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Pão com trigo? Num celíaco,
alérgico ou sensível ao glúten?
Sim! Mas só se for de sarraceno!
Nutritivo, ótimo texturizante culi-
nário confere às receitas sem
glúten um toque especial.
Gentilmente, Jorge Rocha, pai
de menino com PEA e celíaco, e
Susana Fernandes mostram-nos
como esta dieta pode ser sabo-
rosa e divertida!
Vá de férias, descanse, divirta-
se, mas não descure e dieta!
Desde há muito
que estão descri-
tas complicações
neurológicas e
psiquiátricas nas
doenças associa-
das ao glúten. Existem, no en-
tanto e ainda, muitos mistérios
sobre a relação glúten – cére-
bro. Uma das áreas mais con-
troversas na relação glúten e
cérebro são as perturbações do
espectro do autismo (PEA). Al-
guns doentes com PEA sob dieta
isenta de glúten (DIG) e/ou
caseína, apresentam melhoria
comportamental. Este número
será especialmente dedicado
aos membros do Grupo que
lidam diariamente com estas
patologias, sendo celíacos ou
não.
Neste contexto, a nutricionista
Daniela Seabra fala-nos sobre
a sua experiência no seguimento
destas crianças e quais os efei-
tos deste tipo de dieta na sua
sintomatologia e qualidade de
vida. Anabela Lisboa da Silva,
mãe de menina com PEA sob
dieta sem glúten, caseína e soja
fala-nos um pouco sobre a sua
decisão de iniciar esta dieta na
sua filha e na melhoria nela
observada.
EDITORIAL
O ESTADO DA ARTE - O glúten, as doenças associadas e as perturbações do
espectro do autismo
Desde há 40 anos que se co-
nhece a relação entre complica-
ções neurológicas e psiquiátri-
cas e as doenças associadas ao
glúten. Estas complicações po-
dem inclusive ser a principal
manifestação de doença celía-
ca mesmo sem envolvimento
intestinal. Desta forma, a sensi-
bilidade ao glúten pode passar
facilmente despercebida e não
tratada. 22% dos doentes celí-
acos desenvolvem disfunção
neurológica ou psiquiátrica e
57% dos indivíduos com disfun-
ção neurológica de causa des-
conhecida têm anticorpos anti-
gliadina positivos. São múltiplas
as complicações neurológicas e
psiquiátricas associadas às
reações imunes desencadeadas
pelo glúten desde convulsões,
ataxia, degeneração cerebelo-
sa, neuropatia, enxaqueca,
esclerose múltipla, miastenia
gravis, miopatia, lesões da
substância branca, parestesias
(formigueiro) nas pontas dos
dedos, esquizofrenia, depres-
são, ansiedade, deficit de aten-
ção, hiperatividade e autismo.
São muitos os mistérios que
ainda existem sobre a relação
glúten – cérebro. Clinicamente
uma das experiências mais
satisfatórias é o quase alívio
mágico, obtido com a dieta
isenta de glúten (DIG), de algu-
ma da sintomatologia neuroló-
gica / comportamental, muitas
vezes sentida durante anos
como uma praga.
Mas porque é que o glúten
nalguns indivíduos tem um efeito
deletério a nível neurológico e
comportamental e noutros não?
Duas correntes de pensamento
debatem-se atualmente sobre
este assunto: a teoria das en-
dorfinas versus a da inflama-
ção.
Segundo a teoria das endorfi-
nas, alguns dos fragmentos do
glúten (péptidos de gliadina)
não são digeridos e têm algu-
ma semelhança estrutural com
endorfinas. Estas últimas são
neuro-químicos produzidos no
cérebro e estruturalmente seme-
lhantes, por sua vez, à morfina
pelo que naturalmente aliviam
a dor e o stress. São as chama-
das “gliadorfinas”. Coloca-se a
hipótese de estas atravessarem
a barreira intestinal, entrarem
na corrente sanguínea e assim
alcançarem a barreira hemato-
encefálica chegando ao cére-
bro. Aí atuam a nível dos rece-
tores das endorfinas e podem
causar alterações comporta-
mentais. Esta teoria pode expli-
car as alterações comportamen-
tais descritas nos doentes celía-
cos e com sensibilidade ao glú-
ten não celíaca, mas não expli-
ca adequadamente, por exem-
plo, a neuropatia ou as pares-
tesias. Esta aparente contradi-
ção pode ser explicada por
uma outra teoria, a da inflama-
ção, que sugere que o envolvi-
mento neurológico e comporta-
mental nas doenças associadas
ao glúten é secundaria à infla-
mação como um continuum de
respostas imunes que começam
no intestino.
Uma das áreas mais controver-
sas em relação ao glúten e
cérebro são as perturbações do
espectro do autismo (PEA). As
PEA são patologias neuropsi-
quiátricas mistas que afetam
aproximadamente 1% da po-
pulação geral. Crianças e adul-
tos com estas patologias mos-
tram alterações deficitárias
(continua na página seguinte)
Agradecimentos:
 ANABELA LISBOA DA SILVA–
Entrevistada
 ANA PIMENTA– Redacção
 ANTÓNIO JOÃO PEREIRA –
Revisão clínica
 AVELINO GUERREIRO – Apoio
técnico e informático
 CLÁUDIA MACEDO – Revisão
ortográfica e tipográfica/ layout
 DANIELA SEABRA - Nutrição
 JORGE ROCHA - Receita do Mês
 LIPITA SEM GLÚTEN– Grãos e
farinhas sem glúten
 SUSANA FERNANDES - Receita
do Mês
EDITORIAL 1
ESTADO DA ARTE 1,2
NUTRIÇÃO 2,3
ENTREVISTA 3,4
INFO & DICAS 4
RECEITA DO MÊS 5
Neste número:
Agosto 2014Edição 1, Nº 8
G R UP O V I VA S E M G LÚT E N
P OR T U GA L
Newsletter
Contacto:
vivasemglutenportugal@outlook.pt
2
na capacidade interativa e
comunicativa social, comporta-
mentos repetitivos, repertório
acentuadamente restrito de
interesses e de atividades, entre
outros.
São várias as teorias que ten-
tam explicar como fatores ambi-
entais as causas em indivíduos
geneticamente predisponíveis.
Vários estudos associam-nas ao
glúten e à autoimunidade. Com-
parativamente com controlos, os
indivíduos com PEA e membros
de suas famílias têm elevada
percentagem de aumento da
permeabilidade intestinal. Mui-
tas crianças e adolescentes com
PEA sofrem de problemas gas-
trintestinais. Obstipação, refluxo
gastroesofágico, gastrite, infla-
mação intestinal (enterocolite
autista), más digestões, mal
absorção, flatulência, dor abdo-
minal ou desconforto, intolerân-
cia à lactose, infeções entéricas
e outros sintomas. É extrema-
mente difícil medir o impacto
destes sintomas gastrointestinais
uma vez que estas crianças se
expressam habitualmente de
forma não-verbal. Questões
centrais como a prevalência e
um melhor tratamento destas
condições ainda não são com-
pletamente compreendidas.
Múltiplas abordagens terapêuti-
cas têm surgido para estes ca-
sos, mas baseiam-se em poucas
evidências científicas. Dos 50
tratamentos propostos para o
autismo, (antifúngicos; quelação;
remoção de metais pesados do
sangue; enzimas; tratamentos
gastrintestinais; desparasitação
intestinal; suplementos nutricio-
nais; opções dietéticas, entre
outros), sete têm como alvo es-
pecífico o sistema gastrointesti-
nal.
Como já refe-
rido anterior-
mente, em
alguns estudos
os doentes
com autismo
sob dieta isenta de glúten e
caseína apresentam melhoria da
permeabilidade intestinal quan-
do comparados com outros do-
entes sem restrições alimentares.
