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CORPO E EDUCAÇÃO
Psicologia da Educação II
Luciana Buainain Jacob
Michel Foucault
(1926-1984)
RELAÇÃO SABER-PODER
Nas obras de Michel Foucault, o papel da ligação saber-
poder é determinante. Para ele, não há como falar de
poder sem explicar os discursos que o legitimam, assim
como não é possível falar de saber sem explicar as
relações de poder que são movidas automaticamente
pelos discursos. Saber e poder são nominalmente
separados, mas são a mesma coisa na vida cotidiana.
O poder disciplinar é aquele que trata de nos
padronizar e normalizar.
“É surpreendente que prisões se pareçam com
fábricas, escolas, quartéis e hospitais?”.
(Foucault em Vigiar e Punir, 1975)
.
Escola: uma instituição disciplinar
A partir do século XVIII, mecanismos ou novas tecnologias
políticas de poder adentram, tornam-se parte da vida cotidiana
das pessoas. Este poder é denominado por Foucault de
“disciplina”. E vale dizer: é uma tecnologia positiva de poder, pois
“fabrica” corpos.
Não como uma fábrica de carros, mas na medida em que o corpo
tem sua maleabilidade, ele o sujeita e o torna dócil e útil.
A disciplina fabrica assim corpos dóceis.
A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos
de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos
de obediência).
• Esse mecanismo implica numa coerção ininterrupta,
constante, que vela sobre os processos da atividade
mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo
com uma codificação que esquadrinha ao máximo o
tempo, o espaço, os movimentos.
• Esses métodos que permitem o controle minucioso
das operações do corpo, que realizam a sujeição
constante de suas forças e lhes impõe uma relação
de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar
de “disciplinas”.
(FOUCAULT, 2009)
• Delimitar, demarcar, direcionar o tempo, o espaço, e
os movimentos são meios importantes para os fins
do poder disciplinar, os quais se condicionam a
controlar as operações do corpo, de modo que ele
seja útil e dócil ao mesmo tempo.
• O corpo deve ser um mecanismo da maquinaria da
sociedade moderna capitalista; corpo que passa de
instituição a instituição. Assim, o homem moderno é
aquele que passa a maior parte de sua vida dentro
de instituições.
QUAIS SÃO ESSES MECANISMOS?
• Primeiro: o princípio de clausura, ou a cerca: isto é, um lugar
fechado em si mesmo. Por exemplo: Colégios: o modelo do
convento se impõe pouco a pouco; o internato aparece como
o regime de educação senão o mais frequente, pelo menos o
mais perfeito.
• Segundo: quadriculamento: cada indivíduo no seu lugar; e em
cada lugar, um indivíduo. Importa estabelecer as presenças e
ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, poder
a cada instante vigiar o comportamento de cada um.
QUAIS SÃO ESSES MECANISMOS?
• Terceiro: localizações funcionais: lugares determinados se
definem para satisfazer não só a necessidade de vigiar, de
romper as comunicações perigosas, mas também de criar um
espaço útil.
• Quarto: fila: a ordenação por fileiras, no século XVIII, começa
a definir a grande forma de repartição dos indivíduos na
ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corredores, nos
pátios; alinhamento das classes, de idade, umas depois das
outras; sucessão dos assuntos ensinados, das questões
tratadas segundo uma ordem de dificuldades crescentes.
O espaço escolar
• Nas escolas, as salas são dispostas em corredores uma ao lado da outra;
nos corredores temos aqueles que observam os alunos; e aqueles que
observam os alunos são observados pelo diretor; etc
• Os pátios são abertos sem obstáculos, passíveis de serem observados sob
vários ângulos. E por vezes, as escolas têm um formato em U e no centro o
pátio; e em outros casos um formato retangular, etc; dois formatos bem
apropriados para a vigilância e consequente controle
• Observação que deve ser anotada, pois a disciplina requer além da
vigilância hierárquica, uma produção de anotações e registros, os quais,
por sua vez, se transformam em arquivos, em saber sobre o indivíduo.
