O documento discute a Coleção Literária de Autores Paranaenses lançada pelo Centro de Letras do Paraná em 2018. A coleção contém 10 livros que divulgam e valorizam a literatura regional, incluindo biografias e obras de escritores paranaenses como Apollo Taborda França, Adélica Maria Woellner e João Manuel Simões. A coleção também apresenta coletâneas sobre Curitiba e cronistas do Centro de Letras, revelando o potencial literário da instituição.
Gralha Azul traz histórias e poemas sobre amor, cultura e saúde
1. GRALHA AZUL - No. 82 FEVEREIRO — 2019 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES -
GRALHA AZUL
GRALHA AZUL
EDITOR: SÉRGIO AUGUSTO DE MUNHOZ PITAKI - sergiopitaki@gmail.com
PARABÉNS!!!!!!!!!!
CENTRO DE LETRAS DO PARANÁ
O Centro de Letras do Paraná lançou no final de 2018, a Coleção Literária de Autores
Paranaenses, compostas por dez livros.
A Coleção objetiva, primordialmente, contribuir para maior divulgação de escritores
paranaenses, no sentido de valorização da literatura regional e nacional.
Apollo Taborda França, incansável batalhador pela cultura e que muito apoiou e
incentivou novos escritores, recebe um livro como homenagem póstuma. Convidada pelo Centro
de Letras, a escritora Vânia Maria Souza Enner, sua sobrinha, é a autora.
Adélica Maria Woellner, Janske Niemann Schlenker, João Manuel Simões, Orlando
Wojczikosky e Paulo Roberto Walbach Prestes têm suas biografias e algumas de suas obras
publicadas em livros próprios.
De tradicional família de escritores, as irmãs Liamir Santos Hauer e Lygia Lopes dos
Santos participaram juntas, de um dos livros, de autoria de Leilah Santiago Bufrem.
A saudosa trovadora Araceli Firedrich é lembrada por seus dois filhos Luiz Hélio e
Maurício Norberto Friedrich, que herdaram dela o gosto pelas trovas. A família Friedrich compõe
um dos volumes.
A Coleção oferece espaço para mostrar o trabalho de muitos outros escritores, alguns já
consagrados e outros ainda iniciantes. Coletânea sobre Curitiba reúne a obra de 39 autores -
todos alunos e ministrastes do Curso de Criação literária realizado a partir de marca de 2017. E
outra coletânea apresenta obras de cronistas do Centro de letras do Paraná. Estas duas
coletâneas revelam o notável potencial literário da instituição.
(Para realização deste projeto houve colaboração da
Lei de Incentivo à Cultura; TRADENER,
Comercialização de Energia e do Ministério da
Cultura.)
2. GRALHA AZUL - No. 82 FEVEREIRO — 2019 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR 2
SOLICITUDE
ALEXANDRA PIRES GROSSI
Pequenino, eu te conheço
Eu te conheço bem
Desde que estava no útero de
sua mamãe
Há 20 dias você nasceu
Eu escolhi o dia de seu aniversário
Mas ninguém te registrou ainda
Você estava dormindo tranquilo hoje na UTI
Você precisa se restabelecer
Eu sei pelo que você passou no útero
Sei também pelo que passou logo ao nascer
Você é muito valente
Respondeu bem à cirurgia e a
todos os procedimentos que se seguiram
Você é um guerreiro valente
Desde antes de nascer
eu vi o que você foi capaz de suportar
E hoje estava descansando
Sozinho
Seus pais não estavam
Eles não podem te visitar
Você tem irmãos que precisam
ser cuidados, a passagem custa dinheiro
Eles têm suas lutas diárias
E você precisou travar as suas sozinho
Desde antes de nascer
Eu te conheço bem, pequenino
Você dormia sozinho na UTI
A enfermeira me perguntou se eu ia mexer em você
Você estava dormindo
Eu queria muito te fazer um carinho, pequenino
Eu não queria ter saído dali, queria te fazer companhia
Você precisava descansar
Eu não quis te acordar
Dormindo você não se dá conta de sua solidão
Agora à noite eu orei por você, pequenino
Você não está sozinho
Aliás, tem muita gente boa cuidando de você aí
Durma, pequenino, descanse e se recupere bem
Eu te conheço bem
Desde antes de nascer
Eu te vi
Eu sei, pequenino, eu sei.