Outros estudos mostram que
estas dietas são benéficas para
os autistas. Um outro estudo
mostrou que alguns doentes
autistas produzem anticorpos
contra as células de Purkinje (do
cerebelo) e péptidos da gliadi-
na. É de salientar que a maioria
dos estudos nesta área envol-
vem uma dieta sem glúten e sem
caseína pelo que é difícil discer-
nir qual o efeito devido a cada
uma destas restrições. Apesar
da sua popularidade, ainda não
se provou conclusivamente que a
dieta sem glúten seja eficaz
para todos os doentes autistas.
Em relação à dieta sem glúten
neste contexto, com ou sem isen-
ção de caseína, algumas ques-
tões devem ser colocadas antes
da tomada de decisão de a
iniciar: a família tem recursos
económicos para iniciar uma
dieta dispendiosa? Estes alimen-
tos estão facilmente disponíveis?
Existe o comprometimento de,
pelo menos um, familiar para
registar diariamente qual os
alimentos ingeridos e as mudan-
ças comportamentais observa-
das? Na área geográfica da
família existem clínicos que as-
sistam regularmente este tipo de
pacientes sob estas dietas? Qual
o estado de saúde geral da
criança? A criança já tem um
repertório alimentar limitado?
Caso a dieta isenta de glúten,
com ou sem caseína, venha a
restringir e limitar mais esse
repertório isto irá ter impacto no
estado nutricional da mesma?
De salientar ainda que nos do-
entes com PEA e sintomatologia
intestinal, antes do início desta
dieta, deve ser efetuado o des-
piste das doenças associadas ao
glúten, em particular a doença
celíaca e a sensibilidade ao
glúten não celíaca. Prende-se
este facto por estas doenças
serem igualmente prevalentes
na população e poderem só por
si levar a comportamentos do
tipo autista. Cada uma destas
patologias requer acompanha-
mento médico e nutricional dife-
renciado.
São ainda necessários estudos
randomizados de larga escala
para esclarecimento do real
impacto da dieta sem glúten,
O ESTADO DA ARTE- O glúten, as doenças associadas e as perturbações do espectro do autismo
(cont.)
Newsletter
DIETA SEM GLÚTEN E PERTUR-
BAÇÃO DO ESPECTRO DO
AUTISMO
Apesar de já se
saber muito sobre as
PEA, a sensação que
todos têm é que
ainda há muito por
descobrir nesta
área. Não há duas
crianças iguais: os sintomas com-
portamentais diferem, os sinto-
mas físicos diferem e até as
alterações genéticas base são,
por vezes, completamente distin-
tas. As diferentes abordagens
terapêuticas também variam de
criança para criança, sendo o
tratamento (comportamental,
farmacológico e nutricional)
altamente individualizado. Só o
trabalho conjunto (e transparente)
entre os pais e os profissionais de
saúde é capaz de estruturar as
melhores opções terapêuticas
para uma determinada criança.
Muito se tem falado da possível
influência de uma dieta sem glú-
ten na melhoria dos sintomas
comportamentais nas perturba-
ções do espectro do autismo. O
diagnóstico de uma eventual
doença celíaca ou estudo analíti-
co sobre eventual reação ao
glúten, e a implementação de
cuidados alimentares com exclu-
são de alguns alimentos (e intro-
dução de outros nutricionalmente
equivalentes) com uma adequada
com ou sem caseína, na melhoria
destas condições. No entanto,
sendo que existem múltiplos
casos de melhoria sintomatológi-
ca e comportamental descritos é
uma opção a equacionar desde
que devidamente acompanha-
da.
Alessio Fasano MD. Gluten Freedom: The
Nation's Leading Expert Offers the Essen-
tial Guide to a Healthy, Gluten-Free
Lifestyle. Chapter 6. 2014.
Jessica R. Jackson et all. Neurologic and
Psychiatric Manifestations of Celiac Dis-
ease and Gluten Sensitivity. Psychiatr Q.
2012 March; 83(1): 91–102.
Atladottir HO et al. Association of family
history of autoimmune diseases and autism
spectrum disorders. Pediatrics. 2009;
124:687–694.
Valicenti-McDermott MD et al. S. Gastro-
intestinal symptoms in children with an
autism spectrum disorder and language
regression. Pediatric Neurology. 2008;
39:392–398.
de Magistris L et al. Alterations of the
intestinal barrier in patients with autism
spectrum disorders and in their first-
degree relatives. Journal of Pediatric and
Gastroenterology Nutrition. 2010;
51:418–424.
Elder JH. The gluten-free, casein-free diet
in autism: an overview with clinical impli-
cations. Nutr Clin Pract. 2008 Dec-2009
Jan; 23(6):583-8.
Knivsberg AM et al. A randomised, con-
trolled study of dietary intervention
in autistic syndromes. Nutritional Neurosci-
ence. 2002; 5:251–261.
Whiteley P et al. The ScanBrit random-
ised, controlled, single-blind study of a
gluten- and casein-free dietary interven-
tion for children with autism spectrum
disorders. Nutritional Neuroscience. 2010;
13:87–100.
Vojdani A et al. Immune response to
dietary proteins, gliadin and cerebellar
peptides in children with autism. Nutrition-
al Neuroscience. 2004; 7:151–161.
ANA PIMENTA
supervisão e acompanhamento,
são, na minha opinião, algo que
deve ser implementado. Está
longe de ser uma opção consen-
sual, mas em todo o mundo são
cada vez mais os pais que estão
a experimentar remover o glú-
ten da alimentação dos seus
filhos para avaliar se ocorrem
melhorias. Estes são motivados
pelos relatos de outros pais, por
alguns artigos científicos que
referem eventuais associações, e
pela opinião e experiência de
diferentes profissionais de saú-
de. Nestes casos, a caseína (a
proteína do leite) tem também
sido implicada, devendo por isso
também ser retirada da alimen-
tação destas crianças.
Eu incluo-me nos profissionais de
saúde que recomendam a imple-
mentação de uma dieta sem
glúten e sem caseína nos casos
de perturbação do espectro do
autismo. Desde 2009 que tenho
observado os efeitos positivos
desta dieta: das crianças que
acompanhei apenas duas
(aproximadamente 2 em 200)
não responderam de forma
benéfica à remoção do glúten e
da caseína. Idealmente, estas
crianças deviam ser testadas
para a presença de doença
celíaca, mas nem todos os médi-
cos estão dispostos a fazer o
estudo nestas crianças. Um diag-
nóstico negativo para doença
NUTRIÇÃO
3
Edição 1, Nº 8
ENTREVISTA
Anabela Lisboa da Silva
Anabela, como mãe de menina
com PEA como decidiu alterar
a sua dieta na tentativa de
obter melhorias clínicas? A sua
filha tinha sintomas gastrintes-
tinais para além dos inerentes
à PEA?
Quem vive o Autismo, vive numa
busca infindável de respostas e
formas de ajudar a combater o
problema, com o intuito da me-
lhoria da qualidade de vida.
Após muitas horas de pesquisa
relacionadas com o Autismo,
comecei a perceber que existem
muitas crianças diagnosticadas
com PEA com um quadro de
fragilidade intestinal, semelhan-
te ao que a minha filha demons-
trava. Percebi também que o
intestino permeável é comum
nestes casos e que existe uma
relação enorme entre o que se
passa a nível intestinal e o cére-
bro, por diferentes mecanismos
completamente distintos.
Aproximadamente aos dois anos
e meio, a minha filha manifesta-
va (entre outras questões relaci-
onadas com PEA) problemas
gastrointestinais: diarreia cróni-
ca, abdómen dilatado, refluxo e
flatulência. Adoecia facilmente,
aumentava pouco de peso, em-
bora comesse muito bem. Desde
cedo, que se mostrou uma miúda
inquieta, com momentos de
grande impaciência, choro pro-
longado e irritabilidade sem se
perceber a origem, uma vez que
era não-verbal. Fizeram-se
alguns exames rotineiros, mas os
resultados estavam dentro dos
parâmetros normais. No entanto,
os episódios diarreicos eram
uma constante. Por aconselha-
mento de um neurologista deci-
dimos aprofundar melhor a
questão das intolerâncias ali-
mentares.
