazes de ser assim estabelecidos. Que Deus
deve agir em qualquer outro caráter que não seja
a recompensa do merecedor e a punição dos que
não merecem; que ele deveria ir nas profundezas
de um coração humano, e lá tocar as fontes que
foram consideradas inacessíveis ou perigosas
para lidar; que o Seu evangelho deve se lançar
sobre algo mais nobre do que o medo do homem
da ira, e comece proclamando o perdão como o
primeiro passo para a santidade - isso é tão
incrível para o homem que, mesmo com a Bíblia e
a cruz diante de seus olhos, ele se afasta dela
como uma tolice. No entanto, este é "o caminho
mais excelente", não, ele é a verdadeira e única
maneira de se livrar do pecado. Perdão dos
pecados, em crer no testemunho de Deus da
propiciação consumada da cruz, não é
simplesmente indispensável para uma vida santa,
na forma de remover o terror e libertar a alma da
pressão da culpa, mas transmitindo um impulso,
e um motivo, e um poder que nada mais poderia
fazer. Perdão no final ou no meio, um perdão
parcial ou um perdão incerto, ou um perdão
relutante, seria de nenhum proveito; iria apenas
atormentar e zombar. Mas um perdão completo,
apresentado de forma a trazer sua própria certeza
junto com ele para cada um que o tomará nas
mãos de Deus - este é um poder na terra, um
poder contra si mesmo, um poder contra o
pecado, um poder sobre a carne, um poder de
santidade, tal como nenhuma quantidade de
67
suspense ou terror poderia criar. É a isso que
nosso Senhor se refere, uma e outra vez, ao lidar
com os fariseus, aqueles representantes de um
padrão humano de bondade em contraste com a
divina. Quão profundo é o significado de
declarações como estas: "Quando eles não tinham
nada a pagar, ele francamente perdoou a ambos"
(Lucas 7:42); " Seus pecados, que são muitos, são
perdoados" (Lucas 7:47);" O senhor daquele servo
ficou comovido de compaixão, e o soltou, e
perdoou a dívida" (Mt 18:27); "Nem eu também te
condeno, vai e não peques mais" (João8:11); "Não
vim chamar justos, mas pecadores, ao
arrependimento" (Lucas 5:32); “O Filho do homem
veio buscar e salvar aquele que estava perdido
"(Lucas 19:10);" Deus amou o mundo de tal
maneira que deu Seu Filho unigênito" (João 3:16);
"Não vim para julgar o mundo,mas para salvar o
mundo" (João 12:47). É também para isso que os
apóstolos tantas vezes se referem em seus
discursos e epístolas: "carregando ele mesmo em
seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados,
para que nós, mortos para os pecados, vivamos
para a justiça; por suas chagas, fostes sarados." (1
Pedro 2:24); "Tomai, pois, irmãos, conhecimento
de que se vos anuncia remissão de pecados por
intermédio deste;”(Atos 13:38); "Mas Deus prova o
seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores." (Rom. 5: 8); "Nisto consiste o amor:
não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em
68
que ele nos amou e enviou o seu Filho como
propiciação pelos nossos pecados." (1 João 4:10);
"Nós o amamos,porque Ele nos amou primeiro" (1
João 4:19). Para isso, também, todos os profetas
deram testemunho; assim, "Eu perdoarei todas as
suas iniquidades" (Jer. 33: 8); "Há perdão contigo,
para que sejas temido" (Salmos 130: 4); "Quanto o
oriente dista do ocidente, assim ele remove
nossas transgressões de nós" (Salmo 103: 12); "Eu,
eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões
por amor de mim e dos teus pecados não me
lembro.”(Isaías 43:25). No entanto, não é apenas
uma questão de motivos e estimulantes que é
indicado em tudo isso. É uma libertação da
escravidão; é a dissolução da maldição da lei. Sob
a lei e sua maldição, um homem trabalha para si
mesmo e Satanás; sob a graça, ele trabalha para
Deus. É perdão que coloca um homem
trabalhando para Deus. Ele não trabalha para ser
perdoado, mas porque ele foi perdoado, e a
consciência de seu pecado ter sido perdoado o faz
ansiar mais por toda a sua remoção. Um homem
não perdoado não pode trabalhar
espiritualmente. Ele não tem vontade, nem poder,
nem a liberdade. Ele está acorrentado. Israel no
Egito não poderia servir Jeová. "Deixa ir o meu
povo, para que me sirva", foi a mensagem de Deus
ao Faraó (Êxodo 8: 1): primeiro a liberdade, depois
o serviço.
Um homem perdoado é o verdadeiro trabalhador,
o verdadeiro guardião da lei. Ele pode, ele deseja,
69
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo
Uma nova vida em Cristo

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina
“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina
“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrinajonasfreitasdejesus
 
Andrew murray-espirito-de-habitacao
Andrew murray-espirito-de-habitacaoAndrew murray-espirito-de-habitacao
Andrew murray-espirito-de-habitacaoFrancisco Deuzilene
 
O tabernáculo perfeito
O tabernáculo perfeitoO tabernáculo perfeito
O tabernáculo perfeitoRicardo Gondim
 
Curso para novos membros
Curso para novos membrosCurso para novos membros
Curso para novos membrosViva a Igreja
 
Só se vê a deus com santificação - livro
Só se vê a deus com santificação - livroSó se vê a deus com santificação - livro
Só se vê a deus com santificação - livroSilvio Dutra
 
Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)
Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)
Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)Éder Tomé
 
Lição 02 - O evangelho da graça
Lição 02 - O evangelho da graçaLição 02 - O evangelho da graça
Lição 02 - O evangelho da graçaRegio Davis
 
Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...
Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...
Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...IBC de Jacarepaguá
 
A diferença entre cristãos e hipócritas
A diferença entre cristãos e hipócritasA diferença entre cristãos e hipócritas
A diferença entre cristãos e hipócritasGlauco moraes
 
Lição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGR
Lição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGRLição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGR
Lição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGRGerson G. Ramos
 
Lição 13 a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015
Lição 13    a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015Lição 13    a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015
Lição 13 a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015Andrew Guimarães
 
TRINDADE - DEUS UNO E TRINO
TRINDADE - DEUS UNO E TRINOTRINDADE - DEUS UNO E TRINO
TRINDADE - DEUS UNO E TRINOPaulo David
 
As batalhas espirituais finais - parte 8
As batalhas espirituais finais  - parte 8As batalhas espirituais finais  - parte 8
As batalhas espirituais finais - parte 8Silvio Dutra
 
Lição 04 - Os Benefícios da Justificação
Lição 04 - Os Benefícios da JustificaçãoLição 04 - Os Benefícios da Justificação
Lição 04 - Os Benefícios da JustificaçãoRegio Davis
 
185152 grandes sermoes do mundo
185152 grandes sermoes do mundo185152 grandes sermoes do mundo
185152 grandes sermoes do mundoEdilson Silva
 
Tratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John Owen
Tratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John OwenTratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John Owen
Tratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John OwenSilvio Dutra
 
Lição 1 - O que é Mordomia Cristã
Lição 1 - O que é Mordomia Cristã Lição 1 - O que é Mordomia Cristã
Lição 1 - O que é Mordomia Cristã Éder Tomé
 
Lição 4 - OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
Lição 4 -  OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃOLição 4 -  OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
Lição 4 - OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃOAndrew Guimarães
 

Mais procurados (20)

“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina
“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina
“Doutrinas, normas, estatutos e preceitos” culto de doutrina
 
Andrew murray-espirito-de-habitacao
Andrew murray-espirito-de-habitacaoAndrew murray-espirito-de-habitacao
Andrew murray-espirito-de-habitacao
 
O tabernáculo perfeito
O tabernáculo perfeitoO tabernáculo perfeito
O tabernáculo perfeito
 
Curso para novos membros
Curso para novos membrosCurso para novos membros
Curso para novos membros
 
Só se vê a deus com santificação - livro
Só se vê a deus com santificação - livroSó se vê a deus com santificação - livro
Só se vê a deus com santificação - livro
 
Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)
Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)
Lição 1 - Deus se revelou à humanidade (windscreen)
 
Lição 02 - O evangelho da graça
Lição 02 - O evangelho da graçaLição 02 - O evangelho da graça
Lição 02 - O evangelho da graça
 
Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...
Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...
Aula 1 - Seminário Sobre a Igreja...
 
A diferença entre cristãos e hipócritas
A diferença entre cristãos e hipócritasA diferença entre cristãos e hipócritas
A diferença entre cristãos e hipócritas
 
Lição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGR
Lição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGRLição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGR
Lição 1112016_O que Pedro disse sobre o grande conflito_GGR
 
Lição 13 a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015
Lição 13    a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015Lição 13    a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015
Lição 13 a manifestação da graça da salvação 3º trimestre de 2015
 
TRINDADE - DEUS UNO E TRINO
TRINDADE - DEUS UNO E TRINOTRINDADE - DEUS UNO E TRINO
TRINDADE - DEUS UNO E TRINO
 
As batalhas espirituais finais - parte 8
As batalhas espirituais finais  - parte 8As batalhas espirituais finais  - parte 8
As batalhas espirituais finais - parte 8
 
Lição 04 - Os Benefícios da Justificação
Lição 04 - Os Benefícios da JustificaçãoLição 04 - Os Benefícios da Justificação
Lição 04 - Os Benefícios da Justificação
 
185152 grandes sermoes do mundo
185152 grandes sermoes do mundo185152 grandes sermoes do mundo
185152 grandes sermoes do mundo
 
Licao 12
Licao 12Licao 12
Licao 12
 
Tratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John Owen
Tratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John OwenTratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John Owen
Tratado Sobre o Espirito Santo – livro II - John Owen
 
Lição 1 - O que é Mordomia Cristã
Lição 1 - O que é Mordomia Cristã Lição 1 - O que é Mordomia Cristã
Lição 1 - O que é Mordomia Cristã
 
03 santificação
03 santificação03 santificação
03 santificação
 
Lição 4 - OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
Lição 4 -  OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃOLição 4 -  OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
Lição 4 - OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
 

Semelhante a Uma nova vida em Cristo

Participantes da natureza divina
Participantes da natureza divina Participantes da natureza divina
Participantes da natureza divina Sergio Schmidt
 
Epístola aos romanos
Epístola aos romanosEpístola aos romanos
Epístola aos romanosLaisinha Dias
 
Um espírito evangélico
Um espírito evangélicoUm espírito evangélico
Um espírito evangélicoSilvio Dutra
 
Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra 21.03.2016
Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra   21.03.2016Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra   21.03.2016
Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra 21.03.2016Claudio Marcio
 
Deus requer santificação aos cristãos 36
Deus requer santificação aos cristãos 36Deus requer santificação aos cristãos 36
Deus requer santificação aos cristãos 36Silvio Dutra
 
Lição 5 - A Maravilhosa Graça
Lição 5 -  A Maravilhosa GraçaLição 5 -  A Maravilhosa Graça
Lição 5 - A Maravilhosa GraçaAndrew Guimarães
 
Avaliando conforme Deus avalia
Avaliando conforme Deus avaliaAvaliando conforme Deus avalia
Avaliando conforme Deus avaliaSilvio Dutra
 
Avaliando Como Deus Avalia
Avaliando Como Deus AvaliaAvaliando Como Deus Avalia
Avaliando Como Deus AvaliaSilvio Dutra
 
Crescimento em Cristo_632014_GGR
Crescimento em Cristo_632014_GGRCrescimento em Cristo_632014_GGR
Crescimento em Cristo_632014_GGRGerson G. Ramos
 
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John OwenTratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John OwenSilvio Dutra
 
39 artigos de_religiao
39 artigos de_religiao39 artigos de_religiao
39 artigos de_religiaoLuiza Dayana
 
8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda
8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda
8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado aindaJair de Barros
 

Semelhante a Uma nova vida em Cristo (20)

Participantes da natureza divina
Participantes da natureza divina Participantes da natureza divina
Participantes da natureza divina
 
Epístola aos romanos
Epístola aos romanosEpístola aos romanos
Epístola aos romanos
 
Um espírito evangélico
Um espírito evangélicoUm espírito evangélico
Um espírito evangélico
 
Espiritualidade crista
Espiritualidade cristaEspiritualidade crista
Espiritualidade crista
 
Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra 21.03.2016
Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra   21.03.2016Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra   21.03.2016
Princípios para o crescimento e desenvolvimento na palavra 21.03.2016
 
Deus requer santificação aos cristãos 36
Deus requer santificação aos cristãos 36Deus requer santificação aos cristãos 36
Deus requer santificação aos cristãos 36
 
Lição 5 - A Maravilhosa Graça
Lição 5 -  A Maravilhosa GraçaLição 5 -  A Maravilhosa Graça
Lição 5 - A Maravilhosa Graça
 
39 artigos da religiao.pdf
39 artigos da religiao.pdf39 artigos da religiao.pdf
39 artigos da religiao.pdf
 
Avaliando conforme Deus avalia
Avaliando conforme Deus avaliaAvaliando conforme Deus avalia
Avaliando conforme Deus avalia
 
Avaliando Como Deus Avalia
Avaliando Como Deus AvaliaAvaliando Como Deus Avalia
Avaliando Como Deus Avalia
 
A regeneração
A regeneraçãoA regeneração
A regeneração
 
Regeneracao
RegeneracaoRegeneracao
Regeneracao
 
Crescimento em Cristo_632014_GGR
Crescimento em Cristo_632014_GGRCrescimento em Cristo_632014_GGR
Crescimento em Cristo_632014_GGR
 
Poder
PoderPoder
Poder
 
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John OwenTratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
 
39 artigos de_religiao
39 artigos de_religiao39 artigos de_religiao
39 artigos de_religiao
 
Principios elementares
Principios elementaresPrincipios elementares
Principios elementares
 
Livro que revela a verdade
Livro que revela a verdadeLivro que revela a verdade
Livro que revela a verdade
 
Justificação estudo
Justificação estudoJustificação estudo
Justificação estudo
 
8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda
8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda
8 Verdades Reveladas que você pode estar fazendo errado ainda
 

Mais de Silvio Dutra

A Vida Alcançada por uma Aliança
A Vida Alcançada por uma AliançaA Vida Alcançada por uma Aliança
A Vida Alcançada por uma AliançaSilvio Dutra
 
