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PedroVieira-Baptista, Joana Lima-Silva, João Cavaco-Gomes, Jorge Beires
Serviço de Ginecologia
Centro Hospitalar de São João
Papel dos contraceptivos orais na vulvodinia
 Informação contraditória relativamente ao papel dos
anticonceptivos orais (ACO) na génese da vulvodinia.
Introdução
Basin S et al 199
4
- RR 11,0 se uso de ACO antes dos 17 anos vs nunca ter usado.
Sjöberg I et al 1997 - Aumento da duração de uso de ACO associado a vulvodinia.
Tchoudomirova
K et al
2001 - ACO sem relação com vulvodinia.
Bouchard C et al 200
2
- RR de 6,6 se alguma vez usados ACO vs nunca ter usado;
- Aumento do risco se início da toma antes dos 16 anos,
- Aumento do risco se toma por mais tempo;
- Aumento do risco se tomados ACO com progestativos de maior
efeito androgénico e progestativo e menor efeito estrogénico.
Harlow BL et al 200
8
- Aumento de 30% de risco se alguma vez usados ACO, sem
significado estatístico.
Reed B et al 2013 - Exposição aos ACO sem impacto no risco de vulvodinia em
mulheres com menos de 50 anos.
 Inquérito on-line dirigido a mulheres residentes
em Portugal;
 E-mail e redes sociais.
Materiaisemétodos
https://docs.google.com/forms/d/1TYXJ5_DCa7gj0
QQKGjhBY4j50_3g4I5br3LS15tAUd8/viewform
https://www.facebook.com/vulvodinia.em.portugal
 Colheita de dados ainda em curso.
 Estudo de prevalência e factores de risco de vulvodinia;
 Autorizado pela Comisão de Ética do CHSJ em 22/04/2013.
 Análise dos dados em Excel® 2007 e SPSS® 20.0.
Materiaisemétodos
 Recebidas 708 respostas
 705 consideradas válidas (99,6%)
 Prevalência pontual de vulvodinia: 6,8%
 Lifetime prevalence de vulvodinia: 11,1%
Resultados
%
 Idade média (anos):
 Com vulvodinia: 31,7±8,95
 Sem vulvodinia: 33,1±10,12
 p= 0,235
 Menopausa:
 8,2%
 Prevalência de vulvodinia e menopausa:
 Pré-menopausa: 6,7%
 Pós-menopausa: 7,3%
 p= 0,653
Resultados
Resultados
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75
56,1
43
37,4
23,8 22,2
33,3
0 0 0
4,8
7,6
35,9
18,5
33,3
2,5 3,9
9,9
4,1 3,3 5
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<21 21-25 26-30 31-35 36-40 41-45 46-50 51-55
ACO DIU Anel vaginal
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33,3
2,5 3,9
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0 0
ACO DIU Anel vaginal
Uso de métodos contraceptivos por idade
Resultados
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ACO DIU Anel vaginal
Uso (alguma vez) de métodos contraceptivos
Resultados
Pré-menopausa Pós-menopausa Total
Sim Não p= Sim Não p= Sim Não p=
ACO
- Actual
- Alguma
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12,5%
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9,7%
2,0%
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0,03
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9,8%
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1,00
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1,8%
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vez
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17,3%
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Anel vaginal
- Actual 3,3% 11,4% 0,24 -- -- -- -- -- --
Percentagem de mulheres com vulvodinia de acordo
com o método contraceptivo
Resultados
Percentagem de mulheres com vulvodinia de acordo
com o método contraceptivo
Pré-menopausa Pós-menopausa Total
Sim Não p= Sim Não p= Sim Não p=
ACO
- Actual
- Alguma
vez
12,5%
12,0%
9,7%
2,0%
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DIU
- Actual
- Alguma
vez
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10,5%
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Anel vaginal
- Actual 3,3% 11,4% 0,24 -- -- -- -- -- --
RR= 6,79 (IC 95%, 0,92-50,00) RR= 7,21 (IC 95%, 0,98-52,94)
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Vulvodinia p=
ACO
12,8%
(39/304)
p=0,65DIU
11,8%
(4/34)
Anel vaginal
6,9%
(2/29)
Percentagem de mulheres com vulvodinia de acordo
com o método contraceptivo actual
Resultados
Actividade sexual nos 6 meses
anteriores (%)
Utilizadoras Não utilizadoras p=
ACO
-Toma
actual
- Alguma vez
85,1%
87,0%
83,8%
54,4%
0,68
0,00
DIU
-Toma
actual
- Alguma vez
97,2%
94,9%
83,8%
83,0%
0,03
0,00
Anel vaginal
-Toma
Métodos contraceptivos e actividade
sexual nos 6 meses anteriores
Resultados
Actividade sexual nos 6 meses
anteriores (%)
p=
Vulvodinia
- Sim
- Não
90,9%
83,6%
0,13
Actividade sexual e vulvodinia
 Maior parte dos estudos publicados apontam para um
risco associado à toma de ACO:
 Toma mais precoce (maior se prévio à coitarca?);
 Toma mais prolongada;
 ACO com progestativos com maior efeito androgénico e
progestativo.
