8. África
Importância do estudo de História da África
“A história da África é importante para nós, brasileiros, porque
ajuda a explicar-nos. Mas é importante também por seu valor
próprio e porque nos explica o grande continente que fica em nossa
fronteira leste e de onde proveio quase a metade de nossos
antepassados. Não pode continuar o seu estudo afastado de nossos
currículos, como se ela fosse matéria exótica. O obá (rei) do Benin
ou o angola a quiluanje estão mais próximos de nós do que os
antigos reis da França.” Alberto da Costa e Silva
1.) história da África pelo seu valor próprio
2.) história da África ajuda-nos a entender e explicar a nossa
própria história, porque é parte da história dos nossos antepassados
9. África
A importância da África pelo seu valor próprio
Berço da Humanidade: Os fósseis mais antigos de nossos
ancestrais foram encontrados no Vale da Grande Fenda,
formação que atravessa a Etiópia, o Quênia e a Tanzânia.
Milhões de anos depois, o Homo erectus teria partido dessa
região para povoar a Ásia e a Europa, onde se transformou em
homem de Neanderthal. Os que continuaram na África
evoluíram para a espécie sapiens, que mais uma vez migrou,
dizimando ou substituindo os neandertais e os hominídeos
asiáticos, povoando todo o planeta.
10. África
primeiros centros universitários e culturais de que se
tem registro (Tumbuctu, Gao e Djene).
Universidade de Sankore, em Tombuctu, construída por volta do
século IX.
11. África
Universidade de Sankore, em Tombuctu, abrigava já no
Séc. XII cerca de 25.000 estudantes
12. África
O povo Dogon registrou em monumentos as luas de Júpiter, os anéis
de Saturno e a estrutura espiral da Via-Láctea, observações feitas a
partir do século 17, na Europa
os habitantes do reino do Congo eram especialistas em forjar ferro e
cobre para produção de ferramentas. Introduziram na lavoura do
Brasil a enxada, uma espécie de arado e diversos tipos de machados,
que serviam tanto para cortar madeira como para uso em guerras
O objeto matemático mais antigo (Cerca de 20000 a.C.) é o bastão de
Ishango, osso com registros de dois sistemas de numeração. Ele foi
encontrado no Congo em 1950 e é 18 mil anos mais antigo do que a
matemática grega
Muros de pedra de 10 metros de altura foram erguidos na região do
Zimbábue, por volta do séc.XII. As ruínas revelam saberes avançados
em construção civil
13. África
Metalurgia do ferro
As mais antigas datações da existência da metalurgia do ferro estão na África:
-2000 anos para Ténéré no Niger
Século VII e IX a.c. para Taruga na Nigéria e sítios rwandeses e burundeses
Nok, Nigéria
A cultura conhecida como Nok (cerca de 900 a.C. até os séculos II ou III d.C.)
compreendia o território entre os rios Níger e Benué, aproximando-se do
lago Chade. Os povos de cultura Nok eram especialistas em metalurgia de
ferro e cobre, fabricavam utensílios domésticos, pontas para lanças e
flechas, argolas como enfeites para braços e tornozelos. Também
dominavam a técnica de esculturas em terracota com tamanhos de 9cm a
1,20m de altura, com penteados variados e colares de contas e pulseiras de
quartzo e estanho.
15. África
história da África ajuda-nos a entender e explicar a nossa própria
história, porque é parte da história dos nossos antepassados
O que nos aproxima da África?
A vinda de quase 5 milhões de africanos escravizados
Quais foram as influências dos africanos no Brasil?
Alimentação (pimenta, vatapá, caruru)
Música (ritmos, instrumentos-berimbau, marimba, atabaque,
agogô)
Técnicas (mineração/uso da bateia, ourivesaria, metalurgia do
ferro)
Religiosidade (candomblé, umbanda)
Vestimentas (turbante, pano da costa)
Língua (bantu/iorubá – cafuné, axé, samba, quilombo,
moleque, bagunça)
16. África
Importância da lei n.10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de História
da África e da Cultura Afro-Brasileira nas escolas:
foi um dos resultados da longa luta dos movimentos negros no Brasil. A
escola tem um papel fundamental no combate à discriminação e ao
preconceito racial, porque é o lugar por excelência da transmissão do
conhecimento, da incorporação de valores e do desenvolvimento do
espírito crítico. E é através de tudo isso que se pode desconstruir
estereótipos e quebrar preconceitos.
