Cadeia epidemiológica de transmissão de microrganismos
1. Medidas de Precaução padrão e Específicas
Miwa Kashiwagi
Enfermeira do Grupo Técnico Médico-Hospitalar
2. Microorganismo
Hospedeiro
Meio
Ambiente
Os microrganismos estão
presentes no meio ambiente,
sendo que o próprio ser humano é
um grande reservatório.
O equilíbrio e a imunidade mantém
a harmonia entre os elementos.
A flora normal que está na pele,
nos alimentos e no ambiente é
inofensiva em seu local habitual,
porém, potencialmente patogênica
quando invade os tecidos.
Infecção
Resulta no desequilíbrio entre
os mecanismos empregados
pelos microrganismos para
causar doença e resposta do
hospedeiro para impedir a
agressão.
3. Como funciona o processo de
transmissão dos agentes infecciosos
4. A cadeia
epidemiológica de
transmissão dos
microorganismos
Presente de grego
The Wooden Horse of Troy by the Circle of Paul Bri. (Corbis/Courtesy History Channel)
O cavalo de Troia foi um plano traçado pelos
gregos para invadir a cidade de Troia.
Foi construído um cavalo de madeira gigantesco
que seria oferecido ao rei Príamo de Troia como
um reconhecimento da derrota e indicaria o fim
da guerra.
No entanto, vários guerreiros gregos
aguardavam no interior do cavalo.
Assim, o rei de Troia aceita o presente e o leva
cidade adentro. À noite, os guerreiros gregos
saem, abrem os portões da cidade e permitindo
a invasão das tropas gregas que esperavam fora
das muralhas da cidade.
5. Agente Infeccioso
Fonte
Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Fortaleza
Presente
de grego
Invasores
Hospedeiro
Susceptível
Os elementos
favoráveis à
Infecção
6. Agente Infeccioso
• Bactérias
• Fungos
• Vírus
• Protozoários
• Parasitas
Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Invasores
Os elementos
favoráveis à
Infecção
Virulência
Habilidade do microrganismo
em invadir e causar doença no
hospedeiro
Características
Capacidade em se adaptar para
sobreviver no ambiente em
condições inóspitas (p. ex.
esporos);
Mecanismo de transmissão
para atingir o novo hospedeiro.
P.ex., motilidade bacteriana,
com capacidade de formar
biofilme.
Elementos que auxiliam na
invasão, proliferação,
disseminação (enzimas,
toxinas, componentes
capsulares, etc.)
7. Fonte
• Pessoas
• Água
• Soluções
• Medicamentos
• Equipamentos
Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Presente
de grego
Os elementos
favoráveis à
Infecção
O Ser Humano é o
principal reservatório
Isso inclui, não apenas o paciente,
mas, trabalhadores da saúde,
familiares, acompanhantes e
visitantes.
▪ Podem estar com infecção
(sintomáticos);
▪ Podem estar em período de
incubação – sem sintomas,
porém, transmitindo;
▪ Podem estar colonizados com
microrganismos (crescimento e
multiplicação do microrganismo
sem expressão clínica ou
imunológica.
O que é?
Local onde o agente infeccioso
se encontra e é que consegue
sobreviver, crescer e se
multiplicar até atingir o
hospedeiro susceptível.
Podem ser fontes humanas ou
ambientais.
Fontes Ambientais
Transmissão de agentes
infecciosos de forma secundária
– superfícies, materiais,
equipamentos, água, solução e
medicamentos.
8. Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Fortaleza Hospedeiro
Susceptível
• Imunossuprimidos
• Idosos
• RN
• Queimados
• Cirúrgicos
Os elementos
favoráveis à
Infecção
Nem sempre a
interação entre
hospedeiro e Agente
Infeccioso irá causar
infecção.
Alguns podem ficar
assintomáticos ou colonizados.