Que profissional de saúde a
o r i e n t o u ?
De início a Pediatra; não tendo
celíaca não exclui a possibilida-
de de melhoria na remoção do
glúten. A implementação da
dieta sem glúten (e sem caseína)
é ainda desaconselhada (ou não
recomendada) pela maioria da
comunidade científica enquanto
aguarda provas inequívocas
sobre a eficácia desta dieta, ou
sobre as formas de diagnóstico
que permitam perceber que
essa dieta pode ser eficaz numa
determinada criança.
Porque es-
sas provas
ainda po-
dem tardar
alguns anos,
porque a
intervenção
precoce nas PEA é fundamental,
porque existem janelas de opor-
tunidade no neuro-
desenvolvimento e porque con-
siste “apenas” em retirar o glú-
ten (e outros alimentos) da ali-
mentação de uma criança pelo
menos durante seis meses – são
muitos os pais que, mesmo sem o
apoio clínico, estão dispostos a
avançar para a implementação
desta dieta sem glúten (e sem
lácteos). O apoio junto de nutri-
cionistas/dietistas que concor-
dem com a implementação des-
ta dieta é importante.
Estes pais, muitas vezes, enfren-
tam uma decisão complexa, pois
por um lado têm diferentes pro-
fissionais de saúde, alguns arti-
gos científicos e milhares de pais
em todo o mundo a incentivarem
a implementação desta dieta e,
por outro lado, a quase totali-
dade da comunidade científica
a dizer que não existe qualquer
relação provada entre as PEA e
a dieta sem glúten e a desacon-
selhá-la. Por vezes, o próprio
casal tem entre si opiniões opos-
tas relativamente a esta opção
terapêutica. As duvidas instalam
-se, e ainda mais quando alguns
relatos de melhorias são de
crianças que eles conhecem: o
filho de um amigo que teve
melhorias ou as terapeutas do
seu filho a verem melhorias nou-
tras crianças que também acom-
panham. O risco de seguir este
caminho sozinho sem um ade-
quado acompanhamento profis-
sional individualizado não é
recomendado.
Ao profissional de saúde que
acompanha estas crianças é-lhe
muitas vezes escondida a total
informação sobre as diferentes
abordagens terapêuticas que
estão a ser implementadas pelos
pais (em especial dieta e suple-
mentação nutricional).
Estamos numa fase em que a
informação (correta e incorreta)
está à distância de um clique –
na minha opinião, cabe ao pro-
fissional de saúde ouvir os pais,
perceber o que estão a fazer
sem os julgar ou “ralhar”, e sim
trabalhar em equipa, de forma
a orientá-los sobre as melhores
opções terapêuticas, em prol da
criança. É urgente unir profissio-
nais de saúde (médicos, nutricio-
nistas, dietistas e outros) e pais
numa relação de confiança e
trabalho conjunto, para que
estas crianças sejam avaliadas e
monitorizadas convenientemente
– e o que observo neste momen-
to num grande número de casos,
com muita pena minha, é uma
distanciação entre eles.
Os resultados que tenho obser-
vado são variados, mas incluem:
melhoria da atenção, maior
concentração, menor hiperativi-
dade, melhoria do sono, melho-
ria da função intestinal, maior
interação, maior contato visual.
Lembro, em especial, um menino
com três anos que deu um salto
muito interessante em termos de
linguagem. Se há tantos relatos
(pais, profissionais e estudos)
que dizem que há uma possibili-
dade de melhoria, porque não
tentar? Felizmente, já existem
inúmeras receitas deliciosas e
nutricionalmente ricas que tor-
nam tudo mais fácil.
DANIELA SEABRA
GRÃOS E FARINHAS SEM GLÚ-
TEN
Já conhecem o trigo-
sarraceno?
Apesar do
nome poder
enganar, o
trigo-
sarraceno
ou trigo mourisco não contem
glúten, na sua forma natural.
Muitos celíacos questionam-se se
podem ou não comer este grão,
afinal, desde cedo que ouvem
ser necessário eliminar o trigo
da sua alimentação!
Este grão originário da China
Central e Oeste, provém de uma
planta anual da família Polygo-
naceae, com formações florais
que envolvem parcialmente este
grão comestível e muito aprecia-
do em várias culturas gastronó-
micas. Na verdade, é considera-
do uma fonte de energia muito
nutritiva, rico em ferro, magnésio
e fibras dietéticas. Apresenta
mais proteína do que o arroz,
trigo ou milho, e é uma excelen-
te fonte de proteínas e de ferro.
Em Portugal, não é muito conhe-
cido ainda, é verdade, mas o
facto de não conter glúten faz
com que seja cada vez mais
procurado por pessoas que
apresentam sensibilidade ao
glúten. Devido a essa procura,
hoje já se consegue encontrar
facilmente embalagens rotula-
das com a informação “produto
isento de glúten”. Pode ser con-
sumido em grão ou sob a forma
de farinha.
Devido à cor escura do grão,
quando apresentado em farinha
pode apresentar uma cor ligei-
ramente acastanhada. O grão
quando cru apresenta um leve e
subtil sabor, mas quando corta-
do e preparado, o seu sabor a
noz intensifica-se bastante. Se o
quiserem utilizar em grão, basta
que o tratem como o arroz!
Lavar a quantidade que dese-
jam e cozer no dobro de água.
Depois, sirvam-no nas vossas
saladas de verão, tipo couscous,
ou somente no iogurte, ou sim-
plesmente como uma papa cheia
de energia.
Por ser um grão facilmente pani-
ficável, levou a que, em tempos,
esta farinha fosse confundida
com a de trigo. Pode ser usada
isoladamente, mas devido ao
seu sabor forte é geralmente
misturada com outras farinhas
sem glúten, para confecionar
pão, bolos, biscoitos ou até uns
crepes salgados fantásticos! A
cor acastanhada da farinha faz
com que dê um aspeto mais
rústico aos pães e um sabor
especial às nossas receitas. Pode
ainda ser usada para engrossar
molhos!
LIPITA SEM GLÚTEN
NUTRIÇÃO (cont.)
4
idade) e as rotinas mudaram em
nossa casa! Atualmente, posso
dizer que a menina não é a mes-
ma criança de há tempos atrás. É
uma menina dócil, sociável, calma
e atenta, já verbaliza algumas
palavras, as estereotipias diminu-
íram, os períodos de concentra-
ção aumentaram e o intestino
estabilizou. Os sintomas reduzi-
ram, pelo que a qualidade de
vida melhorou bastante, tanto a
dela, como a nossa em geral. A
dieta não cura uma pessoa com
autismo, mas melhora a sua quali-
dade de vida. É um tratamento
natural… Não é um medicamen-
to, é comida!
Que conselhos dá aos pais de
meninos com PEA em relação à
dieta dos seus filhos?
Citando o pai da medicina, Hipó-
crates “Faz do teu remédio o teu
alimento e do teu alimento o teu
remédio”. Esta é uma máxima
que tem vindo a ser transmitida
ao longo dos séculos, e que, na
minha perspetiva, há que perma-
necer mais viva que nunca. Par-
tindo deste princípio, devemos
primar pelo cuidado com a nossa
alimentação, principalmente
quando existem hipersensibilida-
des gastrointestinais e fragilida-
des na saúde em geral.
Para explicar mais facilmente às
pessoas que nos rodeiam, como
se baseia a alimentação da mi-
obtido resultados satisfatórios,
recorri então à especialidade de
Gastroenterologia e de Nutrição.
Que dieta adotou?
