Este boletim mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores de Paraná (SOBRAMES-PR) contém: 1) a agenda de reuniões da entidade em abril e maio de 2013; 2) um relato do presidente nacional sobre sua viagem para visitar diferentes regionais; e 3) dois contos escritos por membros da SOBRAMES sobre temas como a exclusão social e os efeitos das drogas.
1. BOLETIM MENSAL - No. 33 ABRIL 2013 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PARANÁ
GRALHA AZULGRALHA AZUL
1BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 33 - ABRIL 2013
AGENDA DE REUNIÕES - ABRIL/MAIO - 2013
Queridos amigos e amigas da Sobrames de todo o Brasil,
Sairei de Curitiba no próximo dia 24 (abril), pronto
para realizar uma série de reuniões em várias Regionais.
Serão doze a serem visitadas, contando entre estas a
fundação de uma nova Regional em Macapá - Amapá.
Foram agendadas com esmero em quase todas as
Capitais, capitaneadas por Rose Matuk, Ildo Simões, José
Medeiros, Celina Côrte, Kátia Marabuco, Arquimedes
Vale, Alípio Bordalo, Fausto Gomes e Ernesto Lentz de
Carvalho Monteiro.
Em cada local contando com o maior número de
sobramistas desta grande entidade literária nacional,
à qual pertenço com grande paixão.
São vários os motivos desta declaração. Explico:
- O aprendizado é constante e profícuo.
- A abertura de horizontes que nos é proporcionado é imenso.
- O leque de amizades prontos para o abraço fraterno é incomensurável.
Na história da Sobrames foram vários seus presidentes que transpuseram as grandes
distâncias brasileiras, entre suas capitais, sede das entidades regionais. Que fizeram a
integração necessária ao bom convívio e ao desenvolvimento de tamanha egrégora. Nos
tempos modernos, desde meu debut nesta flâmula, lembro Hélio Begliomini, Luiz Alberto
Soares, José Maria Chaves e Marco Aurélio Baggio. Êles tem sido na sua majestosa boa
vontade, com recursos próprios, os vetores de “boas novas” pelo território nacional.
A última regional fundada pelo ex-presidente José Maria Chaves foi em Rondônia, a
qual, infelizmente não terei oportunidade de visitar por absoluta falta de tempo.
Serão 34 dias de estrada, utilizando minha motocicleta, para facilitar o deslocamento
(e também como desculpa para que eu a use desta maneira prazeirosa!).
A amapaense de Macapá Josyanne Rita Franco, atual presidente da Regional São
Paulo sugeriu, facilitou e indicou colegas e parentes médicos para que pudéssemos
concretizar mais esse sonho. Estaremos lá, se Deus quiser, no dia combinado.
Agradeço, antecipadamente, as manifestações de carinho e apreço (e preocupação -
como diria Ildo Simões, que se eu chegasse de moto em Salvador, êle não me deixaria sair,
pois seria internado por êle.
Às demais Regionais peço desculpas pelo não comparecimento neste tour, mas
gostaria imensamente de estar, um dia, também com o mesmo carinho.
abraço fraterno
Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki
Presidente Nacional - Sobrames - Gestão 2013/14
2. 2BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 13 - JULHO 2011
Chorão
João Batista Neiva - Sobrames PR
“Meu pai era assim também. Muito emotivo. Qualquer cena mais dramática e ele
puxava o lenço branco bem dobrado. Nem dissimulava e enxugava o canto do olho. Herdei
as lágrimas e o pterígio.
Sobretudo situações de padecimento infantil ou de velhice desassistida me causam
comoção. Sem demora me vejo na posição do padecente e ainda que por breves momentos
sinto a sua dor. Orgulho-me de mais esta fraqueza.
Chorei de pena do Papa alemão quando logo após sua abdicação teve rejeitados seus
apertos de mão por gente de dentro do Vaticano. Ignoravam a sua presença, voltavam-se
para outro lado, ele sem rumo, sem ter quem o amparasse, subtamente privado das
honrarias do cargo, literalmente desprezado. Imaginem o Pelé deixando a nossa Seleção e
no dia seguinte ignorado por todos num treino do Santos. Pelé cumprimentando um
principiante das divisões de base e este lhe virando as costas. Esta evidente rejeição ao
Pontífice retirante e os acontecimentos sucessivos me levam a concluir que no picadeiro
principal da Santa Sé ele, Bento XVI , hoje é odiado.
Aqueles que gravitam na órbita mais próxima do Sumo Pontífice são parasitas e
aproveitadores mercenários. Haverá exceções, suponho e admito.