3. GRALHA AZUL - No. 82 FEVEREIRO — 2019 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR 3
ANDRÉA VIANNA
CARVALHO
PRECE
Desafio superado
Cabelos ao vento
A vista compensa
O cansaço e o tempo
Silêncio no cume
Pensamentos só meus
Altura vencida
Converso com Deus
O cheiro do mato
E a terra molhada
Satisfazem e equilibram
A alma indomada
O topo do mundo
Em cada ascensão
A vida nos mostra
Nos dá emoção
Meditar desse jeito
Que forma incrível
Oração que se faz
Consigo o impossível
Serenidade bem-quista
E a paz alvejada
Não são utopias
São obras aladas
Do alto do morro
Emito minha prece
Universo tão grande
Pequeno parece
JOÃO BOSCO STROZZI
NO PAÍS ONDE MORO
Há enchente de água e lama
Há incêndio em dormitório
Todos buscam apenas fama.
No país onde moro.
No verão tudo solapa e
desce
No outono há epidemias
O inverno é de frio que
fenece.
No país onde moro.
Já não sei o que pensar
Nem tenho mais o que achar
Sobre a morte do Boechat.
No país onde moro.
Espera um pouco aí, afinal
O ano só vai começar
Bem depois do carnaval
No país onde moro.
JEANINE BERBEL
DE ARAR E PLANTAR
Ventos vêm... e voo,
pólen.
Desprendendo, me
espalho...
Exprimindo peito em
palavras,
Sendo nada além da
própria natureza.
Pretendendo nada além
de criar
Um me plantar e ir
semeando alheio,
Florescendo algo, quiçá,
também, em outro
alguém.
Como pai plantou
perobas,
Despreocupado de vê-
las vultosas,
Apenas pelo prazer
imenso de cultivar,
mesmo sem ver crescer,
Lavro a dor e a alegria.
Aro minha alma,
Ofereço-a, poesia,
E...
Futurar ?
Se for pra ser.
Palavra é superfície
Do que importa.
4. 4GRALHA AZUL - No. 82 FEVEREIRO — 2019 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR
REUNIÃO SOBRAMES - SEGUNDA-FEIRA - 11 DE FEVEREIRO 2019
“Io non so parlare de amore, l’emozione...non ho voce”
Difícil falar de amor. No caso da vida privada porque, conforme Celentano em sua canção, a
emoção não deixa a voz sair – como no momento de declaração para o primeiro grande amor. No caso
da poesia porque as definitivas já foram escritas e tudo que vem depois delas parece coisa de amador,
quando não de babaca. No caso de Romeu e Julieta porque a história de amor mais famosa do mundo
é tratada quase sempre como um mero clichê comercial.
Mas Romeu e Julieta merecem o esforço desse babaca tentando falar de amor.
Na casa de Julieta, em Verona, os turistas podem escrever cartas para ela, que são respondidas,
se bem que, infelizmente, não por Shakespeare; mas também, convenhamos, seria excesso de atenção
e honra avassaladora. No caso desse babaca, nem resposta haverá, pois não tive coragem de mandar
a carta. Fica então só entre nós.
Óh Julieta, meu Inominável Amor!
As fagulhas que explodem dos meus olhos magnetizados por ti, repetem
o que eles nunca se cansarão de expressar: antes de ti jamais vi a beleza!
Em ti eles não repousam, não sossegam: são duas bailarinas que dançam tresloucadas, sob luzes de
teus inebriantes perfumes, sobre o chão de tua aveludada pele.
Meu coração bate como tímpanos de uma orquestra desritmada, e os acordes dos violinos das minhas
juras e dos celos dos meus desejos, pulam atrás descompassados.
Tu me desconstróis e não quero me recompor, outro eu quero ser, com pés alados para ir aonde fores,
lábios de seda para tocar teus seios, mãos delicadas para cuidar de ti.
E à fortaleza de tão estupendo amor não haverá clava que possa ameaçar, intriga que possa
enfraquecer, mentira que possa dividir, anjo mau que possa sobrevoar.
Em nosso Amor não cabem unidades de medida, não se toma o tempo porque é todo num instante,
não se mede a dimensão pois pulsa além da estrela mais distante.
E morres, e por isso morro também, mas não será como até aqui, pois todo o mundo
saberá que é possível um Amor Eterno, como o que vives por mim e que eu vivo por ti.
Te amo para sempre Julieta!
Do seu eterno Romeu.
Carlos Homero Giacomini
Verona, maio de 2018