Após ter estudado as evidências
científicas e a fundamentação da
Dieta sem Caseína, sem Glúten e
sem Soja no autismo, decidi en-
tão optar pela mesma, tendo
especial cuidado também com a
isenção de açúcar, aditivos, co-
rantes e conservantes. É de ex-
trema importância diminuir a
toxicidade presente, tanto na
alimentação como no meio envol-
vente (ambiente). Claro que a
implementação desta dieta foi
gradual, pensada e estudada,
para que a menina não sentisse
as alterações alimentares.
Em relação à isenção de glúten
foi aconselhada a realizar des-
piste de doença celíaca na sua
menina?
Não nos foi aconselhado o des-
piste de doença celíaca. Porém,
sabemos que é intolerante à
lactose e estamos a aguardar os
resultados do despiste da doen-
ça celíaca e da intolerância a
diferentes alimentos.
Com o início da dieta que me-
lhorias cognitivas, comporta-
mentais e gastrintestinais verifi-
cou?
Implementamos a dieta há dois
anos, (já com quase sete anos de
nha filha, é muito simples: tudo é
confecionado como as nossas
bisavós fariam na sua cozinha,
sem recurso a produtos pré-
confecionados e sem qualquer
ingrediente cujo nome não se
consiga articular facilmente. A
minha avó conta que antigamente
o açúcar só se usava uma vez por
ano, que era no Natal para fa-
zer as filhoses e era do "escuro",
pois o branco era escasso. E io-
gurtes? Ninguém se lembra de
comer em criança. Penso que não
é assim tão difícil voltarmos à
alimentação de outrora, saber
fazer uma alimentação saudável
e biológica não é utópico.
Os conselhos que aqui posso
deixar, relativamente à alimenta-
ção, é que não desistam, procu-
rem ajuda e mantenham-se infor-
mados. Tenham especial cuidado
na escolha dos alimentos que o
nosso mercado oferece. Poucos
VIVA SEM GLÚTEN PORTUGAL
Newsletter
são os alimentos que são
“comida” de verdade, muitos são
vazios de nutrientes, repletos de
aditivos e conservantes, cuja ação
no nosso organismo é pro-
inflamatória. Fugir dos agro-
tóxicos e aos alimentos genetica-
mente modificados, LER OS RÓ-
TULOS é muito importante! Existe
um grupo de apoio no Facebook
“Dieta sem caseína, sem glúten e
sem soja – Portugal”, iniciado
pela nutricionista Daniela Seabra
cujo objetivo é a entreajuda e a
troca de vivências, receitas e
experiências para quem está a
fazer esta dieta que pode ser
útil. É importante reter, em rela-
ção ao autismo, que é possível
ajudar a recuperar estas crian-
ças, esta dieta é mais uma forma
de o fazer!
ENTREVISTA (cont.)
INFO & DICAS
NOVAS MASSAS
SEM GLÚTEN
A Milaneza, em-
presa nacional do
sector das massas
alimentícias, lançou
recentemente uma
linha de massas
sem gluten que tem
vindo a ganhar popularidade
junto da comunidade da dieta
sem gluten.
Baseando-se na farinha de milho,
é uma massa de sabor
agradável, que coze dentro do
tempo especificado na em-
balagem e com uma textura pós-
cozedura muito semelhante às
massas com gluten.
Para já, existem na variedade de
espirais e esparguete e custam
1,99€ por embalagem de 500
gramas na maioria dos locais de
venda.
5 DICAS PARA MELHORAR A
TEXTURA DAS SUAS RECEITAS
1. Substitua o leite ou a água nas
receitas com buttermilk
(leitelho).O buttermilk dará uma
textura mais fina e mais leve, em
geral. A água com gás também
substitui bem a água normal em
receitas como panquecas - mais
uma vez, dando uma leve tex-
tura.
2. A gelatina sem sabor pode ser
usada como um aglutinante na
cozinha - e que irá ajudar a evi-
tar a textura esfarelada. Lembre
-se de misturar a gelatina no
líquido da receita antes de a
adicionar.
3. Uma combinação de farinhas
sem glúten normalmente produz
um resultado melhor do que uma
só farinha.
4. Para evitar o esfarelamento,
pode usar goma xantana ou
goma de guar na preparação.
Lembre-se de adicionar a goma
aos ingredientes secos. Nota:
algumas pessoas têm melhores
resultados com a
goma xantana
pois a goma de
g u a r p o d e
produzir dores de
estômago em
algumas pessoas.
5. Deixe a massa ficar à temper-
atura ambiente pelo menos 30
minutos para suavizar, de modo
a obter uma melhor textura como
resultado final.
5
RECEITA DO MÊS
SABIA QUE?
A prevalência de complicações neurológicas na doença celíaca é de 26% entre as quais as PEA podem estar presentes. De
acordo com estudos feitos por Eric Fombonne no Canadá (2003): para uma população de dez mil pessoas há 10 pessoas com
autismo e 2,5 com síndroma de Asperger. Na mesma população, há 30 pessoas com perturbações globais do desenvolvimento
no quadro do autismo. Estudos desenvolvidos em Portugal (Oliveira, G et al., 2006) apontam para números semelhantes.
É importante diagnosticar corretamente uma possível associação entre comportamentos do espectro do autismo e doen-
ças associadas ao glúten, especialmente se há coexistência de sintomatologia gastrintestinal. A doença celíaca e a sensibilidade
ao glúten não celíaca podem cursar com comportamentos do tipo autista. Autismo e PEA podem beneficiar de DIG mesmo na
ausência de doença associada ao glúten. Uma doença celíaca não deve “passar” não diagnosticada, pelas sérias e graves
implicações em termos de aumento da mortalidade e patologias associadas.
KHALAFALLA O. BUSHARA. Neurologic Presentation of Celiac Disease. GASTROENTEROLOGY 2005;128:S92–S97.
http://www.fpda.pt/autismo_1
http://www.autism-society.org/about-autism/facts-and-statistics/
Alessio Fasano MD. Gluten Freedom: The Nation's Leading Expert Offers the Essential Guide to a Healthy, Gluten-Free Lifestyle.
Chapter 6. 2014.
Pão de Ló na máquina de fazer
pão (MFP)
Ingredientes:
6 gemas
2 ovos
90 gramas de xilitol
50 gramas de farinha de arroz
integral
1 colher de chá de canela moída
10 cl de Vinho do Porto
Preparação:
Junte todos os ingredientes (à
exceção da farinha) e coloque na
batedeira durante 10 minutos na
velocidade máxima. Ligue a MFP
no programa “cozer e cor escura”
e deixe ligada 5 minutos antes
de colocar o recipiente, assim a
máquina já estará quente. No
recipiente da MFP coloque papel
manteiga (ou vegetal). Ao fim dos
10 minutos da batedeira junte a
farinha lentamente e vá mexendo
com uma colher. Depois de bem
mexida meta no recipiente da
MFP.
Coza durante 15 minutos na cor
escura. Quando terminar tire o
recipiente da máquina e deixe
arrefecer uma hora. Retire do
recipiente puxando pelo papel
manteiga. E sirva ou coma à co-
lher.
Jorge Rocha, pai de menino com
PEA e celíaco, membro do Grupo
Viva Sem Glúten Portugal.
Empada Divertida
Ingredientes para a massa:
1/2 quilo de batatas biológicas
1 dente de alho
1 colher de chá de azeite bioló-
gico
1 cenoura biológica (bem lavada
e com casca)
1 colher de sopa de amido de
milho
1 ovo
1 azeitona
Preparação da massa:
Coza as batatas com pouco sal
em pouca água; assim que estive-
rem bem cozidas, elimine toda a
água e faça um puré. Junte o
alho esmagado, fio de azeite e o
amido de milho. Amasse bem,
homogeneizando.