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...Silvio Dutra
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdfSilvio Dutra
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdfSilvio Dutra
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2Silvio Dutra
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdfSilvio Dutra
 
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdfDeus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdfSilvio Dutra
 
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdfDeus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdfSilvio Dutra
 
O Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
O Pecado Inviabiliza a Paz MundialO Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
O Pecado Inviabiliza a Paz MundialSilvio Dutra
 
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John OwenA firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John OwenSilvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 74
Deus requer santificação aos cristãos 74Deus requer santificação aos cristãos 74
Deus requer santificação aos cristãos 74Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 73
Deus requer santificação aos cristãos 73Deus requer santificação aos cristãos 73
Deus requer santificação aos cristãos 73Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 72
Deus requer santificação aos cristãos 72Deus requer santificação aos cristãos 72
Deus requer santificação aos cristãos 72Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 71
Deus requer santificação aos cristãos 71Deus requer santificação aos cristãos 71
Deus requer santificação aos cristãos 71Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 70
Deus requer santificação aos cristãos 70Deus requer santificação aos cristãos 70
Deus requer santificação aos cristãos 70Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 69
Deus requer santificação aos cristãos 69Deus requer santificação aos cristãos 69
Deus requer santificação aos cristãos 69Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 68
Deus requer santificação aos cristãos 68Deus requer santificação aos cristãos 68
Deus requer santificação aos cristãos 68Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 67
Deus requer santificação aos cristãos 67Deus requer santificação aos cristãos 67
Deus requer santificação aos cristãos 67Silvio Dutra
 
Deus requer santificação aos cristãos 66
Deus requer santificação aos cristãos 66Deus requer santificação aos cristãos 66
Deus requer santificação aos cristãos 66Silvio Dutra
 

Mais de Silvio Dutra (20)

A Vida Alcançada por uma Aliança
A Vida Alcançada por uma AliançaA Vida Alcançada por uma Aliança
A Vida Alcançada por uma Aliança
 
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
 
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdfDeus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
 
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdfDeus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
 
O Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
O Pecado Inviabiliza a Paz MundialO Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
O Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
 
O Começo e o Fim
O Começo e o FimO Começo e o Fim
O Começo e o Fim
 
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John OwenA firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
 
Deus requer santificação aos cristãos 74
Deus requer santificação aos cristãos 74Deus requer santificação aos cristãos 74
Deus requer santificação aos cristãos 74
 
Deus requer santificação aos cristãos 73
Deus requer santificação aos cristãos 73Deus requer santificação aos cristãos 73
Deus requer santificação aos cristãos 73
 
Deus requer santificação aos cristãos 72
Deus requer santificação aos cristãos 72Deus requer santificação aos cristãos 72
Deus requer santificação aos cristãos 72
 
Deus requer santificação aos cristãos 71
Deus requer santificação aos cristãos 71Deus requer santificação aos cristãos 71
Deus requer santificação aos cristãos 71
 
Deus requer santificação aos cristãos 70
Deus requer santificação aos cristãos 70Deus requer santificação aos cristãos 70
Deus requer santificação aos cristãos 70
 
Deus requer santificação aos cristãos 69
Deus requer santificação aos cristãos 69Deus requer santificação aos cristãos 69
Deus requer santificação aos cristãos 69
 
Deus requer santificação aos cristãos 68
Deus requer santificação aos cristãos 68Deus requer santificação aos cristãos 68
Deus requer santificação aos cristãos 68
 
Deus requer santificação aos cristãos 67
Deus requer santificação aos cristãos 67Deus requer santificação aos cristãos 67
Deus requer santificação aos cristãos 67
 
Deus requer santificação aos cristãos 66
Deus requer santificação aos cristãos 66Deus requer santificação aos cristãos 66
Deus requer santificação aos cristãos 66
 

Último

Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfJacquelineGomes57
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfnatzarimdonorte
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAInsituto Propósitos de Ensino
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaDenisRocha28
 
Formação da Instrução Básica - Congregação Mariana
Formação da Instrução Básica - Congregação MarianaFormação da Instrução Básica - Congregação Mariana
Formação da Instrução Básica - Congregação MarianaMarcoTulioMG
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaRicardo Azevedo
 
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxFormação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxVivianeGomes635254
 
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuaisG6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuaisFilipeDuartedeBem
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .natzarimdonorte
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................natzarimdonorte
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).natzarimdonorte
 
Oração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosOração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosNilson Almeida
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.LucySouza16
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusVini Master
 
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................CarlosJnior997101
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaSessuana Polanski
 

Último (20)

Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
 
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITAVICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
 
Formação da Instrução Básica - Congregação Mariana
Formação da Instrução Básica - Congregação MarianaFormação da Instrução Básica - Congregação Mariana
Formação da Instrução Básica - Congregação Mariana
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
 
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxFormação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
 
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuaisG6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
 
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmoAprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
Oração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosOração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos Refugiados
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
 