Porém, quando ocorre, o
hospedeiro podem ficar
doentes e dependendo da
gravidade, recuperar-se, ficar
com sequelas ou ir a óbito.
Fatores preditores para o
desfecho: imunidade, tempo de
exposição ao agente infeccioso,
virulência, características do
patógeno, etc.
Fatores de risco
• Extremos de idade;
• Doenças crônicas
• Imunossupressão (HIV/Aids,
Oncológicos, transplantados)
• Uso de medicamentos que
alteram a flora normal (p.ex.
agentes microbianos,
corticóides, antineoplásicos,
imunossupressores, etc.
• Cirurgias e outros
procedimentos invasivos,
• Radioterapia,
• Dispositivos médicos (cateteres,
tubo endotraqueal,implantes,
etc.)
9. Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Táticas de
guerra
Forma de
transmissão
• Contato
• Gotículas
• Aérea
Os elementos
favoráveis à
Infecção Os modos de
transmissão variam
de acordo com o tipo
de microrganismo e
podem ser:
▪ Transmissão por
contato (direto ou
indireto)
▪ Transmissão por
gotículas
▪ Transmissão por
aerossóis
10. Transmissão por contato
Direto Indireto
Microrganismos são transferidos de uma pessoa
infectada para outra sem intermédio de pessoas
ou objetos.
Exemplos:
• Profissional de saúde com lesões nas mãos e
sem luvas expõe-se a sangue e fluídos
corporais de pacientes infectados;
• Cuidador sem luvas tem contato com a pele de
paciente com infestação de escabiose
Envolve a transferência de agentes infecciosos por
meio de objetos ou pessoas.
Exemplos:
• Mãos de profissional de saúde podem transmitir
um patógeno de um paciente para outro quando
não higieniza as mãos após o termino do cuidado
de um e início do outro;
• Instrumentos que não foram adequadamente
limpos, desinfetados ou esterilizados.
11. Distância entre 0,9 e 1,8 m
Figura: https://www.usatoday.com/in-depth/news/2020/04/04/coronavirus-face-mask-tips-how-make-fabric-instructions/2945209001/
Transmissão
por gotículas: as
gotículas são
geradas quando o
indivíduo infectado
tosse, espirra ou
fala. O tamanho da
gotícula é maior
que 5m
Transmissão aérea: pequenas
partículas ou núcleos goticulares (menor
que 5m ). Esse tamanho é ideal para
inalar, pois, é pequena o suficiente para
atingir a árvore respiratória sem ser
contida pelos cílios da mucosa
respiratória
12. Porta de Saída
• Excreção
• Secreções
• Gotículas
• Outros Fluídos
Porta de Entrada
• Trato gastrointestinal
• Trato urinário
• Trato respiratório
• Pele não-íntegra
• Mucosas
Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Saída
Entrada
Os elementos
favoráveis à
Infecção
13. Agente Infeccioso
• Bactérias
• Fungos
• Vírus
• Protozoários
• Parasitas
Porta de Saída
• Excreção
• Secreções
• Gotículas
• Outros Fluídos
Fonte
• Pessoas
• Água
• Soluções
• Medicamentos
• Equipamentos
Porta de Entrada
• Trato gastrointestinal
• Trato urinário
• Trato respiratório
• Pele não-íntegra
• Mucosas
Plaque Depicting The Trojan Horse from the Aeneid c. 1530-1540, France, Limoges, 16th century - The Cleveland Museum of Art
Fortaleza
Presente
de grego
Táticas de
guerra
Invasores
Saída
Entrada
Hospedeiro
Susceptível
• Imunossuprimidos
• Idosos
• RN
• Queimados
• Cirúrgicos
Forma de
transmissão
• Contato
• Gotículas
• Aérea
Os elementos
favoráveis à
Infecção
14. Agente
Infeccioso
Porta de
Saída
Fonte
Porta de
Entrada
Hospedeiro
Susceptível
Forma de
transmissão
A cadeia epidemiológica de transmissão dos microorganismos
Correa L. Silva AA, Fernandes MVL (coord.) Precauções e Isolamento. 2ª ed. São Paulo: Associação Paulista de Epidemiologia e
controle de infecção relacionada à assistência à saúde (APECIH), 2011.