• Portanto, vemos se delinear uma escrita também ininterrupta sobre o
comportamento, os gestos. E a partir daí uma micro penalidade
extrajudicial se faz presente: advertências; suspensões; expulsões
A sala de aula
• Temos, por exemplo, a ideia de que cada aluno deve ocupar um lugar na
sala de aula; em cada carteira um aluno e cada aluno em uma carteira e
que deste lugar ele seja localizável, observável, passível de classificação e
avaliação, enfim, que no lugar no qual ele se encontra seu comportamento
possa ser vigiado, seus gestos registrados; e que neste lugar ele
desenvolva as suas atividades
• Quanto às filas: é aquilo que fica mais evidente como herança dessas
técnicas. Filas para a entrada; filas das carteiras em sala; filas para o
refeitório
• E obviamente, tudo sempre com horários definidos para o início das aulas,
para o intervalo e assim por diante. Nesse âmbito, a noção de ordem está
muito próxima das técnicas disciplinares
• O poder disciplinar é o poder que se ocupa do detalhe do ínfimo. Nada
deve passar despercebido; pelo contrário, tudo deve ser observado
As relações de poder
• Dentro da hierarquia que se estabelece entre os indivíduos, que compõem
o contexto escolar (gestores, professores, alunos; funcionários e a família),
existe uma relação de poder que é constitutiva de qualquer relação social
• Não se pode esquecer que, tratando-se do contexto escolar, o poder
disciplinar, a relação de poder observada é aquela também existente e
estabelecida na sala de aula, na relação professor e aluno, durante o
processo de ensino e de aprendizagem
• O poder aqui evidenciado não é o poder apenas como quem pode mais ou
como impedimentos, restrições, tolhimentos, proibições, onde o aluno é
apenas um mero espectador das atividades desenvolvidas na sala de aula,
mas, o poder tecido nas interações no âmbito da instituição social e
formal da escola, na sala de aula, como “poder disciplinar”, onde as
relações de poder ocorrem no momento de interação recíproca e
influenciam na produção de saber
Vigiar
“Importa estabelecer as presenças e as
ausências, saber onde e como encontrar os
indivíduos, instaurar as comunicações úteis,
interromper as outras, poder a cada instante
vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo,
sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos.
Procedimento, portanto, para conhecer,
dominar e utilizar. A disciplina organiza um
espaço analítico”. (FOUCAULT, 1984, p. 131).
• Por tudo isto, é possível afirmar que a escola é
uma instituição disciplinar, isto é, um suporte
para o exercício do poder disciplinar. Contudo,
uma instituição disciplinar em crise. Por quê?
• De acordo com o filósofo francês: “a disciplina,
que era eficaz para manter o poder, perdeu
uma parte de sua eficácia. Nos países
industrializados, as disciplinas entram em
crise” (FOUCAULT, 2006, p. 268)
A crise do poder disciplinar
Na perspectiva foucaultiana, o poder disciplinar
já estava em crise desde a metade do século XX.
Portanto, não é de se espantar que a escola
também esteja.
A crise da escola como espaço
disciplinar
Tal crise se deu, sobretudo, pelos fortes movimentos de resistência da
segunda metade do século XX: feminismo; movimentos de estudantes;
movimentos operários; movimento antipsiquiatria.
Na medida em que se tem relações de poder se tem também resistência. E
esta última tornou-se muito contundente no que se refere ao exercício do
poder disciplinar. Tanto que assistimos hoje a “falência” e tentativas de
renovações de muitas instituições modernas, tal como a escola.
O poder disciplinar, cada vez mais, se torna caduco, inoperante, ineficaz, de
modo que a escola não funciona mais.
CONCLUINDO: O QUE AINDA
PERSISTE?
• A escola constitui-se como um observatório político, um
aparelho que permite o conhecimento, o controle perpétuo
de seus componentes, através dos diretores, dos professores,
dos funcionários e dos próprios alunos. Essa relação
hierárquica induz todos a se sentirem sempre vigiados e
controlados.