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
 

Uma nova vida em Cristo

  • 1. B699 Bonar, Horatius (1808-1889) O caminho de santidade de Deus – Horatius Bonar Traduzido e adaptado por Silvio Dutra Rio de Janeiro, 2021. 164p, 14,8 x 21 cm 1. Teologia. 2. Vida cristã. I. Título CDD 230
  • 2. SUMÁRIO PREFÁCIO:...............................................................................03 CAPÍTULO 1: A Nova Vida................................................05 CAPÍTULO 2: Cristo por nós, o Espírito em nós...............................................................................................27 CAPÍTULO 3: A Raiz e o Solo da Santidade.............44 CAPÍTULO 4: Uma força contra o pecado..............63 CAPÍTULO 5: A Cruz e Seu Poder...............................74 CAPÍTULO 6: O Santo e a Lei........................................91 CAPÍTULO 7: O Santo e o Sétimo Capítulo dos Romanos.......................................................................116 CAPÍTULO 8: O verdadeiro credo e a verdadeira vida..................................................................129 CAPÍTULO 9: Conselhos e advertências..............146 2
  • 3. PREFÁCIO O caminho da paz e o caminho da santidade estão lado a lado, ou melhor, eles são um. Aquilo que concede um comunica o outro; e aquele que pega um leva o outro também. O Espírito de paz é o Espírito de santidade. O Deus de paz é o Deus de santidade. Se a qualquer momento esses caminhos parecerem se separar, deve haver algo errado - errado no ensino que os faz parecer deixar a companhia, ou errado no estado do homem em cuja vida eles têm feito isso. Eles começam juntos, ou pelo menos quase juntos que nenhum olho, exceto o divino pode marcar a diferença. No entanto, falando propriamente, a paz precede a santidade e é seu pai. Isso é o que os teólogos chamam de "prioridade na natureza, embora não no tempo", o que significa substancialmente isso, que a diferença em tais começos quase idênticos é muito pequeno em um ponto de tempo para ser percebido por nós, mas não é nessa conta menos distinto e real. Os dois não são independentes. Existe comunhão entre eles, comunhão vital, cada um sendo o ajudante do outro. a comunhão não é mera coincidência, como no caso de estranhos que por 3
  • 4. acaso se encontram no mesmo caminho, nem de arbitrária nomeação, como no caso de duas estradas paralelas, mas de ajuda mútua e simpatia - como a comunhão de cabeça e coração, ou de dois membros de um corpo, a paz sendo indispensável para a produção ou causação da santidade, e a santidade indispensável à manutenção e aprofundamento da paz. Aquele que afirma que tem paz, enquanto vive em pecado, é "um mentiroso, e a verdade não está nele. "Aquele que pensa que tem santidade, embora ele não tem paz, deveria questionar se ele entendeu bem o que a Bíblia quer dizer com um ou outro; para, como a essência da santidade é o estado correto da alma em relação a Deus, não parece possível que um homem possa ser santo, enquanto não houver reconciliação consciente entre Deus e ele. (Nota do tradutor: A guerra entre o homem e Deus tem que acabar primeiro por meio da justificação pela fé, pois é dito em Rom 5 que “justificados pela graça mediante a fé, temos paz com Deus.) Pode haver uma santidade espúria, fundada em uma paz espúria, ou em nenhuma paz afinal; mas a verdadeira santidade deve partir de uma paz verdadeira e autêntica. 4
  • 5. CAPÍTULO 1 - A nova vida É para uma nova vida que Deus nos chama; não para alguns novos passos em vida, alguns novos hábitos ou maneiras ou motivos ou perspectivas, mas para uma nova vida. Para a produção desta nova vida o eterno Filho de Deus tomou nossa carne, morreu, foi sepultado e ressuscitou. Não era vida produzindo vida, uma vida inferior elevando-se a uma superior, mas a vida se enraizando em seu oposto, a vida produzida a partir da morte, pela morte do "Príncipe da vida". Donova criação, como da velha, Ele é o autor. Para a operação disso, o Espírito Santo desceu em poder, entra nas almas dos homens e mora lá, que a partir do velho pode trazer o novo. Aquilo que Deus chama de novo deve ser verdade. Pois a Bíblia significa o que diz, como sendo, de todos os livros, não apenas o mais verdadeiro em pensamento, mas o mais preciso na fala. Grandiosa então e autêntica deve ser aquela "coisa nova na terra" que Deus "cria", para a qual Ele nos chama, e o que Ele faz por meios tão estupendos e a tal custo. Mais odiosa também deve ser aquela nossa velha vida para Ele, quando, a fim de aboli-la, entrega Seu Filho; e mais querido, devemos estar à sua vista quando, a fim de nos resgatar da velha vida, e nos tornar participantes da nova, Ele traz todos os recursos 5
  • 6. divinos de amor, poder e sabedoria, para atender às exigências de um caso que, de outra forma, teria sido totalmente perdido. O homem de quem a velha vida saiu, e para quem uma nova vida chegou, ainda é o mesmo indivíduo. O mesmo sendo que antes estava "sob a lei" agora está "sob a graça". Suas feições e membros ainda são os mesmos; seu intelecto, imaginação, capacidades e responsabilidades ainda são os mesmos. Mas ainda assim as coisas velhas passaram longe; todas as coisas se tornaram novas. O velho está morto; o novo homem vive. Não é apenas a velha vida retocada e feita mais graciosa, defeitos riscados, rugosidade suavizada, graças presas aqui e ali. Não é uma coluna quebrada reparada, uma imagem suja limpa, uma inscrição desfigurada preenchida, um templo não varrido branqueado. É mais do que tudo isso, do contrário Deus não a chamaria de nova criação, nem o Senhor teria afirmado com tal terrível explicitação, como Ele faz em sua conferência com Nicodemos, a lei divina de exclusão e entrada no reino de Deus (João 3: 3). No entanto, quão poucos em nossos dias acreditam que "aquilo que nasce da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito" (João 3: 6). Ouça como Deus fala! Ele nos chama de "bebês recém-nascidos" (1 Pedro 2: 2),"novas criaturas" (Gal. 6:15), uma "nova massa" (1 Cor 5: 9), um "novo homem" (Efésios 2:15), cumpridores de um "novo mandamento" (1 João 2: 8), herdeiros de "um novo nome" e uma 6
  • 7. nova cidade (Apocalipse 2:17; 3:12), com expectativa de "novos céus e uma nova terra" (2 Pedro 3:13). Este novo ser, tendo iniciado em um novo nascimento, desdobra-se em “novidade de espírito "(Rom. 7: 6), de acordo com uma "nova aliança" (Heb. 8: 8), caminha ao longo de um "novo e vivo caminho", (Hb 10:20), e termina no "novo cântico" e na "Nova Jerusalém" (Ap. 5: 9; 21: 2). Não é algo exterior, feito de moralidades e benevolências ostentosas, ou ritos pitorescos e rotina graciosa de devoção, ou sentimentalismos brilhantes ou sombrios, ou declarações religiosas à medida de ocasiões, quanto à grandeza da antiguidade, ou graça sacramental, ou a grandeza da criatura, ou a nobreza da humanidade, ou a paternidade universal de Deus. É algo mais profundo, mais verdadeiro e mais genial do que aquilo que se chama profundo, verdadeiro e genial em filosofia religiosa moderna. Suas afinidades são com as coisas de cima; suas simpatias são divinas; está do lado de Deus em tudo; isto não tem nada, além de algumas expressões, em comum com superficialidades e falsidades que, sob o nome de religião, são comuns entre as multidões que chamam a Cristo de "Senhor" e "Mestre". Um cristão é aquele que foi "crucificado com Cristo", que tem morrido com Ele, foi sepultado com Ele, ressuscitou com Ele, ascendeu com Ele, e está sentado " nos lugares celestiais" com Ele (Rom. 6: 3-8; Gal 2:20; 7
  • 8. Ef. 2: 5,6; Colossenses 3: 1-3). Como tal, ele se considera morto para o pecado, mas vivo para Deus (Rom. 6:11). Como tal, ele não cede seus membros como instrumentos de injustiça para o pecado, mas ele entrega-se a Deus, vivo dentre os mortos, e seus membros como instrumentos de justiça para Deus. Como tal, ele busca "as coisas que estão acima", e coloca sua afeição nas coisas acima, mortificando seus membros que estão na terra; fornicação, impureza, afeição excessiva, concupiscência má e cobiça, que é idolatria (Colossenses 3: 1-5). Essa novidade é abrangente, tanto em sua exclusão do mal como em sua inclusão do bem. É resumida pelo apóstolo em duas coisas: justiça e santidade. "Despoje-se", diz ele, "do velho, que é corrupto, de acordo com as concupiscências enganosas; e seja renovado no espírito de sua mente; ... revista-se do novo homem, que segundo Deus é criado em justiça e verdadeira santidade," (Ef 4: 22-24), literalmente "justiça e santidade da verdade", isto é, descansando na verdade. O novo homem, então, deve ser justo e santo, interior e exteriormente, perante Deus e o homem, no que diz respeito à Lei e ao evangelho, e isso por meio da verdade. Pois como aquilo que é falso ("a mentira" verso 25) só pode produzir injustiça e impiedade, então a verdade produz justiça e santidade por meio do poder do Espírito Santo. O erro fere, a verdade cura; o erro é a raiz do pecado, a verdade é a raiz de pureza e perfeição. É 8
  • 9. então para uma nova posição ou estado, um novo caráter moral, uma nova vida, uma nova alegria, um novo trabalho, uma nova esperança, que somos chamados. Aquele que pensa que a religião compreende nada menos do que isso nada conhece ainda como ele deveria saber. Para aquilo que o homem chama de "piedade", menos pode ser suficiente; mas para nenhuma religião que não em algum grau abrace estes, pode o reconhecimento divino ser concedido. Estas são palavras importantes do apóstolo: "Nós somos feitura dele." Dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas que pertencem para nós. Escolhido, chamado, vivificado, lavado, santificado e justificado pelo próprio Deus, de forma alguma somos nossos próprios libertadores. A pedreira a partir da qual o mármore vem é Sua; o mármore em si é dEle, o cavar, cortar e polir são Seus; Ele é o escultor e nós a estátua.“Nós somos sua feitura”, diz o apóstolo. Mas isto não é tudo. Nós somos, acrescenta ele, "criados em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus antes ordenou para que andássemos nelas." O plano, a seleção dos materiais, o modelo, o trabalhador, o acabamento, são todos divinos; e embora ainda não apareça o que seremos, sabemos que seremos "como Ele", Sua imagem reproduzida em nós, sendo ele próprio representado por nós, pois somos "renovados em entendimento segundo a imagem daquele que nos criou” (Colossenses 9
  • 10. 3:10). Não é, entretanto, mármore morto e frio que deve ser trabalhado. Esse é um trabalho simples, exigindo apenas uma determinada quantidade de habilidade. Mas a remodelação da alma é indescritivelmente mais difícil e requer muitos aparelhos mais complexos. As influências no trabalho em oposição - interna e externa, espiritual, legal, física - são muitas; e igualmente numerosas devem ser as influências trazidas em jogo para atender a tudo isso, e realizar o desígnio. O trabalho não é mecânico, mas moral e espiritual (físico em certo sentido, como lidar com a natureza das coisas, mas mais verdadeiramente, moral e espiritual). Onipotência não é mero poder físico ilimitado, operando, como na matéria inanimada, por mera intensidade de vontade; mas poder que, com recursos ilimitados ao seu comando, exibe sua grandeza por regular suas saídas de acordo com as circunstâncias morais, produzindo seus maiores resultados por influências morais indiretas, desenvolvendo-se em conformidade com a lei e soberania, e santo amor por um lado, e por outro com a culpa humana, e responsabilidade da criatura e livre arbítrio. As complexidades, portanto introduzidas são infinitas, e as "quantidades variáveis", se assim podemos falar, são tão peculiares e tão inumeráveis, que não podemos encontrar fórmula para nos ajudar na solução do problema; ficamos confusos em especular sobre os 10
  • 11. processos pelos quais a onipotência lida com seres morais, seja em sua pecaminosidade ou em sua santidade. Aqui, vamos também notar a dualidade ou duplicidade da verdade divina, o esquecimento do qual ocasionou muitas controvérsias infrutíferas e originou muitas falsidades. A verdade não é, de fato, bilateral, mas multifacetada, como um cristal bem lapidado. Em um sentido mais geral, no entanto, é realmente dupla; com uma face celestial e uma terrestre, uma divina e um lado ou aspecto humano. É na linha onde esses dois se encontram que o maior ajuste é necessário e, portanto, é aqui, que essas teologias divergentes entraram especialmente em conflito. Os aspectos da verdade em direção ao céu e à terra devem ser cuidadosamente distintos - aquele que se encaixa no outro, aquele que tem contrapartida no outro. Deus é Soberano absoluto; é esse lado. O homem tem vontade própria e não é uma máquina ou uma pedra; esse é o outro. Deus escolhe e atrai de acordo com o bom prazer de Sua vontade; ainda assim, ele não impede nenhum homem de vir ou de estar disposto. Deus é o doador de fé, mas "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus" (Rom. 10:17). Daí a dificuldade de acreditar não é da ausência de faculdades adequadas, mas da perturbação destas, e a conversão é a restauração de Deus destas à sua natureza original. A fé não é uma joia estrangeira importada para a alma, distinta de todos os nossos poderes originais; é 11
  • 12. simplesmente o homem crendo, em consequência de sua alma ser corrigida pelo Santo Espírito, mas ele acredita e descrê da mesma forma que antes. Isto não é o intelecto, ou a mente, ou as afeições que acreditam; isto é o homem, o homem total, o mesmo homem inteiro que antigamente era descrente. Muito absurdo e não filosófico (para não dizer anti-bíblico) foram as questões levantadas quanto à sede da fé, seja no intelecto, ou na vontade, ou no coração. Fé é o homem crente, assim como o amor é o homem que ama. Em Romanos 10: 9, o apóstolo não está contrastando o coração com a mente, mas com a boca; em outras palavras, o homem interno com o externo. Deus opera em nós tanto o querer como o fazer, mas nos ordena que trabalhemos nossa salvação com temor e tremor. É Deus que nos santifica, mas é pela "verdade" que somos santificados (João 17:17). É Deus quem purifica (Tito 2:14), mas é pela fé que nossos corações são purificados (Atos 15: 9). É Deus que nos enche de alegria e paz, e ainda assim "em acreditar". Essa dualidade é a chave para a solução de muitas controvérsias difíceis. Os movimentos do intelecto do homem não é substituído por Deus, mas assumido e regulado; o intelecto em si não é subjugado e forçado, mas é liberado para fazer seu verdadeiro trabalho realmente. [2] As "coisas celestiais" e "coisas terrenas" são distintas, mas não separadas; sempre para serem vistas em conexão comum um ao outro, mas não 12
  • 13. confuso; porque confusão aqui é misticismo,superstição e falsa doutrina. "Existem corpos celestes, e corpos terrestres; mas a glória do celestial é uma, e a glória do terrestre é outra" (1 Cor. 15:40). Em cada verdade bíblica existem dois elementos, o divino e o humano; mas o elemento divino é uma coisa, o humano outra. A teologia que incorpora mais verdade é aquela que sabe como reconhecer ambos, sem confusão, mas sem isolamento ou antagonismo, e que se recusa a fundir o divino no humano ou o humano no divino. [3]Daí a necessidade de nos limitarmos à Palavra, e ao perigo de introduzir a metafísica humana em questões conectadas com a mudança espiritual operada em nós. É Deus quem trabalha; isto é, nós que somos trabalhados; e tudo que é preciso ser conhecido em conexão com esta obra é revelado no registro divino. Nós damos este pensamento teve alguma proeminência por causa da tendência com muitos para magnificar a humanidade, e subestimar a grandeza dessa mudança que dá início ao curso e caráter cristão. Sem elevação do sabor natural, sem infusão de religião ou benevolente seriedade, nenhum cultivo do intelecto, pode preencher a descrição que nos foi dada na palavra de alguém "que teme a Deus" e é "chamado de acordo com o Seu propósito", "gerado novamente para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pedro 1: 3). Pedimos isso com 13