Ingredientes para o recheio:
Fio de azeite biológico
2 dentes de alho
1 tomate maduro
Legumes, carne e peixe a gosto
Preparação da massa:
Coloque num tacho o fio de azei-
te e os dois dentes de alho corta-
dos em fatias fininhas. Junte o
tomate, sem pele, e alguns legu-
mes a gosto. Deixe refogar. Se
precisar, junte água. Senão, dei-
xe cozinhar no sumo dos legumes.
Assim que estiver cozinhado,
passe na varinha mágica e junte
a carne ou peixe, de preferência
biológicos, picados ou desfiados.
Refogue. Tempere com sal. Reser-
ve.
Montagem:
Cubra uma forma pequena sem
buraco ou pequenas formas de
empada com a massa e espalhe
na forma. Reserve um pouco de
massa para cobrir. Recheie e
pincele com gema de ovo. Leve a
dourar ao forno. Corte a cenoura
em rodelas muito finas e iguais, e
corte a azeitona a meio. Desen-
forme a empada (a gema deve
ficar virada para cima). Coloque
as metades da azeitona a fazer
de olhos e espalhe as cenouras
fazendo o cabelo. Com uma faca
desenhe a boca.
Susana Fernandes, administrado-
ra do Grupo Viva Sem Glúten
Portugal.

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Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 

Newsletter Grupo Viva sem Glúten Portugal ed 1 nr 8 ago 2014

  • 1. Pão com trigo? Num celíaco, alérgico ou sensível ao glúten? Sim! Mas só se for de sarraceno! Nutritivo, ótimo texturizante culi- nário confere às receitas sem glúten um toque especial. Gentilmente, Jorge Rocha, pai de menino com PEA e celíaco, e Susana Fernandes mostram-nos como esta dieta pode ser sabo- rosa e divertida! Vá de férias, descanse, divirta- se, mas não descure e dieta! Desde há muito que estão descri- tas complicações neurológicas e psiquiátricas nas doenças associa- das ao glúten. Existem, no en- tanto e ainda, muitos mistérios sobre a relação glúten – cére- bro. Uma das áreas mais con- troversas na relação glúten e cérebro são as perturbações do espectro do autismo (PEA). Al- guns doentes com PEA sob dieta isenta de glúten (DIG) e/ou caseína, apresentam melhoria comportamental. Este número será especialmente dedicado aos membros do Grupo que lidam diariamente com estas patologias, sendo celíacos ou não. Neste contexto, a nutricionista Daniela Seabra fala-nos sobre a sua experiência no seguimento destas crianças e quais os efei- tos deste tipo de dieta na sua sintomatologia e qualidade de vida. Anabela Lisboa da Silva, mãe de menina com PEA sob dieta sem glúten, caseína e soja fala-nos um pouco sobre a sua decisão de iniciar esta dieta na sua filha e na melhoria nela observada. EDITORIAL O ESTADO DA ARTE - O glúten, as doenças associadas e as perturbações do espectro do autismo Desde há 40 anos que se co- nhece a relação entre complica- ções neurológicas e psiquiátri- cas e as doenças associadas ao glúten. Estas complicações po- dem inclusive ser a principal manifestação de doença celía- ca mesmo sem envolvimento intestinal. Desta forma, a sensi- bilidade ao glúten pode passar facilmente despercebida e não tratada. 22% dos doentes celí- acos desenvolvem disfunção neurológica ou psiquiátrica e 57% dos indivíduos com disfun- ção neurológica de causa des- conhecida têm anticorpos anti- gliadina positivos. São múltiplas as complicações neurológicas e psiquiátricas associadas às reações imunes desencadeadas pelo glúten desde convulsões, ataxia, degeneração cerebelo- sa, neuropatia, enxaqueca, esclerose múltipla, miastenia gravis, miopatia, lesões da substância branca, parestesias (formigueiro) nas pontas dos dedos, esquizofrenia, depres- são, ansiedade, deficit de aten- ção, hiperatividade e autismo. São muitos os mistérios que ainda existem sobre a relação glúten – cérebro. Clinicamente uma das experiências mais satisfatórias é o quase alívio mágico, obtido com a dieta isenta de glúten (DIG), de algu- ma da sintomatologia neuroló- gica / comportamental, muitas vezes sentida durante anos como uma praga. Mas porque é que o glúten nalguns indivíduos tem um efeito deletério a nível neurológico e comportamental e noutros não? Duas correntes de pensamento debatem-se atualmente sobre este assunto: a teoria das en- dorfinas versus a da inflama- ção. Segundo a teoria das endorfi- nas, alguns dos fragmentos do glúten (péptidos de gliadina) não são digeridos e têm algu- ma semelhança estrutural com endorfinas. Estas últimas são neuro-químicos produzidos no cérebro e estruturalmente seme- lhantes, por sua vez, à morfina pelo que naturalmente aliviam a dor e o stress. São as chama- das “gliadorfinas”. Coloca-se a hipótese de estas atravessarem a barreira intestinal, entrarem na corrente sanguínea e assim alcançarem a barreira hemato- encefálica chegando ao cére- bro. Aí atuam a nível dos rece- tores das endorfinas e podem causar alterações comporta- mentais. Esta teoria pode expli- car as alterações comportamen- tais descritas nos doentes celía- cos e com sensibilidade ao glú- ten não celíaca, mas não expli- ca adequadamente, por exem- plo, a neuropatia ou as pares- tesias. Esta aparente contradi- ção pode ser explicada por uma outra teoria, a da inflama- ção, que sugere que o envolvi- mento neurológico e comporta- mental nas doenças associadas ao glúten é secundaria à infla- mação como um continuum de respostas imunes que começam no intestino. Uma das áreas mais controver- sas em relação ao glúten e cérebro são as perturbações do espectro do autismo (PEA). As PEA são patologias neuropsi- quiátricas mistas que afetam aproximadamente 1% da po- pulação geral. Crianças e adul- tos com estas patologias mos- tram alterações deficitárias (continua na página seguinte) Agradecimentos:  ANABELA LISBOA DA SILVA– Entrevistada  ANA PIMENTA– Redacção  ANTÓNIO JOÃO PEREIRA – Revisão clínica  AVELINO GUERREIRO – Apoio técnico e informático  CLÁUDIA MACEDO – Revisão ortográfica e tipográfica/ layout  DANIELA SEABRA - Nutrição  JORGE ROCHA - Receita do Mês  LIPITA SEM GLÚTEN– Grãos e farinhas sem glúten  SUSANA FERNANDES - Receita do Mês EDITORIAL 1 ESTADO DA ARTE 1,2 NUTRIÇÃO 2,3 ENTREVISTA 3,4 INFO & DICAS 4 RECEITA DO MÊS 5 Neste número: Agosto 2014Edição 1, Nº 8 G R UP O V I VA S E M G LÚT E N P OR T U GA L Newsletter Contacto: vivasemglutenportugal@outlook.pt