16. Precauções padrão
Pressuposto: cada pessoa pode estar infectada ou colonizada
com algum microorganismo e pode ser um potencial
transmissor. Assim, são implementadas medidas durante a
assistência e a todos os pacientes para mitigar o risco.
Higienização das mãos
Higiene respiratória e
Etiqueta da tosse
Higiene do ambiente
Prevenção de acidentes com
material perfurocortante
Uso de Equipamento de
Proteção Individual de acordo
com o tipo de exposição
Cuidados com materiais,
equipamentos, roupas e
utensílios alimentares
Práticas seguras na
administração de medicamentos
por via endovenosa,
intramuscular e outras
19. 5
Momentos
para
higienização
das mãos
Fonte:
*A zona do paciente inclui o paciente e algumas superfícies e itens a ele dedicados, temporária e exclusivamente
(conforme a linha pontilhada no pôster dos 5 Momentos, na Figura anterior). Normalmente, isso inclui o paciente
e todas as superfícies inanimadas tocadas por ele direta ou indiretamente, como as grades do leito, mesa de
apoio, roupas de cama, equipos de infusão e outros equipamentos médicos. Além disso, estão incluídas outras
superfícies de contato tocadas com frequência pelos profissionais da saúde durante o atendimento ao paciente,
como monitores, controles e botões, e outras superfícies de contato. (OPAS/OMS, 2021)
20. Lavagem das mãos
com Água e Sabão
• Quando lavar as mãos?
Mãos visivelmente sujas ou contaminadas com
fluídos corporais;
Após usar o banheiro;
Em casos de suspeita ou confirmação de esporos
(p. ex. Clostridium difficile), uma vez que o atrito
envolvido ao esfregar as mãos durante a lavagem,
remove fisicamente os esporos das mãos.
• Secagem feita com papel toalha. Em serviços
de saúde não é recomendado o uso de
secadores de ar pois a turbulência do ar quente
espalha os microrganimos aderidos nas
gotículas de água para o ambiente.
Remoção da sujeira, matéria
orgânica e microorganismos menos
aderidos nas mãos com água e
sabão.
Imagens: https://giphy.com/kimldraws
Higienização das
mãos com Álcool-gel
• O álcool-gel é a melhor opção por ser
germicida e seu efeito ser mais duradouro.
Porém, reduz muito a sua eficácia quando as
mãos estão sujas, pois a sujeira inativa o álcool;
• É mais rápido (20 a 30 segundos);
• Não há necessidade de pias ou toalhas de
papel;
• Pode ser disponibilizado com mais facilidade
em locais estratégicos;
• Dê preferência às preparações alcoolicas em
gel que, graças às propriedades emolientes,
ressecam menos a pele.
Desnaturação da parede celular
dos microrganismos por meio de
fricção de preparação alcoolica.
21. Uso de Equipamento de Proteção Individual de acordo com o tipo de
exposição
Uso de luvas ➢ Quando há risco de contato com sangue e outros fluídos corporais;
➢ Antes de manipular mucosas e pele não-íntegra;
➢ O tamanho e tipo de luva deve ser adequado para cada atividade
➢ Trocar as luvas entre procedimentos no mesmo paciente sempre que
houver contato com secreções contaminantes;
➢ Trocar as luvas quando passar para outro paciente;
➢ Evitar tocar em superfícies quando estiver com luvas;
➢ Remover as luvas de acordo com técnica apropriada para não se
contaminar
➢ Sempre que colocar e retirar as luvas, higienize as mãos.