  • 14. mais decisão porque, como é o começo, também é o meio e o fim. Uma ideia falsa ou um passo divergente no início pode levar a uma religião falsa ao longo da vida, a uma imperfeita e bondade superficial, como uma figura incorreta ou sinal em uma equação falsifica o processo e o resultado. Se a junta deslocada não é configurada corretamente, ele nunca mais funcionará confortavelmente; e se a ferida é apenas esfolada, a doença pode estar tomando seu próprio caminho por baixo, ainda mais fatal porque é suposto ter sido removida. Como o Espírito Santo opera na produção da novidade da qual nós falamos, não sabemos; mas ainda sabemos que Ele não destrói ou inverte as faculdades do homem; Ele as renova também para que cumpram os verdadeiros fins para os quais foram dadas. Como Ele não faz da mão o pé, nem do olho o ouvido, então Ele não faz do coração o intelecto, nem da vontade o julgamento. Cada corpo docente permanece o mesmo no final e uso como antes, apenas purificado e configurado corretamente para funcionar. Nem o Espírito Santo substitui o uso de nossas faculdades por Sua habitação. Em vez disso, esta habitação torna estas mais úteis, mais enérgicas, cada uma fazendo seu trabalho adequado e cumprindo seu devido ofício; enquanto todo o homem, corpo, alma e espírito, em vez de ser colocado sob restrição mecânica, é tornado mais verdadeiramente livre, nunca mais 14
  • 15. completamente ele mesmo do que quando preenchido com o Espírito Santo. Pois o resultado da habitação do Espírito é a liberdade; não escravidão, ou a produção de um caráter artificial. Assim, embora nenhuma violência seja feita ao nosso ser na regeneração (novo nascimento pelo Espírito), a onipotência está em ação em todos os pontos. Nosso novo ser não é o resultado de um processo mecânico, mas é o produto do poder divino. Deus o reivindica como uma "criação" e como obra de Suas próprias mãos. "Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito." (2 Cor. 5: 5), onde a palavra implica a elaboração completa de alguma peça difícil de se trabalhar. "É Deus que opera em nós tanto o querer como o fazer de acordo com sua boa vontade" (Fp 2:13), onde as expressões indicam uma operação que influencia nossa vontade, bem como nosso fazer, eisso por causa de estar "satisfeito" com Cristo (Mt 3:17) e com Seu próprio desígnio eterno. "Cultivo de Deus" (1 Cor. 3: 9) é o Seu nome para nós quando falamos como lavradores,"Edifício de Deus" (ou tecido), Seu nome quando fala como um arquiteto. É para a imagem de Seu Filho que Ele nos predestinou para sermos conformados, para que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rom. 8:29), tendo "nos escolhido nEle antes da fundação do mundo, que devemos ser santos e sem culpa diante dEle em amor" (Efésios 1: 4). É, então, para a santidade que Deus está nos 15
  • 16. chamando (1 Tes. 4: 7); que nós devemos ter nosso "fruto para santidade" (Rom. 6:22), que nossos corações devem ser estabelecidos "irrepreensíveis em santidade" (1 Tes. 3:13); que devemos abundar em "todo santo procedimento e piedade" (2 Pe 3:11); que devemos ser "um santo sacerdócio" (1 Pedro 2: 5); "piedosos em todas as formas de conduta" (1 Pedro 1:15);" chamados com uma santa vocação" (2 Tim. 1: 9); "santos e irrepreensíveis diante dEle em amor" (Efésios 1: 4), apresentando não apenas nossas almas, mas nossos corpos como um sacrifício santo a Deus (Rom. 12: 1); não, lembrando que esses corpos não são apenas "um sacrifício", mas um "templo do Espírito Santo" (1 Coríntios 6:19). Santidade é semelhança com Deus, com Aquele que é o Santo de Israel, com Aquele a quem eles louvam no céu, como "Santo, Santo, Santo" (Ap 4: 8). Isto é a semelhança com Cristo, com "aquele ente sagrado" que nasceu da virgem, para Aquele que era "santo, inofensivo, imaculado, separado de pecadores" (Heb. 7:26). Não é apenas uma disjunção do mal e do mundo mau; mas é separação para Deus e Seu serviço. Isto é separação sacerdotal, para serviço sacerdotal. É uma distinção como aquilo que marcava o tabernáculo e todos os seus vasos, separação de cada uso comum: separação por sangue "o sangue doaliança eterna," este sangue (ou o que ele significa, a saber, morte) sendo interposto entre nós e todas as coisas comuns, de modo que 16
  • 17. estamos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, vivos para a justiça, tendo morrido e ressuscitado naquele cujo sangue nos fez o que somos, santos. Esta santidade ou consagração se estende a todas as partes de nossas pessoas, preenche o nosso ser, espalha-se pela nossa vida, influencia tudo o que fazemos, ou pensamos, ou falamos, ou planejamos, pequeno ou grande, exterior ou interior, negativo ou positivo, nosso amor, nosso ódio, nossa tristeza, nossa alegria, nossas recreações, nosso negócio, nossas amizades, nossos relacionamentos, nosso silêncio, nossa fala, nossa leitura, nossa escrita, nosso sair e entrar - todo o nosso homem em cada movimento de espírito, alma e corpo. Na casa, no santuário, na câmara, no mercado, na loja, no balcão, na rodovia, tem que ver que a nossa éuma vida consagrada. Em um aspecto, a santificação é um ato, algo feito de uma vez, como a justificação. No momento em que o sangue nos toca, isto é, assim que acreditamos no testemunho de Deus sobre o sangue - estamos "limpos" (João15: 3), "santificado", separado para Deus. É neste cerimonial ou sentido sacerdotal de que a palavra é usada na Epístola aos Hebreus; pois como isso aos Romanos nos leva ao fórum e lida com nossa situação legal, para que os hebreus nos levem para o templo, e trata de nossa posição sacerdotal. Como os vasos do santuário foram imediatamente separados para Deus e Seu serviço, no momento 17
  • 18. em que o sangue os tocou, nós também. Isso não implicava que esses vasos não exigiam ablução diária depois, então nem nossa consagração íntima de que não precisamos de santificação diária, nem de interior processo para se livrar do pecado. A consagração iniciática através do sangue é uma coisa, e a santificação contínua pelo poder do Espírito Santo é outrs. O primeiro é o primeiro passo,a introdução ao último; não, absolutamente indispensável para qualquer progresso no último; ainda assim não o substitui, mas o torna bastante uma necessidade maior. Para este fim, somos consagrados pelo sangue, para que possamos ser purificados interiormente pelo Espírito Santo; e aquele que faria da integridade do primeiro ato um substituto para o último processo, ou uma razão para negligenciá- lo, ainda precisa aprender o que significa consagração, qual é a importância do sangue que consagra, e para que fim fomos escolhidos em Cristo e chamados por Sua graça (Efésios 1: 4). Aquilo que o homem chama de pecado pode ser facilmente obliterado ou atenuado para baixo em bondade. Não mereceria expulsão do Paraíso, nem dilúvio, nem fogo de Sodoma; é uma coisa que as chamas do Sinai grandemente exageram, e da qual a história de Israel apresenta um excepcional cenário. É um dos percalços da humanidade, cuja enormidade tem sido mal avaliada pelos teólogos, e a história de que, nas Escrituras, deve ser lido com reduções e devidas 18
  • 19. permissões para colorir oriental! Não é coisa do juiz, mas para o médico; não uma coisa para condenação, mas para piedade. Isto não merece inferno, nenhuma ira divina, nenhuma sentença legal; não precisa de expiação, nem sangue, nem cruz, nem substituição de vida por vida; mera encarnação como a expressão do amor divino ao infeliz, e a sugestão para o universo da compreensão de Deus a paternidade e a união de Adão com Deus serão suficientes. Mas o que Deus chama de pecado é algo infinitamente terrível, longe além de nossas idéias de infortúnio e doença, algo para o qual até mesmo Sodoma e Sinai mostraram apenas uma expressão débil. É algo que a lei amaldiçoa e o juiz condena; algo que precisa de um perdão justo, um Salvador divino e um Espírito todo-poderoso; algo que pode destruir uma alma e arruinar um mundo, que pode, de uma única gota, transbordar a terra por seis mil anos e preencher o inferno eternamente. É aquele de cujo ódio o sangue e a fumaça e o fogo do altar fala, que é "excessivamente pecaminoso", cujo salário é a morte, a primeira e a segunda morte, e de cuja perversidade a escuridão eterna é a testemunha. Aquele que deseja conhecer a santidade deve compreender o pecado: e aquele que veria o pecado como Deus o vê, e pensaria nele como Deus o vê, deve olhar a cruz e sepultura do Filho de Deus, e deve conhecer o significado de Getsêmani e Gólgota. Devo pensar no pecado 19
  • 20. como Deus pensa? Certamente. Eu não teria liberdade de pensar de outra forma? Nenhuma. Você pode fazer isso, se quiser arriscar, mas as consequências são terríveis, pois o erro é pecado. Nós não somos obrigados a pensar como o homem pensa. A este respeito, temos toda liberdade; não tradição, mas o pensamento livre pode ser nossa fórmula aqui. Mas somos obrigados a pensar como Deus pensa, não em uma coisa, mas em tudo. Ai daquele que presume ser diferente de Deus, ou considera uma questão leve ser uma mente com Ele, ou tentar provar que a Bíblia é imprecisa ou ininteligível, ou apenas metade inspirada, a fim de se libertar da responsabilidade de receber toda a verdade de Deus e dar-lhe licença para acreditar ou descrer a seu bel-prazer, livre das amarras de uma revelação fixa. A tendência dos dias atuais é subestimar o pecado e compreender mal sua natureza. Da cruz de Cristo os homens partem dos próprios elementos que revelam a opinião divina sobre seu mal. Pecado é admitido como um mal, maior ou menor de acordo com as circunstâncias; um veneno hereditário, do qual o tempo e a seriedade trabalharão a Constituição; um apetite incontrolável, mas inevitável, que deve ser corrigido gradualmente pela disciplina moral e dietas intelectuais saudáveis, tornadas medicinais por uma infusão moderada do "elemento religioso"; uma dor nauseante, às vezes na consciência, às vezes no coração, que deve ser 20
  • 21. acalmado pelo misticismo sonhador, que, agindo como clorofórmio espiritual, embota a inquietação sem tocar em seu assento; Isso é tudo! Por que um Deus amoroso deveria, por um mal tão leve e curável, ter entregue ao nosso mundo por seis mil anos a tal tristeza, dor, lágrimas, cansaço, doença e morte, que transbordaram de terrível dilúvio, é uma questão que tal teoria do mal deixa sem resposta. No entanto, tais são as representações do pecado com as quais nós encontramos uma grande quantidade de literatura e religião penetrando em nossos dias. A humanidade está lutando para se erguer, nobremente autossuficiente! A raça está se elevando (pois a teoria darwiniana encontrou seu caminho na religião); e o Cristianismo é uma ajuda útil neste processo de autorregeneração! Assim, muitos profetas falam de paz onde não há nenhuma, empenhado em "curar a dor" pela negação de sua letalidade. De que adianta chamar o mal de bem e o bem de mal, este colocando trevas por luz e luz por trevas, este amargo colocado por doce e doce por amargo, será no grande dia do ajuste de contas, uma hora que vem mostrar. “Acordai para a justiça e não pequeis”, é a mensagem de Deus para nós (1Cor. 15:34). “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:16). "Apresentem os seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rom. 12: 1).“Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova” (1 21
  • 22. Coríntios 5: 7). "Que todo aquele que se chama pelo nome de Cristo se afaste da iniquidade" (2 Timóteo 2:19). "Negando a impiedade e as luxúrias mundanas, ... viva sobriamente, justamente e piedosamente, neste mundo presente." (Tito 2:12). "Sede diligentes para que sejais achados nele em paz, sem mancha e irrepreensíveis" (2 Pedro 3:14). "Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo" (Fp 1:27). "E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as.” (Efésios 5:11). "mas revesti- vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências." (Rom. 13:14). "Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma," (1 Pedro 2:11). Do pecado, então, em todos os sentidos e aspectos, Deus está nos chamando. Como excessivamente pecaminosa, a coisa abominável que Ele odeia e deseja vingar, Ele nos avisa contra isso. Ele fala conosco como "moldado em iniquidade e concebido em pecado ", carregando o mal conosco, não, preenchido com ele e embebido nele; não apenas como doente e exigindo remédio, ou infeliz e exigindo pena, mas como culpado, sob a lei, sob sentença, morto em delitos e pecados, com inevitável julgamento diante de nós. Ele não palia nem agrava nosso caso, mas calmamente nos diz o pior; nos mostrando o que somos, antes de alertar a nós 22
  • 23. para sermos o que Ele se propôs a nos tornar. De toda impiedade, de toda impureza, de toda injustiça, de toda corrupção, de todos os caminhos tortuosos, de toda desobediência, de toda imundície da carne e do espírito, Ele está nos chamando, em Cristo Jesus, Seu Filho. (Nota do Tradutor: Como o autor escreveu em meados do século XIX, quando muitas das invenções tecnológicas sequer haviam sido imaginadas, e em que todo este mundo de mídia e virtual em que vivemos não se encontrava presente, com o poder de influência que exerce sobre as vidas de todos nós, considerei oportuno abrir esta nota para falar neste capítulo relativo à nova vida, ou nova criatura em Cristo, para enfocar que maior é a dificuldade para que isto seja processado nos presentes dias, a par de toda a divulgação do evangelho em todo o mundo, do que nos dias passados, com a apresentação das principais razões para isto. Antes de tudo, deve ser considerado que sendo o chamado à conversão a Cristo, algo que deve ser obrigatoriamente feito no mundo real e segundo a verdade revelada nas Escrituras, a a maior dificuldade reside justamente neste ponto porque o mundo pós-moderno não é dado a investigar e mostrar interesse pela verdade divina, e de fato por qualquer tipo de verdade, uma vez que há um exagerado consumo de coisas que são em sua natureza virtuais e não verdadeiras, não que elas 23
  • 24. não sejam reais naquilo que apresentam, pois retratram a realidade que é conforme uma mera especulação imaginativa não pertencente ao mundo real das coisas, ou então que seja pertencente ao mesmo. Então, correu em paralelo a isto a formação do hábito de se aceitar e aprovar como coisas lícitas e agradáveis até mesmo aquilo que se fosse vivido no mundo real, causaria espanto e fuga das mesmas. Por exemplo, a exibição de cenas em vídeos, de assassinatos brutais, de crueldades contra animais e pessoas, de exibições de ideias fantasiosas em filmes de horror e violência em que os personagens são destruidores de alto potencial. Simplesmente houve uma adaptação geral a tal estado cultural que a noção de afeto, amor, cuidado, proteção, caíram no esquecimento no consciente coletivo, tendo o homem se tornado algo como um ser frio, uma mera extensão de uma grande máquina tecnológica, sem sentimentos e juízo crítico fundados em valores que são eternos e verdadeiros conforme eles se encontram em Deus e foram a nós comunicados pela Sua Palavra. Não admira o grande avanço da iniquidade, da violência, da corrupção, da impureza em todo o mundo. Da destruição do conceito de família nuclear. Do respeito pelas tradições lícitas. O pecado ganhou uma nova e grande força com este combustível moderno que põe em relevo o virtual 24
