1. SALVADOR DOMINGO 25/8/2013 OPINIÃO A3
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CAU GOMEZ
O
eleitor cai muitas vezes no buraco. Se,
como Alice, não chega a se afogar no
mar das próprias lágrimas, sempre
poderá nadar até a margem e procurar orien-
tar-se no estranho País das Maravilhas.
Adiante, encontrará um gato, tal e qual Ali-
ce. E lhe indagará, em voz um tanto aflita, qual
o caminho a seguir. O problema é que os gatos
são enigmáticos. Em geral se espreguiçam,
abrem uma fresta nos olhos e respondem:
“Depende de para onde você vai”.
O eleitor indignado foi para as ruas, em
junho. Obteve algumas concessões, entre as
quais a redução de pedágio, tarifas de ônibus
ou passe livre, e se acalmou. Grupos que nada
tinham a ver com o movimento se apro-
veitaram das marchas para fazer baderna.
Assembleias, residências e até a Câmara dos
Deputados, que pediu respeito, como se ela se
desse antes ao respeito, foram ocupadas. Ou-
vem-se brados por toda parte, os ânimos de
manifestantes e da PM se acirram.
Mas, em meio ao vozerio, procuramos a
voz da sociedade organizada, lúcida, equi-
librada – e não a distinguimos. O que hou-
ve? Não adianta perguntar ao gato. É me-
lhor imitar Alice: encher-se de coragem e
resistência, enfrentar as surpresas.
Acabaremos por encontrar, nesse reino
de sonho-pesadelo, a temida Dama de Co-
pas. Irascível, ela só abre a boca para dizer:
“Cortem-lhe a cabeça!” Na vida real, onde o
buraco é mais em cima, a Dama de Copas
doma os furores, distribui dinheiro para
abafar as pressões.
É o cala-a-boca da cultura lá da superfície.
“Calma, toma aí. Conto com você em 2014”. E
a gente vai levando. Levando a vida, levando
pancada. Alice percebeu que não podia mudar
as coisas no País das Maravilhas, a não ser que
tivesse um regimento de consciências e von-
tades capaz de dobrar o poder encastelado.
A essa altura, ela acordou. Sentiu-se me-
lhor, havia dispensado os 4 mil médicos
cubanos que talvez nem fossem médicos. O
pesadelo ficara para trás. Nele, um coelho
corria com um relógio. Talvez tentasse evi-
tar o corte de cabeças.
HÉLIO PÓLVORA ESCREVE AOS DOMINGOS
Hélio Pólvora
Escritor, membro da Academia de Letras da
Bahia
hpolvora@gmail.com
A
o ouvir depoimentos de jovens que
participaram da Jornada Mundial da
Juventude, no Rio de Janeiro, lem-
brei-me da experiência vivida por João Ba-
tista. Aprisionado, ele ouviu falar dos dis-
cursos e milagres de Jesus. Nasceu em seu
coração uma dúvida: seria ele o Messias pro-
metido? Só havia uma maneira ter a resposta
desejada: interrogando-o. Enviou, então, seus
discípulos ao encontro do Mestre, com uma
pergunta: “És tu aquele que há de vir, ou
devemos esperar outro?” A resposta de Jesus
foi objetiva: “Ide contar a João o que estais
ouvindo e vendo...” (Mt 11,3-4).
Ao povo insatisfeito e faminto de ver-
dade, Jesus apresentava uma nova perspec-
tiva de vida, marcada pelo amor. Deixava
claro que esse projeto não era seu, mas do
Pai, a quem amava infinitamente. A von-
tade de seu Pai era que anunciasse um
reino já presente neste mundo, mas que se
realizaria plenamente no outro. Nesse
anúncio, ele usava uma linguagem que to-
dos entendiam: falava de pássaros do céu e
de plantações de trigo, de lírios do campo
e de moedas perdidas, de luz e sal, de ove-
lhas e de pescadores. As pessoas o seguiam
porque sentiam-se atraídas por seu amor.
Perseguido e incompreendido, caluniado e
rejeitado, Jesus nunca deixou de anunciar o
Reino de Deus, nem mesmo quando, para que
se calasse, o pregaram numa cruz. Mesmo ali
continuou ensinando através de palavras e
gestos: falou de perdão e perdoou; preocu-
pou-se com seus seguidores e lhes deu uma
mãe; dirigiu-se a seu Pai e entregou a própria
vida em Suas mãos. Ressuscitado e vitorioso,
voltou para o Pai, para que assim seus dis-
cípulos recebessem o Espírito Santo.
Conforme prometeu, o Advogado que en-
viaria seria luz e força na vida de seus
discípulos. Antes disso, deixou uma última
ordem, que era um resumo do que havia
feito em sua vida: “Foi-me dada toda a
autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer
discípulos entre todas as nações. Bati-
zai-os... e ensinai-lhes a observar tudo o que
vos tenho ordenado. Eis que estou convosco
todos os dias...” (Mt 28,17-20).