22. Uso de Equipamento de Proteção Individual de acordo com o tipo de
exposição
Uso de avental ➢ Quando há risco de respingos ou contato da pele ou roupas do
profissionais com fluídos, secreções ou excreções do paciente
➢ Remover o avental e higienizar as mãos antes de deixar o quarto do
paciente
➢ Não usar o mesmo avental para cuidar de pacientes diferentes
Proteção para a
boca, nariz e olhos
➢ Quando há risco de respingos de sangue, saliva, secreções e
exceções para proteger a face do profissional de saúde
➢ A máscara e os óculos devem ser individuais
➢ Após a retirada, sempre higienizar as mãos
➢ Realizar a desinfecção dos óculos de proteção com produtos
adequados (p.ex. álcool a 70%)
23. Higiene do
Ambiente,
Equipamentos,
materiais,roupas,
etc.
Realizar a descontaminação do ambiente a partir de rotinas
de limpeza e desinfecção das superficies ambientais;
• Limpeza Concorrente: remoção dos microrganismos e
sujidades de móveis e áreas próximas ao paciente para
reduzir o risco de infecção.
• Limpeza Terminal: limpeza e desinfecção ampla – janelas,
teto e paredes - para manutenção da estrutura
• Rotinas de limpeza, desinfecção, esterilização de materiais
e equipamentos – escolha de produtos que realizam limpeza
e desinfecção otimizam o tempo.
24. Higiene respiratória e Etiqueta da Tosse
➢ Educação de profissionais de saúde, pacientes e visitantes sobre as medidas de controle
➢ Triagem de sintomáticos respiratórios
➢ Sinalizar na entrada e locais estratégicos as instruções sobre higiene respiratória/etiqueta
da tosse*
➢ Oferecer máscara cirúrgica, lenços de papel, preparação alcoolica para higienização das
mãos e providenciar lixeiras.
➢ Providenciar locais adequados para higiene das mãos: álcool gel em locais estratégicos e
pia para lavagem das mãos
*os sintomáticos respiratórios devem manter-se de máscara em todo a permanência do serviço, trocar as máscaras quando estiverem
úmidas, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, usar lenços de papel, higienizar as mãos após o contato com secreções respiratórias
26. Agente
Infeccioso
Porta de
Saída
Fonte
Porta de
Entrada
Hospedeiro
Susceptível
Forma de
transmissão
A cadeia epidemiológica de transmissão dos microorganismos
Correa L. Silva AA, Fernandes MVL (coord.) Precauções e Isolamento. 2ª ed. São Paulo: Associação Paulista de Epidemiologia e
controle de infecção relacionada à assistência à saúde (APECIH), 2011.
Identificação rápida do
microrganismo
Tratamento com
Antimicrobiano
adequado
Descontaminação
seletiva
Boas condições de saúde e higiene
Limpeza/desinfecção e esterilização
Preparo e administração adequado de
medicamentos
Higiene das
mãos
Técnica
asséptica
Cuidado com
feridas
Cuidado com
dispositivos
invasivos
Higiene das mãos
Ventilação de ar
Precauções específicas
Cuidado no prepare e transporte de alimentos
Limpeza/desinfecção e esterilização
Tratamento da
doença de base
Identificação dos
pacientes vulneráveis
Uso adequado de EPI
Descarte adequado de resíduos
Contenção de secreções e excreções
27. Bibliografia
Correa L. Silva AA, Fernandes MVL (coord.) Precauções e
Isolamento. 2ª ed. São Paulo: Associação Paulista de
Epidemiologia e controle de infecção relacionada à assistência
à saúde (APECIH), 2011.
Organização Pan-Americana de Saúde. Precauções básicas:
higienização das mãos (COVID-19). Curso Virtual, 2021.
Disponível em: https://www.campusvirtualsp.org/pt-br.
Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, and the
Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee,
2007 Guideline for Isolation Precautions: Preventing
Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings.
https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/isolation/ind
ex.html