• A escola e suas técnicas disciplinares fazem com que os
indivíduos aceitem o poder de punir e de serem punidos
• Nessa perspectiva, o poder disciplinar conquista um lugar
privilegiado nos discursos e nas ações, sendo a principal
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CORPO E EDUCAÇÃO.ppt

  • 1. CORPO E EDUCAÇÃO Psicologia da Educação II Luciana Buainain Jacob
  • 3. RELAÇÃO SABER-PODER Nas obras de Michel Foucault, o papel da ligação saber- poder é determinante. Para ele, não há como falar de poder sem explicar os discursos que o legitimam, assim como não é possível falar de saber sem explicar as relações de poder que são movidas automaticamente pelos discursos. Saber e poder são nominalmente separados, mas são a mesma coisa na vida cotidiana. O poder disciplinar é aquele que trata de nos padronizar e normalizar.
  • 4. “É surpreendente que prisões se pareçam com fábricas, escolas, quartéis e hospitais?”. (Foucault em Vigiar e Punir, 1975) .
  • 5. Escola: uma instituição disciplinar A partir do século XVIII, mecanismos ou novas tecnologias políticas de poder adentram, tornam-se parte da vida cotidiana das pessoas. Este poder é denominado por Foucault de “disciplina”. E vale dizer: é uma tecnologia positiva de poder, pois “fabrica” corpos. Não como uma fábrica de carros, mas na medida em que o corpo tem sua maleabilidade, ele o sujeita e o torna dócil e útil. A disciplina fabrica assim corpos dóceis. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência).
  • 6. • Esse mecanismo implica numa coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos. • Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõe uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar de “disciplinas”. (FOUCAULT, 2009)
  • 7. • Delimitar, demarcar, direcionar o tempo, o espaço, e os movimentos são meios importantes para os fins do poder disciplinar, os quais se condicionam a controlar as operações do corpo, de modo que ele seja útil e dócil ao mesmo tempo. • O corpo deve ser um mecanismo da maquinaria da sociedade moderna capitalista; corpo que passa de instituição a instituição. Assim, o homem moderno é aquele que passa a maior parte de sua vida dentro de instituições.
  • 8. QUAIS SÃO ESSES MECANISMOS? • Primeiro: o princípio de clausura, ou a cerca: isto é, um lugar fechado em si mesmo. Por exemplo: Colégios: o modelo do convento se impõe pouco a pouco; o internato aparece como o regime de educação senão o mais frequente, pelo menos o mais perfeito. • Segundo: quadriculamento: cada indivíduo no seu lugar; e em cada lugar, um indivíduo. Importa estabelecer as presenças e ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada um.
  • 9. QUAIS SÃO ESSES MECANISMOS? • Terceiro: localizações funcionais: lugares determinados se definem para satisfazer não só a necessidade de vigiar, de romper as comunicações perigosas, mas também de criar um espaço útil. • Quarto: fila: a ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de repartição dos indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corredores, nos pátios; alinhamento das classes, de idade, umas depois das outras; sucessão dos assuntos ensinados, das questões tratadas segundo uma ordem de dificuldades crescentes.