  • 25. e fantasioso, no lugar do real e verdadeiro. Então qual seria o interesse que se poderia encontrar naqueles que desejam se voltar para Deus e à Sua verdade, senão apenas naqueles que o próprio Deus atrair para isto, livrando-os destas correntes poderosas que amarraram suas mentes ao que é vil, falso, diabólico? Jesus disse que nos últimos dias seria este o quadro reinante, pelo aumento multiplicado da iniquidade, e do grande número de falsos profetas, pastores, mestres e cristos, para desviarem nos próprios assuntos do verdadeiro evangelho os professantes religiosos para aquilo que não passa de ensino de demônios e de homens pervertidos. O resultado disso seria uma grande apostasia que assolaria o mundo inteiro, especialmente o dito cristianizado, conforme se vê disto de forma profunda na Europa presentemente. Como não há interesse na verdade da sã doutrina, mas na mentira, no falso ensino, o próprio Deus tem entregue a humanidade a ser enlaçada por estes falsos ensinadores em que eles têm colocado a sua confiança e esperança. Fala-se muito de se combater fake-news, ou seja, notícias falsas. Mas é interessante observar que o bloco político que mais defende esta bandeira é justamente aquele que mais espalha a mentira pelo mundo no combate aferrado que eles fazem contra Deus e o evangelho de Jesus, porque suas 25
  • 26. más obras são condenadas pela Bíblia. Então tudo o que for de cunho verdadeiramente conservador será consderado tóxico para a humanidade e uma fake-news em face da nova verdade que eles estão apresentando com o seu chamado “progressismo” com bandeiras favoráveis ao aborto, à ideologia de gêneros, às uniões homoafetivas e a tudo aquilo que a Palavra de Deus condena expressamente. O mundo quer mais do que liberalismo, libertinagem, e isto não pode ser garantido de modo algum pelo Evangelho, senão pelo mundo que se sujeita ao governo e o domínio de Satanás. Mas, em todo o caso, quando se fala de coisas reais e verdadeiras, deve ser considerado que mesmo as que são naturais, deste mundo, desta criação, são fadadas a uma dissolução, de modo que é dito que a aparência deste mundo passa; e com ela toda a forma de glória que há na natureza, pois a erva seca e cai a sua flor, a qual é sua glória. Somente Deus e a verdade expressa em Sua Palavra permanecerão para sempre, sendo deste modo a única realidade em que deveríamos realmente investir com vistas ao nosso bem eterno. Pois, o que adianta o homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma. Qual vantagem há na realidade de ter um espírito que não pode ser aniquilado mas que viverá para sempre no inferno de fogo? Escolhamos pois a boa parte.) 26
  • 27. CAPÍTULO 2 - Cristo por nós, o Espírito em nós Percebemos, em nosso último capítulo, a diferença entre o lado divino e o humano da verdade bíblica; gostaríamos, neste, de anunciar outra distinção, não menos importante, aquela entre trabalhar por nós e a obra do Espírito Santo em nós; entre o legal ou substitutivo e o moral ou curativo. Esta não é a distinção entre um elemento divino e um humano, mas entre dois elementos que são igualmente divinos, mas cada um deles, à sua maneira, atua diretamente sobre o pecador. As duas coisas às vezes são colocadas em outra forma, Cristo por nós, e Cristo em nós. O significado, no entanto, é o mesmo em ambos os casos, pois Cristo em nós (Colossenses 1:27) é também o Espírito Santo em nós, Cristo tendo o Espírito sem medida para si mesmo (João 3:34), e para nós de acordo com nossa necessidade. Um Cristo que habita e um Espírito que habita são, embora não sejam a mesma coisa, ainda coisas equivalentes. Quem tem o Filho tem o Espírito, e o Pai também (João 14:23). Cristo para nós é nosso único lugar de descanso. Nem obras, nem sentimentos, nem amor, mesmo que seja a criação do Espírito em nós; não estes em qualquer sentido; não, nem ainda fé, seja como um ato de nossa mente, ou como a produção do Espírito, ou como um substituto para a justiça; nenhum desses pode ser nosso local de descanso. 27
  • 28. Esta grande verdade é bem revelada em uma correspondência entre Lutero, Melancthon e Brentius no ano de 1531, que nós traduzimos e resumimos. Brentius ficou muito perplexo com o sujeito da fé. Isso o intrigou. Cristo justifica; a fé justifica; como é isto? A fé é um mérito? É um trabalho? Tem alguma virtude justificativa em si? Isso justifica porque é o dom de Deus e a obra do Espírito Santo? Perplexo com essas questões, ele escreveu para Melancthon e Lutero. As respostas de ambos ainda existem, nenhuma delas longa, Lutero é muito curto. Eles vão direto ao ponto, e merecem ser citados como declarações claras da verdade, e como espécimes da maneira como esses homens poderiam lidar com os espíritos sobrecarregados de seu tempo. "Entendo", escreve Melancthon, "o que está incomodando você sobre a fé. Você se apega à fantasia de Agostinho, que, embora certo em rejeitar a justiça da razão humana, imagina que somos justificados por aquele cumprimento da lei que o Espírito Santo trabalha em nós. Então você imagina que os homens são justificados por fé, porque é pela fé que recebemos o Espírito, que depois podemos ser capazes de ser justos pelo cumprimento da lei que o Espírito opera. Esta imaginação coloca justificação em nosso cumprimento da lei, em nossa pureza ou perfeição, embora esta renovação deva seguir a fé. Mas você desvia seus olhos dessa renovação, e da lei completamente, para a promessa e para Cristo, e penso que é por 28
  • 29. conta de Cristo que nos tornamos justos, isto é, aceitos diante de Deus, e é assim que obtemos paz de consciência, e não sobre a conta dessa renovação. Pois mesmo esta renovação é insuficiente (para a justificação). Somos justificados somente pela fé, não porque seja uma raiz, como você escreve, mas porque apreende Cristo, por conta de quem somos aceitos. Esta renovação, embora necessariamente segue, mas não apazigua a consciência. Portanto, nem mesmo amor, embora seja o cumprimento da lei, justifica, mas somente a fé; não porque é alguma excelência em nós, mas apenas porque se apodera de Cristo. Somos justificados, não por causa do amor, não por causa do cumprimento da lei, não por conta da nossa renovação, embora estes sejam dons do Espírito Santo, mas por causa de Cristo; e nEle nós o seguramos somente pela fé." "Acredite em mim, meu Brentius, essa polêmica a respeito da justiça pela fé é poderosa e pouco entendida. Você só pode compreender corretamente transportando seus olhos inteiramente longe da lei e da ideia de Agostinho sobre nosso cumprimento da lei, e fixando-os totalmente na livre promessa, de modo a ver que é por conta dessa promessa e por amor de Cristo, que somos justificados, isto é, aceitos e obtemos Paz. Esta é a verdadeira doutrina, e aquilo que glorifica a Cristo e eleva maravilhosamente a consciência. Eu me esforcei para explicar isso em minhas desculpas, mas por conta das deturpações 29
  • 30. de adversários, não poderia falar tão livremente como faço agora com vocês, embora dizendo a mesma coisa. Quando a consciência poderia ter paz e esperança garantida, se não formos justificados até que a nossa renovação seja aperfeiçoada? O que é isso senão ser justificado pela lei, e não pela promessa gratuita? Naquela discussão eu disse isso para atribuir nossa justificação para amar é atribuí-lo ao nosso próprio trabalho, entendendo por isso, uma obra feita em nós pelo Espírito Santo. Pois a fé justifica, não porque é uma nova obra do Espírito em nós, mas porque apreende Cristo, por causa de quem somos aceitos, e não sobre a conta dos dons do Espírito Santo em nós. Vire as costas para a ideia de Agostinho, e você verá facilmente a razão disso; e eu espero que nosso pedido de desculpas o ajude de alguma forma, embora eu fale respeitando cautelosamente questões tão grandes, que são apenas para serem compreendidas no conflito da consciência. Por todos os meios pregue a lei e arrependimento ao povo, mas não deixe esta verdadeira doutrina do evangelho ser esquecida. "Na mesma linha, Lutero escreve: "Estou acostumado, meu Brentius, para o melhor entendimento deste ponto, para conceber essa ideia, que não há qualidade em meu coração, chame-a de fé ou caridade; mas, em vez disso, coloco o próprio Cristo, e digo que este é a minha justiça. Ele é minha qualidade e minha retidão formal, como 30
  • 31. eles o chamam, de modo a me libertar de olhar para a lei ou as obras; não, de olhar para o próprio Cristo como um professor ou doador. Mas eu olho para Ele como dom e como doutrina para mim, em si mesmo, para que nele eu tenha todas as coisas. Ele diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Ele não diz: "Eu te dou o caminho, a verdade e a vida", como se Ele fosse trabalhar em mim de fora. Em todas essas coisas Ele deve estar em mim, permanecendo, vivendo e falando em mim, não através de mim ou para mim, que podemos ser "a justiça de Deus nEle" (2 Coríntios 5:21); não em amor, nem nos dons e graças que se seguem." A essas cartas Brentius responde, desdobrando seus conflitos para seu amado Philip. "Não é a própria fé uma obra? O Senhor não diz, "Esta é a obra de Deus que vocês acreditem?" A justificação então não pode ser pelas obras ou pela fé. É assim? Portanto, a justificação deve ser por causa de Cristo somente, e não da excelência de nossas obras. Mas como pode ser tudo isso? Desde a infância não fui capaz de limpar meus pensamentos sobre esses pontos. Sua carta e a de Lutero mostraram a verdade ... A justificação vem a nós nem por causa de nosso amor nem da nossa fé, mas apenas por conta de Cristo: e ainda assim vem através (por meio de) fé. A fé não justifica como obra de bondade, mas simplesmente como um receptor da misericórdia prometida ... Nós não temos mérito; nós apenas obtemos justificação. A fé é apenas o órgão, o instrumento, o meio; Só 31
  • 32. Cristo é a satisfação e o mérito. Obras não são satisfação, nem mérito, nem instrumento; elas são a declaração de uma justificação já recebida pela fé." O discípulo expõe a carta do mestre e, em seguida, adiciona alguns pensamentos próprios. Ele teme que, como o amor pervertido do papado, a reforma pode vir a perverter a fé, colocando-a no lugar de Cristo, como obra ou mérito ou qualidade, algo em si. Tendo terminado a carta para seu "mais amado Philip" e a assinnado, "seu Brentius", ele começa outro pensamento e adiciona um pós-escrito que vale a pena traduzir: "Assim que estava terminando minha carta, eu me lembrei de um argumento seu sobre obras, no sentido de que se somos justificados pelo amor, nunca podemos ter certeza porque nós nunca podemos amar como devemos. Da mesma maneira, argumento a respeito da fé como uma obra; se a justificação vier a nós através da fé como uma obra, ou mérito, ou excelência, nunca podemos ter certeza sobre isso, porque nós nunca podemos acreditar como devemos." Demos algum espaço a esses extratos, porque a importância da verdade que eles contêm dificilmente pode ser superestimada. Eles não apenas exibem a distinção entre a obra de Cristo e a do Espírito funcionando, mas o fazem com referência especial ao ponto em que muitas vezes eles são feitos para se chocarem, para o escurecimento de muitas mentes e a confusão de toda a teologia da Reforma. Por quantas vezes 32
  • 33. Lutero reiterou essa afirmação: "A fé não nos justifica, nem mesmo como um dom do Espírito Santo, mas apenas por causa de sua referência a Cristo ... a fé não justifica por si mesma, ou por causa de qualquer virtude inerente pertencente a ela." Enquanto essa confusão existir, enquanto os homens não distinguirem entre as obras e a obra do Espírito, contanto que coloquem qualquer ênfase na qualidade ou quantidade de seu ato de fé, não pode haver apenas nenhuma paz de consciência, mas nem progresso na santidade, nem trazer à luz boas obras. Desta confusão, o Arminianismo, em sua forma mais sutil, é a descendência necessária. Enquanto os homens pensarem ser justificados pela fé como uma obra, ou como um ato de sua mente, ou como um dom do Espírito, eles estão buscando a justificação por algo inerente, não por algo imputado. Negar que seja inerente, porque infundido para eles pelo Espírito, é simplesmente enganar-se com uma peça em palavras, e para enganar-se ainda mais eficazmente, porque professa honrar o Espírito, atribuindo a Ele a qualidade infundida ou ato, do qual procuram extrair sua justificação. Na busca de justificação ou paz de consciência de algo operado neles pelo Espírito, eles estão buscando esses daquilo que é confessadamente imperfeito, e que Deus nunca deu para tal propósito; não, eles estão rejeitando a justiça perfeita do Substituto, evitando assim a possibilidade de sua realização de qualquer 33
  • 34. trabalho aceitável em tudo. Pois se "a justiça da Lei pode se cumprir em nós", como fruto da nossa aceitação da justiça imputada do Filho de Deus, então não pode haver coisas justas feitas por nós até que tenhamos percebido a posição dos homens aos quais a grande verdade de "Cristo por nós", "Jeová, nossa justiça",tornar-se a base de toda reconciliação com Deus. Esta forma de erro é o mais sutil porque suas vítimas não estão andando em pecado, mas fazendo todas as formas de serviço externo, e exibindo bondade externa em muitas formas, a respeito das quais diremos apenas que não são agradáveis a Deus, e como "eles não são feitos como Deus quis e ordenou que fossem feitos, não temos dúvidas, senão que eles têm a natureza do pecado" (Artigo 13 da Igreja da Inglaterra). Alguns dos teólogos cristãos mais sólidos deixaram em registro suas reclamações quanto aos erros nesta questão de fé prevalecentes em seus dias, e quanto à acusação de antinomianismo contra aqueles que, ao declarar a justificação, se recusam a qualificar a fórmula apostólica, "para aquele que não trabalha, mas crê." Traill assim escreveu, agora quase dois séculos atrás, "Se dissermos que a fé em Jesus Cristo nem é trabalho, nem condição, nem qualificação na justificação, e que em seu próprio ato é uma renúncia de todas as coisas, mas o dom de graça, o fogo está aceso; para que chegue a este ponto, que aquele que não vai ser anticristão deve ser chamado de antinomiano. Quão fortemente 34
  • 35. este mesmo teólogo afirma a verdade em outro lugar. Ao se dirigir a um inquiridor perplexo, ele diz: "Se ele disser quenão pode acreditar em Jesus Cristo ... você diga a ele que acreditar em Jesus Cristo não é obra, mas um descanso em Jesus Cristo." Quão nitidamente é que ele repreende aqueles que misturam o imputado e o infundido". Eles parecem ter ciúmes de que a graça de Deus e a justiça de Cristo têm muito espaço, e os homens trabalham muito pouco no negócio de justificação. "Veja toda a carta de Traill sobre "Justificação da acusação de antinomianismo." Um velho escritor anônimo, um pouco depois de Traill, usa esta expressão: "As Escrituras consideram a fé não como uma obra nossa, mas em oposição a todas as obras, seja do corpo ou da mente: "Para aquele que não trabalha, mas crê". "O fato de acreditarmos pela graça que a fé é um dom de Deus não para provar que a fé é uma obra nossa, não mais do que a ressurreição de Lázaro por Cristo provou que a ressurreição é uma obra do homem morto. A infusão divina de vida em um caso, e a transmissão divina de fé no outro, longe de mostrar que deve haver uma obra nossa também indica muito claramente que não poderia haver tal coisa. A obra vem depois da crença e como fruto dela. "Fé trabalha pelo amor", isto é, a alma crente mostra sua fé pelas obras do amor. Sim, a fé opera; o mesmo acontece com o amor e a esperança. Tudo isso trabalha, e lemos sobre "a obra da fé", 35