Ao partir pelo mundo para transmitir a
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil
sec.arcebispo@arquidiocesesalvador.org.br
EDITORIAL
Mulheres
em pânico
A imposição da Lei Maria da Penha mais o
lento pendor aos bons modos e civilidade
não têm impedido a violência contra a
mulher. Violência em todos os graus – e o
queépior,crescente.Dejaneiroajulhodeste
ano, já ocorreram na Bahia 173 homicídios
contra 165 do ano passado.
A esta estatística, que é da Secretaria de
Segurança Pública, somam-se 11.312 casos
de lesão corporal e 22.166 ameaças, além
das agressões engolidas pelas lágrimas an-
te o temor de vingança, ou ditadas pelo
pudor, embora já se note a coragem de
denunciar algozes.
Essasituaçãotristeerepulsiva–mulheres
tratadas como objeto de posse de maridos,
companheiros e até filhos – levou alguns
estados,comoEspíritoSantoeMinasGerais,
aprotegeralgumascomdispositivodealar-
me: o chamado Botão de Pânico. Os par-
ceiros perigosos recebem tornozeleiras.
Agressores e vítimas são monitorados a
distância. Premido o botão, agentes da Pa-
trulha Maria da Penha, da Guarda Mu-
nicipal, acorrem. Agressores foram presos
emVitóriaeumasenhoraescapouàmorte.
Em Belo Horizonte e entorno, tornozeleiras
vigiam 219 homens denunciados.
As vítimas femininas começam a reagir
por meio de denúncia, mas ainda timi-
damente. É preciso e urgente que se in-
troduzam na Bahia aquelas formas mais
efetivasdecombateatãocovardepráticade
criminalidade.
Dariam suporte de mão de ferro à lei
específica, às delegacias, à vara judicial.
Mesmo protegidas pela Justiça, as mu-
lheres "se sentem desprotegidas". A pro-
teção é mais teórica do que eficaz. Em Sal-
vador, uma pesquisadora preferiu morar
com uma amiga a confiar que o ex-com-
panheiro deixasse o apartamento e não se
aproximasse.Naúltimavez,eladesceucor-
rendo dez andares e não voltou. A polícia
chegou hora e meia depois.
O botão de pânico previne desfechos san-
grentos. É usado de modo ainda restritivo
em Vitória, pelo Tribunal de Justiça, o que
não impede sua adoção imediata por ou-
tras prefeituras e demais poderes.
“Ando com minha bolsa cheia de lixo. Vejo poucas
lixeiras e as pessoas não estão nem aí. Jogam no
chão mesmo” SOLANGE UZEDA, professora, sobre suas andanças em Salvador
No País
das Maravilhas
Ide contar o que
ouvistes e vistes
Boa Nova, seus discípulos enfrentaram pro-
blemas e desafios. Em nossa época, isso não
é diferente. Mas quais são os desafios e
problemas que devemos enfrentar hoje? Pa-
ra responder a tal pergunta, é importante,
por um lado, abrir o Evangelho. O projeto
de Jesus Cristo para os nossos dias é o
mesmo de sempre: amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a si mesmo;
construir o reino de justiça, de fraternidade
e paz; valorizar a vida comunitária; de-
sapegar-se de tudo, para ser de todos; saber
perdoar, testemunhar a alegria, ser um ser-
vidor, amar os pobres etc.
É necessário, por outro lado, estar atento ao
mundo em que vivemos – mundo marcado por
conquistas fantásticas, que dignificam o ser
humano: doenças são vencidas e distâncias são
superadas; desertos se transformam em jardins
e computadores simplificam as tarefas; meios
de comunicação aproximam as pessoas e trans-
formam nosso planeta numa pequena aldeia.
Mas esse nosso mundo é marcado também por
manifestações de ódio e de egoísmo, por armas
de destruição e pela violência, pela indiferença
de uns e pelo enriquecimento ilícito de não
poucos. O que fizemos deste imenso jardim
que Deus nos deu!
É neste mundo concreto que Jesus Cristo
quer que anunciemos o Evangelho. Ele não
veio nos em dar receitas prontas, apresen-
tar fórmulas mágicas, facilitar nosso tra-
balho ou diminuir as exigências de sua
mensagem, para que conquistemos mais
seguidores. Antes, olha para cada um de
nós e repete a proposta que fez a muitos
outros: “Vem e segue-me!” (Mt 19,21). Se-
guindo-o, conheceremos a força de seus
gestos e o alcance de suas palavras, a bon-
dade de seu coração e as lições de seu
coração misericordioso. Então, como os dis-
cípulos de João Batista, também nós te-
remos condições de sair por aí contando
para todos o que ouvimos e vimos, como
também o que somos chamados a viver e a
ensinar. Não é o que estão fazendo os nos-
sos jovens, na pós-Jornada Mundial da Ju-
ventude?...
D. MURILO KRIEGER ESCREVE AOS DOMINGOS