  • 2. 2 na capacidade interativa e comunicativa social, comporta- mentos repetitivos, repertório acentuadamente restrito de interesses e de atividades, entre outros. São várias as teorias que ten- tam explicar como fatores ambi- entais as causas em indivíduos geneticamente predisponíveis. Vários estudos associam-nas ao glúten e à autoimunidade. Com- parativamente com controlos, os indivíduos com PEA e membros de suas famílias têm elevada percentagem de aumento da permeabilidade intestinal. Mui- tas crianças e adolescentes com PEA sofrem de problemas gas- trintestinais. Obstipação, refluxo gastroesofágico, gastrite, infla- mação intestinal (enterocolite autista), más digestões, mal absorção, flatulência, dor abdo- minal ou desconforto, intolerân- cia à lactose, infeções entéricas e outros sintomas. É extrema- mente difícil medir o impacto destes sintomas gastrointestinais uma vez que estas crianças se expressam habitualmente de forma não-verbal. Questões centrais como a prevalência e um melhor tratamento destas condições ainda não são com- pletamente compreendidas. Múltiplas abordagens terapêuti- cas têm surgido para estes ca- sos, mas baseiam-se em poucas evidências científicas. Dos 50 tratamentos propostos para o autismo, (antifúngicos; quelação; remoção de metais pesados do sangue; enzimas; tratamentos gastrintestinais; desparasitação intestinal; suplementos nutricio- nais; opções dietéticas, entre outros), sete têm como alvo es- pecífico o sistema gastrointesti- nal. Como já refe- rido anterior- mente, em alguns estudos os doentes com autismo sob dieta isenta de glúten e caseína apresentam melhoria da permeabilidade intestinal quan- do comparados com outros do- entes sem restrições alimentares. Outros estudos mostram que estas dietas são benéficas para os autistas. Um outro estudo mostrou que alguns doentes autistas produzem anticorpos contra as células de Purkinje (do cerebelo) e péptidos da gliadi- na. É de salientar que a maioria dos estudos nesta área envol- vem uma dieta sem glúten e sem caseína pelo que é difícil discer- nir qual o efeito devido a cada uma destas restrições. Apesar da sua popularidade, ainda não se provou conclusivamente que a dieta sem glúten seja eficaz para todos os doentes autistas. Em relação à dieta sem glúten neste contexto, com ou sem isen- ção de caseína, algumas ques- tões devem ser colocadas antes da tomada de decisão de a iniciar: a família tem recursos económicos para iniciar uma dieta dispendiosa? Estes alimen- tos estão facilmente disponíveis? Existe o comprometimento de, pelo menos um, familiar para registar diariamente qual os alimentos ingeridos e as mudan- ças comportamentais observa- das? Na área geográfica da família existem clínicos que as- sistam regularmente este tipo de pacientes sob estas dietas? Qual o estado de saúde geral da criança? A criança já tem um repertório alimentar limitado? Caso a dieta isenta de glúten, com ou sem caseína, venha a restringir e limitar mais esse repertório isto irá ter impacto no estado nutricional da mesma? De salientar ainda que nos do- entes com PEA e sintomatologia intestinal, antes do início desta dieta, deve ser efetuado o des- piste das doenças associadas ao glúten, em particular a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca. Prende-se este facto por estas doenças serem igualmente prevalentes na população e poderem só por si levar a comportamentos do tipo autista. Cada uma destas patologias requer acompanha- mento médico e nutricional dife- renciado. São ainda necessários estudos randomizados de larga escala para esclarecimento do real impacto da dieta sem glúten, O ESTADO DA ARTE- O glúten, as doenças associadas e as perturbações do espectro do autismo (cont.) Newsletter DIETA SEM GLÚTEN E PERTUR- BAÇÃO DO ESPECTRO DO AUTISMO Apesar de já se saber muito sobre as PEA, a sensação que todos têm é que ainda há muito por descobrir nesta área. Não há duas crianças iguais: os sintomas com- portamentais diferem, os sinto- mas físicos diferem e até as alterações genéticas base são, por vezes, completamente distin- tas. As diferentes abordagens terapêuticas também variam de criança para criança, sendo o tratamento (comportamental, farmacológico e nutricional) altamente individualizado. Só o trabalho conjunto (e transparente) entre os pais e os profissionais de saúde é capaz de estruturar as melhores opções terapêuticas para uma determinada criança. Muito se tem falado da possível influência de uma dieta sem glú- ten na melhoria dos sintomas comportamentais nas perturba- ções do espectro do autismo. O diagnóstico de uma eventual doença celíaca ou estudo analíti- co sobre eventual reação ao glúten, e a implementação de cuidados alimentares com exclu- são de alguns alimentos (e intro- dução de outros nutricionalmente equivalentes) com uma adequada com ou sem caseína, na melhoria destas condições. No entanto, sendo que existem múltiplos casos de melhoria sintomatológi- ca e comportamental descritos é uma opção a equacionar desde que devidamente acompanha- da. Alessio Fasano MD. Gluten Freedom: The Nation's Leading Expert Offers the Essen- tial Guide to a Healthy, Gluten-Free Lifestyle. Chapter 6. 2014. Jessica R. Jackson et all. Neurologic and Psychiatric Manifestations of Celiac Dis- ease and Gluten Sensitivity. Psychiatr Q. 2012 March; 83(1): 91–102. Atladottir HO et al. Association of family history of autoimmune diseases and autism spectrum disorders. Pediatrics. 2009; 124:687–694. Valicenti-McDermott MD et al. S. Gastro- intestinal symptoms in children with an autism spectrum disorder and language regression. Pediatric Neurology. 2008; 39:392–398. de Magistris L et al. Alterations of the intestinal barrier in patients with autism spectrum disorders and in their first- degree relatives. Journal of Pediatric and Gastroenterology Nutrition. 2010; 51:418–424. Elder JH. The gluten-free, casein-free diet in autism: an overview with clinical impli- cations. Nutr Clin Pract. 2008 Dec-2009 Jan; 23(6):583-8. Knivsberg AM et al. A randomised, con- trolled study of dietary intervention in autistic syndromes. Nutritional Neurosci- ence. 2002; 5:251–261. Whiteley P et al. The ScanBrit random- ised, controlled, single-blind study of a gluten- and casein-free dietary interven- tion for children with autism spectrum disorders. Nutritional Neuroscience. 2010; 13:87–100. Vojdani A et al. Immune response to dietary proteins, gliadin and cerebellar peptides in children with autism. Nutrition- al Neuroscience. 2004; 7:151–161. ANA PIMENTA supervisão e acompanhamento, são, na minha opinião, algo que deve ser implementado. Está longe de ser uma opção consen- sual, mas em todo o mundo são cada vez mais os pais que estão a experimentar remover o glú- ten da alimentação dos seus filhos para avaliar se ocorrem melhorias. Estes são motivados pelos relatos de outros pais, por alguns artigos científicos que referem eventuais associações, e pela opinião e experiência de diferentes profissionais de saú- de. Nestes casos, a caseína (a proteína do leite) tem também sido implicada, devendo por isso também ser retirada da alimen- tação destas crianças. Eu incluo-me nos profissionais de saúde que recomendam a imple- mentação de uma dieta sem glúten e sem caseína nos casos de perturbação do espectro do autismo. Desde 2009 que tenho observado os efeitos positivos desta dieta: das crianças que acompanhei apenas duas (aproximadamente 2 em 200) não responderam de forma benéfica à remoção do glúten e da caseína. Idealmente, estas crianças deviam ser testadas para a presença de doença celíaca, mas nem todos os médi- cos estão dispostos a fazer o estudo nestas crianças. Um diag- nóstico negativo para doença NUTRIÇÃO