 Mecanismos:
 Interacção com receptores esteróides vestibulares;
 Inteferência com a produção de citocinas pró-inflamatórias.
Discussão
BouchardC et al. Use of oral contraceptive pills and vulvar vestibulitis:
a case-control study.Am J Epidemiol. 2002Aug 1;156(3):254-61.
 Os valores de prevalência pontual foram de acordo com os
referidos na literatura; os de lifetime prevalence foram inferiores
aos de outras séries.
 Dois picos de prevalência (21-25 e 56-60 anos);
 Vulvodinia localizada e generalizada?
 O uso actual de ACO, DIU ou anel vaginal não se associaram a
diferenças em termos de probabilidade de vulvodinia.
 O facto de alguma vez ter tomadoACO conferiu um RR de 7,11.
Discussão
 Mulheres que alguma vez tomaram ACO têm maior
probabilidade de ter tido actividade sexual nos
últimos seis meses, mas
 Mulheres com e sem vulvodinia têm probabilidades
idênticas de ter tido actividade sexual nos últimos seis
meses.
 Provavelmente a toma de ACO é um factor de risco e
não um marcador.
Discussão
 Pontos fracos do estudo:
 Estudo “online”;
 Vieses na selecção da amostra (idade, escolaridade, distribuição geográfica, etc.);
 Mulheres afectadas com maior probabilidade de responder?
 Dificuldade na compreensão dos termos;
 Contraceptivos limitados a ACO, DIU/SIU e anel vaginal;
 Dificuldade na distinção entre “marcadores” e factores de risco;
 Não distinção entre vulvodinia localizada e generalizada;
 Questionável definição em termos de tempo (3-6 meses).
 Pontos fortes do estudo:
 Dimensões da amostra;
 Originalidade para a população estudada;
 Múltipla outra informação obtida (DSTs, impacto na qualidade de vida, etc.)
Discussão
 Prevalência pontual de vulvodinia: 6,8%.
 Lifetime prevalence de vulvodinia: 11,1%.
 Alguma vez ter tomado ACO conferiu um RR de
7,11 (IC 95%, 0,98-52,94);
 Difícil distinguir se se trata de um marcador ou um
factor de risco, embora os dados sugiram tratar-se da
segunda hipótese.
 Sem evidência suficiente para contra-indicar o
início ou continuação da toma de ACO.
Conclusões
Papel dos contraceptivos orais na vulvodinia

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Papel dos contraceptivos orais na vulvodinia

  • 1. PedroVieira-Baptista, Joana Lima-Silva, João Cavaco-Gomes, Jorge Beires Serviço de Ginecologia Centro Hospitalar de São João Papel dos contraceptivos orais na vulvodinia
  • 2.  Informação contraditória relativamente ao papel dos anticonceptivos orais (ACO) na génese da vulvodinia. Introdução Basin S et al 199 4 - RR 11,0 se uso de ACO antes dos 17 anos vs nunca ter usado. Sjöberg I et al 1997 - Aumento da duração de uso de ACO associado a vulvodinia. Tchoudomirova K et al 2001 - ACO sem relação com vulvodinia. Bouchard C et al 200 2 - RR de 6,6 se alguma vez usados ACO vs nunca ter usado; - Aumento do risco se início da toma antes dos 16 anos, - Aumento do risco se toma por mais tempo; - Aumento do risco se tomados ACO com progestativos de maior efeito androgénico e progestativo e menor efeito estrogénico. Harlow BL et al 200 8 - Aumento de 30% de risco se alguma vez usados ACO, sem significado estatístico. Reed B et al 2013 - Exposição aos ACO sem impacto no risco de vulvodinia em mulheres com menos de 50 anos.