É preciso ressaltar o importante passo que foi dado com essa lei para a
valorização e o reconhecimento de uma das matrizes da cultura brasileira,
que é a africana, por meio do ensino de História da África e da Cultura
Afro-Brasileira. Mas falta ainda avançar muito. O processo de
implementação de uma lei é contínuo e de resultados não-imediatos. Faz-
se necessário, nesse momento, preparar melhor os professores e produzir
uma quantidade maior de materiais didáticos de boa qualidade para serem
utilizados em sala de aula.
17. África
A história das sociedades africanas foi, durante muito tempo, deixada de lado,
em grande medida, devido às idéias pré-concebidas sobre o continente
africano produzidas, sobretudo pelos europeus, nos séculos XVIII e XIX. Como
as sociedades africanas não apresentavam as mesmas instituições políticas, não
possuíam padrões de comportamento e visões de mundo semelhantes aos dos
europeus, a conclusão só podia ser uma: a de uma sociedade não civilizada e
sem História.
No entanto, antes da disseminação destas visões preconceituosas sobre a
África, este continente foi objeto de muitas obras de árabes, europeus e dos
próprios africanos, que retrataram as suas principais sociedades, estruturas
políticas e econômicas, bem como seus aspectos culturais, suas visões de
mundo, expressões artísticas e as formas de organização familiar. Essas obras,
acompanhadas da cultura material e de depoimentos, nos ajudam a entender
esse continente tão próximo geograficamente e culturalmente do Brasil.
18. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Fontes Árabes
Viajantes na África Ocidental, vindos da Arábia, África do Norte
e da Península Ibérica, ligados à expansão árabe e à islamização.
História dos reinos sudaneses antes da chegada dos europeus,
vida
política e social, comércio transaariano, rotas do ouro, produção da
noz de cola.
Al Iacube (séc.IX) – descreve Gana;
Abu Ubayd al-Bakri (século XI) - Descrição da África (de 1087), viveu em
Córdoba, Almeria e Sevilha.
Ibn Batuta (1304-1369) – descreve Mali;
Ibn Khaldun (1332-1406) – norte da África – descreve a África e as
relações com outros povos, auge do império do Mali, baseou-se na
tradição oral;
Leão, o Africano (1495-1552) – mouro do califado de Granada
(Espanha); escreve em italiano – descreve Gao e Songai, a conquista
marroquina e os depósitos de sal
19. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Fontes Árabes
Africanos da África Ocidental e Oriental que escrevem em árabe
devido à islamização. Destacam-se as crônicas (Tarikhs), escritas
pela elite dirigente dos centros culturais do Sahel (Kano, Tombuctu)
e da África Oriental (Quíloa). Escritas para legitimar o poder dos
conquistadores de Songai por meio da tradição e das genealogias das
dinastias.
Tarikh-al-Sudan (A Crônica do Sudão) – 1665 – escrita por al Sadi, de
Tombuctu, sobre os reinos sudaneses;
Tarikh-al-Fattash ( A Crônica do Pesquisador) – século XVII – escrita
por Mahmoud Kati, cidadão que acompanha o imperador de Songai
em peregrinação a Meca; história da invasão do império pelos
marroquinos em 1591.
20. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Fontes Árabes
Página de um manuscrito de Mahmud Kati
Sobre o império Songai
21. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Fontes Árabes
Trechos do relato de Mahmud Kati:
“Tendo surgido uma contenda entre as gentes de Gao e as de Cano
quanto a saber qual das duas cidades era a mais populosa, frementes
de impaciência, jovens de Tombuctu e alguns habitantes de Gao
intervieram e, pegando em papel, em tinta e em penas entraram na
cidade de Gao e puseram-se a contar os grupos de casas, começando
pela primeira habitação a oeste da cidade, e a inscrevê-las uma após
a outra, “casa de fulano”, “casa de sicrano”, até chegarem às últimas
construções da cidade, do lado leste. A operação levou três dias e
contaram-se 7.626 casas, sem incluir as cubatas construídas de
palha.” (In: KI-ZERBO, op. cit.: 189)
“Naquele tempo, Tombuctu era sem igual entre as cidades do país dos
Negros pela solidez das instituições, pelas liberdades políticas, pela
pureza dos costumes, pela segurança das pessoas e dos bens, pela
clemência e compaixão para com os pobres e os estrangeiros, pela
cortesia em relação aos estudantes e aos homens de ciência e pela
assistência prestada a estes últimos.” (In: KI-ZERBO, op. cit.: 191)
22. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Fontes Européias
O mapa a seguir foi feito na Catalunha no século XIV e retrata o Norte
da África. Apresenta quatro reis, três africanos: o rei Mansa Musa
de Mali (sentado, com uma gema de ouro na mão direita), o rei de
Organa, o rei da Núbia e o rei da Babilônia.
Os dois números em vermelho marcam dois textos. São eles: 1. “Toda esta
parte tem gentes que ocultam a boca; só se vêem seus olhos. Vivem em
tendas e têm caravanas de camelos. Também possuem animais de
cujas peles fazem excelentes escudos”. 2. “Este senhor negro é aquele
muito melhor senhor dos negros de Guiné. Este rei é o mais rico e o
mais nobre senhor de toda esta parte, com abundância de ouro na sua
terra” (tradução literal). Observe que embaixo do globo de ouro que o
imperador Mansa Musa segura na mão direita está a representação da
cidade de Tumbuctu. In: DAVIDSON, Basil. “Os Impérios Africanos”,
História em Revista (1300-1400). A Era da Calamidade. Rio de Janeiro:
Abril Livros / Time-Life, 1992, p. 149.
23. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Fontes Européias
Mapa do Norte da África (manuscrito catalão de 1375)
24. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Crônicas portuguesas (séculos XV-XVII)
Escritas durante a expansão marítima;
roteiros, relações com outros povos, realizações dos exploradores.
Gomes Eanes de Zurara: Crônica do descobrimento e da conquista da
Guiné, escrita entre 1460-1474;
Duarte Pacheco Pereira: Esmeraldo situ orbis, em 1505;
João de Barros: Décadas da Ásia, 1551-63;
Filippo Pigafetta, Duarte Lopes: Descrição do Reino do Congo, 1591;
Rui de Pina: Crônica do Rei D. João II, início do séc. XVI
25. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Crônicas de afro-portugueses e missionários, militares portugueses
estabelecidos na África (séculos XV-XVII)
André Alvares d’ Almada (cabo-verdiano): Tratado Breve dos Rios da
Guiné de Cabo Verde, de 1594;
André Dornelha: Descrição de Serra Leoa e dos Rios da Guiné de Cabo
Verde, de 1625;
Antonio de Oliveira Cadornega (militar português, viveu 40 anos em
Angola): História Geral das Guerras Angolanas (1680-1681);
Cavazzi de Montecucculo (missionário capuchinho): Descrição
histórica dos reinos do Congo, Matamba e Ndongo, de 1687.
26. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Africanos
Relatos sobre as suas regiões de origem e as experiências como
escravos na América e na Europa, como A narrativa da vida de
Olaudah Equiano or Gustavus Vassa, o Africano, escrito em 1789.
Viajantes europeus (século XIX)
Chegado o século XIX, os europeus iniciaram a exploração da África,
direcionada à conquista dos mercados consumidores africanos, após o fim
do tráfico de escravos. Uma nova literatura foi produzida por exploradores
que recolheram documentos escritos e testemunhos orais, tais como as
obras de James Bruce, T. E. Bowdich, Joseph Dupuis, Mungo Park, Gustav
Nachtigal, Hugh Clapperton, Richard Burton, entre outros.
27. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Tratamento das fontes
Destacar a importância desses relatos como fontes históricas, mas
deve-se analisá-las criticamente, levando em conta:
Contextualização do autor e do relato, posição social e ideológica, o lugar
da onde se fala;
Objetivos do autor (conhecer, divulgar, conversão religiosa, a exploração
econômica)
Conhecimento parcial dos povos africanos, não presença do autor no
continente africano
A descrição do outro pode representar muito mais características de si
próprio
28. FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
Sociedades africanas – sociedades que usam a escrita?
Idéia equivocada: as sociedades africanas indistintamente
são sociedades agráfas (não fazem uso da linguagem escrita)
Muitas sociedades africanas sofreram processos de letramento ligados à
islamização e a cristianização
Uso da escrita para educação, comércio, legitimação política (contrato de
títulos e posse); contatos com outros povos (europeus, arábes)
Difundida por mercadores, exploradores, missionários
29. A África Subsaariana
ÁFRICA SUBSAARIANA: território ao sul do deserto
do Saara
Pode ser dividida em três grandes áreas: Ocidental,
Centro-Ocidental e Oriental.
31. A África Subsaariana
Diversidade e a complexidade das sociedades africanas
pequenas aldeias agrícolas organizadas em torno das linhagens e
dos conselhos dos anciãos, nas quais davam-se grande
importância aos homens mais velhos da comunidade e os
ancestrais mortos; ou
grandes unidades territoriais com poder político centralizado, como na
região Ocidental os reinos de Gana, Mali, Songai e Tecrur, que
participavam intensamente do comércio transaariano de cereais, âmbar,
pimenta, marfim e escravos trocados por cavalos, sal, cobre, conchas,
panos de algodão e tâmaras.
Eram sociedades que, por conta do comércio transaariano, tiveram
contato com o islamismo e passaram a professá-lo juntamente com as
religiões tradicionais.
34. A África Subsaariana
ÁFRICA OCIDENTAL
Reinos Sudaneses
Reinos Época Povos
Gana c.IV-XIII soninquê, diula
Mali c.XIII-XV malinquê, queita, madinga
Songai c.XV-XVI songai
Tacrur c.IX-XIV serer, tucolor, fula
Canen e c.X-XIV
Bornu c.XIV-XIX zagaua, sefaua, canúri
35. A África Subsaariana
Estados da floresta ocidental
Estados Época Povos
Bono c.XIII acã
Ifé c.VI edo, ibo, nupe, ijó, igala, iorubá
Benin c.XII-XIV edo
Oió c.XV iorubá
37. A África Subsaariana
ÁFRICA ORIENTAL
Cidades-Estados da Costa do Índico
Quíloa, Mogadixo, Mombaça, Moçambique, Zanzibar, Mafia,
Melinde
Grande Zimbabué e o Reino do Monomotapa
39. A África Subsaariana
ÁFRICA CENTRO-OCIDENTAL
Reinos Época Povos
Luba e Lunda c.XIII luba, lunda
Congo c.XIV-XV congo
Loango c.XIV vili
Tios c.XIV tio (tequê ou angico)
Andongo (Angola) c.XVI ambundo
(subgrupo andongo)
Libolo c.XVI ovimbundo
40. A África Subsaariana
LINHAGENS:
As linhagens são constituídas, sobretudo, pela família extensa,
que supõe um antepassado consangüíneo comum.
DIVISÃO DA SOCIEDADE:
Estrutura social estratificada: fundamentada na divisão por sexo
e idade.
Sociedades patrilineares x Sociedades matrilineares
41. A África Subsaariana
GRUPOS ÉTNICOS
são formados pelos próprios indivíduos com base numa relação
tanto de atribuição quanto de identificação. “Grupos étnicos são
categorias de atribuição e identificação realizadas pelos próprios
atores e, assim, têm características de organizar a interação entre
as pessoas”.