  • 36. isto é, obra para a qual nos avisa; o "trabalho de amor", isto é, a labuta a que o amor nos impele; a "paciência da esperança", isto é, a paciência que espera e nos permite praticar exercícios. Mas a fé é uma obra porque funciona? É uma labuta porque labuta? É esperança paciência porque nos faz pacientes? O olhar de Israel para a serpente de bronze foi uma cessação de todos os remédios, e deixando a saúde fluir para o corpo pelos olhos. Abrir o olho foi uma obra? O evangelho não comanda que façamos qualquer coisa para obter vida, mas nos manda viver por isso que outro fez; e o conhecimento de sua verdade vivificante não é trabalhe, mas descanse - descanso da alma - descanso que é a raiz de toda verdade no trabalho; pois ao receber a Cristo não trabalhamos para descansar, mas descansamos para trabalhar. Ao acreditar, deixamos de trabalhar pelo perdão,para que possamos trabalhar a partir dele; e qual incentivo para trabalhar, como bem como a alegria em trabalhar, pode ser maior do que um determinado perdão realizado? Que há obras feitas antes da fé, sabemos, mas a respeito delas sabemos que eles não aproveitam nada, “pois sem fé é impossível agradar a Deus." Que as obras são feitas pela fé, também sabemos,e são agradáveis a Deus, pois são as obras de homens crentes. Mas, como para qualquer trabalho intermediário entre esses dois, A Escritura está em silêncio; e contra transformar a fé em uma obra a toda a teologia da Reforma protestou, tanto como um inútil sofisma 36
  • 37. verbal ou como os resquícios mais sutis do papado. A verdadeira fé vem de Deus. A revelação em que acreditamos, e o poder de acreditar nessa revelação, são ambos divinos. O Santo Espírito escreveu as Escrituras e as enviou a nós para que acreditássemos para a salvação; a fé vem pelo ouvir e ouvir pela Palavra de Deus. Ele vivifica a alma morta para que acredite; e então é depois de acreditar que Ele entra e habita. Portanto, dizem que recebemos o Espírito pelo "ouvir da fé" (Gal. 3: 2). Ele abre nossa mão para receber o dom, e Ele o coloca em nossas mãos quando assim abertas por ele mesmo. Nunca nos esqueçamos que enquanto a fé é o resultado da obra do Espírito em nós, é tão verdadeiramente o receptor dEle quanto oEspírito que habita, e que em proporção à nossa fé será a medida do Espírito que possuiremos. Esta é outra de muitas verdades ou processos da Escritura: o Espírito trabalha para capacitar-nos a acreditar, e nós, ao acreditar, recebemos a Ele e todos os seus dons, em maior ou menor abundância, de acordo com nossa fé. Este aspecto duplo, às vezes triplo, de uma verdade não deve nos deixar perplexos; ainda menos deveria nos levar a magnificar um destes às custas dos outros, ou para tentar uma reconciliação dos três por uma negação de um, e uma explicação dos textos que estão em nossa maneira. Vamos admitir o todo e aceitar as passagens como estão. Às vezes, por exemplo, nossa renovação está conectada com o Espírito (Tito 3: 5), às vezes com a ressurreição de Cristo (1 37
  • 38. Pedro 1: 3), às vezes com a palavra da verdade (Ef 1:13), e às vezes com a fé (João 1:12). Às vezes é chamado de obra de Deus (Salmos 51:10), às vezes como nossa (Eze. 18:31; Ef. 4:24), às vezes como obra de ministros (Filemom 10), às vezes como o efeito do evangelho (1 Coríntios 4:15). Assim é com a conversão, com a salvação e com a santificação. Tudo isso é falado em conexão com Deus, com Cristo, com o Espírito, com a Palavra, com fé, com esperança; e cada um desses aspectos deve ser estudado, não evitado. João Calvino não hesita em falar de regeneração e arrependimento sendo o resultado da fé, (Inst. B. III., iii 1. Ver todo o terceiro livro). E Latimer escreve: "Nós nascemos de novo. Como? Não por uma semente mortal, mas por uma imortal. O que é esta semente imortal? A Palavra do Deus vivo. Assim vem nosso novo nascimento. Ao declarar um lado da verdade, esses teólogos não deixaram de lado o outro. Eles ensinaram renovação, pela verdade e pela fé, e eles também ensinaram renovação pelo poder do Espírito Santo. Eles ensinaram a necessidade do Espírito do homem para a fé, e eles também proclamaram o dom do Espírito como resultado da fé. Porém, por mais múltiplos que sejam esses aspectos, todos eles se referem a nós pessoalmente, afetando direta ou indiretamente e realizando nossa vivificação, nossa cura, nossa alegria, nosso conforto e nossa santidade. Não há especulação 38
  • 39. em qualquer um deles, e é verdade, não opinião, que eles apresentam para nós. Qualquer que seja a quantidade de religião irreal que possa haver em nós, é não por causa de qualquer defeito na Palavra, qualquer nebulosidade no evangelho, qualquer escassez ou estreiteza na liberalidade divina, e falta na plenitude daquele em quem aprouve ao Pai que toda plenitu deve habitar, a saber, Jesus. Ele providenciou para que nos tornássemos Ele mesmo e, portanto, nos chama a esta semelhança. O padrão é alto, mas não admite ser rebaixado. O modelo é divino, mas assim é a força dada para conformidade com ele. Nossa responsabilidade de ser santo é grande, mas não maior do que os meios fornecidos para sua realização plena. Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Ele tem o Santo Espírito por nós, e esse Espírito Ele dá livre e abundantemente; por isso que recebemos "graça de acordo com a medida do dom de Cristo." Os primeiros santos estavam "cheios de alegria e do Santo Espírito" (Atos 13:52), e devemos ser "cheios do Espírito" (Ef5:18), pois é o próprio Espírito Santo, não certas influências que são dados a nós (Rom. 5: 5). Ele cai sobre nós (Atos 8:16; 11:15); Ele é derramado sobre nós (Atos 2:33; 10:45; Eze. 39:29); somos batizados com o Espírito Santo (Atos 11:16). Ele é o penhor de nossa herança (Ef 1:14); Ele nos sela (Efésios 1:13), imprimindo em nós a imagem divina e a inscrição; Ele ensina (1 Cor. 2:13); Ele revela (1 Cor. 2:10); Ele reprova (João 39
  • 40. 16: 8); Ele fortalece (Ef 3:16); Ele nos torna frutíferos (Gl 5:22); Ele pesquisa (1 Coríntios 2:10); Ele se esforça (Gênesis 6: 3); Ele santifica (1 Cor.6:11); Ele lidera (Rom. 8:14; Sl 143: 3); Ele instrui (Neemias 9:20); Ele fala (1 Tim. 4: 1; Ap. 2: 7); Ele demonstra (ou prova) (1 Cor.2: 4); Ele intercede (Rom. 8; 26); Ele vivifica (Rom. 8:11); Ele dá enunciado (Atos 2: 4); Ele cria (Salmo 104: 30); Ele conforta (Jo 14:26); Ele derrama o amor de Deus em nossos corações (Rom. 5: 5); Ele renova (Tito 3: 5). Ele é o Espírito de santidade (Rom. 1: 4), o Espírito de sabedoria e compreensão (Isaías 11: 2; Efésios 1:17), o Espírito da verdade (João 14:17), o Espírito de conhecimento (Isaías 11: 2), o Espírito da graça (Heb. 10:29), o Espírito de glória (1 Pedro 4:14), o Espírito de nosso Deus (1 Coríntios 6:11), o Espírito do Deus vivo (2 Coríntios 3: 3), o bom Espírito (Ne 9:20), o Espírito de Cristo (1 Pedro 1:11), o Espírito de adoção (Rom. 8:15), o Espírito de vida (Apocalipse 11:11), e o Espírito de Seu Filho (Gal. 4: 6). Tal é o Espírito Santo pelo qual somos santificados (2 Tes 2:13), "o Espírito eterno" por quem "Cristo se ofereceu sem mancha a Deus" (Hb 9:14). Tal é o Espírito Santo, pelo qual somos "selados para o dia da redenção" (Ef 4:30), o Espírito que faz em nós Sua habitação (Ef 2:22), que habita em nós (2 Timóteo 1:14), por quem olhamos e procuramos por Cristo e por quem somos feitos para "ter muita esperança" (Rom. 15:13). No direito de receber e entreter este Convidado celestial, muito de uma vida santa 40
  • 41. depende. Vamos dar-lhe as boas-vindas - não irritados, nem resistindo, nem lamentando, nem extinguindo-O, mas amando-O edeleitando-se em Seu amor ("o amor do Espírito", Rom. 15:30), de modo que nossa vida possa ser um viver no Espírito (Gal. 5:25), um andar no Espírito (Gal. 5:16), uma oração no Espírito (Judas 20). (Nota do Tradutor: A verdade e realidade a que nos referimos em nossa nota anterior, são aqui expressadas em seu caráter eterno, conforme fora planejado por Deus para toda a criação desde antes da fundação do mundo. Tudo o mais passará, mas a verdade e realidade aqui citadas, que são alcançadas por alguns por meio da fé em Jesus, é o que permanecerá para sempre em um estado de glória e honra. Isto procede porque a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor é procedente da verdade real e eterna que se conforma ao propósito divino, e assim, todos aqueles que forem achados fora desta verdade santa devem ser punidos eternamente no lago de fogo.) Enquanto distinguindo a obra de Cristo por nós e a obra do Espírito em nós, e preservando assim o nosso perdão consciente ininterrupto, mas não vamos separar os dois por qualquer intervalo; mas permitindo que ambos façam seu trabalho, vamos "seguir a paz com todos os homens e a santificação, sem a qual nenhum homem verá o Senhor" (Hb 12:14), mantendo nossos corações "na 41
  • 42. comunhão do Espírito" (Fp 2: 1), e deleitando-nos na "comunhão do Espírito Santo” (2 Coríntios 13:14). A dupla forma de expressão, trazendo à tona a mútua ou a recíproca habitação de Cristo e do Espírito em nós, é digna de nota especial. Cristo em nós (Colossenses 1:27) é um lado; nós em Cristo somos o outro (2 Coríntios 5:17; Gal. 2:20). O Espírito Santo em nós (Rom. 8: 9) é um aspecto; vivemos no Espírito (Gal. 5:25) é o outro. Não,além disso, esta expressão dupla é usada para divindade também, nestas palavras notáveis: "Todo aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus” (1 João 4:15). Parece que nenhuma figura, por mais forte e cheia que seja, poderia expressar adequadamente a proximidade de contato, a proximidade de relacionamento, toda a unidade para a qual somos trazidos, em receber o testemunho divino da pessoa e obra do Filho deDeus. Não estaremos então mais fortemente comprometidos com uma vida de santidade, bem como fornecido com todos os suprimentos necessários para cuidar dela? Com tanta força e vida à nossa disposição, que a responsabilidade é nossa! "Que tipo de pessoas devemos ser em todo trato piedosos e santo!" E se a tudo isso adicionarmos as perspectivas apresentadas a nós, a esperança do advento e do reino e a glória, nos sentiremos rodeados por todos os lados com os motivos, materiais e aparelhos mais adequados para nos tornar o que devemos ser "um sacerdócio real, uma nação 42
  • 43. santa, um povo peculiar" (1 Pedro 2: 9), "zelosos das boas obras" aqui (Tito 2:14),e possuidores de "glória e honra e imortalidade" daqui em diante (Rom. 2: 7). 43
  • 44. CAPÍTULO 3 - A raiz e o solo da santidade Cada planta deve ter solo e raiz. Sem ambos não pode haver vida, nem crescimento, nem fruto. A santidade deve ter isso. A raiz é "paz com Deus"; o solo em que essa raiz se fere, e da qual tira a seiva vital, é o amor gratuito de Deus, em Cristo Jesus nosso Senhor. "Enraizado no amor" é a descrição do apóstolo de um homem santo. Santidade não é austeridade ou melancolia; estes são tão estranhos a ele quanto leviandade. Nem é o fruto do terror, ou suspense, ou incerteza, mas paz, consciente paz, e essa paz deve estar enraizada na graça; deve ser a consequência de termos verificados, com base em evidências seguras, o perdão e o amor de Deus. Aquele que quer nos conduzir à santidade deve “guiar os nossos pés no caminho da paz” (Lucas 1:79). Ele deve nos mostrar como nós, "sendo libertados das mãos de nossos inimigos", podemos servir a Deus "sem medo, em santidade e justiça diante dEle, todos os dias de nossa vida" (v. 74,75). Aquele que fizer isso também deve “dar-nos o conhecimento da salvação, pela remissão dos pecados”. Ele deve nos dizer como, por meio "da terna misericórdia de nosso Deus ... o amanhecer do alto nos visitou, para dar luz aos que se sentavam nas trevas e na sombra da morte” (Lucas 1: 78,79). Ao realizar a grande obra de nos tornar santos, Deus fala 44
  • 45. conosco, como "o Deus de paz" (Rom. 16:20), "o próprio Deus de paz" (1 Ts 5:23) e como sendo ele próprio "a nossa paz" (Efésios 2:14). que aquilo que recebemos dEle, como tal, não é apenas "paz com Deus" (Rom. 5: 1), mas "a paz de Deus" (Fp 4: 7), a coisa que o Senhor chama "minha paz", "minha alegria" (João 14:27; 15:11). Está dentro da conexão com a exortação, "Seja perfeito", que o apóstolo estabelece abaixo a graciosa garantia: "O Deus de amor e paz será com você" (2 Coríntios 13:11). "Estas coisas eu quero que você afirme constantemente", diz o apóstolo, falando da "graça de Deus que traz a salvação", "a bondade e o amor de Deus nosso Salvador", “a misericórdia de Deus", "justificação pela Sua graça", a fim de que (tal é a força do grego) "aqueles que acreditaram em Deus possam ter cuidado para manter as boas obras" (Tito 3: 8). Nesta "paz com Deus" há, é claro, a salvação contida, perdão, libertação da ira vindoura. Mas estes, embora preciosos, não são pontos finais; não términos, mas começos; não o topo, mas a parte inferior da escada que descansa seu pé sobre o novo sepulcro onde nunca o homem foi colocado, e seu topo contra o portão da cidade santa. Aquele, portanto, que se contenta com estes, ainda não aprendeu o verdadeiro significado do evangelho, nem o fim que Deus, desde a eternidade, teve em vista ao preparar para nós tal redenção como aquela que Ele realizou para os filhos dos homens,por meio de seu Filho unigênito, "que se entregou por nós, para que 45
  • 46. possa nos redimir de toda iniquidade." Sem eles, a santidade é impossível, de modo que podemos dizer isso em menos, é por meio deles que a santidade se torna praticável, pois a condição legal do pecador, como sob ira, permaneceu como uma barreira entre ele e a possibilidade de santidade. Enquanto ele estava sob condenação, a Lei proibia a abordagem de tudo isso que o tornaria santo. A Lei proíbe a salvação, exceto no cumprimento de suas reivindicações; por isso impede a santidade, até a grande satisfação às suas reivindicações terem sido reconhecidas pelo indivíduo, que é, até que ele tenha acreditado no testemunho divino para a expiação da cruz, e assim pessoalmente libertado da condenação. A lei se pronuncia contra a ideia de santidade em um homem não perdoado. Ela protesta contra isso como uma incongruência e como um prejuízo para a justiça. Se, então, um homem perdoado permanecer profano parece estranho, muito mais que um homem santo permanecesse sem perdão. A posição legal do pecador deve ser definida antes que sua posição moral possa ser tocada. A condição é uma coisa; caráter é outra. A posição do pecador diante de Deus, seja em favor ou desfavor, seja sob graça ou sob ira, deve primeiro ser tratada antes que sua renovação possa ser realizada. O judicial deve preceder o moral. Portanto, é um perdão que o evangelho fala primeiro a nós, porque a questão do perdão deve primeiro ser resolvida antes de prosseguirmos 46
  • 47. para as outras. O ajuste da relação entre nós e Deus é uma preliminar indispensável, tanto da parte de Deus como da nossa. Lá deve haver amizade entre nós, antes que Ele possa doar ou recebermos Seu Espírito interior; porque, por um lado, o Espírito não pode fazer a sua morada no não perdoado; e por outro, o não perdoado deve estar tão ocupado com a questão do perdão, que ele não está à vontade para cuidar de nada até que isso seja finalmente resolvido em seu favor. O homem que sabe que a ira de Deus ainda está sobre ele, ou, o que é praticamente a mesma coisa, não está certo de ter sido rejeitado ou não, realmente não está em condições de considerar outras questões, por mais importantes que sejam, se ele tiver alguma idéia da magnitude e terribilidade da raiva daquele que é um fogo consumidor. A ordem divina, então, é primeiro perdão, depois santidade; primeiro paz com Deus, e então conformidade com a imagem daquele Deus com quem nós fomos trazidos para estar em paz. Pois à medida que a semelhança com Deus é produzida contemplando a Sua glória (2 Coríntios 3:18), e como não podemos olhar para Ele até que saibamos que Ele deixou de nos condenar, e como nós não podemos confiar nEle até que saibamos que Ele é gracioso; então não podemos ser transformados em Sua imagem até que tenhamos recebido perdão em Suas mãos. A reconciliação é indispensável à semelhança; a amizade pessoal 47