  • 3.  Inquérito on-line dirigido a mulheres residentes em Portugal;  E-mail e redes sociais. Materiaisemétodos https://docs.google.com/forms/d/1TYXJ5_DCa7gj0 QQKGjhBY4j50_3g4I5br3LS15tAUd8/viewform https://www.facebook.com/vulvodinia.em.portugal
  • 4.  Colheita de dados ainda em curso.  Estudo de prevalência e factores de risco de vulvodinia;  Autorizado pela Comisão de Ética do CHSJ em 22/04/2013.  Análise dos dados em Excel® 2007 e SPSS® 20.0. Materiaisemétodos
  • 5.  Recebidas 708 respostas  705 consideradas válidas (99,6%)  Prevalência pontual de vulvodinia: 6,8%  Lifetime prevalence de vulvodinia: 11,1% Resultados %
  • 6.  Idade média (anos):  Com vulvodinia: 31,7±8,95  Sem vulvodinia: 33,1±10,12  p= 0,235  Menopausa:  8,2%  Prevalência de vulvodinia e menopausa:  Pré-menopausa: 6,7%  Pós-menopausa: 7,3%  p= 0,653 Resultados
  • 7. Resultados 47,5 75 56,1 43 37,4 23,8 22,2 33,3 0 0 0 4,8 7,6 35,9 18,5 33,3 2,5 3,9 9,9 4,1 3,3 5 0 0 <21 21-25 26-30 31-35 36-40 41-45 46-50 51-55 ACO DIU Anel vaginal 47,5 75 56,1 43 37,4 23,8 22,2 33,3 0 0 0 4,8 7,6 35,9 18,5 33,3 2,5 3,9 9,9 4,1 3,3 5 0 0 ACO DIU Anel vaginal Uso de métodos contraceptivos por idade
  • 8. Resultados 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 ACO DIU Anel vaginal Uso (alguma vez) de métodos contraceptivos
  • 9. Resultados Pré-menopausa Pós-menopausa Total Sim Não p= Sim Não p= Sim Não p= ACO - Actual - Alguma vez 12,5% 12,0% 9,7% 2,0% 0,30 0,03 -- 9,8% -- 0% -- 1,00 -- 11,8% -- 1,8% -- 0,02 DIU - Actual - Alguma vez 5,9% 17,3% 11,4% 10,5% 0,57 0,16 -- 4,0% -- 13,3% -- 0,36 -- 13,0% -- 10,6% -- 0,32 Anel vaginal - Actual 3,3% 11,4% 0,24 -- -- -- -- -- -- Percentagem de mulheres com vulvodinia de acordo com o método contraceptivo
  • 10. Resultados Percentagem de mulheres com vulvodinia de acordo com o método contraceptivo Pré-menopausa Pós-menopausa Total Sim Não p= Sim Não p= Sim Não p= ACO - Actual - Alguma vez 12,5% 12,0% 9,7% 2,0% 0,30 0,03 -- 9,8% -- 0% -- 1,00 -- 11,8% -- 1,8% -- 0,02 DIU - Actual - Alguma vez 5,9% 17,3% 11,4% 10,5% 0,57 0,16 -- 4,0% -- 13,3% -- 0,36 -- 13,0% -- 10,6% -- 0,32 Anel vaginal - Actual 3,3% 11,4% 0,24 -- -- -- -- -- -- RR= 6,79 (IC 95%, 0,92-50,00) RR= 7,21 (IC 95%, 0,98-52,94)
  • 11. Resultados Vulvodinia p= ACO 12,8% (39/304) p=0,65DIU 11,8% (4/34) Anel vaginal 6,9% (2/29) Percentagem de mulheres com vulvodinia de acordo com o método contraceptivo actual
  • 12. Resultados Actividade sexual nos 6 meses anteriores (%) Utilizadoras Não utilizadoras p= ACO -Toma actual - Alguma vez 85,1% 87,0% 83,8% 54,4% 0,68 0,00 DIU -Toma actual - Alguma vez 97,2% 94,9% 83,8% 83,0% 0,03 0,00 Anel vaginal -Toma Métodos contraceptivos e actividade sexual nos 6 meses anteriores
  • 13. Resultados Actividade sexual nos 6 meses anteriores (%) p= Vulvodinia - Sim - Não 90,9% 83,6% 0,13 Actividade sexual e vulvodinia
  • 14.  Maior parte dos estudos publicados apontam para um risco associado à toma de ACO:  Toma mais precoce (maior se prévio à coitarca?);  Toma mais prolongada;  ACO com progestativos com maior efeito androgénico e progestativo.  Mecanismos:  Interacção com receptores esteróides vestibulares;  Inteferência com a produção de citocinas pró-inflamatórias. Discussão BouchardC et al. Use of oral contraceptive pills and vulvar vestibulitis: a case-control study.Am J Epidemiol. 2002Aug 1;156(3):254-61.
