O documento descreve as infraestruturas romanas de pontes e estradas construídas em Portugal, incluindo suas características técnicas e exemplos específicos. Detalha as técnicas de construção das pontes romanas, com blocos de pedra cuidadosamente encaixados, e suas características como arcos e marcas. Também explica as camadas e materiais usados na construção das estradas romanas, como argamassas de cal e cascalho. Por fim, fornece exemplos de pontes romanas bem preservadas em Portugal, como as
2. Estradas e Pontes Romanas em Portugal
Ao longo da História, o território português foi governado por vários povos diferentes. A ocupação
romana foi marcante na construção de infraestruturas incluindo a de pontes e estradas. Porém,
grande parte da Idade Média viu as lutas entre suevos e visigodos e entre cristãos e árabes, devido a
estes períodos atribulados e Portugal não herdou construções muitas duradouras.
Figura 1. Ponte Romana sobre o Rio Gilão.
Contudo possuímos uma variedade de construções
romanas que mantiveram a sua estrutura original
ou até uma estrutura que foram sendo modificadas
ou prejudicadas por condições climáticas ou até
mesmo pelo homem.
3. As Pontes Romanas
As pontes romanas são referências fundamentais na
paisagem e um dos indicadores mais antigos de civilização, em
Portugal são muitas vezes associadas à presença romana no
território peninsular. Estas pontes foram as primeiras de
grandes dimensões e estão entre as mais duradouras do
mundo. O perfil das pontes romanas era plano, logo na
horizontal e tinham o arco como sua estrutura básica.
Contudo, para a sua construção tinham em conta alguns dos
seus materiais elementares, isto é, blocos de pedra que eram
divididos rigorosamente, de maneira a encaixarem-se sem
alguma brecha. Os blocos de pedra, os silhares almofadados1
(pedra lavrada quadrangular, usada por exemplo para
revestimento de paredes), as aduelas2 (bloco que compõe a
zuna curva do arco) que apresentam também algumas
cavidades pequenas como vincos ou marcas de fórfex3.
Figura 2. Ponte de Trajano, Chaves.
4. As Pontes Romanas
• Silhares1; • Aduelas2;
• Marcas de Fórfex3;
Figura 4. Ponte de Vila Formosa
Figura 3. Ponte de Fundo de Rua, Aboadela.
5. As Pontes Romanas
Nas pontes romanas pode-se identificar outras características como os sinais apotropaicos
e siglas. Estas siglas podem ser facilmente visíveis no intradorso do arco de algumas
pontes.
Figura 5. Ponte de Alvoco das Várzeas, Covilhã
6. Exemplos de Pontes Romanas em Portugal
• Ponte de Vila Formosa
A ponte de Vila Formosa, localiza-se no Alentejo e trata-se de uma antiga
ponte romana, que era muito importante para a locomoção dos romanos
entre Lisboa e Mérida. Esta ponte é considerada uma das pontes mais
conservadas do país e hoje em dia devido à sua conservação é utilizada
para a circulação de automóveis.
7. Exemplos de Pontes Romanas em Portugal
• Ponte de Vila Ruiva
A Ponte de Vila Ruiva ou então a Ponte Romana sobre a ribeira de Odivelas, localizada no Alentejo,
no distrito de Beja. É uma antiga ponte romana, que é utilizada até aos dias de hoje sendo
atravessada só em mão única, que por outras palavras quer dizer que só se passa a pé por causa da
sua largura. Esta estrada romana seguia para Évora e Mérida. A vista atual desta estrutura é
incompleta devido ao acumulamento de sedimentos, terra e areia causado pelas águas das
enchentes, resultando de quinze arcos e olhais que não podem ser vistos, estando subterrados. A
ponte apresenta vinte arcos, das quais treze apresentam volta perfeita com vãos de tamanhos
diferentes. Intercalando com vãos e olhais de tamanhos diferentes.
8. Exemplos de Pontes Romanas em Portugal
• Ponte de Miróbriga
A ponte romana de Miróbriga situa-se em Santiago de Cacém, isto é, no distrito de
Setúbal. Localiza-se junto ao edifício das termas e na altura permitia a comunicação
entre a área termal e a área residencial. Foi construída com pedra calcária irregular com
fiadas de xisto. Tem apenas um arco abatido e abobado. O pavimento é em lajes de
calcário, semelhantes às da calçada da cidade.
9. As Estradas Romanas
As estradas romanas eram fundamentais para o desenvolvimento e o crescimento do
Império Romano, as estradas forneciam meios eficientes para o movimento terrestre dos
exércitos, dos civis, do governo e de funcionários, além de contribuir para meios de
comunicações e o comércio. Muitas vezes as estradas eram de calçada, curvadas e
ladeadas por passeios que tinham por vezes percursos de água ou até uma estrutura
escavada no solo. Estas estradas transpassavam montes ou atravessavam rios e
desfiladeiros sobre pontes.
Figura 9. Alqueidão da Serra, Porto de Mós
10. As Estradas Romanas
• Técnicas Construtivas
Estas vias romanas apresentavam várias camadas, como:
1. fossa e sulci – leito terraplanado e sulcos laterais para escoamento de água.
2. statumen – camada inicial como fundação com grandes pedras irregulares sem argamassa para assegurar a
estabilidade do pavimento e facilitar o escoamento de águas.
3. rudus ou ruderatio – camada intermédia constituída por uma argamassa de cal e cascalho grosso.
4. nucleus – camada superior constituída por uma argamassa mais fina de cal, gravilha, areia grossa ou
fragmentos de tijolo disposta em camadas regulares e bem calçadas.
5. summa crusta, dorsum – camada final aplanada de lajes, coberta por uma argamassa de cal e areia para formar
um piso liso e suave.
Figura 10. Versão idealizada e monumental da via com um total de 4 camadas cobertas.
11. As Estradas Romanas
Dentro das cidades ou na periferia, optavam por uma solução mais simples que
consistia na abertura de umas valas onde eram depositadas camadas de substrato
formado por uma mistura de cascalho e areia, onde depois assentava uma camada
fina de argila, areia, cal, cacos cerâmicos, etc.
Figura 11. Versão idealizada da via de maneira simples.
12. Exemplos de Estradas Romanas em Portugal
• Calçada Romana de Castelo Novo
A aldeia é atravessada por uma via em calçada, referenciada como de origem romana. A
esta via não será estranho o arco de ponte de feição românica, localizado no início da
subida para a aldeia no ponto em que a estrada cruza a Ribeira de Alpreade, testemunho da
anterior travessia na época romana e medieval.
Figura 12. Calçada Romana de Castelo Novo, Castelo Branco.
13. Exemplos de Estradas Romanas em Portugal
• Estrada Romana da Geira
A Via Nova, também conhecida por Geira do Itinerário de Antonino é uma estrada romana
que ligava duas importantes cidades do noroeste da Península Ibérica: Bracara Augusta,
atual cidade de Braga e a cidade de Asturica Augusta, hoje Astorga, em Espanha. Esta
via romana ligava estas duas importantes cidades num trajeto de aproximadamente 318
km.
Figura 13. Estrada Roma da Geira, Gerês.