  • 3. 3 Edição 1, Nº 8 ENTREVISTA Anabela Lisboa da Silva Anabela, como mãe de menina com PEA como decidiu alterar a sua dieta na tentativa de obter melhorias clínicas? A sua filha tinha sintomas gastrintes- tinais para além dos inerentes à PEA? Quem vive o Autismo, vive numa busca infindável de respostas e formas de ajudar a combater o problema, com o intuito da me- lhoria da qualidade de vida. Após muitas horas de pesquisa relacionadas com o Autismo, comecei a perceber que existem muitas crianças diagnosticadas com PEA com um quadro de fragilidade intestinal, semelhan- te ao que a minha filha demons- trava. Percebi também que o intestino permeável é comum nestes casos e que existe uma relação enorme entre o que se passa a nível intestinal e o cére- bro, por diferentes mecanismos completamente distintos. Aproximadamente aos dois anos e meio, a minha filha manifesta- va (entre outras questões relaci- onadas com PEA) problemas gastrointestinais: diarreia cróni- ca, abdómen dilatado, refluxo e flatulência. Adoecia facilmente, aumentava pouco de peso, em- bora comesse muito bem. Desde cedo, que se mostrou uma miúda inquieta, com momentos de grande impaciência, choro pro- longado e irritabilidade sem se perceber a origem, uma vez que era não-verbal. Fizeram-se alguns exames rotineiros, mas os resultados estavam dentro dos parâmetros normais. No entanto, os episódios diarreicos eram uma constante. Por aconselha- mento de um neurologista deci- dimos aprofundar melhor a questão das intolerâncias ali- mentares. Que profissional de saúde a o r i e n t o u ? De início a Pediatra; não tendo celíaca não exclui a possibilida- de de melhoria na remoção do glúten. A implementação da dieta sem glúten (e sem caseína) é ainda desaconselhada (ou não recomendada) pela maioria da comunidade científica enquanto aguarda provas inequívocas sobre a eficácia desta dieta, ou sobre as formas de diagnóstico que permitam perceber que essa dieta pode ser eficaz numa determinada criança. Porque es- sas provas ainda po- dem tardar alguns anos, porque a intervenção precoce nas PEA é fundamental, porque existem janelas de opor- tunidade no neuro- desenvolvimento e porque con- siste “apenas” em retirar o glú- ten (e outros alimentos) da ali- mentação de uma criança pelo menos durante seis meses – são muitos os pais que, mesmo sem o apoio clínico, estão dispostos a avançar para a implementação desta dieta sem glúten (e sem lácteos). O apoio junto de nutri- cionistas/dietistas que concor- dem com a implementação des- ta dieta é importante. Estes pais, muitas vezes, enfren- tam uma decisão complexa, pois por um lado têm diferentes pro- fissionais de saúde, alguns arti- gos científicos e milhares de pais em todo o mundo a incentivarem a implementação desta dieta e, por outro lado, a quase totali- dade da comunidade científica a dizer que não existe qualquer relação provada entre as PEA e a dieta sem glúten e a desacon- selhá-la. Por vezes, o próprio casal tem entre si opiniões opos- tas relativamente a esta opção terapêutica. As duvidas instalam -se, e ainda mais quando alguns relatos de melhorias são de crianças que eles conhecem: o filho de um amigo que teve melhorias ou as terapeutas do seu filho a verem melhorias nou- tras crianças que também acom- panham. O risco de seguir este caminho sozinho sem um ade- quado acompanhamento profis- sional individualizado não é recomendado. Ao profissional de saúde que acompanha estas crianças é-lhe muitas vezes escondida a total informação sobre as diferentes abordagens terapêuticas que estão a ser implementadas pelos pais (em especial dieta e suple- mentação nutricional). Estamos numa fase em que a informação (correta e incorreta) está à distância de um clique – na minha opinião, cabe ao pro- fissional de saúde ouvir os pais, perceber o que estão a fazer sem os julgar ou “ralhar”, e sim trabalhar em equipa, de forma a orientá-los sobre as melhores opções terapêuticas, em prol da criança. É urgente unir profissio- nais de saúde (médicos, nutricio- nistas, dietistas e outros) e pais numa relação de confiança e trabalho conjunto, para que estas crianças sejam avaliadas e monitorizadas convenientemente – e o que observo neste momen- to num grande número de casos, com muita pena minha, é uma distanciação entre eles. Os resultados que tenho obser- vado são variados, mas incluem: melhoria da atenção, maior concentração, menor hiperativi- dade, melhoria do sono, melho- ria da função intestinal, maior interação, maior contato visual. Lembro, em especial, um menino com três anos que deu um salto muito interessante em termos de linguagem. Se há tantos relatos (pais, profissionais e estudos) que dizem que há uma possibili- dade de melhoria, porque não tentar? Felizmente, já existem inúmeras receitas deliciosas e nutricionalmente ricas que tor- nam tudo mais fácil. DANIELA SEABRA GRÃOS E FARINHAS SEM GLÚ- TEN Já conhecem o trigo- sarraceno? Apesar do nome poder enganar, o trigo- sarraceno ou trigo mourisco não contem glúten, na sua forma natural. Muitos celíacos questionam-se se podem ou não comer este grão, afinal, desde cedo que ouvem ser necessário eliminar o trigo da sua alimentação! Este grão originário da China Central e Oeste, provém de uma planta anual da família Polygo- naceae, com formações florais que envolvem parcialmente este grão comestível e muito aprecia- do em várias culturas gastronó- micas. Na verdade, é considera- do uma fonte de energia muito nutritiva, rico em ferro, magnésio e fibras dietéticas. Apresenta mais proteína do que o arroz, trigo ou milho, e é uma excelen- te fonte de proteínas e de ferro. Em Portugal, não é muito conhe- cido ainda, é verdade, mas o facto de não conter glúten faz com que seja cada vez mais procurado por pessoas que apresentam sensibilidade ao glúten. Devido a essa procura, hoje já se consegue encontrar facilmente embalagens rotula- das com a informação “produto isento de glúten”. Pode ser con- sumido em grão ou sob a forma de farinha. Devido à cor escura do grão, quando apresentado em farinha pode apresentar uma cor ligei- ramente acastanhada. O grão quando cru apresenta um leve e subtil sabor, mas quando corta- do e preparado, o seu sabor a noz intensifica-se bastante. Se o quiserem utilizar em grão, basta que o tratem como o arroz! Lavar a quantidade que dese- jam e cozer no dobro de água. Depois, sirvam-no nas vossas saladas de verão, tipo couscous, ou somente no iogurte, ou sim- plesmente como uma papa cheia de energia. Por ser um grão facilmente pani- ficável, levou a que, em tempos, esta farinha fosse confundida com a de trigo. Pode ser usada isoladamente, mas devido ao seu sabor forte é geralmente misturada com outras farinhas sem glúten, para confecionar pão, bolos, biscoitos ou até uns crepes salgados fantásticos! A cor acastanhada da farinha faz com que dê um aspeto mais rústico aos pães e um sabor especial às nossas receitas. Pode ainda ser usada para engrossar molhos! LIPITA SEM GLÚTEN NUTRIÇÃO (cont.)