  • 15.  Os valores de prevalência pontual foram de acordo com os referidos na literatura; os de lifetime prevalence foram inferiores aos de outras séries.  Dois picos de prevalência (21-25 e 56-60 anos);  Vulvodinia localizada e generalizada?  O uso actual de ACO, DIU ou anel vaginal não se associaram a diferenças em termos de probabilidade de vulvodinia.  O facto de alguma vez ter tomadoACO conferiu um RR de 7,11. Discussão
  • 16.  Mulheres que alguma vez tomaram ACO têm maior probabilidade de ter tido actividade sexual nos últimos seis meses, mas  Mulheres com e sem vulvodinia têm probabilidades idênticas de ter tido actividade sexual nos últimos seis meses.  Provavelmente a toma de ACO é um factor de risco e não um marcador. Discussão
  • 17.  Pontos fracos do estudo:  Estudo “online”;  Vieses na selecção da amostra (idade, escolaridade, distribuição geográfica, etc.);  Mulheres afectadas com maior probabilidade de responder?  Dificuldade na compreensão dos termos;  Contraceptivos limitados a ACO, DIU/SIU e anel vaginal;  Dificuldade na distinção entre “marcadores” e factores de risco;  Não distinção entre vulvodinia localizada e generalizada;  Questionável definição em termos de tempo (3-6 meses).  Pontos fortes do estudo:  Dimensões da amostra;  Originalidade para a população estudada;  Múltipla outra informação obtida (DSTs, impacto na qualidade de vida, etc.) Discussão
  • 18.  Prevalência pontual de vulvodinia: 6,8%.  Lifetime prevalence de vulvodinia: 11,1%.  Alguma vez ter tomado ACO conferiu um RR de 7,11 (IC 95%, 0,98-52,94);  Difícil distinguir se se trata de um marcador ou um factor de risco, embora os dados sugiram tratar-se da segunda hipótese.  Sem evidência suficiente para contra-indicar o início ou continuação da toma de ACO. Conclusões

Notas do Editor

  1. Harlow 2008: oral contraceptive use was associated with a nonsignificant, 30% increase in the risk of vulvodynia (95% CI 0.7-2.3) and was highest among women whose first use occurred before age 18 (OR = 2.5, 95% CI 1.1-5.8).
  2. Weproposethat vulvar vestibulitiscouldbelinkedwith OC use inatleasttwoways. First, OCscouldhave a directeffectontheepitheliumofthevestibule. Presenceofsteroidhormonereceptorsinthe vulvar and genital areahasbeenreportedbymanyauthors (24–27). Thus, some OCs, throughtheirinteractionwithhormonereceptorsinthevestibule, may alter the vulvar mucosa, whichmayinturnbecome more vulnerable to externalexposuresorirritantsandeven- tuallyincrease local inflammatory response, painattouch, anddyspareunia. Second, vulvar vestibulitismaybelinked to steroidhormonesthroughtheirinfluenceonproinflammatorycytokines.