Acostumados com a atitude dos antecessores, que morriam agarrados ao cargo e
que já não tinham mais forças muito antes da morte. E cujo poder era loteado entre os
muito próximos. Assim acostumados, vinham nadando de braçadas no ocaso de Bento.
Torcendo para que tivesse um final arrastado como o do polaco, tudo continuaria de
bandeja para a corja fantasiada de homens-de-Deus.
Sabendo que suas forças se exauriam, Bento levantou a lebre, deu crédito ao estado
caótico do clero envolto em crimes sexuais e financeiros e saiu deixando a batata
escaldante para alguém mais forte descascar.
E ao que tudo indica acertou em cheio. A fumaça branca foi soprada por Buenos
Vientos e quando se dissipou no céu de Roma emergiu a figura de um homem simples,
bem ao gosto do povo católico e simpático a todo mundo. Genuíno, autêntico, verdadeiro.
Sabe do tamanho da tarefa a enfrentar e sabe que precisa de ajuda. Começou por recrutar
representantes de todos os continentes. Para um mutirão de lavagem de roupa suja, de
batinas emporcalhadas. Algumas deverão ser incineradas, não comportam limpeza.
Não pode a Igreja servir de reduto a malfeitores. Choro pelas suas vítimas.
Então choro por todos nós.”
Mais profundo que uma poça de sangue na calçada
Eberth Vêncio - Sobrames - Goiás
Se você quiser ficar pra baixo, arrasado no chão: cocaína. Ela não mente, ela não mente, ela
não mente: cocaína. (Cocaine, Eric Clapton)
“As substâncias mais entorpecentes que já usei até hoje foram as caipiroscas
preparadas pelo Padre Hendrix (ultimamente, este meu amigo anda preso a um dilema:
não sabe se larga a batina, as batidinhas ou as bacaninhas que o procuram na paróquia) e
as pingas de engenho que meu falecido avô fabricava no seu alambique na roça. Mesmo
assim não atingi aquele grau de doideira que me permitisse enxergar monstros sentados
no sofá, políticos convertendo-se ao bem da comunidade, ou Elvis Presley trepando numa
goiabeira. O máximo que consegui nestas investidas etílicas foi a certeza de que Elvis
realmente morrera, azia e visgos de remorso: “nunca mais vou beber de novo”.
Eu moro numa grande metrópole. A população daqui anda em polvorosa por conta
dos vários assassinatos de moradores de rua que têm ocorrido nos últimos meses,
sobrecarregando padres, capetas, o noticiário das oito e os profissionais do IML. A tiros,
facadas, porretes ou unhas — não importa a ferramenta de trucidamento —, dezenas de
indigentes tombaram nas calçadas aniquilados por “algozes misteriosos”.
3. 3BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 13 - JULHO 2011
(cont. Eberth Vêncio)
Incomodados com o cheiro de ferrugem no ar, receosos em lambrecar os seus
mocassins baratos made in China nas inúmeras poças de sangue dos últimos dias, os
cidadãos cobram das autoridades pertinentes — mesmo daquelas autoridades
impertinentes mais autoritárias que, à surdina, fazem uma comemoração comedida por
causa da “assepsia nos logradouros públicos” — rigor nas investigações e a detenção dos
culpados.
A polícia jura que a polícia e os mordomos nada têm a ver com a epidemia de
matança dos degredados, e nega que haja exímios grupos de extermínio trucidando
pobres diabos na calada da noite. Experimentado em violência e maldade, o alto escalão
da Segurança Pública pede para a população segurar mais esta onda: os indigentes
estariam se autoaniquilando numa espécie de fagocitose humana várias vezes vista na
História da Humanidade, desta feita, desencadeada pelo consumo desregrado de drogas, a
gerar alucinações, doidice, dívidas com o vício e impiedosos acertos de conta.
Sacando a gravidade da faxina social que vigora na cidade, o Governo Foderal
remeteu pra cá os fodões da investigação foderal a fim de tomarem tento da situação e
estancarem esta sangria urbana, que ninguém mais suporta patinar em coágulos na
calçada e perder o equilíbrio, não somente físico, mas, emocional. Não creio que uma força
tarefa montada às pressas, ainda que composta por gente experimentada no combate à
criminalidade, conseguirá mitigar um cenário de exclusão social bruta que perdura desde
que o homem parou de andar de quatro e descobriu relâmpago é isqueiro. Excluir,
maltratar iguais, é o que mais temos feito no decorrer da história.
Mesa de botequim é o supletivo dos filósofos vira-latas, o palanque dos pensadores
ingênuos, o reduto dos artistas anônimos incompreendidos, o muro das lamentações dos
desamados por mulheres desalmadas, o confessionário dos amantes traíras, um escritório
descontraído ao ar livre para que os corruptos de carreira se esmerem em planejamentos
estratégicos muito bem engendrados a fim de saquearem o erário nos meses vindouros.