  • 48. deve começar uma vida santa. Se for esse o caso, o perdão não pode vir muito cedo, mesmo que a culpa de um estado não perdoado não seja razão suficiente para qualquer quantidade de urgência em obtê-lo sem demora. Nem podemos insistir muito fortemente sobre a ordem divina acima referida: primeiro paz, então santidade - paz como fundamento da santidade, mesmo no caso do chefe dos pecadores. Alguns não se opõem a um homem respeitável por obter paz imediata,mas eles se opõem a um devasso obtê-la imediatamente! Então sempre foi; a velha provocação ainda está nos lábios do moderno fariseu: "Ele se hospedou com um homem que é pecador", e os Simãos de nossos dias falam consigo mesmos e dizem: "Este homem, se Ele fosse um profeta, saberia quem e que tipo de mulher é esta que o toca, porque ela é pecadora" (Lucas 7:39). De Manassés, Madalena, Saulo e a mulher de Sicar, e o carcereiro e os homens de Jerusalém, cujas mãos estavam vermelhas com sangue? Eles não receberam a confiança de uma paz imediata e gratuita? Não fez a própria essência e força do evangelho curativo e o poder purificador residir na liberdade, na prontidão, na certeza da paz que trouxe a esses "principais pecadores?" "Então você diz que encontrou a Cristo e tem paz com Deus?" disse alguém que reivindicou o nome de "evangélico", para um pobre perdulário que, apenas em poucas semanas antes, havia sido atraído para a cruz. "Eu 48
  • 49. realmente tenho," disse o homem. "Eu O encontrei, tenho paz e sei disso." "Sei!" disse o teólogo, "e você tem a presunção de me dizer isto? Tenho sido um membro respeitável de uma igreja por trinta anos, e não tenho paz nem segurança ainda, e você, que tem sido um devasso a maior parte de sua vida, diz que você tem paz com Deus!" "Sim, eu tenho sido tão ruim quanto um homem pode ser, mas eu acreditei no evangelho, e esse evangelho é uma boa notícia para pessoas como eu; e se eu tiver nenhum direito à paz, é melhor eu voltar aos meus pecados, pois se eu não conseguir paz como eu sou, nunca a terei." "É tudo uma ilusão", disse outro. "Você acha que Deus daria paz a um pecador como você, e não dar para mim, que tenho feito tudo que posso para obtê-la por muitos anos?" "Você é um homem tão respeitável", disse o outro, em ironia inconsciente, "que você pode continuar sem paz e perdão, mas um desgraçado como eu não pode. Se minha paz é uma ilusão, não pode ser algo ruim, pois me faz deixar de lado o pecado, e me faz orar e ler minha Bíblia. Desde que consegui, virei uma nova página." "Não vai ser último", disse o outro. "Bem, mas é uma coisa boa enquanto durar,e é estranho ver você tentando tirar de mim a única coisa que me fez bem. Parece que você ficaria feliz em me ver voltando aos meus velhos pecados. Você nunca tentou me trazer para Cristo, e agora quando eu vim a Ele, você está fazendo tudo o que pode para me levar embora. Mas vou ficar com 49
  • 50. Ele apesar de você. "Alguns falam como se fosse um perigo para a moralidade deixar o pecador obter paz imediata com Deus. Se a paz for falsa, a moralidade pode ser comprometida por homens que fingem possuir uma paz que ainda não existe. Mas, nesse caso, o mal de que reclamamos é o resultadodo vazio, não da rapidez, da paz, e pode permitir nenhum motivo para contestar a paz rápida, a menos que a paz rápida seja de necessidade falsa, e a menos que a mera duração do processo seja de segurança para a autenticidade do resultado. A existência de falsa paz não é argumento contra a verdade, e o que afirmamos é, que a verdadeira paz não pode ser muito rápida nem muito segura. Outros falam como se nenhum pecador merecesse perdão até que ele sofreu uma certa quantidade de sofrimento mental preliminar, mais ou menos em duração e intensidade de acordo com as circunstâncias. Isto seria perigoso para os interesses da moralidade deixá-lo obter um perdão imediato e, especialmente, ter certeza disso, ou alegrar-se com ele. Se o homem foi previamente moral em vida, eles não se oporiam a isso; mas eles questionam o direito do devasso de apresentar paz, e protestam contra a sua condição com base na moralidade sutil. Eles argumentam pelo atraso, para dar-lhe tempo para melhorar antes que ele se aventure a falar de perdão. Eles insistem em uma longa temporada de conflito preparatório, anos de triste suspense e incerteza, 50
  • 51. a fim de se qualificar o filho pródigo para o abraço de seu pai, e para prevenir o espetáculo impróprio de um pecador esta semana regozijando-se no perdão de seus pecados, que na semana passada estava chafurdando na lama. Esta temporada de atraso, durante o qual eles proibiriam o pecador de garantir-se do amor livre de Deus, eles consideram a proteção adequada de um evangelho gratuito e a garantia necessária para humildade e santidade futuro do pecador. Não é, então, a posição assumida por esses homens substancialmente a que foi adotada pelos escribas, quando murmuraram da graça do Senhor pela familiaridade com o indigno, dizendo: "Este homem recebe pecadores,e come com eles"? E não é em grande medida coincidente com a opinião dos sacerdotes papistas a respeito do perigo para a moralidade a doutrina da justificação imediata por meio da fé simples na obra justificadora de Cristo? Quando o bispo Gardiner, o perseguidor papista, estava morrendo em 1555, o bispo de Chichester, "começou a confortá-lo", diz Foxe, "com palavras da promessa de Deus e justificação gratuita pelo sangue de Cristo." "O quê!", disse o romanista moribundo, "você abrirá essa lacuna?" significando aquela entrada do mal. "Para mim e outros no meu caso, você pode falar disso, mas assim que abrir esta janela para o povo, então adeus tudo de bom." Os apóstolos evidentemente tinham grande confiança no evangelho. Eles jogaram limpo, e 51
  • 52. falaram com toda a sua franqueza absoluta, como homens que poderiam confiar nele por sua influência moral, bem como por seu poder salvador, e quem sentiu isso mais rapidamente e certamente são boas notícias fossem percebidas pelo pecador, mais seria essa influência moral. Eles não esconderam, nem atrapalharam, nem cercaram com condições, como se duvidasse da política de pregá-lo livremente. "Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés." (Atos 13: 38,39). Eles não tinham receios quanto às suas implicações na moralidade, nem tinham medo de homens acreditando nisso cedo demais ou obtendo alívio imediato demais. A ideia não parece ter passado por suas cabeças, que os homens poderiam se entregar a Cristo muito cedo, ou com muita confiança, ou sem preparação suficiente. Seu objetivo em pregar era, não induzir os homens a iniciar um curso de preparação para receber Cristo, mas para recebê-lo de uma vez e no local; não liderá-los através da longa avenida de uma vida gradualmente alterada até a cruz do portador do pecado, mas para colocá-los imediatamente em contato com a cruz, que o pecado neles pudesse ser morto, o velho homem crucificado e uma vida de verdadeira moralidade iniciada. Como o motivo mais forte para uma vida santa, 52
  • 53. eles pregaram a cruz. Eles sabiam que, "A cruz uma vez vista é a morte para cada vício", e no interesse da santidade, eles se levantaram e imploraram com os homens para tomar a paz oferecida. Não é um desrespeito à moralidade dizer que boas obras não são o caminho para Cristo. Não é uma afronta aos sacramentos dizer que eles não são o lugar de descanso do pecador, então também não é qualquer depreciação da devoção, ou arrependimento ou oração, dizer que elesnão são processos de qualificação que cabem ao pecador para abordar o Salvador, seja para tornar o pecador mais aceitável ou Cristo mais disposto a receber. Ainda menos é depreciativo da utilidade ou a bem-aventurança desses exercícios, em seu devido lugar e ofício, dizer que muitas vezes eles são os refúgios da justiça própria, pretextos que o pecador faz uso para desculpar sua culpa em não imediatamente obter a salvação das mãos de Jesus. Nós não subestimamos o amor porque dizemos que o homem não é justificado pelo amor, mas pela fé. Nós não desencorajamos a oração, porque pregamos que um homem não é justificado pela oração, mas pela fé. Quando dizemos que acreditar não é trabalhr, mas a cessação do trabalho, não queremos dizer que no crer que o homem não deve trabalhar, mas que não deve trabalhar para obter perdão, mas para tomá-lo livremente, e que ele deve acreditar antes de trabalhar, pois as obras feitas antes de crer não 53
  • 54. agradam a Deus. É o caso que o pecador não pode ser confiável com o evangelho? Em certo sentido, isso é verdade. Ele não pode ser confiável para nada. Ele abusa de tudo. Ele transforma tudo em contas ruins. Ele faz tudo o ministro do pecado. Mas se ele não pode ser confiável com o evangelho, ele pode ser confiável com a lei? Se ele não pode ser confiável com a graça, ele pode ser confiável com a justiça? Ele não é confiável com um perdão imediato; ele pode ser confiável com um atrasado? Ele não pode ser confiável com fé; ele pode ser confiável com dúvidas? Ele não pode ser confiável com a paz; ele pode ser confiável com melancolia e problema? Ele não pode ser confiável com segurança; ele pode ser confiável com suspense, e a incerteza fará por ele o que a certeza não pode? Afinal de contas, ele pode ser mais confiável no evangelho. Ele abusou dele, ele pode abusar, mas é menos provável que abuse dele do que algo mais. Ele apela para mais profundos, mais fortes e mais numerosos motivos do que todas as outras coisas juntas. Daí os apóstolos confiaram no evangelho ao pecador, e o pecador com o evangelho, tão sem reservas, e (como muitos em nossos dias diriam) sem proteção. "Porque aquele que não trabalha, mas crê, sua fé é considerada justiça", foi uma declaração ousada. Aquele que tinha grande confiança no evangelho que ele pregou, que não teve dúvidas quanto às suas tendências profanas, se os homens jogariam limpo. Ele mesmo sempre 54
  • 55. pregou como um que acreditava ser o poder de Deus para a santidade, não menos que para a salvação. Que este é o entendimento do Novo Testamento, a "mente do Espírito", não requer provas. Poucos iriam em palavras negar que seja assim; apenas eles declaram o evangelho tão timidamente, então com cautela, com tantas condições, termos e reservas, que no momento em que terminam sua declaração, eles não deixaram nenhuma boa notícia naquilo que partiram anunciando como "o evangelho da graça de Deus." Quanto mais plenamente o evangelho é pregado, na grande e velha maneira apostólica, quanto mais é provável que alcance os resultados que alcançou nos dias apostólicos. O evangelho é a proclamação do amor livre; a revelação da caridade sem limites de Deus. Nada menos do que isso vai se adequar ao nosso mundo; nada mais é tão provável de tocar o coração, de descer às profundezas da humanidade depravada, como a garantia de que o pecador foi amado - amado por Deus, amado com um amor justo, amado com um amor livre que não negocia por mérito, ou aptidão, ou bondade. "Nisto está o amor, não que nós amemos a Deus, mas que Ele nos amou!" (I João 4:10). Como o senhor da vinha, após enviar servo após servo ao lavrador em vão, finalmente enviou seu "filho, seu bem-amado" (Marcos 12: 6), então, tendo falhado a Lei, Deus despachou para nós a mensagem do Seu amor, como aquilo que é de longe o mais provável de garantir Seus fins. 55
  • 56. Com nada menos do que este amor livre Ele confiará em nossa raça caída. Ele não vai confiar a eles a lei, ou julgamento, ou terror (embora estes estejam bem em seu lugar), mas Ele vai confiar a eles o Seu amor! Não com um amor limitado ou condicional, com meios perdões, ou uma salvação incerta, ou uma paz tardia, ou um convite duvidoso, ou uma anistia quase impraticável - não com estes Ele engana os sobrecarregados; não com estes Ele vai zombar dos cansados filhos dos homens. Ele quer que eles sejam santos, bem como seguros, e Ele sabe que não há nada no céu ou na terra tão provável de produzir santidade, sob o ensino do Espírito de santidade, como o conhecimento de Seu próprio amor livre. Não é lei, mas "o amor de Cristo, "que constrange!" “A força do pecado é a lei" (1 Cor 15:56), então a força da santidade é a libertação da lei (Rom. 7: 6). No entanto, não estamos "sem lei" (1 Coríntios 9:21), nem ainda "sob a lei" (Rom. 6:14), mas "sob a graça", para "servir em novidade de Espírito, e não na velhice da letra." Assim, Calvino escreve: "As consciências obedecem à lei, não são constrangidas pela necessidade da lei, mas, sendo libertados do jugo da lei, eles obedecem voluntariamente à vontade de Deus. Eles estão em terror perpétuo enquanto estão sob o domínio da Lei, e nunca estão dispostos a obedecer a Deus com entusiasmo, a menos que tenham primeiro recebido esta liberdade" (Inst. Xix. 4). "Não estar sob a lei", diz 56
  • 57. Lutero "é fazer o bem e se abster do mal, não por meio da compulsão da lei, mas pelo amor livre e com alegria." "Se alguém me perguntar," dizTyndale, "ver que a fé me justifica, porque trabalho, respondo, o amor me compele; enquanto minha alma sentir o amor que Deus tem me mostrado em Cristo, não posso deixar de amar a Deus novamente, e sua vontade e mandamentos, e de amor operá-los; nem podem parecer difíceis parea mim" (Pref. ao Êxodo). "Quando a fé banhou o coração de um homem no sangue de Cristo, é tão apaziguado que rapidamente se desfaz em lágrimas de tristeza segundo Deus; de modo que se Cristo apenas se vire e olhe para ele, oh,então com Pedro ele sai e chora amargamente. E isso é verdadeluto do evangelho; este é o arrependimento evangélico correto" (Fisher"s Medula da Divindade Moderna). Mas tantos (é dito) daqueles que foram despertados sob a pregação deste evangelho muito livre recuaram, que as suspeitas levantam- se para saber se não pode ser a ultra frieza do evangelho pregado que produziu o mal. Sugere-se que, se o evangelho fosse melhor guardado antes, deveríamos tervisto menos quedas e menos inconsistência. Para isso, nossa resposta está pronta. Multidões "voltaram" de nosso Senhor, mas ninguém poderia culpar Sua pregação. Houve muitas corrupções graves no início da igreja, embora não as conectemos com a doutrina apostólica. Na parábola do semeador o Senhor 57
  • 58. implica que, por melhor que a semente possa ser, e cuidado com o semeador; haveria terreno pedregos de ouvintes e ouvintes de terreno espinhoso indo até certo ponto e então voltar atrás, de modo que os retrocessos reclamados são como os apóstolos experimentaram, como nosso Senhor nos levou a antecipar, sob a pregação de Seu próprio evangelho completo. Além disso, no entanto, acrescentamos que, embora a pregação de um evangelho guardado possa não levar a nenhuma apostasia, não vai realizar despertamentos; para que a pergunta venha a ser esta: não é melhor ter algumas falhas quando muitos estão despertados, do que não ter falhas, porque ninguém foi abalado? A questão se esse tipo de ensino resulta em menos apostasias é, sem dúvida, algo importante; mas ainda está subordinado ao principal: o que a pregação produz, em geral, o maior número de conversões e traz mais glória a Deus? As apostasias ocorrerão na melhor das igrejas, trazendo com elas escândalo ao nome de Jesus, e suspeita do evangelho como causa de todo o mal. Mas isso é uma coisa nova na terra? Não é uma das coisas que identificam de forma marcante Corinto, e Sardes, e Laodicéia? Um ministro que nunca teve seu coração ferido com apostasia, que nada sabe sobre o desapontamento de esperanças acalentadas, tem bons motivos para suspeitar que há algo tristemente errado, e que a razão de não haver apostasia em seu rebanho, é porque a 58