  • 4. 4 idade) e as rotinas mudaram em nossa casa! Atualmente, posso dizer que a menina não é a mes- ma criança de há tempos atrás. É uma menina dócil, sociável, calma e atenta, já verbaliza algumas palavras, as estereotipias diminu- íram, os períodos de concentra- ção aumentaram e o intestino estabilizou. Os sintomas reduzi- ram, pelo que a qualidade de vida melhorou bastante, tanto a dela, como a nossa em geral. A dieta não cura uma pessoa com autismo, mas melhora a sua quali- dade de vida. É um tratamento natural… Não é um medicamen- to, é comida! Que conselhos dá aos pais de meninos com PEA em relação à dieta dos seus filhos? Citando o pai da medicina, Hipó- crates “Faz do teu remédio o teu alimento e do teu alimento o teu remédio”. Esta é uma máxima que tem vindo a ser transmitida ao longo dos séculos, e que, na minha perspetiva, há que perma- necer mais viva que nunca. Par- tindo deste princípio, devemos primar pelo cuidado com a nossa alimentação, principalmente quando existem hipersensibilida- des gastrointestinais e fragilida- des na saúde em geral. Para explicar mais facilmente às pessoas que nos rodeiam, como se baseia a alimentação da mi- obtido resultados satisfatórios, recorri então à especialidade de Gastroenterologia e de Nutrição. Que dieta adotou? Após ter estudado as evidências científicas e a fundamentação da Dieta sem Caseína, sem Glúten e sem Soja no autismo, decidi en- tão optar pela mesma, tendo especial cuidado também com a isenção de açúcar, aditivos, co- rantes e conservantes. É de ex- trema importância diminuir a toxicidade presente, tanto na alimentação como no meio envol- vente (ambiente). Claro que a implementação desta dieta foi gradual, pensada e estudada, para que a menina não sentisse as alterações alimentares. Em relação à isenção de glúten foi aconselhada a realizar des- piste de doença celíaca na sua menina? Não nos foi aconselhado o des- piste de doença celíaca. Porém, sabemos que é intolerante à lactose e estamos a aguardar os resultados do despiste da doen- ça celíaca e da intolerância a diferentes alimentos. Com o início da dieta que me- lhorias cognitivas, comporta- mentais e gastrintestinais verifi- cou? Implementamos a dieta há dois anos, (já com quase sete anos de nha filha, é muito simples: tudo é confecionado como as nossas bisavós fariam na sua cozinha, sem recurso a produtos pré- confecionados e sem qualquer ingrediente cujo nome não se consiga articular facilmente. A minha avó conta que antigamente o açúcar só se usava uma vez por ano, que era no Natal para fa- zer as filhoses e era do "escuro", pois o branco era escasso. E io- gurtes? Ninguém se lembra de comer em criança. Penso que não é assim tão difícil voltarmos à alimentação de outrora, saber fazer uma alimentação saudável e biológica não é utópico. Os conselhos que aqui posso deixar, relativamente à alimenta- ção, é que não desistam, procu- rem ajuda e mantenham-se infor- mados. Tenham especial cuidado na escolha dos alimentos que o nosso mercado oferece. Poucos VIVA SEM GLÚTEN PORTUGAL Newsletter são os alimentos que são “comida” de verdade, muitos são vazios de nutrientes, repletos de aditivos e conservantes, cuja ação no nosso organismo é pro- inflamatória. Fugir dos agro- tóxicos e aos alimentos genetica- mente modificados, LER OS RÓ- TULOS é muito importante! Existe um grupo de apoio no Facebook “Dieta sem caseína, sem glúten e sem soja – Portugal”, iniciado pela nutricionista Daniela Seabra cujo objetivo é a entreajuda e a troca de vivências, receitas e experiências para quem está a fazer esta dieta que pode ser útil. É importante reter, em rela- ção ao autismo, que é possível ajudar a recuperar estas crian- ças, esta dieta é mais uma forma de o fazer! ENTREVISTA (cont.) INFO & DICAS NOVAS MASSAS SEM GLÚTEN A Milaneza, em- presa nacional do sector das massas alimentícias, lançou recentemente uma linha de massas sem gluten que tem vindo a ganhar popularidade junto da comunidade da dieta sem gluten. Baseando-se na farinha de milho, é uma massa de sabor agradável, que coze dentro do tempo especificado na em- balagem e com uma textura pós- cozedura muito semelhante às massas com gluten. Para já, existem na variedade de espirais e esparguete e custam 1,99€ por embalagem de 500 gramas na maioria dos locais de venda. 5 DICAS PARA MELHORAR A TEXTURA DAS SUAS RECEITAS 1. Substitua o leite ou a água nas receitas com buttermilk (leitelho).O buttermilk dará uma textura mais fina e mais leve, em geral. A água com gás também substitui bem a água normal em receitas como panquecas - mais uma vez, dando uma leve tex- tura. 2. A gelatina sem sabor pode ser usada como um aglutinante na cozinha - e que irá ajudar a evi- tar a textura esfarelada. Lembre -se de misturar a gelatina no líquido da receita antes de a adicionar. 3. Uma combinação de farinhas sem glúten normalmente produz um resultado melhor do que uma só farinha. 4. Para evitar o esfarelamento, pode usar goma xantana ou goma de guar na preparação. Lembre-se de adicionar a goma aos ingredientes secos. Nota: algumas pessoas têm melhores resultados com a goma xantana pois a goma de g u a r p o d e produzir dores de estômago em algumas pessoas. 5. Deixe a massa ficar à temper- atura ambiente pelo menos 30 minutos para suavizar, de modo a obter uma melhor textura como resultado final.
  • 5. 5 RECEITA DO MÊS SABIA QUE? A prevalência de complicações neurológicas na doença celíaca é de 26% entre as quais as PEA podem estar presentes. De acordo com estudos feitos por Eric Fombonne no Canadá (2003): para uma população de dez mil pessoas há 10 pessoas com autismo e 2,5 com síndroma de Asperger. Na mesma população, há 30 pessoas com perturbações globais do desenvolvimento no quadro do autismo. Estudos desenvolvidos em Portugal (Oliveira, G et al., 2006) apontam para números semelhantes. É importante diagnosticar corretamente uma possível associação entre comportamentos do espectro do autismo e doen- ças associadas ao glúten, especialmente se há coexistência de sintomatologia gastrintestinal. A doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca podem cursar com comportamentos do tipo autista. Autismo e PEA podem beneficiar de DIG mesmo na ausência de doença associada ao glúten. Uma doença celíaca não deve “passar” não diagnosticada, pelas sérias e graves implicações em termos de aumento da mortalidade e patologias associadas. KHALAFALLA O. BUSHARA. Neurologic Presentation of Celiac Disease. GASTROENTEROLOGY 2005;128:S92–S97. http://www.fpda.pt/autismo_1 http://www.autism-society.org/about-autism/facts-and-statistics/ Alessio Fasano MD. Gluten Freedom: The Nation's Leading Expert Offers the Essential Guide to a Healthy, Gluten-Free Lifestyle. Chapter 6. 2014. Pão de Ló na máquina de fazer pão (MFP) Ingredientes: 6 gemas 2 ovos 90 gramas de xilitol 50 gramas de farinha de arroz integral 1 colher de chá de canela moída 10 cl de Vinho do Porto Preparação: Junte todos os ingredientes (à exceção da farinha) e coloque na batedeira durante 10 minutos na velocidade máxima. Ligue a MFP no programa “cozer e cor escura” e deixe ligada 5 minutos antes de colocar o recipiente, assim a máquina já estará quente. No recipiente da MFP coloque papel manteiga (ou vegetal). Ao fim dos 10 minutos da batedeira junte a farinha lentamente e vá mexendo com uma colher. Depois de bem mexida meta no recipiente da MFP. Coza durante 15 minutos na cor escura. Quando terminar tire o recipiente da máquina e deixe arrefecer uma hora. Retire do recipiente puxando pelo papel manteiga. E sirva ou coma à co- lher. Jorge Rocha, pai de menino com PEA e celíaco, membro do Grupo Viva Sem Glúten Portugal. Empada Divertida Ingredientes para a massa: 1/2 quilo de batatas biológicas 1 dente de alho 1 colher de chá de azeite bioló- gico 1 cenoura biológica (bem lavada e com casca) 1 colher de sopa de amido de milho 1 ovo 1 azeitona Preparação da massa: Coza as batatas com pouco sal em pouca água; assim que estive- rem bem cozidas, elimine toda a água e faça um puré. Junte o alho esmagado, fio de azeite e o amido de milho. Amasse bem, homogeneizando. Ingredientes para o recheio: Fio de azeite biológico 2 dentes de alho 1 tomate maduro Legumes, carne e peixe a gosto Preparação da massa: Coloque num tacho o fio de azei- te e os dois dentes de alho corta- dos em fatias fininhas. Junte o tomate, sem pele, e alguns legu- mes a gosto. Deixe refogar. Se precisar, junte água. Senão, dei- xe cozinhar no sumo dos legumes. Assim que estiver cozinhado, passe na varinha mágica e junte a carne ou peixe, de preferência biológicos, picados ou desfiados. Refogue. Tempere com sal. Reser- ve. Montagem: Cubra uma forma pequena sem buraco ou pequenas formas de empada com a massa e espalhe na forma. Reserve um pouco de massa para cobrir. Recheie e pincele com gema de ovo. Leve a dourar ao forno. Corte a cenoura em rodelas muito finas e iguais, e corte a azeitona a meio. Desen- forme a empada (a gema deve ficar virada para cima). Coloque as metades da azeitona a fazer de olhos e espalhe as cenouras fazendo o cabelo. Com uma faca desenhe a boca. Susana Fernandes, administrado- ra do Grupo Viva Sem Glúten Portugal.