42. A África Subsaariana
as fronteiras étnicas, muitas vezes flexíveis, são definidas
principalmente pela suposta origem comum dos integrantes.
“(...) é a crença na origem comum que substancializa e naturaliza
os atributos, tais como a cor, a língua, a religião, a ocupação
territorial e fazem-nas percebidas como traços essenciais e
imutáveis de um grupo”. Esses elementos, como a língua, a
religião, o território, entre outros são recursos utilizados não para
definir o grupo étnico, mas para criar e sustentar a idéia de uma
origem comum.
BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT,
Philippe; STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade
seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth. Trad.
Élcio Fernandes. SP: Editora Unesp, 1997.
44. A África Subsaariana
a identidade étnica é, pois, um processo dinâmico, que está em
constante transformação, redefinindo-se por meio de um duplo
reconhecimento: pela identificação de aspectos comuns ao grupo
ao qual pertence e pelas diferenças em relação a outros grupos.
o grupo étnico é também estabelecido levando em conta definições
e categorias atribuídas por agentes externos ao grupo.
Na medida em que um grupo assume uma coletividade, acaba
negando outra. Assim, a etnicidade só pode existir em um contexto
de interação e não de isolamento, capaz de promover as fronteiras
entre os grupos que se consideram diferentes.
45. A África Subsaariana
Jean-Loup Amselle e Elikia M’Bokolo. Au coeur de l’ethnie. Ethnie,
tribalisme et État en Afrique. Paris: La Découverte, 1999.
Etnia é um conceito construído historicamente
Em alguns casos é uma construção do colonizador
Existem outras formas de organização: comércio, religião,
parentesco, doação de terras.
47. A África Subsaariana
RELIGIOSIDADE E ANCESTRALIDADE
Crença num ser criador, espíritos de ancestrais e da natureza.
os ancestrais são pessoas importantes em determinadas
sociedades – líderes, fundadores de aldeias, ferreiros
os ancestrais mortos recebem as oferendas e homenagens em
lugares sagrados, no meio da natureza, num bosque, em rios,
debaixo de árvores, ou mesmo, em suas tumbas, nos cemitérios e
altares construídos nas aldeias e nas encruzilhadas.
48. A África Subsaariana
O ancestral é dotado de um bem máximo que é a sua energia vital,
a energia da vida, carregada consigo não só pelo resto da sua
existência na Terra como depois da sua morte. É ela que o une ao
Ser Supremo, ao seu Criador.
Toda cultura bantu está voltada para o aumento e acúmulo da
energia vital e para a luta contra a sua diminuição.
O ser intermediador dotado de grande energia vital é o ancestral.
Surge daí a importância reconhecida à ancestralidade nas religiões
africanas.
49. A África Subsaariana
A IMPORTÂNCIA DA ORALIDADE
Tradicionalistas x griots
Alguns ofícios existentes nas sociedades africanas estão
relacionados à tradição oral, a um conhecimento sagrado, a ser
revelado e transmitido para as futuras gerações; é o caso dos
ferreiros, carpinteiros, tecelões, caçadores e agricultores. Os mestres
que realizam essas atividades fazem-no ao mesmo tempo em que
entoam cantos ou palavras ritmadas e gestos que representam o ato
da criação.
50. A África Subsaariana
RITUAIS
Nas sociedades africanas os rituais e os mitos são muito
importantes.
O mito é uma representação imaginária do passado e se relaciona
com a criação e a fundação da sociedade e como determinados
grupos se organizam.
O mito não é explicado sem que existam a palavra e a ação (ritual).
A palavra (expressão do mito) provoca os rituais.
Os rituais revelam, por meio dos mitos, as formas de pensamento
de uma sociedade.
51. A África Subsaariana
Tipos de rituais:
de iniciação: celebram a passagem dos jovens para o mundo adulto
de passagem: rituais fúnebres (separação física do mundo profano e
agregação ao mundo sagrado dos ancestrais)
Celebrar os ciclos da natureza
Fertilidade
Pedido de proteção e agradecimento aos ancestrais