  • 59. morte está reinando. Onde tudo é silêncio ou sono, onde a pregação não abala e penetra, haverá menos falhas; mas a razão é, que não havia nada do que cair. "Onde estão seus convertidos agora?" Foi a pergunta feita a um ministro fiel que teve que lamentar a queda de alguns que outrora correram bem." "Exatamente onde estavam:a verdade ainda se mantém firme; o falso se mostrando." Foi pretendido ser uma provocação, mas era uma provocação que poderia ter sido lançada aos apóstolos. Era uma provocação que trazia conforto, como uma lembrança ao fiel ministro da decepção apostólica, e assim trazendo ele em comunhão com o próprio Paulo, e como relembrando o abençoado fato de que embora alguns tivessem caído, outros estavam de pé. Toda a igreja da Galácia caiu em erro e pecado. Como vai o apóstolo curar o mal? Esgrimindo ou reduzindo o evangelho, e tornando-o menos gratuito? Não, mas reiterando sua liberdade; não, afirmando isso mais livremente do que nunca. Quão livre ele o representa na epístola! Por isso Lutero o escolheu para comentário, como o que melhor se adequava a si mesmo. Alguns fazem a pergunta: "não é um sinal suspeito do seu evangelho, que qualquer um dos ouvintes diga: "Que possamos continuar no pecado, para que a graça possa abundar?" "Pelo contrário, é um sinal seguro disso. Não era muito parecido com o evangelho de Paulo, não teria levado à mesma indagação com a qual a pregação do apóstolo foi 59
  • 60. respondida. O restrito, evangelho guardado e condicional, que alguns nos dão, como ultimato de suas boas notícias, não teria sugerido tal pensamento que o sexto capítulo de Romanos foi escrito para evitar o argumento do apóstolo, em tal caso, torna-se sem sentido e supérfluo, e, portanto, aquela declaração que leva a alguns questionamentos como fazer a pergunta: "Devemos pecar, porque não estamos sob a Lei, mas sob a graça?" (Rom. 6:15) não é improvável que seja o autêntico evangelho paulino, a genuína doutrina apostólica da antiguidade. (Nota do Tradutor: Por vários anos seguidos fui um expositor da graça operando instantaneamente para a conversão do pecador, porque a justificação e a regeneração são instantâneas e permanentes para aquele que confessa o nome de Jesus e que se arrepende dos seus pecados. Isto é uma verdade, mas tive pouca eficácia, e fui testemunha de muitas decisões de professantes de recuarem na fé e voltarem ao mundo, a par de terem confessado a Cristo e serem batizados nas águas e participado por algum tempo da comunhão dos santos. Como poderia a verdade falhar? No que estava errando? Hoje, posso ver claramente que apesar de a mensagem ser a mesma, de o evangelho ser o mesmo, no entanto as gerações diferem umas das outras. Os que viveram nos dias dos reformadores e dos puritanos por exemplo, tinham não apenas um conhecimento geral bíblico aprofundado, e 60
  • 61. tinham expectativas de um verdadeiro conhecimento da verdade e da salvação. Este era o mesmo quadro nos dias de Jesus, quando muitos se achegaram ao próprio João Batista para serem lavados de seus pecados pela confissão deles em seu batismo nas águas. Muitos dos seus discípulos chegaram ao conhecimento de Jesus, porque estavam cansados e sobrecarregados com o sentimento de seus próprios pecados, e sabiam que somente pela fé nEle poderiam achar descanso para suas almas. Mas hoje, o quadro é bastante diferente. Não são poucos os que professam a Jesus para os fins mais diferentes, sendo eles em sua maioria carnais e mundanos. Mesmo quando se lhes prega sobre a necessidade de arrependimento, não se permitem serem convencidos pelo Espírito Santo quanto à profundidade do seu pecado, e pensam que uma lavagem superficial de alguns maus hábitos adquiridos será suficiente para que sejam aceitos por Jesus (e não é raro que retornem a estes hábitos depois de tê-lo confessado). A pregação do evangelho superficial destes nossos dias que aponta apenas para prosperidade material e coisas diferentes da salvação da alma para a sua santificação, tem contribuído muito para a existência deste quadro. Então, de um lado, se um ministro fiel pretender conduzir pessoas a uma conversão real, ele terá que levar em conta que este engano de se ter encontrado realmente a Cristo, é algo sempre presente, contra o qual 61
  • 62. deverá lutar para levar todo pensamento cativo à verdade da Palavra, sobretudo em seu ensino de que Jesus não é ministro do pecado, mas da santidade de vida. Mas, uma coisa é certa, se por um lado este é o quadro dominante, todavia há aqueles que se convertem verdadeiramente ao Senhor, e estes são impulsionados a buscar a santificação de suas vidas nEle, e dentre estes, pouco se verá o recuo na profissão a que nos referimos anteriormente. Foi tendo isto em conta que Paulo se antecipou em seu ensino sobre a graça invencível de Jesus para a conversão, para evitar uma compreensão errada por parte de seus leitores, que não estar sob a lei e sim sob a graça não significava que eles poderiam pecar para que a graça fosse mais abundante. Isto está claramente exposto em fortes argumentos em todo o sexto capítulo de sua epístola aos Romanos. Por desconsiderarem esta verdade não são poucos os professantes que em nossos dias argumentam que já como estão salvos pela graça de Jesus, então não importa como eles vivam em seus vícios e outras transgressões da lei de Deus, porque sabem que basta confessar e serão perdoados. Mas isto os torna santificados, ou eles permanecem carnais e mundanos como sempre? A experiência prática tem demonstrado que a segunda condição é a regra geral. Então há necessidade de que os crentes sejam ensinados de que todo aquele que professa o nome do Senhor deve se afastar da iniquidade.) 62
  • 63. CAPÍTULO 4 - Uma força contra o pecado Os homens vivem em pecado, e ainda assim têm o pensamento secreto de que não deveria ser assim, que eles devem se livrar dele. Mesmo aqueles que não têm a lei, a este respeito "são uma lei em si", para "o trabalho da lei [isto é, cada coisa que a lei nos ordena fazer] está escrita em seus corações; sua consciência também testemunhando, e seus pensamentos lutando uns com os outros, acusando-os ou desculpando" (Rom. 2:15). O gemido da humanidade, bem como o gemido da criação, em razão do pecado, é profundo e longo. Nem sempre alto; frequentemente um tom subentendido, mais frequentemente se afogou em risadas, mas ainda terrivelmente real. Pecado como doença, infeccioso e hereditário, pecado como culpa, inferindo a condenação divina foi reconhecido; e junto com o reconhecimento, a triste consciência existiu de que a corrida não foi feita para o pecado, e que o próprio homem, não Deus, tinha errado. Homens de todas as idades e de todas as religiões têm alguma forma pobre, para colocar em seu protesto contra o pecado, "conhecendo o julgamento de Deus, que aqueles que cometem tais coisas são dignos de morte" (Rom. 1:32). Os filhos caídos de Adão, embora odiassem a Deus e Sua lei (Rom. 1:30), tornaram-se assim 63
  • 64. inconscientemente testemunhas contra si mesmos e, sem querer, tomaram partido de Deus e de Sua lei. Ao longo dos tempos, esta luta continuou entre o amor e o pavor do pecado, o prazer da luxúria e a sensação de degradação por causa disso; homens segurando o manto envenenado, mas desejando rasgá-lo fora; sua vida impregnada de maldade, mas suas palavras tantas vezes esbanjaram sobre o bem. Com muito calor, a antiga sabedoria pagã da Grécia e Roma se pronuncia contra o vício, com reflexão profunda às vezes descrevendo o conflito consigo mesmo, e a vitória sobre a vontade indisciplinada e o apetite irregular. Mas não sugeriu remédio e prometeu aquilo que não tem poder em ajuda. Só poderia dizer: "Continue lutando". A filosofia estava indefesa em seus encontros com o mal humano, e em sua simpatia com tristeza terrena. Olhou e falou muitas palavras verdadeiras, mas não trouxe cura, não curou feridas, não erradicou nenhum pecado. isso foi a exibição de fraqueza, não de poder, o mero grito de desamparo.Devotos romanos, com jejuns e flagelações, além de palavras sinceras, tentaram extirpar o mal e nutrir o certo. Procurando a justiça, mas sem saber o que justiça é, nem como vem para nós, eles próprios construíram em justiça própria. Professando buscar santidade, sem compreender sua natureza, eles se enredaram em delírios que não trazem pureza. Curvou-se, como dizem, a "mortificar a carne, "identificando falsamente" a 64
  • 65. carne "com o mero corpo, e trabalhando na teologia que ensina que é o corpo que arruína a alma, eles colocam grande ênfase no enfraquecimento e maceração da estrutura corporal, sem saber que estão alimentando o pecado, fomentando o orgulho, tornando o corpo menos apto para ser o ajudante da alma, e assim produzindo a impiedade do tipo mais sombrio aos olhos de Deus. Por regras de nenhum tipo gentil: pelo terror, pela dor, por visões da morte e do túmulo, por imagens de um inferno ferozmente flamejante, pela negação de toda certeza no perdão, eles têm procurado aterrorizar ou forçar- se em bondade. Por longas orações, por práticas amargas de abnegação, por cantos lentos à meia- noite ou de manhã cedo na penumbra de catedrais, por sacramentos frequentes, pelo estudo profundo dos velhos pais, pelo frio da solidão invernal, por atos multiplicados de mérito e vontade na adoração, eles pensaram em expulsar o demônio e erradicar "a mancha indelével do pecado." Mas o sucesso não veio desta forma. O empreendimento foi alto, mas temeroso e os homens não sabiam o quão terrível era. Eles tinham subestimado o poder do inimigo, ao mesmo tempo que superestimavam o seu próprio. Os recursos dos dois lados eram realmente desiguais. Nem Leônidas contra as miríades da Pérsia, nem os antigos três romanos que seguraram a ponte contra a hoste etrusca pode ser comparado a estes. Pode parecer apenas 65
  • 66. as débeis aberrações de um pobre coração humano com o qual eles estavam lidando, mas eles não sabiam o que estes indicavam - qual é o poder de uma vontade humana para o mal; o que é resultante da hostilidade do homem a Deus; qual é a vitalidade do pecado; o que é a exasperante tendência da lei nua e crua, e a elasticidade do mal sob a compressão; qual é a tenacidade da resistência do homem ao bem e para a lei da bondade; o que todos esses juntos devem ser quando alimentados por baixo e apoiados pelos recursos do inferno. Em tudo isso não há um pensamento de graça ou amor divino livre, não reconhecimento do perdão como raiz da santidade. A filosofia do homeme a religião do homem nunca sugeriu isso. Parece que o homem não podia confiar em si mesmo com isso, e não podia acreditar que Deus confiaria nele. Ele não tem ideia das barreiras contra o pecado, exceto na forma de paredes, correntes e barras de ferro, de tortura, ameaças e ira. Só com isso ele confia. Ele é lento para aprender que todos os impedimentos legais são irritantes em sua própria natureza, sem poder para produzir ou impor qualquer coisa, exceto um externalismo restrito. A interposição do amor perdoador, em plenitude e absoluta franqueza, é resistida como um encorajamento para o mal; e, na maioria, apenas em uma forma muito condicional e restrita é permitida a graça para entrar em jogo. A dinâmica da graça nunca foi reduzida a uma fórmula; eles são considerados 66
  • 67. incapazes de ser assim estabelecidos. Que Deus deve agir em qualquer outro caráter que não seja a recompensa do merecedor e a punição dos que não merecem; que ele deveria ir nas profundezas de um coração humano, e lá tocar as fontes que foram consideradas inacessíveis ou perigosas para lidar; que o Seu evangelho deve se lançar sobre algo mais nobre do que o medo do homem da ira, e comece proclamando o perdão como o primeiro passo para a santidade - isso é tão incrível para o homem que, mesmo com a Bíblia e a cruz diante de seus olhos, ele se afasta dela como uma tolice. No entanto, este é "o caminho mais excelente", não, ele é a verdadeira e única maneira de se livrar do pecado. Perdão dos pecados, em crer no testemunho de Deus da propiciação consumada da cruz, não é simplesmente indispensável para uma vida santa, na forma de remover o terror e libertar a alma da pressão da culpa, mas transmitindo um impulso, e um motivo, e um poder que nada mais poderia fazer. Perdão no final ou no meio, um perdão parcial ou um perdão incerto, ou um perdão relutante, seria de nenhum proveito; iria apenas atormentar e zombar. Mas um perdão completo, apresentado de forma a trazer sua própria certeza junto com ele para cada um que o tomará nas mãos de Deus - este é um poder na terra, um poder contra si mesmo, um poder contra o pecado, um poder sobre a carne, um poder de santidade, tal como nenhuma quantidade de 67
  • 68. suspense ou terror poderia criar. É a isso que nosso Senhor se refere, uma e outra vez, ao lidar com os fariseus, aqueles representantes de um padrão humano de bondade em contraste com a divina. Quão profundo é o significado de declarações como estas: "Quando eles não tinham nada a pagar, ele francamente perdoou a ambos" (Lucas 7:42); " Seus pecados, que são muitos, são perdoados" (Lucas 7:47);" O senhor daquele servo ficou comovido de compaixão, e o soltou, e perdoou a dívida" (Mt 18:27); "Nem eu também te condeno, vai e não peques mais" (João8:11); "Não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento" (Lucas 5:32); “O Filho do homem veio buscar e salvar aquele que estava perdido "(Lucas 19:10);" Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito" (João 3:16); "Não vim para julgar o mundo,mas para salvar o mundo" (João 12:47). É também para isso que os apóstolos tantas vezes se referem em seus discursos e epístolas: "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados." (1 Pedro 2:24); "Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste;”(Atos 13:38); "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores." (Rom. 5: 8); "Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em 68
  • 69. que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." (1 João 4:10); "Nós o amamos,porque Ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Para isso, também, todos os profetas deram testemunho; assim, "Eu perdoarei todas as suas iniquidades" (Jer. 33: 8); "Há perdão contigo, para que sejas temido" (Salmos 130: 4); "Quanto o oriente dista do ocidente, assim ele remove nossas transgressões de nós" (Salmo 103: 12); "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro.”(Isaías 43:25). No entanto, não é apenas uma questão de motivos e estimulantes que é indicado em tudo isso. É uma libertação da escravidão; é a dissolução da maldição da lei. Sob a lei e sua maldição, um homem trabalha para si mesmo e Satanás; sob a graça, ele trabalha para Deus. É perdão que coloca um homem trabalhando para Deus. Ele não trabalha para ser perdoado, mas porque ele foi perdoado, e a consciência de seu pecado ter sido perdoado o faz ansiar mais por toda a sua remoção. Um homem não perdoado não pode trabalhar espiritualmente. Ele não tem vontade, nem poder, nem a liberdade. Ele está acorrentado. Israel no Egito não poderia servir Jeová. "Deixa ir o meu povo, para que me sirva", foi a mensagem de Deus ao Faraó (Êxodo 8: 1): primeiro a liberdade, depois o serviço. Um homem perdoado é o verdadeiro trabalhador, o verdadeiro guardião da lei. Ele pode, ele deseja, 69