De tal sorte que, eu ouvia atentamente às explanações do Zé Galinha, pseudo-filósofo dos
sêxtuplos chopes: “a Terceira Guerra Mundial já começou há muito tempo e as pessoas
ainda não se deram conta…”.
De acordo com os virabrequins mentais de Zé Galinha, o incremento promissor do
consumo de drogas no mundo (promissor, principalmente, àqueles que se enriquecem com
o negócio escuso mais lucrativo do planeta depois da indústria da fé), aliado ao supra-
sumo de brutalidade que ele desencadeia, representaria a “terceira grande guerra”,
carregada de incontáveis megatons.
No Brasil, por exemplo, as cracolândias expandem-se mais que o PIB ou as contas
secretas de políticos sacanas nos paraísos fiscais das Ilhas Fiji. Jamais se viu tanta pujança
nos negócios ilícitos das drogas quanto na atualidade. E o que é pior: o tomate está mais
caro que o crack.
Se José Saramago estivesse vivo, teria um baita roteiro no qual se inspirar a fim de
escrever um romance tão fantástico quanto “O Ensaio Sobre a Cegueira”: um exército
exponencial de viciados, armados com seus cachimbinhos de fabricação caseira — a casa,
no caso, é este mundão véio e sem porteira —, não para de crescer, reduz o ser humano a
uma condição crua e abjeta, coloca em risco iminente a vida no planeta. O último dos
dramalhões.
Mesmo achando que aquele recente atentado à bomba ocorrido em Boston até que
foi “bem feito ao belicista povo norte-americano” (desculpem pelo comentário insensível,
exagerado; acontece que, àquela altura do happy-hour, o meu amigo já estava “alto” pra
dedéu), Zé defende tolerância zero ao crime, nos mesmos moldes adotados pela cidade de
Nova York durante a gestão do Prefeito Giuliani nos anos 90. “New York City is wonderful”,
ele diz num inglês mal pronunciado, claramente embriagado, misturando pensamentos
antagônicos pelos quais eu, sim, já perdera toda a tolerância.
Pedi a conta. Enquanto o garçom sacana somava errado o nosso consumo, tocou no
rádio a canção “Cocaine”, do bom Eric Clapton, artista pop britânico, craque da guitarra e
ex-viciado em drogas pesadas. A cocaína não mente; e o crack, muito menos: o ser
humano — seja aqui, no Carandirú, em Damasco, Boston ou Nova York — é um péssimo
exemplo a ser ensinado às crianças nas escolas. Só mesmo tomando mais uma caipirosca
do Padre Hendrix…”
4. EXPEDIENTE: Editor Responsável e Presidente Sobrames Paraná: Sérgio Pitaki ;Vice-Presidentes: Fahed Daher e
Sonia Braga; Secretários: Paulo Maurício Piá de Adrade e Maurício Norberto Friedrich; Tesoureiros: Maria Fernanda
Caboclo Ribeiro e Edival Perrini. contacto: sergiopitaki@gmail.com , fones:41-30131133; 41-99691233
BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 13 - JULHO 2011 4
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XII JORNADA PAULISTA
VII JORNADA NACIONAL DA SOBRAMES
Botucatu - SP, 26 a 29 de setembro de 2013
MÁXIMAS DE ROBERTO CARNEIRO - SOBRAMES PR
"QUANDO PERDURAR A ESCURIDÃO, DEVEMOS ACENDER UMA LAMPARINA"
"QUANDO OS ESCULÁPIOS ESTÃO DE ACORDO O PACIENTE SOBREVIVE"
"A EXISTÊNCIA DE UMA ENXAQUECA NÃO FAZ O PENSAMENTO FLUIR"
"MALVADO É AQUELE QUE DEPENDE DA AUSÊNCIA DO BEM"
"AMAR É PARTICIPAR COM RESPEITO "
"QUERENDO DESLUMBRAR 0 FUTURO, SEJA MARCANTE DE SEU PASSADO"
"FILHOS NASCEM E NETOS RENASCEM EM NOSSA ALMA"
"A HONRA FAZ-NOS PORTADORES DE DIGNIDADE MAIOR"
"AMIGOS EXISTEM, MAS GRANDES AMIGOS SÃO DIFÍCEIS"
"A OBESIDADE É UMA VIRTUDE DOS SEGUIDORES DO DEUS BAC0"
"A CIDADE COSMOPOLITA É UMA REUNIÃO DE SOLAVANCOS NAS RUAS"