  • 10. O espaço escolar • Nas escolas, as salas são dispostas em corredores uma ao lado da outra; nos corredores temos aqueles que observam os alunos; e aqueles que observam os alunos são observados pelo diretor; etc • Os pátios são abertos sem obstáculos, passíveis de serem observados sob vários ângulos. E por vezes, as escolas têm um formato em U e no centro o pátio; e em outros casos um formato retangular, etc; dois formatos bem apropriados para a vigilância e consequente controle • Observação que deve ser anotada, pois a disciplina requer além da vigilância hierárquica, uma produção de anotações e registros, os quais, por sua vez, se transformam em arquivos, em saber sobre o indivíduo. • Portanto, vemos se delinear uma escrita também ininterrupta sobre o comportamento, os gestos. E a partir daí uma micro penalidade extrajudicial se faz presente: advertências; suspensões; expulsões
  • 11. A sala de aula • Temos, por exemplo, a ideia de que cada aluno deve ocupar um lugar na sala de aula; em cada carteira um aluno e cada aluno em uma carteira e que deste lugar ele seja localizável, observável, passível de classificação e avaliação, enfim, que no lugar no qual ele se encontra seu comportamento possa ser vigiado, seus gestos registrados; e que neste lugar ele desenvolva as suas atividades • Quanto às filas: é aquilo que fica mais evidente como herança dessas técnicas. Filas para a entrada; filas das carteiras em sala; filas para o refeitório • E obviamente, tudo sempre com horários definidos para o início das aulas, para o intervalo e assim por diante. Nesse âmbito, a noção de ordem está muito próxima das técnicas disciplinares • O poder disciplinar é o poder que se ocupa do detalhe do ínfimo. Nada deve passar despercebido; pelo contrário, tudo deve ser observado
  • 12. As relações de poder • Dentro da hierarquia que se estabelece entre os indivíduos, que compõem o contexto escolar (gestores, professores, alunos; funcionários e a família), existe uma relação de poder que é constitutiva de qualquer relação social • Não se pode esquecer que, tratando-se do contexto escolar, o poder disciplinar, a relação de poder observada é aquela também existente e estabelecida na sala de aula, na relação professor e aluno, durante o processo de ensino e de aprendizagem • O poder aqui evidenciado não é o poder apenas como quem pode mais ou como impedimentos, restrições, tolhimentos, proibições, onde o aluno é apenas um mero espectador das atividades desenvolvidas na sala de aula, mas, o poder tecido nas interações no âmbito da instituição social e formal da escola, na sala de aula, como “poder disciplinar”, onde as relações de poder ocorrem no momento de interação recíproca e influenciam na produção de saber
  • 13. Vigiar “Importa estabelecer as presenças e as ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, instaurar as comunicações úteis, interromper as outras, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos. Procedimento, portanto, para conhecer, dominar e utilizar. A disciplina organiza um espaço analítico”. (FOUCAULT, 1984, p. 131).
  • 14. • Por tudo isto, é possível afirmar que a escola é uma instituição disciplinar, isto é, um suporte para o exercício do poder disciplinar. Contudo, uma instituição disciplinar em crise. Por quê? • De acordo com o filósofo francês: “a disciplina, que era eficaz para manter o poder, perdeu uma parte de sua eficácia. Nos países industrializados, as disciplinas entram em crise” (FOUCAULT, 2006, p. 268)
  • 15. A crise do poder disciplinar Na perspectiva foucaultiana, o poder disciplinar já estava em crise desde a metade do século XX. Portanto, não é de se espantar que a escola também esteja.
  • 16. A crise da escola como espaço disciplinar Tal crise se deu, sobretudo, pelos fortes movimentos de resistência da segunda metade do século XX: feminismo; movimentos de estudantes; movimentos operários; movimento antipsiquiatria. Na medida em que se tem relações de poder se tem também resistência. E esta última tornou-se muito contundente no que se refere ao exercício do poder disciplinar. Tanto que assistimos hoje a “falência” e tentativas de renovações de muitas instituições modernas, tal como a escola. O poder disciplinar, cada vez mais, se torna caduco, inoperante, ineficaz, de modo que a escola não funciona mais.
  • 17. CONCLUINDO: O QUE AINDA PERSISTE? • A escola constitui-se como um observatório político, um aparelho que permite o conhecimento, o controle perpétuo de seus componentes, através dos diretores, dos professores, dos funcionários e dos próprios alunos. Essa relação hierárquica induz todos a se sentirem sempre vigiados e controlados. • A escola e suas técnicas disciplinares fazem com que os indivíduos aceitem o poder de punir e de serem punidos • Nessa perspectiva, o poder disciplinar conquista um lugar privilegiado nos discursos e nas ações, sendo a principal personagem das relações que compõe o universo escolar